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Subsídios geológicos para o planejamento e gestão ambiental do turismo em estâncias: estudo de caso em Paraguaçu Paulista (SP)

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Academic year: 2017

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Instituto de Geociências e Ciências Exatas Campus de Rio Claro

SUBSÍDIOS GEOLÓGICOS PARA O PLANEJAMENTO E GESTÃO

AMBIENTAL DO TURISMO EM ESTÂNCIAS:

estudo de caso em Paraguaçu Paulista (SP)

Geólº M. Sc. José Reynaldo Bastos da Silva

Orientador: Prof. Dr. José Alexandre de Jesus Perinotto

Tese de Doutorado elaborada junto ao Programa de Pós-Graduação em Geociências e Meio Ambiente, Área de Concentração em Geociências e Meio Ambiente, para obtenção do Título de Doutor em Geociências e Meio Ambiente.

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550

Silva, José Reynaldo Bastos da

S586s Subsídios geológicos para o planejamento e gestão

ambiental do turismo em estâncias: estudo de caso em

Paraguaçu Paulista (SP) / José Reynaldo Bastos da Silva. –

Rio Claro : [s.n.], 2008

191 f. : il., figs.

Tese (doutorado) – Universidade Estadual Paulista,

Instituto de Geociências e Ciências Exatas

Orientador: José Alexandre de Jesus Perinotto

1. Geologia. 2. Geoturismo. 3. Geologia ambiental. 4.

Geoconservação. 5. Geodiversidade. 6. Capacidade de carga.

I. Título.

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FOLHA DE APROVAÇÃO

Autor: M. Sc. José Reynaldo Bastos da Silva

Título: Subsídios geológicos para o planejamento e gestão ambiental do turismo em estâncias: estudo de caso em Paraguaçu Paulista (SP)

Tese de Doutorado elaborada junto ao Programa de Pós-Graduação em Geociências e Meio Ambiente, do Instituto de Geociências e Ciências Exatas (IGCE), da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (Unesp), Campus

de Rio Claro (SP) – Área de Concentração em Geociências e Meio Ambiente, para obtenção do Título de Doutor em Geociências e Meio Ambiente

Rio Claro (SP), 16 de outubro de 2008

Resultado: aprovado

BANCA EXAMINADORA:

Prof. Dr. José Alexandre de Jesus Perinotto

Geólogo Livre Docente do Departamento de Geologia Aplicada do IGCE/Unesp/Rio Claro (SP)

Prof. Dr. Leandro Eugênio da Silva Cerri

Geólogo Livre Docente do Departamento de Geologia Aplicada do IGCE/Unesp/Rio Claro (SP)

Prof. Pós-Dr. Henry Lesjak Martos

Engº Fl. Pós-Doutor do Depto. de Ciências do Ambiente da Faculdade de Ciências Biológicas da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC/SP)/Sorocaba

(SP)

Profª. Pós-Drª. Mariselma Ferreira Zaine

Bióloga Pós-Doutora da Faculdade de Gestão e Negócios/Curso de Turismo da Universidade Metodista de Piracicaba (Unimep)/Piracicaba (SP)

Prof. Dr. Paulo César Boggiani

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Agradeço a todas as pessoas que, direta ou indiretamente, contribuíram para o sucesso desse trabalho, com as quais compartilho.

Em especial destaque, faço questão de agradecer as seguintes personalidades: Carlos Arruda Garms, Prefeito do Município da Estância Turística de Paraguaçu Paulista (SP), e sua equipe técnica composta por: Ronaldo Braga Costa, Chefe de Gabinete; Arq° Dênis Mendes de Moraes, Diretor do Departamento de Turismo; Onório Francisco Anhesim, Diretor do Departamento de Obras e o Eng° Civil Joaquim Carlos Cambraia, Chefe da Divisão de Projetos.

Agradeço também aos apoios técnicos de: Arq° Jathir Ramos Vieira, Diretor da Escola Superior de Agronomia de Paraguaçu Paulista (ESAPP); Técnico Agrimensor José Américo de Aquino Thimóteo; Técnico Agrimensor Antonio Marcos da Silva; Engº Agrº Dr. Hugo de Souza Dias, Diretor do Centro de Desenvolvimento do Vale do Paranapanema; Engº Agrº Luiz Pavão, Diretor-Chefe da Casa da Agricultura de Paraguaçu Paulista; Engº Florestal M. Sc. Osmar Vilas Bôas e Técnico Sílvio dos Santos, ambos da Estação Experimental João José Galhardo (Horto Florestal); Fotógrafo/Filmador Jamil Nicolau dos Santos; Ida Franzoso de Souza, Diretora Executiva do Consórcio Intermunicipal do Vale do Paranapanema (Civap); Técnicos em Informática Elaine Maria da Silva, Pedro Augusto Pípolo e Fernando Ferreira de Brito.

Agradeço também aos apoios voluntários de: João Domingues da Silva, João Renato Bastos da Silva e Pedro Maróstica.

Em particular, agradeço ao Roberto Haddad e à Sonia Maria Bastos da Silva Haddad que fizeram a cortesia do acolhimento na casa da sede da Fazenda Fortaleza, facilitando os trabalhos de campo.

E finalmente faço questão de registrar um agradecimento muito especial à minha esposa Viviani, que voluntariamente me acompanhou nos trabalhos de campo, atuando como assistente técnica de georreferenciamento, documentação fotográfica e avaliadora in loco dos atrativos turísticos.

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RESUMO

A pesquisa científica, efetuada no Município da Estância Turística de Paraguaçu Paulista, foi um aprofundamento do estudo da dissertação de mestrado concluído em 2004, apresentado como um diagnóstico do meio físico geológico e suas contribuições para o desenvolvimento sustentável do turismo com base local. No presente estudo de caso, levado a efeito como tese de doutorado, delimitou-se a influência qualiquantitativa do meio físico geológico e geomorfológico sobre o planejamento ambiental do turismo, visando obter um método aplicável em regiões semelhantes, reservadas as peculiaridades naturais. Inicialmente, o município foi subdividido, segundo caracteres fisiográficos naturais, em unidades básicas de compartimentação, aplicando conhecido método de zoneamento geotécnico. Em seguida, verificou-se essa influência sobre a área-alvo definida pelas rotas turísticas e seus recursos ou atrativos turísticos. Dentre esses, revistos e validados pelas suas características predominantes indicadas para geoturismo e geoecoturismo com base na geodiversidade, foi constatado que os elementos constituintes desse meio físico influenciam limitando a capacidade de carga turística. Esta depende daqueles, fatores naturais de fragilidade do meio que devem ser considerados na gestão do turismo ambiental. São subsídios preventivos à degradação ambiental e que visam a geoconservação pela geoeducação da comunidade receptora e emissora do turismo, ao absorver conhecimentos básicos da geologia e geomorfologia. A geodiversidade é o arcabouço para o equilíbrio e uso adequado de um patrimônio natural da humanidade também para o turismo. Os subsídios geológicos são fatores de planejamento e instrumentos de gestão ambiental do turismo. Ademais, trazem agregação de valor ao turismo através da inclusão do geoturismo e do geoecoturismo como fontes rejuvenescedoras do ciclo evolutivo do turismo. O conhecimento científico temático do turismo avança ao considerar os subsídios geológicos para o planejamento e gestão ambiental do turismo, em estâncias e localidades potenciais, partindo do estudo de caso em Paraguaçu Paulista, apresentado nesta tese.

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ABSTRACT

The scientific research conducted in the touristic resort city of Paraguaçu Paulista was a deepening of the study of the master's dissertation completed in 2004, presented as a diagnosis of the physical geological environment and their contributions for the tourism’s sustainable development with local basis. In this study case carried out as a doctoral thesis, the qualiquantitivity influence of the physical geological and geomorphological environment on the planning of the environmental tourism was delimited to obtain an applicable method in similar regions, reserved the natural peculiarities. Initially the city was divided, accordingly to physiographic natural characters, in basic units of compartmentalization, aplying the known method of geotechnical zoning. Then was verifyied this influence over the target area defined by the tourist routes and its resources or tourist attractions. Among these, reviewed and validated by their predominant characteristics indicated for geotourism and geoecotourism based on geodiversity, was verified that the physical elements of that environment influence limiting the tourism carrying capacity. This depend of those, natural factors of the envirionment that must be considered in the management of environmental tourism. These are preventive subsidies to the environmental degradation and wich aimed geoconservation by the geoeducation of the community receiving and issuing the tourism, absorbing basic knowledge of geology and geomorphology. The geodiversity is the framework for balance and proper use of a humanities natural heritage, also for tourism. The geological subsidies are factors of planning and also tools for the environmental management of tourism. Moreover, they bring value aggregation to tourism through the inclusion of geotourism and geoecotourism as renovable sources of tourism’s evolutive cycle. The thematic scientific knowledge of tourism advance when considering the geological subsidies for planning and environmental management of tourism; in resorts and potential localities, departing of the case study in Paraguaçu Paulista, presented in this thesis.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

FIGURA 1: Mapa dos municípios-estância do Estado de São Paulo e a Estância

Turística de Paraguaçu Paulista (SP)...15

FIGURA 2: Mapa da localização e vias de acesso de Paraguaçu Paulista (SP)....16

FIGURA 3: Fluxograma metodológico da pesquisa...26

FIGURA 4: Quadro sinótico das etapas da pesquisa...32

FIGURA 5: Quadro da história geológica de Paraguaçu Paulista...69

FIGURA 6: Mapa topográfico de Paraguaçu Paulista (SP)...72

FIGURA 7: Carta de zoneamento da drenagem de Paraguaçu Paulista (SP)...73

FIGURA 8: Carta hipsométrica de Paraguaçu Paulista (SP)...75

FIGURA 9: Carta de declividade de Paraguaçu Paulista (SP)...77

FIGURA 10: Carta de zoneamento da declividade de Paraguaçu Paulista (SP)...78

FIGURA 11: Modelo digital do terreno de Paraguaçu Paulista (SP)...79

FIGURA 12: Mapa dos solos de Paraguaçu Paulista (SP)...82

FIGURA 13: Mapa das unidades litoestratigráficas aflorantes em Paraguaçu Paulista (SP)...86

FIGURA 14: Mapa das unidades aqüíferas aflorantes em Paraguaçu Paulista (SP)...89

FIGURA 15: Mapa das unidades básicas de compartimentação (UBCs) de Paraguaçu Paulista (SP)...92

FIGURA 16: Quadro da compartimentação fisiográfica/codificação pelos níveis hierárquicos das UBCs de Paraguaçu Paulista (SP)...93

FIGURA 17: Mapa das UBCs nas rotas turísticas de Paraguaçu Paulista (SP)...97

FIGURA 18: Mapa das UBCs nos pontos de potenciais atrativos turísticos de Paraguaçu Paulista (SP)...98

FIGURA 19: Quadro dos aspectos e pontos fortes dos potenciais atrativos turísticos de Paraguaçu Paulista (SP)...99

FIGURA 19-A (CONTINUAÇÃO): Quadro dos aspectos e pontos fortes dos potenciais atrativos turísticos de Paraguaçu Paulista (SP)...100

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FIGURA 40: Carta-imagem do potencial geossítio das cachoeiras do

Lajeadinho...145

FIGURA 41: Fotografia do Lajeadinho...146

FIGURA 42: Carta-imagem do potencial geossítio da boçoroca do Abatedouro...148

FIGURA 43: Carta-imagem do potencial geossítio da boçoroca da Vila Fercon...150

FIGURA 44: Mosaico fotográfico da boçoroca da Vila Fercon...151

FIGURA 45: Carta-imagem do potencial geossítio da montante da boçoroca das Thermas (1)...153

FIGURA 45-A: Carta-imagem do potencial geossítio da montante da boçoroca das Thermas (2)...154

FIGURA 46: Carta-imagem do potencial geossítio do poço das Thermas...157

FIGURA 47: Mosaico fotográfico das Thermas e boçoroca...158

FIGURA 48: Carta-imagem do potencial geossítio das corredeiras do Índio Seródio...160

FIGURA 49: Fotografia do Salto do Índio Seródio...161

FIGURA 50: Carta-imagem do potencial geossítio do Salto do Nagamatsu...163

FIGURA 51: Fotografia do Salto do Nagamatsu...164

FIGURA 52: Carta-imagem do potencial geossítio da Pedreira Siqueira...166

FIGURA 53: Fotografia da Pedreira Siqueira...167

FIGURA 54: Carta-imagem do potencial geossítio do Salto Capivara...169

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SUMÁRIO

CAPÍTULO 1 – INTRODUÇÃO...11

CAPÍTULO 2 – SITUAÇÃO PROBLEMÁTICA, PREMISSAS, HIPÓTESE E OBJETIVOS...18

2.1 Situação problemática...18

2.2 Premissas...19

2.3 Hipótese...20

2.4 Objetivos...21

2.4.1 Objetivos gerais...21

2.4.2 Objetivos específicos...22

CAPÍTULO 3 – MÉTODO E ETAPAS DA PESQUISA...24

3.1 Método...24

3.2 Etapas da pesquisa...27

3.2.1 Etapa 1: Escolha do tema...27

3.2.2 Etapa 2: Revisão bibliográfica...28

3.2.3 Etapa 3: Interpretação de imagens de sensoriamento remoto...29

3.2.4 Etapa 4: Investigações de campo...29

3.2.5 Etapa 5: Integração e análise dos dados...30

3.2.6 Etapa 6: Interpretação geológica e ambiental...30

3.2.7 Etapa 7: Conclusão...31

CAPÍTULO 4 – RESULTADOS OBTIDOS E DISCUSSÃO...33

4.1 Fundamentação teórico-conceitual...33

4.1.1 Fundamentação dos subsídios geológicos...40

4.1.2 Fundamentação do planejamento e gestão ambiental do turismo...52

4.2 Interpretação geológica e ambiental...62

4.2.1 História geológica de Paraguaçu Paulista...62

4.2.2 Subsídios do meio físico geológico/geomorfológico...70

4.2.3 Planejamento e gestão ambiental do turismo...94

4.2.4 Potencialidades geoturísticas...130

CAPÍTULO 5 – CONCLUSÃO...171

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CAPÍTULO 1 – INTRODUÇÃO:

“A Geologia é, pela sua própria essência, a ciência que mais tem intimidade com o meio ambiente e que oferece as ferramentas para a compreensão do meio físico em que vivemos. A interação do ser humano com esse meio deve começar pelo conhecimento dos processos e impactos sobre o planeta para conscientizar a humanidade sobre a necessidade premente de planejamento e gestão ambiental para a garantia e prosseguimento da própria vida humana. O Turismo deve ser a contemplação desse convívio harmônico entre a Terra, a humanidade e sua qualidade de vida.”

Modificado de: Liccardo (2008)

A Organização das Nações Unidas (ONU) decretou a década compreendida entre 2005 e 2014, como “A DÉCADA DA GEOCONSERVAÇÃO E EDUCAÇÃO PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL”. Por seu turno, a Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO), através da Divisão de Ciências da Terra, juntamente com a União Internacional das Ciências Geológicas (IUGS), indicou “O ANO INTERNACIONAL DO PLANETA TERRA”. Considerou o período compreendido entre janeiro/2007 e dezembro/2009, culminando no ano de 2008, sendo este o ano propriamente proclamado pela Assembléia Geral das Nações Unidas (ONU, 2005).

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processos de intervenção humana harmoniosa. Contemplar e desfrutar das paisagens naturais, como é um dos focos principais do turismo, torna esse conhecimento imprescindível e inseparável em relação mútua de causa e efeito. A importância do turismo é crescente para o desenvolvimento integral da humanidade.

Segundo a Organização Mundial do Turismo (OMT), o turismo iniciou o século XXI movimentando, anualmente, no mundo cerca de US$ 3,8 trilhões e empregando, aproximadamente, 260 milhões de pessoas, ou seja, o equivalente a 10,6% da população economicamente ativa do planeta. Relacionado inteiramente com a renda e outros fatores de natureza socioeconômica, o turismo é uma atividade econômica que, apesar das constantes crises mundiais, registrou taxa de crescimento da ordem de 5%, em média, ao ano, na década anterior. Nesta primeira década do milênio (2001/2010), projeta-se um crescimento mundial do turismo da ordem de 100%, ou seja, um crescimento aritmético de 10% ao ano. Nessa perspectiva gerará um movimento anual estimado em US$ 7,1 trilhões, superando a indústria bélica e a petrolífera. Em decorrência, previu-se que seriam empregadas, até o final do ano de 2007, cerca de 383 milhões de pessoas, em setores ligados direta e indiretamente a essa atividade em todo o mundo (OMT, 2005).

A provável razão para tão rápido crescimento, segundo a OMT (2005), é que os viajantes deste século se deslocarão mais, tirando férias de duas a quatro vezes ao ano e indo para destinos cada vez mais distantes. Projetou-se para o ano 2020 a marca de 1,6 bilhões de chegadas internacionais de turistas por ano pelos países do mundo. Ajustar esse crescimento ao equilíbrio ambiental surge como um desafio para a humanidade na mesma proporção da grandeza desses números.

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No Estado de São Paulo houve um incremento na criação de estâncias municipais e na destinação de fundos fomentadores específicos (SÃO PAULO, 1992), atendendo a uma prerrogativa constitucional (SÃO PAULO, 1989). No Parágrafo 1º do Artigo 146 do texto constitucional consta que o Estado manterá, na forma que a lei estabelecer, um Fundo de Melhoria das Estâncias, com o objetivo de desenvolver programas de urbanização, melhorias e preservação ambiental das estâncias de qualquer natureza. Isso demonstra uma justa valorização à temática ambiental afeita ao turismo e motiva a realização de trabalhos técnicos, de forma a apresentar subsídios de planejamento e gestão ambiental do turismo no Estado de São Paulo.

A legislação versando sobre a criação e a manutenção das estâncias em território paulista vem se ajustando no tempo, desde quando foi criado o Fundo de Melhoria das Estâncias (SÃO PAULO, 1968). Posteriormente, estabeleceu requisitos mínimos para a criação de estâncias (SÃO PAULO, 1971). Detalhou esses requisitos para o caso específico das estâncias turísticas (SÃO PAULO, 1977).

As estâncias paulistas se articulam entre si dentro de uma organização institucional denominada Associação das Prefeituras de Cidades Estância do Estado de São Paulo (Aprecesp), fundada em 1985 (APRECESP, 2008). Esta entidade promove a gestão integrada de ações planejadas sobre as próprias realidades locais e regionais das estâncias paulistas.

Para oferecer um respaldo executivo às estâncias, o governo paulista criou (SÃO PAULO, 1989) o Departamento de Apoio ao Desenvolvimento das Estâncias (DADE). A incumbência desse Departamento é fazer o repasse de verbas estaduais aportadas no Fundo de Melhoria das Estâncias aos municípios elencados como estâncias, orientando a aplicação desses recursos financeiros em obras de infraestrutura e aparelhamento turístico para o desenvolvimento dos potenciais turísticos existentes nesses municípios (SÃO PAULO, 1992). O DADE esteve vinculado, até meados de 2008, à Secretaria de Esporte, Lazer e Turismo (SÃO PAULO, 2008a), para depois ser transferido à Secretaria de Economia e Planejamento (SÃO PAULO, 2008).

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sendo 11 hidrominerais, 12 climáticas, 15 balneárias e 29 turísticas (APRECESP, 2008).

As estâncias balneárias são aquelas que se situam na orla litorânea e foram criadas de 1947 a 1995. As estâncias climáticas localizam-se em regiões de particularidades climáticas terapêuticas e foram instituídas de 1948 a 1994. As estâncias hidrominerais, que se destacam por suas águas medicamentosas, tiveram esse reconhecimento governamental entre os anos de 1926 a 1970. As estâncias turísticas foram criadas de 1978 a 2003 (APRECESP, 2008).

As estâncias turísticas têm uma maior abrangência de aspectos de atratividade aos turistas. Podem também incorporar aspectos climáticos e hidrominerais. Mas, necessariamente precisam se diferenciar das demais pela apresentação de outros atrativos naturais, bem como culturais e técnico-científicos (APRECESP, 2008).

Dentre as 29 estâncias turísticas do Estado de São Paulo foi escolhida, como área de pesquisa, a Estância Turística de Paraguaçu Paulista (SP).

A FIGURA 1 apresenta o mapa na escala 1: 6.000.000 dos municípios-estância do Estado de São Paulo, destacando-se a Estância Turística de Paraguaçu Paulista (SP).

O tema, assunto ou problema escolhido para a presente tese foi o geoturismo em estâncias, tomando Paraguaçu Paulista (SP) como estudo de caso.

Esse tema está em evidência nos tempos atuais, uma era de valorização da vida humana com qualidade e de conscientização sobre a necessidade de uma convivência em harmonia com a natureza e seus atrativos ambientais.

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Com a necessária ponderação da disponibilidade de recursos materiais e financeiros para a realização da pesquisa, decidiu-se por aplicar o tema e o método escolhidos nesse estudo em estâncias situadas no Estado de São Paulo.

FIGURA 1: Mapa dos municípios-estância do Estado de São Paulo e a Estância Turística de Paraguaçu Paulista (SP). Escala 1: 6.000.000. Adaptado de: Aprecesp (2008).

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O município tem uma área de, aproximadamente, 1.000 km² e população estimada de 42.117 habitantes segundo a contagem populacional de 2007 (IBGE, 2008). Limita-se, a norte, com os municípios de João Ramalho (SP), Quatá (SP) e Borá (SP) e, a sul, com o Município de Maracaí (SP). A fronteira leste é com os municípios de Lutécia (SP) e Assis (SP) e oeste com o Município de Rancharia (SP). Engloba os distritos de Conceição de Monte Alegre, Roseta e Sapezal, os bairros rurais Cardoso de Almeida, Campinho e as sedes das usinas de açúcar e álcool Cocal e Paraálcool.

A sede da área urbana está ligada a uma rede de vias de acesso, sendo a principal rodovia a SP-284 (Manílio Gobbi), que a liga à cidade de Assis (SP), a sudeste e a Rancharia (SP), a noroeste. Outra importante rodovia é a SP-421 (José Bassil Dower), que dá acesso para Marília (SP), a nordeste, para Presidente Prudente (SP), a noroeste e para o Estado do Paraná via Iepê (SP), a sudoeste, em cujo trecho denomina-se Rodovia Miguel Deliberador.

A FIGURA 2 apresenta o mapa na escala 1: 400.000, com a localização geográfica da Estância Turística de Paraguaçu Paulista (SP) em relação à capital do Estado de São Paulo e ao Brasil e as vias de acesso municipais e intermunicipais.

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O Município de Paraguaçu Paulista (SP) foi escolhido como área de pesquisa para o estudo de caso da presente tese por apresentar desafios estimulantes à investigação científica e tecnológica, quanto às potenciais vulnerabilidades do meio físico geológico. Tais aspectos podem redundar em degradação desse arcabouço natural para o turismo, se não forem implementadas ações de planejamento e gestão ambiental coerentes com a sustentabilidade.

O conhecimento dos processos e impactos geoambientais incidentes nessa área-alvo pode indicar medidas corretivas a ela aplicáveis e medidas preventivas a serem consideradas nela e em áreas semelhantes.

Em última análise, partindo do caso de uma estância situada na Bacia Hidrográfica do Peixe-Paranapanema, reconhecidamente problemática no ponto de vista do meio físico geológico quanto às erosões do solo (IPT, 1987), podem-se aperfeiçoar condutas ambientais. Analogamente, podem-se propor métodos semelhantes e eficazes de sustentabilidade do turismo em outras estâncias ou localidades potenciais, a partir do caso de Paraguaçu Paulista (SP).

O estudo procurou também contribuir para o avanço do conhecimento científico e nortear esse crescimento sob os paradigmas do desenvolvimento sustentável: ecologicamente correto, economicamente viável, socialmente justo e culturalmente assimilável pela comunidade em geral.

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CAPÍTULO 2 – SITUAÇÃO PROBLEMÁTICA, PREMISSAS, HIPÓTESE E OBJETIVOS:

A situação problemática atual, quanto ao meio físico geológico, que envolve a área pesquisada é a seguinte:

2.1 Situação problemática:

- O turismo local está no início da fase de desenvolvimento e enfrenta problemas anteriormente provocados pela agricultura intensiva do setor sucroalcooleiro que se manifestam em corpos de erosão (boçorocas) e assoreamento comprometendo recursos e atrativos naturais.

- Também em decorrência da expansão da cultura da cana sem práticas adequadas de manejo do solo estão surgindo problemas de enchentes e inundações, marcantes no verão de 2006/2007, agravados pelos rompimentos de barragens fluviais destinadas ao turismo. Essas estruturas foram construídas sem critérios geotécnicos adequados e sem regulação pelos órgãos fiscalizadores ou outorgantes do direito ao uso da água.

- Falta um planejamento ambiental fundamentado nos subsídios geológicos para reabilitar, para a utilização turística, as áreas atualmente degradadas pela erosão, assoreamento, enchentes e inundações.

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geológicos e seus conseqüentes instrumentos de gestão ambiental para a manutenção sustentável desses locais.

- Não estão sendo dimensionadas capacidades de carga das rotas e, muito menos, dos equipamentos turísticos atualmente explorados e a explorar, podendo incorrer em problemas de degradação ambiental.

- Não há aplicação do conhecimento científico e cultural no campo do geoturismo sobre o patrimônio natural ou geodiversidade que possa conscientizar a comunidade sobre a necessidade de sua preservação ou geoconservação.

Destarte, torna-se imperioso considerar as seguintes premissas ou pressupostos para o desenvolvimento desse estudo:

2.2 Premissas:

- A ocorrência de recursos e atrativos naturais ao turismo, inventariados pelo Estado, vem caracterizando estâncias de fato, após a atribuição de direito conquistada politicamente. No caso de Paraguaçu Paulista (SP), esse inventário destacou os seus pontos pitorescos (SÃO PAULO, 2001), posteriormente apresentados de forma ordenada e organizados em rotas por Silva (2004).

- O turismo vem se apresentando como atividade alternativa e complementar para a geração de renda e novas oportunidades de trabalho, emprego e serviços nos municípios-estância, como o de Paraguaçu Paulista (SP) (SEBRAE, 2000).

- O ambiente e a paisagem nos quais se instala o turismo nos municípios-estância, como o de Paraguaçu Paulista (SP), são compartilhados com atividades de impacto ambiental negativo. Essas atividades decorrem do crescimento desordenado e desorganizado do perímetro urbano (GARMS, 1977), sem saneamento básico adequado, e, na zona rural, decorrem das práticas de agricultura intensiva motivada pela expansão desregrada da agroindústria sucro-alcooleira a partir da década de 1970 (TEIXEIRA, 1979).

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- Estudos geológicos realizados na região para subsidiar o planejamento e gestão ambiental são escassos e localizados, sendo encontrado apenas um estudo, desenvolvido como dissertação de mestrado (BONGIOVANNI, 1990).

- Processos e impactos geoambientais, como a erosão do solo e o assoreamento dos corpos hídricos, são comuns na região oeste paulista (BRANNSTROM; OLIVEIRA, 2000). Essa região precisa ser recuperada (IPT, 1987) para evitar impactos ambientais negativos já detectados no Relatório Zero (CPTI, 1999). Tais impactos podem inibir o desenvolvimento do turismo regional, ao denegrir a imagem de beleza cênica dos ambientes das estâncias ali situadas, como a de Paraguaçu Paulista (SP).

- Os corpos hídricos superficiais das estâncias, como a de Paraguaçu Paulista (SP), e que estão em fase de assoreamento, são recursos ou atrativos naturais para o turismo, na forma de represas, corredeiras, cachoeiras e saltos (SÃO PAULO, 2001). Esses mesmos corpos, represados por barramentos irregulares, estão se rompendo por ocasião das cheias de verão e ocasionando enchentes e inundações à jusante, de forma a degradar as bacias hidrográficas e os rios de beleza cênica e de interesse turístico.

- Os corpos hídricos subsuperficiais das estâncias, como o das Thermas de Paraguaçu Paulista (SP), e que estão vulneráveis à contaminação, são atrativos naturais para o turismo na forma de fontanários de água mineral ou potável de mesa ou termais para balneoterapia (SILVA, 2004). As Thermas de Paraguaçu, que se constituem em um ícone do turismo local, cujas águas termais são oriundas de poço de captação (PETROBRAS, 1961) do Aqüífero Guarani ou Botucatu (SILVA, 1983), estão ameaçadas de contaminação pela erosão remontante e assoreamento dos corpos hídricos circunvizinhos.

- Os patrimônios naturais e a história geológica de localidades vêm se apresentando como recursos científicos e culturais, em regiões turísticas potenciais, como na região de Rio Claro (SP) (ZAINE; PERINOTTO, 1996). Poderão também contribuir para o incremento do turismo em regiões de potenciais similares, como a de Paraguaçu Paulista (SP) (SILVA, 2004).

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O problema pesquisável para a área em questão elaborado na forma de pergunta, conforme sugere Gil (1996) foi o seguinte:

Que fatores fisiográficos de uma área natural interferem na capacidade de carga turística?

Para responder a essa pergunta foi proposta a seguinte hipótese:

- As condições geológicas de uma área natural interferem na capacidade de carga turística.

As variáveis testáveis que auxiliaram na verificação dessa hipótese foram basicamente duas: uma de caráter intrínseco e outra de caráter extrínseco.

A variável intrínseca foi o meio físico geológico/geomorfológico subdividido em unidades básicas de compartimentação, com as seguintes condicionantes:

- tipologia do solo e/ou rocha;

- tipologia do relevo, hipsometria e declividade; - tipologia da drenagem.

E como variável extrínseca foi considerada a capacidade de carga (turistas x espaço x tempo).

2.4 Objetivos:

Essa pesquisa teve por objeto o turismo, com ênfase ao meio físico geológico em uma base local, no caso, o Município da Estância Turística de Paraguaçu Paulista.

Os objetivos que a nortearam foram os seguintes:

2.4.1 Objetivos gerais:

No escopo desta tese, foi traçado um objetivo geral de verificar se a geologia interfere na capacidade de carga de uma área natural.

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para as rotas turísticas identificadas no mestrado de Silva (2004), um modelo de gestão ambiental. Esse modelo baseou-se na natureza intrínseca desses elementos e suas inter-relações, suas relações extrínsecas com a capacidade de carga e preventivamente aos processos e impactos geoambientais de erosão/assoreamento, enchentes/inundações e contaminação de aqüíferos.

E, finalmente, propôs que essa pesquisa seja divulgada como modelo a ser aplicado adaptativamente em outras regiões semelhantes ou com vocação para o turismo.

Com base nesse objetivo, essa pesquisa pode ser classificada, de acordo com Gil (1996), predominantemente, como pesquisa do tipo descritiva. Mas, quando apresentou a natureza física da relação entre as variáveis condicionantes do meio físico e a variável capacidade de carga turística, apresentou interfaces com a pesquisa do tipo explicativa ou experimental, como também com a pesquisa do tipo exploratória, ao proporcionar uma nova visão do problema pesquisado: a capacidade de carga turística limitada pelas condicionantes físicas de unidades básicas de compartimentação do meio físico geológico em uma estância turística.

Considerando os procedimentos técnicos utilizados pela análise geológica do meio físico, demarcado pelas atividades turísticas, assumiu o formato de um estudo de caso, conforme Gil (1996).

Os objetivos específicos dessa pesquisa foram os seguintes:

2.4.2 Objetivos específicos:

- propor a divisão da área em unidades básicas de compartimentação com base no meio físico geológico;

- identificar as unidades básicas de compartimentação ocorrentes nas subáreas das rotas turísticas previamente conhecidas;

- delimitar os processos e impactos geoambientais ocorrentes na área e suas intensidades relativas nas rotas turísticas previamente conhecidas;

(24)
(25)

CAPÍTULO 3 – MÉTODO E ETAPAS DA PESQUISA:

O estudo seguiu o método teórico do tipo indutivo ou factual (LUNGARZO, 1992) no campo da pesquisa científica (RAMPAZZO, 2002).

Levando em consideração o planejamento aplicado (ANDREW; HILDEBRAND, 1982), o presente trabalho se apresentou organizado segundo o método e seqüência metodológica seguinte.

3.1 Método:

O método adotado foi o da subdivisão territorial das rotas turísticas locais, baseada em zoneamentos geotécnicos aplicados à gestão ambiental, a partir de Unidades Básicas de Compartimentação – UBCs. (VEDOVELLO, 2000), buscando subsidiar o planejamento e a gestão de empreendimentos turísticos sustentáveis.

Com base nesse método, foi feita uma subdivisão territorial de acordo com as condicionantes intrínsecas do meio físico geológico e geomorfológico: tipo de solo, rocha, relevo e drenagem.

Depois foram agrupados espacialmente os aspectos comuns em unidades homólogas e contínuas, compartimentando o meio físico nas Unidades Básicas de Compartimentação (UBCs.).

(26)

impactos geoambientais de erosões/assoreamentos, enchentes/inundações e contaminação dos aqüíferos.

E, finalmente, fez-se incidir nessas rotas turísticas uma avaliação quantitativa de capacidade de carga turística, ponderando diretamente os fatores extrínsecos (turistas x espaço x tempo), segundo os parâmetros estabelecidos por Cifuentes (1992), de capacidade de carga física, real e efetiva ou permissível.

O método foi aplicado subdividindo o tema em dois enfoques temáticos: - subsídios geológicos;

- planejamento e gestão ambiental do turismo.

A FIGURA 3 apresenta o fluxograma metodológico da pesquisa.

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ESCOLHA DO TEMA

REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

SUB-DIVISÃO TEMÁTICA

INVESTIGAÇÕES DE CAMPO INTERPRETAÇÃO DE IMAGENS DE SENSORIAMENTO REMOTO

INTEGRAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS

CONCLUSÃO

INTERPRETAÇÃO GEOLÓGICA E AMBIENTAL

Subsídios geológicos Planejamento e Gestão

Ambiental do Turismo ETAPA 2

ETAPA 1

SUB-ETAPA 2.1 SUB-ETAPA 2.2

ETAPA 3

ETAPA 5

ETAPA 6

ETAPA 7 ETAPA 4

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O método adotado se desenvolveu pelas seguintes etapas da pesquisa.

3.2 Etapas da pesquisa:

As etapas de pesquisa componentes do objetivo operacional (VOLPATO, 2007) foram enfocadas operacionalmente na seguinte ordem: coleta dos dados, organização e tratamento dos dados, interpretação e discussão do significado dos dados.

Cada etapa de pesquisa foi norteada pelo binômio eleito como enfoque temático – subsídios geológicos, planejamento e gestão ambiental do turismo – de forma inter-relacionada; desde a escolha do tema até a conclusão.

Essas etapas foram seqüenciadas da seguinte forma:

3.2.1 Etapa 1: Escolha do tema:

Foi feito um levantamento bibliográfico sobre temas atuais no campo das geociências e meio ambiente, situados na linha de pesquisa do planejamento e gestão ambiental com ênfase ao turismo. Depois foram selecionados aqueles temas que careciam de aporte e organização de informações específicas inovadoras para confirmar ou renovar conceitos e métodos e que promovessem o avanço do conhecimento científico atual.

Esse levantamento bibliográfico foi feito através de consultas às bibliotecas reais e/ou virtuais situadas em centros de referência para estudos das geociências e meio ambiente, como universidades e institutos de pesquisa. Ao mesmo tempo, foram feitas entrevistas com pesquisadores nessa área de concentração e ligados a esses centros de referência. As bibliotecas visitadas foram bibliotecas da Unesp de Rio Claro (SP) e da Unidade Diferenciada de Rosana (SP), onde funciona o Curso de Graduação em Turismo, com ênfase ao meio ambiente, e também a biblioteca do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) de São Paulo (SP). Também foram visitadas as bibliotecas da Escola Superior de Agronomia de Paraguaçu Paulista (SP) (ESAPP) e da Faculdade de Ciências Gerenciais (Facig) de Paraguaçu Paulista (SP), onde funciona o curso de graduação em Turismo.

(29)

demanda crescente de respostas a problemas contundentes que intensificam a relação da humanidade com a natureza visando o seu aproveitamento econômico. E que a seleção de um deles dentre os mais evidentes possa dar-lhe um foco que permita um estudo aprofundado para orientar decisões pessoais ou institucionais sobre o adequado uso e ocupação do meio onde vivem. Dentre essas decisões se destaca a implantação do turismo em locais potenciais, geralmente sem considerar o arcabouço do meio físico onde implantar; sem os subsídios geológicos a ele inerentes.

3.2.2 Etapa 2: Revisão bibliográfica:

Realizou-se um levantamento bibliográfico da literatura geral e específica pelas palavras-chave: geoturismo, geoconservação, geodiversidade, capacidade de carga.

Depois, essas literaturas foram compiladas e agrupadas separadamente segundo o binômio eleito como enfoque temático e dentro da subdivisão temática constituindo sub-etapas da etapa 2, assim definidas: sub-etapa 2.1 – subsídios geológicos e sub-etapa 2.2 – planejamento e gestão ambiental do turismo.

E, finalmente, fez-se uma leitura interpretativa integrando essa temática de maneira trans-disciplinar, tendo como base a geologia ambiental.

Esse levantamento bibliográfico seguiu o mesmo critério para a escolha do tema e foi realizado concomitantemente com aquela etapa anteriormente descrita.

Essa etapa foi realizada porque o tema escolhido é relativamente novo no conhecimento científico mundial e, particularmente, no Brasil. Os conceitos e teorias que envolvem esse tema são escassos e os existentes estão em construção; portanto, abertos à contribuição da comunidade científica mundial. Dessa forma, a contribuição dos pesquisadores tem um vasto terreno para proporcionar o avanço do estado da arte da pesquisa sobre esse tema.

Essa etapa foi também realizada porque se vislumbrou que, partindo de uma sólida base teórica e conceitual, as etapas sucessivas tenderiam a ser orientadas e aproveitadas de forma mais eficiente e eficaz no desenvolvimento da pesquisa como um todo.

(30)

reintegrados em um enfoque interdisciplinar para serem aplicados na prática nas etapas seguintes.

3.2.3 Etapa 3: Interpretação de imagens de sensoriamento remoto:

Efetuou-se uma interpretação do imageamento por radar, satélite e da base digital disponível sobre a área de pesquisa para se produzir um ambiente de Sistema de Informações Geográficas (SIG) com os elementos geomorfológicos e geológicos principais para o planejamento e gestão ambiental dessa área e norteadores do trabalho de campo.

Para a interpolação das curvas e a confecção dos mapas, apresentados na forma de figuras, foram utilizados imagens de radar SRTM (USGS; ESTEIO; NASA, 2007), imagens de satélite CBERS (INPE, 2007) e da base digital CIM (IBGE, 2007). A construção desse banco de dados (SIG) envolveu feições vetoriais (linhas e polígonos) e definiu um plano de informação do tipo mapa raster, obtido a partir de imagens de satélite (GEODATABASE, 2007).

3.2.4 Etapa 4: Investigações de campo:

No campo, realizou-se levantamento planialtimétrico georreferenciado e levantamento geológico com registro fotográfico, plotando: tipos de solo, rocha, aqüífero e relevo, quanto ao tipo, hipsometria e declividade do terreno.

A base cartográfica utilizada proveio do IBGE, na escala 1: 50.000; as imagens de radar são da NASA e de satélite, do INPE.

As folhas do IBGE utilizadas foram: SF-22-Z-A-V-1:Assis (1975);

SF-22-Z-A-IV-1:Cruzália (1975);

SF-22-Z-A-I-3:João Ramalho (1974);

SF- 22-Z-A-II-3:Lutécia (1974);

SF-22-Z-A-IV-2:Maracaí (1975);

(31)

Os equipamentos utilizados na campanha de campo foram: um aparelho portátil de GPS (Global Positioning System) Garmin etrex, uma bússola Clark e uma câmera fotográfica digital Fuji.

Foi percorrida a malha viária que entrecorta a área de pesquisa, bem como visitados os cortes ferroviários, fluviais e pluviais do terreno local.

Essa etapa foi realizada para conhecer a geologia local e detectar os efeitos dos processos e impactos geoambientais no meio pesquisado. Tentativamente, procurou-se orientar a mensuração da variável e das condicionantes do meio físico que influíram no resultado final quanto à verificação da hipótese de trabalho e, conseqüentemente, a proposição de medidas de planejamento e gestão ambiental para um turismo sustentável.

3.2.5 Etapa 5: Integração e análise dos dados:

Os dados levantados na pesquisa bibliográfica, no imageamento remoto da área e na investigação de campo foram tratados de forma integrada e analítica para subsidiarem as etapas seguintes da pesquisa.

Esta etapa consistiu, basicamente, na elaboração de mapas analíticos georreferenciados, sistematizando e ilustrando os dados coletados. Foi executada para propiciar uma visão integrada do espaço do turismo local com base em sua geodiversidade.

Para a geração desses mapas foram plotados os dados efetivamente levantados no campo com o auxílio do GPS, em base digital extraída do IBGE (1974; 1975), na escala 1: 50.000 e em cartas-imagem extraídas do Google Earth (2007; 2008).

3.2.6 Etapa 6: Interpretação geológica e ambiental:

(32)

Procurou-se também demonstrar uma avaliação quantitativa da capacidade de carga relativa às rotas turísticas.

3.2.7 Etapa 7: Conclusão:

Finalmente, redigiu-se uma síntese com a avaliação final dos objetivos alcançados pela pesquisa no sentido de testar a hipótese enunciada e responder ao problema proposto nesta tese.

Foi feita uma análise integrada dos produtos analíticos e interpretativos, emitindo a opinião do pesquisador sobre a eficácia do método adotado e a eficiência da abordagem da tese na solução do problema pesquisado.

Foram também indicadas lacunas do conhecimento sobre o tema para aprimorar o seu desenvolvimento científico.

E, apresentaram-se à comunidade científica, os avanços alcançados ao estado da arte do objeto pesquisado.

A estrutura da tese e a sua redação final seguiram a sistemática sugerida por Vieira (2004).

(33)

Objetivo

Operacional

(VOLPATO, 2007)

Etapas

Atividades

Produtos

Coleta

dos

dados

Escolha do tema

Revisão bibliográfica Interpretação de imagens de sensoriamento remoto Investigações de campo Levantamento bibliográfico Interpretação do imageamento por radar, satélite e base digital (SIG)

Levantamento plani-altimétrico georreferenciado Levantamento geológico

com registro fotográfico

Tema escolhido Estado da arte Mapas-Raster Hipsometria Declividade Solos Unidades litoestratigráficas Mapa topográfico Modelo digital do terreno Check-up dos anteriores Quadro da história geológica

Organização

e tratamento

dos dados

Integração

e análise

dos dados

Elaboração

de cartas e mapas

analíticos

georreferenciados

Zoneamento da drenagem Zoneamento da declividade

Pontos de atrativos turísticos

Rotas turísticas

Pontos de potenciais geossítios

Cartas - imagem de potenciais geossítios

Interpretação

e discussão

do significado

dos dados

Interpretação

geológica e

ambiental

Elaboração

de mapas

interpretativos

georreferenciados

Unidades básicas de compartimentação(UBCs)

UBCs x Rotas turísticas

UBCs x Erosão x Rotas

UBCs x Inundação x Rotas

UBCs x Contaminação x Rotas

Capacidades de Carga

Física Real Efetiva ou permissível

Conclusão

Redação

da

síntese

Objetivos alcançados Hipótese testada

Eficácia do método

Eficiência da tese

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CAPÍTULO 4 – RESULTADOS OBTIDOS E DISCUSSÃO:

Os resultados obtidos nas etapas descritas anteriormente com os respectivos comentários e discussões serão apresentados a seguir como produtos da pesquisa.

4.1 Fundamentação teórico-conceitual:

A pesquisa bibliográfica que fundamenta a teoria e os conceitos sobre o tema escolhido foi realizada abordando subsídios geológicos, planejamento e gestão ambiental do turismo de forma interdisciplinar e convergente.

Por se tratar de uma temática relativamente nova na literatura mundial serão apresentadas inicialmente as definições terminológicas usadas na presente tese:

Turismo ambiental: modalidade de turismo na qual se contempla o meio ambiente como matéria-prima do turismo, visando o desenvolvimento sustentável de uma região naturalmente vocacionada (modificado de BENI, 1998).

(35)

internacional. A OMT passou, então, a produzir documentos específicos de ações para a conscientização, orientações metodológicas, princípios e técnicas de planejamento e gestão, instrumentos de monitoramento e outros, reunidos sob o título “desenvolvimento sustentável do turismo: uma compilação de boas práticas” (OMT, 2005).

Existem várias modalidades de turismo ambiental, abordadas por Beni (1998). Dentre essas, a que mais se aproxima do foco dessa tese, mas não totalmente, é a do ecoturismo. Isto porque o ecoturismo foi concebido de uma forma singular onde a paisagem é um objeto de mera contemplação e os principais atrativos são a fauna e a flora, ou seja, a biodiversidade. Porém, no presente estudo, procura-se disseminar a idéia de que o turista não só contemple a paisagem, mas entenda um pouco de sua gênese e evolução através dos processos geológicos responsáveis pela sua formação. Isso levaria a uma maior valorização do cenário e uma conseqüente conservação ambiental da área turística como um patrimônio da humanidade.

César et al. (2007), ao abordarem as modalidades ou segmentos associados ao ecoturismo, reunem apenas informações sobre turismo rural e de aventura. Quando fazem interpretação da natureza ou interpretação ambiental, nada se referem ao meio físico geológico. Quando abordam as paisagens naturais brasileiras, nada se fala da gênese dessas paisagens e dos processos geológicos a que foram submetidas. E, finalmente, quando se trata do planejamento do ecoturismo em áreas protegidas, observa-se que muitas são as unidades de conservação que tem atrativos geológicos e nada disso foi sequer comentado.

Para se entender integralmente o conceito de turismo ambiental proposto nessa tese é necessário agregar conhecimento específico sobre o meio físico geológico composto por seus elementos formadores – rocha, água, solo – e a interação do meio biótico, principalmente o ser humano, no contexto do desenvolvimento sustentável. Cumpre também considerar os processos e impactos sobre a área turística no sentido de prever, prevenir ou remediar degradações ambientais decorrentes da intervenção humana.

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passado ou da história da origem e evolução do planeta Terra. Também se inclui nesse conceito, o conhecimento científico sobre a gênese da paisagem, os processos envolvidos e os testemunhos registrados em rochas, solos e relevos (GEOTURISMO BRASIL, 2008).

A terminologia geoturismo começou a ser comumente utilizada a partir de meados da década de 1990. Uma primeira definição amplamente divulgada foi de Hose (1995). Ele considerou geoturismo como sendo um ramo do turismo que promove a provisão de serviços e facilidades interpretativas que permitam aos turistas adquirirem conhecimento e entendimento da geologia e geomorfologia de um sítio (incluindo sua contribuição para o desenvolvimento das ciências da Terra), além de mera apreciação estética. Em 2000, o autor fez uma revisão do conceito de geoturismo. Achou então mais adequado utilizar o termo para designar a provisão de facilidades interpretativas e serviços para promover o valor e os benefícios sociais de lugares e materiais geológicos e geomorfológicos e assegurar sua conservação, para uso de estudantes, turistas e outras pessoas com interesse recreativo ou de lazer.

Contudo, nem todas as definições sobre geoturismo estão diretamente relacionadas com temas geológicos. Por exemplo, em 2001, a Sociedade Geográfica Nacional ou National Geographic Society (NGS) e a Associação de Indústrias de Viagem ou Travel Industry Association (TIA), ambas dos Estados Unidos da América, produziram um estudo denominado “O Estudo do Geoturismo” ou “The

Geotourism Study”. De autoria de Stueve et al. (2002), este estudo abordou,

basicamente, os hábitos turísticos dos norte-americanos. E citou de passagem o geoturismo como sendo o turismo que mantém ou reforça as principais características geográficas de um lugar – seu ambiente, cultura, estética, patrimônio e o bem-estar dos seus residentes.

(37)

geológicos que deram ou dão origem a tais feições, destacando-os do ambiente geográfico.

Baseada em definições da Embratur para segmentos de turismo específicos e nas definições já existentes, Ruchkys (2006), apresentou a sua definição para geoturismo como sendo um segmento da atividade turística que tem o patrimônio geológico como seu principal atrativo e busca sua proteção por meio da conservação de seus recursos e da sensibilização do turista. Utiliza, para isto, a interpretação deste patrimônio tornando-o acessível ao público leigo, além de promover a sua divulgação e o desenvolvimento das ciências da Terra.

Segundo Brilha (2006), o interesse turístico despertado pela exposição e uso de elementos fundamentais constituintes do meio físico, como os recursos hídricos, remetem à conscientização da humanidade pela sua preservação ou conservação para que a atividade turística tenha continuidade. Em decorrência, a promoção da Geologia junto do público não especialista pode contribuir para o desenvolvimento sustentado das populações locais.

No XLIII Congresso da Sociedade Brasileira de Geologia (SBG, 2006), foi realizado um simpósio específico sobre o tema do geoturismo.

Registre-se também que, a partir de dezembro de 2004, foi criado um grupo de discussão em rede informatizada que vem divulgando informações atualizadas e articulando ações pró-geoturismo no seio da comunidade científica brasileira e internacional (GEOTURISMO BRASIL, 2008).

Geodiversidade: variedade de ambientes geológicos, fenômenos e processos ativos geradores de paisagens, rochas, minerais, fósseis, solos e outros depósitos superficiais que constituem a base para a vida na Terra (definição da Real Sociedade para a Conservação da Natureza, do Reino Unido, ou Royal Society for

Nature Conservation – RSNC – U, K,) (RSNC, 2007).

Geossítio: locais bem delimitados geograficamente onde ocorrem um ou mais elementos da geodiversidade com singular valor do ponto de vista científico, pedagógico, cultural e turístico (BRILHA, 2006).

(38)

Os geossítios compõem, no enfoque geral, o patrimônio natural de uma região e sua comunidade, e no enfoque específico, o patrimônio geológico de uma região e sua comunidade.

Geotopo: sítio geológico considerado como chave para compreensão da evolução geológica de um lugar ou de uma determinada região (GEOTURISMO BRASIL, 2008).

Geoparque: é um território de limites bem definidos com uma área suficientemente grande para servir de apoio ao desenvolvimento sócio-económico local. Deve abranger um determinado número de geossítios relevantes ou um mosaico de entidades geológicas de especial importância científica, raridade e beleza, que seja representativa de uma região e da sua história geológica, eventos e processos. Poderá possuir não só significado geológico, mas também em nível da ecologia, arqueologia, história e cultura (definição da UNESCO, 1972).

Rede mundial de geoparques: a UNESCO, em conjunto com a União Internacional de Ciências Geológicas (IUGS), lançou, em 2004, uma rede, que já contava, em 2007, com 51 geoparques em todo o mundo, principalmente na China (18), Alemanha (6), Inglaterra (4) e Espanha (4). A sede da rede encontra-se em Pequim, na China. O seu objetivo é englobar 500 geoparques. Visa distinguir áreas naturais com elevado valor geológico, nas quais esteja em prática uma estratégia de desenvolvimento sustentado baseado na geologia e em outros valores naturais ou humanos (UNESCO, 2008).

Rede européia de geoparques: criada em 2000, através de um protocolo assinado entre Alemanha, Espanha, França e Grécia, esta rede integrava, em 2007, 32 geoparques em 14 países, destacando-se, além da Alemanha (6), Inglaterra (4) e Espanha (4), a Itália (3), França (2), Grécia (2), Áustria (2), Escócia (2), Irlanda (2), Portugal (1), Noruega (1), Romênia (1), Croácia (1) e República Tcheca (1)

(EUROPEAN GEOPARKS NETWORKS,2008).

Os principais objetivos definidos por essa rede são: proteger a geodiversidade, promover a herança geológica junto do público em geral, apoiar o desenvolvimento econômico sustentável dos territórios dos geoparques, principalmente através do turismo geológico.

(39)

setembro/2006. Foi o primeiro do gênero no hemisfério sul. Posteriormente, a Austrália também entrou neste mapa global (UNESCO BRASIL, 2008).

O Geoparque do Araripe tem significado geológico pelo registro de rochas pré-cambrianas, paleozóicas e mesozóicas. Destaca-se, mundialmente, pela quantidade, qualidade e diversidade paleontológica do Período Cretáceo. Mas, também tem relevância no campo científico, educacional, cultural e recreativo. Encontra-se em expansão com a inclusão de novos sítios dotados de afloramentos de rochas, fontes naturais de águas e reservas florestais. Ocupa uma área de 5.000 km² e conta, atualmente, com nove geotopos (modificado do DIÁRIO DO NORDESTE, 2008).

Patrimônio geológico: pode ser considerado o sinônimo de geodiversidade ou o conjunto de geossítios que ocorrem numa dada área ou região (modificado de BRILHA, 2006).

Segundo este mesmo autor, o patrimônio geológico deve ser visto de acordo com os seguintes aspectos essenciais:

- É um recurso natural não renovável.

- Tem um valor científico, cultural, educativo e econômico.

- Está limitado a uma área geográfica.

- Está sujeito a diversas ameaças.

- Compõe-se de várias tipologias, associadas ou individualizadas, a saber: paleontológicas, geomorfológicas, petrológicas, mineralógicas, hidrogeológicas, tectônicas e estratigráficas.

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Para Nascimento et al. (2006), o trinômio geodiversidade, geoconservação e geoturismo forma o tripé básico de conceitos necessários para a divulgação do patrimônio geológico.

Valor do patrimônio geológico ou geodiversidade: deve ser avaliado nos seguintes aspectos (modificado de BRILHA, 2006):

- Intrínseco: a relação íntima Natureza/Homem.

- Cultural: a relação com nomes de localidades, escolha de materiais, histórias ou estórias ou lendas do povo, atividades tradicionais ou costumes da comunidade.

- Estético: a presença de atividades de esporte, lazer e turismo e produção artística associada.

- Econômico: a ocorrência de recursos minerais ou energéticos ou outros mensuráveis pelo mercado.

- Funcional: verificado in situ, como substrato dos sistemas físicos e ecológicos.

- Científico e educativo: reconhecido pela comunidade sócio-educativa, científica e tecnológica mundial.

Ameaças ao patrimônio geológico ou geodiversidade: devem ser consideradas, se não devidamente contidas ou evitadas, as seguintes ameaças (modificado de BRILHA, 2006):

- Exploração de recursos geológicos em nível de paisagem ou mesmo de afloramento, como mineradoras ou pedreiras. Isto se não planejar como atividades compatíveis após a exaustão das reservas econômicas.

- Desenvolvimento de obras e estruturas de engenharia, como aterros, barragens e usinas hidroelétricas.

- Gestão de bacias hidrográficas, sem considerar o substrato geológico.

- Desflorestamento, florestamento, reflorestamento, agricultura e pecuária.

- Atividades militares ou guerras.

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- Coleta de amostras para fins não-científicos.

- Ignorância cultural.

Geoconservação: é um ramo da atividade científica que tem como objetivo a caracterização, conservação e gestão do patrimônio geológico ou geodiversidade e processos naturais associados (BRILHA, 2006).

De outro modo, a geoconservação é o ato ou efeito de proteger usando, ou manter os geossítios de modo a permitir o seu uso científico, educativo, cultural e turístico (modificado de BRILHA, 2006).

Política de suporte: Segundo Brilha (2006), a geoconservação requer uma política de suporte por ser o resultado da integração indissociável entre o ordenamento do território, a conservação da natureza e a educação (aqui chamada de geoeducação). No modelo europeu, o geoturismo está intimamente ligado à geoeducação e ambos subordinados à geoconservação. Neste contexto, depende, pois, de políticas públicas.

4.1.1 Fundamentação dos subsídios geológicos:

Os resultados da revisão bibliográfica fundamentando os subsídios geológicos e suas aplicações no planejamento e gestão ambiental do turismo serão apresentados a seguir.

Os subsídios geológicos que embasaram a proposição da presente tese consideraram a geologia regional em seus aspectos estratigráfico, tectônico, hidrogeológico, geomorfológico e geotécnico, bem como a inserção do geoturismo nesse contexto.

A geologia regional apresentou-se definida de uma forma sistêmica a partir dos trabalhos divulgados por Soares et al. (1979), Stein et al. (1979), Almeida et al. (1980) e Almeida e Melo (1981), também referido em São Paulo (1981).

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Soares et al. (1979) foram os precursores da proposta de criação do Grupo Bauru, atribuindo-lhe idade neocretácica. No Estado de São Paulo, esses autores o subdividiram nas formações Caiuá, Santo Anastácio, Adamantina e Marília. Apresentaram-nas empilhadas nesta ordem, da base para o topo, em contato interdigitado entre elas e repousando, em discordância erosiva, sobre os basaltos da Formação Serra Geral, de idade eocretácica.

Quanto à Formação Serra Geral, inúmeros são os trabalhos na literatura geológica brasileira. Sua ocorrência na região oeste paulista se restringe ao Vale do Paranapanema e seus tributários, bem como a porções do Vale do Tietê e alguns de seus afluentes, do Vale do São José dos Dourados e de alguns trechos dos vales dos rios Aguapeí, Peixe e Paraná (ALMEIDA et al., 1980). Segundo os mesmos autores, a Formação Serra Geral é constituída, predominantemente, por rochas basálticas dispostas em derrames sub-horizontais, ocorrendo, subordinadamente, arenitos e brechas intratrapianas.

Os basaltos geralmente são compactos, afaníticos e de coloração cinza escura a preta, mas há variações para tipos vesiculares e/ou amigdaloidais no topo e base dos derrames. A composição varia de um derrame para o outro, mas basicamente constituem-se de vidro vulcânico, plagioclásio (labradorita), piroxênio (augita), magnetita e apatita (LEINZ, 1949).

As rochas intratrapianas são representadas por arenitos eólicos, geralmente róseos e silicificados, e por brechas de pequena espessura constituídas de siltitos argilosos ou arenitos com quantidade variável de fragmentos de basalto amigdaloidal, e por basalto amigdaloidal envolvendo fragmentos de rochas clásticas.

Almeida et al. (1980), consideraram o contato da Formação Serra Geral com o sotoposto arenito Botucatu concordante.

A litoestratigrafia do Grupo Bauru se completou com a inclusão da Formação Itaquerí, de presumível idade terciária, no topo dessa coluna, ao término do episódio de sedimentação dessa bacia (BARCELOS et al., 1983).

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Em 1994, a Petrobrás apresentou uma síntese propondo uma carta estratigráfica geral para toda a Bacia do Paraná abordando a geocronologia, a bioestratigrafia, a litoestratigrafia, as seqüências deposicionais, a evolução tectônica e o ambiente deposicional (MILANI et al., 1994).

Fulfaro e Perinotto (1996) propuseram a definição da Bacia Bauru como uma unidade sedimentar continental de interior cratônico individualizada no topo da Bacia do Paraná e composta pelas formações Adamantina e Marília. Da mesma forma, depreenderam individualizar, como bacia restrita, a Bacia Caiuá, composta pela Formação Caiuá, de idade provável meso-cretácica e pela Formação Santo Anastácio, neo-cretácica.

Fulfaro et al. (1999) definiram a Formação Santo Anastácio como um geossolo do topo do Grupo Caiuá e precedendo a deposição da Bacia Bauru a partir do Neo-Cretáceo.

Fulfaro et al. (1999a) reiteraram a proposta de individualização da Bacia Caiuá em relação à Bacia Bauru, ambas como sub-bacias no topo da Bacia do Paraná.

Fernandes (1998) admitiu para a Formação Adamantina uma subdivisão em fácies sedimentares assim denominadas: São José do Rio Preto, Araçatuba, Ubirajara e Taciba. Dentre essas, propôs para as duas primeiras a categoria de Formação São José do Rio Preto e Formação Araçatuba.

A Formação Araçatuba foi redefinida por Batezelli (1998) e Batezelli et al. (1999) como oriunda de um paleoambiente interpretado como um lago situado entre os atuais vales do Rio Tietê e Rio do Peixe e estendendo-se até a proximidade oeste/sudoeste da cidade de Marília.

Fernandes e Coimbra (1999), analisando paleocorrentes na parte oriental da Bacia Bauru e a nordeste de Paraguaçu Paulista, reconheceram, como unidade da Formação Marília, o Membro Echaporã, atribuindo-lhe um paleoambiente de leques aluviais.

(44)

Fernandes (2004) reconheceu a Bacia Bauru como sendo uma bacia continental interior do Neocretáceo, desenvolvida no centro-sul da Plataforma Sul-Americana e composta por uma seqüência sedimentar essencialmente arenosa. Na parte oriental dessa bacia identificou nessa seqüência dois grupos cronocorrelatos: o Grupo Caiuá e o Grupo Bauru. Mapeou dentro do Grupo Caiuá as formações Rio Paraná, Goio Erê e Santo Anastácio e dentro do Grupo Bauru as formações Uberaba, Araçatuba, São José do Rio Preto, Presidente Prudente, Marília e Vale do Rio do Peixe.

A seção-tipo da Formação Vale do Rio do Peixe (FERNANDES; COIMBRA, 2000) foi descrita no corte do km 87 da rodovia SP-457, a sudoeste da cidade de Tupã, no vale do rio homônimo, a 40 km ao norte da cidade de Paraguaçu Paulista (SP). Essa formação corresponde a grande parte da outrora denominada Formação Adamantina (SOARES et al., 1980). Tem espessura máxima preservada da ordem de 100 m. Neste local, na base faz contato erosivo com o basalto da Formação Serra Geral e no topo passa gradualmente e interdigitada para a Formação Marília aqui representada pelo Membro Echaporã. Tem estrutura tabular típica, em camadas de espessura submétrica. É composta por arenitos intercalados com siltitos ou lamitos arenosos, marrom-claro a alaranjado, localmente com cimentação intensa de calcário. A Formação Vale do Rio do Peixe formou-se em ambiente essencialmente eólico na forma de lençóis de areia e campos de dunas baixas associadas com loess

(FERNANDES, 2004).

Segundo este mesmo autor, a Formação Marília, cuja área-tipo fica próxima à cidade paulista de mesmo nome, é representada em São Paulo apenas pelo seu Membro Echaporã. Ocorre na parte superior de espigões regionais sustentando planaltos escarpados e alcançando até 180 m de espessura (ALMEIDA et al., 1980) nas regiões de Marília-Echaporã, a 40 km a nordeste da cidade de Paraguaçu Paulista. Neste local, o Membro Echaporã apresenta-se como estratos tabulares de aspecto maciço (de 1 até 2,5 m de espessura) de cor bege a rosa e compõe-se por arenitos finos a médios, imaturos, com frações grossas e grânulos, com cimentação e nódulos carbonáticos. Formou-se em ambiente de leques aluviais em suas porções distais acumuladas por fluxo em lençol (FERNANDES, 2004).

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Sul-Americana, sobreposta à região centro-norte da antiga Bacia do Paraná. Esses autores atribuíram à Bacia Bauru uma gênese relacionada à reativação de antigas estruturas do embasamento (lineamentos de Três Lagoas, Presidente Prudente e Ribeirão Preto). Eles consideraram os arenitos do Grupo Caiuá (Cretáceo Inferior) e os basaltos da Formação Serra Geral (Grupo São Bento, do Período Cretáceo Inferior) como substrato desta bacia. Consideraram-nos também rearranjados sob a forma de uma depressão alongada na direção NE-SW, por influência de esforços direcionais intraplaca ocasionados pela separação Brasil-África, a leste, e pela colisão da Placa de Nazca com a Placa Sul-Americana, a oeste. Interpretaram o ambiente de deposição da Bacia Bauru como continental em regime fluvial de leques aluviais retrabalhados por rios entrelaçados. Consideraram, ademais, que nesse ambiente originaram-se rochas lamíticas e arenitos muito finos na base, onde posicionaram as formações Araçatuba e Adamantina. Continuaram interpretando que essas rochas foram gradando para arenitos finos a médios na sua porção intermediária, onde posicionaram as formações Adamantina e Uberaba, e arenitos médios a grossos, ora conglomeráticos, no topo, onde posicionaram a Formação Marília.

Quanto à geologia estrutural e geotectônica regional, a área pesquisada está a norte do Alinhamento Paranapanema (FULFARO, 1974), distando, aproximadamente 60 km a sul da Cidade de Paraguaçu Paulista (SP). Este autor assim o definiu como uma mega feição orientada de leste-sudoeste para oeste-noroeste e que exerceu grande influência durante a evolução da Bacia Sedimentar do Paraná, do Carbonífero Superior ao fim do Mesozóico. Continuou afirmando que, durante o Mesozóico, quando ocorreu a reativação Wealdeniana, ocorreu uma intensa atividade magmática ao longo desse alinhamento e reativações neotectônicas no Cenozóico.

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movimento de deriva da placa, no Terciário, foi causa do tectonismo modificador da bacia. A neotectônica foi também abordada por Saadi (1993) e por Mioto (1993). O primeiro autor apresentou as principais feições tectônicas do oeste paulista e os sismos associados. Dentro desse contexto, pode-se considerar a região que contém a área pesquisada dentro do Bloco Tectônico do Paraná ou Descontinuidade Crustal do Médio-Alto Paraná. Estaria assim incluída na Seqüência Mesozóica, localizada entre as megafeições estruturais de direção nordeste, denominadas Presidente Prudente e Ribeirão Preto, interceptadas pelas de direção noroeste, denominadas Guapiara e Marília. Já o segundo autor, ao definir a Zona Sismogênica de Presidente Prudente, com registros de epicentros de terremoto nas proximidades da área pesquisada, induz inserí-la nessa unidade geofísica.

Magalhães et al. (1996) fizeram observações de campo das formações Marília e Adamantina, em afloramentos localizados entre os municípios de Marília e Oscar Bressane, a nordeste de Paraguaçu Paulista, também identificando feições neotectônicas.

Bartorelli (1997) analisou as principais cachoeiras da Bacia do Paraná e as relacionou com alinhamentos neotectônicos e processos erosivos recentes. Segundo este mesmo autor, a origem das cachoeiras é do Quaternário, desde o início do Pleistoceno (há 1 milhão e 800 mil anos) e ocorreu concomitante ao processo de implantação das bacias hidrográficas atuais. Considerou que esse evento se estendeu até o último período seco correspondente à glaciação Würm, que aconteceu do final do Pleistoceno ao início do Holoceno, correspondendo ao intervalo de tempo de aproximadamente 25 mil a 7 mil anos.

Em análise continental, a origem das cachoeiras estaria relacionada ao movimento de rotação da Placa Sul-Americana após a separação da Placa Africana (SAADI, 1993).

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aqüífero. Considerou que, também neste sentido, as águas evoluem quimicamente para bicarbonatadas cálcicas, bicarbonatadas sódicas e clorossulfatadas sódicas, quando chegam a atingir idades da ordem de 30 mil anos. Nesta época reinava um clima quente e úmido. Depois, pela entrada do último período glacial da Terra, com pico entre 25 mil e 11 mil anos, passou a frio e seco, findando há 7 mil anos. A porosidade e permeabilidade elevadas do arenito Botucatu propiciou a recarga do aqüífero.

Os elementos condicionantes do confinamento dessas águas são os basaltos da Formação Serra Geral, no topo, e as rochas sedimentares essencialmente argilosas, conhecidas na região como Formação Corumbataí, na base. Essas rochas funcionam como um aqüiclude (sistema sedimentar fechado, onde a água acumulada em seus sedimentos argilosos tem circulação muito lenta ou praticamente nula). A Formação Botucatu, em seu todo, funciona como um corpo receptor de água devido às suas características geológicas intrínsecas, de natureza litológica e hidrológica. Predominam arenitos finos a médios, bem selecionados, de origem eólica. A fração areia ocupa 80 a 94% de sua composição. O quartzo é o mineral preponderante na proporção de 90 a 97%. A permeabilidade média aparente é de 2 centésimos de milímetro por segundo, considerada muito elevada. O quadro hidrogeológico a indica como um sistema sedimentar permeável por porosidade granular (SILVA, 1983).

A geomorfologia regional foi definida por Almeida (1964), quando propôs uma compartimentação geomorfológica do Estado de São Paulo que se constituiu num modelo clássico convencionalmente aceito até hoje pela comunidade científica. Dentro dessa compartimentação, a área pesquisada pertence ao Planalto Ocidental Paulista, numa zona de transição entre o planalto propriamente indiviso e a subunidade do Planalto de Marília (SÃO PAULO, 1981a).

A dinâmica superficial imposta às unidades geológico-geomorfológicas anteriormente abordadas e caracterizando os processos e impactos geoambientais regionais atuais, foi estudada por Iwasa e Prandini (1980), IPT (1987), Oliveira (1994), Carvalho e Prandini (1998), Brannstrom e Oliveira (2000) e Carvalho (2002).

Imagem

FIGURA 1: Mapa dos municípios-estância do Estado de São Paulo e a Estância  Turística de Paraguaçu Paulista (SP)
FIGURA 2: Mapa da localização e vias de acesso de Paraguaçu Paulista (SP).
FIGURA 3: Fluxograma metodológico da pesquisa.
FIGURA 4: Quadro sinótico das etapas da pesquisa.
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Referências

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