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Brasil ordinário: grandes pessoas em pequenas crônicas

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Academic year: 2017

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SÃO PAULO - JULIO DE MESQUITA FILHO DCSO - Departamento de Comunicação Social

FAAC - Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação Curso de Jornalismo

BRASIL ORDINÁRIO:

GRANDES PESSOAS EM PEQUENAS CRÔNICAS

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SORAIA ALVES NATÁLIA GIROLAMO

BRASIL ORDINÁRIO:

GRANDES PESSOAS EM PEQUENAS CRÔNICAS

Memorial de Projeto Experimental apresentado em cumprimento parcial às exigências do Curso de Jornalismo da Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação, do Departamento de Comunicação Social, da UNESP – Universidade Estadual Paulista “Julio de Mesquita Filho”, para obtenção do título de Bacharel em Comunicação Social - Jornalismo.

Orientador (a) do Projeto Experimental: Prof. Dr. Juarez Xavier

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AGRADECIMENTOS

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Take the time to make some sense of what you want to say and cast your words away upon the waves. […] Please, brother, let it be. Life on the other hand won't make us understand, we're all part of the masterplan.

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SUMÁRIO

1. CAPÍTULO 1 - INTRODUÇÃO ... 8

1.1. Apresentação ... 8

1.2. Objetivos ... 12

1.2.1. Objetivo geral ... 12

1.2.2. Objetivos específicos ... 12

1.3. Justificativa ... 13

1.4. Fundamentação Teórica ... 15

1.4.1. A construção da crônica como gênero jornalístico ... 15

1.4.2. O jornalismo digital como plataforma ... 17

1.5. Metodologia ... 18

2. CAPÍTULO 2 – PRODUTO JORNALÍSTICO ... 21

2.1. Descrição do produto ... 21

2.2. Público Alvo ... 22

2.3. Projeto Gráfico-Editorial ... 22

2.4. Fontes e entrevistados ... 25

2.5. Custos do projeto ... 26

2.6. Equipamentos utilizados ... 27

2.7. Desenvolvimento das atividades ... 27

3. CAPÍTULO 3 – COMENTÁRIOS ... 30

3.1. Dificuldades encontradas ... 30

3.2. Inspirações e referências ... 31

3.3.1. Dados analíticos ... 35

3.3.2. Repercussão entre o público ... 39

3.3.3. Repercussão externa ... 40

3.4. Considerações finais ... 41

4. Referências Bibliográficas ... 43

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Índice de Figuras

Figura 1 Logotipo do Brasil Ordinário ... 24

Figura 2 Foto de Capa página do Facebook ... 24

Figura 3 Printscreen da continuação da homepage com mais fotos; repare que os textos são bem pequenos. ... 32

Figura 4 Printscreen da homepage do Humans of New York ... 32

Figura 5 Printscreen da página institucional e do vídeo de divulgação. ... 33

Figura 6 Página do Achados Humanos no Facebook. ... 34

Figura 7 Página do Achados Humanos: publicações sem periodicidade. ... 34

Figura 8 Resultados do Tumblr ... 35

Figura 9 Segmentação do público no Facebook ... 36

Figura 10 Dias mais visitados no Facebook ... 37

Figura 11 Alcance das publicações no Facebook ... 37

Figura 12 Dados do Google Analytics ... 38

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1. CAPÍTULO 1 - INTRODUÇÃO 1.1.Apresentação

Uma vez estando a internet cada dia mais enraizada no nosso cotidiano, tanto a liberdade quanto as formas de expressão configuram-se variadas e com enorme potencial para aqueles que desejam ser ouvidos. Sem contar os dados de redes sociais, existiam cerca de 150 milhões de blogs pessoais em 2011, de acordo com dados da Pingdom, uma empresa sueca de monitoramento de sites, divulgados na Época.

Em sua maioria, os blogs expressão opiniões pessoais ou compartilham informações. Aparentemente, a crônica, gênero já valorizado, não está acompanhando tão bem a transição para o online, ou ao menos aproveitando a convergência de mídias. Por esta razão, fazer-se-ia extremamente importante resgatar a crônica e adaptá-la para o ambiente digital, visando sua longevidade e também a possibilidade de expansão de seu público.

Sendo a crônica um gênero híbrido que se situa na fronteira entre o cotidiano dos fatos jornalísticos e a narração literária, é importante destacar como surgiram as pesquisas de classificação textual dentro do campo do Jornalismo. Uma das principais preocupações era, justamente, estabelecer uma linha divisória entre as duas variantes.

A crônica possibilita uma liberdade de criação rica e muito peculiar justamente em consequência de sua natureza híbrida. Ou seja, consequente deste seu maior atributo de representar um ponto de intersecção entre o jornalismo e o literário. (TUZINO, p. 15)

A crônica funciona e interage com a audiência enquanto jornalismo quando se apropria de fatos noticiáveis e é literatura quando usa aspectos ficcionais e típicos deste gênero para dar forma ao texto.

Uma das mais importantes características da crônica pode ser explicada uma vez que volta-se a atenção para o significado do vocábulo em si. Crônica deriva da palavra grega chronos, que tem por definição tempo.

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que a mera reprodução dos fatos não poderia expressar.” (ROSSETI; VARGAS, 2006 p.8 e 9).

Assim sendo, tanto a crônica como narração histórica puramente cronológica, quanto o gênero jornalístico livre e pessoal são regidos sempre pelo aspecto de resgate do tempo (BENDER;LAURITO, 1993).

Não obstante, outro ponto de destaque é que ainda sendo a crônica objeto de veneração e grande ramo de atuação para exímios jornalistas e escritores, tais como Vinícius de Moraes, Carlos Drummond de Andrade, Fernando Pessoa, Rubens de Paiva, entre outros, o gênero ainda é considerado menor frente outros. Muito em parte do humor utilizado ou pelo tema essencialmente informal e cotidiano. Sobre isso, disse Antonio Candido:

A crônica não é um “gênero maior”. Não se imagina uma literatura feita de grandes cronistas, que lhe dessem o brilho universal dos grandes romancistas, dramaturgos e poetas. Nem se pensaria em atribuir o prêmio Nobel a um cronista, por melhor que fosse. Portanto, parece mesmo que a crônica é um gênero menor.

“Graças a Deus”, - seria o caso de dizer, porque sendo assim ela fica perto de nós. (CANDIDO apud BENDER;LAURITO, 1993 p. 43)

A crônica como gênero jornalístico tem suas origens no século XIX, nos folhetins de variedades da França. Estes folhetins eram, na verdade, lacunas nos rodapés dos tradicionais jornais impressos, que além das crônicas abriram espaço também para romances publicados em capítulos, entre outros estilos de textos. O objetivo de colocar textos mais leves - como as crônicas - neste local era justamente dar um descanso aos leitores.

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Alguns autores consideram, na verdade, que a crônica foi desenvolvida de maneira tão peculiar aqui no Brasil, tendo como berço o jornal impresso, que não há internacionalmente textos que se comparem. De modo a entender o que o público brasileiro espera do gênero e, assim, direcioná-lo corretamente na internet, é preciso apontar ao que é entendido sobre crônica por aqui.

De acordo com estudos de José Marques de Melo, no exterior a noção de crônica está totalmente atrelada à narração histórica cronológica, enquanto os brasileiros aprendem esta variedade como um texto pequeno sobre o cotidiano atual, geralmente publicado em meios impressos. Somente aqui a crônica tem “a feição de relato poético do real, situado na fronteira entre a informação de atualidade e a narração literária” (MELO, apud TUZINO).

Dentro do conceito de crônica tem-se subdivisões que foram adotadas para delimitar e padronizar os estilos das postagens no Brasil Ordinário. Segundo Beltrão (1980, p 68) é possível identificar as crônicas usando dois critérios principais: o tema e o tratamento dado ao tema. Sobre o primeiro fator, são de três tipos:

Crônica geral: possui espaço determinado no jornal, onde os temas podem ser variados.

Crônica local: também chamada de “urbana”, trata principalmente sobre os assuntos cotidianos das cidades.

Crônica especializada: o autor é um expert em determinado assunto e escreve com louvor sobre ele.

Sobre o estilo do tratamento das mesmas também temos três divisões:

Analíticas: geralmente breve, a maior virtude desta forma é ser objetiva, bem direta ao ponto.

Sentimental: traz à tona o lado emocional do autor, que tenta se conectar ao público por meio da sensibilidade.

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A intenção do Brasil Ordinário é trabalhar com crônicas gerais e locais (em se tratando de postagens urbanas, em sua maioria). Mais além, o estilo que formata o site pende ao sentimental e ao satírico-humorístico. Pretende-se relatar personagens cotidianos com uma linguagem leve, porém elaborada. Também, o quesito humor é imprescindível, uma vez que o público majoritariamente jovem do Tumblr e das redes sociais é o alvo. Tais características podem ser percebidas em todos os textos do, site.

Faz-se necessário também compreender o que a proposta do Brasil Ordinário entende como jornalismo digital para analisar a posição e a construção das crônicas. Em suma, o jornalismo digital se diferencia do tradicional offline devido ao diferente tratamento com relação aos dados, isto é, aos fatos noticiosos, e também referente às relações com os usuários, que acontecem mais bilaterais e livres.

O jornalismo digital é todo produto discursivo que constrói a realidade por meio da singularidade dos eventos, tendo como suporte de circulação as redes telemáticas ou qualquer outro tipo de tecnologia por onde se transmita sinais numéricos e que comporte a interação com os usuários ao longo do processo produtivo. (GONÇALVES apud PINHO 2000, p. 19).

Analisando agora os aspectos mais destoantes do jornalismo digital – não linearidade, fisiologia, instantaneidade, dirigibilidade, qualificação, custos de produção e de veiculação, interatividade, pessoalidade, acessibilidade e receptor ativo (PINHO, 2003) - percebe-se que para a dinâmica do Brasil Ordinário enquanto Tumblr funcionar, deve-se mergulhar mais profundamente em quatro deles.

Primeiro, é importante entender a questão da não linearidade, isto é, nas diversas crônicas postadas no Tumblr, não existe uma sequência a qual seja necessária o leitor seguir. Elas são textos independentes e fogem a regra dos impressos, ou seja, o leitor pode olhar e/ou clicar em qualquer lugar do site.

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enviar vídeos, áudios, seguir outros blogs, enviar notas e comentários aos donos dos outros blogs e etc. São aspectos essenciais para manter a dinâmica das crônicas.

Por último, porém não menos importante, talvez o quesito mais significativo da internet como plataforma e meio de comunicação jornalística: interatividade. Saber o que o público está pensando e gerar discussões acerca dos temas publicados é a maior arma dos jornalistas para sentir o clima e medir a aceitação dos textos. Além disso, no caso do Brasil Ordinário, as pessoas podem enviar fotos para que sejam criadas crônicas a partir das mesmas, assim como comentar os textos e divulgá-los com botões conectados diretamente às redes sociais.

Pode-se dizer que este projeto visa, em primeira instância, trabalhar com o jornalismo digital em todas as suas formas e adaptar o conceito de crônica a ele, criando um site com alto conteúdo texto – visual.

1.2. Objetivos

1.2.1. Objetivo geral

Criar um site de crônicas com teor jornalístico e belas fotos capazes de captar a essência das personagens cotidianas que constroem a história de nosso país, tendo como base os estudos sobre a crônica e os conceitos do jornalismo digital.

1.2.2. Objetivos específicos

 Adaptar a crónica, enquanto gênero jornalístico, ao ambiente da internet, visando sua perpetuação e também para que seja possível explorar a convergência de mídia dentro desse tipo de texto.

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 Atribuir destaque e protagonismo às personagens cotidianas por meio das crônicas. São elas que ajudam a desenvolver e a escrever os rumos de nosso país.

 Compreender e aplicar os conceitos do jornalismo digital e entender melhor sua relação na construção e na utilização de uma “cultura de rede” por parte dos usuários.

1.3.Justificativa

A ideia de criar um site com crônicas baseadas em pessoas que encontramos no dia a dia surgiu da necessidade de apresentar uma alternativa contemporânea e eficiente da junção entre o jornalismo digital e a crônica jornalística.

O jornalismo, tradicionalmente como o conhecemos, está passando por um momento de transição, no qual os veículos de comunicação impressos têm perdido um considerável espaço entre os leitores, enquanto os meios de comunicação digitais vêm se tornando cada vez mais populares entre o público. Esses têm assumido o papel de centro de referência, principalmente na busca por informação e atualização sobre o que está acontecendo no mundo.

A internet é uma ferramenta de comunicação bastante distinta dos meios de comunicação tradicionais – televisão, rádio, cinema, jornal e revista. Cada um dos aspectos críticos que diferenciam a rede mundial dessas mídias – não linearidade, fisiologia, instantaneidade, dirigibilidade, qualificação, custos de produção e veiculação, interatividade, pessoalidade, acessibilidade e receptor ativo – deve ser mais bem conhecido e corretamente considerado para o uso adequado da internet como instrumento de informação. (PINHO, J. B p. 49)

Nesse contexto, há a necessidade de adaptação do jornalismo, assim como suas áreas especializadas. É importante não só encontrar uma forma de encaixar o modelo das crônicas na internet, mas também estimular o leitor a se interessar pelo texto, além de apresentar um conteúdo relevante e que vá de encontro com a proposta desse gênero jornalístico tão popular nos primeiros jornais de circulação nacional, com a missão de transmitir um relato dos fatos semanais, proposta que se mantém até os dias de hoje.

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como no caso das produções de Veríssimo e Arnaldo Jabour, fica durante dezenas de semanas nas listas dos mais vendidos. É, sem dúvida, um fenômeno de aceitação popular, o contato mais cotidiano do brasileiro com os

grandes autores da língua. (SANTOS, Joaquim Ferreira dos p. 14)

Sendo assim, torna-se pertinente a experiência de crônicas diárias veiculadas através dos meios digitais, como forma de manutenção do estilo e renovação não só para os moldes da web, mas também para o tipo de leitor que o jornalismo digital está criando.

Para esse novo leitor, o aspecto visual é tão importante quanto o conteúdo. Uma vez atentando para esse fato, usamos a fotografia como recurso a ser integrado às crônicas. A imagem, então, torna-se uma alternativa complementar tanto para o cronista

flâneur (espécie de andarilho que comenta o que vê pelas ruas), quanto para o leitor que pode não só aumentar sua experiência com o texto, mas também utilizar da imagem para sua própria interpretação dos fatos.

As adaptações sugeridas, como o uso de imagens e a criação de textos mais curtos, que se encaixam ao modelo entendido como ideal ao novo leitor digital, buscam fazer uma integração entre o que é fundamental ao jornalismo digital e às crônicas. É preciso pensar desde as plataformas de conectividade à internet (smartphones, tablets,

etc.), até as características originais das crônicas.

A crônica brasileira tem uma cara própria, leve, bem-humorada, amorosa, com o pé na rua. Quase 150 anos depois de instaurada os jornais, ela apresenta uma espetacular capacidade de se reinventar e se comunicar com o leitor. (SANTOS, Joaquim Ferreira dos p. 13)

Outro ponto a ser analisado é o uso dos meios de divulgação presentes na web para o compartilhamento das crônicas. Assim, as redes sociais ganham papel fundamental no processo de difusão dos textos e conhecimento do retorno emitido pelo público, ou seja, o impacto que cada crônica casa ao leitor. Esse processo de respostas diretas e imediatas é mais uma característica do jornalismo digital, e mais uma mostra da adaptação do gênero que precisa ser abordado e entendido.

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25% no impresso. Isto está atrelado intimamente à usabilidade da internet e à maior independência do leitor propiciada pela mesma.

Por fim, a produção de crônicas permite a prática de um jornalismo próximo ao público. Traz a possibilidade de dissertar sobre diversos temas contemporâneos, sempre com o jornalista utilizando de um olhar atento aos detalhes do dia a dia e que dão origem a cada história.

[...] a crônica está no detalhe, no mínimo, no escondido, naquilo que aos olhos comuns pode não significar nada, mas, puxa uma palavra daqui “uma reminiscência clássica” dali, e coloca-se de pé uma obra delicada de observação absolutamente pessoal. O borogodó está no que o cronista escolhe como tema. (SANTOS, Joaquim Ferreira dos p. 15)

É também essa possibilidade de trabalhar tão próximo aos indivíduos comuns espalhados por lugares diferentes, que faz a experiência do Brasil Ordinário tão rica para as pesquisadoras do projeto.

1.4. Fundamentação Teórica

A construção do projeto Brasil Ordinário foi embasada a partir da discussão de aspectos, características, definições, conceitos, entre outros detalhes, a respeito da crônica como gênero jornalístico e sobre a aplicação de teorias acerca do jornalismo digital.

1.4.1. A construção da crônica como gênero jornalístico

Estando a origem da crônica ligada intrinsecamente à continuidade temporal de cada nicho da sociedade ou organização social, surge, então, a ideia de que a crônica é um texto construído sob as premissas conotativas e denotativas da linguagem do autor (PEREIRA, 1994).

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de aliar a noticiabilidade com a liberdade de discurso possibilita, entre outras opções, que o narrador seja ausente na crônica e que os diálogos representem o significado do texto.

Podem ser encontrados na crônica os mesmos recursos estilísticos dos outros gêneros. Linguagem metafórica, alegorias, repetições, antíteses, paradoxos, gradação, metonímia, hipérbole, eufemismo, ironia, diminutivos afetivos, aumentativos depreciativos, suspense... tudo que a elaboração literária permite pode estar lá naquele texto, jornalístico também. (BENDER; LAURITO 1993, p 76)

Assim sendo, a crônica é justificadamente categorizada na área do jornalismo uma vez que sua narrativa possui alto grau de independência de linguagem, conteúdo e estética, não se restringindo somente aos preceitos jornalísticos ou literários (PEREIRA, 1994).

A dinâmica dos cronistas se antecipa ao processo jornalístico, uma vez que eles observam o cotidiano e dele retiram a matéria-prima de seus textos, precisando esperar para apurar uma situação que já aconteceu. Por isso, fala-se que a crônica é mais atual e não necessariamente com data de validade como as matérias e reportagens tipicamente jornalísticas.

Ao trabalhar com a crônica é necessário que tudo seja analisado segundo a perspectiva subjetiva da interpretação, ou seja, pelo ângulo da reinvenção do real; não obstante a forma de atuação do cronista deve sempre se pautar pela leveza e pela liberdade, de modo que a intenção aparente seja a de que o texto pretende apenas ficar na superficialidade de seus próprios comentários (SÁ, 2005).

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1.4.2. O jornalismo digital como plataforma

Um dos maiores desafios e possibilidades em se trabalhar com o jornalismo digital é entender e aplicar de maneira eficiente e criativa toda a convergência propiciada pelas inúmeras opções de conteúdo da internet. Além da necessidade em lidar com as várias mídias dentro da rede, configura-se importante trabalhar com um olhar multidisciplinar, aliando à pauta conhecimentos comerciais de marketing, uma vez sendo o campo na internet mais disputado.

No que se refere à linguagem do texto digital, a indicação é para criar uma linha entre o jornalismo impresso e o eletrônico, sendo mais minimalista e multimídia; contudo, mais rico em detalhes do que o televisivo (FERRARI, 2008).

Um bom texto de mídia eletrônica usa sentenças concisas, simples e declarativas, que se atêm a apenas uma ideia. Evitam-se longos períodos e frases na voz passiva. (...) O público online é mais receptivo para estilos não convencionais, já que o leitor não tem tanto compromisso ao navegar. (FERRARI, 2008, p 49)

Mais além, faz-se necessário compreender que existem alguns valores a serem observados para que se tenha um site de conteúdo com sucesso, sendo quatro deles estratégicos e quatro deles táticos. Todos eles foram base para a criação do Brasil Ordinário. Segundo a definição de J.B Pinho (2003) são eles:

Estratégicos

Identidade: se refere à marca, àquilo que faz a audiência reconhecer os elementos de determinada empresa/pessoa; esteja em qualquer parte ou página do site, a identidade precisa ser marcante e rapidamente notável.

Impacto: é o que dá o que falar, é criativo e se relaciona com o público diretamente, para que haja uma alta taxa de retorno ao site.

Audiência: é o aspecto que capta a capacidade de satisfazer o desejo de consumo do público escolhido.

Competitividade: tem a ver com a habilidade de se manter vivo na competição pela audiência.

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Design: é o que transpõe os objetivos e a identidade do site para o plano visual; o que capta a atenção do público no primeiro contato.

Conteúdo: é o que faz o site viver, a matéria-prima.

Produção: se refere ao backstage do site, a construção da programação propriamente dita; no caso de sites com layout e códigos prontos, tem a ver com a escolha correta dos aspectos que mais se apliquem ao conteúdo e proposta do site.

Utilidade: se relaciona com as possibilidades dos usuários utilizarem todas as opções do site de maneira eficiente e rápida.

Faz-se necessário, também, adquirir conhecimentos sobre o conceito de arquitetura da informação. Se no jornal impresso a diagramação é a responsável por dispor as informações da melhor maneira possível, no ambiente digital é a arquitetura o sistema de organização da navegação com a função de oferecer aos usuários o que eles procuram de maneira rápida e eficiente. O Brasil Ordinário procura seguir a seguinte orientação:

Fornecer o que o usuário procura até o terceiro clique. Um site com boa arquitetura da informação terá como principal qualidade a característica de fornecer ao usuário o que ele está buscando no máximo em seu terceiro clique. Prever um gerenciamento do conteúdo. Atualizações, histórico de arquivos, novas implementações, estatísticas de acessos, monitoramento dos visitantes, interações entre áreas do conteúdo e entre outros usuários, manutenção de links e etc. (BEZERRA apud PINHO, 2002)

1.5.Metodologia

O processo de criação do Brasil Ordinário é baseado na escrita de crônicas diárias, inspiradas por pessoas comuns, que se tornam personagens centrais de histórias que tratam do cotidiano brasileiro, já que é característica da crônica jornalística utilizar-se do comum, por vezes até mesmo o banal, como matéria-prima do tema que pretende abordar.

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do sol e da lua, outras sobre a febre amarela, manda-se um suspiro a Petrópolis, e La glace est rompue; está começada a crônica. (ASSIS, Machado p. 13)

Por se tratar de textos veiculados na internet, foi preciso buscar uma plataforma para a postagem das crônicas, e o Tumblr mostrou-se o mais adequado. A rede social foi criada em 2007, pelo norte-americano David Karp, e hoje reúne mais de 57 milhões de blogs, com cerca de 131 milhões de visitantes ao mês, dos quais 49 milhões são brasileiros, segundo dados da revista INFO (Ed. 317, junho 2012). O endereço do Brasil Ordinário é: www.brasilordinarioposts.tumblr.com.

A plataforma tem por característica disponibilizar um serviço complementar aos seus usuários, que podem fazer postagens de fotos, textos e vídeos, além de possibilitar a interação do público com comentários, “likes” no post (uma espécie de aprovação) e o compartilhamento do material.

O Potencial da nova mídia tornou-se um instrumento essencial para o jornalista contemporâneo e, por ser tão gigante, está começando a moldar produtos editorias interativos com qualidades atraentes para usuários: custo zero, grande abrangência de tema e personalização.”. (FERRARI, Pollyana p. 38)

Com o gênero jornalístico e a plataforma definidos, consideramos o método de abordagem a ser utilizado. Trata-se de uma busca pelas figuras que se tornarão as personagens de cada história. Tanto a captação de depoimentos pessoais da personagem escolhida, quanto à observação de situações corriqueiras valem como matéria bruta a ser desenvolvida no texto.

Tais personagens e situações são registrados em fotografia, que terá a função de parte ilustrativa da crônica. Assim, o texto é disponibilizado em formato de post digital no Tumblr de nome Brasil Ordinário. Cada post segue o formato de título + imagem + texto + tags, com esse último apresentando os métodos tradicionais da crônica jornalística. São postadas duas crônicas por dia durante a semana e uma no sábado e no domingo.

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páginas em Antigamente (I e II). Já entre algumas das regras que fazem parte do chamado Webwriting - conjunto de técnicas e ferramentas que auxiliam na construção de distribuição de conteúdo no meio digital – é citado que, em média, 29 linhas de texto ficam expostas na tela sem que o leitor precise rolar o texto para baixo, sendo um primeiro tamanho ideal para conquistar esse leitor.

Sendo assim, as crônicas apresentadas não são muito longas, casando também com a intenção inicial de se apresentar uma breve análise do cotidiano brasileiro.

Para o método de procedimento foi necessário um levantamento bibliográfico sobre as crônicas jornalísticas, desde sua origem até a forma como essas se apresentam hoje. Além, disso, um estudo sobre o jornalismo digital, assim como o momento de transição pelo qual o jornalismo tradicional tem passado, foi também fundamental.

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2. CAPÍTULO 2 – PRODUTO JORNALÍSTICO

2.1.Descrição do produto

O Brasil Ordinário é um projeto que pretende juntar duas frentes distintas do jornalismo tradicional e digital, enquanto tenta estimular os leitores a lançarem um olhar mais atento e delicado para o cotidiano brasileiro e as figuras que o compõem.

Sua proposta é utilizar da plataforma digital, no caso a rede social Tumblr, para divulgar duas crônicas diárias – nos finais de semana uma por dia - jornalísticas e suas respectivas fotos. As personagens são pessoas do dia a dia brasileiro. Enquanto uma parcela do Brasil é retratada, o leitor tem a oportunidade de refletir sobre a cena e/ou personagem através da leitura da crônica apresentada no site.

A crônica, apesar de sua tradição no âmbito jornalístico, passa por um processo de adaptação e renovação de sua estrutura na tentativa de se enquadrar ao novo estilo de jornalismo apresentado na web: mais dinâmico, multivisual e que apresenta um leitor também interativo. Por esta razão deu-se a escolha do meio digital, objetivando obter a harmonia entre tema, plataforma e público.

A ideia do produto mescla, então, as adaptações necessárias às crônicas para o mundo digital, ao mesmo tempo em que estimula o público a consumir esse formato de jornalismo especializado, com base na trivialidade. É um gênero mais leve e atual. Contudo, carrega também a factualidade típica do jornalismo, e o poder de atingir o público pela veia emocional, propiciando, em última instância, a reflexão social.

Toda a linguagem foi pensada e construída tendo por base a informalidade, de modo a se aproximar da realidade do leitor. Pretende-se conceder destaque àquelas personagens do dia a dia que fazem do nosso País o que ele é, com fotos e textos que emocionam e geram reflexão social.

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fotográfico, não esquecendo das técnicas de entrevista também necessárias para o bom acompanhamento das personagens.

2.2.Público Alvo

Tendo em vista que o público na internet é extremamente heterogêneo e segmentado foi necessário pensar em um formato que combinasse texto, foto e layout para atingir de maneira eficaz o target. Foi idealizado uma faixa do público majoritariamente jovem, dos dois sexos, entre 18 e 30 anos, com acesso total às redes sociais – uma vez que a divulgação do Brasil Ordinário é feita através das mesmas.

Outra característica da audiência do projeto é o aspecto da escolaridade. Os fãs da página do Brasil Ordinário no Facebook são quase todos universitários, o que confere ao site um tom jovial e informal, indo de encontro ao gênero jornalístico escolhido.

A partir dos dados obtidos pelo monitoramento do site, pode-se apreender que o público, em sua maioria, é residente do Brasil. Contudo, há acessos em outros países, tais como Estados Unidos, França e Inglaterra. Isso prova que mesmo sendo o português o idioma escolhido, a universalidade do tema faz com que tal situação seja possível, assim como a utilização de imagens em todos os textos, aumentando o caráter universal do projeto, já que imagens transmitem ideias e mensagens por si só.

2.3.Projeto Gráfico-Editorial

A linha editorial adotada pela iniciativa se apropria de um discurso pluralista, apartidário e de livre comunicação. A política é totalmente contra quaisquer tipos de discriminação, tanto de temas quanto de pessoas. Pretende-se, portanto, comunicar diferentes crônicas com assuntos variados e segundo uma perspectiva livre e leve.

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sem deixar de lado a coesão e a aplicação da norma culta, sempre com um tom mais impessoal. Mais além, a escolha dos entrevistados, quando foi o caso, ocorreu de acordo com os temas a eles relacionados. Assim, quando houve o interesse despertado pela pessoa para um possível texto, colocou-se em prática as técnicas de entrevistas para que pudesse ocorrer a aproximação.

Devido à matriz informal e a todas as aplicações disponíveis na plataforma, o Tumblr foi o meio escolhido para dar suporte ao Brasil Ordinário. A rede hospeda gratuitamente vários sites, desde blogs pessoais até coletâneas de matérias jornalísticas. Nele há duas possibilidades: escolher entre as várias opções de design pré-definidos ou pagar e desenhar o seu próprio. É importante destacar que os designs variam de acordo com o tema e como objetivo da página. Por exemplo, se o intuito é dar destaque às fotos, existe um layout próprio, que visa aumentar a visibilidade das mesmas. No caso deste projeto, optou-se por um layout gratuito que privilegia as fotos e os breves textos, colocando-os lado a lado, como em um grid de jornal impresso.

Mais além, o roll out da página foi pensado para que seja possível acessar todo o conteúdo sem que seja necessário trocar de página, ajudando no user friendly, um dos principais conceitos do jornalismo digital. Outro ponto essencial foi seguir a orientação de oferecer ao leitor a informação procurada em até três cliques, por isso, a descrição do projeto fica no alto da página, assim como o email de contato.

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Autor: Elaborado pelas autoras.

Autor: Os Gêmeos.

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2.4.Fontes e entrevistados

Os entrevistados foram escolhidos aleatoriamente, segundo critérios de interesse das autoras do projeto. Isto é, aquelas situações ou pessoas que configuraram-se como inspiradoras e como uma boa fonte de informações foram retratados. A aproximação era feita conforme as técnicas de entrevista aprendidas nas aulas teóricas, contávamos um pouco do projeto e conversávamos informalmente com a pessoa, colhendo material para, depois, tirar uma foto e publicar no site.

Uma questão importante nesse aspecto é o uso da imagem. Por isso, faz-se necessário esclarecer que devido aos fins da imagem e ao conteúdo da mesma não foi preciso pedir consentimento escrito. De acordo com o artigo 221 da Constituição Federal, pode-se acrescentar à atividade jornalística e, consequentemente, ao uso da imagem os princípios que regem a Comunicação Social:

“I – preferência a finalidades educativas, artísticas, culturais e informativas;

II – promoção da cultura nacional e regional e estímulo à produção independente que objetive sua divulgação; III – regionalização da produção cultural, artística e jornalística, conforme percentuais estabelecidos em lei;

IV – respeito aos valores éticos e sociais da pessoa e da família.”

Mais além, outros aspectos da lei civil também ratificam a exposição da imagem para fins informativos de acordo com o fator da locação, ou seja, independe de autorização expressa imagens em locais públicos, tais como de pessoas caminhando em parques, torcedores nas arquibancadas de estádios ou aposentados sentados em bancos de praças, desde que não acarrete vexame ou constrangimento. Nesses casos, não se aplica o pedido de indenização por parte das pessoas alvo de fotografia.

Sendo assim, uma vez que todas as fotos do Brasil Ordinário se dão em ambientes públicos e nenhuma delas capta momentos pessoais, de intimidade ou causadores de constrangimentos diversos, somente a concessão verbal serve de subsídio para a publicação no site.

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2.5.Custos do projeto

Utilizando a internet como principal fonte para a manutenção e divulgação do projeto, o Brasil Ordinário acabou tendo como recursos básicos o uso de equipamentos eletrônicos. A utilização de materiais literários também foi essencial para a fundamentação teórica do trabalho, além de servirem como uma espécie de guia que ajudou no andamento sequencial de cada texto.

Assim, temos os seguintes custos para o projeto final:

2.5. A. RECURSOS MATERIAS DA PESQUISA

Itens Descrição Custo

2 Computador R$ 2.200,00

2 Câmera Fotográfica R$ 2.000,00

6 Livros R$ 300,00

2.5. B. RECURSOS MATERIAIS DA PESQUISA (do pesquisador)

Itens Descrição Custo

6 Impressão do

projeto R$ 300,00

2.5. C QUADRO DO ORÇAMENTO / CUSTO ESTIMADO DO PROJETO DE PESQUISA

Itens Especificação Custo

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--- Materiais de Consumo R$ 300,00

--- Materiais Permanentes R$ 1.500,00

Total R$ 4.800,00

2.6.Equipamentos utilizados

Os equipamentos utilizados para levar o Brasil Ordinário ao ar consistem em objetos eletrônicos fundamentais para tirar cada fotografia das personagens escolhidas, redigir as crônicas, fazer a postagem do material completo no Tumblr e, posteriormente, a divulgação do trabalho nas redes sociais.

Sendo assim, cada pesquisadora utilizou de uma câmera fotográfica para registrar a personagem a ser analisada, e que originaria a crônica daquele dia. Cada pesquisadora também contou com o auxílio de um computador pessoal para redigir os textos, postá-los na plataforma do site, o Tumblr, e divulgá-los na página do Facebook.

Como eventuais equipamentos de apoio aparecem papel, caneta, gravadores e celulares, que em alguns casos foram utilizados para registrar o depoimento das personagens ou, no caso dos celulares, até mesmo fotografá-los. Tais equipamentos, porém, foram usados de forma bem esporádica, e basicamente não avaliada, por isso constam no relatório apenas como detalhes e não estão listados como objetos utilizados no recurso da pesquisa, até mesmo porque tais adicionais foram utilizados de forma diferente entre as pesquisadoras.

2.7.Desenvolvimento das atividades

O processo de desenvolvimento do Brasil Ordinário aconteceu de forma diária pelo período de um mês, com as postagens sendo iniciadas no dia 25 de dezembro de 2013 e terminando no dia 25 de janeiro de 2014.

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semana esse número reduz para uma postagem ao dia (uma crônica no sábado, e uma crônica do domingo). Segue-se a regra de o primeiro post ir ao ar no período diurno (manhã ou tarde), e o segundo ser divulgado no período noturno (geralmente nos horários de mais pico de usuários nas redes sociais).

O desenvolvimento de cada texto deu-se de acordo com a personagem retratada na fotografia do dia. Portanto, o processo de construção de cada crônica aconteceu da seguinte forma:

Cada pesquisadora tem a responsabilidade de encontrar uma figura interessante e ao mesmo tempo comum, em lugares que fazem parte do seu dia a dia. Ao identificar em tal pessoa/situação o potencial factual e literário para uma crônica, tira-se a foto do indivíduo e tenta-se uma aproximação com a personagem, ou vice-versa, seja por uma conversa de caráter mais informal ou a utilização do esquema “perguntas e respostas”, o mais típico na abordagem da entrevista jornalística.

Cabe dizer que algumas vezes as situações apresentadas consistiam em observações em que as personagens humanas estão ocultas em um primeiro olhar, mas aparecem de forma intrínseca ao contexto do fato. É o caso de fotos como placas, pichações e monumentos de grandes cidades, como São Paulo. Por trás de cada frase em um muro ou peso histórico de um lugar é possível fazer uma análise sobre as pessoas envolvidas nessas situações ou momentos e, consequentemente, extrair personagens ricos e essenciais às crônicas.

A partir daí, com a foto fazendo o papel de matéria bruta, as pesquisadoras desenvolviam seus textos utilizando a fotografia como base para a crônica do dia. Os textos procuram seguir as regras da crônica literária, mantendo a narração do factual, porém utilizando-se de uma linguagem mais rebuscada e semelhante aos textos literários.

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Embora não tenha sido estipulado um número mínimo ou máximo de caracteres para cada crônica, tem-se em mente o fator “texto para web”. Isso significa não escrever crônicas muito longas, uma vez que as pesquisas mais atuais sobre jornalismo online mostram que o leitor digital está cada vez mais “preguiçoso” quanto ao tamanho dos textos, procurando consumir muitas matérias diferentes, porém com o conteúdo cada vez mais enxuto.

Com o texto pronto e revisado – cada pesquisadora também tem por função conferir, revisar e, por vezes, editar o texto da colega - passa-se à etapa da postagem da crônica como texto online.

Utilizando a rede social Tumblr como plataforma do site Brasil Ordinário, as pesquisadoras fazem o upload da fotografia (que é nada mais do que subir a foto no site), colam o texto logo abaixo e o título da crônica acima. Temos, então, um post no formato “título + foto + texto”, terminando com a assinatura da redatora.

Além disso, por se tratar de um produto online, cada crônica também ganha tags em um campo de preenchimento específico para elas. Essas tags são palavras utilizadas para classificar o assunto abordado no texto e que ajudam no rankiamento da matéria/texto em páginas de busca como o Google, além de serem “regras” básicas de SEO e Webwriting, técnicas que auxiliam na formatação e desenvolvimento do texto.

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3. CAPÍTULO 3 – COMENTÁRIOS 3.1.Dificuldades encontradas

Com a liberdade proposta pelo projeto, no qual as personagens são escolhidas de forma aleatória e individual, as dificuldades encontradas, em relação aos indivíduos, não foram muito grandes. Em alguns casos, a personagem escolhida negou-se tanto a tirar a foto, quanto conversar com cada pesquisadora. Nesse caso, a personagem em questão precisou ser substituída por outra mais aberta.

Em outras ocasiões, porém, algumas pessoas se recusavam a conversas ou responder às perguntas, mas não viam problema algum em tirar as fotos. Nessas ocasiões, a mudança de personagem não se faz necessária, uma vez que é possível retirar uma observação/lição desse próprio fato para a construção de uma crônica.

As dificuldades quanto à manutenção do site e redes sociais também não foram extremamente complicadas. Em relação ao site, a utilização da plataforma Tumblr facilitou tanto a construção das crônicas quanto a propagação do site dentro dessa rede.

Já nas redes sociais, no caso o Facebook, a grande dificuldade deu-se pelo fato de a rede estar restringindo cada vez mais a forma com que anúncios e propagandas de empresas, sites e produtos são propagados na rede. Antes, era possível divulgar sua página com mais liberdade e facilidade. Hoje, após uma série de mudanças em sua política interna, o Facebook limita ou abrange o alcance de cada página mediante o pagamento de taxas para a divulgação do produto.

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3.2.Inspirações e referências

A idéia de criar um site com textos em forma de crônica que retratassem o cotidiano de pessoas comuns, porém dotadas de extraordinários pensamentos e vivências surgiu a partir do conhecimento de um site americano, também hospedado no Tumblr, chamado “Humans of New York” (www.humansofnewyork.com), do fotógrafo Brandon Stanton.

Ele começou o site no verão de 2010, com a idéia de fazer um censo fotográfico da cidade de Nova Iorque. Stanton tira fotos e as publica tanto no site quanto na página do Facebook - esta tem mais de dois milhões de fãs; o Tumblr tem mais de um milhão de seguidores. Em adição a estas duas redes sociais, a iniciativa ainda tem um Twitter, que não é muito utilizado. O projeto deu tão certo que a repercussão na mídia americana foi bastante intensa como prova a figura 5. Em adição ao próprio site e aos perfis nas redes sociais, o Humans possui uma espécie de vídeo institucional que apresenta o projeto e também serve como material de divulgação para canais audiovisuais.

Ainda que servisse de inspiração, o Humans of New York é bem diferente no que se refere ao estilo do Brasil Ordinário. A começar pela predominante temática humana, o que no nosso projeto por vezes é deixada de lado para falar de um hábito, lugar ou apenas situação no Brasil. Mais além, o estilo do texto do site americano é bem mais aberto, sendo composto na maioria das publicações por transcrições exatas e completas do diálogo que o fotógrafo teve com a determinada pessoa ou apenas de uma palavra ou legenda. O gênero da crônica raramente aparece e, por consequência, o caráter jornalístico também não.

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Figura 3 Printscreen da continuação da homepage com mais fotos; repare que os textos são bem pequenos.

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Outro projeto que vai na mesma linha do Brasil Ordinário e serviu de motivação pela temática é o “Achados Humanos”, de Camila Venson. Na página, que é um perfil do Facebook, não tendo site externo à rede social, ocorrem publicações sem uma periodicidade definida de fotos com um pequeno texto, que não chega a ser uma crônica e nem uma “entrevista”, como no caso daqueles de Stanton. Em muitos casos, na verdade, somente a foto é publicada, dando destaque ao efeito visual e puramente humano da iniciativa.

A página de Venson tem mais de treze mil fãs, mas não se importa em dar a estes um conteúdo sempre atualizado, um grande requisito para se ter a fidelidade em mídias sociais. Para que o produto seja relevante em seu nicho e atraia mais admiradores é preciso manter um relacionamento com atualizações constantes, como não ocorre aqui.

Destacando primariamente estas duas diferenças essenciais: o ritmo de postagem e a falta de consistência do texto, pode-se dizer que o Brasil Ordinário é um pioneiro neste tipo de web jornalismo, ainda mais por estar inserindo no Tumblr.

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Figura 7 Página do Achados Humanos: publicações sem periodicidade. Autor: Elaborado por Camila Venson

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3.3.Resultados

3.3.1. Dados analíticos

Para o período de um mês em que esteve no ar, o Brasil Ordinário juntou o número de 53 crônicas publicadas em seu site. O projeto repercutiu com resultados formados tanto pela aceitação das crônicas por parte do público, quanto pela repercussão dos textos nas redes sociais e em outros veículos de comunicação.

No site, a plataforma Tumblr possibilita que outros usuários, donos de blogs na mesma rede, sigam os sites e blogs que mais gostam. O Brasil Ordinário conta com 09 seguidores do site, sendo 07 usuários brasileiros e 02 de localidades não identificadas. Outros usuários aparecem apenas curtindo e compartilhando algumas crônicas, sem se vincularem ao site como seguidores. Esses usuários aparecem interagindo de forma aleatória com o projeto, basicamente gostando de uma crônica em específico, e deixando a impressão de que não se configuram leitores regulares do projeto.

Vale ressaltar que de acordo com os dados disponibilizados pelo Tumblr, a crônica mais lida e que causou maior interação por parte dos usuários da plataforma foi “São Paulo, São Paulo”, com 06 interações na plataforma, sendo uma delas a repostagem (reblog) do texto em outro site.

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No Facebook, os dados até o momento do fechamento desse relatório são de 141 likes na página, o que significa que 141 pessoas seguem as postagens diárias do Brasil Ordinário e um alcance total de 533 leitores para todos os textos. Esse número tornou possível que o alcance do site chegasse, na semana de 18/01 a 25/01 a 527 pessoas diferentes, de acordo com a forma com que o Facebook promove a interação entre seus usuários.

Dessas 141 pessoas, 56% são mulheres e 44% homens, com a maior parte do público composta por jovens entre 18 e 35 anos. 102 dessas pessoas encontram-se no Brasil, tendo o estado de São Paulo como maior representante dentre os usuários ativos da página.

Também podemos concluir, pelos dados apresentados pelos gráficos analíticos do Facebook que o site manteve momentos declínios e picos alternados. Essa oscilação é normal em todos os veículos online, e está diretamente ligada ao engajamento do público ao longo dos diferentes dias da semana e horários de navegação na internet, por

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exemplo. Assim, vemos que o horário de mais visualizações na página fica em torno das 17:00 horas, enquanto o período da madrugada apresenta o menor número de acessos. É possível observar, também, que os acessos nos começos das semanas, nas segundas-feiras e terças-segundas-feiras são menores do que do meio da semana em diante.

Figura 10 Dias mais visitados no Facebook

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Visando obter todo o retrato de acessos do site também foi criado um Analytics do site. A ferramenta online e gratuita do Google traça um panorama de acessos, públicos e demais variáveis do Tumblr. De acordo com o relatório que abrange todo o mês de atividade do projeto, as páginas tiveram mais de 1.200 visualizações e quase 500 visitantes únicos, sem contar a origem dos acessos: de várias partes do mundo. Estes dados são importantes, pois provam que os leitores geralmente não liam apenas um texto, eles navegavam por uma ou mais crônicas. Não obstante, a curva exponencial de acesso prova que ao longo do tempo o site foi ganhando fãs e os acessos não pararam de crescer, o que prova evolução e consistência do jornalismo ali praticado.

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3.3.2. Repercussão entre o público

Como aceitação e repercussão entre o público, temos por base os números apresentados pelo Facebook em cada postagem. Podemos observar os textos que mais geraram reação e engajamento do público dentre as 53 crônicas postadas. Assim, elencamos as 10 crônicas mais destacadas pelos leitores:

1° - “Quando a realidade te rouba as palavras” – alcance gerado: 216 pessoas.

2° - “Ah, o verão!” – alcance gerado: 211 pessoas.

3° - “Desculpe, mas hoje eu vou falar de mim” – alcance gerado: 208 pessoas.

4° - “Grande abraço, Soraia” e “Na pele, na brevidade do pra sempre” – alcance gerado: 185 pessoas.

5° - “Leitura do dia” – alcance gerado: 167 pessoas.

6° - “Um estranho no ninho” – alcance gerado: 166 pessoas.

7° - “Menos selfie shot” – alcance gerado: 158 pessoas.

8° - “O dia em que me apaixonei à primeira vista” – alcance gerado: 148 pessoas.

9° - “Diferente, não mais que diferente” e “E tudo tem dois lados!” – alcance gerado: 143 pessoas.

10° - “Fazendo arte” – alcance gerado: 141 pessoas.

Também contamos com a observação de mensagens e elogios recebidos tanto no perfil do projeto, a página oficial do Brasil Ordinário no Facebook, quanto nos perfis pessoais de cada idealizadora do trabalho. Entre os comentários recebidos, segue o destaca para a mensagem enviada pela leitora Milena Grigoleti:

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3.3.3. Repercussão externa

Foi muito interessante notar que mesmo sem nenhuma publicidade paga e patrocinada o projeto Brasil foi contemplado com uma matérias em mídia externa logo no seu primeiro mês de vida.

A iniciativa foi citada e elogiada por sua iniciativa pelo site Irresistíveis (www.irresistíveis.com.br). O site exalta o empreendimento em se fazer um Trabalho de Conclusão de Curso com crônicas encaixadas às fotos que representam o dia a dia de grande parte da população brasileira. O artigo sobre o projeto saiu no dia 1º de janeiro.

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3.4.Considerações finais

Após a conclusão do projeto inferiu-se que a escolha do tema foi muito relevante tanto pelo aspecto social do jornalismo ali empregado quanto pela lacuna que este preencheu, isto é, existe esta oportunidade no jornalismo na web, uma vez que os resultados neste primeiro mês indiciam que o público está aberto ao gênero da crônica e seu estilo de texto.

É importante destacar que a escolha de fazer as postagens dentro do período de um mês foi determinada de modo a deixar o experimento com periodicidade típica de uma iniciativa empírica, sem deixar de lado que o período de férias é mais propício a propagação de sites. Em adição a isso, a dinâmica de duplas publicações ao dia treinou a disciplina das realizadoras, qualidade que será amplamente utilizada nas redações Brasil a fora.

A oportunidade de enxergar além das simples situações rotineiras e realmente encarar a realidade do outro, muitas vezes marginalizado, foi, de fato, um dos maiores ganhos para as pesquisadoras. Uma vez que na loucura do dia a dia muitas vezes esquecemos o lado social e mesmo humano do jornalismo. Conhecer as pessoas que retratamos no texto, juntamente com todo o processo de fotografá-las e pensar na redação do texto nos proporcionou um crescimento pessoal e profissional imenso.

Além de ter sido possível experienciar a rotina do web jornalismo, com todas as suas especificidades, é possível afirmar que as técnicas de abordagem e entrevistas foram desenvolvidas em alto nível, assim como o estilo próprio do texto de cada uma pode ser estabelecido ao longo das postagens.

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Outro fator que merece ser destacado é a relevância em se trabalhar com um gênero jornalístico que atualmente encontra-se negligenciado dentro dos parâmetros do web jornalismo: a crônica. A intenção em buscar suas origens e suas características de modo a adaptá-la ao meio digital foi essencial para que o texto do Brasil Ordinário pudesse, de fato, ser um retrato em forma de crônica e honrasse seus preceitos e suas personagens. A proposição de redigir textos com a formatação do site pendendo ao sentimental e ao satírico-humorístico foi concretizada, já que as crônicas eram leves e, assim, se relacionavam facilmente aos leitores.

A oportunidade de trabalhar com um público segmentado e exigente como o online foi um grande treinamento, uma vez que apreender o que esta heterogênea audiência espera e quer foi um desafio a parte na construção dos textos, do layout do site e na continuidade do projeto como um todo.

Em suma, toda a construção do projeto, desde sua primeira concepção até a redação deste relatório foi uma experiência mais que satisfatória, tanto pela oportunidade de fazer a dobradinha entre jornalismo e web entretenimento quanto pela oportunidade de conhecer pessoas extraordinárias e, mesmo que por um breve momento, fazer parte da história da vida delas. É altamente provável que o projeto continue devido à receptação sentida por parte do público e também pelo nosso envolvimento pessoal com as crônicas.

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4. Referências Bibliográficas

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5. Anexo

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Referências

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