Modelagem Física de Sistemas Mecânicos
Professor:
Luiz Gustavo Cardoso Maria
Última Atualização: Março/2017
OSCILAÇÕES
Um dos mais importantes movimentos que podemos encontrar na natureza é o movimento oscilatório ou movimento de vibração. Dizemos que uma partícula está oscilando quando se move periodicamente em torno de uma posição de equilíbrio.
Exemplos de movimentos oscilatórios:
-
o movimento de um pêndulo;-
os átomos vibrando em um sólido;-
vibração de moléculas de ar quando ondas sonoras se propagam;-
os elétrons executam rápidas oscilações em uma antena de transmissão ou de recepção.Apesar das diferenças nas características e nas leis que governam os sistemas que mencionamos, podemos usar a mesma formulação matemática para descrever suas oscilações.
1.1
Definições básicas
1.
Movimento harmônico simples (mhs)Dizemos que um corpo executa movimento harmônico simples ao longo do eixo X quando seu deslocamento, em relação à origem do sistema de coordenadas, é dado pela relação
x(t) = A cos(ωt + φ) . (1)
onde, A, ω e φ são constantes.
2.
ωt + φ → fase total do movimento3.
φ → constante de fase ou ângulo de fase (fase para t = 0)4.
A → amplitude; deslocamento máximo em relação à origemObservação: O deslocamento da partícula varia entre x = −A e x = A
5.
ω → frequência angular ou pulsação do corpo que oscila (rad/s)6.
Período (T) → tempo necessário para o corpo completar uma oscilação. (2)
Isto significa que o mhs é periódico e seu período é dado por (2).
7.
frequência (ν) → número de oscilações completas por unidade de tempo (Hz ou s−1). (3)
De (2) e (3),
ω = 2πν . (4)
8.
VelocidadeA velocidade de uma partícula que executa mhs é obtida a partir da derivada de x(t), dado por (1), em relação ao tempo. Ou seja,
. (5)
9.
AceleraçãoPodemos obter a aceleração da partícula derivando (5) em relação ao tempo. Temos então que
. (6)
Note, no gráfico, que há uma diferença de π/2 entre as fases da velocidade e do deslocamento. Quando o módulo do deslocamento é máximo, a velocidade se anula. Quando o deslocamento se anula, a velocidade atinge seu módulo máximo.
1.2
Movimento harmônico simples
F = ma . Temos então que
F = ma = −mω2Acos(ωt + φ) = −mω2x
ou
F = −kx , (7)
onde
k = mω2 . (8)
Esse resultado nos mostra que em um mhs, a força é proporcional e de sentido contrário ao deslocamento. A força dada por (7) é a tipo que aparece quando se deforma uma mola.
Neste caso, k é chamada de constante elástica. De (8), (4) e (2),
(9) e
. (10)
Podemos dizer que a força F dada por (7) é atrativa e o centro atrativo é o ponto O, que é exatamente o ponto de equilíbrio (x = 0 =⇒F = 0).
A energia cinética K, em qualquer instante, é escrita como
, (11)
(12)
Pode-se notar facilmente de (12) que a energia cinética é máxima em x = 0 e nula nos extremos de oscilação, o que corresponde a x = ±A.
A energia potencial é dada por
. (13)
A energia mecânica total é a soma da energia cinética e a potencial. Logo,
. (14)
Gráfico
Podemos reescrever a equação (14) como
,
donde
. (15)
A equação (15) mostra que a velocidade é máxima em x = 0 e nula nos extremos do movimento (x = ±A).
No estudo que acabamos de fazer concluímos que deveríamos ter uma força dada pela equação (7) para produzir o mhs. O estudo poderia ter sido feito de maneira inversa, isto é, dada uma força como em (7), provar que o movimento resultante é harmônico simples. Como,
F = ma , de (7),
ou
. (16)
1.3
Aplicações do movimento harmônico simples
1.3.1. Oscilador de Torção
O pêndulo de torção consiste de um corpo suspenso por um fio (figura que segue) de modo que a linha OC passe pelo centro de massa do corpo.
Quando o corpo sofre uma rotação de um ângulo θ, a partir de sua posição de equilíbrio, o fio é torcido e passa a exercer um torque τ sobre o corpo, em torno de OC, que se opõe ao deslocamento θ, com módulo proporcional a θ. Então podemos escrever que, para pequenas torções
τ = −kθ , (17)
onde k é o coeficiente de torção do fio.
Representando por I o momento de inércia do corpo em relação ao eixo OC,
onde α é a aceleração angular. Logo,
, (18)
; (19)
o período de oscilação tema a forma
. (20)
A partir de (20) podemos determinar experimentalmente o momento de inércia de um corpo, deixando-o suspenso por um fio cujo coeficiente é conhecido e, em seguida, medindo o período T de oscilação.
1.3.2. Pêndulo Simples
Um pêndulo simples consiste de uma partícula de massa m presa em um ponto O por um fio de comprimento L e massa desprezível.
As forças que atuam no pêndulo são a tração T~ no fio e o peso P~, que está decomposto na figura em suas componentes tangencial e normal (radial).
Observação:
Componente tangencial do peso −→força restauradora Componente normal −→força centrípeta
Da figura,
FT = −mgsenθ , (21)
, (22)
onde
.
De (21) e (22)
ou
. (23)
No limite em que θ é muito pequeno, senθ ≈ θ e a equação (23) toma a forma
, (24)
que é idêntica a` equação (16). Podemos concluir que, dentro da aproximação para ângulos pequenos, o movimento do pêndulo é harmônico simples, com
. (25)
Daí,
. (26)
1.3.3. Pêndulo Físico
Observação: todos os pêndulos reais são pêndulos físicos. A componente Z do torque que age sobre o corpo é
τz = −mgdsenθ . (27)
Por outro lado,
τz = Iα , (28)
onde
é a aceleração angular. Daí,
e
. (29)
Supondo o regime de pequenas oscilações (θ << 1),
. (30)
Neste caso também, para θ << 1, o movimento angular oscilatório é harmônico simples, com
. (32)
O pêndulo simples é um caso particular do pêndulo físico. De fato, se fizermos I = mL2 e d = L na
equação (32), obtemos
.
1 – Resolva as equações (16), (18), (29) e (30), usando o formalismo de Transformada de Laplace (Ponto de Operação 𝑥0= 0, 𝑥̇ = 0 𝑜𝑢 𝜃0= 0, 𝜃̇ = 0.
1.4
Movimento harmônico amortecido
Quando estudamos o oscilador harmônico, supomos as forças conservativas. Na prática, sempre existe dissipação de energia.
Vamos supor que, além da força restauradora
F = −kx , age uma outra força de sentido oposto ao da velocidade,
onde λ é uma constante. Pela segunda lei de Newton,
ou
. (33)
Podemos reescrever a equação (33) como
, (34)
onde
(35) e
(36) é a frequência angular natural, sem amortecimento.
2 - Resolva a equação (34) usando o formalismo de Transformada de Laplace (Ponto de Operação 𝑥 = 0, 𝑥̇ =
0.)
1.5
Oscilações Forçadas
Examinaremos agora o efeito produzido sobre o oscilador por uma força externa periódica. Podemos supor que, em geral, o período desta força não coincidirá com o período natural do oscilador. A força externa tem o papel de suprir continuamente o oscilador com energia, compensando a dissipação.
Considere
𝐹 = 𝐹0 cos (𝜔𝑓𝑡) , (37)
a força oscilante aplicada a ωf sua frequência. Vamos supor que a partícula esteja sujeita também a uma força
F 0 = −λv .
A equação do movimento é
ou
(38) onde
e
.
3 - Resolva a equação (38) usando o formalismo de Transformada de Laplace (Ponto de Operação 𝑥 = 0, 𝑥̇ =