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Epidemiologia da doença de Chagas na zona rural do Município de Teresina-Piauí, Brasil.

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Academic year: 2017

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R e v i s t a d a S o c i e d a d e B r a s i l e i r a d e M e d i c i n a T r o p i c a l 2 5 ( l ) : 5 1 - 5 8 , j a n - m a r , 1 9 9 2

E PID EM IO LO G IA D A D O E N Ç A D E C H A G A S N A Z O N A

R U R A L D O M U N IC ÍPIO D E T E R E SIN A -P IA U Í, B R A SIL

Dalva Neves da Costa Bento, Luiz M . Farias,

M oacyr F. Godoy e John F. Araújo

N a á r e a r u r a l d o m u n i c íp i o d e T e r e s i n a - P i a u í , f o r a m c a p t u r a d o s 1 2 9 t r i a t o m í n e o s d i s t r i b u í d o s e m (a ) e c ó t o p o s a r t i f i c i a i s : h a b i t a ç õ e s (1 Triatom a b rasilien sis, 1 P anstrongylus gen icu la tu s, 1 R h odniu s p ictip es e 1 R hodniu s prolixu sj e g a l p ã o a b a n d o n a d o ( 7 R hodniu s nasutusj e (b ) e c ó t o p o s n a t u r a i s : O rb ignya m artiana (4 1 R hodniu s n eg lectu s, 3 3 R h odniu s p rolixu s e 4 1 R hodniu s nasutus,) e C opernicia cerifera (3 R hodniu s neglectus,). C e r c a d e 2 2 , 6 % d o s t r i a t o m í n e o s c a p t u r a d o s e s t a v a m in f e c ta d o s p o r f l a g e l a d o s , s e n d o 3 0 % n o a m b i e n t e a r t i f i c i a l e 2 1 , 9 % n o a m b i e n t e n a tu r a l. D o s 2 8 m a m í f e r o s c a p t u r a d o s e e x a m i n a d o s , 7 D id elp h is aib iven tris, 2 Rattus rattus e 1T am andua tetradacty la a p r e s e n t a v a m - s e p o s i t i v o s p a r a f l a g e l a d o s . O s f l a g e l a d o s e n c o n t r a d o s n o s tr i a t o m í n e o s e n o s m a m í f e r o s e r a m s e m e l h a n t e s a o T ry p a n o so m a cruzi. D a s 1 2 3 r e a ç õ e s s o r o l ó g i c a s , p o r im u n o j l u o r e s c ê n c i a i n d i r e t a , r e a l i z a d a s n a p o p u l a ç ã o , d u a s ( 1 , 6 % ) f o r a m r e a t i v a s .

P a l a v r a s - c h a v e s : D o e n ç a d e C h a g a s . E s tu d o e p id e m i o l ó g i c o . T ry p a n o so m a cruzi. T r i a t o m í n e o s , P ia u í.

A doença de Chagas, protozoose prim itiva de anim ais silvestres, resulta de adaptação posterior do parasito ao hom em , acometendo hoje cerca de 5 (cinco) m ilhões de brasileiros, e tom ando-se assim , um a das mais graves endemias em nosso País7. A transm issão do T r y p a n o s o m a c r u z i ao hom em depende de dois fatores: o desequilíbrio ecológico e a má qualidade de habitação do hom em , que p ro p o rc io n a assim , a d om iciliação dos triatom m eos2. N a profilaxia e controle desta endem ia, o conhecim ento do ciclo silvestre da doença é de fundam ental im portância. Sabe-se que espécies de triatom íneos, principalm ente do gênero R h o d n i u s, estão altam ente adaptados a diferentes tipos de palm eiras1 2 3 8 9 14 15

E m Teresina - Piauí, tanto na zona urbana como na rural, predom ina em grande quantidade a palm eira “babaçu”( O r b i g n y a m a r t i a n a ) , na qual em estudos recentes realizados na área urbana, foi

D e p a rta m e n to d e B io lo g ia , C e n tro d e C iê n c ia s da N a tu re z a e D e p a rta m e n to d e P a ra sito lo g ia e M ic ro b io lo g ia , C e n tro de C iê n c ia s d a S a ú d e , F u n d a ç ã o U n iv e rsid a d e F e d e ra l d o P iauí, T e re s in a , P I, B rasil e H o sp ita l S an ta M a ria , H em o d in â m ic a . T e re s in h a , P I, B rasil.

T ra b a lh o fin a n c ia d o p e la F IN E P .

Endereço para correspondência: D ra . D alv a N e v e s d a C o sta B e n to . D e p a rta m e n to d e B io lo g ia /C C N /F U F P I - 6 4 0 5 0 -9 0 0 - T e re s in h a - P iau í.

R e c e b id o p a r a p u b lic a ç ã o e m 1 9 /0 8 /9 1 .

constatada a presença de m am íferos e triatom íneos,

ambos infectados por T r y p a n o s o m a sem elhante ao

c ru zi- As espécies de triatom íneos (R h o d n iu s n a s u tu s e T r i a t o m a p s e u d o m a c u l a t a ) e os m arsupiais ( D i d e l p h i s a i b i v e n t r i s e M a r m o s a a g i l i s ) capturados na região, parecem desem penhar um im portante papel no ciclo deste protozoário, devido ao alto índice de infecção que apresentaram 29,1 e 38,4 %, respectivamente. P o r outro lado, a prevalência da in fe c ç ã o c h a g á s ic a n e s te m u n ic íp io fo i de aproxim adam ente 1,3% , em inquérito sorológico realizado pelo M inistério da Saúde - SU CA M no período 1975/81, sendo esta a única inform ação disponível sobre a doença no m unicípio de Teresina, um a vez que o mesmo não foi incluído ainda no Program a de C ontrole da D oença de Chagas13.

No sentido de dar continuidade aos estudos já iniciados e m elhor esclarecer a epidem iologia da doença de Chagas na região, desenvolveu-se o presente trabalho em diferentes localidades das zonas rurais deste m unicípio.

M A TERIA L E M ÉTO D O S

L o c a l i d a d e s e s t u d a d a s

(2)

B e n to D N C , F a r i a s L M , G o d o y M F , A r a ú j o J F . E p id e r n i o lo g i a d a d o e n ç a d e C h a g a s n a z o n a r u r a l d o .m u n i c í p i o d e T e r e s i n a - P i a u í , B r a s i l . R e v i s t a d a S o c i e d a d e B r a s i l e i r a d e M e d i c i n a T r o p i c a l 2 5 : 5 1 - 5 8 , j a n - m a r , 1 9 9 2 .

e dom éstico do T. c r u z i foram estudados por um

período de oito meses (de agosto/85 a março de 1986), nas localidades de Cacim ba V elha, Nazária, B oquinha, G urupaco e Santa Luz, M unicípio de Teresina, Estado do Piauí (Fig. 1).

Estas localidades foram escolhidas levando-se em consideração o critério de m aior facilidade de acesso, por via terrestre, aos locais e às casas.

C a p t u r a e e x a m e d o s tr i a t o m í n e o s

D o m i c í l i o s e P e r i d o m i c í l i o s ( E c ó to p o s A r t i f i c i a i s ) .

Os triatom íneos foram capturados m anualm ente com auxílio de insetífugo (solução líquida depiretro 2% ) nas paredes externas e internas dos dom icílios e anexos, estes últim os representados por galinheiros, chiqueiros, apriscos, m onte de telhas, m adeiras, pedras e cercas.

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B e n t o D N C , F a r i a s L M , G o d o y M F , A r a ú j o JF . E p i d e m i o l o g i a d a d o e n ç a d e C h a g a s n a z o n a r u r a l d o m u n i c í p i o d e T e r e s i n a - P i a u í , B r a s i l . R e v i s t a d a S ç c i e d a d e B r a s i l e i r a d e M e d i c i n a T r o p i c a l 2 5 : 5 1 - 5 8 , j a n - m a r , 1 9 9 2 .

examinadas.

Foram pesquisadas ainda, os ninhos de pássaros e roedores encontrados nas palm eiras, árvores e outros locais.

Os triatom íneos capturados foram identificados e exam inados quanto à presença de flagelados no tu b o d ig e stiv o p e la técn ic a de co m p ressão abdom inal. Os triatom íneos negativos, por esta técnica, eram dissecados e examinados. Alguns exem plares foram enviados ao Departam ento de Entom ologia da FIO C R U Z /R io de Janeiro, para confirm ar a identificação.

C o l e t a d e s a n g u e p a r a s o r o l o g i a . Foram colhidas am ostras de sangue (cerca de 5 ml), por via endovenosa, de um grupo de 123 pessoas residentes nas casas onde se pesquisava a presença de triatom íneos, sendo 50 do sexo masculino e 73 do sexo fem inino, com a idade que variou entre um e noventa anos. Todas as am ostras de sangue foram m antidas em condições am bientais, por cerca de 20 horas, para obtenção do soro, que foi conservado à tem peratura de -5°C, até serem enviados à Fundação Ezaquiel D ias (F U N E D ), em Belo H orizonte - M G ,

o n d e fo r a m s u b m e tid o s a re a ç ã o de

im unofluorescência indireta.

T o d o s os in d iv íd u o s foram exam inados clinicam ente, em contrapartida para a população.

Os p a c ie n te s re a tiv o s re p etiram exam es sorológicos, foram reexam inados clinicam ente e su b m etid o s a exam es com plem entares com o eletrocardiogram a, raio-X do tórax, hem ocultura e xenodiagnóstico.

C a p t u r a , e x a m e e i d e n t i f i c a ç ã o d e m a m íf e r o s . Para captura de m am íferos silvestres, peridom ésticos e dom ésticos, foram utilizadas armadilhas de vários tipos e tam anhos, industrializadas ou feitas por m oradores da região. Os anim ais de m enor porte e ra m tr a n s p o r ta d o s p a ra o la b o ra tó rio do D epartam ento de Biologia, para exames quanto à

infecção pelo T. c r u z i.

Os m am íferos silvestres e peridom ésticos capturados foram investigados pelo exame de sangue a fresco, xenodiagnóstico e hem ocultura. Nos m am íferos dom ésticos (sete gatos, dois porcos, duas cabras e sete cães), foi aplicado apenas o xenodiagnóstico devido às dificuldades de se utilizarem as dem ais técnicas no campo.

Para realizar os exam es, os anim ais eram im obilizados e, eventualm ente, anestesiados com éter.

Coletava-se o sangue da cauda ou veia alar (morcegos) para o exame a fresco e, através da p u n çã o c a rd ía c a , p a ra h e m o c u ltu ra , sen d o em pregado o meio N N N .

N o xenodiagnóstico, para cada anim al, foram aplicadas 30 ninfas de 4 o- estádio dos seguintes triatom íneos: 10 de T r ia to m a b r a s i l i e n s i s , 10 de T r ia to m a in f e s ta n s e 10 de R h o d n iu s p r o l i x u s . O exame dos insetos ocorreu 30 dias após a aplicação do xenodiagnóstico, pela técnica da com pressão abdom inal, e os negativos eram dissecados e examinados.

RESU LTA D O S

D i s t r i b u i ç ã o d o s t r i a t o m í n e o s n o s e c ó t o p o s

N a tu r a is e A r t i f i c i a i s . A presença de triatom íneos ocorreu em quatro casas (7,4 %) e em um galpão de granja abandonado (1 ,8 % ), das 54 unidades d o m ic ilia re s (d o m ic ílio e p e r id o m ic ílio ) pesquisados.

O índice global de infestação triatom ínica nas

12 palm eiras examinadas (nove O . m a r t i a n a , duas

C . c e r if e r a e um a A s t r o c a r y u m s p ) foi de 75 % . F o ra m c a p tu r a d o s 129 e x e m p la re s de triatom íneos, sendo 11 em ecótopos artificiais e 118 em ecótopos n a tu ra is. D o s 115 ex em p lares examinados, 10 de ecótopos artificiais e 150 de ecótopos naturais, 30 e 21,9% respectivam ente, ap resen tav a m -se co m in fec ção n a tu ra l p a ra

tripanosom as sem elhantes ao T. c r u z i.

A F ig u ra 1 m o stra a d is trib u iç ã o dos triatom íneos por localidade e a Tabela 1, os índices de infecção p o r espécie, distribuídos em seus respectivos ecótopos.

M a m íf e r o s c a p tu r a d o s e x e n o d i a g n ó s t i c o e m a n im a is

d o m é s t i c o s e p e r i d o m é s t i c o s . D os 28 m am íferos capturados e examinados, 10(35,7 %) apresentaram- se positivos por flagelados em um a ou m ais das

técnicas de diagnóstico utilizadas, sendo sete D .

a l b i v e n t r i s (25 % ), dois R a t t u s r a t t u s (7,1 %) e um

T a m a n d u a t e t r a d a c t y l a ( 3 , 6 % ) .

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(5)

B e n to D N C , F a r i a s L M , G o d o y M F , A r a ú j o JF . E p i d e m i o l o g i a d a d o e n ç a d e C h a g a s n a z o n a r u r a l d o m u n i c í p i o d e T e r e s i n a - P i a u í , B r a s i l . R e v i s t a d a S o c i e d a d e B r a s i l e i r a d e M e d i c i n a T r o p i c a l 2 5 : 5 1 - 5 8 , j a n - m a r , 1 9 9 2 .

T a b e l a 2 - I n f e c ç ã o n a t u r a l e m m a m íf e r o s c a p t u r a d o s n a á r e a r u r a l d e T e r e s in a - P i a u í c o m f l a g e l a d o s

s e m e l h a n t e s a o T. cruzi.

Espécies Número de

capturados

Núm ero de examinados

Infectados

N ° %

D i d e l p h i s a l b i v e n t r i s 7 7 7 100

M o n o d e l p h i s d o m e s t i c a 1 1 0 0

G a le a s p ix i 6 6 0 0

M y o t i s m i g r i c a n s 1 1 0 0

M o l o s s o p s s p 1 1 0 0

C o e n d u s p 1 1 0 0

R a t t u s r a t t u s 9 9 2 2 2,2

F e l i s s p 1 1 0 0

T a m a n d u a t e t r a d a c t y l a 1 1 1

-Total 28 28 10 35,7

m am íferos capturados e seus respectivos índices de infecção são encontrados na Tabela 2.

S o r o l o g i a ( IF1) n a p o p u l a ç ã o . Em 123 reações sorológicas realizadas na população, duas foram reativas, sendo um indivíduo do sexo masculino e outro do sexo fem inino. A sorologia reativa destes pacientes foi confirm ada p o r um a segunda reação. Clinicamente não apresentaram evidências da doença de Chagas (form a indeterm inada). Os exames complementares (raio-X eeletrocardiogram a) foram norm ais e o xenodiagnóstico e hem ocultura foram negativos.

A Tabela 3 m ostra a distribuição dos pacientes por faixa etária, sexo e respectivas sorologias reativas.

DISCUSSÃO

N o Estado do Piauí, o inquérito sorológico,

realizado entre 1975/81 pelo M inistério da Saúde, estendeu-se por 114 m unicípios e a prevalência de infecção chagásica foi estim ada em 24% para todo o Estado4. No entanto, o levantam ento triatom ínico e a borrificação intradom iciliar ficaram restritas a áreas consideradas de alta endem icidade.

Pelo fato de apresentar baixo índice (1,3 %) de sorologia reativa (Inquérito N acional), o m unicípio de Teresina - Piauí não foi julgado prioritário pelo program a de C ontrole de D oença de Chagas - SU CA M 13, sendo assim , inexistentes dados sobre a presença de triatom íneos nas áreas rurais deste m unicípio. Na área urbana, o R . n a s u tu s e o T. p s e u d o m a c u l a t a já foram capturados em 95 % e

5 %, respectivam ente, das O . m a r t i a n a num total de

55 palm eiras exam inadas3. O R . n a s u t u s foi

encontrado em 78 % das C . c e r i f e r a pesquisadas em

(6)

B e n t o D N C , F a r i a s L M , G o d o y M F , A r a ú j o J F . E p i d e m i o l o g i a d a d o e n ç a d e C h a g a s n a z o n a r u r a l d o m u n i c í p i o d e T e r e s i n a - P i a u í , B r a s i l . R e v i s t a d a S o c i e d a d e B r a s i l e i r a d e M e d i c i n a T r o p i c a l 2 5 : 5 1 - 5 8 , j a n - m a r , 1 9 9 2 .

T a b e l a 3 - D i s t r i b u i ç ã o p o r f a i x a e t á r i a d a a m o s t r a s u b m e t i d a a e x a m e s o r o l ó g i c o c o n t r a o T . cruzi p o r

i m u n o f lu o r e s c ê n c ia in d i r e t a (IF I), n o M u n i c í p i o d e T e re si n a - P i a u í , B r a s il.

G rupo Etário

Sexo M asculino Sexo Fem inino Total

N ° Sorol Reat N ° Sorol Reat N ° Sorol Reat

0 ■- 10 10 0 13 1 23 1

11 - 2 0 9 0 14 0 23 0

21 - 3 0 7 0 14 0 21 0

31 - 4 0 7 0 13 0 20 0

41 - 5 0 5 0 8 0 13 0

51 - 6 0 7 1 8 0 15 1

61 - 7 0 4 0 1 0 5 0

71 - 80 1 0 2 0 3 0

Total 50 1 73 1 123 2

dem onstraram ainda, a im portância das espécies assinaladas para a doença de Chagas nessas áreas5 8.

N o presente estudo, o R . n e g le c tu s foi capturado

em C . c e r i f e r a e o O . m a r t i a n a , enquanto o R . p r o l i x u s e o R . n a s u tu s som ente em O . m a r t i a n a , j á descrita em outros Estados, como dom iciliação1

2. A presença de triatom íneos nas palm eiras O .

m a r t i a n a e C . c e r i f e r a sugere a im portância destas na m anutenção do ciclo silvestre da doença de Chagas no Estado do Piauí devido, principalm ente, à sua am pla distribuição por todo o Estado. Por outro lado, o hábito da população de usar folhas na cobertura e paredes das casas poderá facilitar a domiciliação de triatom íneos, que têm como ecótopo natural essas palm eiras, fato já observado por Pifano na V enezuela14.

O R . p r o l i x u s , espécie considerada anteriormente como sendo estritam ente sinantrópica, foi capturado no interior de um a cafua, na localidade Cacimba

Velha e em duas palm eiras O . m a r tia n a na localidade

de Boquinha. A caíua na qual foi encontrado o

exemplar adulto era coberta com folhas de palm eiras

e cercada por O . m a r t i a n a , ocorrendo tam bém , a

presença de animais peridomésticos. N infas e adultos

foram capturados nas duas palm eiras O . m a r t i a n a

localizadas aproxim adam ente a 300 m etros do rio Poty epróxim as a cafuas e a uma escola. Observações semelhantes e recentes foram dem onstradas na Venezuela, onde tam bém esta espécie de triatomíneos pode ser com um ente encontrada em biótipos silvestres e sua migração da palm eira para a habitação ocorre com grande intensidade10.

O encontro do R . p r o l i x u s no P iauí (Tabela 1),

cuja identificação contou com a colaboração do Prof. H erm an L ent12, contribuiu para esclarecer controvérsias sobre a presença deste triatom íneo no N ordeste B rasileiro. D eane (1957), estudando

exemplares de tipo como R . p r o l i x u s do Ceará,

considerou o R . n a s u tu s a única espécie do gênero

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B e n t o D N C , F a r i a s L M , G o d o y M F , A r a ú j o J F . E p i d e m i o l o g i a d a d o e n ç a d e C h a g a s n a z o n a r u r a l d o m u n i c í p i o d e T e r e s i n a - P i a u í , B r a s i l . R e v i s t a d a S o c i e d a d e B r a s i l e i r a d e M e d i c i n a T r o p i c a l 2 5 : 5 1 - 5 8 , ja n - t n a r , 1 9 9 2 .

o N ordeste9.

A proxim idade das casas aos ecótopos naturais e a atração dos triatom íneos pela luz podem explicar o achado exclusivo de adultos de T. b r a s i l i e n s i s , R . p r o l i x u s , R . p i c t i p e s e P a n s t r o n g y l u s g e n ic u la tu s no interior dos domicílios, o que poderá proporcionar a colonização destes triatom íneos, exigindo assim mais atenção dos órgãos de saúde pública.

U m percentual de 22,6% dos triatomíneos capturados em palm eiras e 35,7% dos mam íferos e x a m in a d o s a p re se n ta ra m -se in fe c ta d o s p o r

flagelados sem elhantes do T. c r u z i. Barreto (1979),

o b serv o u que o alto índice de infecção nos

triatom íneos capturados em palm eiras O . m a r tia n a

deve-se à presença de m arsupiais, roedores e morcegos infectados neste tipo de ecótopo. Portanto, o encontro de triatom íneos positivos nas palmeiras exam inadas sugere a frequente circulação destes m am íferos neste ecótopo, em bora não fossem aí

capturados. O D . a l b i v e n t r i s apresentou maior

índice de infecção (100 % na região rural de Teresina-

Piauí, confirm ado dados de sua im portância como

reservatório do T. c r u z i, fato j á verificado na área

urbana do mesmo m unicípio3.

D as duas pessoas reativas sorologicam ente para o T. c r u z i , por im unofluorescência indireta, um a era em igrante do Estado do Ceará, com 60 anos de idade, onde poderia ter adquirido a infecção, e o outro, um a criança de 10 anos que nasceu e sem pre perm aneceu em N azária, o que sugere ser este um

caso autóctone de infecção por T. c r u z i. Estes

pacientes nunca receberam transfusão sanguínea, o que im possibilita adm itir a infecção por essa via.

N esta localidade o R . n a s u tu s foi encontrado em

peridom icílio e, através da população, fomos inform ados da presença esporádica de barbeiros no interior dos dom icílios, fato este não observado por nós.

Estes dados de 1,6 % de sorologia reativa para T. c r u z i na população exam inada em 6 (seis) lo c a lid a d e s do m u n icíp io de T ere sin a -P ia u í referendam os dados do Inquérito Nacional13 (1,3 %).

A pesar da infecção hum ana ter se revelado excepcional e a invasão de triatom íneos para o interior dos dom icílios ser esporádica, os achados

de reservatórios naturais e vetores infectados pelo T. c r u z i, dem onstrado no presente trabalho, em estreita relação com a população local, representa um a am eaça ep id em io ló g ica em p o te n c ia l11. Chamamos a atenção para as profundas modificações am bientais que vêm ocorrendo nas áreas, com a intensa derrubada de palm eiras destruindo, assim , o ecótopo natural dos triatom íneos e possibilitando, desta form a, a instalação d efin itiv a do ciclo dom iciliar na região.

SUM M ARY

In th e r u r a l a r e a s o f T e r e s i n a , 1 2 9 t r i a t o m i n e s w e r e c a p t u r e d d i s t r i b u t e d in (a ) a r t i f i c i a l e c o t o p e s ; a h o u s e w it h o n e T riatom a b r a silie n sis , o n e P a n stro n g y lu s geniqulatus, R h odniu spictip es, a n d o n e R hodniu sp rolixus a n d in a u n in h a b i te d c h i c k e n h o u s e ( 7 R hodniu s nasutus) . (b ) N a t u r a l e c o t o p e s ; P a h u s O rbignya m artiana (4 1 R hodniu s n e g le c tu s, 3 3 R h od n iu s p ro lix u s a n d 4 1 R hod nius nasutus) a n d C op ern icia cerifera (3 R hodnius n eglectu s). T h e 2 2 . 6 % o f c a p t u r e d t r i a t o m i n e s w e r e i n f e c t e d b y f l a g e l l a t e s s i m i l a r t o T ry p a n o so m a cruzi. T w e n ty e i g h t s y l v a t i c m a m m a l s w e r e c a p t u r e d a n d e x a m in e d . S e v e n D id elp h ia a lb iven tris, 2 Rattus rattus a n d a Tam andua tetradactyla w e r e in f e c te d w it h jl a g e lla t e s . T h e f l a g e l l a t e s f o u n d in b o t h t r i a t o m i n e s a n d m a m m a l s w e r e m o r p h o l o g i c a l l y i n d i s t i n g u i s h a b l e f r o m T ryp an osom a cruzi. S e r o l o g y b y th e i n d i r e c t im m u n o f l u o r e s c e n c e t e s t f o r C h a g a s d i s e a s e r e v e a l e d t w o p o s i t i v e s e r o r e a c t i o n s o f p o s i t i v i t y a m o n g 1 2 3 i n h a b i t a n t s e x a m in e d .

K e y - w o r d s : C h a g a s d i s e a s e . E p i d e m i o l o g i c a l s t u d i e s . T ryp an osom a cruzi. T r ia t o m i n e s . P ia u í .

A G RA D ECIM EN TO S

Aos Professores H erm an L ent e T eresa C ristina M . Gonçalves pela identificação dos triatom íneos e aos professores Liléia de D iotaiuti e A rtur da S. Pinto, pelas sugestões e revisão do texto. À Fundação Ezequiel D ias, pela realização dos exam es de im unofluorescência. A Financiadora de E studos e Projetos (FIN EP) pela concessão de financiam ento deste trabalho.

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Referências

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