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Papéis profissionais de uma equipe de saúde: visão de seus integrantes.

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Academic year: 2017

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PAPÉI S PROFI SSI ONAI S DE UMA EQUI PE DE SAÚDE: VI SÃO DE SEUS I NTEGRANTES

Sandr a Regina da Cost a Saar1

Mar ia Au x iliador a Tr ev izan2

Fundam ent ado na t eoria de papéis, est e est udo buscou invest igar a visão que os profissionais de um a

equipe de saúde t êm a r espeit o do papel desem penhado por seus com panheir os de equipe. Ent r evist ou- se 39

pr of ission ais de saú de: 1 n u t r icion ist a, 2 psicólogos, 2 en f er m eir os, 3 f isiot er apeu t as, 4 f ar m acêu t icos, 1 0

dent ist as, e 17 m édicos. Os r esult ados indicar am que os infor m ant es consider am que o t r abalho em equipe

divide a responsabilidade, aliviando o est resse; é um a form a de aprendizado; indicam t am bém que as expect at ivas quant o aos papéis pr ofissionais não são clar as e que a m aior ia dos infor m ant es t em pouco conhecim ent o a

r espeit o do papel pr ofissional dos com panheir os de equipe. Os papéis pr ofissionais descr it os com m ais clar eza

for am os de m édico, enfer m eir o e far m acêut ico. O m ais obscur o é o do psicólogo.

DESCRI TORES: equipe de assist ência ao pacient e; papel pr ofissional; saúde

PROFESSI ONAL ROLES OF A HEALTH TEAM: A VI EW OF I TS COMPONENTS

Based on t he Theor y of Roles, t his st udy aim ed t o ex am ine healt h t eam pr ofessionals’ v iew s on t he

r ole play ed by t heir colleagues. We int er v iew ed 39 healt h pr ofessionals: 01 nut r it ionist , 02 psy chologist s, 02

n u r ses, 0 3 p h y siot h er ap ist s, 0 4 p h ar m acist s, 1 0 d en t ist s an d 1 7 p h y sician s. Th e r esu lt s sh ow ed t h at t h e

par t icipant s consider ed t hat t eam w or k shar es r esponsibilit y , w hich r eliev es st r ess and is a w ay of lear ning;

t hey also indicat e t hat expect at ions regarding t he professionals’ role are not very clear and t hat m ost part icipant s

hav e lit t le k now ledge about t heir colleagues’ pr ofessional r ole. The m ost clear ly descr ibed pr ofessional r oles

ar e t hose of phy sicians, nur ses and phar m acist s. The m ost obscur e is t he psy chologist ’s r ole.

DESCRI PTORS: pat ient car e t eam ; pr ofessional r ole; healt h

LOS ROLES PROFESI ONALES DE UN EQUI PO DE SALUD: LA VI SI ÓN DE SUS I NTEGRANTES

Est e est udio, basado en la Teoría de Roles, t uvo com o obj et ivo est udiar la visión que los profesionales

de un equipo de salud t ienen con relación al rol de sus com pañeros de equipo. Ent revist am os a 39 profesionales

de salud: 01 nut r icionist a, 02 psicólogos, 02 enfer m er as, 03 fisiot er apeut as, 04 far m acéut icos, 10 dent ist as y

17 m édicos. Los r esult ados m ost r ar on que, al com par t ir el t r abaj o, los par t icipant es div iden r esponsabilidad,

dism inuyen el st ress; así com o lo consideran una form a de aprendizaj e; las expect at ivas en relación a los roles

profesionales no son claras y la m ayoría conoce m uy poco el rol profesional del equipo. Los roles profesionales

d escr it os m ás clar am en t e son los d e m éd ico, en f er m er o y f ar m acéu t ico. El m en os esp ecif icad o es el d el

p sicólog o.

DESCRI PTORES: gr upo de at ención al pacient e; papel pr ofesional; salud

1 Enferm eira, Militar R/ R, Doutor em Enferm agem , e-m ail: saar@enf.ufm g.br; 2 Enferm eira, Professor Titular da Escola de Enferm agem de Ribeirão Preto, da

(2)

I NTRODUÇÃO

N

a t ent at iv a de r esgat ar hist or icam ent e a or igem da equipe de saúde com o se conhece hoj e, r et r ocede- se no t em po e consegue- se delinear t r ês m odelos de “ equipe de saúde”( 1) que atuavam a partir d o sé cu l o XVI I I . Ca d a u m co m ca r a ct e r íst i ca s dist int as, m as com algo de sim ilar : a pr eocupação com o est ado de saúde da população.

Ressalt a- se q u e o au t or n ão m en cion a o term o “ equipe de saúde”, m as, ao descrever as etapas de for m ação da m edicina social, possibilit a a v isão de um a equipe que trabalha em prol ou em nom e da saúde. São elas, com o indicadas.

- Medicina de Est ado, desenvolvida na Alem anha no com eço do século XVI I I , sobre a qual se pode delinear u m a “ eq u ip e d e saú d e” con st it u íd a p or m éd icos, organização adm inistrativa central que supervisionava e dir igia o t r abalho m édico e funcionár ios m édicos nom eados pelo gov er no.

- Medicina Urbana, desenvolvida na França, nos fins do sécu lo XVI I I , n a qu al se pode v islu m br ar u m a “ equipe de saúde” const it uída por m édicos, quím icos e físicos.

- Medicin a da For ça de Tr abalh o, desenv olv ida n a I nglat erra, no segundo t erço do século XI X, sobre a qual se delineia um a “ equipe de saúde” const it uída por m édicos que se ocupavam dos pobres, m édicos q u e se o cu p av am d e p r o b l em as g er ai s co m o as epidem ias e m édicos privados que se ocupavam de quem os podia pagar.

Ver ificou- se que é no século XVI I I , com o surgim ento do Hospital, com o local de cura e não m ais co m o m o r r e d o u r o e co m a m e d i ca l i za çã o e disciplinar ização do espaço hospit alar, que se pode visualizar o surgim ent o da “ equipe de saúde”, t erm o m ais fam iliar, hoj e em dia. Essa “ equipe de saúde” está presente no ritual da visita m édica, que é seguida por toda a hierarquia do hospital, qual seja, assistentes, alunos, enferm eiras e out ros. Considerar- se- á que, a partir desse evento, a equipe de saúde se constituiu(1). Essas m odalidades de “ equ ipes de saú de” d e scr i t a s g u a r d a m p o u ca s se m e l h a n ça s co m a s equipes de saúde com as quais se conv iv e hoj e. É m ais fam iliar ver um a equipe constituída por m édicos, en f er m eir os, ou t r os pr of ission ais da en f er m agem , psicólogos, nut ricionist as, dent ist as, fisiot erapeut as, f ar m acêu t i co s e assi st en t es so ci ai s, co m u m en t e d e n o m i n a d a e q u i p e m u l t i p r o f i ssi o n a l o u int erdisciplinar de saúde.

A m ult ipr ofissionalidade é consider ada um a est r at égia que or ient a e possibilit a a r ealização de assist ência int egral. Erroneam ent e, confunde- se com i n t e r d i sci p l i n a r i d a d e . A p r i m e i r a r e t r a t a u m a j ustaposição de diversas disciplinas e cada profissional at uará de acordo com o seu saber especializado; o p r o cesso t er ap êu t i co é f r ag m en t ad o . A seg u n d a im plica na int eração ent re duas ou m ais disciplinas, sendo que essa interação se reflete na integração de conceit os- chave, na epist em ologia e na organização da pesquisa e do ensino( 2 - 3).

Os p r im eir os t r ab alh os m u lt ip r of ission ais surgiram nas décadas de 1930/ 40 e est avam ligados à área de saúde m ent al. Na década de 1960 houve in cr em en t o q u an t it at iv o n a f or ça d e t r ab alh o em sa ú d e . Esse s f a t o s d e co r r e r a m d e p r o p o st a d e h u m a n i za çã o d a a t e n çã o a o d o e n t e m e n t a l , d o au m en t o d a d em an d a p or ser v iço d e saú d e e d a i n co r p o r a çã o d e t e cn o l o g i a s ca d a v e z m a i s com plexas( 2 - 3).

Par a r ealizar o pr esen t e est u do, par t iu - se d e alg u n s p r essu p ost os, q u ais sej am o in d iv íd u o desem penha inúm er os papéis no sist em a social em q u e est á in ser id o, d en t r e esses en con t r am - se os p a p é i s p r o f i ssi o n a i s; o p a p e l q u e u m i n d i v íd u o desem penha é delineado de acor do com os papéis desem penhados pelos out r os pr esent es no sist em a s o c i a l d e r e f e r ê n c i a ; a d e f i n i ç ã o d a s i t u a ç ã o r ep r esen t ad a p or u m d et er m in ad o p ar t icip an t e é par t e int egr al de um a r epr esent ação alim ent ada e m a n t i d a p e l a c o o p e r a ç ã o d e m a i s d e u m par t icipant e da equipe; cada um dos par t icipant es desse gr upo ou equipe dá sua pr ópr ia definição do papel qu e desem pen h a; a equ ipe é u m gr u po de i n d i v íd u o s q u e co o p e r a m n a r e a l i za çã o d e u m a r o t i n a p a r t i cu l a r, d e u m a t a r e f a ; h á v ín cu l o d e d e p e n d ê n c i a r e c íp r o c a u n i n d o o s m e m b r o s d a m esm a equipe aos out r os ( 4- 5).

Consider ando esses pr essupost os, buscou-se in v est igar a v isão qu e os pr ofission ais de u m a e q u i p e d e sa ú d e t ê m a r e sp e i t o d o p a p e l desem penhado por seus com panheiros de equipe.

METODOLOGI A

(3)

A investigação em pírica foi realizada em um a organização m ilit ar de Minas Gerais, especificam ent e em seu hospit al o qual é consider ado de pequeno por t e e cont a com os ser v iços de clínicas m édicas, cl ín i ca s ci r ú r g i ca s, e n f e r m a g e m , o d o n t o l o g i a , p si co l o g i a , f a r m á ci a , f i si o t e r a p i a , l a b o r a t ó r i o e n u t r i çã o , b e m co m o o s se r v i ço s d e a p o i o e d e adm inist r ação.

Ressalta- se que os dados só foram coletados após obt enção de aprovação do proj et o pelo Com it ê de Ét ica em Pesquisa da Escola de Enferm agem de Ri b ei r ão Pr et o , d o co n sen t i m en t o d a d i r eção d a referida organização m ilit ar e dos inform ant es.

Ent revist ou- se t rint a e nove profissionais de saúde assim distribuídos: 1 nutricionista, 2 psicólogos, 2 enferm eiros, 3 fisiot erapeut as, 4 farm acêut icos, 10 dent ist as, e 17 m édicos ( aproxim adam ent e 80% dos profissionais de saúde lot ados no hospit al) . Mediant e co n se n t i m e n t o d o s i n f o r m a n t e s, g r a v o u - se a s entrevistas e, após transcrição, procedeu- se à análise dos dados. Para garantir o anonim ato dos inform antes estes foram identificados com um código alfanum érico com post o pelas let r as iniciais da pr ofissão seguida do núm ero de ordem da ent revist a.

RESULTADOS

O exam e dos dados possibilitou a construção de 3 cat egorias de análise. São elas: t r a ba lh o e m e q u ip e, p e r ce p çã o d o s p a p é is p r o f issio n a is e e q u i p e m u l t i p r o f i s s i o n a l, e st a co m d u a s subcat egor ias: com o é v ist a e e x p e ct a t iv a s.

Trabalho em equipe

O t r a b a l h o e m e q u i p e é co n si d e r a d o im portante, porém , difícil. É visto com o um a m aneira de dividir as responsabilidades e de se alcançar m ais rapidam ente a recuperação da saúde do paciente. Essa visão é justificada com o fato de que cada profissional tem um a percepção diferente da situação, e a “união” das diferent es percepções facilit a a com preensão do t o d o , p e r m i t i n d o v i sl u m b r a r o p a ci e n t e n a su a t ot alidade. Requer ent rosam ent o a fim de se evit ar t r op eços e ( r e) t r ab alh o. O t r ab alh o em eq u ip e é con sider ado com o u m a f on t e de apr en dizado, por perm itir o contato com outras experiências através do diálogo profissional e das discussões de casos. O que pode ser ilustrado com a fala a seguir.

No trabalho em equipe você am plia seus conhecim entos,

você pode t irar dúvidas, [ ...] a gent e vai t rabalhando com pessoas

de out ras áreas você m elhora seu diagnóst ico, seu poder de visão

com o um t odo do pacient e é m elhor.

Per cepção dos papéis pr ofissionais

Tod os os in f or m an t es v isu alizam p ap éis diferenciados para os integrantes da equipe de saúde. Alegaram que é difícil essa definição quando há número insuficient e de profissionais. Razões diferent es foram apontadas para essa diferenciação e se resum em em : ex ist ên cia d e h ier ar q u ia, ex ist ên cia d e leis q u e regulam entam as profissões e a im possibilidade de se conhecer t udo sobr e t udo, daí sur gir em os papéis complementares. Evidenciou-se, na fala dos informantes, um a im agem de discr im inação/ desqualificação dos dem ais profissionais por parte dos m édicos.

Eu v ej o assim , t alv ez sej a at é ant iét ico eu est ar f al an d o , eu v ej o u m a d i scr i m i n ação m u i t o grande por part e do m édico com relação ao rest ant e do pessoal de branco, ou sej a, da área da saúde.

O papel do farm acêut ico

O p a p e l d o f a r m a cê u t i co f o i cl a r a m e n t e d el i m i t ad o em t r ês ár eas d e at u ação : g er ên ci a, bioquím ica e far m ácia pr opr iam ent e dit a. Há m aior ex pect at iv a, por par t e de m édicos, en f er m eir os e dent ist as, quant o à orient ação e esclarecim ent os de efeit os colat er ais e in t er ações m edicam en t osas. A at uação com o bioquím ico aparece em segundo lugar com o a m ais desej ada, sendo o auxílio no diagnóstico clín ico ap on t ad o com o j u st if icat iv a. A g er ên cia é caract erizada pela responsabilidade, credit ada pelos infor m ant es, pela aquisição, cont r ole e dist r ibuição de m edicam ent os e m at erial m édico- hospit alar. Out ra á r e a ci t a d a co m o se n d o d e co m p e t ê n ci a d o farm acêut ico diz respeit o à Com issão de Cont role de I n f e cçõ e s Ho sp i t a l a r e s, co n t u d o , n ã o f o r a m e x p l i ci t a d a s a s a t i v i d a d e s q u e se r i a m p o r e l e desem penhadas. Com pet e, aqui, relat ar que um dos inform ant es considera o farm acêut ico desnecessário n a equ ipe de saú de. Segu n do ele, o bioqu ím ico é quem t em papel im prescindível

. . . eu não consigo enx er gar a necessidade de um

farm acêut ico num a equipe m ult idisciplinar não. O papel de um

bioquím ico eu acho que é im port ant e, para poder aj udar a gent e no

suport e de alguns exam es com plem ent ares. Sobre o farm acêut ico

(4)

Alguns inform ant es afirm aram que, em bora co n se g u i sse m v i su a l i za r a s a t i v i d a d e s d o s f ar m acêu t icos n a f ar m ácia e n o lab or at ór io, n ão t inham clareza quant o ao seu papel.

Papel do m édico

O m édico é vist o com o o profissional “ port a de en t r ada” do pacien t e, ou sej a, r ecebe- o, faz o diagnóst ico clínico, elabora o plano t erapêut ico e faz os en cam in h am en t os n ecessár ios. Os in f or m an t es est ab elecer am com o p ap el p r in cip al d o m éd ico o diagnóst ico clínico. Quant o ao t r at am ent o, ex ist em algum as div er gências: a m aior ia dos infor m ant es o co n si d e r a d e r e sp o n sa b i l i d a d e d o m é d i co , m a s ex ecut ado conj unt am ent e com out r os pr ofissionais; ou t r os con sider am qu e o t r at am en t o é u m a ação com plem ent ar dos diferent es profissionais e cada um t erá sua responsabilidade sobre ele.

O m édico é visto tam bém com o coordenador da at uação da equipe de saúde, sendo r esponsável por or ient ar e super v isionar o t r abalho dos dem ais p r o f i ssi o n a i s. El e f o i d e f i n i d o t a m b é m co m o profissional de pouca visão, preconceituoso, resistente ao t r abalho em equipe, cent r alizador das ações, “ o t odo poder oso”.

Olha o m édico é t reinado para ser da form a com o ele é.

[ ...] os m édicos m ais ant igos t êm m uit a resist ência de t rabalhar

em equipe, [ ...] As pessoas que j á se form aram há m ais t em po

t êm m uit o preconceit o. [ ...] elas se sent em realm ent e superiores.

Papel do dent ist a

A im agem const ruída do dent ist a na equipe não é nítida. Ele é percebido com o “ tratador de dentes” e co m o p r o f i ssi o n a l t e cn i ca m e n t e ca p a z d e d i a g n o st i ca r e t r a t a r p a t o l o g i a s b u ca i s co m r e p e r cu ssõ e s si st ê m i ca s, se n d o r e sp o n sá v e l , portanto, por diagnósticos diferenciais im portantes dos quais foi cit ado, com cer t a fr eqüência, o câncer de b oca. A r ef er ên cia q u an t o à su a p ar t icip ação n a e q u i p e d e sa ú d e o sci l a e n t r e i n si g n i f i ca n t e e dispensável a fundam ental e im prescindível. A m aioria dos inform ant es considera o t rabalho do dent ist a de cunho am bulat orial, isolado da equipe de saúde.

O dent ist a m e parece assim m uit o dado a quest ões

próprias da odont ologia. Me parece um set or m uit o próprio, vej o

pouca art iculação com o rest ant e dos profissionais de saúde.

Fo i v e r b a l i za d o p e l o s i n f o r m a n t e s u m p r ocesso d e m u d an ça n a at u ação d os d en t ist as,

decorrent e da est rat égia do Program a de Saúde da Fam ília que, de cer t a for m a, t em cont r ibuído par a int egrá- lo à equipe.

Papel do psicólogo

O psicólogo é considerado im portante para a com posição da equipe de saúde, m as sua at uação não foi claram ent e definida.

O próprio nom e j á diz, a parte m ais subj etiva, psicológica

e ele é m ais generalista, não foca só num aspecto, ele vê o paciente

com o t odo, eu acho.

A m aioria dos inform antes verbaliza que cabe ao p sicólog o d ar ap oio em ocion al ao p acien t e, à f a m íl i a e à e q u i p e . Ap e n a s u m i n f o r m a n t e f e z referência à at uação do psicólogo com o profissional capaz de diagnosticar, estabelecer e conduzir um plano t erapêut ico. Alguns dos inform ant es, ao descreverem o papel deste profissional, relataram ações vinculadas à r e so l u çã o d e p r o b l e m a s so ci o e co n ô m i co s d o s pacient es e r espect ivas fam ílias, desconsider ando a exist ência do assist ent e social.

... t em o seu papel bem dest acado no que ele t em

t rabalhado, quant o ao apoio psicológico, assist ência social, quant o

à orientação.

Papel do fisiot erapeut a

A at ividade de reabilit ação foi a m ais cit ada. Est a foi dividida em reabilit ação m ot ora, reabilit ação respiratória e reabilitação social; ou sej a, reintegração do pacient e ao m eio social ao qual pert ence. Alguns inform antes assinalaram que o papel do fisioterapeuta é de coadj uvant e do t rabalho m édico.

Eu acho que é um papel de coadj uvant e. [ ...] Mas a

gent e t rabalha com o coadj uvant e sim .

Ou t r os o p er ceb em com o u m p r of ission al capaz de pr om ov er a saú de, diagn ost icar e t r at ar p at o l o g i as q u e en v o l v em o s d i f er en t es si st em as o r g ân i co s, l i m i t an d o o i n d i v íd u o em su as açõ es cot idianas. Dois dos infor m ant es fizer am r efer ência ao fat o de que os fisiot erapeut as, de m aneira geral, preferem o t rabalho am bulat orial e pouco int eragem com a equipe de saúde.

Papel do nut ricionist a

(5)

alim en t ar for am as ou t r as descr ições do papel do n u t r icion ist a. O n u t r icion ist a f oi con sid er ad o u m profissional que depende do m édico para at uar e é v i st o co m o co a d j u v a n t e d o t r a b a l h o d e sse pr ofissional.

Orient ações a respeit o de diet a, sugest ão com relação a

prescrição da diet a. [ ...] quando ele prescreve um a diet a, essa

diet a prim eiro t em que passar pelo crivo do m édico.

Ele é percebido com o pouco part icipat ivo, m as é consider ado im por t ant e par a a equipe de saúde. Dois d os in f or m an t es m en cion ar am q u e, além d a nut rição clínica, o nut ricionist a t em papel im port ant e n a á r e a d a i n d ú st r i a d e a l i m e n t o s. Um d o s i n f o r m a n t e s co n si d e r a o n u t r i ci o n i st a o ú n i co profissional capaz de elaborar cardápios saudáveis e adequados às necessidades individuais dos pacient es, sem que esses oner em o or çam ent o hospit alar ou dom ést ico.

Papel do enfer m eir o

Os in f or m an t es t êm u m a v isão m ú lt ipla a esse r esp eit o. At r ib u em ao en f er m eir o ações n o cam po adm in ist r at iv o, n o cam po assist en cial e n o ca m p o e d u ca ci o n a l . O p a p e l a d m i n i st r a t i v o d o enfer m eir o foi o m ais cit ado pelos infor m ant es. As funções adm inist r at ivas for am subdivididas em t r ês ár eas de at uação: pr ocesso de t r abalho, am bient e inst it ucional e equipe de saúde. As ações descr it as dizem r espeit o à pr ov isão de r ecur sos par a que os a t o s d e sa ú d e se r e a l i ze m , à m a n u t e n çã o d e e q u i p a m e n t o s, à o r g a n i za çã o e à l i m p e za d a s unidades assist enciais, além de ações de int er ação com t odos os m em br os da equipe de saúde, quer sej a providenciando o necessário para o cuidado ao p a ci e n t e , q u e r se j a co m o a g e n t e d e t e n t o r d e in for m ações.

Os inform antes delinearam duas m aneiras de os enferm eiros agirem quando assist em o pacient e, v er balizan do qu e o en fer m eir o t em ações dir et as, exem plificando- as com procedim ent os invasivos m ais com plexos e ações indiret as, cit ando com o exem plo a supervisão dos cuidados prest ados.

Quanto à atividade educativa, os inform antes ex p licit ar am q u e o en f er m eir o é r esp on sáv el p or t r e i n a r o s d e m a i s m e m b r o s d a e q u i p e d e e n f e r m a g e m , o r i e n t a n d o - o s t e cn i ca m e n t e , r epassando- lhes conhecim ent os necessár ios par a a realização dos procedim ent os e t reinando- os para o serviço e em serviço.

A equipe m ult iprofissional

Com o é vist a

I ndicou- se ant eriorm ent e que os inform ant es consideram o t rabalho em equipe im port ant e e um a font e de apr endizado. A im agem que se const r uiu, aqui, da equipe a par t ir de suas falas é a de “ um q u eb r a - ca b eça s” n o q u a l a s p eça s se en ca i x a m “ per feit am ent e” e o pr odut o final r et r at a um t odo com plex o.

Os inform antes fizeram referência ao fato de que nem t odos os profissionais conhecem o papel, a função ou a com pet ência de seus colegas de equipe. Mencionaram um a disput a pelo poder e t am bém um m edo de per der espaço e st at u s pr ofissional, bem com o a ex ist ência de “ feudos” pr ofissionais difíceis d e p en et r ar. Assi n al ar am q u e essa d i f i cu l d ad e é decorrent e do precário diálogo ent re os profissionais, o que dificult a as int er - r elações ent r e os m em br os da equipe e indicam a falta de espaço adequado para realização de reuniões ou encont ros.

Os inform antes citaram distanciam ento m aior do pr ofissional m édico dos dem ais pr ofissionais da equipe, referindo que esse, com um ente se coloca em um pedestal, o que dificulta a aproxim ação. Atribuíram à s Un i v e r si d a d e s a r e sp o n sa b i l i d a d e p e l o desconhecim ent o dos dist int os papéis profissionais e pelo escasso ent rosam ent o da equipe, um a vez que a a ca d e m i a n ã o p r o m o v e a t i v i d a d e s co n j u n t a s/ in t eg r ad as d u r an t e o p r ocesso d e f or m ação. Eles tam bém m encionaram que quando um a situação foge à rot ina de t rabalho, ou sej a, quando acont ece “ algo e r r a d o ”, h á u m j o g o d e e m p u r r a q u a n t o à r esponsabilidade pelo ocor r ido.

As ex pect at iv as

Os profissionais ent revist ados m ost raram - se desej osos de que haj a m elhor definição de propósitos p ar a o t r ab alh o e m elh or en t r osam en t o en t r e os m em bros da equipe. Que cada profissional faça a sua parte e que todos os integrantes da equipe se tornem capazes de ouvir e respeit ar o out ro.

(6)

Em ergiu dos discursos a exist ência, por part e de alguns pr ofissionais, de dependência do m édico par a a t om ada de decisões. Os m édicos, por su a v ez, colocam - se com o o cent r o decisór io e pux am p a r a si a su p e r v i sã o d o t r a b a l h o d o s o u t r o s pr ofission ais.

DI SCUSSÃO

Alguns aut ores( 7- 12) se dedicaram ao est udo d o t em a em q u est ã o . Um d esses ( 7 ) d ed i co u - se e sp e ci f i ca m e n t e a o e st u d o d o a t e n d i m e n t o m ult ipr ofissional ao pacient e hiper t enso, apont ando u m a d ef i n i ção cl ar a d o p ap el ex er ci d o p o r cad a profissional, dada pela própria especificidade de cada u m e r efer in do qu e algu m as das ações den t r o da eq u ip e são ób v ias. Nest e est u d o, con st at ou - se o opost o: os m em bros da equipe de saúde conhecem p o u co so b r e o s p a p é i s p r o f i ssi o n a i s d e se u s com panheiros de equipe. Tal fat o evidencia que não se t em ex p ect at i v as cl ar as q u an t o ao q u e cad a pr ofission al dev a/ possa fazer n essa equ ipe e n em cl ar eza q u an t o à m an ei r a co m o u m p r o f i ssi o n al poderia com plem ent ar o t rabalho do out ro.

O ent rosam ent o ent re os m em bros de um a equipe tem relação direta com as m etas da instituição n a qu al t r abalh am e com o t ipo de t ar efa qu e se propõem desenvolver( 8). É essa relação que “ define” os obj et ivos e os obst áculos com os quais a equipe se depar a.

A equipe aqui invest igada est á inserida em um a or ganização m ilit ar. I nfer iu- se que o cont ex t o com um a essas inst it uições ( hier ar quia, pr ior ização das at ividades m ilit ar es) possa t er influenciado nos d a d o s o b t i d o s, e m b o r a t o d o s o s e n t r e v i st a d o s e x e r ce sse m t a m b é m a t i v i d a d e s e m o u t r a s or ganizações de saúde.

Ficou ev ident e que, dent r e os pr ofissionais d a eq u i p e m u l t i d i sci p l i n ar, o q u e t em seu p ap el delim itado de form a m ais clara é o m édico. A seguir, aparecem o enferm eiro e o farm acêutico. O psicólogo é o pr ofissional cuj o papel é o m ais “ obscur o”. Foi referido seu apoio ao pacient e e à fam ília durant e a int er nação, bem com o à equipe. Cont udo, não fica explícito nas falas com o esse apoio ocorre e qual seu significado.

Ap e sa r d e o e n f e r m e i r o se r o se g u n d o pr ofissional com o papel m elhor delim it ado, há por parte dos suj eitos um a série de expectativas em torno

de seu papel. Os m édicos, em especial, esperam que ele se dedique m ais ao cuidado, m as afir m am que ele é im prescindível na adm inist ração.

Co n st a t o u - se q u e , e m b o r a co n si d e r a d o s m e m b r o s d a e q u i p e d e sa ú d e , o s d e n t i st a s, f isiot er ap eu t as, n u t r icion ist as e p sicólog os f or am ap o n t ad o s co m o m u i t o d i st an t es d a eq u i p e, p o r d esen v o l v er em seu t r ab al h o , n a m ai o r p ar t e d o t em po, em nível am bulat orial. O fat o leva a pensar q u e o t r a b a l h o e m e q u i p e , n a p e r sp e ct i v a d o s in f or m an t es, se r est r in g e ao cot id ian o h osp it alar. Ressalt a- se qu e apen as t r ês deles am pliar am su a visão para além dos hospitais. A situação evidencia e r e f o r ça u m a p r á t i ca d e a t e n çã o à sa ú d e h ospit alocên t r ica cen t r ada n u m m odelo biológico-curat ivo de int ervenção t erapêut ica( 3).

CONSI DERAÇÕES FI NAI S

Vi v e n ci o u - se u m m o m e n t o e m q u e a in t er disciplin ar idade é discu t ida e apon t ada com o panacéia para os “ desencont ros do m undo at ual”. No ent ant o, os dados dest e t r abalho lev am a indagar co m o d e se n v o l v e r a i n t e r d i sci p l i n a r i d a d e se n o cot idiano de t r abalho há desconhecim ent o sobr e o que e com o as disciplinas se com plem ent am . Com o se p o d e p r a t i ca r a i n t e r d i sci p l i n a r i d a d e se se desconhece o papel profissional de cada m em bro da equ ipe?

Concordam os que “ a int erdisciplinaridade só obt ém êxit o com o form a de conhecim ent o e prát ica cient ífica na m edida em que a disciplina ut ilizadora ( e igualm ente, o suj eito que a pratica) se apropria da d i sci p l i n a u t i l i zad a, p assan d o r i g or osam en t e p or dent ro da sua problem át ica”( 13).

Ne sse se n t i d o a i n t e r d i sci p l i n a r i d a d e represent a t oda at ividade desenvolvida e vivenciada a part ir de dist int os enfoques, int egrando diferent es co n t e ú d o s e co n v e r g i n d o - o s p a r a d e t e r m i n a d o obj et ivo. Em out ras palavras, abrange um fenôm eno que deve ser analisado sob a ótica de diversos ram os d o co n h e ci m e n t o d e t a l f o r m a q u e o s v á r i o s p r o f i ssi o n a i s e n v o l v i d o s o v i su a l i za m n a su a t ot alidade( 14).

(7)

e s t u d o f o i p o s s ív e l v e r i f i c a r q u e é a p r ó p r i a academ ia, at ravés de seu pr ocesso for m ador, quem per pet ua a pr át ica disciplinar. Ex plora- se pouco as at iv idades conj unt as, e quando essas ocor r em não p o s s i b i l i t a m a o s p a r t i c i p a n t e s p e r c e b e r a im p or t ân cia d o p ap el p r of ission al d esem p en h ad o pelos difer ent es m em br os e sua ligação com o seu pr ópr io papel.

A apr ox im ação que se faz da v isão que os i n t e g r a n t e s d a e q u i p e d e sa ú d e t ê m d e se u s com panheir os foi r ápida e r est r ingiu- se a um único local de prática. Portanto, tem seus lim ites. Pensa- se que t rabalhos sem elhant es, que envolvam um m aior núm er o de infor m ant es, dev em ser desenv olv idos. Talv ez, os m esm os possam subsidiar a const r ução de um a prática de saúde verdadeiram ente em equipe.

REFERÊNCI AS BI BLI OGRÁFI CAS

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11. Diogo MJD’elboux. O papel da enferm eira na reabilitação do idoso. Rev Latino- am Enferm agem 2000 j aneiro; 8( 1) : 75- 81. 12. Sugano AS., Sigaud CHS., Rezende MA. A enferm eira e a equipe de enferm agem : segundo m ães acom panhant es. Rev Latino-am Enferm agem 2003 setem bro-outubro; 11 (5): 601-7. 1 3 . Min ay o MCS. I n t er disciplin ar idade: f u n cion alidade ou ut opia? Rev Saúde e Sociedade 1994; 3( 2) : 42- 64. 1 4 . Ma zo n L; Tr ev i za n MA. Fecu n d a n d o o p r o cesso d a int er disciplinar idade na iniciação cient ífica. Rev Lat ino- am Enferm agem 2001 j ulho; 9( 4) : 83- 7.

Referências

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