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Percepção dos idosos sobre saúde bucal

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Academic year: 2017

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(1)

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ODONTOLOGIA

ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: SAÚDE COLETIVA

_______________________________________________________________

J

ÂNIO

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ODRIGUES

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ERCEPÇÃO DOS

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DOSOS

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Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Odontologia da UFRN como requisito parcial para a obtenção do título de Mestre em Odontologia, área de concentração em Saúde Coletiva.

Orientadora: Profa. Dra. Maria do Socorro Costa Feitosa Alves

(3)

Catalogação na Fonte. UFRN/ Departamento de Odontologia Biblioteca Setorial de Odontologia “Profº Alberto Moreira Campos”.

Rêgo, Jânio Rodrigues.

Percepção dos idosos sobre saúde bucal / Jânio Rodrigues Rêgo. – Natal, RN, 2011.

51 f63. : il.

Orientadora: Profa. Dra. Maria do Socorro Costa Feitosa Alves. Dissertação (Mestrado em Odontologia) – Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Centro de Ciências da Saúde. Programa de

Pós-Graduação em Odontologia.

1. Saúde bucal – Dissertação. 2. Idoso – Dissertação. 3. Qualidade de vida – Dissertação. 4. Doenças da boca– Dissertação. I. Alves, Maria do Socorro Costa Feitosa. II. Título.

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J

ÂNIO

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ODRIGUES

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ÊGO

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ERCEPÇÃO DOS

I

DOSOS

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OBRE

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AÚDE

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UCAL

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Odontologia da UFRN como requisito parcial para a obtenção do título de Mestre em Odontologia, área de concentração em Saúde Coletiva.

Aprovada em: _______/_______/__________

BANCA EXAMINADORA

_____________________________________________________________________

Profª. Drª. Maria do Socorro Costa Feitosa Alves Orientadora

___________________________________________________________________

Profº. Drº. Kenio Costa de Lima

Examinador Interno – UFRN

_____________________________________________________________________

Profª. Drª. Maria Eneide Leitão de Almeida Examinadora Externa – UFC

Natal/RN

(5)

DEDICATÓRIA

Aos meus pais, Marta Maria e

Juraci Rêgo, minha maior

referência de amor, carinho, compreensão e apoio.

A minha família, pelo apoio em todos os sentidos e, acima de tudo, o exemplo de esforço e honestidade que guia todas as minhas ações e me transformou em quem sou. A vocês dedico essa dissertação na esperança de

compensar por todos os esforços

dedicados e por todas as horas de convívio que lhes foram sacrificadas.

(6)

AGRADECIMENTOS

À minha orientadora, Profª. Drª. Maria do Socorro Costa Feitosa Alves, pela compreensão em todos os momentos dessa longa etapa, colaboração e empenho. Sempre presente, seus conhecimentos só me engrandeceram e hoje tenho a certeza do enorme aprendizado que me foi proporcionado.

Ao Prof. Dr. Kenio Costa Lima, pela ajuda e força, leitura crítica e colaboração para tornar possível esta pesquisa. Um exemplo a ser seguido.

Aos professores do Programa de Pós-Graduação em Odontologia, que sempre me acolheram como um membro da casa, pela atenção, transmissão de conhecimentos e disponibilidade constantes.

Aos funcionários da secretaria Lucas Soares de Araújo e Sandra Abrantes, pela eficiência e produtividade, sem esquecer a dose de carinho ao desempenhar suas atividades diárias.

Aos amigos do mestrado, que dividiram comigo experiências e estudos nesses dois anos de convívio e companheirismo, em especial a Maria Regina Macêdo Costa, Ângela Maria de Medeiros Soares, Anna Paula Serejo, Ana Lidia Ravel pela profunda amizade, apoio e cumplicidade em todos os momentos.

A Bruna Câmara, pela colaboração e dedicação, que com certeza sem sua ajuda não seria possível a viabilização da pesquisa, amiga presente e aluna dedicada, meu muito obrigado.

Aos meus colegas de trabalho, Rita de Cássia A. da Penha, Jeocy Alves, Elzuerte, Marta Lima e Juliani Layse, pelo apoio e incentivo.

(7)

Aos pacientes, pela confiança depositada.

Aos funcionários da UBS de Felipe Camarão II e Bom Pastor, que contribuíram efetivamente para a realização desde trabalho.

A todos que permanecem no anonimato, mas que deram ao seu modo, e em seu tempo, o melhor de si para o êxito deste trabalho.

(8)

Não é o desafio com que nos deparamos que

determina quem somos e o que estamos nos tornando, mas a maneira como respondemos ao desafio. Somos combatentes,

idealistas, mas plenamente conscientes, porque o ter consciência não nos obriga a ter teoria sobre as coisas, só nos obriga a sermos conscientes. Problemas para vencer, liberdade para provar. E, enquanto acreditarmos no nosso

sonho, nada é por acaso.”

(9)

RESUMO

O envelhecimento, antes considerado um fenômeno, hoje, faz parte da realidade da maioria das sociedades. Contribuir para uma longevidade em que mais pessoas alcancem idades avançadas com o melhor estado de saúde possível é, sem dúvida, um triunfo. A avaliação das condições de saúde bucal em pacientes idosos é essencial para o desenvolvimento de políticas públicas de saúde. O objetivo desse estudo foi avaliar a auto-percepção das condições de saúde bucal em idosos. Foram examinados 100 idosos de ambos os sexos, com idade de 60 anos ou mais e funcionalmente independentes, da Unidade Básica Saúde de Felipe Camarão II, Natal, Brasil. Para efeito de comparação da auto-percepção foi coletado dados no bairro Bom Pastor, Natal/RN. Os dados foram coletados através da aplicação de um questionário agrupado em duas partes. A primeira parte correspondeu aos dados sócio-demográficos, condição subjetiva e objetiva da saúde bucal e acesso ao serviço e a segunda parte ao Índice GOHAI. Este Índice é composto de 12 itens que possibilitam a obtenção de informações envolvendo aspectos ligados à mastigação, ao discurso, à fonação, e de auto-avaliação da condição bucal. Os resultados foram submetidos aos testes estatísticos de Mann-Whitney e de Kruskal-Wallis (α=0,05), para identificar possíveis preditores dessa auto-avaliação. Dos 100 idosos, 69% eram do sexo feminino, a idade variando entre 60 a 86 anos, mediana igual a 65 anos. Em relação ao estado civil, 48% eram casados. Referente aos anos de estudo, a amostra teve uma média de 3 anos. Em relação à última visita ao dentista, somente 27% dos idosos haviam consultado o Cirurgião-Dentista há menos de um ano. Em relação às questões sobre a presença de problemas dentários e gengivais, estas foram respondidas por 46% e 21% respectivamente. Os dados referentes à percepção sobre a saúde dos seus dentes e gengivas foi de 44%. O índice GOHAI apresentou valor para auto-percepção de 30 pontos para Felipe Camarão e de 28 pontos para Bom Pastor, ambos considerados segundo a escala desenvolvida pelos autores como uma percepção baixa. Foram observadas diferenças significativas na associação de possíveis preditores dessa auto-avaliação: nº de pessoas no cômodo (p = 0,487), se participa de alguma atividade associativa (p=0,006) , existe problemas com seus dentes e com sua gengiva (p=<0,001). Concluímos existir uma auto-percepção negativa sobre a condição bucal por parte dos idosos em ambos os bairros, influenciada pelas questões socioeconômica e cultural, embora se perceba a importância dada à saúde bucal, com pouca valoração a saúde.

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ABSTRACT

The assessment of oral health status in elderly patients is essential for the development of specific health policies. The prevalence of oral diseases is high in this population. The self-perception of oral health conditions influences the demand for oral care and quality of life for seniors. The aim of this study was to assess self-perception of oral health status in 100 elderly of both sexes, aged 60 years or older and functionally independent the Basic Health Unit of Felipe Camarão II, Natal, Brazil. For comparison of self-perception data was collected in Bom Pastor, Natal / RN. In this research data were collected a questionnaire grouped into two parts. The first part with the socio-demographic data, subjective and objective condition of oral health and access to the service, the second part GOHAI Index. This index consists of 12 items that make it possible to obtain information involving aspects of chewing, speech, phonation, and self-assessed oral health. The results were subjected to statistical tests of Mann-Whitney and Kruskal-Wallis test (α = 0.05), to identify possible predictors of self-evaluation. As a result, 69% were female, ages ranged from 60 to 86 years, with a median of 65 years. In relation to marital status 48% were married. For the years of study, the sample had an average of 3 years. For the last visit to the dentist, only 27% of seniors had visited the Dentist for less than a year. Regarding the questions about the presence of gingival and dental problems were answered by 46% and 21% respectively. The data on the perception of your teeth and gums, 44%. The index showed GOHAI value for self-perception of 30 points to Felipe Camarão and 28 points for the Bom Pastor, both considered a low perception. We identified predictors of self-rated number of people in the room, participate in any associational activity, there is problems with your teeth and your gums. Concluded a negative self-perception of oral health condition by Gone in both areas, influenced by socioeconomic and cultural issues, although they realize the importance given to oral health, but by the misfortunes of other prominent favored little valuing of oral health.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Evolução da proporção das faixas etárias da população brasileira. Brasil,

2010-2050...18

Figura 2: Evolução da proporção de idosos por faixas etárias. Brasil,

2000-2050...20

Figura 3: Estrutura etária da população do bairro de Felipe Camarão,

Natal RN...30

Figura 4: Estrutura etária da população do bairro Bom Pastor – Natal – RN...30

Figura 5: Freqüência relativa (%) das 12 questões do índice GOHAI para o bairro de

Felipe Camarão. Natal/RN, 2011...40

Figura 6: Freqüência relativa (%) das 12 questões do índice GOHAI para o bairro de

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Caracterização dos idosos do bairro de Felipe Camarão. Natal/RN,

2011... 34

Tabela 2. Caracterização dos idosos do bairro de Felipe Camarão, segundo características

sobre condições subjetivas e objetivas de saúde bucal e de acesso ao serviço. Natal/RN, 2011... 35

Tabela 3. Coeficiente de correlação de Spearman (r) e significância estatística (p) entre os

valores absolutos do GOHAI e as variáveis idade, anos de estudo e número de pessoas por cômodo. Natal/RN, 2011... 36

Tabela 4. Análise bivariada da auto-percepção em saúde bucal de acordo com o Geriatric

Oral Health Assessment Index em valores absolutos (GOHAI Ab) de idosos do bairro de

Felipe Camarão. Natal/RN, 2011... 36

Tabela 5. Mediana e quartis 25 e 75 das variáveis idade, anos de estudo, número de pessoas

por cômodo e GOHAI absoluto em relação a cada um dos bairros estudados. Natal/RN, 2011... 38

Tabela 6. Valores absolutos (n) e porcentagem (%) das variáveis características individuais,

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LISTA DE ABREVIATURAS

GOHAI: Geriatric Oral Health Assessment Index

GOHAI Ab: Geriatric Oral Health Assessment Index Absoluto SACI: Saúde e Cidadania

SESI: Serviço Social da Industria SUS: Sistema Único de Saúde

SPSS: Statistical Package for the Social Sciences UBS: Unidade Básica de Saúde

UFPE: Universidade Federal de Pernambuco

UFRN: Universidade Federal do Rio Grande do Norte USF: Unidade Saúde da Família

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÂO... 15

2 REVISÃO DE LITERATURA... 17

2.1 ENVELHECIMENTO POPULACIONAL... 17

2.2 LONGEVIDADE E QUALIDADE DE VIDA... 19

2.3 SAÚDE BUCAL DOS ENVELHECIDOS... 21

2.4 PERCEPÇÃO DO ESTADO DE SAÚDE/DOENÇA BUCAL... 23

2.4.1 Geriatric Oral Health Assessment Index GOHAI………..……... 23

3 3.1 3.2 4 OBJETIVOS………. OBJETIVO GERAL……… OBJETIVOS ESPECÍFICOS………. METODOLOGIA………...………..….. 27 27 27 28 4.1 NATUREZA DO ESTUDO…………..……….… 28

4.2 LOCAL DO ESTUDO……….……….… 28

4.2.1 Bairro Felipe Camarão ………….………. 28

4.2.2 Bairro Bom Pastor…….………..... 29

4.3 AMOSTRA……….. 30

4.4 CUIDADOS ÉTICOS………. 30

4.5 COLETA DOS DADOS………. 31

4.6 ESTUDO PILOTO………. 31

4.7 ANÁLISE ESTATÍSTICA……….. 32

5 RESULTADOS……….. 33

5.1 CARACTERIZAÇÃO DA AMOSTRA………. 33

(15)

1 INTRODUÇÃO

A população mundial de países desenvolvidos e de alguns países em desenvolvimento, como o Brasil, teve, ao longo dos anos, a representação gráfica de sua estrutura etária modificada, passando de uma figura piramidal para uma figura trapezoidal. Isso representa um achatamento de sua base populacional, determinado pela diminuição das taxas de natalidade, e um alargamento de seu ápice, representado pelo aumento da expectativa de vida nas pessoas idosas1.

A redução da mortalidade precoce, vinculada a significativa queda nas taxas de natalidade e fecundidade, características da transição demográfica, vem produzindo esse acentuado envelhecimento populacional. O Brasil tem experimentado uma transição epidemiológica, com alterações relevantes no quadro da morbimortalidade, o que aponta para uma nova forma de “olhar” e “cuidar” da população, em especial do idoso2.

Esse rápido envelhecimento populacional tem conseqüências tanto para o grupo de idosos como para a sociedade, pois ao mesmo tempo em que estas pessoas necessitam de maior atenção dos serviços de assistência social e saúde, o país ainda apresenta uma população jovem bastante numerosa e com problemas médicos-sociais prioritários. Este e outros fatores, como o custo mais elevado da assistência à saúde nesta faixa etária e a falta generalizada de recursos fazem com que os problemas sejam mais acentuados3.

A saúde bucal tem um papel relevante nesse processo. O comprometimento da saúde bucal pode afetar o nível nutricional, o bem estar físico e mental e diminuir o prazer de uma vida social ativa4.

Uma das características utilizadas para se identificar o idoso com qualidade de vida é o da manutenção até idade mais avançada de uma dentição natural, saudável e funcional, incluindo os aspectos sociais e benefícios biológicos, tais como a estética, o conforto, a habilidade para mastigar, para sentir sabor e falar5,6.

Um aspecto importante a ser considerado é o da auto-percepção, onde as atitudes individuais poderão levar à mudança de comportamento de uma comunidade, de forma que indicadores desta auto-percepção se constituam em requisitos para a implantação de serviços odontológicos voltados para esta camada populacional.

(16)

auto-percepção, Atchinson & Dolan7 desenvolveram o Geriatric Oral Health Assessment Index (GOHAI), com 12 questões fechadas e com perguntas sobre problemas bucais que se

relacionam às funções físicas e funcionais, aspectos psicológicos, dor e desconforto relatas pelos idosos.

O GOHAI foi desenhado para conhecer a condição de saúde bucal em dois níveis. No nível individual, a literatura7,8,9,10,11 vem mostrando que pode ser utilizado como preditor da necessidade de um exame bucal completo, além de prover informações sobre os sintomas e problemas funcionais e psicossociais dos indivíduos.

No nível coletivo, para uso epidemiológico, pode ser um instrumento de baixo custo e efetivo para captar informações sobre problemas bucais na população idosa8.

Como refere a literatura12, 13, a percepção das condições de saúde pelo idoso pode ser afetada por valores pessoais, ou seja, a crença de que algumas dores e incapacidades como a falta de dentes e de próteses são inevitáveis nessa idade, e assim a aceitação do anormal na cavidade bucal, podendo levar o idoso a superestimar sua condição bucal

(17)

2 REVISÃO DA LITERATURA

A revisão de literatura deste trabalho, visando facilitar a leitura e compreensão do tema em estudo foi dividida, didaticamente, em 4 partes: Envelhecimento populacional, Longevidade e qualidade de vida, Saúde bucal dos envelhecidos, Percepção do estado saúde bucal: Geriatric Oral Health Assessment Index – GOHAI.

2.1 ENVELHECIMENTO POPULACIONAL

As projeções demográficas apontam que o século XXI será caracterizado pelo aumento do número de pessoas idosas, sendo que a população entre 60 e 85 anos tende a duplicar e, acima de 85 anos, triplicar até o ano de 2025, quando teremos em torno de 1,2 bilhões de pessoas com mais de 60 anos no mundo14,15.

A representatividade dos grupos etários no total da população em 2010 é menor que a observada em 2000 para todas as faixas com idade até 25 anos, ao passo que os demais grupos etários aumentaram suas participações na última década. O alargamento do topo da pirâmide etária pode ser observado pelo crescimento da participação relativa da população com 65 anos ou mais, que era de 4,8% em 1991, passando a 5,9% em 2000 e chegando a 7,4% em 2010. Já na região Nordeste, a proporção de idosos passou de 5,1% em 1991 a 5,8% em 2000 e 7,2% em 201016.

O Brasil está em franco processo de envelhecimento e a população idosa representa atualmente cerca de 10% da população total – em 1980 essa proporção era de 6%16.

Figura 1 - Evolução da proporção das faixas etárias da população brasileira. Brasil, 2010-2050.

(18)

Observa-se na Figura 1 a evolução da composição etária da população brasileira em 2010, 2030 e 2050. O fato a ser ressaltado é o crescimento da proporção da população idosa (a partir de 60 anos) e o decréscimo da proporção da população mais jovem (de 0 a 59 anos). De fato, enquanto a população a partir dos 60 anos aumenta 87,4% entre 2010 e 2030 e 198,2% entre 2010 e 2050, a proporção da população de até 14 anos diminui 33,4% de 2010 a 2030 e 48,6% de 2010 a 2050. A população em idade ativa (de 15 a 59 anos) também decresce nas projeções realizadas, 0,2% de 2010 a 2030 e 11,4% de 2010 a 205016.

O fenômeno do envelhecimento do conjunto da população e o aumento da expectativa de vida humana ocorrem como resultado de uma série de avanços como saneamento das águas de abastecimento público, controle da natalidade, diminuição da mortalidade infantil, progressos na Medicina e estilo de vida mais saudável17.

Nesse sentido, a Política Nacional do Idoso ressalta na área da saúde as seguintes competências públicas: a) garantir ao idoso a assistência à saúde, nos diversos níveis de atendimento do Sistema Único de Saúde; b) prevenir, promover, proteger e recuperar a saúde do idoso, mediante programas e medidas profiláticas. Em 2003, no Estatuto do Idoso esse direito é ratificado: “É assegurada a atenção integral à saúde do idoso, por intermédio do Sistema Único de Saúde – SUS, garantindo-lhe o acesso universal e igualitário, em conjunto articulado e contínuo das ações e serviços, para a prevenção, promoção, proteção e recuperação da saúde, incluindo a atenção especial às doenças que afetam preferencialmente os idosos”18.

O Pacto pela Saúde, no que se refere à Atenção à Saúde da Pessoa Idosa (2010), vem ratificar o compromisso público em torno do Pacto pela Vida, 2006; quando o SUS coloca como meta prioritária a atenção à saúde da população idosa no país. Assim, o Ministério da Saúde propõe que haja promoção da formação de grupos sócio-educativos e de auto-ajuda entre idosos, especialmente para aqueles com doenças mais prevalentes nesta faixa etária18.

(19)

2.2 LONGEVIDADE E QUALIDADE DE VIDA

Outro ponto a destacar é a tendência da população apresentar maior longevidade, ou seja, o número de anos vividos por um indivíduo ou ao número de anos que, em média, as pessoas de uma mesma geração viverão. A Figura 2 mostra o aumento da proporção de idosos no Brasil com mais de 75 anos de idade e um decréscimo da proporção dos idosos até 75 anos16.

Figura 2 - Evolução da proporção de idosos por faixas etárias. Brasil, 2000-2050.

Fonte: IBGE, 2010.

Característica desse processo é o aumento da longevidade principalmente entre as mulheres. Esse fenômeno é reflexo do declínio da mortalidade nos grupos etários mais velhos20.

De acordo com os dados do Projeto SABE (Saúde, Bem-Estar e Envelhecimento), realizado no município de São Paulo no período de outubro de 1999 a dezembro de 2000, as mulheres que atingem 60 anos tem uma esperança de vida de 22 anos, e as mulheres que atingem 75 anos, uma sobrevida de 12 anos. Os homens, ao atingirem 60 anos, têm uma esperança de vida 16 anos e quando completam 75 cinco anos a esperança de vida é de 9 anos21.

(20)

O envelhecimento populacional é um dos maiores desafios da saúde pública contemporânea. Em paralelo às modificações observadas na pirâmide populacional, doenças próprias do envelhecimento ganham maior expressão no conjunto da sociedade.

Quanto mais longa a vida média da população, mais importante se tornam os conceitos de saúde e de qualidade de vida4. O termo saúde é definido pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como um estado de completo bem-estar físico, mental e social, e não só a ausência de afecções ou enfermidades23. Entende-se por bem-estar a avaliação subjetiva do estado de saúde que está mais relacionada aos sentimentos de auto-estima e a sensação de pertencer a uma comunidade mediante integração social, do que ao funcionamento biológico. Auto-estima é definida como o grau em que uma pessoa valoriza a autopercepção de sua imagem12.

Portanto, qualidade de vida relacionada à saúde e percepção subjetiva de saúde são conceitos afins centrados na avaliação pessoal e ligados à capacidade do indivíduo viver plenamente em relação ao seu espaço social24.

A saúde bucal tem um papel importante nessa transição demográfica, sobretudo na população idosa. O comprometimento da saúde bucal pode afetar toda percepção subjetiva de saúde, o bem-estar tanto físico quanto mental, diminuindo assim o prazer de uma vida social mais ativa4.

2.3 SAÚDE BUCAL DOS ENVELHECIDOS

Os estudos encontrados sobre a saúde bucal dos idosos no Brasil e em várias partes do mundo, são reveladores de imensa preocupação25. Os programas dirigidos a este grupo populacional e as pesquisas epidemiológicas realizadas mostram que sem renda para a utilização de serviços privados e sem prioridade nos serviços públicos, os idosos apresentam grande quantidade de problemas bucais, como edentulismo, doenças periodontais, lesões de mucosa oral e necessidades de próteses26.

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Levantamento epidemiológico relativos à saúde bucal de âmbito nacional, identificado o “SB Brasil: Condições de Saúde Bucal na População Brasileira”. Com a participação de várias instituições e entidades odontológicas, produziu em 2003, informações sobre as condições de saúde bucal da população brasileira, contribuindo assim para a estruturação de um sistema nacional de vigilância epidemiológica em saúde bucal.

Os resultados, de acordo com o relatório final mostraram que os idosos:

 Do total examinados na faixa etária de 65 a 74 anos, 61,23% eram do sexo feminino e 38,77% do sexo masculino.

 O edentulismo foi avaliado pelo uso e necessidade de prótese: maior uso de próteses dentárias para idosos foi constatado na Região Sul, sendo que as regiões Norte e Nordeste apresentaram uma maior porcentagem de pessoas com necessidades de próteses totais. Observou-se que 33,46% dos indivíduos com 65 a 74 anos não usam nenhum tipo de prótese superior e 57,43% não usam nenhum tipo de prótese inferior.

 No acesso a serviços odontológicos: 5,81% dos idosos brasileiros nunca consultaram um dentista; 65,69% deles têm 3 anos ou mais desde a última consulta; o principal motivo para procurar atendimento foi a dor, 48,125; sendo que a maioria, 65,62%, avalia o atendimento como bom.

 Na autopercepção em saúde bucal: 4,69% dos idosos classificam sua saúde bucal como péssima, sendo que 45,99% consideram sua saúde bucal como boa. Na classificação da mastigação, 6,98% classificaram sua mastigação como péssima, sendo que 44,58% classificaram como boa. Perguntados de que forma a saúde bucal afeta o relacionamento, 5,51% disseram que afeta muito; sendo que 12,6% disseram afetar pouco. A prevalência de dor dentária nos últimos 6 meses (pouca, média, muita) foi de 22,44%.

(22)

2.4 PERCEPÇÃO DO ESTADO DE SAÚDE / DOENÇA BUCAL

A auto-percepção em saúde é a interpretação que um indivíduo faz do seu estado de saúde e das experiências no contexto da sua vida diária. Este processo requer os conhecimentos disponíveis sobre doenças, mediados pela experiência prévia e pelo contexto social, cultural e histórico vivenciados por este indivíduo28.

Essa percepção serve para nortear decisões políticas e sociais que tenham como meta melhorar a qualidade de vida e não somente a saúde individual. Assim, identificar os determinantes de auto-percepção em saúde bucal mostra-se fundamental no sentindo de entender o comportamento das pessoas e de como avaliam as suas necessidades12.

Na dimensão psicossocial a boca ocupa um lugar de importância para as pessoas, pois expressa através do sorriso, os sentimentos de alegria e de sedução. Portanto, a boca é aquela que ingere os alimentos, emite os sons, permite a transmissão verbal dos símbolos e guarda hoje uma práxis social em que as estruturas dentárias não são fenômenos naturais, mas sim fruto de um processo de produção e reprodução dos sujeitos sociais, apresentando-se diferentemente entre as classes e categorias sociais29.

A boca, então, numa percepção simbólica no processo de envelhecimento adquire significados, e estes signos são interdependentes de fatores históricos, sociais, culturais, psicológicos e fisiológicos. Em vários estudos para a terceira idade, os indicadores epidemiológicos em saúde bucal revelam indivíduos com lesões de mucosa bucal, presença de grande quantidade de bolsas periodontais e uso de próteses inadequadas, além de denunciar uma prática odontológica ainda mutiladora29,30.

Kiyak13, verificou que os idosos são os maiores usuários de serviços médicos, embora sejam também os maiores não usuários de serviços Odontológicos / Estomatológico. E apesar dos fatores socioeconômicos desempenharem papel significativo, constatou-se que a oferta de serviços dentários gratuitos ou de baixo custo, não aumenta necessariamente sua utilização, pois as predições mais poderosas para sua utilização por idosos são a necessidade percebida e as atitudes frente aos cuidados bucais.

(23)

constatando que os idosos são capazes de responder a questionários e informar sobre seus próprios problemas.

Diversos instrumentos foram desenvolvidos para mensurar o impacto da auto-percepção nas condições de saúde bucal na vida diária, dentre eles o mais usado entre as pessoas idosas é o Geriatric Oral Health Assessment Index (GOHAI)7.

2.4.1 Geriatric Oral Health Assessment Index

GOHAI

O GOHAI foi desenvolvido por Atchison e Dolan7 com a intenção de proporcionar uma auto-avaliação das condições de saúde bucal de pessoas idosas, de maneira que permitisse sua utilização tanto em estudos epidemiológicos quanto na prática clínica diária.

O desenvolvimento do GOHAI foi orientado por hipóteses auxiliares como: saúde bucal pode ser medida usando pacientes auto-informantes; níveis de saúde bucal variam entre pacientes, e esta variação pode ser demonstrada usando medidas auto-informadas; prognósticos de saúde bucal auto-informadas podem ser identificados32.

O índice ficou composto por 12 questões fechadas e os itens envolvem a análise de informações proporcionadas pelos pacientes quando à influência que seus problemas de saúde bucal têm em relação a três dimensões básicas:

 Problemas físicos, que incluem alimentação, fala e deglutição;

 Problemas psicológicos, que compreendem preocupação ou cuidado com a própria saúde bucal. Insatisfação com a aparência, autoconsciência relativa à saúde bucal, e o fato de evitar contatos sociais devido a problemas odontológicos;

 Dor ou desconforto, considerando o uso de medicamentos para aliviar estas sensações, desde que provenientes da boca.

As pessoas entrevistadas devem responder se experimentaram qualquer dos 12 problemas relacionados, ao longo dos últimos três meses, em uma das categorias: sempre, valor: 1, às vezes, valor: 2, nunca, valor: 3.

O índice é o resultado da soma simples dos escores e este varia de 12 a 36 para cada indivíduo, ou seja, 36 corresponde a mais favorável auto-informação a respeito de sua saúde bucal e 12 muito ruim.

(24)

melhora nas condições de saúde bucal e esta melhora refletiria nos escores do Índice GOHAI. Os idosos tinham média de 75 anos, eram participantes de um programa de saúde bucal em Jacksonville, estado da Flórida, nos EUA. Inicialmente estas pessoas submeteram-se a um exame clínico e uma entrevista que incluía o GOHAI e perguntas sobre auto-avaliação da condição em 1990 e 24 meses depois. Neste período, 88,5% das pessoas realizaram algum tipo de tratamento. O escore médio do GOHAI passou de 52,7 na primeira entrevista para 54,9 nos 24 meses depois. As pessoas que não receberam tratamento dentário durante o período do estudo diminuíram em média 3,4 o escore do GOHAI. Aquelas que realizaram um ou mais serviços dentários aumentaram o escore do GOHAU em 2,9 em média. A correlação entre o número de serviços dentários recebidos e as mudanças no escore do GOHAI foi moderada (p<0,01). O Índice GOHAI apresentou sensibilidade ao tratamento dentário, mas variou segundo a severidade e a extensão da doença.

Kressin et al.33 aplicaram o índice GOHAI em duas amostras de pessoas idosas com o objetivo de observar o comportamento do índice e de como a autopercepção (medida pelo GOHAI) varia de acordo com as características sócio-demográficas e de saúde das amostras estudas. A primeira amostra foi obtida entre os participantes de um programa de promoção de saúde em Boston, EUA. Foram selecionados 799 homens com idade média de 74 anos. Na segunda amostra, foram selecionados 534 homens, usuários de um serviço de saúde para veteranos de guerra, em Boston, com idade média de 72 anos. O Índice GOHAI foi aplicado através de entrevistas telefônica para a primeira amostra, e enviado pelo correio na segunda. Os resultados mostraram diferenças nos valores do índice entre as duas amostras. Na primeira amostra, obteve-se um escore médio de 33,36, enquanto na segunda amostra o escore médio foi de 31,77. Nas duas amostras, o Índice GOHAI apresentou grande consistência interna e correlação entre as questões e foi sensível às diferenças sócio-demográficas existentes entre as duas populações. A renda e a auto-avaliação da saúde bucal foram os preditores mais significativos do índice, mostrados nas duas amostras. Os autores concluíram que o Índice pode ser utilizado em estudos epidemiológicos e para avaliação das condições bucais e bem-estar em várias situações.

(25)

doença periodontal tiveram alta prevalência entre os idosos dentados sendo que 42,7% deles consideraram sua condição bucal regular. O Índice GOHAI apresentou um valor médio de 33,8. As variáveis associadas à auto-avaliação foram: classe social; Índice GOHAI, dentes cariados e indicados para a extração. Concluiu que a percepção teve pouca influência das condições clínicas presentes, ressaltando por isso a necessidade de desenvolver ações educativas e preventivas para a população.

Leal35 realizou um estudo com 157 indivíduos com 60 anos ou mais através de entrevista e exame bucal. Usou o GOHAI com o objetivo de avaliar a percepção por idosos assistidos no ambulatório do Núcleo de Atenção ao Idoso da UFPE. Foram avaliados entre outros o edentulismo e a presença de prótese. Neste estudo, a porcentagem de indivíduos do gênero feminino foi de 77,1%, o edentulismo foi de 65% e a presença de prótese foi de 88,5%. Em relação ao GOHAI, 53,5% da amostra se classificaram como muito bom e 40,8% como bom. Os resultados obtidos permitiram concluir que os idosos foram capazes de avaliar a sua saúde bucal através do GOHAI, concordando com a avaliação clínica encontrada.

Campos et al20 realizaram um estudo com o objetivo de determinar a condição de saúde bucal, através do GOHAI, em idosos usuários da Clínica de Odontogeriatria da Faculdade de Odontologia – Universidade Vale do Rio Doce. A amostra foi composta de 35 indivíduos com 60 anos ou mais, de ambos os sexos e foi aplicado o questionário GOHAI. A média dos escores finais dos sujeitos da amostra foi de 31,6 considerando um escore regular.

Silva, Sousa, Wada36 avaliaram as condições de saúde bucal através de exames clínicos e de autopercepção. A autopercepção foi avaliada usando-se o Índice GOHAI. A amostra de 112 indivíduos com mais de 60 anos foi dividida em G1 (sem acesso a tratamento odontológico conveniado), e G2 (com acesso a tratamento odontológico conveniado), entre os residentes de Rio Claro, no estado de São Paulo. A média do GOHAI foi de 33,61, qualificando como positiva a percepção de saúde bucal, havendo diferença apenas na dimensão física. A autopercepção da saúde bucal foi satisfatória, o que não pode ser confirmado com os dados clínicos obtidos nos grupos.

Em 2002-2003, foi realizado um estudo epidemiológico de Saúde Bucal em trabalhadores da indústria pelo SESI – Serviço Social da Indústria. A maior faixa etária contemplada pelo estudo foi de 45 a 54 anos. Alguns índices e indicadores foram usados, como o GOHAI. Foi alcançado o valor de 31,11 entre pessoas com ou sem dentes37.

(26)

A autopercepção feita através do GOHAI foi positiva, com 39,3% avaliando sua condição como alta e 29,3% como moderada. A média do GOHAI para os idosos entre 60 e 70 anos foi de 31,43 sendo que para os idosos acima de 70 anos, o resultado foi um pouco maior 31,95. Quase 70% do total dos idosos examinados, tiveram alta ou moderada percepção de saúde bucal. O Índice GOHAI provou ser aplicável à população do estudo através do teste de confiabilidade Alfa de Cronbach de 0,784 ou seja, 78,4%.

Com efeito, os valores, as crenças e as práticas de saúde oral são elementos culturais determinantes do comportamento das pessoas em relação à saúde oral, observando-se influência da cultura nas idéias básicas dos pacientes em relação à saúde oral. Foi observado por Kiyak13, que a percepção dos idosos pode ser afetada por valores pessoais, sobressaindo à crença de que as dores e incapacidades são inevitáveis nessa idade, o que pode levar a pessoa a superestimar sua condição oral.

O estudo das dimensões psicossociais e culturais explorando como as pessoas se comportam em relação aos seus pares encontram-se articuladas nos diferentes modos de produzirem significações sobre determinados objetos/fenômenos, reflete a preocupação também de fortalecer o movimento sanitarista global, que seja um projeto científico e provocador, no esforço de uma verdadeira colaboração, de modo a ampliar os estudos nessa área38.

Na atenção à saúde bucal individual, conhecer a perspectiva do indivíduo sobre suas condições de saúde é condição importante para aumentar a adesão dos indivíduos a comportamentos saudáveis39

Para Veras40, fica evidente que os clássicos modelos de promoção, prevenção, recuperação e reabilitação não podem ser mecanicamente transportados para os idosos sem que algumas significativas e importantes adaptações sejam realizadas, configurando uma nova forma de “olhar” e “cuidar” da população idosa. Estas características especiais e peculiares dos idosos, em relação aos demais grupos etários, reforça esse cuidado em algo diferenciado e que precisa ser reformado pela formulação de novas concepções de assistência à saúde.

(27)

3. OBJETIVOS

3.1 OBJETIVO GERAL

 Avaliar a autopercepção das condições de saúde bucal pelos idosos e os possíveis fatores que interferem nessa percepção.

3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

 Caracterizar o perfil da amostra quanto às variáveis sociais, econômicas e demográficas;

(28)

4 METODOLOGIA

4.1 NATUREZA DO ESTUDO

Trata-se de um estudo descritivo, observacional, do tipo seccional, realizado entre junho de 2010 e janeiro de 2011 nos bairros de Felipe Camarão e Bom Pastor, ambos localizados na zona oeste do município de Natal, no Rio Grande do Norte

4.2 LOCAL DO ESTUDO

O presente estudo foi realizado nas Unidades de Saúde de Felipe Camarão II – USFFC II e do Bom Pastor, localizadas na zona oeste da cidade do Natal-RN, com o objetivo de determinar a auto-percepção da condição bucal de idosos. Vale ressaltar que na USFFC II, são desenvolvidas as atividades acadêmicas da Disciplina SACI. A Atividade Integrada de Educação Saúde e Cidadania – SACI, foi criada na UFRN em 2002.2, passou a fazer parte do PROGRAMA PET-SAÚDE NATAL em 2009.1, pelo reconhecimento institucional do seu papel estruturante de mudanças na formação dos profissionais de saúde. Trata-se de uma atividade que envolve, simultaneamente, ações de ensino, pesquisa e extensão e se coloca como iniciativa de flexibilização dos Projetos Pedagógicos dos Cursos da Área da Saúde da UFRN. Visa oferecer ao aluno iniciante dos cursos dessa área o ambiente propício à reflexão sobre os problemas de saúde da população e as ações de atenção à saúde na comunidade. Na USF de Bom Pastor teve apenas a SACI no período de 2002 a 2004.

4.2.1 Bairro Felipe Camarão

(29)

Figura 3:Estrutura etária da população do bairro de Felipe Camarão – Natal - RN

Fonte: SEMURB / IBGE, 2009.

4.2.2 Bairro Bom Pastor

Localizado também na região administrativa oeste da capital, o bairro foi criado em 1993 e tem cerca de 17.069 habitantes, sendo estes 48,23% homens e 51.77% mulheres. A população idosa corresponde a 7,18% desse total (figura 4).

Figura 4:Estrutura etária da população do bairro Bom Pastor – Natal - RN

(30)

4.3 AMOSTRA

Na seleção da amostra, foi utilizado o método não-aleatório, também chamado de intencional. Compôs a população do estudo um total de 100 pessoas de ambos os sexos, pertencentes ao grupo de idosos intitulado “viver para melhor conviver” e de pacientes que aguardavam atendimento médico na USFFC II de Felipe Camarão.

A identificação dos idosos seguiu como critério geral a delimitação cronológica para sua categorização, ou seja, foram selecionados pessoas com idade superior a 60 anos, conforme as diretrizes legais da Política Nacional do Idoso18. Como critério de inclusão foi selecionado apenas idosos com pelo menos um dente presente na boca, segundo critérios de Rosa41.

Outro critério utilizado para a seleção da amostra foi o estado funcional do indivíduo. Foram selecionados apenas pessoas classificadas como independentes de acordo com os critérios utilizados por Rosa41, que determinam que são independentes os indivíduos sadios, que podem apresentar doenças crônicas não graves e controladas por medicação, ou apresenta declínio sensorial significante associado com a idade, impedindo assim de responder os questionários e que vivem sem necessitar de ajuda.

Apenas para efeito de comparação dos resultados também foram selecionados 100 idosos com os mesmos critérios de elegibilidade na UBS do bairro Bom Pastor.

4.4 CUIDADOS ÉTICOS

(31)

4.5 COLETA DOS DADOS

Nesta pesquisa os dados foram recolhidos através da aplicação de um questionário (APÊNDICE) agrupado em duas partes. A primeira parte continha os dados sócio-demográficos, questões subjetivas e objetivas relacionadas às condições de saúde bucal e acesso ao serviço e a segunda parte o Índice GOHAI. Este Índice é composto de 12 itens que possibilitam a obtenção de informações envolvendo aspectos ligados à mastigação, ao discurso, à fonação e de auto-avaliação da condição bucal. O índice GOHAI foi desenvolvido em pesquisas com idosos norte-americanos, traduzido e validado para ser aplicado à população brasileira pelo Teste do Coeficiente de Cronbach que avalia a consistência interna e a homogeneidade entre as perguntas. O Índice é composto por 12 perguntas, que procuram estudar se, nos últimos três meses, o idoso apresentou algum problema funcional, psicológico ou doloroso devido a problemas bucais34. Cada pergunta apresenta três respostas possíveis: “sempre”, “algumas vezes” e “nunca”. Elas recebem os escores 1, 2 e 3, respectivamente, e, para determinação do índice, soma-se o escore de cada questão. O escore de cada indivíduo varia de 12 a 36, e, quanto mais alto o seu valor, melhores são as condições bucais. A auto-avaliação da condição bucal foi medida por meio das perguntas: (1) “Como avalia a condição da sua boca?”, com as respostas distribuídas numa escala de Likert, variando de “excelente” a “péssima”; e (2) “Tem algum problema com seus dentes ou gengiva?”, com respostas sim ou não.

Neste estudo, considerando o GOHAI como variável dependente, o mesmo foi analisado em valores absolutos (GOHAI Ab), variando entre 12 e 36 pontos.

4.6 ESTUDO PILOTO

(32)

4.7 ANÁLISE ESTATÍSTICA

A análise dos resultados do questionário foi realizada através do pacote estatístico SPSS (Statistical Package for the Social Sciences), versão 17.0.

(33)

5 RESULTADOS

5.1 CARACTERIZAÇÃO DA AMOSTRA

A amostra do estudo constou de 100 Idosos atendidos na Unidade de Saúde da Família de Felipe Camarão II. A idade variou entre 60 a 86 anos, com média igual a 66,85 anos. No tocante aos anos de estudo, a amostra teve a mediana de 3 anos, ressaltando que 33,5% dos indivíduos eram analfabetos. Em cada residência viviam em média 3,98 pessoas, sendo que 10% moravam sós. Outros principais resultados sobre a caracterização dos idosos do bairro de Felipe Camarão segundo suas características individuais encontram-se na tabela 1:

Tabela 1 - Caracterização dos idosos do bairro de Felipe Camarão, segundo características individuais. Natal/RN, 2011.

VARIÁVEIS n %

Características individuais Sexo Masculino Feminino Estado civil Solteiro Casado Divorciado Viúvo

Trabalhou de forma remunerada na vida?

Sim Não 31 69 20 48 06 26 73 27 31,0% 69,0% 20,0% 48,0% 6,0% 26,0% 73,0% 27,0%

Atualmente tem algum rendimento?

Sim Não

Na sua casa quem é o chefe da família?

Próprio(a) Esposo(a) Filho(a) Mãe Pai Outros

No momento, a pessoa responsável pelo sustento da família esta?

Trabalhando de forma regular Aposentado

Desempregado

Participa de alguma atividade associativa?

Sim Não 74 26 46 20 24 03 04 03 61 35 04 40 60 74,0% 26,0% 46,0% 20,0% 24,0% 3,0% 4,0% 3,0% 61,0% 35,0% 4,0% 40,0% 60,0%

Fonte: Dados do pesquisador

(34)

trabalhando de forma regular. Vale salientar que quase metade dos idosos participavam de alguma atividade associativa.

Na tabela 2, encontram-se os principais resultados contendo as variáveis sobre as condições subjetivas e objetivas de saúde bucal e de acesso ao serviço odontológico.

Tabela 2 - Caracterização dos idosos do bairro de Felipe Camarão, segundo características sobre condições subjetivas e objetivas de saúde bucal e de acesso ao serviço. Natal/RN, 2011.

VARIÁVEIS n %

Condições subjetivas de saúde bucal Existe algum problema com seus dentes?

Sim Não

Existe algum problema com sua gengiva?

Sim Não

Não sabe informar

Acha que seus dentes e/ou gengivas são?

Excelentes Boas Regulares Ruins Péssimo

Não tem opinião

Acesso ao serviço

Já recebeu informação sobre como cuidar da boca?

Sim Não

Cuidar da boca é importante para a saúde do corpo?

Sim, porque a boca tem a ver com a saúde do corpo Não, porque a boca não tem a ver com o resto do corpo

Quando foi sua última visita ao dentista?

Há menos de um ano Há mais de um ano Não sabe informar

Condições objetivas de saúde bucal Tem prótese dentária?

Sim Não 46 54 21 72 07 08 44 22 15 07 04 45 55 94 06 27 48 25 55 45 46,0% 54,0% 21,0% 72,0% 7,0% 8,0% 44,0% 22,0% 15,0% 7,0% 4,0% 45,0% 55,0% 94,0% 6,0% 27,0% 48,0% 25,0% 55,0% 45,0%

Grau de Satisfação

Excelentes Boas Regulares Ruins Péssimas 05 26 11 09 04 5,0% 26,0% 11,0% 9,0% 4,0% Fonte: Dados do pesquisador

(35)

Perguntados se já receberam alguma informação sobre como cuidar da boca, o número de idosos que informaram que não foi a maioria. Houve um maior predomínio de idosos que foram ao dentista há mais de um ano. Mais da metade dos entrevistados possuem prótese dentária e aproximadamente ¼ valorizam essas próteses como boas.

5.2 GOHAI ABSOLUTO x VARIÁVEIS INDEPENDENTES

Em relação à variável dependente, o Geriatric Oral Health Assessment Index (GOHAI), considerando seu resultado absoluto (GOHAI Ab), este foi analisado segundo o coeficiente de correlação com variáveis independentes e os resultados são observados na tabela 3.

Tabela 3 - Coeficiente de correlação de Spearman (r) e significância estatística (p) entre os valores

absolutos do GOHAI e as variáveis idade, anos de estudo e número de pessoas por cômodo. Natal/RN, 2011.

VARIAVEIS quantitativas GOHAI Ab r p

Idade -0,269 0,007

Anos de estudo 0,356 < 0,001

Nº. de pessoas por cômodo -0,070 0,487 Fonte: Dados do pesquisador

Existiu uma correlação fraca e negativa em relação ao GOHAI com a variável idade e uma correlação fraca e positiva com relação aos anos de estudo.

(36)

Tabela 4 - Análise univariada da auto-percepção em saúde bucal de acordo com o Geriatric Oral Health Assessment Index em valores absolutos (GOHAI Ab) de idosos do bairro de Felipe Camarão.

Natal/RN, 2011.

VARIAVEIS GOHAI Ab

Mediana Q25 Q75 p Sexo

Masculino

Feminino 28 30 25 - 32 0,539

Estado Civil Solteiro Casado Divorciado Viúvo 27 30 33 31,5

22,2 – 31,7 27 – 32 27,5 – 35,2 23,7 – 32,2

0,065

Trabalhou de forma remunerada na vida?

Sim

Não 30 30 22,2- 31,7 27 - 32 0,800

Participa de alguma atividade associativa?

Sim

Não 27,5 32 28 23,2 - 32 – 32,7 0,006

Atualmente possui algum rendimento?

Sim Não

29,5 30

25,7 – 32 24,7 - 32

0,804

Existe algum problema com seus dentes?

Sim

Não 27 30 21 27 - 32 – 30 <0,001

Existe algum problema com sua gengiva?

Sim Não

Não sabe informar

25 30 19

20 – 27 27 – 32 17 – 25,5

<0,001

Acha que seus dentes e/ou gengivas são?

Excelentes Boas Regulares Ruins Péssimo Não tem opinião

30 32 29 25 25 20,5

28 – 33,7 27 – 34 25- 32,5 24 – 32 24 – 32 17,5 – 26,2

<0,001

Já recebeu informação sobre como cuidar da boca?

Sim

Não 29 30 24,5 26 –– 32 32 0,684

Quando foi sua última visita ao dentista?

Há menos de um ano Há mais de um ano Não sabe informar

32 30 26

27 – 33 27 – 32 21 – 32,5

0,394

Tem prótese dentária?

Sim

Não 28 31 25,5 25 –– 32 34 0,110

Grau de Satisfação

Excelentes Boas Regulares Ruins Péssimas 32 30 25 25,5 24,5

30,5 – 33,5 27 – 32 21 – 28 29 – 31 19,5 – 30,2

0,003

Fonte: Dados do pesquisador

(37)

(p=<0,001), existe algum problema com sua gengiva (p=<0,001), opinião sobre seus dentes e/ou gengivas (p=<0,001) e o grau de satisfação quanto a prótese dentária (p=0,003), mostraram significativas, indicando que estas questões podem servir para validar o próprio GOHAI, na medida em que os indivíduos afirmam possuir problemas dentários, gengivais ou que possuam uma opinião negativa sobre seus dentes, gengivas e próteses apresentam uma auto-percepção negativa.

5.3 COMPARAÇÃO DOS RESULTADOS RELATIVOS AOS BAIRROS

DE FELIPE CAMARÃO E BOM PASTOR

Para efeito de comparação, os dados do bairro de Felipe Camarão foram analisados segundo sua mediana e valor de significância (p), considerando também os dados do bairro Bom Pastor. O resultado encontra-se na tabela 5.

Tabela 5 - Mediana e quartis 25 e 75 das variáveis idade, anos de estudo, número de pessoas por cômodo e GOHAI absoluto em relação a cada um dos bairros estudados. Natal/RN, 2011.

VARIAVEIS Felipe Camarão Bom Pastor P Mediana Q25 – Q75 Mediana Q25 – Q75

Idade 65 61,2 – 72 65 62 – 70 0,567

Anos de estudo 3 0 – 6,7 5 0 – 7,5 0,273 Nº pessoas por

cômodo

3 2 – 5 3 2 – 4 0,048

GOHAI Ab 30 25 – 32 28 24 – 30 0,032

Fonte: Dados do pesquisador

Com relação aos resultados, os dados apresentam semelhanças para os dois bairros, sendo que número de pessoas por cômodo e o índice GOHAI Ab, foram significativos favoráveis ao bairro de Felipe Camarão. Objetivo principal do estudo, o índice de percepção medido pelo GOHAI (GOHAI Ab), mostrou uma valoração mais positiva para o bairro Felipe Camarão considerado uma percepção regular da sua saúde bucal. Quanto ao bairro Bom Pastor seu índice é considerado como uma percepção ruim.

(38)

Tabela 6 - Valores absolutos (n) e porcentagem (%) das variáveis características individuais, condições subjetivas e objetivas de saúde bucal e acesso ao serviço de acordo com aos bairros estudados. Natal/RN, 2011.

VARIAVEIS FELIPE

CAMARÃO n(%) BOM PASTOR n(%) p Sexo Masculino

Feminino 31(44,3) 69(53,1) 39(55,7) 61(46,9) 0,236

Estado Civil Solteiro Casado Divorciado Viúvo 20(57,1) 48(49,0) 6(30,0) 26(55,3) 15(42,9) 50(51,0) 14(70,0) 21(44,7) 0,213

Trabalhou de forma remunerada na vida?

Sim

Não 73(44,5) 27(75,0) 9(25,0) 91(55,5) 0,001

Participa de alguma atividade associativa?

Sim

Não 40(54,8) 60(47,2) 33(45,2) 67(52,8) 0,304

Atualmente possui algum rendimento?

Sim

Não 74(50,3) 26(49,1) 73(49,7) 27(50,9) 0,873

Existe algum problema com seus dentes?

Sim Não 46(53,5) 49(52,1) 40(46,5) 46(48,5) 0.564

Existe algum problema com sua gengiva?

Sim Não

Não sabe informar

21(42,9) 72(52,9) 7(46,7) 28(57,1) 64(47,1) 8(53,3) 0,464

Tem prótese dentária?

Sim

Não 55(54,5) 45(45,5) 46(45,5) 54(54,5) 0,203

Já recebeu alguma informação sobre como cuidar da boca?

Sim

Não 45(42,9) 55(57,9) 60(57,1) 40(42,1) 0,034

Quando foi sua última visita ao dentista?

Há menos de um ano Há mais de um ano Não sabe informar

27(40,3) 48(55,8) 35(53,2) 40(59,7) 38(44,2) 22(46,8) 0,144 GOHAI categorizado

Menos de 30 30 a 33 34 a 36

50(50,0) 32(32,0) 18(18,0) 64(64,0) 27(27,0) 9(09,0) 0,076

Fonte: Dados do pesquisador

Observa-se que as variáveis trabalhou de forma remunerada na vida e se já recebeu informação como cuidar da boca, apresentaram associações significativa com o local de estudo, destacando para a grande diferença entre amostra que nunca trabalhou, onde o bairro de Felipe Camarão apresentou dados três vezes maior que Bom Pastor.

(39)

Figura 5 - Freqüência (%) das 12 questões do índice GOHAI para o bairro de Felipe Camarão. Natal/RN, 2011.

Fonte: Dados do pesquisador

Figura 6 - Freqüência (%) das 12 questões do índice GOHAI para o bairro de Bom Pastor Camarão. Natal/RN, 2011.

Fonte: Dados do pesquisador

20% 11% 8% 45% 1% 39% 9% 18% 24% 8% 27% 22% 30% 22% 18% 16% 9% 22% 16% 39% 19% 30% 23% 26% 50% 67% 74% 39% 90% 39% 75% 43% 57% 62% 50% 52%

Teve sensibilidade nos dentes ou gengiva ao … Sentiu desconforto ao alimentar-se em frente a … Sentiu-se nervoso ou tomou consciência de … Precisa tomar cuidados com seus dentes, gengivas … Usou ou usa medicamentos para aliviar dor ou … Sente-se feliz com o aspecto de seus dentes ou … Limita seus contatos com outras pessoas devido a … É capaz de comer qualquer coisa sem sentir … Seus dentes ou protéses o impedem de falar da … Engole os alimentos confortavelmente Tem problemas mordendo ou mastigando …

GOHAI Felipe Camarão

Sempre Às Vezes Nunca

16% 11% 12% 22% 2% 40% 16% 33% 20% 23% 22% 18% 39% 30% 30% 29% 28% 29% 24% 44% 36% 38% 32% 31% 45% 59% 58% 49% 70% 31% 60% 23% 44% 39% 46% 51%

Teve sensibilidade nos dentes ou gengiva ao … Sentiu desconforto ao alimentar-se em frente a … Sentiu-se nervoso ou tomou consciência de … Precisa tomar cuidados com seus dentes, gengivas … Usou ou usa medicamentos para aliviar dor ou … Sente-se feliz com o aspecto de seus dentes ou … Limita seus contatos com outras pessoas devido a … É capaz de comer qualquer coisa sem sentir … Seus dentes ou protéses o impedem de falar da … Engole os alimentos confortavelmente Tem problemas mordendo ou mastigando …

GOHAI Bom Pastor

(40)

6 DISCUSSÃO

Como refere Veras42, o aumento da população idosa é um fenômeno observado em todo o mundo e, no Brasil, esse quadro vem ocorrendo de forma radical e bastante acelerada. As projeções indicam que, em 2020, o Brasil será o sexto país do mundo em número de idosos, mostrando uma série de questões cruciais para gestores e pesquisadores da saúde, com repercussões para a sociedade como um todo, considerando o contexto de acentuada desigualdade social, pobreza e fragilidade das instituições7.

O envelhecimento é uma questão, ainda que incorporada ao campo da Saúde Coletiva, pouco avançou no país, dada a sua magnitude e a atenção dos formuladores e gestores de políticas públicas43.

Os males que afetam a saúde bucal, e especialmente, a saúde bucal do idoso, sobressaem fortemente os determinantes socioeconômicos, culturais, ambientais, comportamentais e organizacionais, que definem o tipo, os níveis e a gravidade das doenças bucais – isto é, o respectivo padrão epidemiológico, trazendo a tona uma gama de questões sobre a atual prática de saúde ofertada ao idoso44.

Nesse sentido, o processo de formação tem um papel fundamental nas mudanças sociais. A Universidade é o espaço por excelência para o debate, para a produção do conhecimento e para a formulação de políticas de formação para a área da saúde, no sentido de colocar a problematização da integralidade da atenção como questão à formação dos profissionais de saúde, contribuindo para que a educação esteja atrelada ao mundo do trabalho e às práticas sociais em saúde45.

Os estudos acerca da auto-percepção20, 46 em saúde têm sido utilizados no sentindo de entender como a pessoa percebe sua condição bucal, pois o comportamento pode ser condicionado por esta percepção e pela importância dada a ela. Mesmo com a deficiência de programas dirigidos para os idosos, uma das razões para estas pessoas não procurarem o serviço odontológico é a não percepção de sua necessidade13,47,48,49. Os estudos sobre percepção são realizados também com o objetivo de avaliar os tratamentos recebidos12.

(41)

atividades foram desenvolvidas há mais de 6 anos ao contrário da USF de Felipe Camarão II que foi contemplada ao longo de todos esses anos. Os dados são representativos destas pessoas, não podendo ser generalizados para toda população idosa do município.

A presença de mulheres foi mais significativa (69%) e superior a de homens, discrepância esta já registrado pela literatura12,41,46 e que pode estar relacionada à maior procura pelas mulheres por serviços médicos, como também sua maior freqüência aos serviços de saúde.

A média de idade encontrada entre os idosos foi de 66,85 anos, considerados como idosos jovens. Este dado pode ser reflexo da maior possibilidade de acesso aos serviços de saúde por esses idosos, já que não apresentam distúrbios e dificuldades motoras decorrente da maior idade. Vários estudos também apresentaram valor semelhante12,34,46.

A maioria dos idosos segundo o estado civil são casados (48%), valor este um pouco menor (45%), encontrado na literatura32,46. Vale salientar um expressivo percentual de viúvos (26%), podendo caracterizar uma vida solitária, tornando esses idosos isolados e alheios à própria condição de saúde.

Quanto ao tipo de rendimento, 73% já trabalharam de forma remunerada na vida, 74% possuem hoje algum tipo de rendimento, sendo que 46% ainda são os próprios chefe de família. Segundo Silva12 e Rodrigues46, a renda, apesar de muito utilizada, não é um bom indicador, pois os indivíduos podem apresentar dados imprecisos ou negar a fornecê-los.

Ao serem indagados se participavam de alguma atividade associativa, 60% disseram que não e 40% da amostra respondeu que sim, um expressivo valor que pode ser relacionado com os grupos de idosos formados pelas USF, de igreja ou até mesmo do bairro. De uma maneira geral, a caracterização da amostra estudada revelou uma população com poucos recursos, não só financeiros, mas também de educação e saúde, o que provavelmente tem reflexos na qualidade de vida. Há que referir que muitos idosos da USF de Felipe Camarão II integram o “Grupo Conviver para Melhor Viver”, com encontros semanais onde se discutem questões de saúde, especialmente das atividades do programa Hiperdia e atividades educativas em saúde. Esses idosos são encaminhados para atendimento clínico através da ESF.

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critérios diferentes do profissional, levando em consideração principalmente fatores dolorosos ou incômodos e estéticos, bem como a dificuldade das pessoas em perceber os problemas periodontais.

Outro achado observado foi que a maioria classificou como boa (44%) seus dentes e gengivas, provavelmente uma percepção positiva. Uma percepção regular foi observada por 22%, mesma porcentagem encontrada para quem valorizou entre ruim e péssimo. Vale ressaltar que os idosos investigados viveram em uma época em que as perdas dentárias e condições bucais eram precárias, assim como adoecimento, parecem ter sido considerados parte do processo normal de envelhecimento da espécie humana. Essas precárias condições parecem refletir o modelo de atenção à saúde adotado no país, bem como uma Odontologia multiladora com acesso restrito e desigual50,52. Dessa forma, é possível que a auto-percepção positiva de saúde bucal em condições tão precárias reflita, em parte, uma atitude de resignação culturalmente difundida51.

O desconhecimento sobre os cuidados à saúde representa um fator a ser considerado, uma vez que a informação, embora disponível na mídia, porém pouco explorado nas USFs e na Universidade, especialmente no tocante à utilização de metodologias ativas/discussivas, não chega a todas as camadas da população da mesma forma e de modo a produzir conhecimento e autonomia em relação aos cuidados com a saúde22.

Vale destacar, contudo, que em meio a esse caos, os idosos conseguem ver a importância da saúde. No estudo de Piuvezam52, que buscou apreender as representações sociais acerca das perdas dentárias em idosos do bairro de Felipe Camarão, analisou-se que as perdas dentárias revelaram toda uma história de relação do idoso com a sua saúde e o serviço de saúde, em que o modelo tradicional o expôs a uma prática que solucionou pontualmente a sensação de dor, mostrando a importância de se entender melhor as subjetividades das perdas dentárias, ou seja, enfrentando as dificuldades e tentando tornar esta nova estranha situação em algo familiar. Assim, foi desenvolvido o projeto de extensão através da SACI – UFRN, Promoção à Saúde Bucal na Terceira Idade, no sentindo de discutir com o grupo esses achados, bem como atividades educativas em saúde que pudessem subsidiar uma nova prática dos cuidados a saúde bucal. No entanto, observa-se que nas USFs apesar da presença da Universidade ela pouco incorpora para sua prática as atividades acadêmicas, sobressaindo à deficiência das ações de saúde e de prioridades à população.

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municípios e estados são apontados como experiências positivas. Entretanto, é epidemiologicamente significativa a prevalência de doença bucal e periodontal acumulada, e a grande dificuldade de acesso por parte do idoso aos serviços de saúde53.

Com relação à presença de prótese dentária, observou-se que 55% da amostra fazem uso, enquanto 45% não usavam nenhum tipo, seja pelo custo da prótese, quanto pela dificuldade de acesso no serviço público. Dados encontrados por Torres54 também apontaram elevado uso de prótese. A mesma porcentagem também foi verificada por Pinzon-Pulido8, 59% da sua amostra fazia uso de algum tipo de prótese contra 41% que não utilizava próteses. Shimazaki55, Fernandez56 afirmam que metade da população idosa dos estudos já perdeu grande parte de seus dentes.

Em contrapartida, 48% da amostra foram ao dentista há mais de um ano e 25% não souberam informar qual a data de sua última visita ao dentista. Petra57 encontrou resultados semelhantes. Reflexo do acesso ao serviço, bem como a dificuldade de freqüentá-lo.

Para Martins53, com relação aos idosos, há insuficiência de políticas de compreensão da morbidade e da fragilidade dos sistemas de apoio aos mesmo, além do padrão medicalizante e hospitalocêntrico dos serviços ainda presente nas UFSs, apresentam um cenário no qual a demanda por cuidado à saúde dos idosos, incluída a saúde bucal, têm sido através da necessidade iminente de intervenção para tratar problemas instalados. Mesmo sendo precárias as condições de saúde bucal da população idosa, e volumosas as necessidades acumuladas, a utilização dos serviços odontológicos ainda é pequena, tanto pela política de gestão das UFSs como pelas condições físicas e clínicas do atendimento53.

Na USF de Felipe Camarão II, mesmo com o grupo de idosos, o atendimento clínico e o acesso de certa forma estabelecidos, ainda a presença da UFRN não foi suficiente para contemplar o adequado atendimento à saúde do idoso.

Quanto à auto-percepção medida pelo GOHAI em valores absolutos em correlação com as variáveis independentes, a mesma foi significante para idade (p=0,007), sendo esta uma correlação fraca e negativa (r= -0,269), e a variável anos de estudo (p= <0,001) , mostrando uma correlação fraca e positiva (r= 0,356), sendo observados também por Pinzón-Pulido8, provavelmente se devam em função de idosos mais jovens e assim são mais motivados para encarar os problemas físicos e sociais decorrentes do processo natural de envelhecimento.

Análise univariada da auto-percepção em saúde bucal de acordo com o Geriatric Oral Health Assessment Index em valores absolutos (GOHAI Ab) de idosos do bairro de Felipe

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<0,001), mostrando que a maioria das pessoas vêem sua condição bucal de maneira favorável mesmo com possibilidades de condições clínicas não satisfatórias, provavelmente pelo fato de que muitas das doenças detectadas são assintomáticas e desconhecidas do indivíduo, mesma característica percebida por Silva12 e Tiago32. Há que salientar a importância da compreensão e prioridades nas práticas em saúde, do Estatuto do Idoso, do Pacto pela Saúde, Pacto pela Vida, na USF e na UFRN, no sentido de contemplar as ações que são necessárias especificamente para saúde do idoso.

Outra variável significativa foi a presença de algum problema com sua gengiva (p= <0,001), mostrando a dificuldade das pessoas em perceber os problemas periodontais, já que apresentam maior valoração de GOHAI quem afirma não possuir problemas, mesmo avaliando de maneira geral sua saúde bucal negativa. A variável grau de satisfação quanto a seus dentes e/ou gengivas, também foi significativa (p= <0,001) reforçando assim a relação entre a percepção e o desconhecimento da população sobre seus problemas bucais. Quanto ao grau de satisfação da prótese dentária, esta foi significativa (p= 0,003), quanto melhor percebida maior o índice GOHAI absoluto, Rodrigues46 apresentou dados semelhantes e afirma que muitos idosos usam prótese há mais de 20 anos e uma vez instalada não retornam para novas consultas e avaliações periódicas dessas próteses seja devido a limitações econômicas, motivacionais e educacionais.

Considerando apenas o efeito de comparação, os dados da pesquisa do bairro de Felipe Camarão e Bom Pastor foram analisados juntos (Tabela 5) de acordo com sua mediana e valor de significância, quartis para as variáveis independentes (idade, anos de estudo, número de pessoas no domicílio, GOHAI absoluto), e de acordo com suas freqüências com valor de p para as demais variáveis (tabela 6). Os resultados dos dados mostram que os dois bairros são praticamente semelhantes, com a mediana de idade igual para ambos (65 anos), as variáveis número de pessoas no domicílio e o índice GOHAI absoluto apresentam diferença estatisticamente significativa entre os bairros, ressaltando que o GOHAI absoluto (p= 0,032), mostrou um resultado de 30 pontos, considerada uma percepção regular para o bairro de Felipe Camarão, e de 28 pontos como baixa para o bairro Bom Pastor.

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Figura  1  -  Evolução  da  proporção  das  faixas  etárias  da  população  brasileira
Figura 2 - Evolução da proporção de idosos por faixas etárias. Brasil, 2000-2050.
Figura 4: Estrutura etária da população do bairro Bom Pastor  – Natal - RN
Tabela  1  -  Caracterização  dos  idosos  do  bairro  de  Felipe  Camarão,  segundo  características  individuais
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Referências

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