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CAPÍTULO 4 – RESULTADOS OBTIDOS E DISCUSSÃO

4.1 Fundamentação teórico-conceitual

4.1.2 Fundamentação do planejamento e gestão ambiental do turismo

O planejamento e a gestão ambiental orientados para o turismo sustentável fundamentaram-se em literatura de caráter generalista, uma vez que se apresentaram menos freqüentes, trabalhos específicos que mostrassem as interfaces no enfoque do planejamento, gestão e turismo ambiental. Exceção seja feita à temática geoturismo/geoparque, mais divulgada recentemente, e apresentada com ênfase nessa tese.

No aspecto generalista do conhecimento, verificou-se uma vasta literatura sobre turismo com ênfase ao meio ambiente. Essas obras se distribuem em várias categorias literárias, predominantemente no campo das ciências e dos negócios.

A partir do final da década de 1990 começaram a se tornarem freqüentes as publicações começando pelos títulos: turismo e desenvolvimento local (RODRIGUES, 1998), turismo e ambiente (RODRIGUES, 1998a), análise estrutural do turismo (BENI, 1998), turismo e planejamento sustentável (RUSCHMANN, 1998), turismo e pesquisa científica (REJOWSKI, 1999), turismo e impactos socioambientais (LEMOS, 1999).

Rodrigues (1998a) discutiu as relações entre turismo e ambiente e as considerou como uma polêmica; a começar pelo conceito de ambiente, de ecoturismo e de sustentabilidade, concluindo com um questionamento antagônico: turismo, depredador ou salvaguarda do ambiente?

Ruschmann (1998) propôs bases para a convivência harmoniosa entre o desenvolvimento do turismo e a sustentabilidade dos recursos. Discutiu o ciclo de vida de um produto turístico (BUTLER, 1980) e apresentou fórmulas para a determinação da capacidade de carga (carrying capacity).

Rejowski (1999) fez uma compilação dos principais dados de algumas dissertações e teses propostas pela pesquisa científica ao turismo.

Esse tema se aprofundou, a partir da virada do século e milênio, para destacar o turismo sustentável, seus conceitos e impacto ambiental, conforme a demanda em suas destinações (SWARBROOKE, 2000); o turismo global (THEOBALD, 2001); formas teóricas de como aprender e como ensinar turismo (TRIGO et al.; ANSARAH et al., 2001) e formas práticas de aplicação do turismo em estâncias com seus impactos e benefícios para os municípios (AULICINO, 2001). Nesse foco, Bissoli (2001) propôs que se elaborem planos de desenvolvimento turístico para municípios, principalmente os de cidades de pequeno porte, pois esses têm condições de criar uma atividade turística de forma participativa e organizada. Como exemplo, Bissoli aplicou o seu método em alguns municípios desse porte na região de Campinas, alertando para o comportamento cíclico do turismo em base local.

O planejamento turístico de uma região passou a tornar imprescindível a inclusão de recursos naturais (“matéria-prima”) para transformá-los em atrativos turísticos (“produto acabado”) da comunidade para, assim, gerir esses recursos de forma sustentada (BENI, 1998; PETROCCHI, 2001).

A sustentabilidade do turismo passou a ser colocada como uma forma imperativa no seu planejamento e na sua gestão política (HALL, 2001).

Theobald (2001), no seu clássico “turismo global”, ressaltou que o turismo é reconhecido como uma atividade econômica de importância global, medida pela atenção dada pelos governos e organizadores, tanto do setor público, como privado, também incluindo o setor acadêmico. Tomando a etimologia do termo explicou que “tour” deriva do latim e do grego e significa “uma volta” ou “um círculo”. Concluiu afirmando que “quem faz tour faz uma viagem circular, que parte de um ponto e a

ele regressa”. Com isso, indicou a importância da hospitalidade do núcleo receptor do turismo.

Vale também ressaltar na obra de Aulicino (2001) que as características dos impactos sócio-econômicos positivos e negativos do turismo em estâncias turísticas hidrominerais e climáticas do Estado de São Paulo são complexas e, segundo ele, deveriam ser objetos de investigação científica com maior profundidade.

Também se incrementou uma preocupação filosófica sobre turismo com seus princípios e práticas (MCINTOSH et al., 2002); ambiente, educação e ecoturismo (NEIMAN, 2002); turismo sustentável e meio ambiente (DIAS, 2003). Essas obras dedicaram destacada cobertura aos temas ambientais.

Petrocchi (2002), ao propor estratégias para ocupação territorial de uma localidade turística, ressaltou a importância da seleção de áreas dotadas de alto valor paisagístico ou áreas próximas a recursos naturais exuberantes e alertou para a necessidade de conservação de áreas ambientalmente protegidas ou ecossistemas fragilizados.

Boullón (2002) analisou o espaço turístico natural como um objeto de desejo do homem de se voltar para o seu habitat original e conviver harmoniosamente com paisagem bucólica, contemplando o meio físico e biótico.

Intensificaram-se as preocupações teóricas com o planejamento e gestão em turismo (BEZERRA, 2003) e a definição de métodos de pesquisa aplicada ao turismo (CENTENO, 2003), resguardando uma visão empresarial (RUSCHMANN; SOLHA, 2003) e buscando formular diretrizes para o turismo sustentável em municípios (MAGALHÃES, 2004).

Boullón (2003) estabeleceu características diferenciais para os municípios turísticos para captação de fundos externos e geração de empregos estáveis, constituindo autênticas cidades-empresa para o turismo. Indicou técnicas a serem utilizadas para planejar uma cidade que pretenda se tornar produto turístico. Apresentou também critérios de classificação para avaliação do desempenho desses municípios e as funções operacionais de gestão da comunidade.

As relações do turismo com o uso e ocupação do ambiente marcaram também preocupação prática dos seus efeitos na forma de impactos socioambientais (FONTELES, 2004) e as interfaces com seus desafios e incertezas geradas, principalmente, na gestão dos espaços regionais (BARRETTO; REJOWSKI, 2004). Como forma de dirimir essas dúvidas, estas indicaram a adequação dos

instrumentos de pesquisa científica a essas áreas-alvos do conhecimento humano, antes enfocadas predominantemente como pesquisa empírica.

Fonteles (2004) foi mais além em sua análise ao considerar que a atividade turística passou a ser vista como uma espécie de panacéia para inúmeros municípios brasileiros – alternativa de desenvolvimento e fator de atração de investimentos ou recursos de vários tipos. Porém considerou também que freqüentemente essa promessa esbarra na falta de planejamento e de infra- estrutura, na alteração dos hábitos locais e, no caso específico de áreas ambientais protegidas, na falta de regulamentação legal para o cumprimento das leis e na fragilidade dos ecossistemas.

Houve uma convergência temática entre turismo e desenvolvimento (OLIVEIRA, 2005) para as modalidades de turismo da natureza. Oliveira (2005), englobando ecoturismo, turismo de aventura e turismo educacional (MCKERCHER, 2005), e Cruz (2005) também demonstrando semelhantemente as relações entre a política do turismo e o território.

Promoveu-se uma constante atualização de temas contemporâneos de desenvolvimento em turismo (BUTLER; PEARCE, 2005).

Buscaram-se as ligações do turismo com a identidade local (BANDUCCI; BARRETTO, 2005) e a formulação de políticas públicas para o turismo (BARRETTO et al., 2005).

Inovaram-se conceitos com a implantação do turismo de conservação da natureza em parques (KINKER, 2005) e demais áreas naturais protegidas (CÂNDIDO, 2005), integrando-as ao ecoturismo e turismo rural, sempre no enfoque do desenvolvimento sustentável (ALMEIDA et al., 2005).

A história natural e a ocupação humana das paisagens dos patrimônios ambientais nos tempos geológico, biológico e humano passaram a integrar transversalmente o ambiente do turismo nessas áreas (LINSKER; TEIXEIRA, 2003; 2005; 2007).

Colocaram-se as iniciativas do planejamento responsável (BARRETTO, 2005) e da gestão estratégica (BAPTISTA, 2005), como indissociáveis do turismo.

A própria OMT alertou para a necessidade de introduzir critérios sustentáveis em todas as etapas de planejamento, desenvolvimento e gestão de turismo (OMT, 2005). Da sua parte, vem reunindo documentos de ações para a conscientização, orientações metodológicas, princípios, técnicas de planejamento, gestão e

instrumentos de monitoramento, atribuindo atividades específicas para cada país- membro e à comunidade turística internacional.

Molina (2005) apresentou uma planificação completa para a consolidação do turismo numa localidade dentro do conceito do tempo pós-industrial, onde o ser humano passará a disponibilizar mais tempo para o lazer em localidades fora do contexto e da rotina do trabalho.

As bases para a definição de políticas públicas para o desenvolvimento sustentável do turismo com base local passaram a freqüentar as academias de pesquisa científica gerando dissertações e teses com amplo espectro do conhecimento (BOVO, 2006).

Enfatizou-se a necessidade de uma política de planejamento de turismo no Brasil (BENI, 2006), apresentando discussões e propostas (BARBOSA; CARVALHO, 2006), com enfoques e perspectivas de desenvolvimento do turismo no espaço rural (PORTUGUEZ et al., 2007) e o turismo com responsabilidade social (BAHL, 2007), sempre calcado em pesquisa (DENCKER, 2007) e ligado à educação ambiental (CASTELLANO et al., 2007).

Dentre as várias abordagens sobre o fenômeno turístico, Cruz et al. (2008), enfatizaram que ainda se percebem equívocos conceituais e em princípios filosóficos da atividade. E atribuiu à academia, principalmente pela formação superior e em seu papel de reflexão, a tarefa solucionadora através do desenvolvimento da pesquisa e produção científica de forma consistente no foco do turismo. E, finalmente, propuseram considerar o turismo como uma ciência, enfatizando uma abordagem mais responsável e profunda do estudo de um fenômeno que atinge a humanidade em geral.

Dias (2008), ao explicar o conceito de turismo sustentável e meio ambiente, afirmou notar uma crescente dependência do turismo em relação aos recursos naturais. Destacou a sustentabilidade como a chave para a preservação do turismo e a importância de se limitar o turismo pela capacidade de suporte de visitantes em uma localidade.

O Código Mundial de Ética do Turismo (OMT, 1999), estabeleceu, dentre outros princípios do turismo, o seu fator de desenvolvimento sustentável. Porém, alertou que deve ser equacionada a distribuição no tempo e no espaço dos fluxos de turistas e de visitantes, especialmente a que resulta das licenças de férias e das férias escolares. E reforçou como objetivo principal “buscar-se um melhor equilíbrio

na freqüência, de forma a reduzir a pressão da atividade turística sobre o meio ambiente e a aumentar o seu impacto benéfico na indústria turística e na economia local. Também reconheceu o turismo de natureza e o ecoturismo como “formas de turismo especialmente enriquecedoras e valorizadoras”. Mas, ressalvou que tais modalidades assim serão “sempre que respeitem o patrimônio natural e as populações locais se ajustem à capacidade de carga dos locais turísticos”.

Para propor a garantia da sustentabilidade do turismo e com crescimento contínuo, a OMT (2003) apresentou diretrizes técnicas e instrumentos metodológicos para o turismo, em nível local, aos gestores públicos ou privados, capacitando-os a assumirem as suas responsabilidades frente às limitações da atividade, particularmente à capacidade de carga.

Segundo Cooper (2001), a capacidade de carga é um conceito dinâmico, no sentido de que os limites que a determinam provavelmente irão crescer com o tempo, desde que o desenvolvimento do turismo seja seguro. Considera quatro grupos amplos de indicadores de capacidade de carga: econômicos, ambientais, socioculturais e os níveis de satisfação dos turistas. E para que se avance da abordagem qualitativa para a quantitativa, em termos de determinação da capacidade de carga, impõe a necessidade de se delinear as diferentes áreas de estudo.

Na tese será enfocada apenas a área do meio ambiente. A capacidade de carga é a variável dependente dos fatores de planejamento, gestão e tecnologia ambiental.

Os fatores naturais do meio físico (solo, rocha, relevo e drenagem – principalmente, no foco dessa tese) são as condicionantes intrínsecas sobre as quais se avaliam as fragilidades e vulnerabilidades desse meio em sua fase de planejamento ambiental.

A vulnerabilidade das diferentes destinações à presença turística será fundamental para estabelecer os padrões aceitáveis a serem mantidos durante o processo de gestão ambiental.

Os impactos ambientais são os padrões de medida da capacidade de carga e a ela se relacionam como variáveis derivadas. No caso específico deste trabalho, as variáveis derivadas da capacidade de carga são: suscetibilidade à erosão/assoreamento e à enchente/inundação e vulnerabilidade à contaminação dos aqüíferos.

Para Ruschmann (1997), tanto a teoria como a prática da determinação da capacidade de carga e das técnicas de zoneamento de ambientes frágeis, estão se tornando uma constante no desenvolvimento turístico de novas localidades e também na recuperação daquelas já instaladas. A autora considera que a natureza constitui o único fator do produto turístico que não pode ser ampliado, apesar de, geralmente, ser base de sua existência, de sua atratividade e de seu destaque no mercado. E define capacidade de carga de um recurso turístico como o número máximo de visitantes (por dia/mês/ano) que uma área pode suportar, antes que ocorram alterações no meio físico e social.

Considerando, para efeito do presente trabalho, apenas o meio físico, depreende-se que essa capacidade depende do tipo e do tamanho da área, do solo e da topografia aliada à sua variabilidade espacial e temporal.

Cita a autora a recomendação de que se considerem as seguintes variáveis, para que não haja desvios na delimitação da capacidade de carga de uma determinada área: duração da estada dos visitantes (tempo), dispersão ou distribuição dos turistas dentro da área (densidade), características do local visitado (meio físico), características dos turistas (cultural) e época do ano em que ocorre a visita (sazonalidade).

Considera também que os limites físicos envolvem a capacidade máxima de pessoas em determinada área e a deterioração que seu excesso provoca no meio natural da destinação. Cita como exemplos: Majorca/Espanha (turismo praiano) – 1.000 turistas/hectare/ano; Paris/França (turismo urbano) – 350 turistas/hectare/ano; Córsega/Itália (turismo montanhês) – 15 turistas/hectare/ano. Para uma área de praia, considera como ideal 1 a 10 m² de praia/turista/dia e 2 m³/turista/dia dentro da água.

Ruschmann (1997) afirma também que os estudos relacionados com a determinação da capacidade de carga em espaços turísticos têm se concentrado mais nas áreas litorâneas. Porém, também faz menção à definição da capacidade de carga nos parques nacionais e nas diversas áreas florestais as quais chama de espaços-parques. Nesses locais, considera relevante a capacidade de carga ecológica, a qual define como sendo o limite biológico e físico de qualquer espaço aberto às atividades recreativas.

Sua determinação atribui às condicionantes da geologia, geomorfologia, hidrologia, climatologia, botânica, zoologia e ecologia. As três primeiras fazem parte do foco deste trabalho.

Ressalta a autora que as legislações municipais, estaduais e federais devem fornecer o suporte legal para ações que impeçam a entrada ou o acesso de visitantes além do número previamente determinado como suportável para a área ou localidade, a capacidade de carga.

E, por fim, recomenda o zoneamento dos espaços naturais para que o desenvolvimento do turismo ocorra de forma equilibrada segundo critérios para a utilização dos espaços que considerem a fragilidade dos ecossistemas naturais.

A capacidade de carga está centrada em torno de níveis de tolerância. Cifuentes (1992) publicou estudos desenvolvidos desde 1984, sob o patrocínio do Fundo Mundial pela Natureza (WWF), da capacidade de carga em parques nacionais tropicais com relevantes patrimônios naturais, na Costa Rica, Equador e, posteriormente, no Brasil. No caso brasileiro, esses estudos foram dedicados ao Parque Estadual da Ilha Anchieta (SP), ao Parque Nacional de Fernando de Noronha (PE) e ao Parque Municipal Turístico de Penedo, no Maciço de Itatiaia (RJ).

O autor então propôs três níveis de tolerância para a capacidade de carga turística: física, real e efetiva ou permissível.

A capacidade de carga física (CCF) representa o limite máximo de visitas que uma área pode receber, em um espaço determinado, num tempo determinado. Assim sendo, levando em consideração que uma pessoa precisa de 1 m² para se locomover e, conhecendo o tamanho da área e o tempo necessário à visita, define- se a CCF da seguinte forma:

CCF = V/A x S x T (1)

Onde V/A é a área ocupada por visitante (tomada como 1 m²), S é a superfície total disponível para o uso público e T é o tempo necessário para a execução de uma visita.

A capacidade de carga real (CCR) representa o limite máximo de visitas, determinado a partir da CCF, logo que se aplica o fator de correção para as variáveis, que são físicas, ambientais, biológicas e de manejo, levando em

consideração as características de cada lugar. A CCR pode ser descrita da seguinte forma:

CCR = (CCF – FC1) – (CCF – FC2) – ... (CCF – FCn) (2)

Onde FC é o fator de correção expresso em termos percentuais e calculado pela expressão abaixo:

FC = ML/MT x 100 (2’)

Onde ML é a magnitude limitante de uma variável e MT é a magnitude total da variável.

A capacidade de carga efetiva ou permissível (CCE) é o limite máximo de visitas que se pode ter, frente à capacidade de ordenamento e manejo da área protegida (CM); então, a CCE é obtida comparando a CCR com a CM. Podemos concluir que a CCE é determinada por variáveis de caráter administrativo (pessoal, serviços, etc.). A CCE é expressa por:

CCE = CCR x CM/100 (3)

Onde CM é o percentual ótimo da capacidade de manejo para a administração da área protegida.

O presente trabalho adotou o método acima (CIFUENTES, 1992) para o cálculo dos três níveis de capacidade de carga nas áreas das rotas turísticas de Paraguaçu Paulista, por considerar o mais adequado já aplicado em áreas tropicais interioranas.

Quando não se consideram as limitações da capacidade de carga em uma localidade, os impactos socioambientais provocam repercussões negativas no desenvolvimento local. É o caso do Município de Itacaré (BA), estudado em caráter exploratório por Oliveira (2007). Segundo esse autor, o turismo em Itacaré tem se caracterizado por ser ecologicamente predatório, economicamente concentrador, socialmente iníquo e culturalmente alienante. Explicou também que o turismo em Itacaré é sazonal, concentrado na alta estação e em alta estação diferenciada, no

mês de julho. No mês de janeiro informou que há um fluxo de mais de 120 mil turistas frente aos 18.120 habitantes do município, segundo o censo 2000 do IBGE. E finalmente apresenta como recomendação o desenvolvimento de uma modalidade de turismo mais brando, como o ecoturismo, de modo a garantir a preservação do meio ambiente.

Em 1980, Butler criou o conceito de ciclo de vida de destinações turísticas. Esse conceito apresenta um alto grau de aceitação entre planejadores e administradores de equipamentos e localidades turísticas (RUSCHMANN, 1998) em todo o mundo.

O modelo de Butler estabelece que o ciclo de vida de um produto turístico compreende as seguintes fases: exploração, investimento, desenvolvimento, consolidação, estagnação e declínio ou rejuvenescimento.

Na fase de exploração, a localidade apresenta algumas facilidades para atrair os primeiros visitantes, que são incrementadas na fase do desenvolvimento. Em seguida, na fase de consolidação, há um domínio externo do turismo local que cresce exponencialmente para atingir um auge e entrar na fase de saturação. A partir daí, decorridos aproximadamente 20 anos (RUSCHMANN, 1998), tende a entrar em declínio, quando o ambiente natural deteriora-se pelo aumento do número de visitantes excedendo os limites da capacidade de carga.

Porém, essa situação pode ser evitada com o rejuvenescimento da destinação turística pelo planejamento, modificando o produto e/ou buscando novos mercados, algo que não foi feito ainda na Estância Turística de Paraguaçu Paulista (SP).

O Plano Regional de Turismo do Vale do Paranapanema, Estado de São Paulo, indicou potencialidades em várias modalidades de turismo ambiental, como o ecoturismo (CIVAP, 2007).

A prefeitura, após a elevação do município à categoria de estância turística (SÃO PAULO, 1997), editou uma série de leis municipais para disciplinar as práticas ambientais e turísticas no município: código do meio ambiente, plano diretor, zoneamento de uso e ocupação do solo urbano, parcelamento do solo urbano, código de posturas e normas de uso e ocupação do solo em área do entorno do balneário público (PARAGUAÇU PAULISTA, 1998; 2000).

Com a participação do Contur, elaborou uma série de material gráfico de divulgação dos atrativos turísticos do município, sempre com indicação de atrativos naturais na zona rural (PARAGUAÇU PAULISTA, 1999).

E com a parceria do SEBRAE, formulou o Plano Estratégico de Ações para o Turismo em Paraguaçu Paulista (SP), indicando atrativos naturais como produtos para a atividade turística no município (PARAGUAÇU PAULISTA, 2000a).