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Identificação da estrutura de escritório de gerenciamento de projetos adequada a partir da avaliação do nível de maturidade em Gerenciamento de Projetos: Um Estudo sobre a Área de Tecnologia da Informação da Petrobras

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(1)

CENTRO DE FORMAÇÃO ACADÊMICA E PESQUISA CURSO DE MESTRADO EXECUTIVO

IDENTIFICAÇÃO

DA

ESTRUTURA

DE

ESCRITÓRIO

DE

GERENCIAMENTO DE PROJETOS ADEQUADA A PARTIR DA

AVALIÇÃO DO NÍVEL DE MATURIDADE EM GERENCIAMENTO DE

PROJETOS: UM ESTUDO SOBRE A ÁREA DE TECNOLOGIA DA

INFORMAÇÃO DA PETROBRAS

DISSERTAÇÃO APRESENTADA À ESCOLA BRASILEIRA DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA E DE EMPRESAS PARA OBTENÇÃO DO GRAU DE MESTRE

(2)

AGRADECIMENTOS

Aos colegas da turma de Mestrado Executivo, pelos bons momentos de convívio, pelo apoio

na superação das dificuldades e pela sua amizade.

Ao professores do curso de Mestrado Executivo em Gestão Empresarial da Fundação Getulio

Vargas, por todo o conhecimento transmitido.

Ao professor Luis César Gonçalves de Araújo pela dedicação e apoio dispensados como

orientador desta dissertação.

Aos meus pais Rubem e Nilda, meus primeiros incentivadores na busca pela minha formação

acadêmica.

Ao meu esposo Márcio, pelo seu apoio, sua compreensão e seu amor.

Aos seguintes gerentes da TI da Petrobras pelo apoio e patrocínio na realização deste curso de

mestrado: Martha Gomes de Souza, Anna Maria Neville M. Nogueira, Maria Tereza Sotelino

Ramos e Jesu Guimarães.

Meus especiais agradecimentos aos colegas Ângela Ruriko Sakamoto, Carlos Roberto Soares

dos Santos, Herbet de Souza Cunha e Roberto Santos Constantino pela paciência em criticar e

(3)
(4)

“Excelência é uma habilidade conquistada através de treinamento e prática. Nós somos aquilo que fazemos repetidamente. Excelência, então, não é um ato, mas um hábito.”

(5)

RESUMO

Mudanças são implementadas através de projetos e estas vem ocorrendo cada vez mais

rapidamente e de maneira descontinuada. Com a demanda crescente de projetos, uma gestão

adequada passa a ser fundamental de forma a aumentar suas taxas de sucesso. A criação de

uma estrutura organizacional com a atribuição de concentrar o desenvolvimento de processos

e metodologias é uma iniciativa de formalização da gestão de projetos e facilitação da

disseminação de seus conceitos. Esta estrutura é o Escritório de Gerenciamento de Projetos,

que deve ser adequada ao grau de maturidade em gerenciamento de projetos da organização e

a sua estratégia.

Esta dissertação se propõe a aplicar um modelo que analise o nível de maturidade em

gerenciamento de projetos da área de Tecnologia da Informação da Petrobras e sugerir um

Escritório de Gerenciamento de Projetos adequado ao nível identificado podendo ser evoluído

(6)

ABSTRACT

Changing has been addressed by projects and it had happened in a fast and disarrenged way.

In consequence of the increasing on demand for projects, to get better success rate is essential

manage projects adequately. The creation of an organitional structure intended to concentrate

the development of process and methodologies is a great initiative to spread the projects

management concepts.

The purpose of this work is to apply a model to analyse the maturity level on project

management of the Petrobras IT Department and indicate an Project Management Office

(7)

SUMÁRIO

1 Introdução... 1

1.1 Contextualização do problema ... 1

1.2 Formulação do problema ... 2

1.3 Objetivos ... 5

1.3.1 Objetivo principal 5 1.3.2 Objetivos secundários 5 1.4 Delimitação do estudo... 6

1.5 Relevância do estudo... 6

1.6 Organização do trabalho ... 9

2 Referencial Teórico... 11

2.1 Gestão de Projeto... 11

2.2 Sucesso e Fracasso em Projetos... 20

2.3 Tipos de estruturas organizacionais ... 24

2.3.1 Estrutura funcional 25 2.3.2 Estrutura projetizada 27 2.3.3 Estrutura matricial 29 2.4 Competências em gerenciamento de projetos... 31

(8)

2.5.1 O Modelo CMM (Capability Maturity Model) 40

2.5.2 Modelo de Fincher & Levin 41

2.5.3 Modelo de Maturidade em Processos de Gerenciamento de Projetos (Project

Management Process Maturity Model) – (PM)2- modelo de Berkeley 43

2.5.4 Modelo de Maturidade de Kerzner 44

2.5.5 O Modelo do PMI – Organization Project Management Maturity Model

(OPM3) 47

2.5.6 Uma Análise Comparativa dos Modelos 51

2.6 Escritório de Gerenciamento de Projeto – PMO (Project Management Office) .. 53

2.6.1 O que é um PMO. 53

2.6.2 O papel e as funções de um PMO. 53

2.6.3 Implantação de um Escritório de Projeto 59

3 Metodologia ... 63

3.1 Pesquisa Bibliográfica... 64

3.2 Pesquisa de Campo... 64

3.2.1 Apresentação 64

3.2.2 Estrutura do Formulário 65

3.3 Limitações do Método... 74

4 Apresentação do Caso da Área de Tecnologia da Informação da Petrobras.... 75

4.1 A Petrobras ... 75

4.1.1 Histórico 75

4.1.2 Estrutura Organizacional e Atividades Desempenhadas 78

(9)

4.2 A Tecnologia da Informação ... 83

4.2.1 Histórico 83 4.2.2 Função TI 86 4.2.3 Missão, Visão e Valores da Tecnologia da Informação 88 4.2.4 Organização Geral da TI da Petrobras 89 4.2.5 Situação atual 95 5 Resultados e Análise da Pesquisa do Nível de Maturidade em Gerenciamento de Projetos ... 103

5.1 Resultados da pesquisa... 104

5.1.1 Distribuição das freqüências 105 5.2 Interpretação dos Resultados por seções da pesquisa ... 107

5.2.1 Análise das variáveis referentes à seção Institucional 107 5.2.2 Análise das variáveis referentes à seção Suporte Gerencial 108 5.2.3 Análise das variáveis referentes à seção Treinamento e Desenvolvimento110 5.2.4 Análise das variáveis referentes à seção Metodologia e Processos 117 5.2.5 Análise das variáveis referentes à seção Autoridade e Responsabilidade 123 5.2.6 Análise das variáveis referentes à seção Benchmarking 124 6 Modelo de Escritório de Gerenciamento de Projetos (PMO) proposto ... 130

7 Considerações Finais ... 137

8 Sugestões ... 141

Referências Bibliográficas ... 143

Anexo I... 150

(10)

LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Descrição do papel do Gerente de Projeto ... 34

Tabela 2. Grid de maturidade gerencial de Crosby ... 40

Tabela 3. Modelo de Maturidade da Capacidade de Gerenciamento de Software ... 41

Tabela 4. Modelo de Maturidade em Gerenciamento de Projeto – Fincher & Levin ... 42

Tabela 5. Níveis de maturidade do modelo (PM)2de Kwak & Ibbs ... 44

Tabela 6. Níveis de maturidade de Kerzner ... 45

Tabela 7. Resumo da evolução dos modelos de maturidade. ... 51

Tabela 8. Características dos modelos de maturidade apresentados ... 52

Tabela 9. Formas e responsabilidades dos PMOs ... 58

Tabela 10. A Petrobras em números – dados referentes ao ano de 2004 ... 82

(11)

LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Exemplo genérico de um ciclo de vida ... 14

Figura 2. Distribuição de custos e recursos ao longo de um projeto ... 14

Figura 3. Quatro categorias de projeto ... 16

Figura 4. Interligação entre os processos de gerenciamento de projeto ... 18

Figura 5. “Sucesso deve ser um cubo em vez de um ponto” ... 22

Figura 6. Exemplo de estrutura funcional ... 26

Figura 7. Exemplo de estrutura projetizada ... 28

Figura 8. Exemplo de estrutura matricial ... 30

Figura 9. Associação entre as três dimensões de competência ... 37

Figura 10. Componentes para o sucesso de um projeto ... 38

Figura 11. Níveis de maturidade e suas interações ... 46

Figura 12. Ciclo do OPM3 ... 50

Figura 13. Organograma da Petrobras ... 79

Figura 14. Cadeia de Valor da TI em 2001 ... 85

Figura 15. Matriz de Posicionamento Estratégico da TI ... 87

Figura 16. Estrutura Organizacional do Quadrante de Excelência ... 89

Figura 17. Estrutura Organizacional do Quadrante de Gestão ... 90

Figura 18. Estrutura Organizacional do Quadrante de Agilidade ... 92

Figura 19. Estrutura Organizacional do Quadrante de Serviços ... 93

Figura 20. Gráfico de distribuição de freqüências das respostas ... 105

Figura 21. Gráfico de distribuição das respostas da questão 1 ... 106

(12)

Figura 23. Gráfico de distribuição das respostas da questão 3 ... 108

Figura 24. Gráfico de distribuição das respostas da questão 4 ... 109

Figura 25. Gráfico de distribuição das respostas da questão 5a ... 110

Figura 26. Gráfico de distribuição das respostas da questão 5b ... 111

Figura 27. Gráfico de distribuição das respostas da questão 5c ... 113

Figura 28. Gráfico de distribuição das respostas da questão 13 respondidas por funcionários ... 114

Figura 29. Gráfico de distribuição das respostas da questão 13 respondidas por contratados ... 114

Figura 30. Gráfico de distribuição das respostas da questão 6 ... 116

Figura 31. Gráfico de distribuição das respostas da questão 7 ... 117

Figura 32. Gráfico de distribuição das respostas da questão 8 ... 118

Figura 33. Gráfico de distribuição das respostas da questão 9 ... 119

Figura 34. Gráfico de distribuição das respostas da questão 10 ... 120

Figura 35. Gráfico de distribuição das respostas da questão 11 ... 121

Figura 36. Gráfico de distribuição das respostas da questão 12 ... 122

Figura 37. Gráfico de distribuição das respostas da questão 14 ... 123

(13)

LISTA DE ABREVIATURAS

ANP Agência Nacional de Petróleo

BDEMQ Banco de Dados de Equipamentos e Movimentação e Qualidade BR Distribuidora Petrobras Distribuidora S.A

CENPES Centro de Pesquisa e Desenvolvimento

CEO Chief Executive Office

CFO Chief Financial Office

CMM Capability Maturity Model

CobiT Control Objectives for Information and related Tecnologies

CPO Chief Project Office

E&P Exploração e Produção

EAP Escritório de Apoio de Projeto

EGP Escritório de Gestão de Projeto

ERP Enterprise Resource Planning

GID Gestão Integrada de Demandas

OPEP Organização dos Países Exportadores de Petróleo

OPM3 Organization Project Management Maturity Model

OTC Offshore Tecnology Conference

NTI Necessidades de Tecnologia da Informação

PETROBRAS Petróleo Brasileiro S.A

(PM)2 Project Management Process Maturity Model

PMBoK Project Management Body of Knowledge

PMI Project Management Institute

PMCD Project Manager Competency Development

PMCOE Project Management Center of Excellence

PMO Project Management Office

PMP Project Management Professional

PrgMO Program Management Office

PSO Project Support Office

REDUC Refinaria Duque de Caxias

(14)

RPBC Refinaria Presidente Bernardes

SEI Software Engineering Institute

SEORG Serviço de Organização e Métodos

SEPROD Serviço de Processamento de Dados

SERINF Serviço de Informática

SOX Sarbanes-Oxley

TI Tecnologia da Informação

TI-AB Tecnologia da Informação Abastecimento

TI-E&P Tecnologia da Informação da Exploração e Produção TI-G&E Tecnologia da Informação Gás e Energia

TI-INTER Tecnologia da Informação Internacional TRANSPETRO Petrobras Transporte S.A.

UN-BC Unidade de Negócios Bacia de Campos

(15)

1 Introdução

1.1 Contextualização do problema

Em um ambiente de contínuas mudanças, as empresas, para permanecerem competitivas,

precisam responder rapidamente aos novos desafios e novas oportunidades que surgem.

Podemos dizer que projetos são o veículo por meio ao qual as empresas realizam mudanças

em seus processos, produtos ou serviços. Devido ao ritmo crescente de mudanças, cada vez

mais novos produtos e serviços são implementados pelas empresas por meio de projetos.

Neste contexto, a gestão de projetos passa a ser fundamental. As empresas precisam inovar

constantemente para continuarem a serem competitivas e estas inovações são realizadas por

meio de um ou vários projetos. Para Thiry-Cherques (2002), projetos são criados para

atender estrategicamente a um desafio. Segundo Verzuh (2000) quanto maior a mudança,

mais inovações ocorrem em resposta e mais projetos surgem.

A gerência de projetos é utilizada cada vez mais nas empresas como uma ferramenta de

auxílio à gestão e ao planejamento estratégico. Segundo Kerzner (2001b), nos últimos anos,

devido a uma demanda crescente por projetos, houve um aumento no interesse de

formalização dos processos de gerência de projetos. O rápido crescimento do quadro de

associações de membros de profissionais na área demonstra isso. O Project Management

Institute (PMI) estabeleceu-se como um instituto de referência na área. Criado em 1969,

por apenas 5 membros, atualmente conta com mais de 100.000 filiados em 125 países.

(16)

Segundo Patah (2004), o Standard Group (1999 apud Patah 2004) publicou uma pesquisa

segundo a qual, os Estados Unidos gastam US$ 275 bilhões ao ano em aproximadamente

200.000 projetos de tecnologia da informação. Este mesmo instituto publicou uma outra

pesquisa em 2003, a partir de uma amostra de aproximadamente 13.000 projetos de

tecnologia da informação em que apenas 34% dos projetos puderam ser considerados

bem-sucedidos. De acordo com os dados da pesquisa, 82% dos projetos foram completados fora

do prazo sendo que somente 52% destes foram entregues conforme as características e

funcionalidades requeridas. Apesar desta pesquisa ter sido realizada nos Estados Unidos, a

realidade brasileira não é muito diferente. O Estudo de Benchmarking em Gerenciamento

de Projetos realizado em 2004 pelo PMI – Seção Rio de Janeiro identificou que apesar do

interesse em gerenciamento de projetos nas organizações brasileiras ser cada vez maior, o

nível de maturidade em gerenciamento de projetos das mesmas ainda é baixo. Em outras

palavras, apesar das empresas utilizarem cada vez mais a gerência de projetos, o nível de

maturidade das mesmas em gerenciamento de projetos ainda deixa muito a desejar.

1.2 Formulação do problema

Em 1997, a Petrobras, empresa de economia mista com atuação na indústria de exploração

e produção, refino e comercialização de petróleo e derivados, e na distribuição de

combustíveis, passou a atuar em um novo cenário de competição instituído pela lei 9.478,

que regulamentou a emenda constitucional da flexibilização do monopólio estatal de

petróleo. Com a quebra do monopólio, a empresa viu-se diante de um novo cenário

competitivo com a entrada de novos concorrentes em suas áreas de atuação. A necessidade

(17)

condições de competição no exterior exigiu da Petrobras uma nova postura. Em resposta a

esta nova realidade, a empresa passou por um rigoroso processo de planejamento

estratégico, com a revisão de seus objetivos e missão, acompanhado de um amplo processo

de reestruturação. Esta reestruturação introduziu na Companhia o conceito de unidades de

negócio, autônomas, com orçamento e estratégias próprias alinhadas à estratégia

corporativa, voltadas para as áreas de atuação (Exploração e Produção (E&P),

Abastecimento, Gás e Energia e Internacional).

A área de Tecnologia da Informação (TI) da Petrobras, em conformidade com a revisão da

estratégia da Companhia, iniciou um trabalho de alinhamento da tecnologia da informação

da Petrobras às novas tendências da indústria, estabelecendo estruturas e mecanismos

necessários para maximizar a contribuição da informática aos objetivos de negócios da

Companhia. Este processo ocasionou na mudança de sua estrutura, processos e serviços.

Com a reestruturação, a TI passou de uma atuação mais operacional para uma atuação mais

estratégica, responsável por prover soluções que apóiem os processos de negócio

estratégicos da empresa. A TI teve um aumento de sua área de atuação ao centralizar todas

as atividades de tecnologia da informação da Petrobras. Devido à estrutura atual da TI, a

maior parte dos projetos é desenvolvida com a participação de mais de uma área funcional

e com a participação de fornecedores externos. A falta de padronização neste ambiente

dificulta a realização dos projetos pelas áreas. Somado a isso a falta de critérios de

priorização do que deve ser realizado e a falta de alinhamento dos projetos com objetivos

estratégicos da organização levam a utilização ineficiente dos recursos e afetando, por

(18)

A solução proposta ao longo deste trabalho para os problemas citados anteriormente é

adoção de uma gestão de projetos padronizada segundo os conceitos do PMI. Este trabalho

tem como objetivo identificar a forma adequada de implantar os conceitos de gerência de

projetos na organização.

Segundo autores como Block et al (1998) e Crawford (1999), a criação de uma estrutura

organizacional de projetos, também conhecida por Escritório de Gerenciamento de Projetos

ou Escritório de Projetos, com o objetivo de disseminar os conceitos de gerência de

projetos em uma organização, pode ajudar a alcançar mais rapidamente a situação desejada.

Segundo Patah et al (2003 apud Patah 2004), o Escritório de Gerenciamento de Projetos

pode se apresentar sobre diferentes formas: desde uma simples estrutura criada somente

para dar suporte administrativo aos projetos da organização até uma estrutura estratégica

responsável pelo gerenciamento de todos os projetos da organização. Os autores enfatizam

que o dimensionamento da estrutura deve estar alinhado à estratégia da organização,

levando-se em conta a relevância da atividade de gerenciamento de projeto para a mesma e

seu nível de maturidade em gerenciamento de projetos, de modo que a estrutura não se

torne onerosa e não apresente os resultados desejados. Segundo Herszon (2004), entende-se

por grau de maturidade em gerenciamento de projetos de uma organização como o nível em

que a mesma se encontra em uma escala crescente a partir de um modelo de maturidade

(19)

1.3 Objetivos

1.3.1 Objetivo principal

Identificar qual a estrutura de Escritório de Gerenciamento de Projetos é mais

adequada para a TI a partir da análise do nível atual de maturidade em gerenciamento de

projetos.

1.3.2 Objetivos secundários

Para a realização deste trabalho, torna-se necessário realizar:

• A identificação dos principais modelos de maturidade em gerenciamento de projetos

existentes na literatura;

• A identificação das principais estruturas de Escritório de Gerenciamento de

Projetos;

• A análise do nível atual de maturidade em gerenciamento de projetos da área a ser

pesquisada;

• A identificação da situação desejada;

(20)

• A identificação da estrutura de Escritório Gerenciamento de Projeto mais adequada

para o nível atual de maturidade em gerenciamento de projetos.

1.4 Delimitação do estudo

O estudo proposto identificará a estrutura de Escritório de Gerenciamento de Projetos mais

adequada a partir da análise do nível de maturidade em gerenciamento de projetos da TI.

Esta análise será efetuada a partir da percepção dos gerentes de projetos. Na TI, este

profissional é nomeado como líder de projeto podendo desempenhar esta função tanto

funcionários do sistema Petrobras quanto contratados, pessoas empregadas de empresas

terceirizadas, mas que trabalham diretamente na TI. Para não se criar um viés na análise a

ser realizada, o estudo será desenvolvido com as pessoas que trabalham diretamente com

gerenciamento de projetos, excluindo-se aquelas que possuam cargo ou função de gerência

ou direção.

1.5 Relevância do estudo

A gestão de projetos não é uma atividade recente. Empresas sempre utilizaram projetos

para implementar suas estratégias e desenvolver seus produtos e serviços. Mas os projetos

nem sempre são gerenciados de forma ordenada, acarretando em baixas taxas de sucesso

dos mesmos. Quando falamos em sucesso no resultado final de um projeto, estamos nos

referindo não só a serem entregues no prazo e com o custo planejado como também a

(21)

Em pesquisa realizada em 1999, o Gartner Group (1999 apud Herszon 2004) observou que

os projetos de desenvolvimento de software de TI, da forma como eram gerenciados,

apresentavam orçamento final de 170-180% superior ao orçamento planejado. Ainda

segundo Herszon (2004), outra pesquisa realizada pela Robbins-Giola com gerentes de

projetos identificou que 90% destes gerentes estimaram erradamente o tamanho e a

complexidade de seus projetos. Quase metade dos projetos (44%) teve um estouro de

orçamento da ordem de 10 a 40% e somente 16% destes foram entregues no cronograma

planejado. O baixo conhecimento dos conceitos de gerenciamento de projetos e a não

utilização de técnicas e metodologias adequadas contribuem para estes resultados.

Cada vez mais as empresas notam que é necessário ter uma gestão adequada de seus

projetos com o objetivo de aumentar a taxa de sucesso dos mesmos, pois as mudanças no

ambiente onde as empresas se inserem vem ocorrendo de forma cada vez mais rápida e

descontinuada, gerando uma crescente demanda por novos produtos e serviços.

As adaptações às mudanças no ambiente em que as empresas inserem podem ser realizadas

através do processo de planejamento estratégico. Kerzner (2001b) define planejamento

estratégico como o processo de formular e executar decisões acerca da futura direção da

organização. Este processo é fundamental para a sobrevivência da organização pois permite

que se tenha uma visão de alcance a longo prazo dos resultados requeridos. O planejamento

estratégico se divide no processo de definição e formulação das estratégias e no processo de

execução das mesmas. No processo de definição são decididos os resultados que devem ser

alcançados e as estratégias para obter os resultados pretendidos. No processo de execução,

(22)

estes possuem maiores chances de serem bem-sucedidos se forem executados por um

processo repetível e consistente.

Por estes motivos, nos últimos anos, houve um crescimento do interesse de formalização

dos processos de gerência de projetos e disseminação de seus conceitos.

A criação de uma estrutura organizacional voltada para a aplicação dos conceitos de

gerenciamento de projetos e para o desenvolvimento de processos e metodologias, vem ao

encontro deste anseio. Esta estrutura organizacional seria o Escritório de Projetos ou o

Escritório de Gerenciamento de Projetos. Ao implantar uma estrutura organizacional com

estas características, a empresa passa a centralizar todas as suas iniciativas de aplicação dos

conceitos de gerenciamento de projetos, facilitando sua disseminação pela organização. O

Escritório de Gerenciamento de Projetos passa a ser a estrutura responsável pela

metodologia de gerenciamento de projetos, podendo ajudar no desenvolvimento das

competências e habilidades dos gerentes de projetos, pessoas responsáveis por gerenciar

efetivamente os projetos da organização.

Uma premissa na criação desta estrutura e definição de suas atribuições é que a mesma seja

adequada à estratégia da organização e ao seu grau de conhecimento dos conceitos de

gerenciamento de projetos. Analisar o nível de maturidade de gerenciamento de projetos da

organização em relação a uma escala crescente é o passo inicial para se implantar uma

estrutura de gerenciamento de projetos. A vantagem da utilização de um modelo de níveis

de maturidade é que se pode identificar a situação atual da empresa em relação aos

conceitos de gerenciamento de projetos e a partir desta identificação planejar o alcance da

situação desejada. O alcance da situação desejada pode ser realizado de maneira gradual,

(23)

isso aumentando as taxas de sucesso dos projetos. À medida que a organização for

aperfeiçoando seu nível de maturidade, podem-se evoluir as atribuições do Escritório de

Gerenciamento de Projetos desde uma atribuição mais operacional, como responsável pelas

técnicas e metodologias, até uma atribuição mais estratégica, como responsável por todos

os projetos da organização. Independente das atribuições definidas para Escritório de

Gerenciamento de Projetos, o mesmo deve estar sempre alinhado a estratégia da

organização.

Desta forma a realização deste estudo visa aplicar um modelo que meça o nível de

maturidade em gerenciamento de projetos de uma organização e sugerir uma estrutura

organizacional de projetos adequada ao nível identificado podendo ser evoluída à medida

que o grau de maturidade da mesma for sendo aperfeiçoado.

1.6 Organização do trabalho

Este primeiro capítulo introduz o tema de gerenciamento de projetos, a formulação do

problema, os objetivos primários e secundários, a relevância e a estrutura do trabalho.

O capitulo dois apresenta a revisão da literatura em gerenciamento de projetos incluindo as

definições de conceitos relevantes, o perfil das competências em gerência de projetos, os

tipos de estrutura organizacionais existentes para gerenciamento de projetos, os modelos de

maturidade propostos pela literatura e o conceito de escritório de gerenciamento de projetos

e seu processo de implantação. Este trabalho apresenta os conceitos de gerenciamento de

(24)

uma pesquisa empírica do nível de maturidade em gerenciamento de projetos da área de

Tecnologia da Informação da Petrobras.

O capítulo três apresenta a abordagem metodológica utilizada adotada na realização da

dissertação que se constitui de um estudo de caso único onde os dados foram obtidos por

meio da aplicação de questionários, pesquisa documental e observação direta. Em seguida,

a pesquisa de campo realizada é apresentada e são descritas a forma de realização da

pesquisa, a montagem da estrutura e a distribuição dos questionários.

O capítulo quatro apresenta o caso estudado. O capítulo se inicia com a descrição da

empresa Petrobras, apresentando a área de Tecnologia da Informação (TI) e como esta se

insere no contexto da empresa. Ao final são apresentados a estrutura da TI e os fatores

internos e externos que nos mostram a necessidade da adoção de uma gestão de projetos

padronizada.

O capítulo cinco apresenta os resultados da pesquisa empírica. São apresentados e

interpretados os resultados obtidos e ao final com base no modelo utilizado como referência

é analisado o nível atual de gerenciamento de projetos da TI.

No capítulo seis é proposto o modelo de Escritório de Gerenciamento de Projetos mais

adequado para TI a partir da identificação do nível atual de gerenciamento de projetos..

No capítulo sete são apresentadas as considerações finais do trabalho e no capítulo oito são

(25)

2 Referencial Teórico

Este capítulo apresenta as principais características de um projeto, discute o conceito de

sucesso e fracasso de um projeto, apresenta o conceito de estruturas funcionais, matriciais e

projetizadas realizando uma comparação entre as mesmas, expõe as competências

requeridas por um gerente de projetos, mostra os principais modelos de maturidade em

gerência de projetos vigentes, discutindo suas origens e efetuando um comparativo entre os

pontos convergentes e divergentes dos modelos e ao final apresenta as principais estruturas

de escritório de gerenciamento de projetos indicadas na literatura.

2.1 Gestão de Projeto

Quando falamos em projeto e gestão de projeto não estamos falando em algo recém-criado.

A origem da gestão de projetos é bastante remota. Segundo Verzuh (2000), certamente, a

construção das pirâmides e dos aquedutos da antiguidade necessitaram da habilidade de

coordenação e planejamento de um gerente de projeto. Michelângelo na construção da

Basílica de São Pedro enfrentou todos os problemas enfrentados atualmente por um gerente

de projeto: especificações incompletas, mão-de-obra insuficiente, estouro de orçamento e

uma pressão constante de um cliente bastante influente. Thiry-Cherques (2002) afirma que

existem relatos sobre projetos realizados há pelo menos 6000 anos na Mesopotâmia.

Somente a partir da 2a Guerra Mundial a disciplina de gestão de projetos, como a

conhecemos atualmente, passou a ser difundida principalmente nos programas de defesa

militar americanos. Segundo Verzuh (2000), o projeto Manhattan, para construção da

(26)

modernas técnicas de gestão de projetos. Para o autor, apenas recentemente a gestão de

projetos ultrapassou os limites tradicionais dos grandes projetos de construção civil e da

indústria aeroespacial. Atualmente a disciplina encontra-se presente em todas as áreas,

desde planos de saúde às indústrias, dos projetos de software a projetos de recursos

ambientais.

O que pode ser definido como projeto? Existem várias definições para projeto. Seu conceito

vem sendo aprimorado ao longo dos anos. Uma das primeiras definições foi apresentada

por Davis (1951 apud Cleland & Ireland 2002). O autor define projeto como: “qualquer

empreendimento que tenha objetivos claros e definidos que representem valores específicos

a serem usados para satisfazer alguma necessidade ou desejo”. Kerzner (2001a) já

apresenta uma definição mais apurada. Segundo ele, um projeto é considerado como uma

série de atividades ou tarefas multifuncionais, possuindo um objetivo específico a ser

completado, dentro de um tempo definido, com prazos e recursos limitados. Para

Thiry-Cheques (2002), um projeto é definido como sendo uma organização transitória, que

compreende uma seqüência de atividades dirigidas à geração de um produto ou serviço

único em um tempo dado.

Por sua vez, o Project Management Institute, PMI (2004b), define um projeto como sendo

um esforço temporário empreendido para criar um produto ou serviço único e o

gerenciamento de projetos pode ser definido como a arte de coordenar as atividades com o

objetivo de atingir as expectativas dos clientes. Similarmente, a norma ISO 10006 (2000)

define um projeto como sendo “um processo único, consistindo de um grupo de atividades

coordenadas e controladas com datas de início e término, empreendido para um objetivo

(27)

notar que todas estas definições são similares e que um projeto possui três características

essenciais: possui um objetivo, produz um resultado único e contém início e fim

estabelecidos.

Como um projeto consiste em um grupo de atividades coordenadas, que para atingirem os

objetivos definidos ocorrem em uma ordem determinada, podemos dizer que as atividades

de um projeto estão compreendidas em um ciclo de vida, que pode ser dividido em diversas

fases. Maximiano (1997) divide o ciclo de vida de um projeto em quatro fases: preparação,

estruturação, desenvolvimento e encerramento. Cleland & Ireland (2002), por sua vez,

dividem o ciclo de vida de um projeto em cinco fases: conceituação, definição, produção ou

construção, operacional e desinvestimento.

O PMI em seu documento de referência para gerência de projeto, The Guide of Project

Management Body of Knowledge (o Guia PMBoK), não indica uma nomenclatura

específica para as diversas fases de um ciclo de vida. Segundo este guia (2004b), as

peculiaridades de cada projeto é que irão determinar as melhores escolhas para a divisão. A

(28)

Figura 1. Exemplo genérico de um ciclo de vida

Fonte: PMI (2004b:39)

Segundo o PMBoK (2004b), independentemente do número de fases de um ciclo de vida de

um projeto, durante o mesmo, seus custos e recursos não são uniformemente distribuídos.

A Figura 2 apresenta como os custos e recursos de um projeto são distribuídos durante a

ocorrência deste.

Figura 2. Distribuição de custos e recursos ao longo de um projeto.

Fonte: PMI (2004b: 36)

(29)

Podemos ver que no início do ciclo, os custos e a quantidade de pessoas envolvidas são

bastante baixos, mas o nível de risco e de incerteza é bastante alto, pois o risco do projeto

não atingir os objetivos especificados é maior neste período. Nesta fase a capacidade das

partes interessadas de interferir nas características requeridas ainda é bastante alta. À

medida que o projeto vai sendo desenvolvido, aumenta-se o número de pessoas envolvidas

e os custos, devendo-se reduzir as incertezas e as mudanças nos requisitos especificados.

Ao final do projeto, os custos e a quantidade de pessoas envolvidas se reduzem

drasticamente. (PMI, 2004b)

Segundo Patah (2004), a incerteza e complexidade inerentes aos projetos também são

questões fundamentais para se entender o conceito. Para Maximiano (1997), os projetos

desenvolvem-se naturalmente em um ambiente de complexidade e incerteza. Segundo o

autor, os projetos podem ser divididos em quatro grandes categorias segundo a incerteza e

complexidade. Quanto maior o grau de desconhecimento, maior a incerteza e o risco

associado. A complexidade de um projeto pode ser avaliada, entre outros aspectos, através

da multidisciplinaridade necessária a execução do mesmo, diversidade e volume das

informações e número de organizações envolvidas. A Figura 3 apresenta as quatro grandes

(30)

Figura 3. Quatro categorias de projeto

Fonte: Maximiano (1997:27)

Face ao apresentado, podemos notar que existem vários fatores como custos, recursos,

prazos e riscos que devem ser analisados ao se realizar um projeto.

O Guia PMBoK compreende os elementos da gerência de projetos. Ele é estruturado por

áreas de conhecimento, mas possui uma orientação por processos. Segundo o PMBoK

(2004b), o gerenciamento de projetos significa aplicação do conhecimento, habilidades,

ferramentas e técnicas às atividades do projeto a fim de atender ou superar as expectativas

que os stakeholders1possuem no projeto e é realizado através da aplicação e integração dos

seguintes processos de gerenciamento de projetos: iniciação, planejamento, execução,

1 Stakeholders: todos os agentes que contribuem para o desempenho da organização; por exemplo:

(31)

monitoramento e controle, e encerramento. No processo de iniciação é estabelecida a base

do projeto, com a definição dos recursos, stakeholders e é obtido o compromisso dos

envolvidos para o desenvolvimento do projeto. No processo de planejamento é

desenvolvido um plano com o objetivo de orientar a execução, o controle e o encerramento

do projeto. Este plano é composto de atividades interligadas tendo como ênfase o

cumprimento das metas acordadas. O processo de execução compreende a execução das

atividades descritas no plano, coordenando os recursos do projeto, humanos e materiais,

necessários para o cumprimento das tarefas. O processo de monitoramento e controle

compreende o acompanhamento do desempenho das atividades do projeto com o objetivo

de medir se o que está sendo realizado está de acordo ao que foi planejado e o

cumprimento, se necessário, de ações corretivas para adequação da realização ao

planejamento. Por fim, o processo de encerramento compreende as atividades de

encerramento do projeto com a conclusão formal do mesmo mediante a aceitação do

(32)

Figura 4. Interligação entre os processos de gerenciamento de projeto

Fonte: PMBoK (2004b:56)

O Guia PMBoK está dividido em nove áreas de conhecimento, são elas: integração,

escopo, tempo, custo, qualidade, recursos humanos, comunicações, riscos e aquisições.

(PMI, 2004b)

A gerência de integração descreve os processos que asseguram a coordenação dos diversos

elementos de gerenciamento de projetos de modo que as áreas estejam integradas de forma

única.

A gerência de escopo deverá assegurar que apenas o trabalho necessário para desenvolver

os requisitos especificados pelo cliente esteja sendo executado, impedindo a realização de

(33)

Para que um projeto seja finalizado dentro do prazo e custo previsto, devem ser realizadas

respectivamente, as gerências de tempo e custo. Estas duas gerências estão intimamente

relacionadas com a gerência de escopo, pois uma alteração em um requisito, provavelmente

acarretará a alteração no prazo, podendo impactar em maiores custos para o projeto.

A gerência de qualidade deve garantir que as necessidades que originaram o

desenvolvimento do projeto sejam completamente satisfeitas. Em outras palavras, a

gerência de qualidade deve garantir que o resultado produzido pelo projeto atenda

satisfatoriamente ao cliente.

A gerência de recursos humanos deve assegurar o aproveitamento dos participantes da

equipe do projeto de maneira mais eficaz, ressaltando suas habilidades e competências.

Segundo Thiry-Cherques (2002), a gerência de comunicações é responsável por promover

os meios necessários à interação entre as pessoas e instituições envolvidas no projeto. Ela

compreende a coleta, armazenamento e disponibilização de forma adequada das

informações e idéias.

O PMBoK (2004b) define risco como sendo como um evento ou condição incerta que se

ocorrer pode proporcionar um resultado positivo ou negativo em pelo menos um dos

objetivos do projeto. Devido a isso, a gerência de riscos é de fundamental importância,

(34)

A gerência de aquisições deve realizar a aquisição de serviços, produtos ou resultados de

organizações externas àquela que desenvolve o projeto. Segundo o PMBoK (2004b), esta

gerência deve garantir que todos os fornecedores de produtos, serviços ou resultados façam

suas entregas dentro do prazo e condições estipuladas contratualmente.

Deve se ressaltar que para o PMI, o guia PMBoK é um documento de referência que

identifica um conjunto de conhecimento em gerenciamento de projetos. Ele tem como

objetivo padronizar termos e procedimentos para que os gerentes de projetos possam ser

orientar nas práticas mais comuns, porém segundo o guia, somente a equipe de projeto é

responsável por determinar o que é adequado a um projeto específico.

Após definirmos o que é um projeto, o item a seguir apresenta como se define o sucesso ou

o fracasso de um projeto e os fatores que contribuem para que um projeto seja considerado

ou não bem-sucedido.

2.2 Sucesso e Fracasso em Projetos

Segundo Cleland & Ireland (2002), a dificuldade em se definir sucesso ou fracasso vem da

própria dificuldade em se definir o significado dessas palavras. Para os autores, no contexto

de projetos, o sucesso de um projeto ocorre quando a entrega do mesmo acontece no prazo

certo, dentro do orçamento previsto e adequado estratégica ou operacionalmente à missão,

aos objetivos e metas da organização. O fracasso acontece quando ocorre a situação

inversa, ou seja, os resultados esperados não são alcançados. Patah (2004), similarmente,

(35)

mesmo, com os recursos orçamentários e o tempo destinados conforme o plano elaborado

para o projeto. Para o autor, um projeto pode ser considerado como um fracasso quando

não foi possível cumprir o que foi planejado e acordado. Em outras palavras, quando não

foi possível atender as necessidades dos stakeholders explicitadas nos objetivos do projeto.

Kerzner (2001a) e Pinto & Slevin (1998) destacam que as definições iniciais de sucesso no

contexto de gerência de projetos eram voltadas para atender aos requisitos internos de

prazo, custo e qualidade, chamada pelos autores de tripla restrição. Não havia preocupação

com a satisfação do cliente, o principal afetado pelos resultados produzidos pelo projeto.

Com o aumento da competitividade do mercado, o consumidor tornou-se mais exigente.

Consequentemente a satisfação do cliente passou a ser um dos pilares fundamentais, a

quarta restrição, para a identificação do sucesso ou fracasso de um projeto, levando a

definição de sucesso existente atualmente.

Para Kerzner (2001a), o sucesso de um projeto não pode ser definido como um ponto. Ou

em outras palavras, um projeto não pode ser considerado como um sucesso somente quando

ele atender completamente as expectativas de todas as partes integrantes, no prazo e custo

estabelecido e com a qualidade esperada. Poucos projetos são completados sem alterações

no seu escopo e consequentemente sem mudanças de expectativas. O autor defende que o

sucesso de um projeto deve ser definido como um cubo, podendo ser considerado como um

sucesso se conseguir atender a uma grande parte das expectativas das partes interessadas. A

(36)

Figura 5. “Sucesso deve ser um cubo em vez de um ponto”

Fonte: Kerzner (2001a:63)

Do mesmo modo, o PMI (2002) observa que o sucesso ou fracasso de um projeto pode ser

percebido de maneiras distintas pelas diversas partes integrantes do projeto e que apesar da

percepção poder variar, esta depende fortemente do grau de alcance dos objetivos

esperados. Por exemplo, pode existir um projeto que apesar de ter ultrapassado os prazos e

custos estabelecidos, ainda assim ser considerado um sucesso pelo cliente, pois produziu os

resultados esperados. Existem alguns fatores que podem evidenciar e outros que podem

contribuir para o sucesso ou fracasso de um projeto. Alguns fatores como o cumprimento

do trabalho de acordo com o prazo e orçamento previsto, cumprimento do resultado global

e atendimento das expectativas dos stakeholders evidenciam o sucesso de um projeto.

Outros fatores como planejamento detalhado de todas as fases do projeto e um

Qualidade ou escopo

Custo

(37)

acompanhamento e controle adequado dos recursos destinados ao mesmo contribuem para

o sucesso do mesmo. Por sua vez, fatores como não adequação à missão ou objetivos da

empresa ou não atendimento das necessidades explicitadas evidenciam o fracasso de um

projeto. Cleland & Ireland (2002) ressaltam que para se determinar o sucesso ou fracasso,

algumas medidas de desempenho, como por exemplo comparações entre os custos

planejados e reais de todas as atividades completadas, devem ser realizadas durante o

desenvolvimento do projeto para que possa haver uma comparação com o resultado

previsto.

Pinto & Slevin (1998) partiram do pressuposto de que o sucesso de um projeto depende do

atendimento as quatro restrições citadas acima e estabeleceram um modelo de dez fatores

críticos de sucesso, são eles:

1. Objetivos do projeto claramente definidos e compreendidos tanto pela equipe do

projeto quanto pela organização onde o projeto será realizado;

2. Suporte da gerência executiva;

3. Planejamento detalhado do projeto;

4. Participação do cliente no projeto;

5. Equipe do projeto com as habilidades e competências necessárias. Responsabilidade

e papéis bem definidos;

6. Assegurar que a equipe do projeto tenha a tecnologia necessária para realizar suas

atividades;

7. Aprovação dos resultados do projeto pelo cliente;

(38)

9. Comunicação adequada entre as partes integrantes do projeto: equipe do projeto,

clientes e organização;

10. Diagnosticar e corrigir problemas que possam vir a ocorrer no decorrer do projeto;

Segundo Kerzner (2002), apesar de alguns fatores críticos de sucesso serem genéricos, as

empresas devem definir seus próprios fatores críticos de sucesso. Em outras palavras, cada

empresa deve possuir sua própria definição de sucesso que deve estar relacionada ao seu

ambiente de negócio.

Para Patah (2004), uma forma de diminuir as chances de fracasso de um projeto é verificar,

tão logo comece a ocorrer, a impossibilidade de atender às necessidades explicitadas no

início do projeto. Verificar somente ao final do projeto pode ser muito tarde, aumentando a

chance de fracasso do mesmo. Similarmente, Kerzner (2001a) destaca que um fracasso

pode se tornar um sucesso se for descoberto cedo o bastante, de modo que os recursos

designados para o projeto possam ser redistribuídos para outras atividades mais oportunas.

2.3 Tipos de estruturas organizacionais

Kerzner (2001a) define organização ou estrutura organizacional como sendo um grupo de

pessoas que precisam coordenar suas atividades de modo que possam atender aos objetivos

da organização. Segundo o autor, as rápidas mudanças que vêm ocorrendo no ambiente

como aumento da competitividade, avanços tecnológicos e uma exigência de um maior

controle de recursos produziu, nos últimos trinta anos, uma revolução na introdução e

(39)

apresenta o conceito de organizações como sistemas abertos, ou seja, sujeitas às influências

do ambiente onde estão inseridas. Por estes motivos surgiu a necessidade das empresas de

possuírem uma organização mais flexível, mais dinâmica que possa responder rapidamente

as mudanças ocorridas no ambiente.

Segundo Patah (2004), as estruturas matriciais e projetizadas surgiram como alternativas a

rígida estrutura organizacional funcional A estrutura matricial é uma combinação da

estrutura funcional e projetizada e pode ser classificada em matricial fraca, equilibrada ou

forte.

Kerzner (2001a) destaca que não existe um tipo ideal de estrutura organizacional, existem

sim, estruturas apropriadas e não-apropriadas. Ou, em outras palavras, as estruturas devem

ser apropriadas aos objetivos da organização.

2.3.1 Estrutura funcional

As estruturas funcionais existem há mais de dois séculos. Neste tipo de estrutura, as

pessoas são agrupadas em funções ou processos de trabalho similares sendo a autoridade

exercida principalmente pelos gerentes funcionais. Daft (1999) ressalta que são aplicáveis

em ambiente estáveis com baixa incerteza, sendo suas atividades rotineiras e com baixa

interdependência. Nos últimos anos devido as constantes alterações ambientais, estas

passaram a ser questionadas principalmente devido à dificuldade em responder rapidamente

(40)

departamentos técnicos da empresa. A figura 6 apresenta um exemplo de estrutura

funcional.

Figura 6. Exemplo de estrutura funcional

Fonte: adaptado de Kerzner (2001a)

As principais vantagens desta estrutura no contexto de gerenciamento de projetos são o

controle centralizado de orçamento e custo e grande flexibilidade e disponibilidade no uso

de recursos humanos necessários ao projeto. Como o projeto é desenvolvido dentro de um

departamento técnico da empresa, tendo o gerente funcional do departamento responsável

pelo mesmo, os funcionários participantes da equipe do projeto são lotados no próprio

departamento, reportando-se com isso a somente uma pessoa. Por um outro lado, existe

uma dificuldade de responsabilização pelo resultado do projeto, pois apesar do gerente

funcional ser o responsável pelo mesmo, esta não é sua única função tendo com isso

dificuldade de acompanhar todas as atividades do projeto. Não é delegada a nenhum

funcionário a responsabilidade total pelo projeto. Uma outra desvantagem é que os

(41)

as decisões técnicas. Com isso existe uma dificuldade em responder rapidamente às

necessidades do cliente. Por último, apesar dos canais de comunicação serem verticais e

bem estabelecidos, existe uma dificuldade de integração de atividades entre áreas

funcionais distintas pois os gerentes funcionais tendem a ter problemas em ceder seus

recursos tendo que haver uma intervenção dos níveis hierárquicos superiores.

Kerzner (2001a) ressalta que apesar das desvantagens apresentadas, a estrutura funcional

pode funcionar a contento desde que as áreas funcionais se conscientizem em fornecer os

recursos necessários para a execução das atividades e que a pessoa designada como gerente

de projeto possua a autoridade e responsabilidade necessárias para que não hajam conflitos

com os gerentes funcionais das áreas dos recursos solicitados.

2.3.2 Estrutura projetizada

Segundo Patah (2004), nos últimos anos, as empresas, devido as constantes demandas do

mercado consumidor por novos produtos, atentaram para o fato de que a diversificação de

sua linha de produtos era fundamental para sua sobrevivência. Esta diversificação tem

como premissa a integração de tecnologias distintas e um rápido ciclo de desenvolvimento

de produtos desde sua concepção até a entrada no mercado. Neste cenário, surgiu a

necessidade de uma estrutura mais ágil que possibilitasse uma maior integração entre

tecnologias e áreas. Esta estrutura seria a estrutura projetizada.

Segundo Kerzner (2001a), a maior vantagem da estrutura projetizada é que somente um

(42)

todo. A principal desvantagem neste tipo de estrutura é que a organização é replicada para

cada projeto podendo haver duplicidade de esforços e dificuldade de comunicação entre

pessoas de projetos distintos, apesar dos canais de comunicação dentro do projeto serem

bastante eficazes possibilitando respostas rápidas a mudanças que possam ocorrer no

decorrer do mesmo. A figura 7 apresenta uma estrutura do tipo projetizada.

Figura 7. Exemplo de estrutura projetizada

Fonte: Patah (2004:53)

Outra vantagem desta estrutura é que ela é estruturalmente mais simples e flexível que a

estrutura funcional podendo ser implantada mais rapidamente. Além disso, todos os

participantes do projeto encontram-se sob a responsabilidade de uma única pessoa: o

gerente de projeto. Como a estrutura é criada para o projeto, existem menos conflitos entre

(43)

decisões. Apesar do número de conflito entre as áreas ser menor, existe uma baixa troca de

informações entre as mesmas desperdiçando com isso oportunidades de um maior

intercâmbio técnico. Outra desvantagem é que um especialista, uma pessoa com

conhecimentos específicos, tende a ser alocado em um projeto quando está disponível e não

quando é necessário. Sendo com isso retido no mesmo por um tempo maior que o

necessário.

2.3.3 Estrutura matricial

Segundo Kerzner (2001a), a estrutura matricial é uma tentativa de combinar as vantagens

da estrutura projetizada e da estrutura funcional. Esta estrutura existe em paralelo a

estrutura funcional sob a responsabilidade dos gerentes funcionais. São criadas equipes de

projeto com representantes das diversas áreas funcionais pertinentes sob a responsabilidade

do gerente de projeto. O gerente de projeto tem a total responsabilidade pelo sucesso do

mesmo enquanto que as gerências funcionais são responsáveis por disponibilizar os

recursos, humanos ou técnicos, necessários ao sucesso do projeto. Os membros da equipe

do projeto são lotados nas gerências funcionais e respondem tanto aos seus gerentes

funcionais quanto ao gerente de projeto durante a duração do mesmo.

A estrutura matricial pode se apresentar sob diversas formas. A primeira delas é a estrutura

matricial fraca. Ela é mais parecida com a estrutura funcional e nela os gerentes funcionais

possuem maior poder em comparação com o gerente de projeto. Outro tipo é a estrutura

matricial forte. Este tipo de estrutura se aproxima mais da estrutura projetizada onde o

(44)

gerentes funcionais. O terceiro tipo de estrutura é a estrutura matricial equilibrada onde o

gerente de projeto e os gerentes funcionais possuem o mesmo nível de influência sobre os

membros da equipe. A figura 8 apresenta uma estrutura do tipo matricial.

Figura 8. Exemplo de estrutura matricial

Fonte: Patah (2004:56)

Um dos principais problemas que pode existir em uma estrutura matricial é o grande

potencial de ocorrência de conflitos entre o gerente funcional e o gerente de projeto em

relação a disponibilização de recursos. Segundo Kerzner (2001a), neste tipo de estrutura

devem existir métodos eficientes de resolução de conflitos, pois esta pode consumir

bastante tempo da gerência executiva e tanto os gerentes funcionais quanto os gerentes de

projeto devem estar preparados para negociar os recursos necessários a um projeto. Uma

vantagem é que existe um único responsável pelo projeto como um todo, o gerente de

(45)

mesmo. Por outro lado, os funcionários participantes de equipes de projeto sentem

dificuldades de se reportarem simultaneamente a vários gerentes.

Kerzner (2001a) observa que os principais executivos de uma empresa normalmente temem

implantar uma estrutura matricial por acharem que esta acarretará em mudanças radicais na

estrutura organizacional da empresa. Segundo o autor, este temor não tem fundamento pois

a estrutura matricial nada mais é do que uma superposição horizontal sobre a estrutura

tradicional. Em outras palavras, a estrutura matricial nada mais é do que uma estrutura

temporária que é criada no início do projeto e extinta ao término do mesmo. Por ser flexível

pode ser implantada rapidamente. Ao contrário da estrutura tradicional que é uma estrutura

permanente.

Após serem explicados os principais tipos de estruturas organizacionais existentes no

contexto de gerenciamento de projetos, o item a seguir apresenta a definição de gerente de

projeto, suas principais atribuições e competências.

2.4 Competências em gerenciamento de projetos

2.4.1 O Gerente de Projeto

Gaddis (1959) foi um dos primeiros autores a utilizar o termo gerente de projeto. Apesar de

se referir somente a gerência de projetos de tecnologia avançada para a época, como

projetos de eletrônica e aeronáuticos, o autor apresenta o gerente de projeto como sendo um

profissional responsável por lidar com uma equipe de especialistas para entregar um

(46)

ressalta que as atividades exercidas pelo gerente de projeto são finitas e não repetitivas,

ocorrendo somente durante o andamento do mesmo.

Lawrence & Lorsch (1967) apesar de utilizarem o termo integrador, apresentam uma

discrição similar do que vem a ser um gerente de projeto. Segundo os autores, após a 2a

Guerra Mundial, as empresas tiverem que se especializar cada vez mais para atenderem a

demanda do mercado por novos produtos. Com isso, surgiu a necessidade de uma nova

função que seria responsável por integrar os diversos setores da empresa como produção,

vendas e pesquisa quanto à criação de um novo produto. Esta pessoa seria a interlocutora

entre estas diversas áreas, sendo responsável por tratar tanto dos problemas de

relacionamento entre as áreas quanto dos problemas que poderiam vir a ocorrer no

desenvolvimento de um produto como falta de padrão de qualidade, estouro de custo e

prazo e outros.

Crawford (1997) observa que os projetos estão se tornando cada vez mais complexos e

multi-disciplinares com mais pessoas afetadas, ou stakeholders que no passado. Neste

contexto, há um interesse crescente sobre competências em gerenciamento de projetos, pois

é necessária uma pessoa com a competência de gerenciar projetos de diferentes tipos em

um ambiente de constantes mudanças. Segundo a autora, este papel seria exercido pelo

gerente de projetos.

Para Menezes (2003), todo projeto deve ter uma pessoa para qual convirja toda a

responsabilidade pelo conjunto de atividades a ser desempenhada e sua integração. Esta

(47)

projeto. O gerente de projeto é o interlocutor do cliente, sendo responsável por fornecer

todas as informações necessárias e realizar as negociações, de prazo, custo e escopo, que

por ventura possam vir a ocorrer durante o andamento do projeto.

2.4.2 O papel do Gerente de Projeto

Para Gaddis (1959), o principal problema de qualquer projeto é a inter-relação entre a

estrutura da organização e seus indivíduos. O gerente de projeto, com seu papel de

integrador de áreas distintas, pode vir a ajudar a minimizar este problema desde que exista

uma definição clara de sua autoridade e responsabilidade. Lawrence & Lorsch (1967)

advertem que sem esta definição, o papel do gerente de projeto limita-se a um mero

interlocutor entre as áreas, não conseguindo resolver os problemas que possam vir a

ocorrer.

Gaddis (1959) destaca ainda que o papel do gerente de projeto é bastante complexo, pois

ele precisa conhecer tanto as funções administrativas quanto as funções técnicas, não

devendo ser um especialista em nenhuma das duas. A Tabela 1 abaixo apresenta uma

(48)

Tabela 1. Descrição do papel do Gerente de Projeto

Descrição do papel do Gerente de Projeto

Objetivos

• Representação dos interesses do projeto

• Garantia da realização dos objetivos do projeto

• Coordenação da equipe do projeto Posição Organizacional

• Reportar-se ao proprietário do projeto

• Ser um membro da equipe do projeto Funções no processo de iniciação do projeto

• Definição da equipe do projeto

• Entendimento dos objetivos definidos para o projeto

• Formalização do comprometimento de todos os envolvidos no projeto Funções no processo de planejamento do projeto

• Desenvolvimento de um plano de projeto com a definição de papéis e responsabilidade de cada integrante da equipe

• Avaliação dos riscos

• Definição de como será realizada a comunicação dos resultados intermediários e finais do projeto.

Funções no processo de execução do projeto

• Distribuição dos recursos para a realização das atividades do projeto Funções no processo de coordenação e controle do projeto

• Controle dos resultados das atividades e garantia da qualidade dos mesmos

• Aprovação dos resultados

• Determinação, juntamente com a equipe do projeto, da situação do mesmo

• Gerenciamento das mudanças de escopo do projeto

• Planejamento de um plano de ações corretivas

• Preparação de relatórios de acompanhamento informando os resultados do projeto para todos os envolvidos

Fonte: Adaptado de Gareis & Huemann (2000)

Apesar da definição clara do papel do gerente de projeto, algumas pesquisas indicam que as

empresas ainda estão longe de atingir a maturidade necessária ideal para seu desempenho

efetivo. Crawford (1996), em uma pesquisa realizada em duas empresas da Austrália (uma

empresa do setor de varejo e outra governamental), concluiu que a principal dificuldade

continua sendo a falta de autoridade em proporção ao excesso de responsabilidade. Em

(49)

não desfruta de autoridade suficiente. É interessante notar que isto ocorre, na pesquisa,

tanto na empresa governamental que possui uma estrutura organizacional projetizada

quanto na empresa do setor de varejo possuidora de uma estrutura organizacional funcional.

2.4.3 Competências do Gerente de Projeto

As primeiras pessoas designadas como gerentes de projeto, no início dos anos 50,

provavelmente não tinham todas as habilidades e competências necessárias para

gerenciarem adequadamente um projeto. Gaddis (1959) já ressaltava que um gerente de

projeto deveria ter um bom conhecimento de planejamento e ser flexível o bastante para ser

adaptar as mudanças que poderiam ocorrer no decorrer do projeto. Somado a isso, o gerente

de projeto deveria apresentar uma boa capacidade em lidar com pessoas. Ao longo dos

últimos 50 anos, o nível de complexidade dos projetos foi aumentando, sendo necessárias

novas competências.

Segundo Klarsfeld (2000), competência pode ser definida como uma combinação de

conhecimento, habilidades e comportamentos geradores de performance e atributos

pessoais que contribuem para a melhoria da performance individual e dos resultados da

organização. O conceito de competência surgiu a partir de uma separação do conceito de

qualificação. Enquanto o conceito de qualificação vincula-se a um cargo sendo definido

como os requisitos associados a ele, o conceito de competência vincula-se ao indivíduo.

O PMI em seu Modelo de Desenvolvimento de Competências para Gerentes de Projeto

(50)

de Parry (1998 apud PMI 2002) e define competência como “um grupo relacionado de

conhecimento, habilidades, atitudes e outras características pessoais que: afetam a principal

parte de um trabalho; são correlacionados a performance no trabalho; podem ser medidos a

partir de padrões aceitos; podem ser aperfeiçoados através de treinamento e podem ser

divididos em dimensões de competências”. O modelo PMCD desdobra competência em

três dimensões, como se segue:

§ Conhecimento em Gerenciamento de Projetos – o que o indivíduo conhece sobre

gerência de projetos.

§ Performance em Gerenciamento de Projetos – o que o individuo é capaz de fazer ou

realizar ao aplicar seu conhecimento

§ Competências Pessoais – como o indivíduo se comporta ao realizar um projeto ou

uma tarefa.

A figura 9 apresenta a associação entre as três dimensões de competência propostas pelo

(51)

Figura 9. Associação entre as três dimensões de competência

Fonte: PMI (2002:2)

Segundo Kerzner (2001a), duas partes são importantes para o sucesso de um projeto: o

gerente de projeto e a estrutura organizacional montada para o projeto. O modelo PMCD

(PMI, 2002), do mesmo modo enfatiza que o sucesso de um projeto requer tanto a

competência do gerente de projeto quanto a maturidade e capacidade da organização em

gerência de projetos. A Figura 10 mostra que tanto as competências individuais do gerente

de projeto quanto à maturidade da organização fornecem a base para o sucesso do projeto e

(52)

Figura 10. Componentes para o sucesso de um projeto

Fonte: PMI (2002:4)

O que podemos concluir é que para o sucesso de um projeto deve existir uma interligação

entre as competências individuais do gerente de projeto e a organização. Segundo Crawford

(1999), pesquisas realizadas por Thamhain (1991 apud Crawford 1999), Pettersen (1991

apud Crawford 1999) e Einsedel (1987 apud Crawford 1999) mostram que o gerente de

projeto não pode apenas ter um conhecimento nas disciplinas de gerência de projeto, ele

deve também conhecer a tecnologia em que o projeto vai ser desenvolvido, a organização

em que o projeto se localiza e o ambiente em que a organização opera.

Com o objetivo de medir a maturidade e capacidade em gerência de projeto de uma

(53)

projetos baseados no Capability Maturity Model (CMM). Com uma visão geral, serão

apresentados alguns destes modelos. Ao final, será realizada uma análise comparativa dos

modelos apresentados.

2.5 Modelos de Maturidade em Gerenciamento de Projetos

Segundo Kerzner (2001a), a excelência em gerência de projetos somente é alcançada se a

organização conseguir antes um alto nível de maturidade. Segundo o autor, somente o uso

de metodologias de gerenciamento de projetos não é suficiente para alcançar esta

excelência. Para Kerzner (2002), a maturidade em gestão de projetos é o desenvolvimento

de sistemas e processos que são por natureza repetitivos e garantem uma alta probabilidade

de que cada um deles seja um sucesso. O autor ressalta que sistemas e processos repetitivos

não garantem por si só o sucesso em projetos apenas aumenta sua probabilidade.

Cleland & Ireland (2002) observam que um modelo de maturidade tem como principal

objetivo fornecer a estrutura para que se possa medir o grau de desenvolvimento da

capacidade gerencial de um projeto e com isso orientar o desenvolvimento interno da

capacidade de uma organização, comparando-a com seus concorrentes. Similarmente

Kerzner (2001a) destaca que modelos ajudam as organizações a realizarem um

planejamento estratégico de gerência de projetos ao mostrarem o nível em que a

organização se encontra e sugerirem o que deve ser feito para alcançarem o nível desejado.

Existem diversos modelos de maturidade em gerenciamento de projetos (Fincher & Levin,

(54)

quatro ou cinco passos para medir a capacidade em gerenciamento de projetos de uma

organização, tendo como origem o Capability Maturity Model (CMM) do Software

Engineering Institute(SEI) da Carnegie Mellon University, EUA.

2.5.1 O Modelo CMM (Capability Maturity Model)

O Modelo CMM foi criado, em 1986 pelo SEI com o patrocínio do Departamento de

Defesa Americano, com o objetivo de aprimorar a capacidade das empresas no

desenvolvimento de software. Segundo Paulk et al (1993), o CMM fornece uma orientação

para as organizações de como controlar seus processos de desenvolvimento e manutenção

de software. Sua estrutura foi inspirada no modelo de qualidade de Crosby (1979 apud

Paulk et al, 1993) definido como Grid de Maturidade da Gerência de Qualidade (Quality

Management Maturity Grid) . O modelo de maturidade de Crosby descreve cinco estágios

ou níveis crescentes de adoção de práticas de qualidade. A Tabela 2 apresenta os cinco

níveis do modelo de Crosby.

Tabela 2. Grid de maturidade gerencial de Crosby

Nível Definição

1. Incerteza Falta de interesse pela resolução de problemas de qualidade do produto desenvolvido e do processo

2. Despertar Reconhecimento da necessidade de se resolver os problemas e do valor dos processos para o negócio

3. Esclarecimento Início de estudo e capacitação em métodos para melhoria dos processos de trabalho

4. Sabedoria Valorização do processo de melhoria contínua, por meio da participação direta dos gerentes nas ações para melhoria dos processos.

5. Certeza Gerência do processo passa a ser considerada como parte essencial do trabalho.

(55)

Segundo Cleland & Ireland (2002), o modelo CMM utiliza a gerência de projetos dentro da

sua estrutura para atingir um processo que possa ser repetido e com isso tentar obter

resultados mais previsíveis. O modelo também possui cinco estágios ou níveis

hierarquizados que podem ser resumidos segundo a tabela abaixo:

Tabela 3. Modelo de Maturidade da Capacidade de Gerenciamento de Software

Nível Definição

1. Inicial A estabilidade do processo é incerta podendo ser caótica. Existem poucos processos definidos e o sucesso é dependente de esforços individuais

2. Repetido Processos básicos de gerenciamento estão definidos principalmente os que dizem respeito a custo, tempo e funcionalidade. A disciplina do processo permite que sucessos anteriores sejam repetidos em novos projetos similares.

3. Definido Tanto o processo de gerenciamento quanto o processo de engenharia de software são documentados, padronizados e integrados a um processo padrão para desenvolvimento e manutenção de software. 4. Gerenciado São coletadas informações detalhadas do processo de software e da

qualidade do produto, sendo estas informações entendidas e controladas.

5. Otimizado Um processo de melhoria contínua é possibilitado a partir de informações empíricas dos processos e de tecnologias e idéias inovadoras

Fonte: Paulk et al (1993)

2.5.2 Modelo de Fincher & Levin

O modelo de maturidade em gerenciamento de projetos de Fincher & Levin (1997 apud

Cleland & Ireland, 2002) foi um dos primeiros modelos de maturidade adaptados para a

gerência de projetos. Ele guarda bastante similaridade com o modelo CMM. A tabela

Referências

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