• Nenhum resultado encontrado

A humanização na assistência à saúde.

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2017

Share "A humanização na assistência à saúde."

Copied!
8
0
0

Texto

(1)

A HUMANI ZAÇÃO NA ASSI STÊNCI A À SAÚDE

Beat riz Rosana Gonçalves de Oliveira1 Neusa Collet2 Cláudia Silveira Viera 3

Oliveira BRG, Collet N, Viera CS. A hum anização na assist ência à saúde. Rev Lat ino- am Enferm agem 2006 m arço- abril; 14( 2) : 277- 84.

Est e est udo busca est abelecer um a reflexão sobre a hum anização na assist ência à saúde. Traz um r esgat e hist ór ico sobr e o ent endim ent o do hom em , do hum ano e da hum anidade, at é a hum anização na hum anidade e na saúde. Aborda o program a nacional de hum anização da assistência hospitalar e tece reflexões sobr e essa pr opost a e a quest ão da hum anização na assist ência à saúde no Br asil at ual. Conclui- se que a com unicação é fat or im prescindível para o est abelecim ent o da hum anização, assim com o as condições t écnicas e m ateriais. É dar lugar tanto à palavra dos usuários quanto aos profissionais de saúde, construindo um a rede de diálogo que pense e pr om ov a ações singular es de hum anização. Par a que esse pr ocesso se efet iv e é necessário o envolvim ent o do conj unt o que com põe um serviço de saúde, que com preende profissionais de t odos os set ores, gest ores, form uladores de polít icas públicas, além dos conselhos profissionais e inst it uições f or m ador as.

DESCRI TORES: saúde; prest ação de cuidados de saúde; com unicação

HUMANI ZATI ON I N HEALTH CARE

This st udy aim s t o r eflect on hum anizat ion in healt h car e, r ecover ing t he hist or y of under st anding about m ankind, t he hum an and hum anit y, unt il hum anizat ion in hum anit y and healt h. We discuss t he nat ional hum anization program in hospital care and reflect on this proposal and on the issue of hum anization in Brazilian healt h car e now adays. Com m unicat ion is indispensable t o est ablish hum anizat ion, as w ell as t echnical and m at erial condit ions. Bot h users and healt h professionals need t o be heard, building a net work of dialogues t o think and prom ote singular hum anization actions. For this process to take effect, there is a need to involve the whole t hat m akes up t he healt h service. This group involves different professionals, such as m anagers, public policy m akers, professional councils and educat ion inst it ut ions.

DESCRI PTORS: healt h; delivery of healt h care; com m unicat ion

LA HUMANI ZACI ÓN EN LA ATENCI ÓN A LA SALUD

Esto estudio busca establecer una reflexión a cerca de la hum anización en la atención a la salud. Buscó t raer un rescat e hist órico respect o al hom bre, al hum ano y a la hum anidad. Present a el program a nacional de hum anización en la at ención hospit alaria y hace reflexiones acerca de esa propuest a, así com o la cuest ión de la hum anización en la at ención a la salud en Br asil act ualm ent e. La conclusión es que la com unicación es indispensable para el est ablecim ient o de la hum anización. Significa dar lugar a las palabras t ant o del usuario com o del profesional de salud, construyendo una red de conversación que piense y prom ueve acciones singulares de hum anización. Para que ese proceso se efect úa, es preciso involucrar el conj unt o que const ruye el servició de la salud, est o es com puest o por diferent es profesionales, t ales com o gerent es, creadores de las polít icas publicas, consej os profesionales e inst it uciones form adoras.

DESCRI PTORES: salud; prest ación de at ención de salud; com unicación

1 Enferm eira, Mestre em Enferm agem , Docente, e- m ail: lb.toso@certto.com .br; 2 Enferm eira, Doutor em Enferm agem , Docente, 3 Enferm eira, Mestre em

(2)

I NTRODUÇÃO

A

s palavras t êm m uit os sent idos, que t ant o t êm a ver com os significados que o dicionário lhes at ribui com relação às coisas que designam quant o com o enunciado ou fr ase, ou com o discur so, ou com o t ext o t odo, no qual est ão incluídas e ent ram em relação com outras palavras. Mas, principalm ente, as palavras se caract erizam pelo seu “ uso”, ou sej a, por quem as pr onuncia, onde, quando, par a quem , para que, com o, quant o são dit as.

E, ainda, as palavras m udam t ot alm ent e de sen t i d o se a esp eci f i ci d ad e d e seu “ co n t ex t o ” é filosófico, cien t ífico, lit er ár io, polít ico, r eligioso ou m it ológico, popular, ou sej a, pelo “ gênero” do t ext o ou discurso que int egram .

Nas difer ent es épocas ou er as da Hist ór ia, os sent idos das palavras hum ano e hum anidade t êm m uit o m ais de diferent e do que de com um .

Precisa- se estabelecer o que é o hum ano e a hum anidade. O que é um hom em ? Poder- se- ia defini-l o j u st a m e n t e co m o a q u e defini-l e q u e se co defini-l o ca e ssa pergunt a. Quem é ele? Diferent e de t odos os out ros seres vivos para os quais não há a necessidade de r esp on d er essa p er g u n t a e, cu j a p ossib ilid ad e d e f or m u lá- la é in ex ist en t e, o h om em p assa a v id a t ent ando r espondê- la.

O que é ser hom em ? Com quem vai se casar? Vai ter filhos? Quantos? Qual seu hábitat? Qual será a sua língua? Qual o sentido da vida e da m orte? Para t o d a s e ssa s q u e st õ e s, a s q u a i s t e r á q u e i r respondendo ao longo de sua vida, o hom em cont a com os lim it es de seu cor po biológico e um saber parcial que lhe vem de seus sem elhant es, a respeit o d o q u al ele d ev er á f or m u lar su a v er são sin g u lar adapt ada ( ou não) ao grupo cult ural no qual nasceu. Nesse t rabalho, busca- se resgat ar o sent ido d a h u m a n i za çã o n a a ssi st ê n ci a à sa ú d e d o se r hum ano, r eflet indo sobr e as pr át icas do ser v iço de saúde hospit alar no cuidado ao hum ano, resgat ando a hist ória da hum anização at é à propost a do Est ado de um pr ogr am a nacional de hum anização par a os hospit ais da rede pública.

Par a su b si d i ar essa p r o p o st a r eal i zo u - se busca bibliográfica digital em bases de dados e textual no período dos últ im os dois anos, a part ir das quais selecionou- se o r efer encial par a dar sust ent ação à r eflex ão que, aliada à pr át ica pr ofissional per m it iu est ab elecer as con sid er ações q u e se t r aça n essa abordagem sobre a hum anização da assist ência.

At u a l m en t e d i scu t e- se a n ecessi d a d e d e hum anizar o cuidado, a assist ência, a relação com o usuár io do ser v iço de saúde. O SUS inst it uiu um a polít ica pública de saúde que, apesar dos av anços acum ulados, hoj e, ainda enfr ent a fr agm ent ação do p r o ce sso d e t r a b a l h o e d a s r e l a çõ e s e n t r e o s d i f e r e n t e s p r o f i ssi o n a i s, f r a g m e n t a çã o d a r e d e a ssi st e n ci a l , p r e cá r i a i n t e r a çã o n a s e q u i p e s, b u r ocr at ização e v er t icalização d o sist em a, b aix o i n v est i m en t o n a q u al i f i cação d o s t r ab al h ad o r es, f or m ação d os p r of ission ais d e saú d e d ist an t e d o debat e e da form ulação da polít ica pública de saúde, ent r e out r os aspect os t ão ou m ais im por t ant es do que os citados aqui, resultantes de ações consideradas desum anizadas na relação com os usuários do serviço público de saúde.

Nesse sent ido, j ust ifica- se a r eflex ão sobr e a hum anização, que dev e consider ar a v alor ização dos dif er en t es su j eit os im plicados n o pr ocesso de p r o d u çã o d e sa ú d e : u su á r i o s, t r a b a l h a d o r e s e gest ores; fom ent o da aut onom ia e do prot agonism o d e sse s su j e i t o s; a u m e n t o d o g r a u d e co -r e sp o n sa b i l i d a d e n a p -r o d u çã o d e sa ú d e ; e st a b e l e ci m e n t o d e v ín cu l o s so l i d á r i o s e d e p a r t i ci p a çã o co l e t i v a n o p r o ce sso d e g e st ã o ; id en t if icação d as n ecessid ad es sociais d e saú d e; m u d an ça n o s m o d el o s d e at en ção e g est ão d o s p r o ce sso s d e t r a b a l h o , t e n d o co m o f o co a s necessidades dos cidadãos e a produção de saúde.

O HOMEM, O HUMAN O E A HUMAN I DADE:

ABORDAGEM HI STÓRI CA

(3)

Nos grandes I m périos Orientais, o im perador déspota era filho direto do Deus e, ao m esm o tem po que divino, ele era o único ser parecido ao que hoj e se cham a de hum ano, nem os nobres nem os escravos er am “ h u m an os” n essa m ag n it u d e. Seu s m éd icos eram “ m agos” e algo vagam ent e equiparável ao que se cham a de saúde ou enfer m idade só int er essav a no concernente à fam ília im perial e à nobreza. A saúde e a enfer m idade t inham a v er com a har m onia ou desarm onia com os deuses das alturas, os prêm ios e cast igos cor r espondent es( 1).

Na Grécia Antiga e na Clássica, as m ulheres, as cr ian ças, os escr av os e est r an geir os n ão er am cidadãos e, em graus variáveis, não eram tidos com o hum anos. Tal t radição discr im inat ór ia se pr olongou n o I m p é r i o Ro m a n o , e sp e ci a l m e n t e e m su a s num er osas colônias, assim com o com os bár bar os que, decididam ente, não eram considerados hum anos ( apesar de, am iúde, t er um a or ganização nôm ade m uit o m ais “ dem ocrát ica” que a im perial) . A palavra “ bárbaro” quer dizer, “ que não fala lat im ”( 1).

Co m o su r g i m e n t o d a s g r a n d e s ci d a d e s com erciais ou m ercant is, seus habit ant es “ cidadãos” t ornaram - se privat ivam ent e sinônim os de hum anos, seu m odo de organização social era um a “ civilização” ( de civit as, cidade) e sua form a de com port ar- se se qualificav a pela “ ur banidade” (ur be) , assim r esult a cl a r a a p r o p r i e d a d e d a n a t u r e za h u m a n a p e l o s ci v i l i za d o s e m o p o si çã o a o s b á r b a r o s e a o s selv agens( 1).

A Refor m a, const it uída pelo pr ot est ant ism o luterano, calvinista ou puritano, ao m esm o tem po em q u e “ m u n d an izou ” as r elações d o h om em com a div indade e que cr it icou e r acionalizou a m ediação da I grej a cat ólica obscurant ist a e corrupt a, preparou u m con ceit o d e h om em p r óp r io d a Mod er n id ad e, dotado de todas as potências da razão científica, m as subm etido ao culto ao trabalho e à produção de bens d e t r o ca. Na Mo d er n i d ad e, a cad eg o r i a h u m an o t endeu a universalizar- se, t odos os t ipos de hom ens for am consider ados hum anos e int egr ant es de um a espécie com um , a hum anidade( 1).

Pode- se dizer ainda que o hum ano é o efeito da com binação de t r ês elem ent os: a m at er ialidade do cor po, a im agem do cor po e a palav r a qu e se inscreve no corpo.

O que diferencia o ser hum ano da nat ureza e dos anim ais é que seu corpo biológico é capt urado desde o in ício n u m a r ede de im agen s e palav r as, a p r e se n t a d a s p r i m e i r o p e l a m ã e , d e p o i s p e l o s

fam iliares e em seguida pelo social, que vai m oldando o d e se n v o l v i m e n t o d o co r p o b i o l ó g i co , t r an sf or m an d o- o n u m ser h u m an o, com est ilo d e funcionam ent o e m odo de ser singulares( 2).

O fat o de se ser dot ado de linguagem t orna possível a todos a construção de redes de significados que se com part ilha em m aior ou m enor m edida com os sem elhant es e que dão cert a ident idade cult ural. Em função da dinâm ica de com binação desses t r ês elem entos, o hom em é capaz de transform ar im agens em obras de art e, palavras em poesia e lit erat ura e sons em fala e m úsica, ignorância em saber e ciência, sendo capaz de produzir cultura e, a partir dela, intervir e m odificar a nat ureza. Por exem plo, t ransform ando doença em saúde( 3).

O saber de cada sociedade veio m udando ao longo dos tem pos e nas diferentes civilizações. Assim , co m o se v i u a n t e r i o r m e n t e , se r h o m e m n a Ant igüidade não foi o m esm o que na I dade Média e nos dias de hoj e; ou ser hom em na África não é o m esm o qu e ser h om em n a Ásia. Cada sociedade, cada cult ur a nas difer ent es épocas pr opuser am um cer t o m od o d e sab er, cer t as r esp ost as acer ca d o m undo, das coisas, das relações com os sem elhantes, o prazer, os sentim entos, o bem e o m al, o destino, a v id a e a m or t e. Ou sej a, con st it u ír am p on t os d e referência para se orient ar precisam ent e naquilo que o ser hum ano nasce ignorando. Essas referências são o que legit im a, nos diferent es cam pos da produção hum ana ( no cam po da arte, da ciência e da m oral) , a at uação de cada indivíduo( 1).

As g r a n d e s d e sco b e r t a s r e a l i za d a s p e l o hom em no Renascim ento: a descoberta das Am éricas, a perspect iva na pint ura, a descobert a de Copérnico d e q u e o Sol n ão g ir a ao r ed or d a Ter r a, f or am deslocando Deus do cent ro do universo e colocando em seu lugar o hom em racional( 1).

Surge o ideal de aut onom ia do hom em e a crença de que t oda sabedoria pode ser t ransform ada em conhecim ent o. Os avanços da ciência vão assim firm ando- se com o prom essa de resolver as angúst ias hum anas e dom inar a vida e a m orte. A ciência passa a form alizar e legit im ar a produção hum ana. Nesse sent ido, t oda a subj et iv idade fica no im per at iv o de ser t r o cad a p el a o b j et i v i d ad e. As m an i f est açõ es su b j e t i v a s, e n t ã o , e n co n t r a m d i f i cu l d a d e d e se expressar de form a legít im a.

(4)

na geração de um novo hom em : o hom em m oderno. Aquele que se inst ala na ilusão de um a aut onom ia fict ícia, um hom em supost am ent e const r uído por si m e sm o . Na v e r d a d e , t r a t a - se d e u m d e l ír i o d e aut onom ia que, para se sust ent ar, acaba im plicando e m r e l a çõ e s h u m a n a s m a i s d i st a n t e s e m e n o s si g n i f i cat i v as, i st o é, n u m h o m em m u i t o m en o s “ hum anizado”, um hom em cent rado em si e em seu trabalho, cada vez m ais distante de quem está a seu lado, do cotidiano em fam ília, da vida entre am igos e sem perceber as relações int erpessoais com o a font e de vida e a int eração ent re os hom ens com o form a de cont ribuir para o crescim ent o da hum anidade.

A HUMANI ZAÇÃO NA HUMANI DADE

Foi no seio do I m pério e a part ir da religião j udaica das colônias do Orient e Médio que nasceu o hum anism o do Cristianism o prim itivo, cuj a concepção das virtudes que eram paradigm a de hum anidade ( por i m a g e m e se m e l h a n ça co m a d i v i n d a d e ) t e v e influência incalculável na cultura ocidental. Apesar de su a f u n d a m e n t a çã o d e íst a , t r a n sce n d e n t e e u l t r a t e r r e n a , t e o l ó g i ca e m e t a f ísi ca , co m su a s l i m i t a çõ es m o r a l i za n t es e p i ed o sa s, a ét i ca e a o r g an i zação so ci al i m p l íci t as n esse Cr i st i an i sm o pr im or dial f or am u m a con t r ibu ição ir r ev er sív el ao conceito de Hum anidade e à prática da Hum anização, m atizados depois pela Reform a e a Contra- reform a( 1).

As d ef or m ações d o con ceit o e o v alor d e hum anidade pr ópr ios da I dade Média ( e ainda at é m et ad e d o sécu l o XVI I ) f o r am m u i t o n eg at i v as. Si m u l t a n e a m e n t e , co e x i st i a m a s ca m p a n h a s d e ev an g elização h u m an it ár ia com os g en ocíd ios d a conquist a e das cruzadas. Ao m esm o t em po em que o s a n i m a i s er a m j u l g a d o s p el o s t r i b u n a i s co m o responsáveis por delit os ( com o se fossem hum anos) , os não cat ólicos, os herét icos, as supost as feit iceiras e r a m q u a l i f i ca d o s co m o d e m ô n i o s e n ã o co m o m em bros da hum anidade ( 1).

Na civilização cont em porânea, as condições obj et iv as e subj et iv as par a obt er um alt o gr au de h u m an i d ad e p ar a t o d o s o s m em b r o s d a esp éci e hum ana est ão j á dadas pelo alt o gr au de pot ência produtiva. Para essas orientações, hum anizar consiste si m p l esm en t e em ca n a l i za r t a i s ca p a ci d a d es n o se n t i d o d e e st e n d e r e d i st r i b u i r, i n t e g r a l e i g u a l i t a r i a m e n t e à h u m a n i d a d e u m a sé r i e d e ben efícios e r esu lt ados con sider ados pr opr iedades

sine qua non da condição hum ana.

Essas podem ser definidas com o: atenção às n ecessi d a d es b á si ca s d e su b si st ên ci a , p o r m a i s v ar iáv eis q u e elas sej am ( alim en t ação, m or ad ia, vest uário...) , educação, segurança, j ust iça, t rabalho, acesso à liberdade de associação, de pensam ent o e de expressão, de ir e vir, de prática política, científica, art e, esport e, t em po livre, cult o religioso e, para o que aqui interessa especialm ente: o cuidado à saúde. É clar o que a definição da qualidade e quant idade d essas n ecessi d ad es é h i st ór i ca e cu l t u r al m en t e produzida, e deve ser concebida e realizada de acordo com o qu e m an if est am os h om en s, e n ão apen as det erm inada por “ alguns”.

Há um a definição que resum e a hum anidade com o o funcionam ent o de t oda a espécie hum ana que vise conseguir que “ a todos sej a dado acesso ao que precisam , segundo suas necessidades e a cada um as condições par a desenvolver e exer cit ar suas ca p a ci d a d e s”. Esp e ci a l m e n t e , a s n e ce ssi d a d e s d aq u eles cu j as cap acid ad es sej am d ecid id am en t e significativas para contribuir a que todos tenham suas necessidades sat isfeit as e que t ais necessidades se definam m ais e m ais além do que hist oricam ent e se considera com o “ básicas”( 1).

Ta l p r o p o st a r e sp o n sa b i l i za t o d a a hum anidade por esse obj et ivo, em proporção com o grau de potência da qual cada segm ento social dispõe atualm ente. Não há relação com a proposição apenas d a ig u ald ad e d e op or t u n id ad es p ar a com p et ir n o m e r ca d o , t ã o e m v o g a a t u a l m e n t e , d e i x a n d o e x cl u si v a m e n t e p a r a o Est a d o ( a f e t a d o p o r co n si d er á v el i m p o t ên ci a ) o d ev er d e v el a r p el a sa t i sf a çã o d a s n e ce ssi d a d e s e p e l a ca p a ci t a çã o elem ent ar dos m enos favorecidos ( que são a im ensa m aior ia da população m undial) . Tal pr opost a deix a t oda ação de aj uda ( além das obrigações t ribut árias) ao liv r e cr it ér io e v ont ade dos que m ais podem e sa b e m , m a s a p e n a s q u a n d o , q u a n t o e co m o queir am( 4).

(5)

I st o é , se m co m u n i ca çã o n ã o h á hum anização. A hum anização depende da capacidade de falar e de ouvir, pois as coisas do m undo só se t or nam hum anas quando passam pelo diálogo com os sem elhant es, ou sej a, v iabilizar nas r elações e interações hum anas o diálogo, não apenas com o um a técnica de com unicação verbal que possui um obj etivo pré- det erm inado, m as sim com o form a de conhecer o out ro, com preendê- lo e at ingir o est abelecim ent o de m etas conj untas que possam propiciar o bem - estar r ecípr oco.

Em d et er m in ad o m om en t o d a h ist ór ia, a saúde passa a ser v alor izada com o um bem acim a d e q u alq u er d iscu ssão, j u st if ican d o assim f or m as coercitivas de controle social em nom e da utilidade e d a f e l i ci d a d e d o m a i o r n ú m e r o , d a p i e d a d e com passiva pelos que sofrem e do condicionam ent o d e com p or t am en t os con sid er ad os m ais sau d áv eis pelo saber m édico cient ífico higienist a do m om ent o. Tudo isso sem qualquer t ipo de quest ionam ent o a respeito do que as pessoas envolvidas pensam e têm a dizer sobre o assunt o( 3).

A ut opia da saúde per feit a sur ge de for m a clara na própria definição da saúde proposta pela OMS, em 1948, com o sendo o “ est ado de com plet o bem -est a r f ísi co , m en t a l e so ci a l , n ã o m er a m en t e a ausência de doença ou enferm idade”. Essa definição t em o m ér it o de am pliar o escopo de u m m odelo est r it am en t e biom édico de saú de com o pr esen ça/ ausência da doença ou enferm idade enquant o desvio da norm alidade, causada por um a etiologia específica e única, t rat ada pela supost a neut ralidade cient ífica da ciência m édica. O aspecto utópico está contido na idéia de um est ado de com plet o bem - est ar. Sabe- se q u e u m est ad o d e co m p l et o b em - est ar é q u ase im possível de existir, a não ser na m orte, com o estado absoluto de ausência de tensão. Bem ao contrário do que a ut opia da saúde perfeit a propõe, a civilização m oderna vem exigindo da hum anidade cada vez m ais r e n ú n ci a s à s sa t i sf a çõ e s d e se u s i m p u l so s e ofer ecendo cada v ez m enos r efer ências sim bólicas em nom e das quais essas r enúncias poder iam ser supor t adas( 3).

A HUMANI ZAÇÃO NA SAÚDE

O propósito ou m eta de hum anizar, em todos os sent idos apont ados, m ais obj et ivam ent e no caso da saúde, im plica aceitar e reconhecer que nessa área

e nas suas pr át icas, em especial, subsist em sér ios p r o b l em as e car ên ci as d e m u i t as d as co n d i çõ es exigidas pela definição da concepção, organização e im plem ent ação do cuidado da saúde da hum anidade, t ant o por part e dos organism os e prát icas est at ais, com o da sociedade civil.

As o r g a n i za çõ e s, a g e n t e s e p r á t i ca s co n t e m p o r â n e a s d a sa ú d e v a r i a m e n t r e u m t r a t a m e n t o ( d i t o e m g e r a l e p a r t i cu l a r m e n t e com unicacional, ent re si e com os usuários) que vai desde o uso de um a linguagem técnica im pessoal ( que supõe expr essar cer t os ideais de cient ificidade) at é out r o aut or it ár io ou pat er nalist a que infant iliza os u su ár ios, p assan d o p or m od alid ad es q u e v ão d a h o m o g e n e i za çã o à i n d i f e r e n ça ( o s a g e n t e s n ã o cham am o pacient e pelo seu nom e, não olham para seu rost o quando falam , grit am com ele et c) .

Se o s h o sp i t a i s co m e ça r a m se n d o “ derivados” dos cárceres, dos abrigos para indigentes e de espaços de clausura e isolam ento para enferm os de doenças epidêm icas incuráveis, est abelecim ent os esses nos quais o tratam ento correspondia à intenção d e cast i g o , el i m i n ação o u seg r eg ação so ci al , o s hospitais “ m odernos” correm o perigo de se tornarem equipam ent os de cont r ole social sobr e “ gr upos de r i sco ” , p a r a a i d e n t i f i ca çã o e m a n i p u l a çã o d a s “ m inor ias” ex cluídas, m ar ginalizadas, desinser idas, d e sf i l i a d a s, q u e a m e a ça m a o r d e m i n st i t u íd a d om in an t e e as p essoas d os seu s p r op r iet ár ios e beneficiár ios( 6).

Se t i v e sse q u e r e su m i r a m i ssã o d e hum anização num sent ido am plo, além da m elhor a do t rat am ent o int ersubj et ivo, dir- se- ia que se t rat a de incentivar, por todos os m eios possíveis, a união e colabor ação int er disciplinar de t odos os env olv idos, dos gest ores, dos t écnicos e dos funcionários, assim co m o a o r g an i zação p ar a a p ar t i ci p ação at i v a e m ilit ant e dos usuários nos processos de prevenção, cu r a e r e a b i l i t a çã o . Hu m a n i za r n ã o é a p e n a s “ am en izar ” a con v iv ên cia h osp it alar, sen ão, u m a gr ande ocasião par a or ganizar - se na lut a cont r a a inum anidade, quaisquer que sej am as form as que a m esm a adot e.

(6)

u su ár i o s se r el aci o n em d e f o r m a d esr esp ei t o sa, im pessoal e agressiva, piorando um a sit uação que j á é pr ecár ia.

Nesse sent ido, hum anizar a assist ência em saúde im plica dar lugar t ant o à palav r a do usuár io quanto à palavra dos profissionais da saúde, de form a que possam fazer parte de um a rede de diálogo, que pense e pr om ova as ações, cam panhas, pr ogr am as e políticas assistenciais a partir da dignidade ética da palavra, do respeit o, do reconhecim ent o m út uo e da solidar iedade.

A possibilidade de se colocar n o lu gar do out r o, de abr ir espaço par a que o out r o saiba algo que não se sabe de ant em ão depende de se aceit ar que t odo saber é lim it ado: algo que não se sabe e que, por t ant o, poder á vir de out r o. Apenas quando se corre o risco de não pret ender t udo saber é que se pode com preender o outro, aceitando que ele tem algo a dizer, com toda a dim ensão de falta que coloca a palavr a, m as t am bém de um saber que, por não ser t ot al, pode se expandir infinit am ent e.

O cont at o diret o com seres hum anos coloca o pr ofissional diant e de sua pr ópr ia vida, saúde ou doença, dos próprios conflit os e frust rações. Se ele não t om ar cont at o com esses fenôm enos cor r er á o risco de desenvolver m ecanism os rígidos de defesa, que podem prej udicá- lo t ant o no âm bit o profissional q u a n t o n o p e sso a l . Os p r o f i ssi o n a i s d a sa ú d e su b m e t e m - se , e m su a a t i v i d a d e , a t e n sõ e s provenientes de várias fontes: contato freqüente com a dor e o sofrim ento, com pacientes term inais, receio de com et er er r os, con t at o com pacien t es dif íceis. Assim , cuidar de quem cuida é condição sine qua non

para o desenvolvim ent o de proj et os e ações em prol da hum anização da assist ência.

Co n t r at ação d e p r o f i ssi o n ai s em n ú m er o su f icien t e par a at en der à dem an da da popu lação, a q u i si çã o d e n o v o s e q u i p a m e n t o s m é d i co -hospit alar es, aber t ur a de nov os ser v iços, m elhor ia dos salários, das condições de trabalho e da im agem do ser v iço público de saúde j unt o à população são out ros obj et ivos a serem buscados para a m elhoria da assist ência.

O PROGRAMA NACI ONAL DE HUMANI ZAÇÃO

DA ASSI STÊNCI A HOSPI TALAR

Ao apresentar essa proposta, o Estado coloca que a dim ensão hum ana e subj etiva, inserida na base de t oda int ervenção em saúde, das m ais sim ples às

m ais com plex as, t em enor m e influência na eficácia dos ser v iços pr est ados pelos hospit ais. Par a cuidar dessa dim ensão fundam ental do atendim ento à saúde, foi cr iado o Pr ogr am a Nacional de Hum anização da Assist ên cia Hosp it alar ( PNHAH) . Su a im p lan t ação envolveu o Ministério da Saúde, Secretarias Estaduais e Municipais de Saúde e entidades da sociedade civil, prevendo a part icipação de gest ores, profissionais de saúde e com unidade( 2).

Em bora se saiba que a assist ência à saúde não est á cent rada apenas na inst it uição hospit alar, é nesse espaço onde se percebe que a desum anização no cuidado com o out ro se faz m ais evident e. Ainda que haj a longas filas de espera nos serviços públicos am bulat oriais, para cit ar apenas um dos problem as, quando o ser hum ano necessit a de hospit alização, encontra- se fragilizado pelo processo de adoecim ento, o q u e se ag r av a com a f alt a d e h u m an ização d a assist ência( 7).

Esp er a- se com a im p lan t ação d o r ef er id o program a, a oferta de um tratam ento digno, solidário e acolhedor por par t e dos que at endem o usuár io n ã o a p e n a s co m o d i r e i t o , m a s co m o e t a p a f u n d am en t al n a con q u ist a d a cid ad an ia. Par a os p r o f i ssi o n a i s q u e a t u a m n o s h o sp i t a i s h á a oportunidade de resgatar o verdadeiro sentido de suas p r á t i ca s, se n t i d o e v a l o r d e se t r a b a l h a r n u m a or ganização de saúde. Com o t odo t r abalho, esse é pr oduzido por suj eit os e pr odut or de subj et ividade. Não há hum anização da assist ência sem cuidar da r ealização pessoal e pr ofissional dos que a fazem . Não há hum anização sem um proj eto coletivo em que t o d a a o r g a n i za çã o se r e co n h e ça e , n e l e , se ( re) valorize. É seu obj et ivo fundam ent al resgat ar as r elações ent r e pr ofissional de saúde e usuár io, dos p r o f i ssi o n a i s e n t r e si , d a i n st i t u i çã o co m o s profissionais e do hospit al com a com unidade.

(7)

A div ulgação das iniciat iv as hum anizador as existentes é propiciada por m eio da rede nacional de h u m an ização, q u e t em com o f u n ção p r im or d ial o int ercâm bio de inform ações e cont a com um port al, n o q u a l , a l é m d e se o b t e r i n f o r m a çõ e s so b r e hum anização e o andam ent o do Program a, pessoas e h ospit ais in t er essados podem se cadast r ar par a receber m ais inform ações via e- m ail.

No ent ant o, m esm o cont ando com um grau r azoável de sensibilização das inst it uições par a sua inser ção num a r ede am pla de t r abalho e t r oca de infor m ações e ex per iências com out r as inst it uições ( sej a com inst it uições de saúde ou com inst it uições r epr esent at iv as de out r os set or es da com unidade) , há um segundo desafio a enfrent ar, que se const it ui no processo de capacitação das instituições e de seus pr ofissionais.

Toda inst it uição pública é um a or ganização i d e a l m e n t e d e st i n a d a a a t e n d e r a co m u n i d a d e , e m b o r a n e m se m p r e i sso a co n t e ça d a f o r m a desej ada. Pr essionadas por gr andes dem andas, por carências de recursos m ateriais e hum anos e atuando, m uit as vezes, em sit uações- lim it e, as preocupações d e m u i t as d essas i n st i t u i çõ es, esp eci al m en t e as inst it uições hospit alares, acabam freqüent em ent e se circunscrevendo às quest ões que acont ecem em seu esp aço in t er n o, o q u e as t or n a isolad as e p ou co perm eáveis a um cont at o m ais abert o e efet ivo com a com u n idade da qu al f azem par t e e par a a qu al atuam . Por m elhor que sej a a ação dessas instituições os r esu lt ados de seu t r abalh o per m an ecem pou co co n h e ci d o s e p o u co co m p a r t i l h a d o s co m o u t r a s inst it uições.

Out r a peculiar idade essencial do Pr ogr am a d e Hu m a n i za çã o , t a n t o n o s h o sp i t a i s co m o n a form ação e funcionam ento da Rede, é o trabalho com equipes int erdisciplinares. Nessas equipes, t ende- se à m ú t u a f o r m ação el em en t ar co n t ín u a d o s seu s m em br os nas t eor ias, m ét odos e t écnicas das suas r espect iv as especificidades e pr ofissões, com o fim de, sem provocar nenhum tipo de confusão, propiciar t a n t o a e x p l o r a çã o d a s i n t e r f a ce s d a s su a s ca p a ci d a d e s e f u n çõ e s, co m o a m o b i l i d a d e , a subst it ut ividade dos papéis t eórico- t écnicos e, ainda, a invenção de novos papéis r equer idos pela t ar efa. Essa equipe inclui, event ual ou regularm ent e, os que d e se m p e n h a m o s d e n o m i n a d o s “ o f íci o s” ( n ã o qualificados com o pr ofissões) e, ainda, da m esm a form a, os usuários e/ ou seus represent ant es, assim com o represent ant es da com unidade organizada( 8).

Os principais obst áculos para a const it uição e desenvolvim ento das equipes interdisciplinares são: o individualism o, as hierarquias inj ust as dadas pela divisão t écnica e social do t rabalho, a onipot ência de cada pr ofissão que acr edit a par adox alm ent e ser “ a única e a m elhor”, o sentim ento de superioridade dos

e x p e r t s p o r r e l a çã o a o sa b e r e o sa b e r f a ze r e sp o n t â n e o d o s u su á r i o s, o m e d o d a p e r d a d a ident idade e à supost a caot ização das diferenças, o t em or à crít ica quando o disposit ivo propicia a plena e x p o si çã o d a s l i m i t a çõ e s e e r r o s d e ca d a especialidade e de cada agent e, a possível perda de privilégios et c.

Out ro aspect o fundam ent al a ser dest acado diz respeit o às condições est rut urais de t rabalho do profissional de saúde, quase sem pre m al rem unerado, m uitas das vezes pouco incentivado e suj eito a carga considerável de t rabalho. Hum anizar a assist ência é hum anizar a pr odução dessa assist ência. As idéias d e h u m an ização f av or ecen d o a n ão- v iolên cia e a com unicabilidade reforçam a posição est rat égica das ações centradas na ética, no diálogo e na negociação dos sent idos e r um os da pr odução de cuidados em saúde( 9).

CONSI DERAÇÕES FI NAI S

Na hum anidade, a palavra pode fracassar e qu an do a palav r a f r acassa o ser h u m an o é capaz t am bém das m aiores barbaridades. A dest rut ividade faz part e do hum ano e a hist ória t est em unha a que ponto o hom em pode chegar em nom e de destruir os hum anos que considera diferent es e por isso m esm o acha que const it uem am eaça a ser elim inada.

(8)

Tal prát ica, por si só, é desum anizant e, pelo fat o de colocar em os pr incípios acim a dos suj eit os e n v o l v i d o s, b a n i n d o a s d e ci sõ e s t o m a d a s colet ivam ent e com base no diálogo e argum ent ação, pois que consideram que os princípios ut ilizados são os únicos que podem det erm inar de ant em ão o que deve ser levado em consideração e efeit o.

Out r o aspect o que pr ecisa ser abor dado é trazido pelo discurso técnico- científico e o sentim ento que a suposição de obj et iv idade e neut r alidade da ci ê n ci a d e sp e r t a n o h o m e m m o d e r n o . O desenvolvim ent o cient ífico e t ecnológico t em t razido um a série de benefícios, sem dúvida, m as t em com o e f e i t o co l a t e r a l a i n a d v e r t i d a p r o m o çã o d a d esu m a n i za çã o . Co m a su p o st a o b j et i v i d a d e d a ciência pode- se per ceber a elim inação da condição h u m an a da palav r a, da palav r a qu e n ão pode ser r ed u zi d a à m er a i n f o r m ação ( d e an am n ese, p o r exem plo) . Quando se preenche um a ficha de histórico clín ico, n ão se est á escu t an d o a p alav r a d aq u ela p e sso a e si m a p e n a s r e co l h e n d o a i n f o r m a çã o necessár ia par a o at o t écnico. I ndispensáv el, sem d ú v id a. Mas o lad o h u m an o f icou d e f or a. O at o t écnico, por definição, elim ina a dignidade ét ica da p a l a v r a , p o i s e ssa é n e ce ssa r i a m e n t e p e sso a l , subj et iva e precisa do reconhecim ent o na palavra do o u t r o . A d i m e n sã o d e su m a n i za n t e d a ci ê n ci a e tecnologia se dá, portanto, na m edida em que se fica r ed u zi d o a o b j et o s d a p r ó p r i a t écn i ca e o b j et o s d e sp e r so n a l i za d o s d e u m a i n v e st i g a çã o q u e se propõe fria e obj et iva. O saber t écnico supõe saber qual é o bem de seu paciente independentem ente de sua opinião.

A h u m a n i za çã o é u m p r o ce sso a m p l o , d e m o r a d o e co m p l e x o , a o q u a l se o f e r e ce m r e si st ê n ci a s, p o i s e n v o l v e m u d a n ça s d e com port am ent o, que sem pre despert am insegurança e resistência. É claro que a não adesão envolve, além da r elação do pacient e com o pr ofissional, fat or es relacionados aos pacient es ( idade, sexo, est ado civil, et nia, cont ex t o fam iliar, escolar idade, aut o- est im a, cr enças, hábit os de vida) , às doenças ( cr onicidade, ausência de sintom as) , aos tratam entos ( custo, efeitos in d esej áv eis, esq u em as com p lex os) , à in st it u ição ( política de saúde, acesso ao serviço de saúde, tem po de espera, t em po de at endim ent o) .

Os p a d r õ e s co n h e ci d o s p a r e ce m m a i s seguros, além disso, os novos não estão prontos nem em decretos nem em livros, não tendo características gener alizáv eis, pois cada pr ofissional, cada equipe, ca d a i n st i t u i çã o t e r á se u p r o ce sso si n g u l a r d e h u m an ização. E se n ão f or sin g u lar, n ão ser á d e hum anização. E, ainda, par a que esse pr ocesso se efet iv e, dev em est ar en v olv idas v ár ias in st ân cias: profissionais de t odos os set ores, direção e gest ores da in st it u ição, além dos for m u lador es de polít icas p ú b l i ca s, co n se l h o s p r o f i ssi o n a i s e e n t i d a d e s f or m ador as.

Para a im plem entação do cuidado com ações h u m a n i za d o r a s é p r e ci so v a l o r i za r a d i m e n sã o subj et iva e social em t odas as prát icas de at enção e g est ão n o SUS, f or t alecer o t r ab alh o em eq u ip e m ultiprofissional, fom entar a construção de autonom ia e pr ot agonism o dos suj eit os, for t alecer o cont r ole social com caráter participativo em todas as instâncias gestoras do SUS, dem ocratizar as relações de trabalho e valorizar os profissionais de saúde.

REFERÊNCI AS BI BLI OGRÁFI CAS

1 . Ba r e m b l i t t G. Qu e se e n t e n d e p o r h u m a n i d a d e e hum anização? I n: Bar em blit t G. Manual de or ient ação do agent e m ult iplicador. Belo Horizont e ( MG) : PNHAH Regional Cent r o Oest e; 2 0 0 1 .

2. PNHAH. Program a nacional de hum anização da assist ência hospit alar. Brasília ( DF) : Minist ério da Saúde; 2002. 3. Betts J. Considerações sobre o que é o hum ano e o que é hum anizar. Hum aniza 2003. [ Per iódico on- line] [ cit ado em 2 5 a g o . 2 0 0 3 ] D i sp o n ív e l e m : URL: < h t t p : / / www.port alhum aniza.org.br/ ph/ t ext o.asp?id= 37> .

4. Ferreira JM, Mishim a SM. O processo de m unicipalização d a sa ú d e so b o o l h a r d o se r h u m a n o - t r a b a l h a d o r d e e n f e r m a g e m d a r e d e b á si ca d e sa ú d e . Re v La t i n o - a m Enfer m agem 2004 m ar ço- abr il; 12( 2) : 212- 20.

5 . Co l l e t N, Ro ze n d o CA. Hu m a n i za çã o e t r a b a l h o n a enferm agem . Rev Bras Enferm agem 2003; 56( 2) : 189- 92. 6 . Tan j i S, Nov ak osk i LER. O cu id ad o h u m an íst ico n u m con t ex t o h osp it alar. Tex t o Con t ex t o En f 2 0 0 0 m aio- ag o; 9 ( 2 ) : 8 0 0 - 1 1 .

7. Gaíva MAM, Scochi CGS. Processo de t rabalho em saúde e enferm agem em UTI neonatal. Rev Latino- am Enferm agem 2 0 0 4 m aio- j u n h o; 1 2 ( 3 ) : 4 6 9 - 7 6 .

8. Mar t ins MCFN. Hum anização das r elações assist enciais: a form ação do profissional de Saúde. São Paulo ( SP) : Casa do Psicólogo; 2001.

9 . D e sl a n d e s SF. An á l i se d o d i scu r so o f i ci a l so b r e a hum anização da assist ência hospit alar. Ciênc. Saúde Colet iva j aneir o- m ar ço 2004; 9( 1) : 7- 14.

Referências

Documentos relacionados

Esse campo de sentidos leva a uma manutenção de práticas autoritárias de gestão e de atenção, em que os atores implicados com o cuidado (gestores, trabalhadores, usuários e

- É possível entender e organizar a assistência farmacêutica como sistema de apoio (categoria na qual alguns serviços farmacêuticos podem ser incluídos) e como ponto de

A título de considerações finais, estima-se que o presente trabalho possa trazer contribuições para os pesquisadores que queiram identificar em suas instituições de

Os objetivos deste estudo são: Investigar e identificar as contribuições da documentação organizada, acumulada e disponibilizada nos centros de memória institucionais para

E a outra era um aluno que ele já era profissional, ele já era supervisor numa indústria e ele veio pra cá porque ele precisava de um diploma, então eu era novo de professor ainda,

A resposta da pergunta 4 serve aqui e apenas a complementarei. Como técnico de segurança do trabalho, temos um trabalho permanente de educação, seja do

Na prestação direta de cuidados, o paradigma de curar, de acordo com alguns autores, foi-se tornando presa fácil dos desenvolvimentos tecnológicos, como se a preocupação se

Nesse contexto, em momentos em que as condições econômicas melhoram, as pessoas têm mais renda disponível (e, consequentemente, acesso à cobertura de seguro), que pode ser usada