• Nenhum resultado encontrado

Adiaspiromicose humana: lesões cicatriciais em linfonodos do mediastino.

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2017

Share "Adiaspiromicose humana: lesões cicatriciais em linfonodos do mediastino."

Copied!
2
0
0

Texto

(1)

1 7 7

RELATO DE CASO/CASE

REPORT

Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical 37( 2) :177-178, mar-abr, 2004

Adiaspiromicose humana: lesões cicatriciais

em linfonodos do mediastino

Human adiaspiromycosis: cicatricial lesions

in mediastinal lymph nodes

Már io A.P. Mor aes1 e Mar ia Iolanda Gomes1

RESUMO

Em p a c i e n te d e 6 0 a n o s, se x o m a sc u li n o , c o m d i a gn ó sti c o ra d i o grá f i c o d e m a ssa tu m o ra l n o p u lm ã o d i re i to - d e p o i s re c o n h e c i d a , p o r m e i o d e b i ó p si a tra n sb rô n q u i c a , c o m o d e n a tu re za m a li gn a - , n ã o se d e sc o b ri u q u a lq u e r e vi d ê n c i a to m o grá f i c a d e m e tá sta se s a d i stâ n c i a . Re so lve u - se e n tã o , p a ra f i n s d e e sta d i a m e n to d a n e o p la si a , o b te r m a te ri a l d e lin fo n o do s m e dia stin a is. O e xa m e m ic ro sc ó pic o de sse m a te ria l n ã o de m o n stro u in va sã o n e o plá sic a , m a s re ve lo u a pre se n ç a d e gra n u lo m a s e m a va n ç a d o e stá d i o d e f i b ro se , c o n te n d o ra ra s e stru tu ra s re d o n d a s, va zi a s, d e p a re d e e sp e ssa e , q u a se se m pre , c o la psa da , q u e fo ra m re c o n he c ida s c o m o a dia c o n ídio s de Emmonsia c resc ens. Ha via a in da , n o s c o rte s histo ló gic o s, gra n de q u a n ti da de de pi gm e n to a n tra c ó ti c o .

Palavr as-chave s: Adi a spi ro m i c o se . Emmonsia c resc ens. Mi c o se pu lm o n a r.

ABSTRACT

Che st ro e n tge n o gra m o f a sixty- ye a r- o ld m a le pa tie n t, re ve a le d a tu m o ra l m a ss in the right lu n g, tha t wa s la te r de m o n stra te d b y tra n sb ro n c hia l b io psy, to b e a b ro n c ho ge n ic a de n o c a rc in o m a . The re wa s n o to m o gra phic e vide n c e o f dista n t m e ta sta sis, h o we ve r, i n o rd e r to a sse ss th e m e d i a sti n a l i n vo lve m e n t f o r sta gi n g o f th e tu m o r, b i o p si e s f ro m th e re gi o n a l lym p h n o d e s we re o b ta i n e d . Mi c ro sc o p i c e x a m i n a ti o n o f th e sa m p le ti ssu e s f a i le d to sh o w a n y m e ta sta ti c le si o n , b u t, u n e x p e c te d ly, re ve a le d th e p re se n c e o f c i c a tri c i a l gra n u lo m a s i n a n a d va n c e d sta ge o f f i b ro si s. Th e y c o n ta i n e d a f e w ro u n d , e m p ty a n d c o lla pse d c o rpusc le s, lim ite d b y a thic k PAS- po sitive , m e m b ra ne . The se struc ture s we re ide ntifie d a s a dia c o nidia o f Emmonsia crescens, the e tio lo gic a l a ge nt o f hum a n a dia spiro m yc o sis. In the tissue se c tio ns, a la rge a m o unt o f c a rb o n dust ( a nthra c o sis) wa s a lso se e n .

Ke y-wor ds: Adi a spi ro m yc o si s. Emmonsia c resc ens. Pu lm o n a ry m yc o si s.

1 . Centro de Anato mia Pato ló gic a do Ho spital Universitário de B rasilia, B rasília, DF.

En de r e ço par a cor r e spon dê n cia: Dr. Mário A.P. Moraes. Centro de Anatomia Patológic a/HUB , Via L2 Norte, SGAN 6 0 4 /6 0 5 , Módulo C. 7 0 8 4 0 -0 5 0 B rasília, DF. Fax: 5 5 6 1 4 4 8 -5 3 8 8

e-mail: c aphub@ unb.br

Rec ebido para public aç ão em 1 1 /9 /2 0 0 3 Ac eito em 5 /3 /2 0 0 4

A adiaspiromic ose é uma doenç a fúngic a sistêmic a, de localização pulmonar, na qual os microrganismos responsáveis, pertenc entes ao gênero Em m o n si a , não se reproduzem na fo r m a te c idua l. Os e le m e nto s c o nta gia nte s ( c o nídio s) , produzidos pela forma saprofític a ou mic eliana do fungo, pelo seu pequeno tamanho ( 2 a 4 µm) , uma vez inalados, alc anç am facilmente os alvéolos pulmonares. Ai, por influência certamente da temperatura corporal, aumentam de volume, transformando-se em c o rpúsc ulo s esféric o s, de membrana espessa – o s adiac onídios. Eles podem atingir 5 0 0 µm ou mais de diâmetro na espéc ie E. c re sc e n s, enc ontrada no homem.

Emb o r a não se r e pr o duzam no s te c ido s, o s c o nídio s de

E. c re sc e n s, ao se desenvo lverem, pro vo c am uma reaç ão inflamatória, de natureza exsudativo-granulomatosa, por parte do hospedeiro, cuja intensidade está relacionada com o número de c onídios inalados. A reaç ão é individual ( em torno de c ada c onídio) , mas em exposiç ões mac iç as, pode haver c onfluênc ia das lesões e, desse modo, vastas áreas dos pulmões fic am c omprometidas. Casos de óbito, devidos a exposiç ões assim, c om exensas c ondensaç ões, já foram referidos1 3. Com a morte

dos adiac onídios – por enc erramento do c ic lo vital, depois de alguns meses nos tec idos, as alteraç ões inflamatórias dec linam

(2)

1 7 8

Mo r a e s MAP a nd Go me s IO

e c o meç a a c ic atr izaç ão . Fib r o se c o nc êntr ic a é o pr o c esso mais c omum quando há formaç ão de granulomas. A regressão n a tu r a l d a s l e s õ e s , n a m a i o r i a d o s c a s o s , fa z d a adiaspiromic ose uma infeç c ão autoc urável, que pode mesmo passar desper c eb ida nas fo r mas leves, isto é, c o m po uc o s adiac onídios.

RELATO DO CASO

Paciente do sexo masculino, 60 anos, solteiro, agricultor, natural do Estado de Pernambuco, ex-tabagista, veio à consulta em janeiro de 2003, por causa de dor no tórax, tosse e hemoptises, manifestações surgidas havia cerca de dois meses. Uma radiografia do tórax revelou massa tumoral ( 8 x6 cm) no lobo superior do pulmão direito. Tomografias computadorizadas do crânio, abdome e tórax não evidenciaram metástases, porém mostraram nódulo hipodenso na adrenal esquerda. Em fevereiro, uma biópsia transbrônquica da massa pulmonar teve como resultado histopatológico adenocarcinoma moderadamente diferenciado. Já o exame do material obtido por biópsia, guiada por tomografia computadorizada, da adrenal não confirmou a existência de metástase.

Ainda em fevereiro, com a finalidade de estadiamento da neoplasia, foram feitas biópsias dos linfonodos mediastinais, em vários níveis, por mediastinoscopia. O material, assim obtido, falhou em demonstrar a presença de metástases, mas nos cortes histológicos, ao lado de intensa antracose, havia lesões nodulares, granulomatosas, com fibrose concêntrica na periferia ( Figura 1 ) . Em algumas delas descobriram-se corpúsculos redondos, vazios, alguns já em colapso, com membrana espessa, PAS-positiva e que também se deixava impregnar pela prata-metenamina ( Grocott) Figura 2 . Podiam alcançar 400µm de diâmetro e foram identificados, pela forma e tam anho , c o m o adiac o nídio s de E. c re sc e n s, age nte da adiaspiromicose humana.

DISCUSSÃO

No presente c aso de adiaspiromic ose humana, já em fase de c ic atr izaç ão , desc o b er to ac identalmente, a pr esenç a do fungo , sem dúvida, passar ia desper c eb ida no pac iente não fossem as manifestaç ões devidas à neoplasia pulmonar. Como o s gr anulo m as par e c iam e star to do s no m e sm o e stádio evo lutivo , em r egr essão , é de supo r-se que o inó c ulo tenha sido únic o e limitado. A exposiç ão teria oc orrido alguns meses antes, por já estarem todos em fase avanç ada de c ic atrizaç ão. A m a ne ir a c o m o o s c o nídio s c he ga r a m a o s linfo no do s mediastinais, tal c o mo j á r efer ido anter io r mente2, em c aso

que envolvia os linfonodos hilares, tem explic aç ão na intensa antr ac o se o b ser vada nesses ó r gão s ( Figura 3 ) . É pr o vável que o s mac r ó fago s alveo lar es, atr aído s pelas par tíc ulas de c ar vão dentr o do s alvéo lo s pulmo nar es – o pac iente er a tab agista e só par o u de fum ar q uando lhe sur gir am as manifestaç õ es da do enç a princ ipal – , também fago c itassem o s c o nídio s do inó c ulo , tr anspo r tando -o s depo is par a o s linfo no do s, o nde eles se transfo rmariam em adiac o nídio s.

Fi gu ra 2 - Ad i a c o n í d i o , já e m c o la p so , n o c e n tro d e gra n u lo m a c o m f i b ro se c o n c ê n tri c a n a p e ri f e ri a . Gro c o tt 1 0 0 x .

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1. Moraes MAP, Almeida MC, Raic k AN. Caso fatal de adiaspiromic ose pulmonar humana. Revista do Instituto de Medic ina Tro pic al de São Paulo 3 1 :1 8 8 -1 9 4 , -1 9 8 9 .

2. Mo raes MAP, Go mes MI, Vianna LMS. Adiaspiro mic o se pulmo nar: ac hado c asual em pac iente falec ido de febre amarela. Revista da Soc iedade Brasileira de Medic ina Tro pic al 3 4 :8 3 -8 5 , 2 0 0 1 .

3. Peres LC, Figueiredo F, Peinado M, So ares FA. Fulminant disseminated pulmo nar y adiaspir o myc o sis in humans. Amer ic an Jo ur nal o f Tr o pic al Medic ine and Hygiene 4 6 :1 4 6 -1 5 0 , 1 9 9 2 .

Fi gu ra 3 - Nó d u lo f i b ro so , e stá d i o f i n a l d o s gra n u lo m a s p ro vo c a d o s p e lo s a d i a c o n í d i o s. No ta r a a n tra c o se n o te c i d o li n f ó i d e . HE 1 0 0 x .

Referências

Documentos relacionados

De acordo com a literatura, é necessário o tratamento do pó cerâmico com etilenoglicol e aquecimento térmico para o monitoramento por XRD do comportamento do pico

utiliza-se o procedimento de modelagem descrito no capítulo anterior para avaliar numericamente o efeito do enrijecimento por tensões residuais de soldagem sobre as

No curso, sobre o vídeo assistido, perguntamos aos participantes como eles comparavam o uso de software para o ensino de Matemática com outros recursos

A palavra Ética deriva da palavra grega Ethos e na perspectiva de Aristóteles (1976) traz uma forte conotação social. A harmonia da vida na Polis depende da prática social da

O problema de programação não linear (PNL) consiste na minimizaçã.o de uma função objetivo sujeita a um conjunto de restrições. Usualmente este conjunto de

Considerando que a maioria dos dirigentes destas entidades constituem-se de mão de obra voluntária e na maioria das vezes sem formação adequada para o processo de gestão e tendo

Selecionou-se 63 prontuários que atendiam aos critérios estabelecidos para a pesquisa: registro de pacientes adultos e idosos classificados por prioridade

Esses riscos e incertezas incluem, mas não são limitados à habilidade de gestão da MVP Capital, bem como aspectos econômicos, competitivos, governamentais e tecnológicos que