CÂMPUS DE JABOTICABAL
EFEITOS CARDIORRESPIRATÓRIOS DA ADMINISTRAÇÃO
SUBARACNÓIDE DE CETAMINA OU DA ASSOCIAÇÃO
COM IFENPRODIL EM EQUINOS ANESTESIADOS COM
SEVOFLUORANO
Darcio Zangirolami Filho
Médico VeterinárioCÂMPUS DE JABOTICABAL
EFEITOS CARDIORRESPIRATÓRIOS DA ADMINISTRAÇÃO
SUBARACNÓIDE DE CETAMINA OU DA ASSOCIAÇÃO
COM IFENPRODIL EM EQUINOS ANESTESIADOS COM
SEVOFLUORANO
Darcio Zangirolami Filho
Orientador: Prof. Dr. Carlos Augusto Araújo Valadão
Dissertação apresentada à Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias – Unesp, Campus de Jaboticabal, como parte das exigências para obtenção do título de Mestre em Cirurgia Veterinária.
Zangirolami Filho, Darcio
Z29e Efeitos cardiorrespiratórios da administração subaracnóide de cetamina ou da associação com ifenprodil em equinos anestesiados com sevofluorano / Darcio Zangirolami Filho. ––
Jaboticabal, 2014 x, 77 p. : il. ; 28 cm
Dissertação (mestrado) - Universidade Estadual Paulista, Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias, 2014
Orientadora: Carlos Augusto Araújo Valadão
Banca examinadora: André Escobar, Paulo Sergio Patto dos Santos
Bibliografia
1. Analgesia espinhal. 2. Anestesia equina. 3. Cetamina subaracnóide. I. Título. II. Jaboticabal-Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias.
CDU 619:616-089.5:636-2
Ficha catalográfica elaborada pela Seção Técnica de Aquisição e Tratamento da Informação –
“A mente que se abre a uma nova ideia jamais voltará ao seu tamanho
original”
A Deus, por me dar a vida e oportunidade durante estes 26 anos.
Aos meus pais, Darcio e Ana, por acreditarem e possibilitarem o meu ingresso no curso de Medicina Veterinária, devo tudo a vocês.
As minhas queridas irmãs Gau e Dani, por sempre me apoiarem.
Ao meu orientador, Prof. Dr. Carlos Augusto Araújo Valadão, por me acolher desde a residência e acreditar no meu potencial.
A toda equipe que participou na realização deste trabalho, Fabíola Flôres. Cassia Maria, Maristela de Cássia, André Escobar, Vitor Sartori, Paulo Canola, Rodrigo Norberto, Cris e Rosana sem vocês não seria possível realizar este estudo, muito obrigado.
Aos Professores Júlio Carlos Canola, André Escobar e Paulo Sergio Patto dos Santos, pelas correções realizadas no exame geral de qualificação e exame final de dissertação.
A todos os funcionários do Hospital Veterinário, em especial ao Baiano e Marquinho, pela ajuda no trato dos animais.
A Cassia Maria e Vitor Sartori, amigos que participaram ativamente nestes dois anos, seja na limpeza das baias ou na pesquisa. É muito bom trabalhar com pessoas igual a vocês.
A Michelle Lopes Avante, pelo companheirismo e ajuda nas horas mais difíceis.
Aos companheiros da República Ksadipau, Bruno, Felipe, Diego, Donavam, Aviner e Steffan, pela amizade durante todos esses anos.
SUMÁRIO
RESUMO... iii
ABSTRACT ... iv
LISTA DE ABREVIATURAS ... v
LISTA DE TABELAS ... vii
LISTA DE QUADROS ... viii
LISTA DE FIGURAS ... ix
1. INTRODUÇÃO ... 1
2. REVISÃO DE LITERATURA ... 3
2.1 Fármacos indutores ... 3
2.1.1 Éter Gliceril Guaiacol ... 3
2.1.2 Midazolam ... 4
2.1.3 Propofol ... 4
2.2 Fármaco de manutenção ... 6
2.2.1 Sevofluorano ... 6
2.3 Uso de antagonistas NMDA pela via subaracnóide ... 8
2.3.1 Cetamina ... 8
2.3.2 Ifenprodil ... 10
3. OBJETIVOS ... 12
4. MATERIAL E MÉTODOS ... 13
4.1 Comitê de Ética e Bem Estar dos Animais ... 13
4.2 Aspectos infra-estruturais ... 13
4.3 Animais ... 13
4.4 Delineamento experimental ... 14
4.4.1 Grupos de Tratamentos ... 14
4.4.2 Implantação do cateter subaracnóide ... 15
4.4.3 Procedimento anestésico ... 16
4.4.4 Análise estatística ... 21
5. RESULTADOS ... 22
5.1 Indução anestésica ... 22
5.2 Variáveis cardiorrespiratórias ... 22
5.2.2 Pressão arterial sistólica (PAS) ... 25
5.2.3 Pressão arterial diastólica (PAD) ... 26
5.2.4 Pressão arterial média (PAM) ... 27
5.2.5 Frequência respiratória ... 28
5.2.6 Pressão parcial de dióxido de carbono (EtCO2) ao final da expiração ... 28
5.2.7 Concentração de sevofluorano ao final da expiração (EtSevo)... 28
5.3 Variáveis hemogasométricas ... 29
5.3.1 Potencial hidrogeniônico (pH) ... 29
5.3.2 Pressão parcial de dióxido de carbono no sangue arterial (PaCO2) ... 30
5.3.3 Pressão parcial de oxigênio no sangue arterial (PaO2) ... 31
5.3.4 Saturação da oxihemoglobina (SO2) ... 32
5.3.5 Bicarbonato no sangue arterial (HCO3) ... 32
5.3.6 Excesso de base (EB) ... 32
5.3.7 Temperatura retal ... 32
5.4 Recuperação anestésica ... 32
5.4.1 Análise descritiva da qualidade da recuperação anestésica ... 34
5.5 Consumo de dobutamina e fluidoterapia ... 35
6. DISCUSSÃO ... 36
7. CONCLUSÕES ... 43
8. REFERÊNCIAS ... 44
EFEITOS CARDIORRESPIRATÓRIOS DA ADMINISTRAÇÃO SUBARACNÓIDE DE CETAMINA OU DA ASSOCIAÇÃO COM IFENPRODIL EM EQUINOS
ANESTESIADOS COM SEVOFLUORANO
RESUMO – A aplicação de fármacos anestésicos ou analgésicos por via espinhal tem sido empregado como adjuvante da anestesia geral inalatória com o intuito de ampliar analgesia visceral e/ou somática, intra e pós-operatória. Os antagonistas dos receptores N-metil-D-aspartato têm sido utilizados, na atualidade, para a prevenção da dor induzida por procedimentos cirúrgicos, porém não se sabe se a instituição dessa medida terapêutica, mormente por via subaracnóidea, pode ser deletéria para a homeostase de equinos mantidos sob anestesia com sevofluorano. Dez equinos hígidos (317±27Kg), sem raça definida, foram alocados em três grupos e submetidos a indução anestésica com 60 mg/Kg/IV de éter gliceril guaiacol; 0,1 mg/Kg de midazolam e 3mg/Kg de propofol. Os animais foram submetidos à anestesia inalatória com sevofluorano, cuja concentração expirada final foi mantida em 2,8%. Após a estabilização nesta concentração foi aplicado pela via subaracnóide, através de um cateter previamente implantado, um dos três tratamentos, NaCl 0,9% (grupo S), cetamina 0,5mg/Kg (grupo KS) ou cetamina 0,5 mg/Kg associado ao ifenprodil 0,015 mg/Kg (grupo Ki). Os momentos avaliados após aplicação foram, MB (avaliação basal), Mind (oito minutos após indução), M1.2 (concentração alveolar de 2,8%), Mtrat (2,5 minutos após o tratamento) e nos momentos M5 até M60 (5, 10, 15, 20, 25, 30, 45 e 60 minutos após o tratamento). Foram avaliados os parâmetros cardiorrespiratórios e hemogasométricos, assim como escores de indução e recuperação anestésica. Os dados obtidos de cada grupo, bem como entre os grupos, foram submetidos à análise de variância com repetições múltiplas, seguida do teste de Student-Newman-Keuls. Para os escores de indução e recuperação utilizou-se o teste de Kruskal-Wallis. Para todas as análises, considerou-se o nível de significância de 5% (p˂0,05). Na qualidade da indução anestésica 17% (n=3) dos animais receberam escore 3 (aceitável) e 83 % (n=15) dos animais escore 4 (desejável). Foi observada diferença na pressão parcial de oxigênio no sangue arterial no M60 após o tratamento entre os grupos KS e S. Na recuperação anestésica não houve diferença significativa entre os grupos, porém os animais dos grupos KS e Ki apresentaram paresia dos membros pélvicos que interferiu na recuperação. Conclui-se que a administração subaracnóide de cetamina associada ou não ao ifenprodil, não altera os parâmetros cardiorrespiratórios, porém produz bloqueio motor dos membros pélvicos por até 100 minutos após administração subaracnóide.
CARDIOPULMONARY EFFECTS OF INTRATHECAL KETAMINE ADMINISTRATION OR KETAMINE-IFENPRODIL ON SEVOFLURANE
ANESTHETIZED HORSES
ABSTRACT - The application of anesthetic or analgesic drugs through the spinal via has been employed as an adjunct to inhalational anesthesia with the aim of increasing visceral and/or somatic, intra-and postsurgical analgesia. The antagonists of N-methyl-D-aspartate receptors have been currently used for the prevention of pain induced by surgical procedures, but it is unknown whether the use of such therapeutics, especially through subarachnoid space may be deleterious to the homeostasis of horses kept under anesthesia with sevoflurane. Ten healthy horses (317 ± 27 kg) with no defined breed, were allotted into three groups and subjected to anesthesia induction with 60 mg/kg/IV of guaiacol glyceryl ether, 0.1 mg/kg of midazolam and 3mg/Kg of propofol. Animals were subjected to inhalation anesthesia with sevoflurane, whose final expiratory concentration was maintained at 2.8%. After reaching this concentration it was applied by subarachnoid via through a previously implanted catheter one of the following treatments: 0.9% NaCl (S group), 0.5 mg ketamine/kg (KS group) or 0.5 mg ketamine/kg associated with ifenprodil 0.015 mg/ kg (Ki group). The moments of evaluation after application were: MB (baseline evaluation), Mind (eight minutes after induction), M1.2 (alveolar concentration of 2.8%), Mtrat (2.5 min after treatment) and at moments M5 to M60 (5, 10, 15, 20, 25, 30, 45 and 60 minutes after treatment ). Cardiorespiratory and blood gas parameters, as well as anesthetic induction and recovery scores were evaluated. Data obtained from each group and between groups were subjected to variance analysis with multiple repetitions, followed by Newman-Keuls Student test. For induction and recovery scores analyzes the Kruskal-Wallis test was used. For all analyzes a p˂0.05 was considered as statistically significant. As for anesthetic induction 17% ( n = 3) of all animals received a score of 3 (acceptable) and 83% (n=15) received score 4 (desirable). Cardiorespiratory parameters only differed after treatment between the KS and S groups regarding the partial pressure of oxygen in arterial blood at M60. From anesthesia there was no significant difference among groups, but animals from the KS and Ki groups showed paresis of the pelvic limbs, hindering progression during recovery. It was concluded that subarachnoid administration of ketamine, whether associated or not to ifenprodil, does not alter cardiorespiratory parameters, but produces motor block of hindlimbs by up to 100 minutes after subarachnoid administration.
LISTA DE ABREVIATURAS
bpm - batimentos por minuto
CAM - Concentração alveolar mínima Cm - centímetros
CEUA - Comissão de ética no uso de animais EGG - Éter gliceril guaiacol
EtCO2 - Pressão de dióxido de carbono ao final da expiração EtSevo - Concentração de sevofluorano ao final da expiração
f - Frequência respiratória
FCAV - Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias FC - Frequência cardíaca
GABA - Ácido gama-aminobutírico G - gauge
g - grama
Grupo S - Grupo NaCl 0,9%
Grupo KS - Grupo cetamina e NaCl 0,9% Grupo Ki - Grupo cetamina e ifenprodil IV - Via intravenosa
Kg - kilograma
LAEGA - Laboratório de Anestesiologia Experimental de Grandes Animais LCR - Líquido cefalorraquidiano
Mpm - movimentos por minuto MmHg - milímetros de mercúrio Ml - Mililitro
mm - Milímetro
NMDA - N-Metil-D-aspartato
NR2B - Subunidade NR2B do receptor NMDA
PaO2 - Pressão parcial de oxigênio no sangue arterial
PaCO2 - Pressão parcial de dióxido de carbono no sangue arterial PAS - Pressão arterial sistólica
SNC - Sistema nervoso central
1 Valores médios e desvios-padrão (média ± DP) das variáveis cardiorrespiratórias de equinos (n=6) anestesiados com sevofluorano em associação com a injeção subaracnóidea de cetamina (KS), cetamina + ifenprodil (Ki) ou NaCl 0,9% (S), FCAV/UNESP - Jaboticabal, 2014... 23 2 Valores médios e desvios-padrão (média ± DP) das variáveis
hemogasométricas de equinos (n=6) anestesiados com sevofluorano em associação com a injeção subaracnóidea de cetamina (KS), cetamina + ifenprodil (Ki) ou NaCl 0,9% (S), FCAV/UNESP - Jaboticabal, 2014... 33 3 Mediana e mínima/máxima dos escores de recuperação de equinos
(n=6) anestesiados com sevofluorano em associação com a injeção subaracnóidea de cetamina (KS), cetamina + ifenprodil (Ki) ou NaCl 0,9% (S), FCAV/UNESP - Jaboticabal, 2014... 34 4 Valores médio e desvios-padrão do tempo de recuperação, em minutos,
de equinos (n=6) anestesiados com sevofluorano em associação com a injeção subaracnóidea de cetamina (KS), cetamina + ifenprodil (Ki) ou NaCl 0,9% (S), FCAV/UNESP - Jaboticabal, 2014... 34 5 Valores médio e desvios-padrão do consumo de dobutamina (µg/Kg/min)
1 Escores de avaliação da qualidade da indução anestésica* de equinos (n=6) anestesiados com sevofluorano em associação com a injeção subaracnóidea de cetamina (KS), cetamina + ifenprodil (Ki) ou NaCl 0,9% (S), FCAV/UNESP - Jaboticabal, 2014... 19 2 Escores de avaliação da recuperação pós-anestésica* de equinos (n=6)
LISTA DE FIGURAS Página
1 Etapas da implantação do cateter subaracnóide. Introdução da agulha de Tuohy e verificação da localização no espaço epidural; posicionamento da agulha de Tuohy no espaço subaracnóide, confirmado pela colheita de amostra de líquor; introdução do cateter epidural no espaço subaracnóide; fixação do cateter na pele, após tunelamento do tecido subcutâneo... 16 2 Momentos avaliados durante a anestesia de equinos (n=6)
anestesiados com sevofluorano em associação com a injeção subaracnóidea de cetamina (KS), cetamina + ifenprodil (Ki) ou NaCl 0,9% (S), FCAV/UNESP - Jaboticabal, 2014... 19 3 Valores médios da frequência cardíaca (bpm), de equinos
anestesiados com sevofluorano em associação com a injeção subaracnóidea de cetamina (KS), cetamina + ifenprodil (Ki) ou NaCl 0,9% (S), FCAV/UNESP - Jaboticabal, 2014... 24 4 Valores médios da pressão arterial sistólica, em mmHg, de equinos
anestesiados com sevofluorano em associação com a injeção subaracnóidea de cetamina (KS), cetamina + ifenprodil (Ki) ou NaCl 0,9% (S). FCAV/UNESP - Jaboticabal, 2014... 25 5 Valores médios da pressão arterial diastólica, em mmHg, de equinos
anestesiados com sevofluorano em associação com a injeção subaracnóidea de cetamina (KS), cetamina + ifenprodil (Ki) ou NaCl 0,9% (S). FCAV/UNESP - Jaboticabal, 2014... 26 6 Valores médios da pressão arterial média, em mmHg, de equinos
anestesiados com sevofluorano em associação com a injeção subaracnóidea de cetamina (KS), cetamina + ifenprodil (Ki) ou NaCl 0,9% (S). FCAV/UNESP Jaboticabal, 2014... 27 7 Valores médios da concentração hidrogeniônica arterial (pH) de
equinos anestesiados com sevofluorano em associação com a injeção subaracnóidea de cetamina (KS), cetamina + ifenprodil (Ki) ou NaCl 0,9% (S). FCAV/UNESP - Jaboticabal, 2014... 29 8 Valores médios da pressão parcial de dióxido de carbono no sangue
arterial (PaCO2), em mmHg, de equinos anestesiados com sevofluorano em associação com a injeção subaracnóidea de cetamina (KS), cetamina + ifenprodil (Ki) ou NaCl 0,9% (S). FCAV/UNESP - Jaboticabal, 2014... 30 9 Valores médios da pressão parcial de oxigênio no sangue arterial
1. INTRODUÇÃO
A anestesia geral na espécie equina é um procedimento que envolve decúbito prolongado e administração de fármacos que causam redução do metabolismo e efeitos deletérios transitórios (HALL et al., 2001). A taxa de mortalidade é mais elevada (1%) quando comparada às observadas no homem e em pequenos animais (JOHNSTON et al., 2002; SENIOR, 2013).
As técnicas anestésicas mais recentes têm preconizado protocolos de anestesia balanceada, onde os efeitos desejáveis dos fármacos associados são alcançados com o uso de doses menores, minimizando-se seus efeitos adversos e melhorando, de maneira geral, a recuperação dos pacientes. Particularmente na espécie equina, sabe-se que a anestesia geral e o decúbito a ela associado causam alterações importantes no sistema cardiorrespiratório levando à redução do débito cardíaco, volume e índice sistólicos que, por vezes, podem levar à hipercapnia e hipóxia (HALL et al., 1968; WAGNER, 2009).
Com o intuito de diminuir estes efeitos, podemos associar a técnica de analgesia multimodal, que consiste na associação de fármacos e técnicas anestésicas para produção de analgesia e anestesia intra e pós-operatória. Entre as técnicas empregadas, está à administração espinhal.
O uso de fármacos pela via espinhal possui ampla história de sucesso e vem se tornando cada vez mais popular em razão dos efeitos benéficos (WILLE, 2004), onde se busca inibir ou reduzir a atividade nociceptiva induzida pelo estímulo cirúrgico (KEHLET, 1994; WILLE, 2004).
O dor durante e após o procedimento cirúrgico desencadeia respostas neuroendócrinas que alteram a homeostase. Estas respostas podem prolongar o tempo de recuperação do paciente, em detrimento do estresse que este é submetido (FREITAS et al., 2008).
subaracnóide empregam-se doses menores, pois as respostas são mais consistentes (GROSENBAUGH et al., 1999, NATALINI, 2010).
Assim, depreende-se que a injeção espinhal de fármacos analgésicos pode ser opção para tratar a dor induzida por trauma acidental ou cirúrgico, que envolvam a região perineal e genital de fêmeas, bem como do aparelho locomotor dos equinos.
2. REVISÃO DE LITERATURA
2.1 Fármacos indutores
2.1.1 Éter Gliceril Guaiacol
O éter gliceril guaiacol (EGG), conhecido também por guaiacolato de glicerila ou guaifenesina, é usado desde o final da década de quarenta como miorrelaxante, podendo ser utilizado em associação com diversos fármacos anestésicos em equinos (BROWN et al., 1991). Seu nome químico é 3-0-metoxi-1,2-propanodiol (PEDERSOLI; COFFMAN, 1971). Trata-se de um pó branco, que se precipita em soluções a menos de 22°C (GRANDY; McDONELL, 1980).
O seu mecanismo de ação não é bem compreendido, mas atua como relaxante muscular de ação central, bloqueando de forma seletiva os reflexos polissinápticos na medula espinhal, áreas cerebrais subcorticais e formação reticular. Deprime a transmissão nos neurônios internunciais na medula sem alterar a função respiratória (MUIR; HUBELL, 1991; HALL et al., 2001).
Acredita-se que seu mecanismo de ação é na forma de um agonista glicinérgico, na medula espinhal, tronco cerebral, causando hiperpolarização nos neurônios pós-sinápticos, produzindo efeito analgésico, sedativo e potencializando a medicação pré-anestésica ou anestésica (SPINOSA, 2006). Causa discreta redução da pressão arterial média com taquicardia reflexa e retorno rápido dos valores a normalidade (TAVERNOR, 1970), nas doses comumente empregadas de 100 a 150mg/Kg em soluções de 5 a 10% (MUIR, 2009a).
Possui ampla margem de segurança, com mínimos efeitos respiratórios, relaxamento dos músculos da faringe e laringe, facilitando a intubação endotraqueal, porém sem efeitos na musculatura diafragmática, não interferindo na respiração espontânea (VIEIRA et al., 1996; SPINOSA, 2006).
Pode ser associado a outros anestésicos como a cetamina, tiopental e pentobarbital para a indução ou manutenção da anestesia em grandes animais (TAYLOR et al., 1998).
2.1.2 Midazolam
Os benzodiazepínicos exercem função principalmente sobre o sistema nervoso central, com efeitos hipnóticos, sedativos, ansiolíticos, anticonvulsivantes e relaxantes da musculatura esquelética, devido, em grande parte, ao aumento ou facilitação da transmissão sináptica GABAérgica e ação da glicina em receptores espinhais específicos (WHITWAN, 1987; BOOT, 1992; HOBBS; VERDOORN, 1996). Liga-se a sítios localizados no complexo macromolecular do receptor GABA, exacerbando a captação de cloreto para dentro do axônio e consequente aumento do tempo de abertura dos receptores GABA, principal neurotransmissor inibitório do SNC (KATZUNG, 2006). Comumente são associados a outros sedativos e analgésicos para promover sedação adicional e relaxamento muscular (BROCK; HILDEBRAND, 1990).
O midazolam é um fármaco hidrossolúvel em pH 3,5 e lipossolúvel em pH maior que 4,0 (JOHNSON et al., 2003), menos irritante aos tecidos que o diazepam. Sua metabolização é hepática, sendo biotransformado por reações oxidativas (CORTOPASSI; FANTONI, 2002).
Em doses comumente utilizadas em equinos (0,05 a 0,1 mg/Kg), não promove alteração na taxa respiratória, volume corrente, pH e gases sanguíneos, frequência cardíaca, debito cardíaco, pressão arterial e força de contração cardíaca (MUIR, 2009b), mas podem resultar em fraqueza, fasciculação muscular e ataxia (THURMON et al., 1996a).
2.1.3 Propofol
1995). É pouco estável em água sendo associado com óleo de soja, glicerol e fosfato de ovo purificado, não necessitando de preparo para o uso, sendo formulado em emulsão lipídica a 1% (EGAN et al., 2003; SANO et al., 2003).
Produz depressão dose dependente do sistema nervoso central, potencializando a transmissão GABAérgica, reduzindo a atividade metabólica do cérebro (SHORT; BUFALARI, 1999; YAMASHITA et al., 2009).
Após a administração, o propofol causa diminuição da pressão arterial, do débito cardíaco, resistência vascular, volume sistólico, redução da taxa metabólica, taxa de oxigênio, fluxo sanguíneo, pressão intracraniana e perfusão cerebral (CARVALHO, 2000; MUIR; GADAWSKI, 2002). O propofol pode induzir apnéia transitória, diminuição da frequência respiratória e do volume minuto, com redução da PaO2 e elevação da PaCO2, sendo diretamente proporcional a dose administrada (FANTONI et al., 1999; ISHIZUKA et al., 2013).
Seu efeito é caracterizado por um rápido inicio e ação ultracurta, similar aos tiobarbituratos, mesmo em doses repetidas ou na utilização como infusão continua não produz efeito cumulativo (YAMASHITA et al., 2009). É metabolizado primariamente por conjugação, porém o seu desaparecimento da circulação supera o fluxo sanguíneo hepático, podendo existir outros sítios de metabolização, como os rins (THURMON et al., 1996b; HIRAOKA et al., 2005). Em equinos, sua farmacocinética, farmacodinâmica e efeitos clínicos são semelhantes às observadas em outras espécies (MUIR, 2009a).
A primeira descrição do seu uso em equinos foi em 1985, desde então, vários estudos vem sendo realizados, tanto como único agente ou em combinação com outros fármacos (REZENDE et al., 2010).
Em estudo de YAMASHITA et al. (2009), a administração de 7mg/Kg de propofol sem a utilização de MPA, aumentou os movimentos de cabeça com enrijecimento dos músculos do pescoço e movimentos de pedalagem, no qual durou por cerca de um minuto após a aplicação, porém após este período os animais foram facilmente intubados. Outro dado importante reportado foi a intensa taquicardia após a indução, com valores variando entre 60 a 80 batimentos por minutos, dado também descrito por outros autores (MAMA et al., 1995).
Em equinos sedados com medetomidina (5µ/Kg) e butorfanol (20µ/Kg) e submetidos à indução com 3mg/Kg de propofol, produziu indução sem excitação, com adequado relaxamento muscular em quatro dos cinco animais avaliados (ISHIZUKA et al., 2013)
O éter gliceril guaiacol pode evitar os efeitos adversos causados pela indução com propofol. 90mg/Kg de EGG, seguido da administração de 3mg/Kg de propofol causou rápida indução, porém levou a hipotensão por 70 minutos em equinos submetidos à anestesia com isofluorano e sevofluorano (BROSNAN et al., 2011).
Em outro estudo, administração de medetomidina (5µ/Kg), 10 minutos antes da administração de EGG (100 mg/Kg) e propofol (3 mg/Kg), proporcionou indução anestésica classificada como excelente em cinco animais e boa em dois animais, em sete animais avaliados (OKU et al., 2011).
2.2 Fármaco de manutenção
2.2.1 Sevofluorano
Foi sintetizado pela primeira vez em 1968 por B.M Regan e utilizado somente em 1971 como anestésico inalatório, sendo que o primeiro relato da utilização em equinos ocorreu no Japão (STEFFEY, 2002).
al., 1994). Segundo AIDA et al. (1994) reduz o débito cardíaco, volume sistólico e pressões arteriais quando empregado em taxas mais elevadas do que 2,31V%.
Em contraste com outros anestésicos voláteis, o sevofluorano quando em contato com algumas moléculas presentes na cal sodada, como o hidróxido de sódio ou hidróxido de potássio monovalente, formam compostos tóxicos (compostos A, B, C, D e E) (NATALINI, 2001; BROSNAN, 2013). O composto A é o principal, causando nefrotoxicidade com lesões tubulares em ratos, porém durante a administração do sevofluorano em pacientes, o nível tóxico está abaixo do limite considerado perigoso (NATALINI, 2001). Há evidência de possível lesão renal apenas em equinos submetidos a cirurgias com mais de dez horas de duração (DRIESSEN et al., 2002).
O sevofluorano possui a metade da potência do isofluorano, com um valor de CAM cerca de duas vezes maior. Devido à baixa solubilidade no sangue, a cinética de eliminação é mais rápida quando comparada aos demais anestésicos inalatórios, porém em alguns animais isso não é verificado, devido a maior depressão respiratória causada pelo sevofluorano, fazendo que ocorra demora na sua eliminação (BROSNAN et al., 2012; BROSNAN, 2013).
Segundo GROSENBAUGH e MUIR (1998), ao comparar os efeitos cardiorrespiratórios e a recuperação anestésica do sevofluorano, isofluorano e halotano em oito equinos, verificaram que os índices hemodinâmicos e pulmonares do sevofluorano foram semelhantes aos do isofluorano, todavia, o halotano apresentou valores de pressão arterial sistêmica e débito cardíaco inferiores, porém, com maior depressão respiratória nos animais que receberam sevofluorano e isofluorano em relação ao halotano.
Em relação à qualidade da recuperação anestésica a do sevofluorano foi melhor do que os outros dois halogenados. A anestesia com sevofluorano permitiu bom controle da profundidade anestésica durante a indução e manutenção da anestesia (GROSENBAUGH e MUIR, 1998).
criticamente enfermos, que são frequentemente afetados por vasodilatação (DRIESSEN et al., 2006).
MATTHEWS et al. (1998), ao compararem a recuperação anestésica do sevofluorano e isofluorano após aplicação de xilazina, mostraram que a qualidade da recuperação do sevofluorano com ou sem xilazina foi superior em relação ao isofluorano, assim como a coordenação do animal na posição quadrupedal.
2.3 Uso de antagonistas NMDA pela via subaracnóide
Nos últimos 10 anos, houve um grande avanço nas técnicas de anestesia, seja pela via epidural ou subaracnóide, propiciando o controle da dor nos animais. Diferentes fármacos têm sido utilizados para este propósito, como os opióides, agonistas α-2, cetamina entre outros. Alguns desses fármacos apresentam efeitos deletérios quando aplicados pela via parenteral, porém quando empregados pela via espinhal, esses efeitos são pouco observados. As doses necessárias para a analgesia por essa via são menores, além do fato de diminuir o requerimento de anestésico inalatório durante a anestesia geral (NATALINI, 2010).
A presença de receptores NMDA na coluna vertebral levou a realização de diversos estudos, possibilitando a administração de fármacos, principalmente seus antagonistas por essa via (LOFTIS; JANOWSKY, 2003; ZHANG et al., 2009). Diversas subunidades dos receptores NMDA foram encontradas, isso possibilita administração de vários fármacos com diferentes mecanismos de ação (BOYCE et al., 1999).
2.3.1 Cetamina
A cetamina surgiu na década de sessenta, apresentando como vantagens menos efeitos colaterais, como as observadas com a fenciclidina (VALADÃO, 2009). Após a segunda guerra mundial foi amplamente utilizado como anestésico, na forma de bolus ou infusão contínua (RUDKJOBING, 1989).
No homem, a cetamina S(+) possui potência anestésica duas vezes maior à do racemato e quatro vezes superior à da cetamina R(-), sendo a intensidade das reações psicomiméticas menor com o uso desse isômero (JAKSCHW et al., 2002; SCHNAIDER et al., 2007)
A cetamina possui alta lipossolubilidade que possibilita a passagem rápida para o sistema nervoso central (LASKOWSKI et al., 2011). Ela é antagonista não-competitivo do glutamato, no sitio da fenciclidina, localizado no interior do canal iônico do receptor NMDA (CHIZH, 2007). Atua também, nos receptores monoaminérgicos, muscarínicos, opióides e canais voltagem-sensíveis de Ca²+ (HIROTA; LAMBERT, 1996; BREDLAU et al., 2013) e efeito anestésico local que pode ser induzido pela redução dos reflexos polissinápticos medulares devido ao bloqueio de canais de Na+ (BROCKMEYER; KENDIG, 1995; KATHIRVEL et al., 2000).
A cetamina tem sido empregada no tratamento da dor aguda de origem traumática ou pós-operatória, em casos onde a terapia convencional não tenha se mostrado eficaz ou em pacientes com fármaco dependência (HOCKING; COUSINS, 2003; MION et al., 2013; GULATI et al., 2014). O bloqueio dos receptores NMDA pode ser alcançado com doses consideravelmente inferiores do que aquelas necessárias para a indução anestésica (VALADÃO, 2009).
Administração intratecal e epidural de cetamina S (+) foi relatada no homem, nos cães e nos equinos (MARHOFER et al., 2000; DUQUE et al., 2004; OLESKOVICZ et al., 2006; SOUZA et al., 2008). Bion (1984) relatou o primeiro uso da cetamina pela via espinhal em seres humanos com ferimentos nos membros inferiores, que foram submetidos à amputação durante a guerra e observou que a administração de 50mg de cetamina pela via intratecal produziu boa analgesia e anestesia cirúrgica sem alterações nos parâmetros cardiovasculares e respiratórios, entretanto, alguns efeitos colaterais como sonolência, tontura e nistagmo foram observados em nove dos 16 pacientes.
sua ação na analgesia visceral (modelo distensão cecal), não foram encontrados resultados na resposta nociceptiva (FLORES, 2013).
Segundo LIM et al. (2013), a administração intratecal de cetamina em associação com pregabalina reduziu a dor neuropática induzida em ratos, sem causar alterações motoras, sugerindo um tratamento útil para modular a dor em pacientes com dor intensa.
2.3.2 Ifenprodil
O ifenprodil [2-(4benzilpiperidino)-1-(4-hidroxifenil)-1-propanol] (CHENARD; MENNITI, 1999; BORZA; DOMÁNY, 2006), exerce atividade antagonista do receptor NMDA ligando-se nas subunidades NR2B (GALLAGHER et al., 1996; HASHIMOTO et al., 2013).
Após administração de ifenprodil em humanos não são relatados efeitos excitatórios ou comportamentais, como encontrado na cetamina. Tem sido utilizado no tratamento de doenças cerebrovasculares e doença arterial coronariana, devido a seus efeitos vasodilatadores, além de possuir efeitos neuroprotetores, anticonvulsivantes (BHATTACHARYA et al., 2012; FALCK et al., 2014) e analgésicos devido ao bloqueio dos receptores NMDA (RONDON, 2009; ZHANG et al., 2009).
De acordo com ZHANG et al. (2009), o ifenprodil aplicado pela via intratecal, após um modelo de dor neuropática induzida pela compressão crônica de gânglios da raiz dorsal de ratos, verificaram ação do ifenprodil nas subunidades NR2B presentes na coluna espinhal.
Segundo estudo de GALLAGHER et al. (1996), o ifenprodil demonstrou atividade antinociceptiva no homem e constituiu uma oportunidade para o tratamento da dor. Outros trabalhos apresentam relatos de sua atividade antinociceptiva em animais submetidos à hiperalgesia inflamatória (TANIGUCHI et al., 1997; SAKURADA et al., 1998).
doses baixas de ifenprodil (0,03mg/Kg) melhora significativamente o efeito anti-hiperalgésico da cetamina em cães.
3. OBJETIVOS
4. MATERIAL E MÉTODOS
4.1 Comitê de Ética e Bem Estar dos Animais
O presente estudo foi aprovado pela Comissão de Ética no Uso de Animais (CEUA) da Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias (FCAV) da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” – Câmpus Jaboticabal, sob o número de protocolo 017381/09.
4.2 Aspectos infra-estruturais
Este estudo foi realizado nas dependências do Laboratório de Anestesiologia Experimental de Grandes Animais (LAEGA) e no Hospital Veterinário “Governador Laudo Natel” da Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias (FCAV) da Universidade Estadual Paulista, Câmpus de Jaboticabal-SP (latitude 21°15’17’’ S e longitude 48°19’20’’ W, altitude 605m).
4.3 Animais
Para a realização deste estudo foram utilizados 10 equinos, sete fêmeas e 3 machos, sem raça definida, com peso corpóreo médio de 317±27 Kg e idade média de 10±5 anos. Os animais foram considerados hígidos, após exames clínicos, hematológico, perfil renal (uréria e creatinina) e hepático (AST, FA).
Previamente ao experimento os animais foram submetidos a um período de adaptação de no mínimo 15 dias, permanecendo em piquetes localizados no LAEGA. Os animais foram vermifugados1 (ivermectina 0,2mg/Kg, VO) e alimentados a base de Feno (Cynodon dactilon L.), ração comercial2, na proporção de 1% do
peso corpóreo ao dia, sal mineral3 e água ad libitum. Neste período os animais foram
manejados diariamente na sala e tronco de contenção para adaptação ao ambiente experimental.
1 Ivermectina Pasta Equinos – Ourofino, Cravinhos, Brasil. 2 Tec horse – Purina – Paulinia – SP - Brasil.
Todos os animais foram submetidos à cirurgia de transposição da carótida esquerda, segundo técnica descrita por TAVERNOR (1979), e utilizados no estudo após um período mínimo de 30 dias decorridos desta cirurgia.
4.4 Delineamento experimental
4.4.1 Grupos de Tratamentos
Para a realização deste estudo foram utilizados três grupos experimentais, com intervalo mínimo de quinze dias entre os tratamentos, sendo distribuídos aleatoriamente, segundo ensaio cego, compondo três grupos, a saber:
Grupo S: administração subaracnóide de solução de NaCl 0,9%4. Grupo KS: administração subaracnóide de 0,5mg/Kg de cetamina5;
Grupo Ki: administração subaracnóide de 0,5mg/Kg de cetamina associado a 0,015mg/Kg de ifenprodil6;
Cada grupo foi composto por seis animais, sendo que nos grupos KS e Ki foram utilizados os mesmos animais e no grupo S, dois animais dos grupos KS e Ki e outros quatro que somente participaram do grupo S.
O tartarato de ifenprodil foi preparado para uso por meio da diluição com solução estéril de água para injeção, aquecida em banho-maria (35°C), com concentração final de 10 mg/mL.
A cetamina e o ifenprodil foram associados na mesma seringa e o volume final foi calculado empregando-se a metade do volume para a aplicação epidural, como o proposto por SEGURA et al. (1998) ou seja: 3,4 mL + (Kg x 0,013)/2, ajustando-se o volume final com NaCl 0,9%.
4 Solução Fisiológica, Cloreto de Sódio 0,9% - Laboratório Sonobiol Ltda, Pouso Alegre – MG - Brasil 5 Cetamin 10% - Sintec do Brasil – Cotia – SP – Brasil.
4.4.2 Implantação do cateter subaracnóide
Um dia antes do início do ensaio experimental os equinos foram contidos em tronco e sedados através da administração intravenosa (IV) de acepromazina7 (0,05mg/Kg), e após 15 minutos administração de 0,5-1,0mg/Kg/IV de xilazina8.
Após tricotomia e antissepsia cirúrgica da região lombosacral e completa sedação do animal, procedeu-se a infiltração de 10 mL cloridrato de lidocaína 2% sem vasoconstritor9, na junção lombossacral, abrangendo tecido subcutâneo, musculatura e ligamentos. Após 10 minutos e nova antissepsia, uma incisão de pele (5-10mm) foi realizada na linha média, por onde foi introduzida uma agulha de Tuohy 17G de 20 cm de comprimento, com o bisel voltado em sentido cranial.
A agulha foi introduzida, e após passar pela musculatura, o mandril presente no seu interior foi retirado. Um pequena quantidade de NaCl 0,9% foi colocada no canhão da agulha, até a formação de uma gota. A agulha foi inserida em direção à medula até identificação do espaço epidural, confirmado pela presença de pressão negativa e sucção da gota pendente. Ato contínuo, a agulha foi novamente inserida, até localização do espaço subaracnóide, confirmado pela colheita de amostra de líquido cefalorraquidiano (LCR).
Imediatamente após a identificação do espaço subaracnóide, um cateter epidural 16G10 foi introduzido vinte centímetros em sentido cranial e, na sequência, fixado através de tunelamento no tecido subcutâneo, da região glútea esquerda. Após o correto posicionamento, um adaptador PRN11 foi colocado na sua extremidade distal e o cateter preenchido com solução heparinizada (10UI/mL) e suturado à pele com fio inabsorvível sintético número 2-012, recoberto com gase estéril e fita adesiva13, conforme figura 1.
A partir desta etapa os animais foram alojados em baias (4X4 metros), e utilizados no estudo após período mínimo de 24 horas.
7 Apromazin 1% - Laboratório Syntec do Brasil – Cotia – SP - Brasil 8 Sedomin 10% - Laboratório König Produtos Veterinários – SP - Brasil
9Lidocaína 2%: Xilestesin 2% sem vasoconstritor – Cristália Produtos Químicos e Farmacêuticos Ltda – Itapira – SP 10 Cateter epidural portex – Smiths Medical International – Keene - USa
Figura 1 - Etapas da implantação do cateter subaracnóide. (A) introdução da agulha de Tuohy e verificação da localização no espaço epidural; (B), posicionamento da agulha de Tuohy no espaço subaracnóide, confirmado pela colheita de amostra de líquor; (C), introdução do cateter epidural no espaço subaracnóide; (D), fixação do cateter na pele, após tunelamento do tecido subcutâneo
4.4.3 Procedimento anestésico
Os animais com cateter subaracnóide previamente implantado, foram submetidos a jejum alimentar de doze horas antes do início do estudo.
No dia do estudo, os animais foram levados à sala de experimentação climatizada (22°C), e após contenção em tronco, um cateter 14G14 foi introduzido na veia jugular direita, para posterior administração dos fármacos e fluidoterapia. Outro cateter 16G15 foi introduzido na artéria carótida esquerda, previamente transposta para a tela subcutânea, para mensuração das pressões arteriais.
Após repouso de trinta minutos, foi avaliado o momento basal (MB) que constou da frequência cardíaca (FC) por meio de estetoscopia, auscultando-se o hemitórax esquerdo entre o terceiro e o sexto espaço intercostal, em um período de
60 segundos, para se determinar o número de batimentos cardíacos por minuto (bpm). A frequência respiratória (f) determinada por meio da visibilização do gradil
costal, durante o intervalo de tempo de 60 segundos e expressa em movimentos por minuto (mpm). Temperatura retal foi mensurada utilizando-se termômetro clínico16. A mensuração das pressões arterial sistólica (PAS), diastólica (PAD) e média (PAM) realizada por meio da conexão de um tudo extensor no cateter introduzido na artéria carótida esquerda, para a leitura direta do valor transduzido no monitor multiparamétrico17. O transdutor de pressão foi mantido na altura da articulação escapulo-umeral e zerado antes da leitura.
Amostra de sangue arterial foi colhida através do cateter, em seringa de 1 mL, contendo heparina sódica, acondicionada sob refrigeração (2°C) e analisada em hemogasômetro18, para mensuração do pH arterial, pressão parcial de oxigênio arterial (PaO2; em mmHg), pressão parcial de dióxido de carbono arterial (PaCO2; em mmHg), saturação de oxigênio na hemoglobina (SO2; em %), concentração de bicarbonato (HCO3-; em mmol/L) e excesso ou déficit de bases (EB ou DB; em mmol/L). Antes da colheita, foi desprezado 2 mL de sangue.
Após avaliação basal (MB), foi realizada lavagem da cavidade oral do equino e este levado para a sala de indução anestésica. Após o posicionamento na sala de indução, os animais receberam infusão de éter gliceril guaiacol19 (EGG) a 10% (60mg/Kg), associado ao midazolam20 (0,1mg/Kg), diluídos em glicose 5%21, durante 60 segundos. Após trinta segundos do termino da infusão foi administrado 3mg/Kg de propofol22 efetuada a intubação orotraqueal com sonda Magill23, com diâmetro compatível ao da traqueia.
Na sequência, o equino foi içado por uma talha e posicionado em decúbito dorsal em mesa cirúrgica. Subsequentemente, conectado ao aparelho de anestesia inalatória24 com vaporizador calibrado para sevofluorano25, e submetido à ventilação
16 Termômetro Veterinário – Becton, Dickinson, Ind. Cirúrgicas Ltda, Juiz de Fora – MG – Brasil,
17 Monitor multiparamétrico: Dixtal – mod. DX2010 – Módulo de Pressão Arterial Invasiva – Manaus – AM – Brasil. 18 Roche Omini C – Roche Diagnostics
19 Guaifenesina – Henrifarma – Cambuci – SP - Brasil
20 Dormire - Cristália Produtos Químicos e Farmacêuticos Ltda – Itapira – SP - Brasil 21 Solução isotônica de glicose 5% - Farmace Ind. Químico – Barbalha CE - Brasil 22 Propovan - Cristália Produtos Químicos e Farmacêuticos Ltda – Itapira – SP 23 Sonda de Magill – Cirúrgica Fernandes Ltda, São Paulo – SP – Brasil.
mecânica a volume, com pressão controlada (15 a 25 cm de água) e fluxo de oxigênio 100% na taxa de 10mL/Kg/min.
A frequência respiratória e o pico de pressão inspiratória foi ajustada de modo a manter pressão parcial de dióxido de carbono no sangue arterial (PaO2) entre 35-45mmHg.
A concentração de sevofluorano ao final da expiração (Etsevo) foi padronizada em 2,8V% (1,2 vezes a CAM), medida ao final da expiração por meio da colheita do ar expirado na extremidade proximal da sonda endotraqueal, utilizando seringa de vidro de 20 mL, que era imediatamente conectada ao analizador de gases anestésicos26 para mensuração do Etsevo e EtCO2.
Foi realizada fluidoterapia com solução de ringer lactato27 na taxa de 20mL/Kg/h. A mensuração da pressão arterial foi realizada conforme descrito anteriormente, e caso os valores da pressão arterial média caíssem abaixo de 60mmHg, os animais receberam infusão de dobutamina28 na dose de 1-5µg/Kg/minuto, buscando-se manter os valores de PAM entre 60 e 90 mmHg.
Imediatamente após a estabilização do Etsevo, que constituiu em duas mensurações de 2,8% no intervalo de 2 minutos, foi realizada administração subaracnóide de um dos tratamentos (S, KS ou Ki), no intervalo de cinco minutos, seguido de lavagem com solução NaCl 0,9%.
Os parâmetros frequência cardíaca, frequência respiratória, pressões arteriais (sistólica, diastólica e média), EtCO2, EtSevo, temperatura retal e amostra de sangue para hemogasometria (mensuração do pH, PaCO2, PaO2, EB e SO2), foram coletados nos seguintes momentos: MB (avaliação basal, antes da indução anestésica); Mind (oito minutos após aplicação do propofol); M1.2 (concentração expirada final de 2,8% de sevofluorano foi atingida); Mtrat (2,5 minutos após administração do tratamento) e nos momentos M5 até M60 (5, 10, 15, 20, 25, 30, 45 e 60 minutos após termino do tratamento), conforme descrito na figura 2.
Figura 2 - Momentos avaliados durante a anestesia de equinos (n=6) anestesiados com sevofluorano em associação com a injeção subaracnóidea de cetamina (KS), cetamina + ifenprodil (Ki) ou NaCl 0,9% (S), FCAV/UNESP - Jaboticabal, 2014.
Após avaliação do M60, foi interrompida a administração de sevofluorano e dado início a fase de recuperação. Os equinos, após o retorno da respiração espontânea, foram levados à sala de recuperação anestésica e colocados em decúbito lateral esquerdo. Cordas de segurança foram fixadas no cabresto e cauda e passadas em argolas fixas na parede da sala e foi realizada recuperação assistida.
Os animais foram avaliados por escalas de indução e recuperação anestésica, adaptados de DORIA (2006) e DONALDSON et al. (2000), quadros 1 e 2, respectivamente.
Quadro 1 - Escores de avaliação da qualidade da indução anestésica* de equinos (n=6) anestesiados com sevofluorano em associação com a injeção subaracnóidea de cetamina (KS), cetamina + ifenprodil (Ki) ou NaCl 0,9% (S), FCAV/UNESP - Jaboticabal, 2014.
ESCORE QUALIDADE DA INDUÇÃO ANESTÉSICA
1 Decúbito rápido, com risco de trauma Indesejável
2 Decúbito rápido, sem risco de trauma Controlável
3 Decúbito lento, mexendo pernas ou cabeça Aceitável
4 Decúbito lento e progressivo sem pedalar ou balançar de cabeça Desejável
*(adaptado de Dória, 2006)
MB Mind M1.2 Mtrat M5 M10 M15 M20 M25 M30 M45 M60
2,5 minutos após início da infusão dos tratamentos 2,8V%
Instrumentação
Repouso 30 minutos
Extubação e início da recuperação
anestésica Momentos
Quadro 2: Escores de avaliação da recuperação pós-anestésica* de equinos (n=6) anestesiados com sevofluorano em associação com a injeção subaracnóidea de cetamina (KS), cetamina + ifenprodil (Ki) ou NaCl 0,9% (S), FCAV/UNESP - Jaboticabal, 2014.
*(adaptado de Donaldson et al., 2000).
I. Atitude geral; II. Decúbito lateral; III. Decúbito esternal; IV. Tentativas para esternal; V. Fase esternal; VI. Posição quadrupedal; VII. Força e resistência durante a posição quadrupedal; VIII. Tentativas para estação; IX. Equilíbrio e coordenação na posição quadrupedal; X. Flexão das falanges.
Fases da Recuperação
I II III IV V VI VII VIII IX X Total
QUAL
IDA
D
E
Calmo (1) Tranquilo, esforço
ocasional (1) Calmo (1)
Pequena pausa
(1) Calmo (1) Próximo do máximo (1) Sólido (1) Ausente (1)
Ativo (3) Nervoso (3) Agitado (5) Inexistente (3) Difícil apoio dos membros (3) Intermediário (3) Cambaleante (3) Membros pélvicos-suave (2)
Levemente excitado (5)
Debatendo-se
(5) Debatendo-se com quedas (10)
Prolongado (6) nas paredes (6) Apoiando-se erguer-se (6) Cai antes de Manutenção dos reflexos (5) Membros pélvicos-marcante (3)
Excitado (7)
Múltiplas tentativas para
posição
quadrupedal (7) Debatendo-se (10)
Tentativas repetidas, fraqueza (10)
Hesita apoio dos membros (8) Quatro membros-moderado (4) Muito excitado
(8) Debatendo-se
(10) repetidas (10) Quedas
O escore de recuperação foi avaliado em dez fases (letras romanas maiúsculas) e classificado individualmente de acordo com o comportamento do animal, sendo que quanto maior o escore, pior recuperação. A duração da recuperação foi avaliada do término da administração do sevofluorano até o animal ficar em posição quadrupedal.
4.4.4 Análise estatística
Os dados foram submetidos ao teste de normalidade de Shapiro-Wilk e submetidos à análise de variância de uma via com repetições múltiplas (RM ANOVA), seguido pelo teste de Student-Newman-Keuls para os dados paramétricos e teste de Dunn para não paramétricos.
Os resultados dos escores de indução e recuperação foram analisados pelo teste de Kruskal-Wallis.
5. RESULTADOS
Resultados deste estudo estão descritos em tabelas, constando as médias e respectivos desvios-padrão. Os resultados mais significativos foram apresentados em gráficos.
Os dados obtidos na indução anestésica estão descritos em porcentagem e a recuperação anestésica apresentados em tabelas e na forma descritiva.
5.1 Indução anestésica
De acordo com a escala proposta por DÓRIA (2006), para avaliar a qualidade da indução anestésica, 17% (n=3) dos animais receberam escore 3 (aceitável) e 83 % (n=15) dos animais receberam escore 4 (desejável).
5.2 Variáveis cardiorrespiratórias
Tabela 1 – Valores médios e desvios-padrão (média ± DP) das variáveis cardiorrespiratórias de equinos (n=6) anestesiados com sevofluorano em associação com a injeção subaracnóidea de cetamina (KS), cetamina + ifenprodil (Ki) ou NaCl 0,9% (S), FCAV/UNESP - Jaboticabal, 2014.
,
: início da infusão de dobutamina . Símbolo # na linha indica valor diferente de MB, * valor diferente de M1.2. Simbolo @ na coluna indica
diferença somente em relação ao grupo S, Teste de Student Newman Keuls (p≤0,05).
MB Mind M1.2 Mtrat M5 M10 M15 M20 M25 M30 M45 M60
FC (bpm) S KS Ki 35±6 39±5 44±7 50±6# 54±7# 52±8 55±6# 57±13# 57±18 61±5# 58±14# 54±14 59±9# 63±14# 60±10 59±8# 70±17# 60±13 64±16# 59±11# 55±6 64±13# 59±11# 53±5 62±13# 60±14# 54±4 66±11# 59±12# 60±6 68±7#, 77±17#, 75±16# *
66±9# 61±10# 75±16 # *
PAS (mmHg) S KS Ki 139±22 166±20 157±14 52±10# 76±43# 74±13# 53±11# 68±24# 70±33#
83±11# * 89±17# 79±24#
86±15# * 84±13# 80±20#
80±8# * 84±16# 76±16#
94±18# * 86±12# 78±14#
88±16# * 80±19# 85±21#
86±14# * 83±25# 85±21#
88±20 # *
83±25# 78±16#
88±16 # *
76±23# 69±16#
88±13 # *
83±8# 79±20# PAD (mmHg) S KS Ki 96±10 107±17 96±13 22±9# 29±11# 35±14# 24±9# 40±30# 40±23#
49±9 # *
50±14# 47±17#
42±8 # *
51±9# 44±14#
45±14# * 50±10#
39±4#
47±15 # *
50±11# 38±7#
44±8 # *
43±10# 40±5#
45±7 # *
46±12# 41±5#
49±16 # *
45±14# 41±7#
48±11 # *
50±11# 40±12#
47±10 # *
58±10 # 46±13# PAM (mmHg) S KS Ki 116±10 134±17@ 123±11 35±10# 40±10# 51±12# 36±9# 49±22# 50±22#
62±10 # *
65±15# 58±18#
57±9 # *
63±7# 56±15#
58±10 # *
63±7# 52±6#
62±15 # *
60±9# 51±8#
61±9 # *
58±12# 55±7#
61±11 # *
61±15# 56±6#
61±11 # *
60±17# 55±7#
63±12 # *
58±14# 53±12#
62±10 # *
69±8 # 58±15# f (mpm) S KS Ki 13±6 12±2 11± 7±3# 5±2# 11±2# 5±2# 5±1# 7±1# 4±1# 6±1# 6±1# 4±1# 5±3# 5±1# 4±1# 6±1# 4±1# 4±1# 6±2# 4±1# 4±1# 6±2# 4±1# 4±1# 5±2# 4±1# 4±1# 6±2# 4±1# 4±1# 5±2# 4±1# 4±1# 6±1# 4±1# EtCO2 (mmHg) S KS
Ki -
26±3 28±5 27±3 26±3 26±3 28±4 29±2* 31±4 28±2
27±3 *
33±6 30±4
30±4 37±7 33±4 *
32±5 *
32±7 33±5
31±5 *
30±9 32±3
31±5 *
32±9 31±4
31±4 *
35±10 32±3
33±5 *
34±10 32±5
33±4 *
33±11 33±6 Etsevo
(%) KS S Ki -
5.2.1 Frequência cardíaca (FC)
Foi observada elevação significativa da frequência cardíaca em relação ao MB, nos grupos S e KS, que perdurou durante toda a anestesia. No grupo Ki está diferença foi observada somente a partir do M45. Após o tratamento não houve diferença estatística entre momentos dentro de cada grupo e entre os grupos, conforme descrito na tabela 1 e figura 3.
momentos
MB Mind M1.2 Mtrat M5 M10 M15 M20 M25 M30 M45 M60
bpm 0 20 40 60 80 S KS Ki
Figura 3 – Valores médios da frequência cardíaca (bpm), de equinos anestesiados com sevofluorano em associação com a injeção subaracnóidea de cetamina (KS), cetamina + ifenprodil (Ki) ou NaCl 0,9% (S). # indica valor diferente de MB, * valor diferente de M1.2. Teste de
5.2.2 Pressão arterial sistólica (PAS)
Houve diminuição em relação ao MB em todos os grupos. Após início da infusão de dobutamina o grupo S apresentou aumento significativo em relação ao M1.2 durante toda a anestesia, o que não foi observado nos outros grupos. Após o tratamento não houve diferença significativa entre os grupos, conforme descrito na tabela 1 e figura 4.
momentos
MB Mind M1.2 Mtrat M5 M10 M15 M20 M25 M30 M45 M60
m
m
H
g
0 20 40 60 80 100 120 140 160 180
S KS Ki
Figura 4 – Valores médios da pressão arterial sistólica, em mmHg, de equinos anestesiados com sevofluorano em associação com a injeção subaracnóidea de cetamina (KS), cetamina + ifenprodil (Ki) ou NaCl 0,9% (S). * indica valor diferente de M1.2, : início infusão
dobutamina. Teste de Student Newman Keuls (p≤0,05). FCAV/UNESP - Jaboticabal, 2014.
5.2.3 Pressão arterial diastólica (PAD)
Foi observada diminuição em relação ao MB em todos os grupos. Após início da infusão de dobutamina o grupo S apresentou aumento significativo em relação ao M1.2 durante toda a anestesia, o que não foi observado nos outros grupos. Após o tratamento não houve diferença significativa entre os grupos, conforme descrito na tabela 1 e figura 5.
momentos
MB Mind M1.2 Mtrat M5 M10 M15 M20 M25 M30 M45 M60
m
m
H
g
0 20 40 60 80 100 120
S KS Ki
Figura 5 – Valores médios da pressão arterial diastólica, em mmHg, de equinos anestesiados com sevofluorano em associação com a injeção subaracnóidea de cetamina (KS), cetamina + ifenprodil (Ki) ou NaCl 0,9% (S). * indica valor diferente de M1.2, : início infusão
dobutamina. Teste de Dunn (P≤0,05). FCAV/UNESP - Jaboticabal, 2014.
*
*
*
*
*
*
5.2.4 Pressão arterial média (PAM)
Foi observada diminuição em relação ao MB em todos os grupos. Após início da infusão de dobutamina o grupo S apresentou aumento significativo em relação ao M1.2 durante toda a anestesia, o que não foi observado nos outros grupos. No MB o grupo KS foi significativamente superior que o grupo S, conforme descrito na tabela 1 e figura 6.
momentos
MB Mind M1.2 Mtrat M5 M10 M15 M20 M25 M30 M45 M60
m
m
H
g
0 20 40 60 80 100 120 140
S KS Ki
Figura 6 – Valores médios da pressão arterial média, em mmHg, de equinos anestesiados com sevofluorano em associação com a injeção subaracnóidea de cetamina (KS), cetamina + ifenprodil (Ki) ou NaCl 0,9% (S).* indica valor diferente de M1.2, @ indica diferença
somente em relação ao grupo S, : início da infusão dobutamina. Teste de Student Newman Keuls (p≤0,05). FCAV/UNESP - Jaboticabal, 2014.
@
5.2.5 Frequência respiratória
A frequência respiratória diminuiu após MB em todos os grupos, porém sem alteração entre grupos, conforme descrito na tabela 1.
5.2.6 Pressão parcial de dióxido de carbono (EtCO2) ao final da expiração
No grupo S houve aumento após M1.2, porém sem alteração após o tratamento. Grupo KS não houve alteração ao longo do estudo e no grupo Ki, somente elevação no M10
Não houve diferença entre os grupos, conforme descrito na tabela 1.
5.2.7 Concentração de sevofluorano ao final da expiração (EtSevo)
5.3 Variáveis hemogasométricas
5.3.1 Potencial hidrogeniônico (pH)
O grupo Ki apresentou diminuição significativa a partir de M20. No grupo KS está diminuição ocorreu somente no M30. Não houve diferença no grupo S ao longo do tempo assim como entre os grupos, conforme tabela 2 e figura 7.
momentos
MB Mind M1.2 Mtrat M5 M10 M20 M30 M45 M60
7,32 7,34 7,36 7,38 7,40 7,42 7,44 7,46 7,48
S KS Ki
Figura 7 - Valores médios da concentração hidrogeniônica arterial (pH) de equinos anestesiados com sevofluorano em associação com a injeção subaracnóidea de cetamina (KS), cetamina + ifenprodil (Ki) ou NaCl 0,9% (S). # indica valor diferente de MB, * valor diferente de M1.2, †
valor diferente de M5. Teste de Student Newman Keuls (p≤0,05).
FCAV/UNESP-Jaboticabal,2014.
#
*
†
#
*
*
#
# #
5.3.2 Pressão parcial de dióxido de carbono no sangue arterial (PaCO2)
No grupo Ki foi encontrada elevação em relação ao basal no M45 e M60, porém sem alteração após o tratamento em todos os grupos. Não houve diferença entre os grupos, conforme descrito na tabela 2 e figura 8.
momentos
MB Mind M1.2 Mtrat M5 M10 M20 M30 M45 M60
m
m
Hg
0 10 20 30 40 50 60
S KS Ki
Figura 8– Valores médios da pressão parcial de dióxido de carbono (PaCO2), em mmHg, de equinos
anestesiados com sevofluorano em associação com a injeção subaracnóidea de cetamina (KS), cetamina + ifenprodil (Ki) ou NaCl 0,9% (S). # indica valor diferente de MB, * valor
diferente de M1.2. Teste de Student Newman Keuls (p≤0,05). FCAV/UNESP - Jaboticabal,
2014.
# #
5.3.3 Pressão parcial de oxigênio no sangue arterial (PaO2)
Foi observado aumento em relação ao basal nos grupos S e KS durante o estudo, porém no grupo Ki este aumento foi observado somente no M20.
No grupo S houve aumento em relação M1.2 após vinte minutos do tratamento, durando até final do estudo. Houve diferença entre os grupos KS e S no M60, conforme descrito na tabela 2 e figura 8.
momentos
MB Mind M1.2 Mtrat M5 M10 M20 M30 M45 M60
m
m
Hg
0 100 200 300 400
S KS Ki
Figura 9– Valores médios da pressão parcial de oxigênio (PaO2), em mmHg, de equinos anestesiados
com sevofluorano em associação com a injeção subaracnóidea de cetamina (KS), cetamina + ifenprodil (Ki) ou NaCl 0,9% (S). # indica valor diferente de MB, * valor
diferente de M1.2, @ indica diferença somente em relação ao grupo S, Teste de Student
Newman Keuls (p≤0,05). FCAV/UNESP - Jaboticabal, 2014.
@
#
# # # # # # # #
*
*
*
*
# #
# # #
#
# # #
5.3.4 Saturação da oxihemoglobina (SO2)
Os grupos S e KS apresentaram aumento em relação ao basal em todos os momentos, porém o grupo Ki não apresentou esta diferença. Não houve diferença entre os grupos, conforme descrito na tabela 2.
5.3.5 Bicarbonato no sangue arterial (HCO3)
Não houve diferença significativa entre momentos e entre grupos.
5.3.6 Excesso de base (EB)
O grupo Ki apresentou diminuição significativa em relação MB, M1.2 e M5 nos momentos M45 e M60. Não houve diferença significativa entre os grupos, conforme descrito na tabela 2.
5.3.7 Temperatura retal
A partir de M30 houve queda significativa em todos os grupos, que persistiu ao longo do estudo, porém sem diferença entre os grupos, conforme descrito na tabela 2.
5.4 Recuperação anestésica
Tabela 2 – Valores médios e desvios-padrão (média ± DP) das variáveis hemogasométricas de equinos (n=6) anestesiados com sevofluorano em associação com a injeção subaracnóidea de cetamina (KS), cetamina + ifenprodil (Ki) ou NaCl 0,9% (S), FCAV/UNESP - Jaboticabal, 2014.
Símbolo # na linha indica valor diferente de MB, * valor diferente de M1.2, † valor diferente de M5. Simbolo @ na coluna indica diferença somente em relação ao grupo S. Teste de Student Newman Keuls (p≤0,05).
MB Mind M1.2 Mtrat M5 M10 M20 M30 M45 M60
pH S
KS Ki 7,43±0,02 7,44±0,03 7,46±0,04 7,46±0,03 7,44±0,06 7,45±0,04 7,44±0,04 7,41±0,05 7,45±0,07 7,45±0,04 7,41±0,04 7,42±0,06 7,44±0,04 7,40±0,07 7,41±0,05 7,43±0,05 7,38±0,07 7,39±0,06 7,41±0,07 7,37±0,07 7,37±0,06 # *
7,41±0,06 7,34±0,07 # 7,36±0,05 # *
7,39±0,07 7,35±0,08 7,33±0,06# * †
7,40±0,06 7,36±0,09 7,33±0,06# * † PaCO2 (mmHg) S KS Ki 38±5 35±5 33±6 32±5 33±7 35±8 35±4 38±6 34±9 35±3 40±6 38±7 35±4 41±10 39±5 37±5 44±11 42±8 38±5 43±9 43±7 38±5 48±12 44±6 41±7 44±11 45±7# *
40±8 46±14 45±9 # *
PaO2 (mmHg) S KS Ki 107±8 102±22 116±40 266±68# 192±64# 215±86 284±67# 209±72# 247±100 308±89# 227±71# 269±90 323±97# 206±69# 259±103 327±78# 228±80# 264±107
355±81# * 227±82#
281±101#
364±79 # * 215±67#
262±+91
354±81 # * 208±66#
242±75
370±112 # * 168±61# @
210±70 SO2 (%) S KS Ki 98,8±0,2 97,0±3,0 98,3±1,1 99,8±0,1# 99,4±0,4# 99,0±1,0 99,8±0,1# 99,5±0,3# 99,4±0,7 99,8±0,1# 99,6±0,2# 99,5±0,3 99,9±0,1# 99,1±1,3# 99,3±1,0 99,9±0,04# 99,4±0,8# 99,3±0,6 99,9±0,1# 99,5±0,3# 99,5±0,4 99,9±0,1# 99,5±0,4# 99,4±0,5 99,9±0,04# 99,5±0,4# 99,5±0,4 99,9±0,1# 99,4±0,5# 99,2±0,7 HCO3 (mmol/L) S KS Ki 25,8±2,2 23,4±1,3 23,2±3,0 23,3±1,8 22,3±1,4 24,3±2,8 23,7±1,7 24,0±1,7 24,0±1,6 23,7±0,6 25,1±1,9 24,6±1,5 24,0±0,8 25,2±2,3 24,7±1,0 24,4±0,7 25,0±2,5 25,1±1,1 24,2±1,3 24,8±1,4 24,5±0,5 24,7±1,2 25,3±2,6 24,6±0,5 25,0±1,9 24,0±1,8 23,8±0,9 24,3±3,0 25,0±2,4 23,5±1,8 EB (mmol/L) S KS Ki 0,9±1,6 0,1±0,7 0,1±2,1 0,1±1,0 -0,9±1,3 1,4±1,7 0,1±1,1 0,01±1,1 0,8±1,0 0,1±1,2 0,8±1,2 0,5±1,4 0,3±1,2 0,6±1,2 0,4±1,4 0,4±1,2 0,06±1,5 0,3±0,9 0,05±1,8 -0,2±1,5 -0,6±1,1 0,1±1,8 -0,7±1,4 -0,9±1,4 0,1±2,4 -1,4±1,5 -2,1±1,4# * †
-0,4±2,7 -0,4±1,8 -2,3±1,0# * † TR (°C) S KS Ki 37,2±0,3 37,4±0,6 37,3±0,2 37,1±0,4# 37,8±0,4 37,8±0,4# 37,1±0,4# 37,7±0,7# 37,4±0,5 37,9±0,4# 37,3±0,6* 37,4±0,3 36,7±0,5* 37,2±0,4* 37,2±0,4 36,6±0,5* 37,2±0,4* 37,1±0,4# * †
36,6±0,4* 37,1±0,5* 37,0±0,4# * †
36,5±0,5# * † 37,0±0,4# * † 37,0±0,3# * †
36,6±0,6# * † 36,8±0,6# * † 37,0±0,3# * †
Tabela 3 - Mediana e mínimo/máximo dos escores de recuperação de equinos (n=6) anestesiados com sevofluorano em associação com a injeção subaracnóidea de cetamina (KS), cetamina + ifenprodil (Ki) ou NaCl 0,9% (S), FCAV/UNESP - Jaboticabal, 2014.
Não houve diferença significativa entre os grupos, teste de Kruskal-Wallis (p˂0,05).
Tabela 4 – Valores médio ± desvios-padrão do tempo de recuperação, em minutos, de equinos (n=6) anestesiados com sevofluorano em associação com a injeção subaracnóidea de cetamina (KS), cetamina + ifenprodil (Ki) ou NaCl 0,9% (S), FCAV/UNESP - Jaboticabal, 2014.
Não houve diferença significativa entre grupos, teste de Student Newman Keuls, p˂0,05.
5.4.1 Análise descritiva da qualidade da recuperação anestésica
Os grupos KS e Ki apresentaram pior transição do decúbito lateral para o esternal, assim como para quadrupedal. Os animais foram acometidos por paresia dos membros pélvicos, variando de leve a severa, o que não permitia o progresso na
Grupos
S KS Ki
Escores Mediana Mínima/Máxima Mediana Mínima/Máxima Mediana Mínima/Máxima
I. Atitude geral 2 1/8 6 1/10 4 3/8
II. Decúbito lateral 1 1/5 3 1/3 3 1/5
III. Decúbito esternal 1 1/10 5 0/5 1 1/10
IV. Tentativas para
esternal 4 1/41 8 1/17 11 3/15
V. Fase esternal 2 1/6 6.5 1/7 4.5 1/7
VI. Posição
quadrupedal 1 1/1 3 1/10 1 1/3
VII. Força e resistência 1 1/6 3 1/10 1 1/10 VIII. Tentativas para
estação 2 1/3 3.5 0/8 4.5 1/20
IX. Equilíbrio e
coordenação 1 1/1 5.5 3/10 2 1/8
X. Flexão das falanges 1 1/1 3 1/5 1 1/3
Total 24.5 13/79 50 19/77 38.5 28/73
Grupos
S KS Ki
recuperação, permanecendo grande parte do tempo em decúbito lateral e esternal com inúmeras tentativas improdutivas, e alto risco de traumas.
Embora o tempo de recuperação também não tenha apresentado diferença estatística, foi observado que os animais tratados (KS e Ki), tinham condições de ficar em posição quadrupedal, porém devido à paresia dos membros pélvicos, isto não ocorreu. O tempo máximo de paresia encontrado foi de 40 minutos após o término da administração sevofluorano.
5.5 Consumo de dobutamina e fluidoterapia
Não houve diferença entre os grupos em relação ao consumo de dobutamina e fluidoterapia, conforme descrito na tabela 5.
Tabela 5– Valores médio e desvios-padrão do consumo de dobutamina (µg/Kg/min) e fluidoterapia (ml/Kg) de equinos (n=6) anestesiados com sevofluorano em associação com a injeção subaracnóidea de cetamina (KS), cetamina + ifenprodil (Ki) ou NaCl 0,9% (S), FCAV/UNESP - Jaboticabal, 2014.
Não houve diferença significativa entre os grupos, teste de Student Newman Keuls, p˂0,05.
Grupo Dobutamina (µg/Kg/min) Fluidoterapia (ml/Kg)
S 1,67±0,83 20±4
KS 2,17±1,17 20±3