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Contribuições de campanha e contratos estaduais

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Academic year: 2017

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FUNDAÇÃO GETÚLIO VARGAS ESCOLA DE ECONOMIA DE SÃO PAULO

ERIC AKIRA FUZITANI

CONTRIBUIÇÕES DE CAMPANHA E CONTRATOS ESTADUAIS

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ERIC AKIRA FUZITANI

CONTRIBUIÇÕES DE CAMPANHA E CONTRATOS ESTADUAIS

Dissertação apresentada à Escola de Economia da Fundação Getúlio Vargas, como requisito para obtenção do título de Mestre em Economia Campo de conhecimento: Políticas Públicas Orientador: Prof. Dr. Klênio Barbosa

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Fuzitani, Eric Akira.

Contribuições de campanha e contratos estaduais / Eric Akira Fuzitani. - 2013.

63 f.

Orientador: Klênio Barbosa

Dissertação (MPFE) - Escola de Economia de São Paulo.

1. Eleições - Brasil. 2. Deputados estaduais. 3. Campanha eleitoral - Brasil. 4. Contrato público - Brasil. 5. Eleições - Doações. 6. Fundos para campanha eleitoral. I. Barbosa, Klênio. II. Dissertação (MPFE) - Escola de Economia de São Paulo. III. Título.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a todos os meus professores, que com esforço e dedicação, transmitiram valiosos conhecimentos e experiências. Em especial, agradeço aos meus orientadores Prof. Klênio Barbosa e Prof. Paulo Arvate pelas freqüentes reuniões e valiosos conselhos.

Aos meus colegas de classe, que o seu apoio, companheirismo e bom humor tornaram estes dois anos os melhores possíveis.

Ao meu empregador, que compreendeu a necessidade de tempo aplicada nesse projeto.

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RESUMO

Este trabalho procura estudar a relação causal entre vitória nas eleições estaduais para deputado e contratos adquiridos por empresas doadoras de campanha. A amostra utilizada foi um conjunto de dados das eleições de 2006 para deputado estadual de oito estados brasileiros e os contratos estaduais recebidos pelas empresas doadoras. Para identificar o efeito foi aplicado o método de regressão descontinuada em eleições decididas por pequena margem de votos. Os resultados mostraram que a relação entre vitória e contratos existe e é significativa a 1%. É esperado que uma vitória eleitoral retorne R$ 1.095.617 sob a forma de contratos estaduais durante os mandatos dos candidatos eleitos. Esse valor é expressivo dado que o valor médio de doações é de R$ 13.568. Além disso, o efeito foi encontrado para candidatos pertencentes ao partido do governo e da coalizão, sugerindo que parte dos gastos diretos do governo é destinada para montagem de coalizão na Assembléia Legislativa Estadual. Os resultados se mantêm observando o efeito por ramo de atividade das empresas doadoras e quando o intervalo de margem percentual de votos é reduzido para 25%.

Palavras-chave: Políticas Públicas, Contribuições de Campanha, Favorecimento em

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ABSTRACT

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Diagrama de influência dos deputados estaduais sobre gastos diretos do

governo ... 13

Figura 2 - Cálculo da margem percentual de votos ... 28

Figura 3 - Densidade de candidatos em relação à margem percentual de votos ... 44

Figura 4 - Efeito da vitória eleitoral sobre contratos estaduais ... 45

Figura 5 – Efeito da vitória eleitoral sobre contratos estaduais – Candidatos coalizão e candidatos partido governo ... 46

Figura 6 – Efeito da vitória eleitoral sobre contratos estaduais – Regressões por ramo de atividade das empresas doadoras de campanha ... 47

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Estatísticas descritivas de candidatos e contribuições ... 49 Tabela 2 – Estatísticas descritivas de doações, contratos e margem percentual de votos ... 51 Tabela 3 - Resultados relação de vitória nas eleições e contratos estaduais –

Candidatos do partido do governo e da coalizão ... 53 Tabela 4 – Diferenças de características entre candidatos eleitos e não eleitos - balanceamento de variáveis co-variadas ... 54 Tabela 5 – Variáveis co-variadas – Efeito sobre o valor dos contratos

governamentais ... 55 Tabela 6 - Resultados relação de vitória nas eleições e contratos estaduais –

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ... 7

2 ARCABOUÇO INSTITUCIONAL ... 12

2.1 A Influência dos Deputados Estaduais sobre os Gastos Públicos ... 12

2.1.1 O Papel dos Deputados Estaduais ... 14

2.1.2 O Papel das Empresas ... 16

2.1.3 O Papel do Poder Executivo ... 17

3 DESENVOLVIMENTO DAS HIPÓTESES ... 20

4 DADOS... 22

2.2 Base de dados ... 22

2.3 Análise Descritiva dos Dados ... 24

5 METODOLOGIA ... 26

5.1 Análise do Modelo de Regressão Descontinuada ... 33

5.2 Testes de Robustez da Regressão ... 35

APÊNDICE I – FIGURAS ... 44

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1 INTRODUÇÃO

Da forma como o sistema político-administrativo brasileiro é organizado, o poder Executivo lidera o planejamento e a execução dos gastos do governo estadual. Para garantir apoio do Legislativo, o governo negocia a liberação de recursos do orçamento para atender às exigências dos deputados estaduais. E, de sua parte, os deputados têm interesse em obter recursos para suas bases eleitorais e beneficiar empresas financiadoras de campanha. A maior parte das doações das empresas é destinada aos partidos, mas esses recursos são utilizados para as eleições aos cargos executivos, gerando necessidade de financiamento de parte dos deputados1. Para beneficiar suas bases eleitorais, os deputados utilizam as emendas no orçamento e a aplicação dos recursos é viabilizada por meio de convênios com os municípios. Já o favorecimento das empresas doadoras pode ocorrer por meio de convênios ou pela influência sobre as despesas do governo. O efeito das emendas parlamentares como instrumento garantidor de coalizão de apoio ao governo e recursos para os municípios foi amplamente evidenciado pela imprensa e literatura relacionada (Mainwaring, 1999; Ames, 2001; Pereira e Mueller, 2002; Limongi e Figueiredo, 2005; Brollo, 2011). Porém, existe pouca evidência empírica sobre a influência dos deputados estaduais sobre os gastos do governo para favorecer empresas doadoras de campanha.

Esse trabalho avalia as características exógenas ao resultado das eleições para identificar uma relação causal entre vitória eleitoral de deputados estaduais e gastos diretos do governo. Os resultados indicam que empresas que doaram para candidatos eleitos asseguram maiores valores de contrato com o governo quando comparados aos candidatos não eleitos, evidenciando a influência dos deputados sobre as despesas do governo. Além disso, foi constatado que os gastos são um meio de reforçar o comprometimento com os partidos da coalizão no Legislativo. A

1

Em 2006, as doações dos partidos para os deputados estaduais representaram apenas 4,7% do

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observação do resultado da eleição como fator exógeno permite a identificação da relação causal entre vitória eleitoral e valor dos contratos estaduais das empresas doadoras. A contribuição do trabalho é expandir a discussão da influência do poder Legislativo sobre os gastos públicos. Os dados de doações de empresas para candidatos no Brasil estão disponíveis para consulta, o que não ocorre em outros países. Tal fato permitiu identificar e quantificar a influência dos deputados estaduais sobre os contratos governamentais.

Esse estudo se relaciona com a literatura que avalia o efeito das doações de campanha sobre as decisões políticas. Nesse sentido, alguns estudos discutem o financiamento de campanha como um mercado competitivo de políticas públicas, no qual as empresas tratam as doações como um investimento e esperam um retorno posterior sob a forma de votos a favor dos pleitos dos doadores (Snyder, 1990; Grossman e Helpman, 1996). Apesar de a literatura suportar que grupos econômicos utilizam as doações para influenciar a aquisição de votos a favor, existe pouca evidência empírica que consiga estabelecer uma relação causal. As pesquisas existentes sobre o assunto não evidenciam tal relação entre vitória e contratos, em parte porque ambos são determinados simultaneamente (Chappell, 1982). Por exemplo, as empresas com os maiores valores de contrato são as que mais financiam as campanhas, aumentando o número de candidatos eleitos que receberam doações da empresa. Portanto, o valor dos contratos pode influenciar na eleição do candidato.

Outros trabalhos também apresentam evidências consistentes sobre a existência da influência das doações de campanha nos contratos governamentais (Stratmann, 1991; Hogan, Long e Stretesky, 2010). Boas, Hidalgo e Richardson (2011), realizando pesquisa semelhante, encontraram evidências que comprovam a existência de uma relação causal entre a vitória eleitoral e contratos firmados durante os mandatos de deputados federais nas eleições de 2006. Contudo, essa relação é significante apenas para empresas doadoras do ramo de serviço público contribuindo para candidatos do partido do governo.

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Com relação a metodologia, aplicou-se o modelo de Regressão Descontinuada (RD) para eleições decididas por margem pequena de votos. Esse modelo foi utilizado por Lee (2008) para observar como os legisladores americanos mudam o perfil de votos no congresso americano a partir de variações exógenas de popularidade do eleitorado. Tal procedimento é aplicável em casos nos quais existe uma descontinuidade na mudança da variável de tratamento, no caso, o candidato ser eleito ou não. O uso desse método permite a identificação da relação causal entre a variável de interesse a variável de tratamento exógena.

As eleições para deputado estadual no Brasil ocorrem pelo modelo de eleições proporcionais. Nesse tipo de eleição, a vitória do candidato é definida pela disputa dentro das coligações de partidos. O procedimento utilizado por Boas, Hidalgo e Richardson (2011) foi aplicado ao atribuir a cada candidato uma margem percentual de votos, correspondente a distância em votos em relação ao último candidato eleito ou não eleito na coligação. Assim, candidatos com margem de votos positiva serão eleitos e com margem de votos negativa não serão eleitos. O ponto de descontinuidade ocorre quando a margem de votos é igual a zero.

Como medida de influência dos deputados sobre os gastos do governo foram considerados os contratos assinados com empresas que realizaram doações durante a campanha. Na aplicação do modelo foram utilizados os valores dos contratos assinados com empresas doadoras como variável dependente, a margem percentual de votos como variável endógena e uma variável dummy para candidatos eleitos e não eleitos. Aplicou-se um polinômio de quarto grau para capturar os efeitos próximos ao ponto de descontinuidade.

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instrumento de manutenção da coalizão sob a forma de contratos com as empresas doadoras. Esse efeito também foi identificado para os candidatos do governo, mas com menor significância e impacto financeiro. A relação se mantém significativa quando o intervalo de margem percentual de votos é reduzido até 25%.

Boas, Hidalgo e Richardson (2011), avaliando as eleições para deputados federais e o estado de São Paulo, verificaram a existência da relação de vitória eleitoral e contratos. Utilizando o método de Regressão Descontinuada para eleições por margem pequena de votos, ajustou-se a margem percentual de votos para considerar a grau de representatividade dos deputados no Congresso Federal. Os resultados identificaram o efeito em empresas do ramo de serviço público doando para candidatos do partido do governo. Nossos resultados se distinguem no sentido que a relação entre vitória e contratos é capturada sobre toda a amostra e é robusta à redução de até 25% na margem percentual de votos. Além disso, o efeito foi identificado para os grupos de partidos da coalizão e no detalhamento por ramos de atividade das empresas doadoras. Em termos de método, o trabalho se diferencia ao não realizar o ajuste de representatividade por se tratarem apenas de dados estaduais, utilizando diretamente a margem percentual de votos.

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a relação de liberação de verbas por meio de emendas e manutenção da coalizão existe. Contudo não apresentam evidências que comprovam a relação causal.

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2 ARCABOUÇO INSTITUCIONAL

2.1 A Influência dos Deputados Estaduais sobre os Gastos Públicos

A possibilidade de influência dos deputados estaduais sobre os gastos públicos do governo reside na estrutura de organização das eleições e da decisão orçamentária. Existem quatro participantes que viabilizam a liberação de recursos públicos para municípios e para empresas doadoras: as empresas doadoras, os deputados estaduais, o Poder Executivo do Estado e os municípios. Cada participante exerce um papel na organização da estrutura de interesses. As empresas realizam doações de campanha para eleger os deputados estaduais e adquirir contratos estaduais posteriormente. Os deputados estaduais recebem as doações e influenciam os gastos do Executivo, por meio de emendas no orçamento e influência, em troca de apoio político na Assembléia Legislativa. O governo realiza a liberação de recursos majoritariamente através de convênios para os municípios e gastos diretos (Figura 1).

Os deputados estaduais influenciam o uso dos recursos do governo de duas maneiras. A primeira alternativa é através de emendas propostas no orçamento, que depois de aprovadas, cabe aos deputados influenciar para que o orçamento seja executado. Nessa opção os recursos são repassados aos municípios sob a forma de convênios. Essa forma de transferência foi evidenciada na imprensa no caso de corrupção que envolvia deputados estaduais de São Paulo em venda de emendas.

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Figura 1 – Diagrama de influência dos deputados estaduais sobre gastos diretos do governo

O diagrama apresenta o fluxo de interesses que viabiliza a obtenção de contratos pelas empresas contribuintes de campanha. Os gastos diretos destinados a empresas contribuintes sob a forma de contrato são o objeto de estudo desse trabalho, indicado pelas setas em vermelho.

Deputados

Estaduais

Empresas

Contribuintes

Executivo

(Governo do

Estado)

Gastos Diretos (contratos)

Executivo

(Prefeituras)

Após críticas por ocultar informações sobre as emendas parlamentares no Estado de São Paulo, o governador Geraldo Alckmin anunciou um conjunto de medidas visando controlar o processo de emendas parlamentares (Folha de São Paulo, 2011).

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(2007) citam exemplos de como os favorecimentos podem ocorrer. O Executivo pode recorrer à falsificação de notas fiscais para contração de empresas que não entregaram o produto ou prestaram o serviço. Outra possibilidade é controlar a seleção de empresas por meio da especificação do produto direcionada a determinadas empresas (Trevisan, 2003).

A segunda maneira dos deputados estaduais influenciarem os gastos do executivo, que é o nosso objeto de estudo, está nos gastos que são considerados gastos diretos do governo. A influência dos deputados estaduais ocorre principalmente sobre as secretarias do estado e comitês de orçamento, que são os órgãos do Executivo responsáveis pela execução do orçamento e liberação dos recursos. No mesmo episódio da venda de emendas no Legislativo de São Paulo, o deputado estadual Bruno Covas declarou ter recebido e recusado uma oferta de propina referente a uma emenda aprovada para um município (O Estado de São Paulo, 2011). Em 2011, Bruno Covas foi convidado a assumir o cargo de Secretário do Meio Ambiente do Estado de São Paulo e passou a ser o responsável pela execução do orçamento. Ao mesmo tempo em que não é simples encontrar um exemplo da relação direta da influência dos deputados estaduais sobre os gastos públicos, é evidente que os interesses apresentados na Figura 1 influenciam nas decisões de destinação dos recursos públicos.

A seguir são explicitados os motivos e as responsabilidades de cada participante no processo de influência dos deputados estaduais sobre os gastos diretos do governo.

2.1.1 O Papel dos Deputados Estaduais

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deputados estaduais e deputados federais) para os quais as eleições são proporcionais (Brollo, 2011).

Nas eleições proporcionais, a apuração dos votos é feita para se chegar ao percentual de votos que cada candidato obteve em relação ao total de votos recebidos pela coligação ou partido, no caso de partidos que não se uniram a nenhuma coligação. Depois de feita a contabilização, determinado número de assentos é distribuído para cada coligação por fórmula equivalente a de Hond’t. Em seguida, os candidatos são ordenados por ordem de participação de votos na coligação. Os assentos são alocados para os candidatos com maior percentual de votos dentro de cada coligação até que o último assento obtido pela coligação seja distribuído. Assim, grande parte dos assentos é destinada aos partidos que conseguem uma maior quantidade de votos no total e os candidatos que receberam maior quantidade de votos dentro da coligação serão os eleitos. Essa organização de eleições favorece o individualismo dos candidatos, visto que o partido não tem o poder de determinar quais candidatos serão eleitos2.

Outro ponto que colabora com o comportamento individualista é o elevado número de candidatos que disputam as eleições. Cada partido tem direito a registrar candidatos na ordem de uma vez e meia da quantidade de assentos que estão sendo concorridos. Isso faz com que os partidos tenham menor controle sobre quem será eleito, reforçando o esforço individual acima do esforço partidário (Mainwaring, 1991).

Além disso, o financiamento público é pequeno quando comparado com o montante total de financiamento de campanha (Bourdoukan, 2009) e é direcionado apenas para os partidos, que procuram destinar esses recursos para as eleições dos cargos

2

Em alguns países - como na Argentina, Israel, Espanha e Venezuela – os partidos determinam

antecipadamente quais serão os candidatos que serão escolhidos, assim o eleitor elege o partido e

não o candidato diretamente. O sistema de lista aberta brasileiro é encontrado também no Chile e

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executivos (Boas, Hidalgo e Richardson, 2011). Tais fatos aumentam a disputa entre os candidatos, gerando maior demanda por financiamento de campanha, já que cada candidato deverá gastar mais para poder se destacar e obter votos na eleição (Samuels, 2001). Dos pontos citados, surge a dependência dos candidatos com relação ao financiamento privado de campanha.

2.1.2 O Papel das Empresas

Do lado das empresas, Samuels (2006) afirma que os recursos provenientes das contribuições irão ser capazes de influenciar as políticas públicas a partir do momento que exista oferta de doação por parte das empresas ou pessoas. Nesse contexto, a regulamentação do sistema eleitoral brasileiro permite que as empresas realizem uma doação de até 2% da receita bruta anual. Para as pessoas físicas esse limite é elevado até 10% sobre a renda bruta anual (Bourdoukan, 2009).

Segundo Snyder (1990), existem dois tipos de doadores de campanha: os contribuintes consumidores e os contribuintes investidores. O primeiro grupo abrange as pessoas físicas com pequenas contribuições, grupos ideológicos, partidos políticos, entre outros. Já o grupo de investidores realiza a doação com a expectativa de retornos econômicos diretos ou indiretos. Os grupos de interesse que perseguem vantagens políticas podem atuar de algumas formas. O apoio ao candidato pode ocorrer por meio da divulgação da campanha ou pela doação de recursos com o objetivo de financiar a campanha política (Grossman e Helpman, 1996).

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candidatos que possuem alta incerteza de retorno. De acordo com McCarty (1996), as promessas dos candidatos podem não ser críveis por duas razões. Em primeiro lugar, a troca entre contribuinte e candidato é intertemporal, pois a doação é feita antes da eleição e a retribuição irá ocorrer ao longo do mandato do candidato eleito. Além disso, não existem mecanismos externos que garantam a execução do contrato. Por esses motivos ele rejeita a hipótese da existência de promessas críveis, pois afirma que os candidatos não têm incentivos para manter suas promessas de campanha e, da mesma forma, as empresas param de contribuir como instrumento de punição aos candidatos.

Treisman (1998), observando dados da Rússia, aponta que países com democracia recente, como os países emergentes, têm dificuldade em desenvolver a prática do investimento político. Isso ocorre uma vez que há instabilidade das instituições políticas, que dificultam a formação de contratos de longo prazo entre contribuintes investidores e candidatos. No entanto, essa hipótese é rejeitada por Samuels (2006) para o contexto brasileiro. O primeiro motivo está na repetição das relações entre contribuintes e candidatos. No Brasil, os políticos desenvolvem uma longa carreira política, o que promove inúmeras iterações entre as partes. Além disso, os candidatos são dependentes de recursos privados para financiar suas campanhas. Portanto, existem incentivos para que as promessas dos candidatos brasileiros antes das eleições sejam realizadas após eleitos, isto é, haverá retribuição à doação de campanha.

2.1.3 O Papel do Poder Executivo

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O orçamento, inicialmente, é um projeto de lei liderado pelo Poder Executivo. Na fase de aprovação, o projeto é avaliado pelo Poder Legislativo, onde são apresentadas as emendas parlamentares – propostas de alteração do projeto de lei. Durante a análise os deputados podem propor emendas, incluir e cancelar gastos, caso considerem necessário.

A primeira etapa para a elaboração do orçamento público é a definição do Plano Plurianual (PPA), desenvolvido pelas Secretarias de Planejamento dos estados. Este plano identifica as prioridades de gestão durante os quatro anos de governo. Em seguida, o governador envia uma proposta de PPA para a Assembléia Legislativa Estadual para aprovação. Durante a análise do Legislativo, os deputados estaduais podem propor emendas – propostas de alteração a um projeto de lei. As emendas são predominantemente utilizadas para os deputados garantir transferências de recursos às suas respectivas bases eleitorais. A execução das emendas, em sua maioria, ocorre com a formação de convênios que exigem contrapartida dos municípios para a realização do projeto.

Com a proposta de PPA aprovada, é encaminhada para aprovação a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), que regula as prioridades do orçamento de forma anual. Por fim, é levada para aprovação a Lei Orçamentária Anual (LOA) que estima a receita e fixa a despesa que o estado está autorizado a realizar durante a vigência anual aprovada (Sanches, 1997).

A partir do momento que a LOA está aprovada se inicia o processo de execução orçamentária, que é conduzido pelo Poder Executivo. Cabe ao executivo decidir reduzir ou retirar certos tipos de gastos. Portanto, o papel dos deputados está em influenciar o Poder Executivo para que os contratos que foram aprovados na LOA sejam executados (Boas, Hidalgo e Richardson, 2011). Em última instância, o poder responsável pelos gastos dos recursos é o Executivo. Contudo, o Legislativo possui a capacidade de direcionar ou influenciar os gastos públicos.

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3 DESENVOLVIMENTO DAS HIPÓTESES

O ambiente político brasileiro apresenta condições que favorecem uma oferta e demanda por contribuições de campanha3. Observou-se também que a forma como são estruturadas as eleições e o processo orçamentário permite que o legislador busque favorecer com contratos estaduais as empresas financiadoras de sua campanha. Isso pode ocorrer na elaboração do orçamento por meio de emendas e após a aprovação sob a forma de influência sobre o poder Executivo para garantir a liberação dos recursos e inclusão de suas demandas nas despesas diretas do governo. Em contrapartida, o governo possui incentivos para fortalecer suas coalizões em troca de liberação de recursos do orçamento.

A contribuição deste trabalho é ampliar a discussão sobre a influência dos deputados estaduais sobre os gastos diretos do governo. A amostra contém oito estados brasileiros das eleições de 2006 e contratos governamentais de empresas contribuintes de campanha. O uso do modelo de Regressão Descontinuada tem como objetivo identificar a relação causal entre vitória eleitoral do candidato a deputado estadual e o valor dos contratos das empresas doadoras.

3

Ademais, estudos anteriores (Samuels, 2001; Claessens, 2008) argumentam que devido à repetição de iterações, as promessas de campanha são críveis e os candidatos têm incentivos para retribuir o

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De posse desses dados, as seguintes hipóteses serão testadas:

Hipótese Principal: Existe uma relação causal entre vitória nas eleições para

deputado estadual e valor dos contratos firmados com as empresas doadoras de campanha para a amostra composta de oito estado brasileiros.

Hipótese Secundária 1: Caso exista uma relação causal entre vitória nas eleições

estaduais e contratos firmados com as empresas doadoras de campanha para a amostra composta de oito estado brasileiros, verificar se os gastos diretos do governo são utilizados para beneficiar candidatos do partido no poder e/ou para manutenção das coalizões do partido no governo.

Hipótese Secundária 2: Caso exista uma relação causal entre vitória nas eleições

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4 DADOS

2.2 Base de dados

Os dados dos candidatos a deputado estadual e os resultados das eleições de 2006 foram coletados do repositório eletrônico do TSE (Tribunal Superior Eleitoral)4. Da mesma maneira foram levantados os registros das contribuições de campanha, que contêm a identificação do candidato que recebeu a doação, nome e o código de CNPJ (Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica) ou CPF (Cadastro de Pessoa Física) das empresas e pessoas físicas doadoras. Os dados de doações de pessoa física e candidatos sem contribuições foram descartados, pois não estão relacionados com o objeto de estudo.

Pela Lei de Responsabilidade Fiscal, os estados são obrigados e disponibilizar os dados de seus gastos públicos e fazem sob a forma do Programa Transparência Brasil5. Porém, a disponibilização dos dados de gastos estaduais é de responsabilidade dos estados. Portanto, a base de contratos foi extraída dos endereços eletrônicos dos estados que fazem parte do Portal Transparência Brasil. Os endereços estão organizados de forma descentralizada, por esse motivo, não foi possível levantar os dados de todos os estados devido a diferença de formato, de conteúdo e de período de disponibilização dos dados. Foram levantados os registros dos estados de: São Paulo, Pernambuco, Sergipe, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Goiás, Alagoas, Espírito Santo, Sergipe e a unidade federativa Distrito Federal.

4

Os dados foram obtidos de: http://www.tse.jus.br/eleicoes/repositorio-de-dados-eleitorais.

5

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Foram levantados os códigos de CNPJ e CPF das empresas e indivíduos contratados e os valores dos contratos referentes a gastos diretos do governo de cada estado. Apenas os contratos efetivados entre os anos de 2008 e 2010 foram mantidos. O ano de 2007 foi descartado, pois o orçamento do ano seguinte às eleições está suscetível a pouca influência por parte dos candidatos eleitos, visto que foi aprovado por outro corpo de legisladores (Boas, Hidalgo e Richardson, 2011). Os contratos associados a indivíduos (pessoas físicas, associações e partidos) também foram excluídos para observar apenas os contratos de empresas. Os candidatos que não apresentaram valores de contrato associados a empresas contribuintes foram retirados da amostra.

A partir do número do CNPJ foi possível estabelecer uma relação entre as empresas doadoras, os valores dos contratos adquiridos por essas empresas e os candidatos que receberam as doações. O estado de Sergipe foi retirado da análise, pois quando feito o confronto de doações e contratos, não foram encontrados candidatos que receberam doações e obtiveram contratos durante o período analisado. A amostra final utilizada contemplou os candidatos eleitos ou não que receberam contribuições de empresas e essas empresas obtiveram contratos governamentais após as eleições.

Com a finalidade de realizar a classificação de ramo de atividade das empresas doadoras, o ramo cadastrado no endereço eletrônico da Receita Federal foi consultado. Em seguida, os ramos foram classificados de acordo com a Classificação Nacional de Atividade Econômicas (CNAE)6. Os ramos utilizados foram: comércio (divisões de 45 a 47), indústria (divisões de 05 a 33), financeiro (divisões de 64 a 66), serviços públicos (divisões de 35 a 43 e 77 a 82)

6

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2.3 Análise Descritiva dos Dados

Observando os dados coletados dos oito estados da amostra, 5.180 candidatos disputaram as eleições de 2006 (Tabela 1). Como cada partido pode inscrever candidatos na proporção de uma vez e meia da quantidade de assentos disputados (Mainwaring, 1991) e o número de partidos é elevado, é esperada uma quantidade significativa de candidatos. Nesse contexto, diversos partidos menores não conseguiram eleger candidatos por não atingir o número mínimo de votos necessários para ter direito a um assento. Os estados com o maior número de candidatos eleitos e, por conseqüência, a maior quantidade de candidatos são os estados de São Paulo e Rio de Janeiro, com 1.518 e 1.317 candidatos, respectivamente. É importante notar que a proporção entre quantidade de candidatos eleitos e o total de candidatos é de cerca de 7% na média dos oitos estados. Isso ocorre devido ao sistema de eleições proporcionais, de forma que existe uma diferença relevante entre o número de eleito e não eleitos.

Com relação às coalizões, apenas 25% dos partidos que disputaram as eleições em 2006 na amostra analisada pertenciam a uma coalizão. E dos oito estados avaliados, todos os partidos do governo estavam inseridos em coalizões. Os resultados mostram uma alta pulverização dos partidos e poucos partidos conseguem disputar as eleições com estratégias partidárias alinhadas para conduzir uma agenda durante o mandato dos eleitos.

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índices, com 48% e 49%. Portanto, um número razoável de candidatos recebe doações de empresas para financiar suas campanhas em todos os estados considerados. Isso reforça tanto a dependência quanto a repetição de iterações na relação entre candidatos e empresas.

Entre o grupo de candidatos eleitos, 90% dos candidatos receberam contribuições, sugerindo que as doações desempenham um papel importante na determinação da vitória do candidato na eleição, sendo que em São Paulo o número é de 97%, ou seja, quase todos os candidatos que se elegeram receberam doações de empresas. Em contrapartida, Rio Grande do Norte é onde o percentual é menor, com 79%, ainda que em patamar alto. Já entre os candidatos não eleitos, apenas 34% dos candidatos receberam contribuições.

Sob o ponto de vista dos contratos, a concentração de empresas com contratos de São Paulo é evidente quando comparado com os demais estados, algo que se reflete no número de candidatos que receberam doações e obtiveram contratos durante o mandato.

Ao comparar os valores de doações com os valores dos contratos, percebe-se uma diferença significativa em todos os estados (Tabela 2). O maior valor doado de toda amostra foi de R$ 439.867, comparados com uma média de valor de contratos obtidos de R$ 12.483.839. São Paulo e Distrito Federal se destacam por apresentarem valores médios de contrato bastante distantes entre candidatos eleitos e não eleitos. Os candidatos eleitos possuem média de valor de contrato de cerca de três vezes maior que os candidatos que não se elegeram. O valor médio dos contratos das empresas que doaram para candidatos eleitos é maior em cinco dos oito estados avaliados.

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5 METODOLOGIA

O interesse do trabalho é avaliar o efeito causal do tratamento “vitória nas eleições de deputados estaduais” sobre o valor dos contratos efetivados com as empresas doadoras durante o mandato dos candidatos eleitos. Foi utilizado o modelo de Regressão Descontinuada (RD) aplicado por Lee (2008) para observar como os legisladores americanos mudam o perfil de votos no congresso a partir de variações exógenas de popularidade do eleitorado em eleições decididas por margem pequena de votos. Esse modelo é aplicável em situações que existe uma descontinuidade na mudança da variável de tratamento, no caso, o candidato ser eleito ou não. Em seu trabalho foi estudada a relação entre margem percentual de votos e perfil de votos dos distritos em eleições majoritárias.

O princípio do modelo é estabelecer uma relação causal a partir de uma variação exógena. O efeito causal é identificado por meio da comparação de indivíduos próximos ao ponto de descontinuidade da variável de tratamento. Caso isso não seja considerado a relação estará sujeita aos efeitos de causalidade reversa e omissão de variáveis. Um exemplo de causalidade reversa seria o caso de empresas com os maiores valores de contrato serem as que mais financiam as campanhas, aumentando o número de candidatos eleitos que receberam doações da empresa. Portanto, o valor dos contratos estaria influenciando a eleição do candidato. Nesse cenário não seria possível estabelecer a direção da relação, visto que ambas variáveis são determinadas simultaneamente. Com a observação dos dados próximos ao ponto de descontinuidade, o efeito da causalidade reversa é dirimido, pois os indivíduos tendem a possuir características semelhantes.

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votos, pois os indivíduos distantes do ponto de descontinuidade tendem as ter características diferentes que influenciam o valor dos contratos.

Lee (2008) aplicou o modelo para eleições majoritárias nos Estados Unidos. Nesse tipo de eleições, a disputa de assentos ocorre entre dois candidatos. O ponto de corte da margem percentual que determina a eleição do candidato está localizado em 50%. Os candidatos que recebem uma quantidade de votos percentual acima desse valor são eleitos. O presente trabalho testou o modelo para eleições de deputados estaduais caracterizadas por serem proporcionais. Portanto, faz-se necessária uma adaptação, visto que a disputa pelos assentos ocorre entre mais de dois candidatos. O fator que determina a vitória do candidato é a disputa interna nas coligações. O ponto de corte para determinar a vitória deixa de ser 50% a passa a ser posição do candidato dentro da coalizão. Dessa forma, a margem percentual torna-se a distância em votos do candidato analisado em relação aos votos do último candidato da lista de eleitos da coligação.

(32)

Figura 2 - Cálculo da margem percentual de votos

A figura exemplifica como foi feito o cálculo da margem percentual de votos. Ao observar determinada coligação, tem-se o ordenamento dos candidatos por quantidade de votos. Os candidatos na região verde são eleitos e os da região vermelha não são eleitos. Em seguida, calcula-se o percentual de votos de cada candidato em relação ao total de votos da coligação. A partir da fórmula equivalente a de Hond’t, cada coligação recebe um número de assentos correspondente ao total de votos nas eleições. Nesse exemplo são três assentos. O candidato C é o último eleito da coligação e o candidato D é o primeiro que não foi eleito. Para os candidato A, que foi eleito, a margem de votos é a diferença de seus votos e os votos do candidato D. Já para o candidato G, que não foi eleito, a margem de votos é a diferença entre os votos do candidato C e os seus votos. O mesmo raciocínio se aplica aos demais candidatos

último candidato eleito

1º candidato não eleito

Boas, Hidalgo e Richardson (2011) também utilizaram a margem percentual como distância em votos do candidato em relação ao último eleito. Ao analisarem eleições para deputado federal foi proposto um ajuste na margem percentual de votos que equilibrasse as distorções de representatividade dos estados no Congresso Nacional. O ajuste foi feito para suavizar a relação entre margem de votos e total de votos recebidos. Tal ajuste não foi adotado pelo fato da amostra ser composta apenas de deputados estaduais.

(33)

valores apenas em alguns anos observados, o valor dos contratos foi agrupado pelo valor médio anual do CNPJ. Posteriormente foi feito o cruzamento dos dados pelo código de CNPJ. Em seguida, o valor dos contratos por CNPJ foi somado para obter o valor total de contratos das empresas doadoras por candidato. Portanto, cada ponto da regressão é representa um candidato com sua respectiva margem percentual de votos e valor somado dos contratos obtidos por empresas contribuintes.

As regressões foram realizadas com um polinômio de quarto grau7 apresentado abaixo:

t t t

t t

t

D

mpercent

mpercent

mpercent

VCE

+1

)

=

π

0

*

+

π

1

*

2

+

π

2

*

3

+

π

3

*

4

+

ε

ln(

Onde,

VCEt+1 : valor médio de contratos estaduais associado com as empresas doadoras de campanha.

Dt : variável de tratamento binária, assumindo valor 1 (um) para candidatos eleitos e 0 (zero) para candidatos não eleitos.

mpercent: margem percentual de votos de cada candidato.

O exame dos dados em eleições decididas por margem pequena de votos se deve a fato de observar a variável de tratamento como se comportasse aleatoriamente, assim um fator imprevisível pode afetar o resultado por pura chance. Para que isso ocorra, a variável de tratamento D deve ser independente de mpercent e de ε. Caso contrário parte da relação causal entre vitória eleitoral e valor dos contratos estará sujeito a viés de estimação.

7

A escolha do polinômio de quarto grau deve-se ao objetivo de promover um ajuste maior da curva

da regressão, o que permite uma identificação mais precisa próxima ao ponto de corte. Os polinômios

de segundo grau e terceiro grau foram testados e apresentam ainda maior significância. Os

(34)

Na regressão descrita acima estamos interessados no coeficiente

π

0 que determina

qual a relação entre a vitória eleitoral, representada pela variável binária

D

t e o valor dos contratos, representado por VCEt+1 . Para que a variável de tratamento seja independente e seja estabelecida a relação causal entre vitória e contratos, duas condições devem ser satisfeitas: o princípio da continuidade e o balanceamento de variáveis co-variadas.

Ao utilizar o modelo RDD, uma premissa que deve ser satisfeita é a da continuidade da variável explicativa no ponto de corte que determina a aplicação da variável de tratamento, no caso, o candidato ser eleito. Se alguns candidatos podem, de alguma maneira, controlar a quantidade de votos que recebem, não é possível identificar uma relação causal entre vitória eleitoral e valor dos contratos estaduais. Isto posto, para que haja independência da variável de tratamento não deverá ser observado um número anormal de observações próximo ao ponto de corte, quando aplicada a restrição de margem pequena de votos.

Para efetuar o teste de continuidade da variável explicativa foi utilizado o teste de McCrary (2008). O teste é composto da distribuição da densidade por intervalo de margem percentual de votos e da regressão de densidade e da margem percentual de votos para observar a existência da descontinuidade na proximidade do ponto de corte. Os resultados do teste apresentaram descontinuidade próxima do ponto de corte (Figura 3).

(35)

procurariam se beneficiar, sendo o lado direito o lado com o maior número de candidatos.

O princípio do modelo de Regressão Descontinuada é observar o efeito significante quando aplicada a variável de tratamento. Porém, para que seja garantida a independência da variável de tratamento, deve-se observar também a similaridade de características entre os candidatos que ganharam e perderam as eleições. Como é presumido que, para intervalos próximos do ponto de corte, a variável de tratamento apresente um comportamento semelhante ao aleatório, as características dos candidatos, partido e contribuições não podem apresentar descontinuidades significantes em relação à margem percentual de votos. Portanto, cada variável testada se refere a um possível efeito que influencia na aquisição de maiores valores de contrato.

Foram testadas as significâncias de 11 características de candidatos, partidos e doações para verificar o nível de balanceamento da amostra. A identificação de uma descontinuidade nas variáveis co-variadas traria indícios que outros efeitos além da vitória eleitoral estão influenciando os valores dos contratos estaduais. Por exemplo, se fosse encontrada uma descontinuidade na variável idade, haveria suspeita que candidatos com idade mais avançada teriam maior capacidade de influenciar o valor dos contratos. Dessa maneira, não foi somente a eleição que motivou o aumento nos valores dos contratos.

(36)
(37)

6 RESULTADOS

Conforme descrito na seção anterior, a metodologia de Regressão Descontinuada foi aplicada para analisar a amostra em eleições decididas por margem pequena de votos. Na seqüência, testou-se a hipótese secundária 1 para os grupos de coalizão e partido do governo. A seguir, os ramos de atividade das empresas doadoras foram avaliados. Por fim, testes de robustez foram realizados. A seguir são apresentados os resultados encontrados a partir da metodologia utilizada.

5.1 Análise do Modelo de Regressão Descontinuada

Primeiramente, o modelo foi aplicado sobre toda a amostra descrita na seção anterior. Um ponto a se destacar é a concentração de pontos próximos ao ponto de corte, algo observado também nas estatísticas descritivas através da média de margem percentual de votos. Ao analisar os resultados da regressão, percebe-se que existe uma descontinuidade na regressão do valor esperado na proximidade onde a margem percentual de votos é zero (Figura 4). O ponto de descontinuidade determina se o candidato foi eleito ou não. Portanto, quando aplicada a variável de tratamento, eleito ou não eleito, os candidatos que ganharam as eleições conseguem obter maiores valores de contratos comparativamente aos candidatos que não foram eleitos.

Os resultados mostraram que a relação entre vitória e contratos existe e é significativa a 1% de nível de significância. É esperado que uma vitória eleitoral retorne R$ 1.095.617 sob a forma de contratos estaduais durante os mandatos dos candidatos eleitos (Tabela 6). Esse valor é expressivo dado que o valor médio de doações da amostra é de R$ 13.568.

(38)

que os candidatos não eleitos. Porém, na regressão é possível observar a diferença próxima do ponto de corte entre eleitos e não eleito. Com o balanceamento de variáveis citada na seção anterior, o fator que está gerando a descontinuidade ao redor da margem de votos igual a zero é a variável de tratamento vitória do deputado estadual. Com isso é estabelecida a relação causal entre vitória eleitoral e valor médio de contratos estaduais, evidenciando que a vitória nas urnas garante às empresas doadoras maiores valores nos contratos governamentais.

Em seguida, foi realizado o teste da hipótese secundária 1. Quando analisados apenas os dados dos candidatos pertencentes a partido do governo (Tabela 6), há um aumento no valor dos contratos obtidos pelos candidatos eleitos. Contudo, ocorre uma queda na significância abaixo do nível de 95%. Os resultados encontrados dos candidatos dos partidos de coalizão se mantêm consistentes com os observados para o total da amostra. De fato, a significância é menor, mas acima de 95%. O valor dos contratos é maior, em torno de R$ 1.719.767. É possível observar que a relação entre vitória de deputados estaduais e valor de contratos existe para os dois grupos (Figura 5). Porém, o efeito é mais evidente e conclusivo para os candidatos da coalizão. Adicionalmente, foi testado o grupo de candidatos não pertencentes aos partidos de coalizão e o efeito não foi encontrado.

De acordo com os resultados das estatísticas descritivas, os partidos possuem uma deficiência em formar coalizões que mantenham uma base aliada capaz de defender seus interesses na Assembléia Legislativa. Isso ocorre porque poucos partidos participam na formação das coalizões. Nesse sentido, era esperado que houvesse significância da vitória eleitoral para os candidatos fora da coalizão, visto que o governo teria que utilizar o apoio de deputados fora de sua coalizão. Os resultados da regressão sugerem que os governos estaduais conseguem formar uma base aliada forte a partir apenas dos partidos da coalizão. Uma hipótese alternativa é a liberação dos recursos para candidatos fora da coalizão por meio de emendas no orçamento, que não estão contempladas nesse estudo.

(39)

(2011) encontraram evidências de relação causal entre a vitória de deputados federais e valor de contratos para empresas doadoras para candidatos do partido do governo. Por esse motivo, esperava-se que o ramo serviços públicos apresentasse o maior efeito. Uma vez que esse grupo também é composto predominantemente por empresas relacionadas com construção, empreiteiras e relacionadas com obras públicas, ramos de atividade historicamente envolvidos por casos de corrupção.

O efeito da vitória eleitoral se mantém para os ramos de serviços públicos, indústria e comércio. Apenas o ramo financeiro não apresentou a relação significante. O maior valor de contrato estadual frente a uma vitória está no ramo comércio, o qual apresenta também o mais alto nível de significância de todos os ramos analisados (Figura 6).

Além disso, foram observados os ramos por composição de candidatos dos partidos da coalizão do governo e do partido do governo (Tabela 8). É importante notar que o número de registros quando utilizados esses níveis de restrição é bastante diminuído. Os resultados encontrados por Boas, Hidalgo e Richardson (2011) foram testados para essa amostra. Não foi encontrada relação entre vitória eleitoral e valor de contratos estaduais para o grupo de empresas do ramo de serviços públicos contribuindo para candidatos do governo. Com relação aos outros grupos, é possível destacar a manutenção da conclusão para o ramo comércio que continua significante para os grupos de coalizão e governo. O ramo financeiro é aquele que apresenta menor número de registros, dificultando a análise dos resultados encontrados.

5.2 Testes de Robustez da Regressão

(40)

inúmeros efeitos exógenos não contemplados na regressão por questão de variáveis omitidas. Deste modo, o coeficiente significativo encontrado considerando o total da amostra não necessariamente estabelece uma relação causal entre vitória e contratos.

Como observado por Imbens e Lemieux (2008), uma possível preocupação está na influência dos pontos longe do ponto de corte sobre a descontinuidade encontrada. Ao analisar a tabela 6 é possível notar que quando o intervalo é reduzido para 25% o valor gerado em contratos pela vitória eleitoral se mantém no mesmo patamar, mas ocorre uma pequena redução na significância do coeficiente. Já na observação do intervalo de 10% existe uma pequena variação do valor gerado pela vitória, mas a significância estatística deixa de existir. Na seqüência, o intervalo foi reduzido para o nível de 5% e o movimento notado anteriormente se mantém com baixa redução da relevância da vitória e queda da significância. E por fim, com um intervalo de 2%, a variável possui significância estatística próxima de zero e ocorre drástica queda da relevância econômica da vitória. Portanto, considerando toda a amostra, os resultados são significantes até o nível de 25% de restrição do intervalo de margem de votos.

Os mesmos resultados foram encontrados para os grupos de coalizão e partido do governo. Esse processo de perda de significância ocorre devido ao aumento natural de dispersão dos dados. Com a redução do intervalo de dados, a amostra passa a ter poucas observações e passa a obter uma conclusão menos precisa. Já quando observado os resultados para os grupos de ramo de atividade, o ramo comércio de destaca por se manter significante até a restrição de 10% do intervalo de margem percentual de votos.

(41)
(42)

7 CONCLUSÕES

Este trabalho utilizou uma base de oito estados nas eleições de 2006 e analisou a influência dos deputados estaduais sobre os gastos diretos do governo. Para medir esse efeito foi estudada a relação entre a vitória nas urnas e o valor dos contratos destinados para as empresas que contribuíram na campanha.

A partir da avaliação das características exógenas ao resultado das eleições foi possível identificar a relação causal entre vitória eleitoral de deputados estaduais e gastos diretos do governo. Portanto, agregou-se os dados de oito estados brasileiros para expandir a discussão da influência do Legislativo sobre os gastos públicos. A principal contribuição está em identificar e quantificar a influência dos deputados estaduais sobre os contratos governamentais.

Além da identificação da influência dos deputados sobre o Executivo, foi observado um efeito significativo no grupo de candidatos pertencentes a partidos de coalizão e partidos do governo. Esse resultado indica que o Executivo utiliza os gastos diretos como instrumento de manutenção da base aliada nas Assembléias Legislativas Estaduais. Para os candidatos fora da coalizão do governo o efeito não foi identificado, sugerindo que para esse caso sejam utilizadas emendas para liberação de recursos.

No teste da relação vitória e contratos por ramos de atividade dos doadores, o efeito foi encontrado nos ramos serviços públicos, indústria e comércio. Contudo, a imposição da redução do intervalo de margem de votos trouxe diminuição da significância dos coeficientes encontrados. Tal fato é explicado pela diminuição dos registros restantes depois de aplicada a restrição de intervalo.

(43)

2010). Outra limitação é a diferença de períodos dos contratos entre os estados, o que inviabiliza uma análise dividida por estados.

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(48)

APÊNDICE I – FIGURAS

Figura 3 - Densidade de candidatos em relação à margem percentual de votos

O gráfico a esquerda exibe a densidade do número de candidatos por faixa de 1% de margem percentual de votos. Os dados contemplam o total de candidatos participantes das eleições de 2006, independente do recebimento de contribuições de campanha. O gráfico apresenta uma concentração de candidatos ao lado esquerdo do ponto de corte. O gráfico de acima apresenta a densidade do percentual do valor de doação por candidato por faixa de 1% de margem percentual de votos. Assim como o gráfico da esquerda, existe uma quantidade maior de candidatos à esquerda devido ao sistema de eleições proporcionais.

DENSIDADE 0 50 100 150 200 250 300 350 400 450 500 D e n si d a d e

Margem Percentual de Votos

REGRESSÃO -1 0 -8 -6 -4 -2

-.3 -.2 -.1 0 .1 .2

lo g (d e n s id a d e )

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Figura 4 - Efeito da vitória eleitoral sobre contratos estaduais

A figura exibe a relação causal entre margem percentual de votos e o valor dos contratos estaduais. A base de dados contempla todos os registros da amostra dos oito estados. Cada ponto representa a margem percentual de votos de um candidato nas eleições de 2006 e o valor médio de contratos estaduais associado com as empresas doadoras de campanha. O período dos contratos é de 2008 a 2010, considerando a disponibilidade dos dados dos estados. Os pontos em vermelho são referentes aos candidatos não eleitos e os pontos azuis aos candidatos que ganharam as eleições. Os candidatos com margem negativa de votos não são eleitos e os candidatos acima de zero são eleitos. A linha contínua representa o polinômio de quarta ordem ajustado na regressão e as linhas pontilhadas se referem aos intervalos de confiança no nível de 95%.

5 1 0 1 5 2 0

-.4 -.2 0 .2 .4

lo g (V a lo r C o n tr a to s E s ta d u a is )

(50)

Figura 5 – Efeito da vitória eleitoral sobre contratos estaduais – Candidatos coalizão e candidatos partido governo

A figura exibe a relação causal entre margem percentual de votos e ln do valor dos contratos estaduais. A base de dados contempla os registros dos candidatos da coalizão e do partido do governo da amostra dos oito estados. Cada ponto representa a margem percentual de votos de um candidato nas eleições de 2006 e o valor médio de contratos estaduais associado com as empresas doadoras de campanha. Os pontos em vermelho são referentes aos candidatos não eleitos e os pontos azuis aos candidatos que ganharam as eleições. Os candidatos com margem negativa de votos não são eleitos e os candidatos acima de zero são eleitos. A linha contínua representa o polinômio de quarta ordem ajustado na regressão e as linhas pontilhadas se referem aos intervalos de confiança no nível de 95%. O gráfico a esquerda se refere ao grupo de candidatos que pertencem aos partidos da coalizão do partido do governador eleito. O gráfico da direita apresenta o grupo de candidatos do partido do governo.

CANDIDATOS COALIZÃO CANDIDATOS PARTIDO GOVERNO

5 1 0 1 5 2 0

-.4 -.2 0 .2 .4

lo g (V a lo r C o n tr a to s E s ta d u a is )

Margem Percentual de Votos

5 1 0 1 5 2 0 2 5

-.05 0 .05 .1

lo g (V a lo r C o n tr a to s E s ta d u a is )

(51)

Figura 6 – Efeito da vitória eleitoral sobre contratos estaduais – Regressões por ramo de atividade das empresas doadoras de campanha

A figura exibe a relação causal entre margem percentual de votos e o valor dos contratos estaduais. A base de dados contempla os dados dos candidatos divididos nos quatro principais ramos de empresas doadoras. Cada ponto representa a margem percentual de votos de um candidato nas eleições de 2006 e o valor médio de contratos estaduais associado com as empresas doadoras de campanha. O período dos contratos é de 2008 a 2010, considerando a disponibilidade dos dados dos estados. Os pontos em vermelho são referentes aos candidatos não eleitos e os pontos azuis aos candidatos que ganharam as eleições. Os candidatos com margem negativa de votos não são eleitos e os candidatos acima de zero são eleitos. A linha contínua representa o polinômio de quarta ordem ajustado na regressão e as linhas pontilhadas se referem aos intervalos de confiança no nível de 95%. Os códigos de CNPJ das empresas doadoras foram classificados de acordo com a Classificação Nacional de Atividades Econômicas

SERVIÇOS PÚBLICOS FINANCEIRO

5 1 0 1 5 2 0

-.4 -.2 0 .2 .4

lo g (V a lo r C o n tr a to s E s ta d u a is )

Margem Percentual de Votos

5 1 0 1 5 2 0 2 5

-.3 -.2 -.1 0 .1 .2

lo g (V a lo r C o n tr a to s E s ta d u a is )

Margem Percentual de Votos

INDÚSTRIA COMÉRCIO

5 1 0 1 5 2 0 2 5

-.4 -.2 0 .2 .4

lo g (V a lo r C o n tr a to s E s ta d u a is )

Margem Percentual de Votos

0 5 1 0 1 5 2 0

-.4 -.2 0 .2 .4

lo g (V a lo r C o n tr a to s E s ta d u a is )

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Figura 7 – Efeito da vitória eleitoral sobre contratos estaduais – Teste dos candidatos da coligação

A figura exibe o teste realizado para verificar a existência de descontinuidade para os valores dos contratos adquiridos por candidatos da coligação. Cada ponto representa a margem percentual de votos de um candidato nas eleições de 2006 e o valor médio de contratos estaduais associado com as empresas doadoras aos candidatos da coligação. O período dos contratos é de 2008 a 2010, considerando a disponibilidade dos dados dos estados. Os pontos em vermelho são referentes aos candidatos não eleitos e os pontos azuis aos candidatos que ganharam as eleições. Os candidatos com margem negativa de votos não são eleitos e os candidatos acima de zero são eleitos. A linha contínua representa o polinômio de quarta ordem ajustado na regressão e as linhas pontilhadas se referem aos intervalos de confiança no nível de 95%

5 1 0 1 5 2 0

-.4 -.2 0 .2 .4

lo g (V a lo r C o n tr a to s E s ta d u a is )

(53)

APÊNDICE II – TABELAS

Tabela 1 - Estatísticas descritivas de candidatos e contribuições

A primeira parte da tabela exibe o número de candidatos que concorreram para deputado estadual nas eleições de 2006, o número de candidatos de partidos pertencentes à coalizão do governo, a quantidade de candidatos de partido igual ao do governador eleito, o número de candidatos eleitos, número de partidos e coalizões. A segunda parte se refere aos dados das contribuições de campanha. O número de empresas doadoras exclui os registros de doadores individuais como pessoas físicas, associações e partidos. Os candidatos que receberam doações possuem o detalhamento de eleitos e não eleitos. Os dados da primeira e segunda parte foram retirados do repositório de dados do TSE. Os dados da última parte foram disponibilizados pelos estados ligados ao Programa Transparência Brasil. Os períodos levantados diferem entre os estados. Foram considerados contratos de 2008 a 2010, mas os estados de São Paulo, Rio Grande do Norte e Rio de Janeiro não possuem todo o período. Portanto, foi utilizado todo o período disponível. Em seguida a tabela mostra a quantidade de empresas com contratos. Por fim, é exibido o número de candidatos que receberam doações de campanha e que as empresas contribuintes efetivaram contratos no período posterior as eleições.

SP RJ PE RN AL GO DF ES Total

Candidatos e Partidos (2006)

Candidatos a deputado estadual 1.518 1.377 452 155 206 473 645 354 5.180

Candidatos da coalizão do governo 296 497 86 53 8 71 235 29 1.275

Candidatos do partido do governo 99 59 28 10 2 7 65 7 277

Candidatos eleitos 94 70 49 24 27 41 24 30 359

Número de partidos 25 26 24 14 15 18 22 21

-Número de coalizões 18 19 14 10 7 10 15 9

-Contribuições (2006)

Número de empresas doadoras 3.045 755 398 130 106 454 383 331 5.602

Candidatos que receberam doação 728 425 132 45 52 192 206 172 1.952

Candidatos eleitos que receberam doação 91 60 44 19 24 40 18 27 323

(54)

Tabela 1 - Estatísticas descritivas de candidatos e contribuições (continuação)

SP RJ PE RN AL GO DF ES Total

Contratos

Período dos contratos 2010 2008-2010 2008-2010 2010 2008-2010 2008-2010 2008-2010 2009-2010

-Empresas com contratos 31.512 5.495 5.495 2.370 6.738 1.148 3.266 3.183 59.207

Candidatos com contratos e receberam doação 173 49 44 19 27 19 76 51 458

(55)

Tabela 2 – Estatísticas descritivas de doações, contratos e margem percentual de votos

A tabela mostra os valores médios de doações e dos contratos estaduais detalhados em candidatos eleitos e não eleitos. A margem percentual de votos é calculada da seguinte forma. Para os candidatos eleitos, a margem percentual é a diferença do percentual de votos do candidato e o último candidato que não foi eleito. Para os candidatos não eleitos, a margem percentual é a diferença entre o percentual do candidato e o percentual de votos do último candidato que foi eleito. O período dos contratos de cada estado é exibido na Tabela 1.

Variável Obs Mean SE Min Max

São Paulo

Valor médio doado 173 12.096 14.471 1 91.000

candidato eleitos 59 16.154 12.227 913 48.522

candidato não eleitos 114 9.996 15.132 1 91.000

Valor médio contrato 173 11.623.637 39.825.735 240 361.027.332

candidato eleitos 59 26.057.785 65.146.587 1.160 361.027.332

candidato não eleitos 114 4.153.332 8.412.313 240 48.764.150

Margem percentual de votos 173 3,2% 4,5% 0,0% 22,9%

Rio de Janeiro

Valor médio doado 49 12.329 13.312 360 60.000

candidato eleitos 16 17.578 14.071 3.025 50.000

candidato não eleitos 33 9.785 12.352 360 60.000

Valor médio contrato 49 4.667.337 6.967.774 204 25.236.355

candidato eleitos 16 5.286.185 7.331.253 4.600 22.381.188

candidato não eleitos 33 4.367.290 6.880.876 204 25.236.355

Margem percentual de votos 49 5,7% 9,5% 0,0% 27,1%

Distrito Federal

Valor médio doado 76 25.230 58.573 100 439.867

candidato eleitos 13 39.126 57.673 1.693 207.046

candidato não eleitos 63 22.362 58.801 100 439.867

Valor médio contrato 76 27.880.299 53.331.063 1.436 232.569.240

candidato eleitos 13 63.400.762 76.024.284 43.801 232.569.240

candidato não eleitos 63 20.550.680 44.752.393 1.436 196.198.463

Margem percentual de votos 76 10,8% 10,9% 1,1% 18,6%

Espírito Santo

Valor médio doado 51 7.813 7.360 200 33.000

candidato eleitos 16 10.215 6.792 3.524 29.167

candidato não eleitos 35 6.715 7.440 200 33.000

Valor médio contrato 51 7.367.576 13.690.751 184 55.461.216

candidato eleitos 16 11.718.261 18.315.871 540 55.461.216

candidato não eleitos 35 5.378.691 10.707.972 184 54.483.666

Imagem

Figura 1 – Diagrama de influência dos deputados estaduais sobre gastos diretos do  governo
Figura 2 - Cálculo da margem percentual de votos
Figura 3 - Densidade de candidatos em relação à margem percentual de votos
Figura 4 - Efeito da vitória eleitoral sobre contratos estaduais
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