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Synthesis and reactivity of triphenylstibine-platinum complexes: a bibliographic revision.

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Academic year: 2017

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Quim. Nova, Vol. 29, No. 4, 761-764, 2006

Revisão

*e-mail: barbieri@faminas.edu.br

SÍNTESE E REATIVIDADE DE COMPLEXOS PLATINA-TRIFENILESTIBINA: UMA REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Roberto Santos Barbiéri*

Faculdade de Minas, 36880-000 Muriaé - MG, Universidade Vale do Rio Verde, 37410-000 Três Corações - MG, Brasil Carlos Roberto Bellato

Departamento de Química, Universidade Federal de Viçosa, 36570-000 Viçosa - MG, Brasil Antonio Carlos Massabni

Universidade Estadual Paulista “Julio de Mesquita Filho”, CP 355, 14801-970 Araraquara - SP, Brasil

Recebido em 10/12/04; aceito em 2/9/05; publicado na web em 16/2/06

SYNTHESIS AND REACTIVITY OF TRIPHENYLSTIBINE-PLATINUM COMPLEXES: A BIBLIOGRAPHIC REVISION. This article deals with synthesis and reactivity of complexes with triphenylstibine (SbPh3) as the ligand. A comparative study of analogous

complexes of triphenylphosphine (PPh3) and triphenylarsine (AsPh3) with platinum in the oxidation states zero, two and four is included. The bibliographic revision includes publications since 1936, when the first Pt(II) complex with triphenylstibine was described.

Keywords: platinum; triphenylstibine; complexes.

INTRODUÇÃO

Existe um interesse muito grande em relação aos complexos de platina contendo trifenilfosfina (PPh3), enquanto que os com-plexos com trifenilarsina (AsPh3) são bem menos estudados e é relativamente pequeno o número de trabalhos sobre compostos de platina com trifenilestibina (SbPh3). Além disso, a maior parte dos artigos relativos a complexos de platina com SbPh3 foi produzida nos anos 70 e 80 do século passado.

Neste trabalho, é feita uma revisão bibliográfica sobre síntese e reatividade desta classe de compostos, que inclui alguns exem-plos sintetizados pelos autores.

COMPLEXOS DE PLATINA(II) COM TRIFENILESTIBINA

A primeira referência a um composto de platina com SbPh3 foi feita por Jensen, em 1936, que preparou o [PtCl2(SbPh3)2] na rea-ção de K2[PtCl4] com SbPh3. Em seu artigo, Jensen descreveu a pre-paração de duas dezenas de compostos de platina(II) com fosfinas, arsinas e estibinas, que foram utilizadas em estudos de isomeria e medidas de momentos de dipolo1. A partir do [PtCl

2(SbPh3)2] fo-ram preparados os derivados [Pt(CNO)2L2] (L = PBuPh2, PBu2Ph, PBu3, SbPh3)2, [Pt(NCO)L

2] (L = piridina, α- e β-picolina, bipiridina, AsPh3, SbPh3)3 e [Pt(NO

3)2(SbPh3)2]

4, empregados em estudos de condutometria, espectroscopias UV-visível e no infravermelho e da natureza de ligações sigma e pi.

A reação de [PtPh2(dmso)2], preparado a partir de K2[PtCl4] e SnMe3Ph em dimetilsulfóxido (dmso), com diversos ligantes pos-sibilitou a obtenção de complexos do tipo [PtPh2L2] (L = difenilfosfinoetano, bipiridina, PEt3, PMePh2, PPh3, AsPh3, SbPh3)5. Hulley et al.6, em 1970, estudaram algumas reações do com-plexo H[PtCl(acac)2] com vários ligantes e obtiveram complexos do tipo [PtCl(acac)L] (acac = acetilacetonato; L = PPh3, AsPh3, PEtPh2, PEt2Ph, PEt3, P(C6H11)3, P(OPh)3, P(OMe)3, piridina, C2H4,

C3H6, cis- e trans-C4H8, 2,3-dimetil-2-buteno, PhC≡CPh, SbPh3). Clark e colaboradores7 estudaram o efeito trans em complexos do tipo [PtCl(P-C)L] (P-C = tBu

2-PCMe2CH2-; L = PEt3, PPr3, P(C6H11)3, PMetBu

3, P tBu

3, PMePh2, PPh3, P tBuPh

2, P(OPh)3, AsPh3, CO, piridina, Me2S, SbPh3), os quais foram obtidos a partir do com-plexo dímero [PtCl(P-C)]2 em reação com o ligante, em meio benzênico. Observou-se que a reação do dímero com AsPh3 levava à formação de trans-[PtCl(AsPh3)(P-C)], enquanto que na reação com SbPh3 formavam-se cis- e trans-[PtCl(P-C)(SbPh3)]7. Os com-plexos com SbPh3 tratados com NaBH4 e PBu3 produziam o com-plexo binuclear [Pt(H)(µ-H)(PBu3)]28. A partir de [PtCl(P-C)L] tra-tado com excesso de SnCl2, em diclorometano, Goel e Goel9 obti-veram [Pt(SnCl3)(P-C)L] (L = AsPh3, CO, P(C6H11)3, PtBu

2Me, PPh2Me, PPh3, P(p-ClC6H4)3, P(p-FC6H4)3, P(p-MeC6H4)3, P(p -MeOC6H4)3, SbPh3. Dados espectroscópicos de 31P-RMN indica-ram que o acoplamento JPt-P nesses complexos aumenta na série P > As > Sb, que corresponde às ordens de basicidade e de influência trans dos ligantes9.

O tratamento de [PtCl2L2] (L = PPh3, AsPh3, SbPh3) com Ag[BF4] produz [PtCl2L4][BF4]2, o qual reage com monóxido de carbono para formar [PtCl(CO)L2][BF4]. Se L = AsPh3, o comple-xo carbonílico reage com metanol ou com etanol formando [PtCl(AsPh3)(COOR)] (R = Me, Et); quando L = SbPh3, não ocorre reação10.

[NBu4]2[Pt(µ-Cl)(C6Cl5)2]2, sob refluxo em etanol com excesso de SbPh3, forma cis-[Pt(C6Cl5)2(SbPh3)2] e, sob agitação em acetona, juntamente com quantidade estequiométrica de trifenilestibina, pro-duz [NBu4]cis-[PtCl(C6Cl5)2(SbPh3)]11. O complexo de platina con-tendo tetraidrotiofeno (tht) coordenado [NBu4][PtPh3L] (L = PPh3, AsPh3, SbPh3)11. [NBu

4]2-trans-[PtCl2(C6F5)2] tratado com nitrato ou clorato de prata gera [NBu4]2[Ag2Pt2Cl4(C6F5)4], um cluster tetranuclear que contém ligações Pt-Ag e Ag-Ag. O cluster reage com AsPh3 ou SbPh3, provocando precipitação de cloreto de prata e formação de uma mistura de trans-[Pt(C6F5)2L2] e [NBu4]2-trans -[PtCl2(C6F5)2]11. Da reação de [Pt(C

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762 Barbiéri et al. Quim. Nova

Eaborn et al.13, em 1976, e Eaborn et al.13, em 1978, estudaram a reatividade de compostos diméricos dos tipos [PtCl2R2Cl2] e [Pt2Cl2(COR)2L2] (R = Ph, p-MeC6H4, p-ButC

6H4, p-Bu tC

6H4CO, p -MeC6H4CO; L = PEt3, PEt2Ph, PMe2Ph) com diversos ligantes e prepararam o [PtCl(p-MeC6H4)(PEt3)(SbPh3)], caracterizado por 31 P-RMN. [PtCl2(PPh3)4][BF4] reage com SbPh3 em nitrometano, para formar cis-[PtCl(PPh3)2(SbPh3)].

Toniolo et al.14, em 1969, prepararam o [Pt(H)(PEt

3)2L]ClO4 (L = PPh3, AsPh3, P(C6H11)3, CO, SbPh3). Miyamoto e Sasaky15, em 1976, obtiveram o trans-[Pt(H){P(CH2Ph)3}2L]Z (L = NH3, PPh3, AsPh3, SbPh3; Z = BPh4, ClO4, tosilato), e Kato e colaboradores16,

em 1976, prepararam o [PtCl(Y)L][BPh4] (Y =

Ph2(CH2)nPPh2CHCOPh, n = 1, 2; L = 4-metilpriridina, 3,5-dimetilpirazol, PPh3, P(C6H11)3, PMePh2, P(OMe)3, AsPh3, SbPh3). Alinson et al.17, em 1971, estudaram a reatividade do [Pt(S2PPh2)2], no qual o S2PPh2 se liga ao metal pelos dois átomos de enxofre, com diversos ligantes em benzeno. Verificaram que para L = PPh3, PMePh2 e PMe2Ph os produtos eram do tipo [PtL(S2PPh2)2], onde um dos ligantes sulfurado está coordenado apenas por um dos átomos de enxofre, ou do tipo [PtL2(S2PPh2)](S2PPh2). No caso de L = AsPh3 e SbPh3 formavam-se apenas complexos do primeiro tipo. Da reação de PtI2(C8H8)] (C8H8 = 1,3,5,7-ciclooctatetraeno) com SbPh3, Kistner et al.18, em 1969, obtiveram o [PtI

2(SbPh3)2] e, com RMgI (R = Me, Ph, o-MeC6H4, m-MeC6H4, p-MeC6H4) prepararam [R2Pt(C8H8)PtR2] ou [PtR2(C8H8)] que, tratados com L = PPh3, AsPh3 e SbPh3 produziram [PtR2L2]. A estabilidade térmica dos comple-xos do tipo [PtR2L2] cresce na ordem P > As > Sb, com exceção do [Pt(o-MeC6H4)2(SbPh3)2], que decompõe em temperatura inferior à de decomposição dos análogos com AsPh3 e PPh3, devido à com-binação de fatores estéricos do tamanho do SbPh3 e do grupo metila em posição orto no grupo o-tolila.

Complexos perfluoroalquilados de platina(II) foram prepara-dos a partir da reação de [PtMe2(cod)] (cod = 1,5-ciclooctadieno) com CF3I. Assim, foram obtidos compostos do tipo [Pt(CF3)2(cod)] que, por reação com L = MeCN, PMe2Ph, AsMe3, bipiridina, γ -picolina, AsPh3, PhC≡CPh, Me2N(CH2)2NMe2 e SbPh3, produzi-ram cis-[Pt(CF3)2L2]19.

Payne e Sthephan20, em 1981, prepararam e estudaram por 31 P-RMN complexos de platina com fosfinas quirálicas bidentadas, do tipo [Pt(CH3)(quelante)L]ClO4 {quelante = RNPPh2; L = acetona, p-YC5H4N (Y = Me, Et, CHO, CO2Me, H e NMe2), PEt3, PPr3, P(C8H17), PMePh2, PMe2Ph, PPh3, P(C6H11)Ph2, P(C6H11)2Ph, P(C6H11)3, PPh2NEt2, AsPh3 e SbPh3)}.

Compostos do tipo [Pt(X)(Y)L2] (X, Y = Cl, Br, I, H, Me, C(CN)3, NCO, SCN, N2, CN, (NC)2C=C(CN)2; L = PPh3, SbPh3) foram estu-dados por espectroscopia fotoeletrônica de raios-X, tendo sido veri-ficado que nos complexos [PtX2(SbPh3)2] (X = Cl, NCO, NCS) as energias de ligação no nível eletrônico Pt(4f) são menores quando comparadas aos correspondentes compostos com PPh321. Grutsch et al.22, em 1973, fizeram medidas de energias de ligação de elétrons nos níveis Sn(4d) e 3d(5/2) em uma série de compostos de estanho e, entre eles, o [PtCl(SnCl3)(SbPh3)2]. Para [PtCl(SnCl3)L2] (L = PPh3, AsPh3, SbPh3), os valores dessas energias não apresentaram diferen-ças significativas.

Gavrilova e colaboradores23, em 1971, estudaram os espectros vibracionais na região do infravermelho para os compostos [Pt(H)(X)(PPh3)2] e [Pt(H)(PPh3)2L]ClO4 (X = Cl, ClO4; L = PPh3, C2H4, C3H6, CO, NH3, MeNH2, EtNH2, NHMe2, piridina, tiouréia) e verificaram que o estiramento Pt-N diminui com o aumento da influência trans do ligante trans à ligação Pt-H. A análise da série trans-[Pt(H)(PPh3)L]ClO4 (L = C2H4, C3H6, CO, PPh3, piridina, SbPh3) obtida a partir do trans-[Pt(H)(X)(PPh3)2] (X = Br, I, NO3, ClO4) permitiu determinar a série de influência trans com base em

dados de infravermelho, tendo sido comprovado que a influência trans do ligante PPh3 é praticamente igual à do SbPh323. Janos e Goggin24, em 1984, estudaram setenta complexos do tipo cis -[PtX2L2] e, com base nas freqüências de estiramento Pt-C, estabe-leceram a série espectroquímica de influência trans PPh3 > SbPh3 > AsPh3. A partir de medidas de pKa, Gavrilova e colaboradores23 determinaram que complexos do tipo trans-[PtCl(NH3)2L]NO3 (L = PPh3, SbPh3) o efeito trans para o PPh3 é maior que para o SbPh3, implicando que os dois ligantes possuem grande habilidade como doador sigma e receptor pi, sendo que ambos efeitos são mais pronunciados para o ligante PPh3.

McAuliffe et al.25, em 1977, prepararam uma série de compos-tos de paládio e platina com diversas estibinas. Os complexos [MX2(SbR3)2] (M = Pd, Pt; X = Cl, Br, I, SCN, NO2; R = Et, C6H11, Ph, o-tolil, m-tolil, p-tolil) com ligantes mais volumosos como Sb(C6H11)3 e Sb(o-tolil)3 apresentam-se na forma trans e os de-mais, com ligantes menos volumosos, geralmente possuem a for-ma cis. Os complexos foram caracterizados por análise elementar e espectroscopia UV-visível e infravermelho, o que possibilitou o estabelecimento da série de influência trans para os ligantes. No caso do complexo de platina, SbPh3 e tiocianato, em solução, deve haver um rearranjo como indicado na Equação a seguir:

Appleton e colaboradores26, em 1972, estudaram por RMN uma série de compostos do tipo trans-[Pt(CF3)(PMe2Ph)2L][PF6] (L = NCCH=CH2, p-NCC6H4OMe, HN=C(OMe)C6F5, piridina, p -{NH=C(OMe)}2C6F4, CO, EtNC, p-CNC6H4OMe, PPh3, AsPh3, SbPh3), tendo sido observada uma correlação linear entre JPt-CF

3 e JPt-Me, exceto para os complexos com SbPh3 e CO. A discrepância observada nessa relação foi explicada em termos do efeito sinérgico das ligações Pt-Sb e Pt-CO. No entanto, o estudo dos complexos vinílicos trans-[PtXR(PMe2Ph)2] e trans-[PtXR(PMe2Ph)2L][PF6], onde X = NCS, NO2, CN, EtNC, CO, AsPh3, SbPh3, e R = -C(CF3)=C(H)OMe, também realizados por Appleton27, indicaram que os acoplamentos 3J

Pt-C=C-H e 3J

Pt-C-CF 3

estavam linearmente correla-cionados com o acoplamento 2J

Pt-Me, exceto para o complexo com SbPh3, não tendo sido observada discrepância para o complexo com monóxido de carbono. Assim, efeitos sinérgicos não devem ser res-ponsáveis pelos desvios observados e o valor do acoplamento 2J

Pt-Me é “anômalo por alguma razão desconhecida”.

Da reação da base de Schiff marcada com 15N, o-HOC 6H4CH =NCH2CH2OH com K2[PtCl4], em proporção estequiométrica do ligante L (L = PBu3, P(OEt)3, P(p-MePh)3, AsBu3, As(p-MePh)3, dimetilsulfóxido, piperidina, piridina, PhC≡C-, CH3(CH2)5NH2, SbPh3), foram preparados complexos esquematizados na Equação a seguir:

Estudos de RMN desses complexos permitiram estabelecer as constantes de acoplamento 1J

Pt,N e os deslocamentos δ 195

Pt e δ 15

N, exceto para o complexo com L = SbPh3 que foi observado apenas o deslocamento δ15

N28.

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763 Síntese e reatividade de complexos platina-trifenilestibina

Vol. 29, No. 4

também foi estudada por RMN, para o estabelecimento da série de influência trans29. No caso do complexo com L = SbPh

3, o acoplamento 2J

Pt-CH 3

não foi observado, sendo esse comportamento explicado em termos do acoplamento escalar entre os núcleos 195Pt e os dois núcleos quadrupolares do antimônio (121Sb, I = 5/2 e 123Sb, I = 7/2) e da relaxação do núcleo de platina decorrente dessa interação29.

Medidas de espectroscopia Mössbauer do núcleo 121Sb em com-plexos quadrado-planos do tipo [MX2L2] (M = Pd, Pt; L = Cl, I, NO2; L = SbPh3, SbEt3, Sb(C6H11)3, Sb(p-MeC6H4)3, Sb(o-MeC6H4)3), em combinação com dados de infravermelho, permitiram concluir que os complexos são quase sempre cis, apesar do significativo impedi-mento estérico devido aos cones de ângulo das estibinas, além de possibilitarem o estabelecimento das séries de influência cis e trans30. Estudos, também por Mössbauer, do núcleo 129I de iodo-complexos, como no caso de compostos do tipo cis-[PtI2L2] (L = PPh3, AsPh3, SbPh3), entre outros, possibilitaram estabelecer séries de influência cis e trans para os ligantes empregados31.

Séries de compostos também foram especificamente prepara-das para estudos de cinética, equilíbrio e/ou isomerização de liga-ção. Para esses propósitos, foram preparados complexos com ou-tros ligantes, como [PtCl2(PEt3)L] (L = PPh3, PMePh2, PiPr

3, P(C6H11)3, AsPh3, SbPh3)32. Todos os produtos obtidos apresenta-ram a conformação trans, exceto o composto com L = SbPh3, que apresentou configuração cis. A suspensão em diclorometano do complexo trans-[PtCl2(PEt3)L] (L = PPh3, PMePh2, AsPh3) tratada com L, produz sua isomerização a cis-[PtCl2(PEt3)L] com rendi-mentos acima de 95%. A suspensão etanólica de cis-[PtCl2(PEt3)L] tratada com excesso de metil-lítio produz [PtMe2(PEt3)L]; se L = PPh3, o produto é constituído por uma mistura eqüimolecular dos isômeros cis e trans e, se L = AsPh3 ou SbPh3, o produto é exclusi-vamente o isômero cis32.

Pearson et al.33, em 1968, fizeram medidas de constantes de velocidade de segunda ordem para a reação de um grande número de nucleófilos, inclusive SbPh3, com iodometano e trans -[PtCl2(piridina)2] em etanol. O produto da reação do complexo piridínico com SbPh3 não foi isolado.

Foram feitos estudos sobre a isomerização de ligação do íon tiocianato em complexos do tipo [MX2L2] (M = Pd, Pt; X = SCN-, NCS-; L = piridina, 2,2’-bipiridina, 4-n-amilpiridina, 1,10-fenantrolina, tiouréia, etilenotiouréia, PPh3, AsPh3 e SbPh3), pre-parados a partir da reação de K2[Pt(SCN)4] com o ligante apropri-ado em meio de etanol34. Se L = SbPh

3, forma-se o tiocianato-complexo [Pt(SCN)2(SbPh3)2]; se L = PPh3, é obtido o isotiocianato-complexo [Pt(NCS)2(PPh3)2]. A explicação para a presença de di-ferentes modos de coordenação do íon tiocianato é dada em função de fatores eletrônicos e estéricos, os quais podem alterar a nature-za da ligação metal-ligante34.

A carbonilação de compostos do tipo [PtX(R)L2] (X = Cl, Br, I; R = Ph, p-MeOC6H4, p-CF3C6H4, p-O2NC6H4, PhCH2-, Me; L = PPh3, P(C6H11)3, P(OPh)3, P(p-CF3C6H4)3, P(p-Me2NC6H4)3, P(p -MeOC6H4)3, P(p-MeC6H4)3) produzindo [PtX(COPh)L2] foi estu-dada por Garrou e Heck, em 1976, e os dados cinéticos para absor-ção de monóxido de carbono indicaram que, para os complexos com AsPh3 e SbPh3, a velocidade de absorção é cerca de 300 vezes maior que para o correspondente complexo com PPh335.

Foram preparados hidreto-complexos do tipo [Pt(H){P(C6H11)3}2L][PF6] (L = PEt3, PPh2Me, PPhMe2, PPh2(C6H11), PPh(C6H11)2, P(C6H11)3, PiPr

3, PBu3, P(p-MeC6H4)3, P(m-MeC6H4)3, P(o-MeC6H4)3, AsPh3, SbPh3) por reação de L com [Pt(H){P(C6H11)3}2(solvente)][PF6] (solvente = Me2O, MeOH) para estudos de efeitos estéricos na química de hidretos de platina bivalente36.

A estrutura cristalina do complexo [PtCl2(tmcb)(SbPh3)] (tmcb = tetrametilciclobutadieno) foi descrita por Heinemann e colabo-radores37, em 1996. Logo em seguida, Wendt e Elding38 descreve-ram as estruturas cristalinas de cis-[PtCl2(SbPh3)2] e trans -[PtI2(SbPh3)2], demonstrando que a influência trans de SbPh3 é comparável àquela de PPh3, contrariando o que vinha sendo des-crito na literatura. Eles também descreveram o efeito trans e a in-fluência trans de SbPh3 e PPh3 em complexos [PtI3(EPh3)]- (E = P, Sb) com piridina e piridinas substituídas. O maior efeito trans ob-servado é explicado pelo fato de SbPh3 ser um doador σ mais fraco que PPh3, enquanto o maior efeito trans é devido ao fato de SbPh3 ser um melhor receptor π que PPh3.

Sharma e colaboradores39, em 2000, descreveram reações de dibromodifenilantimoniatos(III) com PtCl2 e cis-[PtCl2(PPh3)2], produzindo complexos de platina(II) contendo SbPh3. A formação dos complexos cis-[PtBr2(SbPh3)2], trans-[PtBr(Ph)(SbPh3)2], [NMe4][PtBr3(SbPh3)] e cis-[PtBr2(PPh3)(SbPh3)], para os quais foram obtidas as estruturas cristalinas, é explicada em termos de um possível mecanismo de migração de um grupo fenila.

Henderson et al.40, em 2003, estudando isomerismos de coor-denação em produtos de reação de K2[PtCl4], ácido salicilidroxâmico e excesso de Me3N com EPh3 (E = As, Sb), verificaram que as estruturas dos complexos obtidos são dependentes de E, como nos compostos indicados a seguir:

COMPLEXOS DE PLATINA(0) COM TRIFENILESTIBINA

Para compostos zerovalentes de platina com trifenilestibina, a primeira referência encontrada na literatura é de Takahashi e cola-boradores41, de 1966. Estudando o comportamento catalítico de fosfinas de paládio e platina em reações de oxigenação, foi obtido o complexo [Pt(PPh3)3(SbPh3)] a partir da reação de [Pt(PPh3)4] com SbPh3. A partir de [Pd(PPh3)4], em reação similar, foi obtido o complexo [Pd(PPh3)2(SbPh3)2].

Garrou e Hartwell42, em 1976, ao estudarem compostos zero-valentes de níquel, paládio e platina com triarilestibinas, prepara-ram compostos do tipo[M(SbR3)4] (M = Ni, Pd, Pt; R = Ph, p -MeC6H4, p-MeOC6H4) e os complexos com ligantes mistos [M(PPh3)2(SbR3)2] (M = Pd, Pt; R = Ph, p-MeC6H4)41. No entanto, falharam todas as tentativas que fizeram para obtenção de [Pt(SbPh3)4].

Posteriormente, Scherer e colaboradores43, em 1982, prepara-ram complexos do tipo [PtL3] (L = P(:NCMe3)N(SiMe3)(CMe3)) a partir de [Pt(cod)2] (cod = 1,5-ciclooctadieno). O tratamento de um mol de [PtL3] com um mol de ER3 (E = As, Sb; R = Me, Ph, OMe, OPh) produz [PtL2(ER3)] e, com dois mols, produz [PtL(ER3)2].

Na revisão até aqui apresentada, chama atenção que o interesse em preparar complexos de platina com SbPh3 se deva à comple-mentação de séries para fins de estudos condutimétricos, espectros-cópicos e cinéticos, entre outros. Somente nos trabalhos de McAuliffe et al.25, de 1977, e de Garrou e Hartwell42, de 1976, é que se observa a preocupação exclusiva de preparar complexos de platina bivalente e zerovalente contendo SbPh3.

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764 Barbiéri et al. Quim. Nova

Na tentativa de preparação de [Pt(SbPh3)4], Barbiéri et al.44, em 1987, reagiram [PtCl2(SbPh3)2] com excesso de SbPh3, em at-mosfera de argônio e com adição de NaBH4, obtendo com alto rendimento um complexo formalmente com 16 elétrons, formula-do como [Pt(SbPh3)3]44. Verificou-se que esse composto, pode ser preparado sem cuidados de atmosfera especial, sendo excepcio-nalmente estável ao ar, o que foi atribuído ao cone de ângulo maior do ligante SbPh3 em relação à AsPh3 e PPh3.

No entanto, quando a tentativa de síntese de [Pt(SbPh3)3] foi conduzida sob atmosfera de nitrogênio à pressão ordinária, obte-ve-se o complexo [{Pt(SbPh3)2}2N2], o primeiro exemplo de um dinitrogênio-complexo de platina, com o dinitrogênio em ponte, estável à temperatura ambiente44. Sob atmosfera de acetileno, foi preparado o complexo [{Pt(SbPh3)2}2C2], com uma ponte de acetileno; enquanto que sob atmosfera de monóxido de carbono, foi preparado o composto [Pt(CO)2(SbPh3)2].

Klein et al.45, em 1990, realizaram estudos de aniquilação de positrônios em complexos de metais da tríade do níquel, incluindo [Pt(SbPh3)], verificando que a probabilidade de formação e o tem-po de vida do orto-positrônio são dependentes do estado de oxida-ção dos metais e das geometrias dos compostos.

Barbiéri et al.46, em 1996, estudaram os compostos [PtCl2(SbPh3)2], [Pt(SbPh3)3], [{Pt(SbPh3)2}2N2], [{Pt(SbPh3)2}2C2] e [Pt(CO)(SbPh3)2] por meio de análises termogravimétrica e tér-mica diferencial, indicando que o produto final de termodecom-posição é uma liga platina-antimônio, cuja comtermodecom-posição é depen-dente da proporção estequiométrica dos metais nos complexos.

Estudando a reatividade dos complexos [{Pt(SbPh3)2}2N2], [{Pt(SbPh3)2}2C2], Barbiéri et al.47, em 2005, verificaram que eles se convertem espontaneamente em [Pt(SbPh3)3] no prazo de alguns dias, processo que é acelerado pela suspensão dos complexos em etanol ou benzeno ou por aquecimento até 100 oC durante 1 h. A reação com HBr, em meio de etanol ou benzeno, produz [PtBr2(SbPh3)2], enquanto que a reação com Br2, nas mesmas con-dições, produz um composto dimérico [PtBr3(SbPh3)2]2, contendo pontes de bromo47.

CONCLUSÃO

Mesmo considerando que a maior parte dos trabalhos indicados na presente revisão tenha sido publicada nos anos 70 e 80 do século passado, fica demonstrado que a química dos compostos de platina com trifenilestibina (SbPh3) não foi alvo, ainda, de estudos específi-cos e aprofundados. Ainda é importante considerar o fato de que nos estudos de compostos com ER3 (E = P, As; R = Ph) como ligantes ancilares no átomo central de platina, estes ligantes podem conter outros grupos R alquila ou arila ou ser do tipo ER2R’, enquanto que para E = Sb, R é sempre o grupo fenila.

As observações de comportamentos físico-químicos diferenci-ados para os compostos de platina-trifenilestibina, quando compa-rados aos representantes das séries contendo níquel ou paládio, têm sido motivadoras para os autores retomarem os estudos destas substâncias.

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