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Observações citológicas em Coffea: XIX - Monossômios.

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Academic year: 2017

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OBSERVAÇÕES CITOLÓGICAS EM COFFEA

XIX — MONOSSÔMIOS O

A. J . T . MENDES

Engenheiro agrônomo, Seção de Citologia, Instituto Agronômico

RESUMO

Completa homozigose em Coffea arabica L. (2n = 44) foi estabelecida pela dupli-cação dos cromossômios de uma planta di-haplóide (2n = 22). D a progénie obtida, uni-forme, três plantas se distinguiram, verificando-se que tinham respectivamente 22, 43 e 43 cromossômios.

O mutante com 2n = 22 cromossômios era idêntico a outros di-haplóides já consta-tados anteriormente nos viveiros de café, cuja origem é atribuida à partenogênese.

Os mutantes monossômicos (2n = 43) assemelham-se a fenótipos de constituições genéticas já conhecidas. A sua ocorrência vem esclarecer a razão da dificuldade da análise genética de certas plantas angustifolia, encontradas nos viveiros de café, que não res-pondem às esperadas relações fenotípicas : deve se tratar, nesses casos, de plantas monos-sômicas. Em uma pesquisa preliminar, separaram-se seis plantas angustifólia em vi-veiros de café; pelo menos três delas tinham também 2n = 43 cromossômios.

Além da possibilidade do esclarecimento completo do mecanismo da hereditarie-dade do caráter angustifolia, os tipos monossômicos abrem possibilihereditarie-dades no sentido da associação dos fatôres aos respectivos cromossômios, pela obtenção de tipos nulis-sômios.

(*) Trabalho apresentado à II Reunião da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, realizada de 5 a 12 de novembro de 1950, em Curitiba, Paraná.

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138 B R A G A N T I A V O L . 14, N.° 14

gerações e seus híbridos, e m estudos relativos à heterose. N a produção artificial de mutações, se tal assunto entrar no programa dos futuros tra-balhos, poder-se-á também utilizar este material. Além disso, se b e m q u e os porta-enxertos de bourbon não sejam os mais aconselháveis para enxertia, pode se contar agora c o m plantas geneticamente uniformes em ensaios e m que se devem comparar os enxertos c o m u m mínimo de variabilidade dos porta-enxertos.

2 - O B S E R V A Ç Õ E S N A S P R O G É N I E S D A S P L A N T A S H O M O Z I G O T A S

A s flores de diversos enxertos de u m cafeeiro c o m 2 n = 4 4 cromossô-mios, obtido pela duplicação somática dos cromossômios de u m haplóide (Planta n.° C. 357-21), foram autofecundadas, tendo sido obtidas 918 se-mentes que foram semeadas em diversos lotes. A germinação foi normal, não se observando, porém, perfeita uniformidade entre as plantas novas, n o tocante ao desenvolvimento ; esta desuniformidade aos poucos diminuiu.

A p ó s exame cuidadoso dos diversos lotes, três plantas foram sepa-radas, que não correspondiam ao fenótipo esperado ; duas delas se asse-melhavam aos fenótipos conhecidos c o m o monosperma e angustifólia; o terceiro mutante de início assemelhava-se às plantas designadas por m u r t a e mais tarde tendia melhor para o tipo mucronata.

Sabe-se que monospermas são mutantes di-haplóides (2n = 22), que ocorrem, c o m baixa freqüência, nas progénies de C. arábica (4); a deter-minação d o número de cromossômios em u m dos mutantes, revelando 2n = 22, explicaria facilmente a sua origem. Quanto aos dois outros indivíduos poderiam ser mutantes genéticos.

2.1 — MUTANTE MONOSPERMA

O exame de pontas de raízes, colhidas e m "Craf" e coloridas pela hema-toxilina, após o processo c o m u m da inclusão e m parafina e preparo d o s cortes ao micrótomo, revelou que o mutante monosperma tinha 2n = 22 cromossômios ; igual exame de diversas plantas normais da progénie mos-trou 2n = 44.

Trata-se, portanto, de uma planta originária provavelmente d o desen-volvimento partenogenético de gâmeta feminino não fertilizado, c o m o já tem sido constatado por vezes (4) em C. arábica.

2.2 — MUTANTE "MUCRONATA" (?)

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MARCO, 1955

M E N D E S

MONOSSÔMIOS E M COFFEA 139

m u r t a , tendendo mais para o mucromata. D e qualquer forma, porém, uma mutação genética poderia ter ocorrido, a qual seria comprovada através de futuras polinizações controladas.

2.3 — MUTANTE ANGUSTIFÓLIA

O aparecimento da variação angustifólia é relativamente freqüente nos viveiros, conhecendo-se até o presente (1), pelo menos seis fatores inde-pendentes que causam, c o m pequenas variações, o mesmo fenótipo angus-tifólia. N ã o se sabe da existência de mutações dominantes para angusti-fólia ; a planta homozigota, não sendo angustiangusti-fólia, deve ser de consti-tuição A g Ag.

Uma mutação que ocorresse num dos gens A g determinaria a consti-tuição A g ag, que corresponde ao fenótipo normal e portanto não seria notada na primeira geração, c o m o é o caso da progénie que estava em es-tudo. Para que a planta seja ag ag é preciso imaginar duas mutações ocor-rendo simultaneamente em ambos os gens A g A g , para transformá-los em ag ag.

3 - E X A M E C I T O L Ó G I C O D O S S U P O S T O S M U T A N T E S G E N É T I C O S

D a d a a pequena probabilidade da hipótese de mutação genética para o caso d o mutante angustifólia, submetemos a exame citológico suas raízes, bem c o m o as d o outro mutante. O material colhido em "Craf", incluído e m parafina através de uma série de álcool butílico e cortado ao micrótomo à espessura de 8 micra, foi colorido pela hematoxilina. E m ambos os casos, c o m surpresa, constatamos que as plantas tinham 2 n = 43 cromossômios.

Trata-se, pois, de mutantes citológicos e não genéticos : a perda de u m cromossômio durante a meiose terá determinado a formação de gâmeta c o m n = 21 cromossômios, o qual foi fértil, pois da sua união c o m gâmeta normal (n = 22) resultou embrião c o m 2 n = 4 3 .

4 - D I S C U S S Ã O E C O N C L U S Õ E S

A produção de grãos de pólen c o m n = 21, ou seja u m cromossômio a menos que o normal, já havia sido constatada, e m pequena porcentagem, em Coffea arábica (3). Igual ocorrência deve se esperar na macrosporo-gênese. A presente constatação da ocorrência de plantas monossômicas prova a fertilidade de gâmetas c o m n = 21. T e n d o sido encontradas duas plantas monossômicas completamente diferentes em caráter, deve se con-cluir que num e noutro caso foram perdidos cromossômios diferentes.

C o m o já se disse, o aparecimento de plantas angustifólia é relativa-mente freqüente nos viveiros de café. Enquanto algumas já têm a sua estrutura genética conhecida, outras têm se mostrado de difícil análise (1).

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C Y T O L O G I C A L OBSERVATIONS IN COFFEA. X I X . MONOSOMICS.

SUMMARY

Complete homozygozity in Coffea arabica L. (2n = 44) has been achieved through doubling of the chromosomes of a dihaploid plant (2n = 22). From its otherwise normal progeny, three offspring were separated because of their resemblance to the phenotypes

monosperma, murta and angustifolia.

The first one (monosperma) had 2n = 22 chromosomes and thus seems to be origi-nated through parthenogenesis, the known origin of monosperma in Coffea.

The second mutant, has 2n = 43 chromosomes. The third (angustifolia) mutant was also a monosomic (2n = 43). Since the angustifolia phenotype is due to a pair of genes ag ag, and since some angustifolia are of difficult genetic analysis, a sug-gestion is made that the late are monosomic. Cytological analysis of same proved that at least three of six examined are monosomic.

It is expected that new types of monosomies will be found, as well as trisomies. The selfing of monosomies may give rise to nullisomics which will be of value in the making of a genetic map for coffee.

LITERATURA CITADA

1. KRUG, C. A. Mutações em Coffea arabica L.. Bragantia 9:[1]-10. 1949.

2. MENDES, A.J.T. Observações citológicas em Coffea. X I — Métodos de

trata-mento pela colchicina. Bragantia 7:[221]-230. 1947.

3. Observações citológicas em Coffea. X V — Microsporogênese em Coffea

arabica L.. Bragantia 10:[79]-87. 1950.

4. & BACCHI, OSWALDO. Observações citológicas em Coffea. V — Uma

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