• Nenhum resultado encontrado

Morfismos irredutíveis na categoria derivada de álgebras Gentle

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2017

Share "Morfismos irredutíveis na categoria derivada de álgebras Gentle"

Copied!
110
0
0

Texto

(1)

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS

INSTITUTO DE CIˆ

ENCIAS EXATAS

DEPARTAMENTO DE MATEM ´

ATICA

Rog´erio Carvalho Pican¸co

Morfismos Irredut´ıveis na Categoria

Derivada de ´

Algebras Gentle

(2)

Rog´

erio Carvalho Picanc

¸o

Morfismos Irredut´ıveis na Categoria

Derivada de ´

Algebras Gentle

Tese apresentada ao corpo docente da P´os Gradua¸c˜ao em Matem´atica do Ins-tituto de Ciˆencias Exatas da Univer-sidade Federal de Minas Gerais, como parte dos requisitos para obten¸c˜ao do t´ıtulo de Doutor em Matem´atica.

(3)

Agradecimentos

`

A minha m˜ae, Recima Pican¸co, por tudo que fez para me deixar t˜ao bela heran¸ca, o amor pelo estudo.

`

A minha esposa, Rita Pican¸co, pelo enorme apoio, incentivo e pelo carinho com que sempre contei.

`

A minha gata, Albertina, pela companhia constante em minha mesa nas muitas horas de estudo e pelos momentos de distra¸c˜ao.

Ao meu orientador, Viktor Bekkert, por ter acreditado em mim desde o in´ıcio, pela oportunidade do conv´ıvio no trabalho do dia a dia e pelo crescimento pessoal e profissional que me proporcionou. Agrade¸co ainda pela paciˆencia e compreens˜ao que sempre estiveram presentes ao longo desta jornada.

Aos membros da banca pelas sugest˜oes, observa¸c˜oes e coment´arios.

Aos professores, colegas e funcion´arios do Departamento de Matem´atica da UFMG.

Aos colegas do Departamento de Matem´atica da UFV, especialmente as professoras Marinˆes Guerreiro e Sonia Fernandes, pela confian¸ca e apoio.

`

A CAPES pelo apoio financeiro.

Muito obrigado a todos vocˆes!!!!

(4)

Resumo

O conceito de categorias trianguladas e, mais espec´ıficamente de categorias derivadas, foi introduzido na Teoria de Representa¸c˜oes por Happel [20] em 1987 e tem se mostrado de grande utilidade. Em que pese sua importˆancia, somente para poucas classes de ´algebras ´e conhecida a estrutura de sua cate-goria derivada.

Neste trabalho, apresentamos uma descri¸c˜ao expl´ıcita de morfismos que formam bases do bim´odulo de morfismos irredut´ıveis entre complexos string, na categoria derivada limitada de ´algebras gentle de dimens˜ao finita. Esta descri¸c˜ao ´e feita por meio de string generalizadas, introduzidas por Bekkert e Merklen [8]. Curiosamente observa-se uma certa similaridade entre tal descri¸c˜ao e a feita por Butler e Ringel [13] para morfismos irredut´ıveis entre m´odulos string em ´algebras string, das quais as ´algebras gentle s˜ao um caso particular.

Refor¸cando a similaridade acima, introduzimos os conceitos de cumes e abismos generalizados e descrevemos todos os triˆangulos de Auslander-Reiten que envolvem complexos string na categoria derivada limitada de ´algebras gentle.

Os conceitos b´asicos sobre categorias trianguladas e derivadas s˜ao apre-sentados, de forma suscinta, no primeiro cap´ıtulo. O texto pode ser utilizado pelo leitor ainda n˜ao familiarizado com categorias derivadas mas interessado em ´algebras string e ´algebras gentle. Neste caso ele pode se dirigir direta-mente aos cap´ıtulos dois e trˆes.

(5)

Abstract

Triangulated categories and, more precisely, derived categories were in-troduced in the Representation Theory by Happel [20] in 1987 and has been very useful. Despite their importance, just for a few classes of algebras, it is known the structure of their derived categories.

In this work, we give an explicit description of morphisms which form a basis of the bimodule of the irreducible morphisms between string complexes in the bounded derived categories of gentle algebras of finite dimension. We use generalized strings introduced by Bekkert and Merklen [8] to make this description. We observe certain similarities with the description made by Butler and Ringel [13] for irreducible morphisms between string modules over string algebras from which the gentle algebras are a particular case.

We introduce the definition of generalized deep and peak and describe explicitly all Auslander-Reiten triangles that involve string complexes in the bounded derived category of gentle algebras.

Chapter 1 of this work presents some background material. The text of the thesis can be useful to the reader unfamiliar with derived categories but wishing to learn string and gentle algebras, which are presented in Chapters 2 and 3.

(6)

Sum´

ario

Introdu¸c˜ao 1

1 Conceitos B´asicos 5

1.1 Representa¸c˜oes de Quivers . . . 5

1.2 Algebras e Quivers . . . .´ 7

1.3 Categorias Derivadas . . . 10

1.4 Categorias Trianguladas . . . 13

1.5 Teoria de Auslander-Reiten . . . 17

1.6 Quiver de Auslander-Reiten . . . 21

2 Algebras String´ 23 2.1 M´odulos String . . . 25

2.2 M´odulos Band . . . 27

2.3 Morfismos Irredut´ıveis . . . 30

2.4 Sequˆencias de Auslander-Reiten . . . 32

3 Algebras Gentle´ 37 3.1 Complexos string e complexos band . . . 38

3.2 Cumes e abismos generalizados . . . 45

4 Morfismos Irredut´ıveis 51 4.1 Imers˜oes e proje¸c˜oes naturais . . . 52

4.2 Casos especiais . . . 57

5 Triˆangulos de Auslander-Reiten 66

Referˆencias Bibliogr´aficas 100

´Indice Remissivo 102

(7)

Introdu¸c˜

ao

O estudo da categoria de m´odulos de uma ´algebra ´e, entre outros, um dos principais interesses na Teoria de Representa¸c˜oes. De certa forma, sua im-portˆancia se justifica pela existˆencia de diversos invariantes associados a uma ´algebra 𝐴, a saber, seu grupo de Grothendieck 𝐾0(𝐴) (e demais 𝐾-grupos 𝐾𝑖(𝐴)), seus grupos de cohomologia de Hochshild 𝐻𝐻∗(𝐴), seu centro𝑍(𝐴)

etc. Para cada um destes invariantes existe um teorema dizendo que, se duas ´algebras 𝐴 e 𝐵 s˜ao Morita equivalentes, isto ´e, suas respectivas categorias de m´odulos s˜ao equivalentes, ent˜ao seus respectivos invariantes s˜ao isomorfos. Uma condi¸c˜ao necess´aria e suficiente para equivalˆencia entre categorias de m´odulos foi estabelecida pelo Teorema de Morita ao final da d´ecada de 50 [25]. Duas categorias de m´odulos mod 𝐴 e mod 𝐵 s˜ao equi-valentes se e somente se existe um 𝐴-m´odulo projetivo e gerador 𝑃𝐴 tal que

𝐵 ∼= Hom𝐴(𝑃𝐴, 𝑃𝐴). Entretanto, a categoria de m´odulos n˜ao ´e o maior

ambiente onde os elementos acima s˜ao invariantes.

Categorias derivadas de categorias abelianas foram introduzidas no in´ıcio dos anos 60 por Grothendieck e Verdier (ver [30]) no ˆambito da Geome-tria Alg´ebrica e da ´Algebra Homol´ogica. Rapidamente suas aplica¸c˜oes se estenderam a outras ´areas da Matem´atica tais como Equa¸c˜oes Diferenciais Parciais [28], Topologia etc. e se tornaram linguagem padr˜ao em estudos de natureza local. Algum tempo depois Happel [20] introduziu o conceito de categorias trianguladas e, mais especificamente, de categorias derivadas da categoria de m´odulos de uma ´algebra, na Teoria de Representa¸c˜oes. O passo determinante nesta dire¸c˜ao foi a prova obtida pelo pr´oprio Happel de que categorias derivadas s˜ao invariantes na teoria de inclina¸c˜ao. Se 𝐴´e uma ´algebra de dimens˜ao finita sobre um corpo algebricamente fechado e 𝑇𝐴´e um

m´odulo inclinante ent˜ao as categorias derivadas𝐷𝑏(𝐴) e 𝐷𝑏(Hom

𝐴(𝑇𝐴, 𝑇𝐴))

s˜ao equivalentes como categorias trianguladas. Observe neste resultado uma certa semelhan¸ca com o Teorema de Morita. De fato, para cada um dos invariantes listados no primeiro par´agrafo (e para outros n˜ao listados) existe um teorema assegurando que sua invariˆancia n˜ao passa somente pela catego-ria de m´odulos de uma ´algebra mas, sim, por sua categocatego-ria derivada que, a

(8)

grosso modo, cont´em a categoria de m´odulos. Neste sentido, como diz Keller [23], categorias derivadas aparecem como um invariante “mais grosso” que a categoria de m´odulos por´em “fino” o suficiente para determinar todos os invariantes homol´ogicos e homot´opicos associados a uma ´algebra 𝐴.

𝐴 //

²²

𝐾0(𝐴); 𝐾𝑖(𝐴); 𝑍(𝐴); 𝐻𝐻∗(𝐴);. . .

mod𝐴 //𝐷(𝐴)

OO

Uma condi¸c˜ao necess´aria e suficiente para equivalˆencia, como categorias trianguladas, entre as categorias derivadas 𝐷𝑏(𝐴) e 𝐷𝑏(𝐵) de duas ´algebras

𝐴 e 𝐵, foi provada por Rickard [26]. Neste caso existe um complexo 𝑇∙ de

𝐵-m´odulos, chamadocomplexo inclinante, tal que: 𝑇∙´e perfeito, gera𝐷𝑏(𝐵)

como categoria triangular, Hom𝐷𝑏(𝐵)(𝑇∙, 𝑇∙(𝑛)) = 0 para todo 𝑛 ∕= 0 e

Hom𝐷𝑏(𝐵)(𝑇∙, 𝑇∙)∼=𝐴. Pela semelhan¸ca nos resultados costuma-se dizer que

Rickard desenvolveu uma teoria de Morita para categorias derivadas. Note que todo m´odulo inclinante produz um complexo inclinante (concentrado) e o resultado de Happel acima ´e um caso particular do teorema de Rickard.

Em que pese sua importˆancia, s˜ao poucas as classes de ´algebras em que sabemos descrever, explicitamente, sua categoria derivada. Nem mesmo o quiver de Auslander-Reiten, isto ´e, objetos indecompon´ıveis e morfismos ir-redut´ıveis, ´e conhecido na grande maioria dos casos. Como exemplo de um dos poucos casos onde a categoria derivada ´e conhecida podemos citar a classe de ´algebras heredit´arias (ver [20]).

´

Algebras gentle foram introduzidas por Assem e Skowro´nski [4] e est˜ao presentes em diversos problemas de classifica¸c˜ao. Por exemplo, em [31] Vossieck provou que a categoria derivada 𝐷𝑏(𝐴) de uma ´algebra𝐴´e discreta

se e somente se ela ´e do tipo Dynkin, isto ´e, 𝐴 ∼= 𝐾𝑄 ´e isomorfa a uma ´algebra de caminhos de um quiver 𝑄 do tipo Dynkin, ou se ´e uma ´algebra gentle com exatamente 1 ciclo e com n´umeros distintos de rela¸c˜oes com sen-tido de orienta¸c˜ao hor´ario e anti-hor´ario. ´Algebras gentle tamb´em ocorrem em outras ´areas da Matem´atica como, por exemplo, em problemas relaciona-dos a triangula¸c˜oes de superf´ıcies [6]. Da´ı a importˆancia do estudo desta classe de ´algebras.

Como um caso particular de ´algebras string, a categoria de m´odulos de uma ´algebra gentle ´e completamente conhecida. Seus objetos indecom-pon´ıveis e morfismos irredut´ıveis podem ser obtidos por uma t´ecnica combi-nat´oria, aplicada diretamente no quiver da ´algebra, desenvolvida por Butler

(9)

e Ringel [13]. Ainda mais, o espa¸co de morfismos entre dois 𝐴-m´odulos Hom𝐴(𝑀, 𝑁) ´e conhecido e pode ser calculado tamb´em de forma

combi-nat´oria (veja [29] se¸c˜ao 2). Um especial interesse pela categoria derivada de ´algebras gentle vem do fato, provado por Schr¨oer e Zimmermann [29], da classe destas ´algebras ser fechada por equivalˆencia derivada. Se 𝐴 ´e uma ´algebra gentle e 𝐵 ´e uma ´algebra derivadamente equivalente𝐷𝑏(𝐴)𝐷𝑏(𝐵)

ent˜ao 𝐵 ´e uma ´algebra gentle. Este fato motiva obter uma classifica¸c˜ao de algebras gentle derivadamente equivalentes. Alguns resultados nesta dire¸c˜ao s˜ao conhecidos. Em [3] ´e provado que ´algebras gentle cujo quiver ´e uma ´arvore com 𝑛 v´ertices s˜ao derivadamente equivalentes a ´algebra de caminho do tipo A𝑛 . Tamb´em existem classifica¸c˜oes para ´algebras gentle cujo quiver possui

um ciclo [4] e resultados parciais para ´algebras com dois ciclos [1, 9]. Em problemas de classifica¸c˜ao s˜ao aplicados invariantes conhecidos para ´algebras gentle tais como o determinante de Cartan [22] e o invariante de Avella-Alaminos [2], entre outros.

Quanto a estrutura intr´ınseca da categoria derivada de uma ´algebra gen-tle, Bekkert e Merklen [8] obtiveram uma descri¸c˜ao completa dos complexos indecompon´ıveis por meio de string e band generalizadas que, por sua vez, s˜ao obtidas diretamente no quiver da ´algebra (veja tamb´em [11] para uma outra descri¸c˜ao destes indecompon´ıveis). Em [29] Schr¨oer provou que a ´algebra repetitiva ˆ𝐴de uma ´algebra gentle𝐴´e bisserial especial. Utilizando este fato e o funtor de Happel 𝐹 : 𝐷𝑏(𝐴) −→mod ˆ𝐴 na categoria est´avel da ´algebra

repetitiva, Bobi´nski obteve os triˆangulos de Auslander-Reiten de complexos perfeitos na categoria derivada de ´algebras gentle [10]. Entretanto esta des-cri¸c˜ao, sendo feita via ´algebra repetitiva, n˜ao ´e obtida diretamente sobre o quiver da ´algebra, o que dificulta o c´alculo efetivo dos triˆangulos em exemplos concretos. At´e o presente n˜ao existe uma descri¸c˜ao do espa¸co de morfismos Hom𝐷𝑏(𝐴)(𝑋∙, 𝑌∙) entre complexos indecompon´ıveis na categoria derivada

de ´algebras gentle.

O principal resultado deste trabalho ´e a descri¸c˜ao completa dos morfis-mos irredut´ıveis entre complexos string na categoria derivada limitada de uma ´algebra gentle de dimens˜ao finita, feita por t´ecnica combinat´oria a ser aplicada diretamente no quiver da ´algebra (teorema 4.1). Esta t´ecnica per-mite ainda obter todos os triˆangulos de Auslander-Reiten que envolvem com-plexos string, de uma forma simples e tamb´em diretamente no quiver da ´algebra (teorema 5.1 e exemplos no cap´ıtulo 5). Para obter estes resultados utilizamos representa¸c˜oes de clans. Mais especificamente, aplicamos os resul-tados sobre morfismos irredut´ıveis e teoria de Auslander-Reiten obtidos por Christof Geiss [16]. No entanto, as provas apresentadas aqui utilizam apenas conceitos b´asicos de ´algebra homol´ogica.

(10)

4

(11)

Cap´ıtulo 1

Conceitos B´

asicos

1.1

Representa¸c˜

oes de Quivers

Neste cap´ıtulo apresentamos, de forma suscinta, resultados que ser˜ao utiliza-dos ao longo deste trabalho e fixamos nota¸c˜ao. Para detalhes e demonstra¸c˜oes de resultados sobre teoria de representa¸c˜oes deixamos como referˆencias [5] e [7]. Para categorias derivadas e trianguladas ficam as referˆencias [20], [19] e [17]. Uma palavra sobre a nota¸c˜ao de composi¸c˜ao de morfismos que utilizare-mos no texto. A composi¸c˜ao de um morfismo 𝑓 seguida de um morfismo 𝑔 ´e denotada 𝑓 𝑔. No entanto, quando aplicada sobre um elemento 𝑥 preserva-mos a forma mais comum 𝑔(𝑓(𝑥)). Acreditamos que este crit´erio facilitar´a a leitura.

Um quiver 𝑄= (𝑄0, 𝑄1, 𝑠, 𝑡) ´e formado por um conjunto𝑄0de v´ertices, um conjunto 𝑄1 de flechas e duas aplica¸c˜oes 𝑠, 𝑡:𝑄1 →𝑄0, respectivamente o in´ıcio 𝑠(𝛼) e o fim 𝑡(𝛼) de toda flecha 𝛼 ∈ 𝑄1. Em geral um quiver ´e representado por um grafo orientado onde toda flecha 𝛼∈𝑄1 ´e graficamente representada por 𝑠(𝛼)−→𝛼 𝑡(𝛼). Desta maneira podemos denotar um quiver simplesmente por 𝑄 = (𝑄0, 𝑄1). Um quiver 𝑄 = (𝑄0, 𝑄1) ´e dito finito

se 𝑄0 e 𝑄1 s˜ao conjuntos finitos e ´e dito conexo se o grafo obtido pelo esquecimento da orienta¸c˜ao das flechas ´e conexo. Neste trabalho todos os quivers s˜ao finitos e conexos com 𝑄1 ∕=∅.

Seja𝑄= (𝑄0, 𝑄1) um quiver e sejam os v´ertices𝑖, 𝑗 ∈𝑄0(n˜ao necessaria-mente distintos). Um caminho𝐶 =𝛼1. . . 𝛼𝑛 de comprimento 𝑙(𝐶) =𝑛 >0

de 𝑖 para 𝑗 ´e uma sequˆencia de flechas 𝛼𝑘 ∈ 𝑄1, 1 ≤ 𝑖 ≤ 𝑛 tais que

𝑠(𝛼1) =𝑖, 𝑡(𝛼𝑛) =𝑗 e 𝑡(𝛼𝑘) =𝑠(𝛼𝑘+1) para todo 1≤𝑘 < 𝑛.

𝑖 𝛼1 // 𝑡(𝛼1) 𝛼2 // 𝑡(𝛼2)⋅ ⋅ ⋅ 𝛼𝑛−1 // 𝑡(𝛼𝑛1) 𝛼𝑛 //𝑗

(12)

CAP´ITULO 1. CONCEITOS B ´ASICOS 6

Definimos 𝑠(𝐶) = 𝑠(𝛼1) o in´ıcio e 𝑡(𝐶) = 𝑡(𝛼𝑛) o fim do caminho 𝐶. Um

caminho𝐶de comprimento𝑙(𝐶)>0 com mesmo in´ıcio e fim𝑖=𝑗´e chamado

ciclo. Um ciclo de comprimento𝑙(𝐶) = 1 ´e umloop. Para todo v´ertice𝑖∈𝑄0 associamos um caminho trivial denotado 𝑒𝑖 de comprimento 𝑙(𝑒𝑖) = 0 com

in´ıcio e fim 𝑠(𝑒𝑖) = 𝑡(𝑒𝑖) = 𝑖.

Seja 𝑄 = (𝑄0, 𝑄1) um quiver finito e seja 𝐾 um corpo. Uma re-presenta¸c˜ao 𝑉 = ( 𝑉𝑖, 𝑇𝛼 )𝑖∈𝑄0, 𝛼∈𝑄1 do quiver 𝑄 ´e definida associando-se a

todo v´ertice 𝑖∈𝑄0 um 𝐾-espa¸co vetorial 𝑉𝑖 e para toda flecha 𝛼∈𝑄1 uma

aplica¸c˜ao linear 𝑇𝛼 :𝑉𝑠(𝛼) −→ 𝑉𝑡(𝛼). Uma representa¸c˜ao ´e dita de dimens˜ao

finitase todo espa¸co vetorial𝑉𝑖, 𝑖∈𝑄0, ´e de dimens˜ao finita. Neste trabalho

todas as representa¸c˜oes s˜ao de dimens˜ao finita.

Seja𝑄= (𝑄0, 𝑄1) um quiver finito e sejam 𝑉 = (𝑉𝑖, 𝑇𝛼), 𝑉′ = (𝑉𝑖′, 𝑇𝛼′)

duas representa¸c˜oes de 𝑄. Um morfismo entre representa¸c˜oes Φ : 𝑉 −→ 𝑉′ ´e um conjunto de aplica¸c˜oes lineares {Φ

𝑖 :𝑉𝑖 →𝑉𝑖′, 𝑖∈𝑄0} tais que o diagrama

𝑉𝑠(𝛼) 𝑇𝛼 //

Φ𝑠(𝛼)

²²

𝑉𝑡(𝛼)

²²

Φ𝑡(𝛼)

²²

𝑉′

𝑠(𝛼)

𝑇′

𝛼

//𝑉𝑡(𝛼)

´e comutativo para toda flecha𝛼∈𝑄1. Um morfismo Φ entre representa¸c˜oes ´e um isomorfismo se Φ𝑖 ´e um isomorfismo para todo 𝑖 ∈ 𝑄0. Os objetos e

morfismos acima definem uma categoria 𝑅𝑒𝑝𝐾(𝑄) (resp. 𝑟𝑒𝑝𝐾(𝑄)) de

re-presenta¸c˜oes (resp. rere-presenta¸c˜oes de dimens˜ao finita) de um quiver 𝑄sobre um corpo 𝐾. N˜ao ´e dif´ıcil verificar que𝑅𝑒𝑝𝐾(𝑄) e 𝑟𝑒𝑝𝐾(𝑄) s˜ao categorias

abelianas. O n´ucleo, con´ucleo, objeto nulo e a soma de morfismos s˜ao obtidos de maneira natural. Por exemplo, a soma direta de duas representa¸c˜oes 𝑉 = (𝑉𝑖, 𝑇𝛼) e 𝑉′ = (𝑉𝑖′, 𝑇𝛼′) ´e a representa¸c˜ao𝑉⊕𝑉′ = (𝑉𝑖⊕𝑉𝑖′, 𝑇𝛼⊕𝑇𝛼′).

Uma representa¸c˜ao 𝑊 ´e dita decompon´ıvel se ´e isomorfa a uma soma direta 𝑊 ∼= 𝑉 ⊕𝑉′ com 𝑉, 𝑉= 0. Caso contr´ario 𝑊 ´e uma representa¸c˜ao

indecompon´ıvel.

Seja𝑄 um quiver e seja 𝑉 = (𝑉𝑖, 𝑇𝛼) uma representa¸c˜ao de 𝑄 sobre um

corpo 𝐾. Seja 𝐶 =𝛼1. . . 𝛼𝑛 um caminho de um v´ertice 𝑖 para um v´ertice

𝑗 em 𝑄. Uma avalia¸c˜ao de𝐶 sobre 𝑉 ´e uma aplica¸c˜ao linear 𝑇𝐶 : 𝑉𝑖 →𝑉𝑗

definida pela composi¸c˜ao 𝑇𝐶 =𝑇𝛼1 ⋅𝑇𝛼2 ⋅. . .⋅𝑇𝛼𝑛.

Exemplo 1. Seja 𝑄 o quiver dado pelo grafo orientado abaixo e seja 𝐾

um corpo.

(13)

CAP´ITULO 1. CONCEITOS B ´ASICOS 7

Uma representa¸c˜ao de 𝑄´e dada por

𝐾 (1 0) // 𝐾2 oo (0 1) 𝐾

que ´e decompon´ıvel pois ´e soma direta das representa¸c˜oes abaixo.

𝐾 1 // 𝐾 oo 0 0 0 0 // 𝐾 oo 1 𝐾.

O mergulho natural de cada somando direto ´e dado pelos morfismos

𝐾 1 //

1

²²

𝐾

(1 0)

²²

0

oo

²²

𝐾 (1 0)// 𝐾2 oo(0 1) 𝐾

0 //

²²

𝐾

(0 1)

²²

𝐾 1

oo

1

²²

𝐾 (1 0)// 𝐾2 oo(0 1) 𝐾

Para as representa¸c˜oes 𝑊 : 𝐾 // 0 oo 0 e 𝑊: 𝐾 1 // 𝐾 oo 1 𝐾 ´e

f´acil ver que Hom𝑟𝑒𝑝𝐾(𝑄)(𝑊, 𝑊

) = 0.

1.2

Algebras e Quivers

´

Seja 𝑄 = (𝑄0, 𝑄1) um quiver e seja 𝐾 um corpo. Denotamos Pa (resp. Pa≥1) o conjunto de caminhos (caminhos n˜ao triviais) em 𝑄. Denotamos

𝐾𝑄 o 𝐾-espa¸co vetorial que tem como base o conjunto de caminhos Pa.

Em 𝐾𝑄 definimos uma opera¸c˜ao associativa induzida pela composi¸c˜ao de caminhos da seguinte forma: se𝐶, 𝐷 ∈Pas˜ao caminhos em𝑄ent˜ao 𝐶⋅𝐷=

𝐶𝐷 se 𝑡(𝐶) = 𝑠(𝐷) e 𝐶⋅𝐷 = 0 caso contr´ario. ´E f´acil ver que, com

esta opera¸c˜ao, o espa¸co vetorial 𝐾𝑄 ´e uma 𝐾-´algebra associativa chamada de ´algebra de caminhos sobre 𝑄. Neste trabalho estamos interessados em ´algebras de dimens˜ao finita e, por esta raz˜ao, em quivers finitos. Nesta situa¸c˜ao a 𝐾-´algebra de caminhos 𝐾𝑄 possui unidade 1 = ∑𝑖𝑄0𝑒𝑖 e ´e

conexa se e somente se 𝑄´e conexo. Al´em disso, a ´algebra de caminhos 𝐾𝑄 ´e de dimens˜ao finita se e somente se 𝑄 n˜ao possui ciclos.

Seja 𝑄 = (𝑄0, 𝑄1) um quiver finito. Denotamos 𝑅𝑄 o ideal da ´algebra

de caminhos 𝐾𝑄 gerado pelas flechas 𝛼 ∈ 𝑄1. Um ideal bilateral 𝐼⊲𝐾𝑄 ´e dito admiss´ıvel se existe 𝑚 ≥ 2 tal que 𝑅𝑚

𝑄 ⊂ 𝐼 ⊂ 𝑅2𝑄. Neste caso

prova-se que𝐼 ´e gerado por um conjunto finito de elementos da ´algebra𝐾𝑄, isto ´e, 𝐼 =< 𝜌1, . . . , 𝜌𝑛 >, onde os elementos geradores𝜌𝑖 =∑𝑚𝑖=1𝜆𝑖𝐶𝑖, 𝜆𝑖 ∈

𝐾, 𝐶𝑖 ∈Pa≥1 s˜ao combina¸c˜oes lineares de caminhos de comprimento𝑙(𝐶𝑖)≥

(14)

CAP´ITULO 1. CONCEITOS B ´ASICOS 8

Uma rela¸c˜ao 𝜌 ∈ Pa≥1 formada por um ´unico caminho ´e chamada rela¸c˜ao

nula. Uma rela¸c˜ao da forma 𝜌 = 𝐶−𝐷, 𝐶, 𝐷 ∈ Pa≥1 ´e chamada rela¸c˜ao

comutativa. Se 𝐼 =< 𝜌𝑖 >𝑖∈𝐽 ´e um ideal admiss´ıvel, denotamos (𝑄, 𝐼) o

quiver com rela¸c˜oes pelas rela¸c˜oes (𝜌𝑖)𝑖∈𝐽 e a ´algebra 𝐾𝑄/𝐼 ´e chamada de

´algebra de caminhos sobre o quiver com rela¸c˜oes e denotada 𝐴=𝐾(𝑄, 𝐼).

Seja (𝑄, 𝐼) um quiver com rela¸c˜oes com𝐼 =< 𝜌𝑖 >𝑖∈𝐽. Uma representa¸c˜ao

𝑉 = (𝑉𝑖, 𝑇𝛼) de 𝑄 ´e dita limitada por 𝐼 se e somente se, para todo 𝑖 ∈ 𝐽,

a avalia¸c˜ao 𝑇𝜌𝑖 = 0 ´e nula. Denotamos 𝑟𝑒𝑝𝐾(𝑄, 𝐼) a subcategoria plena

de 𝑟𝑒𝑝𝐾(𝑄) formada pelas representa¸c˜oes de dimens˜ao finita do quiver 𝑄

limitadas por 𝐼. Esta subcategoria desempenha um importante papel na Teoria de Representa¸c˜oes. Com efeito, a categoria mod 𝐴 de 𝐴-m´odulos de uma ´algebra de caminhos 𝐴 = 𝐾(𝑄, 𝐼) pode ser estudada via categoria de representa¸c˜oes do quiver com rela¸c˜oes, tendo em vista uma conhecida 𝐾-equivalˆencia linear 𝐹 : mod 𝐴−→∼ 𝑟𝑒𝑝𝐾(𝑄, 𝐼).

Seja𝐴uma𝐾-´algebra de dimens˜ao finita e seja{𝑒1, . . . , 𝑒𝑛}um conjunto

completo de idempotentes ortogonais primitivos. Dizemos que a ´algebra 𝐴 ´e b´asica se os 𝐴-m´odulos projetivos 𝑒𝑖𝐴 e 𝑒𝑗𝐴 n˜ao s˜ao isomorfos para

todos 𝑖∕=𝑗. Prova-se que a ´algebra de caminhos 𝐴=𝐾(𝑄, 𝐼) de um quiver com rela¸c˜oes ´e b´asica e de dimens˜ao finita. Um fato conhecido ´e que toda ´algebra ´e Morita equivalente a uma ´algebra b´asica (isto ´e, suas categorias de m´odulos s˜ao equivalentes). Em raz˜ao disto, neste trabalho todas as ´algebras s˜ao b´asicas e de dimens˜ao finita.

Seja𝐴uma ´algebra b´asica e seja{𝑆1, . . . , 𝑆𝑛}um conjunto completo de

𝐴-m´odulos simples n˜ao isomorfos dois a dois. Como de praxe, denotamos 𝑃𝑖

(resp. 𝐼𝑖) a cobertura projetiva (resp. envolvente injetiva) de𝑆𝑖. Denotamos

𝑃𝐴⊂mod𝐴a subcategoria plena de𝐴-m´odulos projetivos. Como𝐴´e b´asica

temos 𝐴=𝑃1⊕. . .⊕𝑃𝑛 com 𝑃𝑖 ∕∼=𝑃𝑗 para todo 𝑖∕=𝑗.

Seja 𝐴 =𝐾(𝑄, 𝐼) uma ´algebra de caminhos de um quiver com rela¸c˜oes.

A equivalˆencia mod 𝐴 ≃ 𝑟𝑒𝑝𝐾(𝑄, 𝐼) permite descrever os m´odulos simples,

projetivos e injetivos indecompon´ıveis como representa¸c˜oes do quiver com rela¸c˜oes (𝑄, 𝐼). Seja 𝑖 ∈ 𝑄0 um v´ertice de 𝑄. O m´odulo simples 𝑆𝑖

corre-sponde a representa¸c˜ao (𝑆𝑖(𝑗), 𝑇𝑖(𝛼))𝑗∈𝑄0, 𝛼∈𝑄1 definida por:

𝑆𝑖(𝑗) =

⎧ ⎨ ⎩

0, se𝑗 ∕=𝑖;

𝐾, se𝑗 =𝑖;

𝑇𝑖(𝛼) = 0, ∀ 𝛼∈𝑄1.

O𝐴-m´odulo (`a direita) projetivo 𝑃𝑖 corresponde a representa¸c˜ao

(15)

CAP´ITULO 1. CONCEITOS B ´ASICOS 9

onde 𝑃𝑖(𝑗) ´e o 𝐾-espa¸co vetorial cuja base ´e

{

𝐶 =𝐶+𝐼; 𝐶 caminho com 𝑠(𝐶) =𝑖 e 𝑡(𝐶) =𝑗 }

e 𝑇𝑖(𝛼) : 𝑃𝑖(𝑠(𝛼)) −→ 𝑃𝑖(𝑡(𝛼)) ´e a aplica¸c˜ao linear definida nesta base por

𝑇𝑖(𝛼)(𝐶) = 𝐶𝛼. A representa¸c˜ao que corresponde ao 𝐴-m´odulo (`a direita)

injetivo indecompon´ıvel 𝐼𝑖 ´e obtida por dualidade.

Exemplo 2. Seja (𝑄, 𝐼) o quiver com rela¸c˜oes

1oo 𝑎 2

𝑏

pp 𝐼 =< 𝑏2 >

e seja 𝐴= 𝐾(𝑄, 𝐼) a respectiva ´algebra de caminhos limitada. Os m´odulos simples correspondem `as representa¸c˜oes

𝑆1 : 𝐾oo 0 0

0

pp 𝑆2 : 0oo 0 𝐾

0

rr

Os m´odulos projetivos indecompon´ıveis s˜ao

𝑃1 : 𝐾oo 0 0

0

pp 𝑃2 : 𝐾2oo Id 𝐾2

𝑀

ss

onde 𝑀 =

(

0 1 0 0

)

, uma base de𝑃2(1) ´e {𝑎, 𝑏𝑎 }, uma base de 𝑃2(2) ´e

{ 𝑒2, 𝑏 }.

Os m´odulos injetivos indecompon´ıveis s˜ao

𝐼1 : 𝐾oo (1 0)𝑇 𝐾2

𝑁

ss 𝐼2 : 0oo 0 𝐾2

𝑁

ss

onde 𝑁 =

(

0 0 1 0

)

e as bases s˜ao 𝐼1(1) = { 𝑒1 }, 𝐼1(2) = { 𝑎, 𝑏𝑎 } e

𝐼2(2) ={ 𝑒2, 𝑏 }.

(16)

CAP´ITULO 1. CONCEITOS B ´ASICOS 10

Teorema 1.1 (Gabriel) Seja 𝐴 uma ´algebra b´asica e de dimens˜ao finita

sobre um corpo 𝐾. Ent˜ao existe um quiver finito 𝑄𝐴 e um ideal admiss´ıvel

𝐼 da ´algebra de caminhos 𝐾𝑄𝐴 tal que 𝐴 ∼= 𝐾𝑄𝐴/𝐼 ´e um isomorfismo de

𝐾-´algebras.

Com este fato em mente, ao longo deste trabalho toda ´algebra 𝐴´e uma ´algebra de caminhos de um quiver com rela¸c˜oes 𝐴=𝐾(𝑄, 𝐼).

1.3

Categorias Derivadas

Seja𝒜uma categoria abeliana. Neste trabalho estamos interessados na cate-goria de𝐴-m´odulos finitamente gerados de uma ´algebra𝐴, assim assumimos que a categoria 𝒜 possui suficientes objetos injetivos e projetivos. Um

complexo 𝑋∙ = (𝑋𝑖, 𝑑𝑖

𝑥)𝑖∈ℤ em 𝒜 ´e uma sequˆencia de objetos 𝑋𝑖 ∈ 𝒜 e

uma sequˆencia de morfismos 𝑑𝑖

𝑥 : 𝑋𝑖 −→ 𝑋𝑖−1, chamados diferenciais do

complexo, tais que a composi¸c˜ao 𝑑𝑖

𝑥 ⋅𝑑𝑖𝑥−1 = 0 para todo 𝑖 ∈ ℤ. Um

mor-fismo entre dois complexos 𝑓∙ : 𝑋−→ 𝑌´e um conjunto de morfismos

{𝑓𝑖 : 𝑋𝑖 −→𝑌𝑖; 𝑖} tais que, para todo 𝑖, o diagrama

𝑋𝑖 𝑑

𝑖 𝑥

//

𝑓𝑖

²²

𝑋𝑖−1

𝑓𝑖−1

²²

𝑌𝑖 𝑑

𝑖 𝑦

//𝑌𝑖−1

´e comutativo. ´E f´acil ver que tais objetos e morfismos definem uma categoria abeliana 𝐶𝑜𝑚(𝒜) de complexos em 𝒜 onde n´ucleo, con´ucleo, soma direta e objetos nulos s˜ao obtidos de forma natural. Por exemplo, o n´ucleo de um morfismo 𝑓∙ :𝑋−→𝑌´e o complexo (Ker 𝑓𝑖, 𝑑𝑖

𝑘)𝑖∈ℤ onde a diferencial 𝑑𝑖𝑘

´e obtida no diagrama abaixo 1.

Ker𝑓𝑖 𝑑

𝑖 𝑘

//

_ _ _ _ _ _

Ä _

²²

Ker𝑓𝑖−1

Ä _

²²

𝑋𝑖 𝑑

𝑖 𝑥

//

𝑓𝑖

²²

𝑋𝑖−1

𝑓𝑖−1

²²

𝑌𝑖 𝑑

𝑖 𝑦

//𝑌𝑖−1

1Poderiamos simplesmente dizer que Ker 𝑓´e o complexo obtido pela aplica¸c˜ao do

(17)

CAP´ITULO 1. CONCEITOS B ´ASICOS 11

Seja um complexo𝑋∙ 𝐶𝑜𝑚(𝒜). Para cada𝑧 definimos o complexo

transladado𝑋∙(𝑧) por 𝑋𝑖(𝑧) = 𝑋𝑖−𝑧 e 𝑑𝑖

𝑥(𝑧)=𝑑𝑖𝑥−𝑧. Por exemplo, se𝑧 >0

ent˜ao

𝑋∙ : ⋅ ⋅ ⋅ //𝑋𝑧 𝑑

𝑧 𝑥

//⋅ ⋅ ⋅ //𝑋1 𝑑

1

𝑥

//𝑋0 𝑑

0

𝑥

//𝑋−1 𝑑

−1

𝑥

//⋅ ⋅ ⋅

𝑋∙(𝑧) : ⋅ ⋅ ⋅ //

𝑋0 𝑑

0

𝑥

//⋅ ⋅ ⋅ //𝑋1−𝑧 𝑑 1−𝑧 𝑥

//𝑋−𝑧 𝑑

−𝑧 𝑥

//𝑋−1−𝑧 𝑑

−1−𝑧 𝑥

//⋅ ⋅ ⋅

Um complexo 𝑋∙ ´e dito limitado superiormente (resp. limitado

infe-riormente) se existe 𝑛 ∈ ℤ tal que 𝑋𝑖 = 0 para todo 𝑖 > 𝑛 (resp. 𝑖 < 𝑛).

´

E dito limitado se for limitado superiormente e inferiormente. Denotamos 𝐶𝑜𝑚+(𝒜), 𝐶𝑜𝑚(𝒜), 𝐶𝑜𝑚𝑏(𝒜) as respectivas subcategorias de complexos

limitados inferiormente, superiormente e limitados.

Um morfismo de complexos𝑓∙ ´e homot´opico a zero, e denotamos𝑓0,

se existe um conjunto de morfismos {ℎ𝑖 : 𝑋𝑖 −→ 𝑌𝑖+1, 𝑖 } tais que

𝑓𝑖 =𝑑𝑖

𝑥⋅ℎ𝑖−1+ℎ𝑖⋅𝑑𝑖𝑦+1 para todo 𝑖∈ℤ.

𝑋𝑖+1 𝑑

𝑖+1

𝑥

//

𝑓𝑖+1

²²

𝑋𝑖 𝑑

𝑖 𝑥

//

𝑓𝑖

²²

ℎ𝑖

ww

oooo oooooo

ooo 𝑋

𝑖−1

𝑓𝑖−1

²²

ℎ𝑖−1

ww

oooo oooooo

ooo

𝑌𝑖+1

𝑑𝑖𝑦+1

//𝑌𝑖

𝑑𝑖 𝑦

//𝑌𝑖−1

´

E f´acil ver que o conjunto de morfismos homot´opicos a zero forma um ideal bilateral em𝐶𝑜𝑚(𝒜). Definimos a categoria homot´opica𝐾𝑜𝑚(𝒜) cujos objetos s˜ao os mesmos de 𝐶𝑜𝑚(𝒜) e morfismos s˜ao morfismos de complexos m´odulo homot´opicos a zero, isto ´e,

Hom𝐾𝑜𝑚(𝒜)(𝑋∙, 𝑌∙) = Hom𝐶𝑜𝑚(𝒜)(𝑋∙, 𝑌∙)/∼.

Dois morfismos entre complexos 𝑓∙, 𝑔 Hom

𝐶𝑜𝑚(𝒜)(𝑋∙, 𝑌∙) s˜ao ditos

homot´opicos se a diferen¸ca 𝑓∙ 𝑔 0 ´e homot´opica a zero. Definimos as

subcategorias homot´opicas 𝐾𝑜𝑚−(𝒜), 𝐾𝑜𝑚+(𝒜) e 𝐾𝑜𝑚𝑏(𝒜) de forma

an´aloga.

Para cada inteiro𝑖∈ℤ definimos o funtor de cohomologia

𝐻𝑖 :𝐶𝑜𝑚(𝒜)−→ 𝒜

da seguinte forma. Para objetos fazemos 𝐻𝑖(𝑋) = Ker 𝑑𝑖

𝑥 /Im 𝑑𝑖𝑥+1. Dado

(18)

CAP´ITULO 1. CONCEITOS B ´ASICOS 12

𝐻𝑖(𝑓)(𝑥) = 𝑓𝑖(𝑥). ´E simples o c´alculo para verificar que 𝐻𝑖() ´e um funtor.

Dizemos que um complexo 𝑋∙ tem cohomologia limitada se 𝐻𝑖(𝑋) = 0

para um conjunto finito de ´ındices 𝑖. Denotamos 𝐶𝑜𝑚−,𝑏(𝒜) e 𝐶𝑜𝑚+,𝑏(𝒜)

as respectivas categorias de complexos limitados superiormente e inferior-mente com cohomologia limitada. Denotamos 𝐾𝑜𝑚−,𝑏(𝒜) e 𝐾𝑜𝑚+,𝑏(𝒜) as

respectivas categorias homot´opicas.

Lema 1.1 Se 𝑓∙, 𝑔: 𝑋−→ 𝑌s˜ao homot´opicos ent˜ao 𝐻𝑖(𝑓) =𝐻𝑖(𝑔)

para todo 𝑖∈ℤ.

Demonstra¸c˜ao. Seja𝑥∈𝐻𝑖(𝑋). Pela defini¸c˜ao temos𝐻𝑖(𝑓)(𝑥) = 𝑓𝑖(𝑥)

e 𝐻𝑖(𝑔)(𝑥) =𝑔𝑖(𝑥). Como𝑓𝑔s˜ao homot´opicos existem𝑖−1 :𝑋𝑖−1 −→ 𝑌𝑖 e 𝑖 :𝑋𝑖 −→𝑌𝑖+1 tais que (𝑓𝑖𝑔𝑖)(𝑥) =𝑑𝑖+1

𝑦 ℎ𝑖(𝑥) +ℎ𝑖−1𝑑𝑖𝑥(𝑥).

𝑋𝑖 𝑑

𝑖 𝑥

//

ℎ𝑖

}}

{{{{ {{{{

{{{{ {{{{

{

𝑓𝑖

²²

𝑔𝑖

²²

𝑋𝑖−1

ℎ𝑖−1

}}

{{{{ {{{{

{{{{ {{{{

{

𝑌𝑖+1

𝑑𝑖𝑦+1

//𝑌𝑖

Como 𝑥 ∈ 𝐻𝑖(𝑋) temos que 𝑥 Ker 𝑑𝑖

𝑥 e portanto 𝑓𝑖(𝑥) − 𝑔𝑖(𝑥) =

𝑑𝑖+1

𝑦 ℎ𝑖(𝑥)∈Im 𝑑𝑦𝑖+1, ou seja,𝑓𝑖(𝑥) =𝑔𝑖(𝑥). □

A rec´ıproca deste lema n˜ao ´e verdadeira. Seja o complexo 𝑋∙ cujas

entradas s˜ao grupos abelianos ℤ/4e cujas diferenciais s˜ao multiplica¸c˜oes

por dois. Considere o morfismo de complexos 1𝑋∙ :𝑋∙ →𝑋∙.

⋅ ⋅ ⋅ // ℤ

4ℤ

⋅2 //

4ℤ

⋅2 //

?

yy

ss s s

s s s

4ℤ //

?

yy

s s ss

ss

s ⋅ ⋅ ⋅

⋅ ⋅ ⋅ // ℤ

4ℤ

⋅2

// ℤ

4ℤ

⋅2

// ℤ

4ℤ //⋅ ⋅ ⋅

´

E f´acil ver que, para todo 𝑖 ∈ ℤ, temos 𝐻𝑖(1𝑋∙) = 0 mas, no entanto, 1𝑋

n˜ao ´e homot´opica a zero.

Um morfismo entre complexos 𝑓∙ : 𝑋 𝑌´e chamado um

quase-isomorfismo se 𝐻𝑖(𝑓) ´e um isomorfismo para todo 𝑖 . Prova-se que

(19)

CAP´ITULO 1. CONCEITOS B ´ASICOS 13

multiplicativo2na categoria homot´opica𝐾𝑜𝑚(𝒜) (resp. em𝐾𝑜𝑚(𝒜) onde

(∗) = +,−, 𝑏). Portanto existe um funtor de localiza¸c˜ao 𝑄 : 𝐾𝑜𝑚(𝒜) −→ 𝐾𝑜𝑚(𝒜)[𝑄𝑢𝑖𝑠−1] tal que 𝑄(𝑓) ´e um isomorfismo em𝐾𝑜𝑚(𝒜)[𝑄𝑢𝑖𝑠−1] para todo quase-isomorfismo 𝑓∙ 𝑄𝑢𝑖𝑠, com a seguinte propriedade universal.

Seja𝐹 : 𝐾𝑜𝑚(𝒜)→ 𝒟um funtor tal que𝐹(𝑓∙) ´e um isomorfismo em𝒟para

todo quase-isomorfismo𝑓∙. Ent˜ao existe um funtor𝐺: 𝐾𝑜𝑚(𝒜)[𝑄𝑢𝑖𝑠−1] 𝒟 tal que o diagrama

𝐾𝑜𝑚(𝒜) 𝑄 //

𝐹

**

U U U U U U U U U U U U U U U U U U U

U 𝐾𝑜𝑚(𝒜)[𝑄𝑢𝑖𝑠

−1]

𝐺

²²

Â

Â

Â

𝒟 ´e comutativo.

Seja𝒜 uma categoria abeliana. Definimos a categoria derivada𝐷(𝒜) = 𝐾𝑜𝑚 (𝒜)[𝑄𝑢𝑖𝑠−1] como a localiza¸c˜ao da categoria homot´opica pela cole¸c˜ao de quase-isomorfismos. Desta forma, objetos em 𝐷(𝒜) s˜ao complexos e mor-fismos s˜ao classes de homotopia com inversos de quase-isomormor-fismos. De maneira similar obtemos as categorias 𝐷−(𝒜), 𝐷+(𝒜) e 𝐷𝑏(𝒜) cujos

objetos s˜ao respectivamente complexos limitados superiormente, limitados inferiormente e limitados.

Em geral as categorias homot´opicas 𝐾𝑜𝑚(𝒜) e derivada 𝐷(𝒜) de uma categoria abeliana 𝒜 n˜ao s˜ao abelianas. No entanto, elas possuem uma es-trutura de categorias trianguladas.

1.4

Categorias Trianguladas

Seja𝒞 uma categoria aditiva e seja𝑇 : 𝒞 −→ 𝒞 uma equivalˆencia em𝒞. Um

triˆangulo em 𝒞 ´e uma tripla (𝑢, 𝑣, 𝑤) de morfismos em 𝒞 na forma abaixo.

𝑋 𝑢 //𝑌 𝑣 //𝑍 𝑤 //𝑇(𝑋)

A sequˆencia acima muitas vezes ´e encontrada na literatura num diagrama na forma

𝑍

𝑤

~~

~~~~ ~~~

𝑋 𝑢 //𝑌

𝑣

__

@@ @@

@@@

2Para defini¸c˜ao de um sistema multiplicativo numa categoria veja [24] p´agina 5, ou [19]

(20)

CAP´ITULO 1. CONCEITOS B ´ASICOS 14

onde a barra sobre 𝑤 denota que 𝑤 : 𝑍 → 𝑇(𝑋). Da´ı o uso da palavra triˆangulo. Um morfismo entre dois triˆangulos (𝑢, 𝑣, 𝑤) e (𝑢′, 𝑣, 𝑤) ´e uma

tripla (Φ1, Φ2, Φ3) de morfismos em𝒞 tal que o diagrama

𝑋 𝑢 //

Φ1

²²

𝑌 𝑣 //

Φ2

²²

𝑍 𝑤 //

Φ3

²²

𝑇(𝑋)

𝑇(Φ1)

²²

𝑋′ 𝑢′ //𝑌′ 𝑣′ //𝑍′ 𝑤′ //𝑇(𝑋)

´e comutativo. Um categoria𝒞 ´e dita pr´e-trianguladase existe uma classe de

triˆangulos distinguidos𝒯, tamb´em chamados triˆangulos exatos, satisfazendo as 3 condi¸c˜oes seguintes.

(T1) 𝒯 ´e fechada para isomorfismos. Para todo objeto 𝑋 ∈ Ob 𝒞 o triˆangulo 0 −→ 𝑋 −→1 𝑋 −→ 0 ´e exato e para todo morfismo 𝑢 ∈ Mor 𝒞 existe um triˆangulo exato (𝑢, 𝑣, 𝑤)∈ 𝒯.

(T2) Um triˆangulo (𝑢, 𝑣, 𝑤) ´e exato se e somente se (𝑣, 𝑤,−𝑇(𝑢)) ´e um triˆangulo exato. Esta condi¸c˜ao ´e conhecida na literatura como rota¸c˜ao do triˆangulo o que se justifica pelos diagramas abaixo.

𝑍

𝑤

~~

~~~~ ~~~

𝑋 𝑢 //𝑌

𝑣

__

@@ @@

@@@

𝑇(𝑋)

−𝑇(𝑢)

||

yyyy yyyy

𝑌 𝑣 //𝑍

𝑤

bb

EEEE EEEE

(T3) Sejam (𝑢, 𝑣, 𝑤) e (𝑢′, 𝑣, 𝑤) dois triˆangulos exatos. Para todo par

de morfismos Φ1 e Φ2 tais que 𝑢Φ2 = Φ1𝑢′ existe Φ3 tal que o diagrama

𝑋 𝑢 //

Φ1

²²

𝑌 𝑣 //

Φ2

²²

𝑍 𝑤 //

Φ3

²²

Â

Â

 𝑇(𝑋)

𝑇(Φ1)

²²

𝑋′ 𝑢′ //𝑌′ 𝑣′ //𝑍′ 𝑤′ //𝑇(𝑋)

´e um morfismo de triˆangulos.

Lema 1.2 Seja𝒞 uma categoria pr´e-triangulada e seja(𝑢, 𝑣, 𝑤)um triˆangulo

exato em 𝒞. Ent˜ao 𝑢𝑣 =𝑣𝑤= 0.

Demonstra¸c˜ao. Usando (T1),(T2) e(T3) obtemos o diagrama de

(21)

CAP´ITULO 1. CONCEITOS B ´ASICOS 15

𝑌 𝑣 //

𝑣

²²

𝑍 𝑤 //𝑇 𝑋 −𝑇 𝑢//

²²

Â

Â

 𝑇 𝑌

𝑇 𝑣

²²

𝑍 𝑍 //0 //𝑇 𝑍

Pela comutatividade do diagrama obtemos −𝑇 𝑢 ⋅𝑇 𝑣 = 𝑇(−𝑢𝑣) = 0 e 𝑢𝑣 = 0. Por rota¸c˜ao temos 𝑣𝑤= 0. □

Uma categoria pr´e-triangulada𝒞 ´e dita trianguladase satisfaz o axioma do octaedro (T4). Este axioma est´a vinculado a um diagrama que pode ser apresentado na forma tridimensional de um octaedro, da´ı a justificativa do nome utilizado na literatura. Apresentamos uma vers˜ao equivalente, por´em mais intuitiva. Uma prova da equivalˆencia ´e feita por H. Krause em [24]. Um quadrado comutativo na categoria 𝒞

𝑋 𝑢 //

𝑢′

²²

𝑌

𝑣

²²

𝑌′ 𝑣′ //𝑍

´e dito cartesiano homot´opicose existe um triˆangulo exato

𝑋 (𝑢 𝑢′) // 𝑌 𝑌′ (𝑣 −𝑣′)𝑇 // 𝑍 𝛾 // 𝑇(𝑋).

O morfismo 𝛾 ´e chamado diferencial do quadrado cartesiano homot´opico.

(T4) Todo par de aplica¸c˜oes 𝑢 : 𝑋 → 𝑌 e Φ1 : 𝑋 → 𝑋′ pode ser

completado num morfismo entre triˆangulos exatos

𝑋 𝑢 //

Φ1

²²

𝑌 _ _𝑣 _//

Φ2

²²

Â

Â

 𝑍

𝑤

//

_ _

_ 𝑇(𝑋)

𝑇(Φ1)

²²

𝑋′ _𝑢__//𝑌_ 𝑣__//𝑍_𝑤__//𝑇(𝑋)

tal que o quadrado `a esquerda ´e cartesiano homot´opico e a composi¸c˜ao 𝑣′𝑤:

𝑌′ 𝑇(𝑋) ´e uma diferencial.

Esta vers˜ao do axioma do octaedro possui uma semelhan¸ca com existˆencia de pull-back e push-out em categorias abelianas.

(22)

CAP´ITULO 1. CONCEITOS B ´ASICOS 16

seguinte. Para todo 𝑋∙ 𝐾𝑜𝑚(𝒜) fazemos (𝑇 𝑋)𝑖 = 𝑋𝑖−1 e 𝑑𝑖 𝑇 𝑋∙ =

−𝑑𝑖−1

𝑥 . Seja 𝑓∙ : 𝑋∙ −→ 𝑌∙ um morfismo de complexos em 𝒜. Definimos

o cone 𝐶𝑓∙ de 𝑓∙ como o complexo (𝐶𝑓∙)𝑖 = 𝑋𝑖−1 ⊕ 𝑌𝑖 e diferencial

𝑑𝑖

𝐶𝑓∙ =

(

−𝑑𝑖−1

𝑥 𝑓𝑖−1

0 𝑑𝑖

𝑦

)

.

𝐶𝑓∙ : ⋅ ⋅ ⋅𝑋𝑖⊕𝑌𝑖+1

⎝ −𝑑

𝑖 𝑥 𝑓𝑖

0 𝑑𝑖+1

𝑦

//𝑋𝑖−1𝑌𝑖

⎝ −𝑑

𝑖−1

𝑥 𝑓𝑖−1

0 𝑑𝑖

𝑦

//𝑋𝑖−2𝑌𝑖−1⋅ ⋅ ⋅

Para todo morfismo entre complexos 𝑓∙ : 𝑋−→ 𝑌temos um triˆangulo

distinguido

𝑋∙ 𝑓∙ //𝑌∙ 𝑖∙

//𝐶𝑓∙

−𝜋∙

//𝑇 𝑋

onde 𝑖∙ e 𝜋s˜ao imers˜oes e proje¸c˜oes naturais, como mostra o diagrama

abaixo.

𝑋𝑖+1 𝑑

𝑖+1

𝑥

//

𝑓𝑖+1

²²

𝑋𝑖 𝑑

𝑖 𝑥

//

𝑓𝑖

²²

𝑋𝑖−1

𝑓𝑖−1

²²

𝑌𝑖+1 𝑑

𝑖+1

𝑦

//

(0 1)

²²

𝑌𝑖 𝑑

𝑖 𝑦

//

(0 1)

²²

𝑌𝑖−1

(0 1)

²²

𝑋𝑖𝑌𝑖+1

𝑑𝑖+1

𝐶𝑓∙

//

(−1 0)𝑇

²²

𝑋𝑖−1𝑌𝑖

𝑑𝑖 𝐶𝑓∙

//

(−1 0)𝑇

²²

𝑋𝑖−2𝑌𝑖−1

(−1 0)𝑇

²²

𝑋𝑖 −𝑑

𝑖 𝑥

//𝑋𝑖−1 −𝑑

𝑖 𝑥

//𝑋𝑖−2

Seja𝒯 a classe de todos os triˆangulos em𝐾𝑜𝑚(𝒜) isomorfos a triˆangulos distinguidos da forma acima. Prova-se que 𝒯 satisfaz as condi¸c˜oes (T1) `a (T4) e 𝐾𝑜𝑚(𝒜) ´e uma categoria triangulada.

Seja 𝒞 uma categoria triangulada e seja 𝒯 a classe de triˆangulos exatos em 𝒞. Seja ℳum sistema multiplicativo de morfismos em 𝒞. Dizemos que ℳ ´ecompat´ıvel com a triangula¸c˜ao de 𝒞 se for fechado para a equivalˆencia 𝑇 : 𝒞 −→ 𝒞 e, para todo morfismo (Φ1, Φ2, Φ3) se Φ1, Φ2 ∈ ℳ ent˜ao Φ3 ∈ ℳ. Se tais condi¸c˜oes s˜ao satisfeitas ent˜ao o funtor de localiza¸c˜ao 𝑄 : 𝒞 −→ 𝒞[ℳ−1] induz uma estrutura triangular em 𝒞[−1]. Al´em disso 𝑄 ´e um funtor exato, isto ´e, leva triˆangulos em triˆangulos.

(23)

CAP´ITULO 1. CONCEITOS B ´ASICOS 17

Assim o funtor de localiza¸c˜ao 𝑄 : 𝐾𝑜𝑚∗(𝒜) −→ 𝐷(𝒜) ´e exato e 𝐷(𝒜) ´e

uma categoria triangulada, onde (∗) = +, −, ou 𝑏.

Seja 𝐴 uma 𝐾-´algebra e seja mod 𝐴 a categoria de 𝐴-m´odulos

finita-mente gerados. Para simplificar nota¸c˜ao denotamos 𝐷𝑏(𝐴) :=𝐷𝑏(mod 𝐴) a

categoria derivada limitada de 𝐴-m´odulos. Seja𝑃𝐴⊂mod𝐴 a subcategoria

plena de𝐴-m´odulos projetivos e seja𝐾𝑜𝑚−,𝑏(𝑃

𝐴) a categoria homot´opica de

complexos de m´odulos projetivos limitados superiormente com cohomologia limitada. Temos uma equivalˆencia triangular de categorias dada por um fun-tor exato 𝐹 : 𝐾𝑜𝑚−,𝑏(𝑃

𝐴)

−→𝐷𝑏(𝐴). Se a ´algebra 𝐴 tem dimens˜ao global

finita prova-se que esta equivalˆencia se restringe a𝐹 : 𝐾𝑜𝑚𝑏(𝑃 𝐴)

−→𝐷𝑏(𝐴).

Tais equivalˆencias s˜ao de grande utilidade uma vez que uma descri¸c˜ao de morfismos na categoria derivada ´e bem mais complicada que na categoria homot´opica.

Um complexo de m´odulos projetivos𝑃∙ 𝐶𝑜𝑚(𝑃

𝐴) ´e chamado complexo

minimal se 𝑑𝑖

𝑥(𝑋𝑖)⊂rad(𝑋𝑖−1), para todo𝑖 ∈ℤ, onde rad(𝑋𝑖−1) denota o

radical do 𝐴-m´odulo 𝑋𝑖−1. A subcategoria plena de 𝐶𝑜𝑚(𝑃

𝐴) formada por

complexos minimais ´e chamada categoria minimalde 𝐴 e denotada𝑃∙

min(𝐴). Prova-se que todo complexo 𝑃∙ 𝐶𝑜𝑚(𝑃

𝐴) ´e isomorfo, em 𝐾𝑜𝑚(𝑃𝐴), a um

complexo minimal (veja [18] teorema 5). Sob alguns aspectos tais como, por exemplo, para estudar objetos indecompon´ıveis ou morfismos irredut´ıveis (veja teorema 4.2) ´e mais conveniente trabalhar na categoria minimal, cujos morfismos s˜ao morfismos de complexos, que na categoria homot´opica.

1.5

Teoria de Auslander-Reiten

Seja𝐴uma ´algebra de dimens˜ao finita sobre um corpo𝐾 e seja 𝒜= mod𝐴 a categoria de 𝐴-m´odulos finitamente gerados ou 𝒜 = 𝐷𝑏(𝐴) a categoria

derivada limitada de 𝐴. Um morfismo 𝑠 : 𝑀 −→ 𝑁 em 𝒜 ´e uma se¸c˜ao

(resp. retra¸c˜ao) se existe 𝑟:𝑁 −→𝑀 tal que𝑠𝑟 = 1𝑀 (resp. 𝑟𝑠= 1𝑁). Um

morfismo 𝑓 : 𝑋 −→ 𝑌 em 𝒜 ´e dito irredut´ıvel se 𝑓 n˜ao ´e se¸c˜ao nem retra¸c˜ao e, para toda decomposi¸c˜ao 𝑓 =𝑓1𝑓2,

𝑋 𝑓 //

𝑓1 BBBÃÃ B B B B

B 𝑌

𝑊

𝑓2

>>

} } } } } } } }

(24)

CAP´ITULO 1. CONCEITOS B ´ASICOS 18

geradores de morfismos na categoria 𝒜. Da´ı sua importˆancia na descri¸c˜ao, seja da categoria de 𝐴-m´odulos seja da categoria derivada. Morfismos irre-dut´ıveis nestas categorias vivem, respectivamente, em sequˆencias e triˆangulos de Auslander-Reiten.

Uma sequˆencia exata de𝐴-m´odulos

0 // 𝑋 𝑢 // 𝑌 𝑣 // 𝑍 // 0 (1.1)

´e uma sequˆencia de Auslander-Reitense n˜ao cinde e satisfaz as duas condi¸c˜oes seguintes:

(AR1) 𝑋 e 𝑍 s˜ao indecompon´ıveis.

(AR2) Se 𝑓 : 𝑊 −→ 𝑍 n˜ao ´e uma retra¸c˜ao ent˜ao existe 𝑔 : 𝑊 −→ 𝑌

tal que 𝑔𝑣 =𝑓.

Se a condi¸c˜ao(AR1)´e satisfeita prova-se que a condi¸c˜ao(AR2)´e equiv-alente a condi¸c˜ao seguinte.

(AR2’)Se 𝑓′ :𝑋 −→𝑊 n˜ao ´e uma se¸c˜ao ent˜ao existe 𝑔:𝑌 −→𝑊 tal

que 𝑢𝑔′ =𝑓.

Um importante resultado, obtido por Auslander e Reiten, estabelece que para todo 𝐴-m´odulo indecompon´ıvel n˜ao injetivo 𝑋 (resp. n˜ao projetivo 𝑍) existe uma ´unica sequˆencia de Auslander-Reiten come¸cando com 𝑋 (resp. terminando com 𝑍), a menos de isomorfismo. Prova-se que uma sequˆencia exata 1.1 em mod 𝐴 ´e uma sequˆencia de Auslander-Reiten se e somente se 𝑋 e 𝑍 s˜ao indecompon´ıveis e𝑢 e 𝑣 s˜ao irredut´ıveis (veja [5] cap´ıtulo IV, p´ag. 105, teorema 1.13).

Um triˆangulo exato em 𝐷𝑏(𝐴)

𝑋∙ 𝑢 //𝑌∙ 𝑣 //𝑍∙ 𝑤 //𝑇 𝑋(1.2)

´e um triˆangulo de Auslander-Reiten se satisfaz as condi¸c˜oes (AR1) e

(AR2) acima e a condi¸c˜ao (AR3) 𝑤 ∕= 0. O teorema seguinte provado

por Happel [21] estabelece condi¸c˜oes necess´arias e suficientes para existˆencia de triˆangulos de Auslander-Reiten na categoria derivada de uma ´algebra.

Teorema 1.2 (Happel) Seja 𝐴 uma 𝐾-´algebra de dimens˜ao finita e seja

𝑍∙ 𝐾𝑜𝑚−,𝑏(𝑃

𝐴) um complexo indecompon´ıvel. Ent˜ao existe um triˆangulo

de Auslander-Reiten 𝑋∙ 𝑌 𝑍 𝑇 𝑋se e somente se 𝑍

𝐾𝑜𝑚𝑏(𝑃

(25)

CAP´ITULO 1. CONCEITOS B ´ASICOS 19

Segue do teorema que se a ´algebra 𝐴 possui dimens˜ao global finita ent˜ao para todo complexo indecompon´ıvel 𝑍∙ 𝐷𝑏(𝐴) existe um triˆangulo de

Auslander-Reiten na forma acima. Neste caso dizemos que 𝐷𝑏(𝐴) possui

triˆangulos de Auslander-Reiten.

Lema 1.3 Seja 𝒜 uma categoria triangulada. Um triˆangulo exato

𝑋 𝑢 //𝑌 𝑣 //𝑍 𝑤 //𝑇 𝑋

´e de Auslander-Reiten se e somente se 𝑋 e 𝑍 s˜ao indecompon´ıveis, 𝑤∕= 0

e os morfismos 𝑢 e 𝑣 s˜ao irredut´ıveis.

Demonstra¸c˜ao. (⇒) ´E suficiente mostrar que 𝑢 ´e irredut´ıvel, tendo em

vista o axioma de rota¸c˜ao. Suponha que exista uma fatora¸c˜ao 𝑢 =ℎ1ℎ2 tal que ℎ1 n˜ao ´e se¸c˜ao.

𝑋 𝑢 //

ℎ1

²²

𝑌

𝑊

ℎ2

>>

} } } } } } } }

Por (AR2’) existe ℎ′

1 : 𝑌 → 𝑊 tal que ℎ1 = 𝑢ℎ′1, ou seja, 𝑢 = 𝑢ℎ′1ℎ2. Aplicando (T3)obtemos o diagrama comutativo abaixo.

𝑋 𝑢 //𝑌 𝑣 //

ℎ′

1ℎ2

²²

𝑍 𝑤 //

²²

Â

Â

 𝑇 𝑋

𝑋 𝑢 //𝑌 𝑣 //𝑍 𝑤 //𝑇 𝑋

Se ℎn˜ao ´e isomorfismo ent˜ao n˜ao ´e retra¸c˜ao pois 𝑍 ´e indecompon´ıvel. Apli-camos (AR2) para obter ℎ′ :𝑍 𝑌 tal que 𝑣 =ℎ. Pela comutatividade

e pelo lema 1.2 segue 𝑤=ℎ𝑤 =ℎ′𝑣𝑤= 0 contradizendo (AR3). Portanto

ℎ ´e isomorfismo e da´ıℎ′

1ℎ2 tamb´em ´e isomorfismo e portanto ℎ2 ´e retra¸c˜ao. (⇐) ´E suficiente provar (AR2’). Seja Φ : 𝑋 → 𝑋′ um morfismo que

n˜ao ´e se¸c˜ao. Sem perda de generalidade podemos assumir que 𝑋′´e

indecom-pon´ıvel (tomando uma componente se necess´ario). Aplicando o axioma(T4) obtemos um morfismo entre triˆangulos exatos como no diagrama abaixo.

𝑋 𝑢 //

Φ

²²

𝑌 _𝑚_′_//

Φ2

²²

Â

Â

 𝑍

_ 𝑛__//𝑇 𝑋

𝑇(Φ)

²²

(26)

CAP´ITULO 1. CONCEITOS B ´ASICOS 20

Aplicando (TR3) obtemos o morfismo de triˆangulos abaixo, onde 𝛼´e isomor-fismo.

𝑋 𝑢 //𝑌 𝑣 //𝑍 𝑤 //

𝛼

²²

Â

Â

 𝑇 𝑋

𝑋 𝑢 //

Φ

²²

𝑌 _𝑚_′_//

Φ2

²²

Â

Â

 𝑍

_ 𝑛__//𝑇 𝑋

𝑇(Φ)

²²

𝑋′_ 𝑢__//𝑌_𝑝__//𝑍_ 𝑞__//𝑇 𝑋

Obtemos o diagrama comutativo abaixo.

𝑋 𝑢 //𝑌 𝑣 //𝑍 𝑤 //

𝛼

²²

Â

Â

 𝑇 𝑋

𝑋 𝑢 //

Φ

²²

𝑌 _𝑚_′_//

Φ2

²²

Â

Â

 𝑍

_ 𝑛__//𝑇 𝑋

𝑇(Φ)

²²

𝑋′_ 𝑢__//𝑌_𝑝__//𝑍_ 𝑞__//

𝛼−1

²²

𝑇 𝑋′

𝑋′ 𝑢′ //𝑌′ 𝑝′𝛼−1//𝑍 𝛼𝑞′ //𝑇 𝑋

O triˆangulo da linha de baixo ´e exato (pois ´e isomorfo ao triˆangulo da terceira linha). Fazendo 𝑣′ = 𝑝𝛼−1 e 𝑤= 𝛼𝑞obtemos o morfismo entre os

triˆangulos exatos abaixo.

𝑋 𝑢 //

Φ

²²

𝑌 𝑣 //

Φ2

²²

𝑍 𝑤 //𝑇 𝑋

𝑇(Φ)

²²

𝑋′ 𝑢′ //𝑌′ 𝑣′ //𝑍 𝑤′ //𝑇 𝑋

Pela hip´otese de irredutibilidade de 𝑣 temos Φ2 se¸c˜ao ou 𝑣′ retra¸c˜ao.

(i) Se𝑣′ ´e retra¸c˜ao ent˜ao 𝑢´e se¸c˜ao. De fato a sequˆencia

Hom(𝑌′, 𝑋) Hom(𝑢′,𝑋′)//Hom(𝑋, 𝑋) Hom(𝑇−1𝑤′,𝑋′) //Hom(𝑇−1(𝑍), 𝑋)

´e exata (Hom(−, 𝑋′) ´e umfuntor cohomol´ogico) e, como𝑣𝑤= 0, a suposi¸c˜ao

de 𝑣′ epi implica 𝑤= 0 e assim Hom(𝑇−1𝑤, 𝑋) = 0. Portanto existe

𝑡 ∈ Hom(𝑌′, 𝑋) tal que 𝑢𝑡 = 1

𝑋′ e 𝑢′ ´e se¸c˜ao. Assim temos que Φ =

Φ𝑢′𝑡 =𝑢(Φ2𝑡) ´e fatorado por 𝑢.

(ii) Se Φ2 ´e se¸c˜ao ent˜ao admite uma retra¸c˜ao 𝛾, ou seja, Φ2𝛾 = 1𝑌.

(27)

CAP´ITULO 1. CONCEITOS B ´ASICOS 21

´e retra¸c˜ao. Logo existe uma se¸c˜ao 𝜂 : 𝑌 → 𝑋′ tal que 𝜂𝑢𝛾 = 1

𝑌. Assim

temos

Φ𝑢′𝛾 =𝑢Φ2𝛾

|{z}

1𝑌

=𝑢𝜂𝑢′𝛾.

Como 𝑋′ ´e indecompon´ıvel e 𝑢𝛾 ´e retra¸c˜ao segue que 𝑢𝛾 ´e invert´ıvel e

portanto Φ = 𝑢𝜂´e fatorado por 𝑢. □

Para dois objetos indecompon´ıveis 𝑋, 𝑌 ∈Ob𝒜 prova-se que

𝐼𝑟𝑟𝒜(𝑋, 𝑌) := 𝑟𝑎𝑑𝒜(𝑋, 𝑌)/𝑟𝑎𝑑2𝒜(𝑋, 𝑌)

´e a classe de morfismos irredut´ıveis de 𝑋 para𝑌. ´E facil ver que𝐼𝑟𝑟𝒜(𝑋, 𝑌)

´e 𝐹(𝑋)𝑜𝑝 𝐹(𝑌) bimodulo, onde 𝐹(𝑋) := 𝐸𝑛𝑑

𝒜(𝑋)/𝑟𝑎𝑑(𝐸𝑛𝑑𝒜(𝑋)). O

bimodulo 𝐼𝑟𝑟𝒜(𝑋, 𝑌) assim definido ´e chamado bimodulo de morfismos

ir-redut´ıveis de 𝑋 para 𝑌.

J´a sabemos que os morfismos que formam um triˆangulo (ou uma sequˆencia) de Auslander-Reiten s˜ao irredut´ıveis. Al´em disso, temos o resultado seguinte provado por Ringel [27]:

Lema 1.4 (Ringel) Seja 𝒞 uma categoria triangulada com triˆangulos de

Auslander-Reiten. Sejam 𝑋 e 𝑀 objetos indecompon´ıveis em 𝒞 e seja

𝑋 𝑢 //𝑌 𝑣 //𝑍 𝑤 //𝑇 𝑋 um triˆangulo de Auslander-Reiten. Seja 𝑌 =

⊕𝑟 𝑖=1𝑌

𝑑𝑖

𝑖 com 𝑌𝑖 indecompon´ıvel e 𝑌𝑖 =∕∼ 𝑌𝑗 para 𝑖 ∕= 𝑗. Ent˜ao existe

um morfismo irredut´ıvel 𝑓 : 𝑋 → 𝑀 se e somente se 𝑀 ∼= 𝑌𝑖 para algum

1≤𝑖≤𝑟. Mais ainda, denotando as componentes 𝑢𝑖,𝑗 :𝑋 →𝑌𝑖 de 𝑢, onde

1 ≤ 𝑗 ≤ 𝑑𝑖, o conjunto {𝑢𝑖,1, . . . , 𝑢𝑖,𝑑𝑖} ´e uma base do bimodulo 𝐼𝑟𝑟(𝑋, 𝑌𝑖)

sobre 𝐹(𝑋)𝑜𝑝.

Demonstra¸c˜ao. Veja [20], pag. 40.

Um resultado similar para sequˆencias de Auslander-Reiten encontra-se em [5], pag. 103.

1.6

Quiver de Auslander-Reiten

Seja 𝐴 =𝐾(𝑄, 𝐼) uma ´algebra e seja 𝒜 = mod 𝐴 ou 𝒜 = 𝐷𝑏(𝐴) sua

(28)

CAP´ITULO 1. CONCEITOS B ´ASICOS 22

(veja [7], [20], [32]). Como 𝒜´e Krull-Schmidt (veja, por exemplo: [12], [14]) seus objetos s˜ao somas diretas de indecompon´ıveis. Portanto ´e natural que os v´ertices de −→Γ𝒜 sejam classes de isomorfismos [𝑋] de objetos indecom-pon´ıveis𝑋 ∈Ob𝒜. Tamb´em ´e natural que as setas deste quiver representem morfismos que n˜ao apresentam fatora¸c˜ao n˜ao trivial, isto ´e, morfismos irre-dut´ıveis.

Se 𝒜 = 𝐷𝑏(𝐴) ent˜ao para dois v´ertices [𝑋] e [𝑌] existe uma flecha com

valoriza¸c˜ao (𝑑𝑋𝑌, 𝑑′𝑋𝑌),

𝑋 (𝑑𝑋𝑌, 𝑑

𝑋𝑌)

// 𝑌

se existem triˆangulos de Auslander-Reiten

𝑍 //𝑋𝑑𝑋𝑌 ⊕𝑀 //𝑌 //𝑇 𝑍 ,

𝑋 //𝑌𝑑′

𝑋𝑌 ⊕𝑁 //𝑍 //𝑇 𝑋 ,

com 𝑋 n˜ao isomorfo a nenhum somando direto de 𝑀 e 𝑌 n˜ao isomorfo a nenhum somando direto de 𝑁. Se𝒜= mod 𝐴procedemos de forma an´aloga usando sequˆencias de Auslander-Reiten. O quiver −→Γ𝒜 assim definido ´e chamado quiver de Auslander-Reiten de𝒜.

Um fato bem conhecido ´e que𝑑𝑋𝑌 =𝑑𝑖𝑚𝐹(𝑋)𝑜𝑝𝐼𝑟𝑟𝒜(𝑋, 𝑌) e que 𝑑′𝑋𝑌 =

𝑑𝑖𝑚𝐹(𝑌)𝐼𝑟𝑟𝒜(𝑋, 𝑌). ´E bem conhecido tamb´em que se o corpo 𝐾 ´e

algebri-camente fechado, temos𝐹(𝑋)∼=𝐾 e𝑑𝑋𝑌 =𝑑′𝑋𝑌 =𝑑𝑖𝑚𝐾𝐼𝑟𝑟𝒜(𝑋, 𝑌). Neste

caso vamos colocar 𝑑𝑋𝑌 flechas entre objetos 𝑋 e 𝑌.

Um quiver Γ ´e chamado quiver de transla¸c˜aose ´e localmente finito, sem loops e se existe uma bije¸c˜ao 𝜏 : Γ′

0 −→ Γ′′0, onde Γ′0, Γ′′0 ⊂ Γ0, chamada

transla¸c˜ao, tais que para todo 𝑍 ∈ Γ′

0, e para todo 𝑀 ∈ Γ0, o n´umero de setas de 𝑀 para 𝑍 ´e igual ao n´umero de setas de 𝜏 𝑍 para 𝑀. Prova-se que −

Γ𝒜 ´e um quiver de transla¸c˜ao onde, se 𝒜= mod 𝐴 ent˜ao Γ′

0 (resp. Γ′′0) ´e formado pelos m´odulos n˜ao projetivos (resp. n˜ao injetivos) indecompon´ıveis. Se 𝒜 = 𝐷𝑏(𝐴) ent˜ao Γ

0 = Γ′′0 = − →

Γ0𝒜. Neste caso dizemos ter um quiver

(29)

Cap´ıtulo 2

´

Algebras String

Uma importante classe de ´algebras, introduzidas por Butler e Ringel em [13], s˜ao as ´algebras string. Neste mesmo artigo existe uma descri¸c˜ao de todas as sequˆencias de Auslander-Reiten e, consequentemente, de todos os morfismos irredut´ıveis na categoria de m´odulos de uma ´algebra string. Tais sequˆencias s˜ao obtidas, de forma simples, por uma t´ecnica combinat´oria aplicada no quiver da ´algebra. Neste cap´ıtulo todos os m´odulos s˜ao m´odulos `a direita.

Defini¸c˜ao. Uma ´algebra 𝐴=𝐾(𝑄, 𝐼) ´e uma ´algebra string se satisfaz

as 3 condi¸c˜oes seguintes.

(S1) Todo v´ertice de 𝑄0 ´e origem e fim de no m´aximo duas flechas.

(S2) Para toda flecha𝛽 ∈𝑄1 existe no m´aximo uma flecha𝛼 ∈𝑄1 (resp.

𝛾 ∈𝑄1) tal que 𝛼𝛽 ∕∈𝐼 (resp. 𝛽𝛾 ∕∈𝐼).

(S3) O ideal 𝐼 ´e gerado por rela¸c˜oes nulas (caminhos).

Exemplo 2.1 Os quivers com rela¸c˜oes abaixo definem ´algebras string.

(2.1.1) 3 𝑏 //2

𝑎

²²

4

𝑐

oo

1

𝐼 =< 𝑐𝑎 >

(2.1.2) 1oo 𝑎 2

𝑏

pp 𝐼 =< 𝑏2 >

(2.1.3) 3

𝑐

££

¥¥¥¥ ¥¥¥¥

1 𝑎 //2

𝑏

\\

:: ::

:: ::

𝐼 =< 𝑎𝑏𝑐 >

(30)

CAP´ITULO 2. ALGEBRAS STRING´ 24

Seja𝐴=𝐾(𝑄, 𝐼) uma ´algebra string. Para toda flecha 𝛽 ∈𝑄1 definimos sua inversaformal𝛽−1 com 𝑠(𝛽−1) =𝑡(𝛽) e 𝑡(𝛽−1) = 𝑠(𝛽). Um passeio𝑃 de comprimento 𝑙(𝑃) = 𝑛 >0 ´e uma sequˆencia 𝑃 =𝑝1. . . 𝑝𝑛, onde 𝑝𝑖 ∈ 𝑄1

ou 𝑝−𝑖 1 ∈ 𝑄1 ´e uma flecha e 𝑠(𝑝𝑖) = 𝑡(𝑝𝑖−1) para todo 1 < 𝑖 ≤ 𝑛. Seu

inverso formal ´e o passeio 𝑃−1 = 𝑝−1

𝑛 . . . 𝑝

−1

1 . Uma string 𝑆 = 𝑠1. . . 𝑠𝑛

de comprimento 𝑙(𝑆) = 𝑛 > 0 ´e um passeio tal que 𝑠𝑖 ∕= 𝑠−𝑖−11 para todo

1 < 𝑖 ≤ 𝑛 e tal que nenhuma subpalavra de 𝑆 ou de 𝑆−1 pertence ao ideal

𝐼. Uma string ´e dita direta (resp. inversa) se ´e o produto de flechas (resp.

inversas de flechas). Para todo v´ertice 𝑖∈𝑄0 definimos duas string triviais

𝑒𝜌𝑖, onde𝜌∈ {1, −1} de comprimento𝑙(𝑒 𝜌

𝑖) = 0. Com o prop´osito de definir

composi¸c˜ao entre string definimos duas aplica¸c˜oes que polarizam o quiver𝑄.

Polariza¸c˜ao do quiver. Seja 𝐴=𝐾(𝑄, 𝐼) uma ´algebra string.

Pode-mos definir duas aplica¸c˜oes de polariza¸c˜ao 𝜎, 𝜀 : 𝑄1 → {±1}, de maneira similar a [13] conforme [29], satisfazendo as quatro condi¸c˜oes abaixo: 1

(1) Se𝛼1 ∕=𝛼2 s˜ao flechas tais que𝑡(𝛼1) = 𝑡(𝛼2) ent˜ao 𝜀(𝛼1) =−𝜀(𝛼2). (2) Se𝛽1 ∕=𝛽2 s˜ao flechas tais que 𝑠(𝛽1) =𝑠(𝛽2) ent˜ao 𝜎(𝛽1) =−𝜎(𝛽2). (3) Se𝛼 e 𝛽 s˜ao flechas com𝑡(𝛼) =𝑠(𝛽) e 𝛼𝛽 ∕∈𝐼 ent˜ao𝜀(𝛼) =−𝜎(𝛽). (4) Se𝛼 e 𝛽 s˜ao flechas com𝑡(𝛼) =𝑠(𝛽) e 𝛼𝛽 ∈𝐼 ent˜ao 𝜀(𝛼) =𝜎(𝛽).

Visando simplificar nota¸c˜ao vamos usar ± no lugar de ±1. Nos quivers e diagramas usamos a nota¸c˜ao gr´afica𝛼𝜀𝜎((𝛼𝛼)) para indicar a polariza¸c˜ao de uma flecha 𝛼∈𝑄1.

Estendemos as aplica¸c˜oes acima, inicialmente para flechas inversas, definindo

𝜎(𝛼−1) =𝜀(𝛼) e 𝜀(𝛼−1) = 𝜎(𝛼) para toda flecha𝛼 𝑄1. Agora estendemos

𝜎 e 𝜀 para string definindo𝜎(𝑆) =𝜎(𝑠1) e 𝜀(𝑆) = 𝜀(𝑠𝑛) para toda string

𝑆 =𝑠1. . . 𝑠𝑛 com𝑙(𝑠)>0. Para string triviais definimos𝜎(𝑒

𝜌

𝑖) =−𝜀(𝑒 𝜌 𝑖) =𝜌.

A composi¸c˜ao 𝑆𝑆′ entre duas string 𝑆 e 𝑆est´a definida se e somente

se 𝑡(𝑆) = 𝑠(𝑆′) e 𝜀(𝑆) = 𝜎(𝑆). Sobre o conjunto 𝒮 de todas as string

definimos uma rela¸c˜ao de equivalˆencia 𝑆 ∼𝑠 𝑆′ ⇔ 𝑆′ = 𝑆 ou 𝑆′ = 𝑆−1.

Denotamos 𝒮 um conjunto de representantes das classes de 𝒮/∼𝑠.

Seja 𝒮′ ⊂ 𝒮 o conjunto formado pelas string 𝑆 n˜ao triviais tais que a

composi¸c˜ao 𝑆𝑛 est´a definida para todo 𝑛 e 𝑆 n˜ao ´e potˆencia de string

de comprimento menor. Definimos uma rela¸c˜ao de equivalˆencia em 𝒮′ por

𝑆 ∼𝑟 𝑆′ ⇔ 𝑆′ ´e uma permuta¸c˜ao c´ıclica de 𝑆, ou seja, 𝑆 = 𝑠1. . . 𝑠𝑛 e

𝑆′ = 𝑠

𝑡. . . 𝑠𝑛𝑠1. . . 𝑠𝑡−1. Denotamos 𝒮′ um conjunto de representantes das

classe de 𝒮′/

𝑟.

1𝜎 e 𝜀est˜ao definidas em [13] sem a condi¸c˜ao 4. N˜ao existe unicidade na defini¸c˜ao de

(31)

CAP´ITULO 2. ALGEBRAS STRING´ 25

2.1

odulos String

Seja 𝐴 = 𝐾(𝑄, 𝐼) uma ´algebra string e seja a string 𝑆 = 𝑠1𝑠2. . . 𝑠𝑛 ∈ 𝒮

uma representante de classe. Vamos construir um m´odulo 𝑀(𝑆) partindo da string𝑆. Antes de definirmos formalmente este m´odulo apresentamos um exemplo ilustrativo de sua constru¸c˜ao. Seja 𝐴 = 𝐾(𝑄, 𝐼) a ´algebra string definida pelo quiver com rela¸c˜oes

1 𝑎𝑐 //// 2

𝑏

//

𝑑 //3 𝐼 =< 𝑎𝑏, 𝑐𝑑 >

e seja a string 𝑆 = 𝑠1𝑠2𝑠3𝑠4𝑠5𝑠6 = 𝑎−1𝑐𝑏𝑑−1𝑎−1𝑐. Considere a seguinte re-presenta¸c˜ao gr´afica de 𝑆.

2oo 𝑎 1 𝑐 //2 𝑏 //3oo 𝑑 2oo 𝑎 1 𝑐 //2

Temos a seguinte representa¸c˜ao gr´afica do m´odulo𝑀(𝑆), onde 𝑀(𝑆)1 =𝐾2 com base {𝑧1, 𝑧5}, 𝑀(𝑆)2 = 𝐾4 com base {𝑧0, 𝑧2, 𝑧4, 𝑧6}, 𝑀(𝑆)3 = 𝐾 com base {𝑧3}.

𝑧0 𝑎 𝑧1

oo 𝑐 //𝑧2 𝑏 //𝑧3 oo 𝑑 𝑧4 oo 𝑎 𝑧5 𝑐 //𝑧6

As flechas no diagrama indicam as a¸c˜oes das correspondentes transforma¸c˜oes lineares nos elementos da base. Desta forma obtemos o m´odulo

𝐾2 𝑀 //

𝑁 // 𝐾

4 𝑃 //

𝑄 //𝐾

onde,

𝑀 =

(

1 0 0 0 0 0 1 0

)

𝑁 =

(

0 1 0 0 0 0 0 1

)

𝑃 =

⎛ ⎜ ⎜ ⎝

0 1 0 0

⎞ ⎟ ⎟ ⎠ 𝑄=

⎛ ⎜ ⎜ ⎝

0 0 1 0

⎞ ⎟ ⎟ ⎠.

Vamos formalizar a constru¸c˜ao acima. Considere a aplica¸c˜ao𝑢:{0,1, . . . , 𝑛} → 𝑄0 definida por 𝑢(0) =𝑠(𝑠1) e 𝑢(𝑖) =𝑒(𝑠𝑖) para todo 1≤𝑖≤𝑛.

𝑢(0) 𝑠1 //𝑢(1) 𝑠2 //⋅ ⋅ ⋅𝑢(𝑛1) 𝑠𝑛 //𝑢(𝑛)

Vamos definir uma representa¸c˜ao 𝑀(𝑆) do quiver com rela¸c˜oes (𝑄, 𝐼). Para cada v´ertice 𝑣 ∈ 𝑄0 seja o conjunto de ´ındices ℐ𝑣 = 𝑢−1(𝑣) ⊂ {0,1, . . . , 𝑛}.

Atribuimos a cada v´ertice 𝑣 o espa¸co vetorial 𝑀(𝑆)𝑣 = 𝐾♯ℐ𝑣, onde ♯ℐ𝑣

Referências

Documentos relacionados

3 O presente artigo tem como objetivo expor as melhorias nas praticas e ferramentas de recrutamento e seleção, visando explorar o capital intelectual para

Fita 1 Lado A - O entrevistado faz um resumo sobre o histórico da relação entre sua família e a região na qual está localizada a Fazenda Santo Inácio; diz que a Fazenda

O estágio de Medicina Interna ficou ligeiramente aquém das minhas expectativas, na medida em que ao ter sido realizado num hospital privado, o grau de autonomia que me

Unidades de transporte carregadas com substâncias que apresentam risco para o meio ambiente (ONU 3077 e ONU 3082) devem portar, nas duas extremidades e nos dois lados, o

Carmo (2013) afirma que a escola e as pesquisas realizadas por estudiosos da educação devem procurar entender a permanência dos alunos na escola, e não somente a evasão. Os

O “tempo necessário” para as atividades complementares foi definido no tópico “Objetivos e Metas”, no qual apresentou duas metas referentes ao eixo da jornada de

De forma geral, constata-se que os valores humanos tradição, poder, religiosidade, prestígio e apoio social possuem relação direta com os construtos do comprometimento

Para casos específicos, os contadores são procurados, como por exemplo a declaração do imposto de renda no qual muitos alegaram se tornar o período de maior contato, pois os