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Uma proposta para o ensino de mecânica quântica.

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Uma Proposta para o Ensino de Me^ania Qu^antia

Ileana MariaGrea, Maro Antonio Moreira, Vitoria E.Hersovitz

InstitutodeFsia,UFRGS,

CaixaPostal15051, 91501-970,PortoAlegre,RS

Reebidoem27deAbrilde2001. Aeitoem22deOutubrode2001.

Emdeorr^eniadosavanos datenologiaqu^antia,omofazerparaqueestudantesdeursosde

Ci^eniasExataseEngenharia ompreendammelhoroneitosentraisdaMe^aniaQu^antia

tem-seonvertidoemumtemaatualdepesquisanaarea deensinodeCi^eniasemnvelinternaional.

Nestetrabalhoapresentamosafundamenta~aoteoriadeumapropostadidatiaqueapontaneste

sentidoeosresultadosdasuaimplementa~aoemursosdeEngenharia.

Asaonsequeneoftheadvanesofquantumtehnology,howtohelpsieneandengineeringmajors

toget abetter understanding of keyquantummehanialonepts has beameaontemporary

researhtopi insiene teahing atinternationallevel. Inthis paperwe present the theoretial

framework of adidatial approahin this diretion as well as the results of its implementation

withengineeringstudents.

I Introdu~ao

A ompreens~ao dos estudantes sobre oneitos de

Me^aniaQu^antia,oaprimoramentodoseuensinoem

nveluniversitarioesuainorpora~aonoensinomedio

t^emseonvertidoemtemasatuaisnapesquisaem

En-sinodeCi^enias. Aindaqueatehojeaspesquisas

publi-adasaesterespeitosejamesassas[1℄,emompara~ao

om outras areas omo a Me^ania ou o

Eletromag-netismo,nosultimosanosonumerodetrabalhos

apre-sentadosaesterespeito(antesrestritosprinipalmente

amodelosat^omios)tantoemongressoseonfer^enias,

naionais e internaionais, omo nas revistas da area

temresidonotavelmente[2℄.

Demaisdizerqueeste interesseemuitojustiado.

EmpareriaomaRelatividade,aMe^aniaQu^antia

eagrandeestreladoseuloXX.Basedesustenta~aoda

fsianulear,at^omia,moleularedoestadosolido,da

fsiadaspartulaselementaresedaluz,seusimpatos

pratiosatingem hoje asmais variadasaplia~oes,

be-neiandoateamposdepratiidadeimediataomoas

Ci^eniasdaSaudeeasEngenharias.Maisainda,os

de-senvolvimentosreentesnaminiaturiza~aoeletr^onia e

nananotenologiat^emintroduzido, ateno mundo dos

negoios,dispositivos que somente podem ser

apreia-dos a partirdos prinpios da Me^ania Qu^antia [3℄.

Seateagoraesteonheimentoestavareservadoaos

es-tudantesdeFsiaedeQumia,pareeinevitavelque

a maioria dos prossionaisdeste novoseulo deva ter

umonheimentoaesterespeitobemmaisaprofundado

queoneessarioateent~ao.

Certamente,ensinarMe^aniaQu^antian~aoeuma

tarefa fail. Seus prinpios fogem da vis~ao lassia

de mundo que possumos, fazendo que a maioria

de-leslevemaonsequ^eniasqueresultam\antiintuitivas".

Assim, as implia~oes resultantes de oneitos omo

osdesuperposi~ao de estados, prinpio de inerteza 1

,

dualidadeonda-partula,distribui~aodeprobabilidades

en~aoloalidade ontinuamatehojeprovoando

aalo-radosdebates,sendoalvodertiasatemesmo

daque-lesqueontriburamamolda-la.

Poroutra parte, a abordagem tradiional das

dis-iplinas introdutorias para os ursos de Ci^enias

Ex-atassalientaaspetoshistorios,queapelammaispara

as araterstias lassias dos sistemas do que para

as qu^antias, e dos oneitos qu^antios antes

enuni-ados, os estudantes reebem, sobretudo, informa~oes

na forma de equa~oes 2

, om pouo vnulo om a

fenomenologia. Alem disto, aforma omo ela e

apre-sentadadefrontaosestudantesomuma seriedefatos

ujaraionalidadeterminaresultandoduvidosa[4℄,em

ontraposi~ao ao ensino das areasda Fsia Classia,

quesalientaoraioniologioepreisoque

arateri-zaa\raionalidade"fsia. Comoonsequ^eniadisto,a

Me^aniaQu^antiaeonsideradaomomateriadifil,

ompouasliga~oesomomundorealeate\esoteria",

1

Aindaqueooneitodeinertezaestejaassoiadotambemaooneitolassiodeondas,adquireoutrosigniadonoontextoda

Me^aniaQu^antia,sendoestendidoaqualquerpardeobservaveisn~aosimult^aneosrelativosaosobjetosqu^antios.

2

(2)

sendo seus oneitos n~ao ompreendidos pelos

estu-dantes [5-7℄. Emresumo, asabordagenstpiasdestes

ursos n~aoriamondi~oesparaqueosalunos

apreen-dam a nova forma de pereber os fen^omenos

deor-rente dos prinpios da Me^ania Qu^antia e ursos

subsequentes,mais tenios,quen~ao disutemas

on-ep~oes em que se baseiam os enuniados da teoria,

tambemn~aoonseguemfazerisso[6℄,[8℄.

Estesfatoresonduzemaqueodesenvolvimentode

estrategiasdidatiasquefavoreamaaprendizagem

sig-niativa da Me^ania Qu^antia se tornem temas de

pesquisa relevante. Neste trabalho apresentamosuma

propostaquefoiimplementadanoIF-UFRGSdurante

os semestresletivos1999/1e2,emtr^esturmasda

dis-iplina de Fsia IV (onde estes onteudos s~ao

tradi-ionalmenteintroduzidos)dasarreirasdeEngenharia

e Qumia,ujo objetivofoi, fundamentalmente,

auxi-liarosestudantesavisualizarfen^omenosmirosopios

a partir dosprinpiosda Me^ania Qu^antia. Os

re-sultados que apresentamos,noentanto, s~aoosobtidos

na primeira implementa~ao da mesma (estudo piloto,

primeirosemestrede1999).

II Fundamenta~ao da proposta

em termos de aprendizagem

As pesquisas desenvolvidas pelo Grupo de Ensino do

IF-UFRGS nos ultimos anos t^em-nos levado a

onsi-derar, omo india Feyerabend [9℄, que ertas teorias

ientas{eempartiularasfsias|possuem

deter-minadas araterstiasproprias dalinguagemnatural

e, por isso, para poder aprend^e-las epreiso aprender

novas rela~oes de perep~ao e oneituais, trazendo a

luz onep~oes oultas nos signiadosdos seus

enun-iados. O referenial teorio om o qual trabalhamos

foi a teoria dos modelos mentais de Johnson-Laird

[10℄; [11℄. Segundo ela, um modelo mental e uma

re-presenta~ao interna que atua omo um analogo

estru-tural de situa~oesouproessos. Sua fun~aoe ade dar

onta do raionio dos indivduos tanto quando

ten-tam ompreender o disurso omo quando tentam

ex-pliar ou predizer o omportamento do mundo fsio.

Segundo estas teoria, a apaidade para inueniar,

ontrolar, iniiar ou predizer um fen^omeno fsio que

estanabase dasuaompreens~aoderivadaonstru~ao

de modelos de trabalho desse fen^omeno. Frente a

uma situa~ao, tanto os elementos esolhidos para

in-terpreta-la omoasrela~oesperebidasouimaginadas

entreelesdeterminamumarepresenta~aointernaquee

analogo-estruturalomarealidadeperebida,demodo

que atua omo substituto dessa realidade. Da

ma-nipula~ao desses substitutos apareem propriedades e

rela~oesn~aoexplitasdosistemaquepodemser`lidas'

demaneiradireta,failitandoarealiza~aodeinfer^enias

e predi~oes. Segundo Johnson-Laird (1983), os

mode-dadedeperep~aodosorganismosomsistemanervoso,

sendoaperep~aooqueestabeleeamedia~aoentreo

mundo e o homem. Assim, os humanos (e

possivel-mente outrosseresvivos)n~aoapreendemomundo

di-retamente sen~aoatravesdeuma representa~aointerna

dele,poisaperep~aoimpliaaonstru~aodemodelos

mentais.Ouseja,aperep~aodequalquersitua~aoesta

ondiionadapelosmodelosmentaisquesomosapazes

deonstruir. Alemda perep~ao, osmodelosmentais

podem ser onstrudos a partir da experi^enia ja

in-ternalizadae da intera~ao om tereiros, omo vimos

noasodo disurso. Osmodelosmentais geradospor

estas fontes podem inueniar-se mutuamente; a

per-ep~ao,porexemplo,podeserinueniadapelos

mode-losgeradospelaintera~aoomtereiros(pense-seomo

semodianossaperep~aodosrudosnoturnosdepois

daleitura deumanovela deterror)evie-versa.

Den-trodateoriapostula-sequeexistem ertosoneitose

proedimentos primitivos,i. e,inatos. Osdemais

on-eitosdevemseronstrudosviamodelosmentais,que

dever~aoserapazesderepresentartantoasuaess^enia

quanto asua amplitude. O nuleo do modelomental

do oneito representara a ess^enia deste, ou seja, as

propriedadesaraterstiasdo estadode oisas queo

oneito desreve - por exemplo, o nuleo do modelo

mentaldooneitodetelefoneelularinluiano~aoda

omunia~ao sem os- enquanto aamplitude do

on-eito estara determinada pelos proedimentos de

ma-nipula~aodosmodelos,deformaadeniroonjuntode

estadosdeoisaspossveisqueooneitodesreve-no

exemploanterior,telefone elular digitalouanalogio.

Este proesso de onstru~ao dos oneitos via

mode-los mentais tambem e valido, segundo Johnson-Laird

(ibid.,p.415)paraosoneitosabstratos. \Coneitos

semfunda~ao [em modelosmentais℄diilmente s~aoa

basedetodasasfrasesabstratas;nomomento emque

os indivduos adquirem uma lara intui~ao aera de

omoomundotemdeserparaqueumaarma~aoseja

verdadeira,devemter transendidoumarepresenta~ao

meramente proposiional". Os nuleos direionam a

forma~aodosmodelosmentaispoisdeterminamaforma

omoofen^omenoe\visualizado". Tomemosum

exem-ploamplamentedisutidoomoeodooneitodefora.

Paraosestudantes,umaaraterstiaessenialdo

on-eitoearela~aoausalsimplesentreforaemovimento,

enquanto oessenialdetal oneitonavis~aodaFsia

Classiaeaintera~ao. Essesdoisnuleos determinam

formasdiferentesdevisualizarosfen^omenosvinulados

ao oneito de fora, envolvendoa onstru~ao de

mo-delosmentais\essenialmente"distintosemadaaso.

Estadiferenanaformadevisualiza~aodosfen^omenos

seria umdos fatores para as diuldades que os

estu-dantest^emomosoneitosdaFsiaClassia. Apesar

daimport^ania destaquest~ao, ela raramentee

explii-tadanoensinodaMe^aniaClassia.

(3)

antes,seusfundamentosdeterminamumaformade

per-ep~ao dos fen^omenos mirosopios diferente da

pro-porionada pela Me^ania Classia. Desde este

refe-renial, ent~ao, as diuldades que os estudantes

uni-versitariosenfrentamparaaompreens~aodaMe^ania

Qu^antiaderivamfundamentalmentedadiuldadede

substituir os nuleos dos modelosmentais queservem

paraexpliaro`mundolassio',impedindo-osde

ons-truir modelos mentais que lhes permitam visualizar

\quantiamente" osfen^omenos mirosopios. Nesses

nuleos deveriam estar inorporados, entre outros, os

oneitos de superposi~ao de estados, dualidade

onda-partulae araterprobabilstio dos resultados de

me-didas.

Aquest~aoe,ent~ao, omofazer para que osalunos

gerem modelos mentais adequados para a perep~ao

qu^antia dos fen^omenos mirosopios. Areditamos

que uma solu~ao possvel seja, sobretudo em ursos

introdutorios, salientar diretamente as araterstias

qu^antias dos sistemas ao inves de busar analogias

lassiasquereforamasonep~oeslassiasdos

estu-dantes,eusufruir dasinumerasexperi^eniasomuma

oupouaspartulas,disponveishojeemdia,emgeral

oneitualmente simples, para que os estudantes

pos-sam familiarizar-se om a \perep~ao" qu^antia. De

algumaforma,taisreentesexperi^enias{muitasdelas

realiza~oesfsiasdosantigos\gedanken-experiments",

outras visando derrubar mitos lassios as vezes

em-butidos emparadoxos{propiiamaforma~aodeuma

novagera~aode fsiosque vem adquirindo uma

om-preens~aonatural,\intuitiva", dosfen^omenosqu^antios

[13℄. Ainda quen~aosepretendaqueestudantesde

ou-trasarreiraspossam atingirtalnveldeompreens~ao,

areditamos que esta proposta [14℄ pode ser uma

al-ternativaviavelparaumensinomaiseientedos

on-eitos basiosde Me^ania Qu^antia nosursos

intro-dutorios. Aabordagemaquipropostaeentendidaomo

fenomenologio-oneitual. Fenomenologia para

pro-piiararia~aodeumanovaperep~ao,eoneitualna

medidaemqueosfen^omenosesolhidosdevemser

su-ientementesimples(elementares)edirigidosdeforma

a que a ess^enia sem^antia dos (primeiros) oneitos

envolvidosqueevidente.

III Disuss~ao dos oneitos

fsios fundamentais

Dada a posi~ao singular que a Me^ania Qu^antia

oupa dentro da Fsia { ainda que seu modelo

matematio, seu formalismo abstrato, esteja

rme-menteestabeleido 3

,ainterpreta~aodateoriaontinua,

omoindiamosnaIntrodu~ao,aindahoje,provoando

airradosdebates {, onsideramos importante

eslare-er que neste trabalho adotamos a interpreta~ao da

Me^ania Qu^antia deorrente da formula~ao de Von

Neumann. Diferentementedainterpreta~aode

Copen-hague, nainterpreta~aoortodoxaosestadosqu^antios

(representadospela fun~aode onda) possuemuma

re-alidade independente da medida 4 5

. Embora o

de-bate dessas quest~oes e o onfronto entre as

distin-tas interpreta~oes se onvertam, semduvida, em uma

experi^enia que permite apreiar profundamente as

brehas entre osoneitos lassios e qu^antios,

are-ditamos, porem, que primeiro e indispensavel que os

estudantes aprendamos oneitosbasiosem uma

in-terpreta~ao { e neste aso por que n~ao na da

inter-preta~ao ortodoxa, ou seja, aquela aeita usualmente

nos meios aad^emios [16℄{, antes de poder se

on-frontaromoutrasinterpreta~oes. Sem opre-requisito

daompreens~aodeumainterpreta~ao(aortodoxa,por

exemplo),outrasinterpreta~oesamsemsustenta~ao.

A estrategia didatia pretende, ent~ao, tornar

palpaveisalgunsdosprimeirosprinpiosque,emnosso

entender,s~aofundamentaisparaompreenderomundo

mirosopio,devendoestar,portanto,nosnuleosdos

modelosmentaisneessariosparaaompreens~aodeste

mundo. Apresentamos, aseguir, uma brevedesri~ao

dainterpreta~aoutilizadanapropostaparaosoneitos

queonsideramosentraisparaestaproposta.

Superposi~ao de estados

O prinpio da superposi~ao de estadose

onside-rado por alguns pesquisadores omo o postulado zero

da Me^ania Qu^antia, sendo a superposi~ao de

esta-dosumoneitofundamentaltantoparaentender-seo

mundo mirosopio,omo tambempara ilustraruma

onep~ao que, ainda que om a mesma formula~ao

matematianasteoriasqu^antiaelassia,impliaem

signia~oesompletamente diferentes.

Emlinguagemvetorial-ondeadavetorrepresenta

3

Como bem observa Jammer [15℄, nenhum outro formalismo om uma estrutura drastiamente diferente daquela da Me^ania

Qu^antiafoijamaisaeitoomoalternativa.

4

Emboran~aopossuam,emgeral,propriedadesdin^amiasespeas.

5

FreireJr. (omunia~aopessoal)ressalta, noentanto, que n~aoepossvelassoiarexlusivamente umainterpreta~aoobjetiva da

Me^aniaQu^antia(atribuirumaraterobjetivoaooneitodeestadodeumsistemaqu^antio,tornando-omenosdependentedos

pro-essosdemedi~ao)ainterpreta~aodeorrentedaformula~aodevonNeumann. Segundoele,aabordagemdevonNeumann,tratando

osaparelhosdemedi~aoomoobjetosqu^antios,diluiuoslimitesentreomundootidianoeomundoqu^antio,abrindoapossibilidade

deseogitardeumaintera~aosigniativaentreaonsi^eniadopesquisadoreosistemaqu^antio,posturaqueinaugurouumalinha

deabordagemsubjetivistadoproblemadamedidadesenvolvidaposteriormenteporLondon,Bauer,vonWeizskereWigner(embora

opropriovonNeumannn~aotenhadisutidootema). FreireJr. ressaltatambemque,em1999,MihelPaty[17℄prop^osumaextens~ao

(4)

umestadopuro-esteprinpiopodeserexpressoomo

segue.

Se os vetoresj'

1

> e j'

2

> representampossveis

estados(puros)deumsistema,qualquervetorj'

3 >= 1 j' 1 >+ 2 j' 2

> representa tambem um possvel

es-tadodosistema.

Tal prinpio n~ao pode formar parte de uma

teo-ria determinista, pois nestas teorias, ainda que

qual-quer vetor j'> possa seresrito omo umsomatorio

de vetores j'

i

>, n~ao podemos onsiderar qualquer

vetor onstrudo desta forma omo representando um

possvel estado (puro) om realidade fsia. Ou seja,

restringindo-nos ao aso bidimensional, onde existem

dois possveis resultados x

1 e x

2

para uma dada

me-dida, representados pelos subespaos E

1 e E

2

, os

ve-tores (normalizados) j'

1

> e j'

2

>, pertenentes aos

subespaosE

1 eE

2

,respetivamente,podem

represen-tar estadospuros, enquanto ovetor j'

3 >= 1 2 j' 1 > + 1 2 1=2 j' 2

>,emumateoriadeterminista,n~aopode.

Poristo,Dira[19℄ armaqueamaiordiferena entre

aMe^aniaClassiaeaMe^aniaQu^antiadeorredo

prinpiodesuperposi~aodeestados.

Portanto,umateoriaqueinluaesteprinpiodeve

ser inerentemente probabilstia: as probabilidades de

resultados deumdeterminadoexperimentopodem ser

diferentesde0ou1[20:108℄. Rompe-se,destaforma,a

identidadequeaFsiaClassiaestabeleeentreestado

de umsistema eresultadodeuma medi~ao, ouseja,o

resultado de uma unia medi~ao n~ao nos pode

infor-mar, emgeral,deformaompletaaeradoestadodo

sistemaantesdamedida,oorrendoapenasrela~oesem

formaprobabilstia.

Os questionamentos a \realidade fsia" deste

prinpio foram formulados pelo proprio Shrodinger,

naformadofamosoparadoxodogato,sendomuitasas

vozesadizerquea\superposi~aodeestados"esoum

efeitomatematiodeorrentedodesonheimentosobre

oestadodosistema. Estequestionamento,porem,tem

semostrado inorreto,havendo-seonseguidoveriar

a superposi~ao de estados em um unio sistema" em

pequena esala 6

[21℄. Poroutraparte,

desenvolvimen-tosteoriosreentes[22℄permitiramtornarmaislaroo

porqu^eden~aoseremobservadosefeitosdesuperposi~ao

na esala marosopia: basiamente, porque os

sis-temas marosopios n~ao s~ao sistemas fehados, mas

simqueinteragemdissipativamenteomomeio.

Oprinpiodasuperposi~aodeestadosetrabalhado

sem grandesdiuldadesmatematiaspelosalunosem

ursos tradiionais de Me^ania Qu^antia, quando se

analisam estados de norma nita. Contudo, para a

maioriadosestudanteselesetornaapenasuma

deom-posi~ao matematia, sem uma ontrapartidana

reali-dade fsia, identiando-se om a onep~ao lassia

[8℄. Diilmente osestudantes sedeparam, em ursos

introdutorios (e ate em alguns mais avanados), om

asnuanesdesteprinpioesuasonsequ^eniasfsias.

Mais ainda, apesar da sua import^ania, raramente e

disutido nos ursos introdutorios de Fsia Geral e

tambemraramenteapareenoslivrosutilizados nestas

disiplinas.

Dualidade onda-partula e Prinpio de

Inerteza

AssimomoparaDiraoprinpiodesuperposi~ao

linear de estados e o postulado mais importante da

Me^ania Qu^antia, para outros a dualidade

onda-partulaousuavers~aoformalizadanoprinpiode

in-ertezas~aoasinova~oesruiaisdaMe^aniaQu^antia.

Neste ontextodiz-seque, no mundo mirosopio, os

aspetos orpusulares e ondulatorios da materia s~ao

omplementares,ouseja,umsistemaqu^antiopode

exi-biraspetosorpusularesouaspetosondulatorios

de-pendendo doarranjoexperimental,masn~aoambosao

mesmo tempo 7

. Em deorr^enia, n~aoepossvel

mon-tarum dispositivoexperimental ondeosdoisaspetos

possam serreveladosaomesmotempo.

Esteaspetoomplementardomundomirosopio

eexpresso, no formalismo daMe^ania Qu^antia, nas

rela~oesdeinerteza. SegundooPrinpiodeInerteza,

enuniado por Heisenberg em 1927, dado um par de

grandezasfsiasAeB,representadaspelosoperadores

AeBquen~aoomutam,quantomaioreo

onheimen-to deuma delas emum dadoexperimento, menor eo

onheimentodaoutra. Matematiamente,

Se [A;B℄ 6= 0, ent~ao, AB ~

2

: sendo A a

inertezanooperadorAeB nooperadorB.

Este prinpio refere-se, ent~ao, aos tipos de

ob-servaveisque podem serenontrados nateoriaepode

ser lido desde duas perspetivas [25:ap.1℄. Por uma

partepodemosonsidera-loomoumapropriedade

fun-damental do estado fsio de um sistema qu^antio de

formaque,independentementedeomosejapreparado

tal estado, n~ao pode orresponder a valores preisos

de dois observaveis inompatveis; por exemplo, n~ao

pode ter valores preisamente denidos de posi~ao e

momento. No mesmo sentido, um paote de ondas

lassio n~ao pode ter valores perfeitamente denidos

de posi~ao e numero de onda. A outra leitura (que

6

Noparadoxooriginal,osestadosdogatoestavam\emaranhados"(verseguintenotaderodape)omosestadospossveisdoatomo.

Osestados quenaliteratura seonheem omo"estados dogatodeShrodinger",na verdade,n~aos~aoestadosemaranhadose,sim,

superposi~oesoerentesdeestadosdistinguveisdeumsistemaunio [23℄.

7

PessoaJr. [24℄hamaa este enuniadoda dualidade onda-partula de\vers~aoforte" (basiamente defendidoporNiels Bohr).

SegundoPessoaJr. (p. 29),oprinpiopodeserenuniadodeformamaisfraa,asaber: \Qualquerradia~aoondulatoriaedetetada

(5)

podeser pensada a partirdo \mirosopiode

Heisen-berg")eonsideraroPrinpiodeInertezaomouma

propriedade fundamental do proesso de medida, de

modo que a inerteza, por exemplo, no momento e

devida a perturba~ao do sistema no proesso de

me-dida. Ambasasleituras t^em,noentanto,uma raiz

o-mum: se odispositivo demedida, segundoaprimeira

leitura,apresentainertezasinevitaveis,

neessariamen-teamedi~aodeumagrandezaperturbaraaoutra;por

outraparte,asperturba~oesqueinevitavelmente

aom-panhamamedi~aodegrandezasinompatveisnos

im-pedir~aodeprepararumsistemaqu^antioemumestado

om valores simult^aneos bem denidos de grandezas

inompatveis. De qualquer forma, oPrinpiode

In-ertezaeumalimita~aoinerenteatodoatodemedi~ao

e n~ao pode sersuperado om os avanos tenologios

dos sistemas de medi~ao. Este limite natural anossa

apaidadede observa~aoleva-nos a abandonar ideias

entraisdavis~aolassiademundo,omoadoarater

fundamentalqueooneitodetrajetoriaoupaa.

Assimomo no aso doprinpio de superposi~ao,

toda teoria que ontenha um prinpio sobre

ob-servaveisinompatveiseinerentementeprobabilstia,

ouseja,permitequeasprobabilidadesderesultadosde

umdeterminadoexperimentosejam diferentesde 0ou

1. Somentesetodososobservaveisdeumateoriaforem

ompatveis(omoeoasodaFsiaClassia),ateoria

podeserdeterminstia.

Ainda que, tanto o prinpio de superposi~ao de

estados quanto o de inerteza, impliquem em teorias

probabilstias, os doiss~aooneitualmente diferentes,

ouseja,queumateoriatenhaobservaveisinompatveis

n~ao implia que estados puros possam ser somados e

vie-versa 8

.

O Prinpio de Inerteza nos permite estabeleer,

pela primeira vez na historia da Ci^enia, uma

es-ala \absoluta" de tamanho: o mundo at^omio e

subat^omioepequenonosentidoabsoluto,porque

qual-quer medi~ao efetuada nessa esalausarareursos da

mesma esala e podera afetar o resultado, de forma

que e preiso sempre indiar omo est~ao sendo

obser-vados os fen^omenos. Ou seja, na esala at^omia e

subat^omia existem limita~oes absolutas as

possibili-dades de medi~ao, quest~ao esta enfatizada por Dira

(1930)[19℄.

Osestudantes, porem, s~ao apresentados, em geral,

somente as formulas vinuladas ao Prinpio de

In-erteza, sem que sejam estabeleidas, pelo menos nos

ursosintrodutorios,assuasrela~oesomooneitode

dualidadeouomaideiadequantiza~ao. Assim,muitos

dosestudantesaprendemasformulassemsaberondeou

omoaplia-las. E,apesardeaeitar-sequeasrela~oes

deinertezan~aoemergemdeimperfei~oes

tenologia-mente superaveisnosdispositivosde medi~ao,estaea

interpreta~aomaisdifundidapossivelmenteporqueeste

eoontextoemqueosestudantesdei^enias

primeira-mente sedeparamomapalavra\inerteza" 9

[6℄,[8℄.

Carater probabilstio dos resultados de

medidas e problema da medida

AMe^ania Qu^antia, omodeorredosprinpios

disutidos anteriormente, e uma teoria inerentemente

probabilstia: enquantonaMe^aniaClassiao

resul-tado de ada medi~ao pode serprevisto om preis~ao

arbitraria,desde queoestadoiniialsejaonheido, a

Me^ania Qu^antia, nas mesmas ondi~oes, ofereeso

predi~oes probabilstias. A natureza dessas

probabi-lidades, poroutraparte, difere dasdaFsia Classia:

elasn~aoaonteemdevidoafaltadeonheimento,pois

afun~aode ondaontemtoda ainforma~ao aerado

estado de um sistema, e as densidades de

probabili-dades apresentam termos de interfer^enia porque s~ao

resultantesdomoduloaoquadradodesomasde

ampli-tudes. Alemdisso,emontraposi~aoaFsia Classia,

a rela~ao entre osistema a sermedido e odispositivo

de medida e simetria ebiunvoa [26℄: assim omo o

sistema deve modiar o dispositivo de medida (para

mover o ponteiro, por exemplo), o dispositivo

modi-a oestado do sistema que a, em geral, depoisde

ompletadaamedida, em umestado diferente. O que

aonteeomosistemaduranteamedida? Comodeve

ser o dispositivode medida para realizar asmedi~oes

desejadas? Essasquest~oes, que n~ao apareemno aso

lassio,onstituemoquesedenominadeproblemada

medida emMe^aniaQu^antia.

A teoria damedida em Me^ania Qu^antia foi

as-suntoentralnosdebatesdasdeadasdevinteetrinta,

quando se desenvolvia a ompreens~ao a respeito das

medi~oesparaumunioobjeto. Nasdeadasseguintes,

porem, esse interesse passou, pois os sistemas om

os quais os fsios trabalhavam, ainda que

meano-qu^antiosemprinpio, sofaziamusodainterpreta~ao

probabilstia do quadrado das amplitudes da fun~ao

de onda. Segundo Thorne [25:2℄, \n~ao havia

neessi-dade de invoar-se o que rapidamente foi visto omo

oesoterio, problematioeduvidoso'olapso (redu~ao)

dafun~aode onda'."Aquest~aofoiretomadaommais

fora nadeadade oitenta, quandoos

desenvolvimen-tos tenologios omearama permitir arealiza~aode

experimentos de medi~oes repetidas sobre um unio

sistema 10

.

Oque oorreomosistema durante uma medi~ao

n~aopodeserdeduzidodosprinpiosanteriores,nemda

equa~aodeShrodinger,quegovernaoomportamento

dos sistemas qu^antios. A equa~ao de Shrodinger e

8

Porem,omoindiaHughes[20℄,aexist^eniadeobservaveisinompatveispermitedistinguirentreestadospurosemistos.

9

Asideiasde\erronamedi~ao",ede\medidasinorretas"s~aoasqueapareemmaisvezesassoiadasadeinerteza,nospre-testes

usadosemnossapesquisa.

(6)

uma equa~aodeevolu~aotemporaldeterminista(o

es-tadonaledeterminadounivoamentepeloestado

ini-ial) e reversvel(doestadonal pode-seemprinpio

voltaraoestadoiniial),n~aopodendogovernarou

des-rever um proesso de medida inerentemente

proba-bilstio. Tal proessoe resgatado pelo postulado da

ltragem da fun~ao de onda, que inorpora a

irrever-sibilidade nas medidas (depoisde efetuada amedi~ao

n~aoe possvelvoltarao estadoanterioramedida) eo

n~ao-determinismo(antesdamedi~aon~aosepode

predi-zer em que estado se enontrara o sistema depois da

medi~ao) 11

.

Oproblemadamedidaeumaquest~aopratiamente

omitida nosursos tradiionais deMe^ania Qu^antia

(osursosdeintrodu~aon~aotratamsobreotema),em

parte devido a sua omplexidade e em parte porque

muitosdoslivrosutilizadosnestasdisiplinasforam

es-ritos nas deadas em que este problema n~ao era um

tema de pesquisa relevante. Porem seu tratamento e

importante, pois enerra, em si mesmo, as diferenas

fundamentais do tratamento qu^antio. Como

disu-tido em Grea e Moreira (1999) [8℄, estudantes de

ursos avanadosde gradua~aopareemmanter ideias

lassiasaesterespeito.

IV Desri~ao da implementa~ao

da proposta

Implementamos, sob a perspetiva menionada, no

primeiro semestre de 1999, uma experi^enia-piloto 12

em umaturmadadisiplinadeFsiaGeraldoquarto

semestre dos ursos de Engenharia da UFRGS,

ons-tante de 25 estudantes, om a onord^ania e

olab-ora~aodaprofessoraregulardaturma. Oprojeto,

de-senvolvidodurante 24horas-aula,inluiuosseguintes

temas: omputa~ao qu^antia, experi^enia de

inter-fer^eniaparasistemasqu^antios,prinpiodeinerteza,

experi^eniadeStern-Gerlahesistemasdedoisestados,

superposi~aolineardeestados,resultadosdemedi~oes,

distribui~aodeprobabilidades,equa~aodeShrodinger,

problemas simples de autovalores (poos e barreiras

de potenial), tunelamento e mirosopio eletr^onio

de varredura, atomo de hidrog^enio, espetros e saltos

qu^antios, paradoxodogato de Shrodinger,medi~oes

semintera~aoomoobjeto,lasereonnamentode

ob-jetosqu^antiosomteniasderesfriamento. Emtodas

as aulas,apreoupa~aodominante foi adeapresentar

os fen^omenos, destaando-se osoneitos envolvidose

inentivando-seosestudantes,atravesdasquest~oes

pro-postasedasdisuss~oes,a(re)riarasuaperep~ao. As

disuss~oes em grupos e om a professora foram,

por-tanto,partefundamentaldoproesso. Cabenotarque,

depoisdatereiraaula,todososoneitosfundamentais

seleionadospornos(estado-fun~aodeonda,prinpio

deinerteza,superposi~aolineardeestados,resultados

demedi~oes,distribui~aodeprobabilidades)jahaviam

sidoapresentadosaosalunos,sendoemadanovaaula

retomadosna\leitura"dosnovosfen^omenos,

busando-seassimadiferenia~aooneitualprogressiva 13

.

Caberessaltarqueessesforamosuniosonteudos

tratados: asexperi^eniasquetradiionalmentes~ao

ap-resentadasaosestudantes-omoradia~aodoorpo

ne-groouefeitoCompton,n~aoforaminludas. Estas

ex-peri^eniasformam partedaestrategiatradiionalpara

oensinointrodutoriodaMe^aniaQu^antia,que,omo

indiadonaIntrodu~ao,salientaaspetoshistoriosque

apelam mais para as araterstias lassias dos

sis-temasdoquepara asqu^antiaseujosresultados, em

termosdosaprendizagensalanadospelosestudantes,

n~aos~aosatisfatorios.

Dadoqueoformalismomatematioeinerentea

des-ri~aoqu^antia (omotambem, alias, alassia), uma

daspreoupa~oesnoprojeto foiintroduzi-loem

simul-taneidade om os oneitos fsios. Para isso,

traba-lhamos sobre a base de sistemas de dois estados (em

partiular,odespindoeletron),queonsideramosseria

demelhorompreens~aoparaosestudantes,para

disu-tiras quest~oes da superposi~ao linear de estados,

dis-tribui~aodeprobabilidadeseadiferenaentreestadode

umsistemaeresultadode umamedi~ao. Areditamos

quepensar em termos de vetores deespaos

bidimen-sionais permite aos estudantes pensar de forma mais

onreta, a pereber melhor o que estaenvolvidonos

prinpios fundamentais, e que pode ar masarado

quando esses s~ao apresentados de forma mais geral.

Ouseja,tais sistemaspodem serimaginados deforma

mais simples, failitando assim a forma~ao de

mode-losmentais. O usode sistemas dedois estadosn~ao e,

demodoalgum, uma inova~ao pois apareeem varios

textos lassios sobre Me^ania Qu^antia (por

exem-plo, [31-33℄). Contudo, omo o tema do spin quase

n~aoetratadonos ursosintrodutorios, essessistemas,

muitasvezes,n~aos~aoabordados. Comoosalunos

apre-sentavampouafamiliaridadeomotratodeequa~oes

difereniais,depoisdeintroduzirooneitode(equa~ao

de)autovaloresededisutir aquest~aoda quantiza~ao

daenergia, lanamos m~ao de reursosomputaionais

11

Ouniotipodemedi~aoquen~aoumpreomestasondi~oeseodenominado\medidaqu^antiaperfeitan~aodemolidora"emque

osistemajaseenontraemumautoestadodoobservavelasermedido[24℄.

12

Estapropostafoiutilizadaemduasoutrasturmasdamesmadisiplinanosegundosemestrede1999.

13

Adiferenia~aoprogressiva eumprinpio, proposto por David Ausubel [28℄, [29℄, queseaplia tanto a din^amiada estrutura

ognitivaomoaprograma~aodoonteudo. Dopontodevistaognitivo,signiaque,amedidaqueoorreaintera~aoentreo

onhe-imentoprevioeonovoonheimento,asideias-^anorav~aoadquirindonovossigniados,maiorlarezaeestabilidadee,assim,maior

apaidadedeservirdeanoradouroparanovosonheimentos.Daotiainstruional,sugerequeasideiasmaisgeraisemaisinlusivas

(7)

para mostrar omo a quantiza~ao estaregulada pelas

solu~oes siamente aeitaveis para a fun~ao de onda

assoiada adeterminados sistemas. Outra importante

^

enfase do urso foi a de vinular o modelo fsio a

aplia~oestenologiasbastantereentes. A

metodolo-giadesaladeaulafoiadetrabalhoempequenosgrupos

(adagruposendoformadoportr^esouquatroalunos),

apartirdetextosespeialmente elaboradosque

onti-nham,ademais,uma rela~aode quest~oes oneituaise

depequenosproblemasomosquaisosalunosdeviam

trabalhar em aula, om o auxlio da professora. No

Ap^endiemostramosumdestestextos.

V Metodologia de pesquisa

Desrevemos,aseguir,osresultadosdaprimeira

imple-menta~aodaproposta(estudo-piloto)eosomparamos

omosdeumaturmasemelhanteusadaparaontrole.

A turma de ontrole reebeu instru~ao em onteudos

introdutorios deMe^ania Qu^antiadurante omesmo

perododetempo,masomoenfoquetradiionale

uti-lizando a literatura orrente na Fsia Geral (Fsia

IV de D. Halliday e R. Resnik e Fsia IV de P.

Tipler). Os resultados tambem s~ao omparados om

os de um grupo de estudantes da disiplina do urso

de Fsia de Introdu~ao a Me^ania Qu^antia (IMQ),

do urso de Fsia da UFRGS, que reebeu instru~ao

emonteudosintrodutoriosomumaabordagem

seme-lhanteadaturmadeontrole(abordagemtradiional),

poremdurante umperododetempomaisprolongado

(umsemestre,literaturabasia: FundamentosdeFsia

Moderna, de R. Eisberg). Interessavanosomparar o

desempenhodosestudantesdogrupoexperimentalom

osdooutrogrupo,que,porumperodobastantemaior,

reebeuinstru~aonasideiasfundamentaisdaMe^ania

Qu^antia.

Dos varios instrumentos (testes de assoia~ao de

oneitos, respostas omplementaresdos testes de

as-soia~ao de oneitos, quest~oes oneituais,

entrevis-tas, doumentos esritos dos estudantes, questionario

de avalia~ao daunidade porparte dos estudantes) - e

teniasdeanalise queutilizamos(analises

interpreta-tiva, de agrupamentos hierarquios, multidimensional

emultivariada)[34℄;[35℄,apresentamosnestetrabalho

apenas os resultadosdeorrentes deum teste de

asso-ia~aodeoneitos,examinandomediante aanalisede

agrupamentoshierarquios[36℄.

A utiliza~ao dos testes de assoia~ao de oneitos,

em que os sujeitos devem esrever logo abaixo de

ada um dos oneitos seleionados para a pesquisa

{ apresentados ao aluno aleatoriamente, ada um no

topo de uma folha em brano { tantos oneitos (ou

palavras)quantospossamassoiaraooneito

apresen-tado,deorredopressupostodequeentenderomo

de-terminadosoneitosest~aoassoiadospodedarindios

semelhantes [37℄. Ou seja, seos nuleos dos modelos

mentaisdeterminamomoosoneitosouosfen^omenos

s~ao perebidos, dever~ao determinar tambem se ertos

oneitosefen^omenoss~aoperebidosomosemelhantes

oun~ao.

Tradiionalmente,osoneitosesolhidospara

ons-truirumtestedeassoia~aodeoneitoss~aoos

suposta-mentemaissigniativosdaareaquesepretende

estu-dar, tanto apartir do numero de vezes que apareem

emlivrosdetextoomopelosriteriosdosespeialistas.

No asoem foo, levamos essas duasraz~oesem

onsi-dera~ao, alemdeertaspremissasdeorrentesdo

refe-renial teorio. Assim, oonjunto de oneitos- have

deviaonteralgunsdosoneitosqueonsideramos

fun-damentaisparaentenderomundoqu^antio,bemomo

oneitos que se relaionassem mais a fenomenologia,

de formaaobservarseosestudantes vinulavam estes

ultimos aos oneitos onsiderados fundamentais (ou

seja, para ver omo os estudantes \visualizavam" os

fen^omenos qu^antios). Foram assim elaboradas listas

deoneitosomestasaraterstiaseoonjuntonal

surgiu dadisuss~aoomumespeialista. Areditamos

queestaformadeonstru~aodotestelheonfere

valida-de de onteudo. Os oneitos queforam apresentados

aleatoriamente aos estudantes foram: eletron, estado

de um sistema fsio, superposi~ao linear de estados,

fun~ao deonda,dualidade onda-partula,prinpio de

inerteza, observavel,observaveissimult^aneos,

autoval-ores, resultados de medida, probabilidade, trajetoria,

tunelamento, efeito fotoeletrioe valormedio.

Os dados forneidos pelo teste de assoia~ao de

oneitos foram transformados em um oeiente de

relaionamento(CR) entre paresde oneitos-have,a

traves do metodo de Garskof & Houston [38℄, ja

uti-lizadoemoutraspesquisasnaareadeensinodei^enias

[39℄;[40℄.

Esteoeientevariade0a1edaamedidada

pro-ximidade entre doisoneitos. Quantomaioreovalor

deCR,maioreorelaionamentoentreosoneitos. Os

oeientes de relaionamento s~aoalulados para

to-dos osparesde oneitos-havee oloadossob forma

matriial. Combasenasmatrizesindividuaisparaada

estudantes~ao aluladasasmatrizes mediasdos

oe-ientes de relaionamento para grupos de estudantes.

Esta matriz media onstitui a matriz de similaridade

que depois e submetida a Analise de Agrupamentos

Hierarquios.

Emrela~ao atenia, aAnalise de Agrupamentos

Hierarquios (AAH) [36℄;[41℄, e utilizada para

deso-briraexist^eniadeestruturasinerentesaoonjuntode

medidas de similaridade. Essateniaestabeleeuma

esalahierarquiaentreosoneitos,ombaseem

valo-resde proximidade (os oeientes de relaionamento,

porexemplo),deformaque,quantomaisafastadoesta

o ponto deliga~ao (ouseja, quanto mais posteriorfor

(8)

onstru~aode agrupamentos por meio da ombina~ao

de dois ou maisoneitos por vez, omeando-senum

estagio em que todos os asos s~ao onsiderados omo

agrupamentosseparados, i. e,onsiderando-se

iniial-mente tantos agrupamentos omo asos. No segundo

estagio,doisoumaisdosasoss~aoombinadosemum

unioagrupamento. Notereiro estagio,tantoum

ter-eiro aso pode ser inludo em um agrupamento ja

existente, omo outros dois asos podem emergir em

um novoagrupamento. Esteesquema prossegueateo

estagioemquetodososasosest~aoombinadosemum

uniogrupo. Umavezqueumagrupamentoeformado,

n~aopodemaisdividir-se,podendoapenasseombinar

omoutrosagrupamentos.

Aesalaresultantedesteproessoeapresentadaem

um diagrama denominado \dendograma". Nos

resul-tados apresentados a seguir, adist^ania entre os

on-eitos esta re-esalada para um intervalo de 0 a 25.

Como o valor 25 pode representar uma dist^ania

in-nitaentreosoneitos,ouseja,quen~aotenham

qual-querintera~ao(eportanto,osagrupamentosfeitosnesse

ponton~aoseremsigniativos),foitomadaomovalor

deorteparaaanalisedosagrupamentossigniativos

adist^ania20. A essadist^ania aonteemasmaiores

intera~oes entre osoneitos para osAAH de dois

es-peialistasqueresponderamaoteste.

VI Resultados da analise de

agrupamentos hierarquios

NaTabela1apareemosvaloresdeCR(oeientede

relaionamentomedio)paraadagrupo. Oaumentono

valordeCRnopos-teste,omparadoomovalorantes

dainstru~ao, foi estatistiamente signiativopara os

tr^es grupos. A analise multivariada, omparando-se

osvaloresmediosdeCR antes dainstru~aopara ada

grupomostraquen~ao existemdiferenassigniativas

entreosgrupos,aonvel<0,001. Esteresultadoera

es-perado,poiseaprimeiravezquetodosessesestudantes

ursamalgumadisiplinaom onteudos de Me^ania

Qu^antia. Natereiraladatabela,apareea

estima-tivadoefeitodotratamentoparaadagrupo,talomo

medidopelondie. Essendieeoquadradodaraz~ao

deorrela~ao eindiaquanto davari^ania dosesores

individuaiseatribudaaosgrupos.

Grupo FsiaGeralIV FsiaGeralIV Introdu~ao

Experimental Controle Me^aniaQu^antia

PreTeste 0,14 0,13 0,14

Pos-teste 0,20

0,14

0,17

2

0,48 0,07 0,27

Tabela1: ValoresdeCR(medio)paraosgruposestudados

Inrementoestatistiamentesigniativo(<0,001).

Inrementoestatistiamentesigniativo(<0,005)

Databelasedepreendeque,aposainstru~ao,os

es-tudantesdostr^esgruposonsideradosestabeleemmais

rela~oes entreos oneitosesolhidos. Porem, paraos

estudantes do grupoexperimental, asdiferenas entre

opreepos-testes~aomaiores.

NaFig. 1aparee odendograma dopre-teste

or-respondente ao grupo experimental e nas Figs. 2, 3

e 4osdendogramas dospos-testes orrespondentes ao

grupoexperimental (onsiderando-sesomente os

estu-dantes que tambem responderam o pre-teste, N=16),

aogrupodeontrole(N=10)eaogrupoIMQ(N=11),

respetivamente. As interpreta~oes dos dendogramas

foramonsensuadasentre ostr^espesquisadores.

Varios dosagrupamentos queapareemna Fig. 1,

que poderamos pensar serem signiativos, pareem

deorrer de uma assoia~ao me^ania entre palavras

semelhantes,efeito quepudemosobservarnaslistas de

palavrasesritaspelossujeitos. Issoaonteenos

agru-pamentos de eletron om efeito fotoeletrio (palavra

omumeletron),observaveis-observaveissimult^aneos

Figura1.Agrupamentoshierarquiosdopre-teste{Alunos

dogrupoexperimental.

tula-fun~aodeonda(palavraomumonda).Os

out-ros doisagrupamentostambem s~ao exemplosde

asso-ia~oesestabeleidasentreosoneitosem outros

on-textos. O agrupamento entre estado de um sistema

fsio esuperposi~aolinearde estadosefeitopelos

es-tudantes a partir da Termodin^amia, i. e, eles

(9)

aoexist^eniadessesestados(oloandosolido-lquido,

solido-gasosoet). Issoedeesperar,sendonoontexto

daTermodin^amiaemqueosestudantestrataram

fun-damentalmente dooneitodeestado. Oagrupamento

entretrajetoriaetunelamentodeorre,provavelmente,

daassoia~aoestabeleidano ^ambitodo otidiano

en-tre aminho e tunel. O agrupamento mais

interes-sante, no ontexto de expressar ideias fsias que

po-dem onfrontar-seomasque esses estudantes

enon-traram nas aulas de Me^ania Qu^antia, e o formado

porresultadodeumamedida{valoresperado{

proba-bilidade. Esseagrupamento,possivelmente,reeteuma

ideialassiaassoiadaaprobabilidade: seos

resulta-dos de uma medi~ao efetuada sobre um sistema n~ao

oinidem omosvaloresesperadosalulados,epela

presenadeerrosna medi~ao. Essesresultados devem

ent~aosertratadosestatistiamente.

De fato, a instru~ao dada aos alunos foi a de que

assoiassem omaquiloquelhes viesseaabea.

Por-tanto, e de esperar que as assoia~oes observadas nos

pre-testes desses grupos sejam menos signiativas,

mais me^anias, e vinuladas, em muitos asos, pela

similaridademorfologiasdosoneitosenvolvidos. Isso

difere doque aonteenospos-testes, em que os

estu-dantesest~aomotivadosairunsrever-seao^ambitodo

temapesquisado,eemque,porteremvistoalgunsdos

oneitos durante as aulas, formaram alguma ideia a

respeitodeles,tendendoaexpliaroqueentenderam.

Figura2. Agrupamentoshierarquiosdopos-teste{Alunos

dogrupoexperimental.

Pode-sever,naFig. 2orrespondenteao pos-teste

dogrupoexperimental,queosdoiselementos mais

as-soiados s~ao eletron edualidade, assoia~ao que pode

ser expliada omo deorr^enia de os sujeitos

enten-derem o eletron omo uma partula qu^antia om

omportamento dual. Junta-se a este agrupamento o

oneito de fun~ao de onda, e depois os oneitos de

efeito fotoeletrio, tunelamento e probabilidade. Esse

agrupamento e signiativo: nele apareem

elemen-tos fenomenologios (eletron, tunelamento e efeito

fo-toeletrio)juntoaoneitosqu^antiosqueservempara

desrev^e-los. Poderamossintetizar esteagrupamento

naseguinte frase,montada levandoemontaaordem

daassoia~ao: \Oeletroneumapartulaqu^antiaom

omportamento este que permite expliar o efeito

fo-toeletrioe otunelamento, pormeio dadetermina~ao

da probabilidade". Este agrupamento reete uma

a-raterstia apontada na analise qualitativa [42℄, qual

seja a de os fen^omenos serem expliados a partir de

oneitos(maisfundamentais).

Aparee,aseguir,umagrupamentoentreestadode

um sistema fsio esuperposi~ao de estados. Essa

as-soia~ao difere, na nossa onep~ao, da assoia~ao

se-melhantesurgidanopre-teste. Osestudantesn~aomais

assoiariamomestadodeumsistema fsiooneitos

derivados daTermodin^amia, sen~aoque agoraos

on-eitosestariamassoiadosomoonsequ^eniadequeo

estadodeumsistema fsiopodeserumasuperposi~ao

de estadosde umdadoobservavel. Porultimo,

apare-em agrupados observaveis eobservaveissimult^aneos.

Note-se quetal agrupamento sejunta ao de resultado

deumamedi~ao. Diferentementedopreteste,emqueo

valoresperadoestavaagrupadoomoresultadodeuma

medida (representativo de uma rela~ao lassia), tal

agrupamentosedesfazeoresultadodeumamedidase

assoiaaoagrupamentodeobservaveis. Possivelmente,

isso seja reexo do fato de os estudantes estarem

en-tendendoqueoresultadodauma medidadependedas

grandezasmedidas. Apareem,semagrupar-se,os

on-eitos de trajetoria, autovalor, Prinpio de Inerteza

e valor esperado. A n~ao-assoia~ao, om outros, do

PrinpiodeInertezaereexodaesassaimport^ania

dadaaesseprinpioporumnumerosigniativode

es-tudantes,tal omovistonaanalisequalitativa

omple-mentar, n~aoinludaneste trabalho. Oprimeiro

agru-pamento, ent~ao, desrevefen^omenos fsios;osegundo

desreveoestado do sistema,e otereiro serefere ao

queaonteedepoisdamedida. Emresumo,aindaque

algumasassoia~oesdesejaveisestejam ausentes,as

as-soia~oes estabeleidas por estes estudantes s~ao todas

orretaseosagrupamentos s~ao maissigniativosque

osdopre-teste.

Diferentemente do aso anterior, a Fig. 3

orres-pondenteaopos-testedosestudantesdogrupode

on-trole mostra um esasso relaionamento entre os

on-eitos: dosquinzeoneitosarrolados,seten~aose

rela-ionamomosrestantes. Oprimeiroagrupamentoque

apareeeodeeletroneprobabilidade,juntando-se

de-pois efeito fotoeletrio e tunelamento. Esse

agrupa-mento reune oneitos fenomenologios, aos quais se

adiiona, porem, somente o oneito fundamental de

probabilidade. Isso pode signiar que os fen^omenos

n~ao sejam ompreendidos a partir de oneitos mais

fundamentais. Aparee depois umagrupamento entre

fun~ao deondaedualidade e,porultimo, entre

resul-tadodemedidaevaloresperado,oque,omoindiado

anteriormente,reeteumaassoia~aolassia. Ouseja,

neste aso, alem de existirem pouos agrupamentos,

(10)

Figura3. Agrupamentoshierarquiosdopos-teste{Alunos

dogrupodeontrole.

Figura4. Agrupamentoshierarquiosdopos-teste{Alunos

dogrupoIMQ.

Na Fig. 4, que orresponde ao pos-teste dos

estu-dantes da IMQ, o primeiro agrupamento que aparee

e o de observavel om resultado de medida e om

observavelsimult^aneo, semelhante ao tereiro

agrupa-mentodogrupoexperimental. Apareedepoisum

agru-pamento entre probabilidade, Prinpiode Inertezae

valor esperado, agrupamento que possivelmente

ree-tia a ideia de que, se n~ao e possvel determinar om

ertezaovalordeumagrandezafsia,sopodemos

on-heeroseuvalorprovavel(valoresperado)equeestee

afetadopelaprobabilidadedeoorr^eniadosdiferentes

possveis resultados. Apareedepoisum grande

agru-pamento, ondeoneitosmaisfenomenologiosomoo

de eletron,efeitofotoeletrio,tunelamento etrajetoria

apareem junto a oneitos mais fundamentais omo

fun~ao de onda e dualidade. Porem, diversamente do

agrupamento semelhante no grupoexperimental, aqui

aparee tambemooneitodetrajetoria, emprinpio

um oneitolassio. Umaleitura,neste aso,poderia

ser: \O eletron e uma partula que apresenta efeito

fotoeletrio e isso evidenia seu omportamento dual.

A fun~ao de ondadessa partuladaontado

tunela-mento, trajetoria perorrida pela partula".

Final-mente, os oneitos de superposi~ao de estados e de

estado de um sistema fsio n~ao apareem

relaiona-dosnem entre sinemomqualqueroutro. Nesteaso,

ent~ao,osdoisprimeirosagrupamentospodem ser

pen-enquanto o tereiro desreve fen^omenos (inluindo-se

entre eles o de trajetoria). Sob essa perspetiva,

diramosqueaestesestudantesestafaltandooneber

omo e osistema antes da medida. Estegrupo

apre-senta alguns agrupamentos semelhantes aos do grupo

experimental,poremasassoia~oesestabeleidas

pare-emsermenossigniativase,emumaso,inorreta.

Os resultados desta analise, no que onerne ao

grupo experimental, mostram que, omparativamente

om os outros dois grupos, estabeleeu mais rela~oes

entreosoneitos,mostrando,paree,quea

aprendiza-gemdosoneitos,namedidaemquepodeser

eviden-iada por esta tenia (numero e qualidade das

asso-ia~oes), foi mais signiativa nos estudantes que

re-eberaminstru~ao oma abordagempropostado que

nosestudantes dosoutros doisgrupos,que reeberam

instru~aoomaabordagemtradiional.

VII Considera~oes nais

Os resultados obtidos om outras turmas em outra

oportunidade, assim omo omoutros instrumentos e

teniasdeanalises[14℄,[34℄,[42℄pareemtambem

in-diarque aabordagem fenomenologio-oneitual

uti-lizada foi bem suedida no que diz respeito a

inor-pora~ao, por parte de um numero signiativo dos

estudantes, de oneitos fundamentais para a

om-preens~ao de fen^omenos mirosopios. Estes

estu-dantes onseguem fazer predi~oes orretas e dar

ex-plia~oes onsideradas adequadas para este nvel de

aprendizagem a respeito de varios destes fen^omenos

mostrando, ao que paree, a forma~ao de modelos

mentais om nuleos onsistentes om a

fenomenolo-giaqu^antia. Isso,aparentemente,n~aoeonseguidona

abordagem tradiional n~ao so durante perodo

seme-lhantede tempo sen~ao, tambem, durante um perodo

bemmaior.

Alem disso, a utiliza~ao de resultados atuais de

pesquisa e de inova~oes tenologias n~ao so foi

im-portante para o proesso de forma~ao de uma nova

formadeperep~aodosfen^omenosmirosopiosomo

tambem motivou osestudantes, muitosdos quais

pas-saram a onsiderar a Me^ania Qu^antia omo uma

portaanovoshorizontes,inlusivenoseuampo

pros-sional.

E interessante destaar que o lima de

dis-uss~ao, envolvendo a grande maioria dos estudantes,

araterizouasaulas. Osalunossesentiramexigidosa

ompreenderfen^omenosdesdeumaperspetivaem

on-frontoomaMe^aniaClassiae,ainda,quenemtodos

tenham onseguido faz^e-lo, todos pareem ter

pere-bido que aMe^ania Qu^antiafornee umnovo olhar

sobreosfen^omenosmirosopios. Aprofessoraregular

daturma, quejaministrou ursos similaresem varias

oportunidades,ouagradavelmentesurpresapelo

(11)

inte-urso{no~oesdeEstado Solido. Porultimo, 84%dos

estudantes avaliarampositivamenteoprojeto,

sugerin-do que os alunos, embora bastante exigidos durante

as aulas, as viveniaram omo uma boa experi^enia

de aprendizagem. Embora nossa proposta tenhasido

implementadaemturmasdasarreirasdeEngenharia,

remos que a neessidade de uma mudana noensino

introdutoriodeonteudosqu^antiostambemede

fun-damental import^ania para os estudantes dos ursos

de Lieniatura. Hoje e relativamente fail enontrar

muitos dos novos fen^omenos e aplia~oes deorrentes

dos fundamentos da Me^ania Qu^antia em revistas

e livros de divulga~ao ienta. Porem, omo india

d'Espagnat [40℄, ao tentar simpliaruma ideia

om-plexa,estestextosterminampassandoumaideia

inor-retasobreaMe^ania Qu^antia.

Eomumque,nestes

asos,aabe-se passando aideia, porexemplo, deque

eletrons, protons, fotons s~aobolinhas que olidem

en-tre si, reforando imagens lassias, onep~oes essas

\falsas, n~ao no detalhe, mas de uma maneira

essen-ial" [43:263℄. S~aoosprofessoresqued~aoaulanonvel

medio que, iniialmente, devem tentar onseguir

mu-dareste tipode imagem. Claro quepara issoeles

de-vemter uma ideia larasobre osoneitos

fundamen-tais. Isso, no entanto, n~ao aontee. Durante o

tran-surso do trabalhode pesquisa, tivemosoportunidade

defazerumestudoexploratorioomprofessoresdo

en-sino medio, pertenentes a rede publia e partiular,

em um urso de atualiza~aoemFsia(Pro-Ci^enias

FAPERGS-UFRGS 2000). Nessa oasi~ao, foi possvel

onstatarque,efetivamente,osprofessores,embora

mo-tivados para inorporar temas de Me^ania Qu^antia

emsuasaulasereonheendosuaimport^ania, muitas

vezesn~ao ofazemporsentirem-sedespreparadospara

uma disuss~ao oneitual sobre estes assuntos. Na

pratia, osursosde forma~ao deprofessoresinluem,

em geral, somente uma disiplina espea sobre os

oneitos qu^antios fundamentais, via de regra

apre-sentada da maneiratradiional. Por outro lado, uma

outra experi^enia-piloto,realizada om uma turmade

estudantes do ultimo urso do nvel medio, nos

per-mitiu veriar o interesse que esses temas despertam

neles e a forma om que permitem disutir oneitos

apresentadosaosestudantes anteriormente. Paraitar

umexemplo,naapresenta~aodoPrinpiodeInerteza,

osestudantesdisutiramamplamenteaquest~aoda

va-lidade das leis da Fsia Classia, embora n~ao fossem

iniialmente motivadospara isto.

Embora uma forma~ao mais ompleta dos

profes-sores seja um elemento fundamental para introduzir

oneitos qu^antios no nvel medio, omo

apresenta-losnarealidadedaesolabrasileiraexigemais estudo.

Ouseja,aindaquenossaimplementa~aodidatiatenha

utilizadoummnimodeferramentasmatematias,para

osestudantes do nvel medio oselementos de Calulo

(e,obviamente,asequa~oesdifereniais)s~aototalmente

onteudos sem air em simplia~oes que levem a

er-ros? Dever-se-aenfatizar, exlusivamente, adimens~ao

historio-epistemologia da mudana introduzida pela

Me^ania Qu^antia, omo prop~oem diversos autores,

ou sera possvel \aprofundar-se" um pouo mais nos

aspetos oneituais, possivelmente fazendousode

si-mula~oes omputaionais para superar as dei^enias

matematias? S~aoperguntasparaasquaispareeainda

n~ao haver uma resposta lara, porem nosso trabalho

sinalizaparaestasegundadire~ao.

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qu^antia: resultadosdeumapropostadidatiaapliada

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[43℄ B. d'Espagnat, Penser la siene ou les enjeux du

savoir,Gauthier-Villars,Paris(1990).

Ap^endie

COMO SABER SOBRE A

EXIS-T ^

ENCIA DE UM OBJETO SEM

IN-TERAGIR COM ELE. (OU COMO

E

POSS

IVEL, NO MUNDO QU

^

ANTICO,

VER NA ESCURID

~

AO.)

Um fabriante onseguiu inventar uma lasse de

bombas,heiasdeumgasaltamente ombustvel, que

explodem quando s~ao atingidas por um unio foton.

deveserrealizado naesurid~ao. Depoisdeonstrudas

as bombas, desobriu-se que por algum tipo de

pro-blemana fabria~ao, algumas estavamheias eoutras

n~ao, pois sobrou parte do gas ombustvel. Como se

poderiasaberquais eramasbombas\boas"(que

fun-ionavam),semperdertodaaprodu~ao?

Exerio

1: Porqueofabrianteperderiatodasuaprodu~ao?

O fabriante, desesperado, se enontrou om um

amigo, poraaso fsio, que lhe disse ser possvel

sal-varpartedessaprodu~ao. (Naturalmenteofabriante,

antesdeobterasuaansiadaresposta,tevequeassistir

aumaauladeMe^aniaQu^antia.) Vamosagora

disu-tirqualitativamenteoproblemaedepoisfazeralgumas

ontas.

Um dispositivo muito usado em Fsia, o

inter-fer^ometro,que apareenaFig. 1,permitesepararum

raio de luz inidente em dois, de modo que na sada

dointerfer^ometroepossvelobservarfen^omenosde

in-terfer^enia. O dispositivo, que onsta de 2 espelhos

que reetem ompletamente a luz que hega ate eles

e2 semiespelhosque transmitem uma parte dos raios

que hegam ate eles e reetem a outra parte, possui

tambem doisdetetoresomalarmes nasadadeforma

que a \interfer^enia onstrutiva" e detetada por um

detetor D

1

, enquanto D

2

oleta a \interfer^enia

de-strutiva". Imaginemos que afonte so emiteum foton

porvezequeointerfer^ometroeajustadodetal modo

quesotoaoalarmedodetetorD

1

,ouseja,sohegam

fotonsaestedetetor.

2

1

Espelho

A

Espelho

B

Semiespelho

Semiespelho

D

2

Interferência

destrutiva 0%

D

1

Interferência

construtiva

100%

Fonte de

fótons

Figura1

Exerio

2. Porque se obtem padr~ao de interfer^enia para um

foton?

O que aonteeria se oloassemos um objeto

blo-queandoapassagemdosfotons porumadasdire~oes?

Osfotonsquehegaremaoobjeto(Fig. 2)s~ao

absorvi-dos,portantosepodedeterminarporqualaminho

pas-souada foton. Sabemos, pela experi^enia de Young,

(13)

pas-interfer^enia, existindo portanto probabilidades iguais

dequeofotonsejadetetadoemadaumdosdois

de-tetores.

2

1

Fonte de

fótons

Caminho bloqueado, o

fóton não passa

Semiespelho reflete 50% para

D

1

Semiespelho reflete

50% para D

2

Figura2

Ainterfer^eniaqu^antiaaonteesen~ao

exis-te em prinpio qualquer forma de determinar

por qual dos aminhos alternativos o foton (ou

outro objeto qu^antio elementar) passou. Se,

de alguma forma, podemos onheer por onde

passou,ent~aoa interfer^enia desaparee.

Vejamos, agora, omo auxiliaro nosso aito

fabri-ante om tal dispositivo. Coloquemos a bomba no

interfer^ometro, bloqueando um dos aminhos. Se a

bombaeruim (ouseja, estasemgas,Fig. 3),e

trans-parente eosfotonspodem atravessa-lasem problemas

e,portanto,soaraapenasoalarmedodetetorD1,pois

se produzira interfer^enia. Este asoeid^entio ao da

Fig. 1.

Bomba ruim

D

1

Alarme ativado

D

2

Alarme desativado

Figura3

Exerio

3. Qualeadiferenaentreasontribui~oesemD

1 para

osasosapresentadosnasFig. 2e3?

Seabomba,peloontrario,eboa,i.e.,estaheiade

gas,podeabsorverfotons esepoderiadeterminar,em

prinpio,oaminho esolhidopelos fotons. Portanto,

n~ao haverapadr~aode interfer^enia, podendo osfotons

ser detetados tanto por D

1

omo por D

2

,

aleatoria-mente, pois o ultimo semiespelho pode transmitir ou

reetir aleatoriamente os fotons que hegam ate ele,

Exerio

4. Porque n~ao podem soar osalarmes dosdois

dete-toressimultaneamente?

Nesteaso,seseesutaoalarmedeD

1

(Fig. 4),n~ao

sepodedistinguirdoasoanterior,emqueabombaera

ruim. SeseesutaoalarmedeD

2

(Fig. 5),sabeseque

abombaeboa. SeseesutaoBang! saberemosquea

bombaeraboa....(Fig. 6)

Bomba boa

D

1

Alarme ativado

D

2

Alarme desativado

2

Figura4

Bomba boa

D

1

Alarme desativado

D

2

Alarme ativado

2

Figura5

Ex- Bomba Boa ...

D

1

Alarme desativado

D

2

Alarme desativado

BANG!!!

1

Figura6

Exerios

5. Porquesepodesaberqueabombaestaheiadegas

aoesutaroalarmedeD

2 ?

6. Completaraseguinte planilha:

Estado Caminho Padr~aode Observa~ao

Con-daBomba dofoton interfe experimental lus~ao

(14)

Notereiroaso(Fig. 5),quandoseouveodetetor

D

2

, onsegue-se uma informa~ao (que a bomba

olo-adaestavaheiadegas)sem interagiromoobjeto

(pois, seofoton tivesseinteragido om abomba, esta

teriaexplodido). Ouseja,aindaqueofotonperorrao

aminho onden~aoestaabomba,\tem-se"informa~ao

sobre ooutro aminho que poderiater esolhido. Ou

seja, esta e uma \medida", sem o riso da intera~ao

om o objeto. Dispositivos que utilizam esses

funda-mentos poderiam, por exemplo, \fotografar" atomos,

sem mudarseuestado. Experi^eniasquemostramque

isso pode ser feito na pratia foram desenvolvidas na

UniversidadedeInnsbruk,

Austria,em1995.

Exerios

7. Porque esta experi^enian~ao tem ontrapartidano

mundolassio?

8. Determinaraprobabilidadede queoalarme do

de-tetor D

1

dispare quando o reipiente da bomba esta

vazio,sabendoque:

j1>representaofotonnoaminho1,

j2>representaofotonnoaminho2,queoespelho

muda a dire~ao do foton (reex~ao) segundo j1 >!

i j2 > e j2 >! i j1 >, que o semiespelho muda a

dire~ao do foton (reex~ao e transmiss~ao) segundo e

j1 >! (1=2) 1=2

[j1 > +ij1 >℄ e j2 >! (1=2) 1=2

[j2 >

+ij1>℄

9. Determinaraprobabilidade dequeabomba

es-tejaheiadegas,seminteragiromela.

Parao aso,ent~ao, de que sedisponhade um

dis-positivo do tipo proposto aqui, existe uma

probabili-dadede1/4depoderdetetarasbombasboas.

Pode-semostrarque aprobabilidadede \medi~oes livresde

intera~ao"podeaproximar-searbitrariamentede 1,se

sedisp~oedeumnumerogrande dedispositivos.

Exerio

10. Quaispropriedadesdosobjetosqu^antiospermitem

fazerestasmedi~oeslivresdeintera~ao?

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Imagem

Figura 1. Agrupamentos hier arquios do pr e-teste { Alunos
Figura 2. Agrupamentos hier arquios do p os-teste { Alunos
Figura 4. Agrupamentos hier arquios do p os-teste { Alunos
Fig. 1. Bomba ruimD1  Alarme ativadoD2 Alarme desativado Figura 3 Exer  io

Referências

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