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Artigo
Original
Artroplastia
total
do
quadril
feita
por
via
posterior
minimamente
invasiva
–
Resultados
após
seis
anos
夽
José
Ricardo
Negreiros
Vicente
∗,
Helder
Souza
Miyahara,
Carlos
Malheiros
Luzo,
Henrique
Melo
Gurgel
e
Alberto
Tesconi
Croci
InstitutodeOrtopediaeTraumatologia,HospitaldasClínicas,FaculdadedeMedicina,UniversidadedeSãoPaulo,SãoPaulo,SP,Brasil
informações
sobre
o
artigo
Históricodoartigo:
Recebidoem16deoutubrode2013 Aceitoem20defevereirode2014
On-lineem28dejulhode2014
Palavras-chave:
Osteoartritedoquadril Artroplastiadequadril Procedimentoscirúrgicos minimamenteinvasivos
r
e
s
u
m
o
Objetivo:Avaliaroresultadoclínico-funcionalemmédioprazo(seguimentomínimodeseis anos)daartroplastiatotaldoquadrilnãocimentadafeitaporacessominimamenteinvasivo (MIS)posteriorcomparadoaoacessolateraldireto(LD)tradicional.
Métodos:Emumestudocomparativoprospectivo,224pacientesadultosforamsubmetidos àartroplastiatotaldoquadrilemcarátereletivo,pordiagnósticodeosteoartroseprimária ousecundária,esecomparouogrupoMISposterior(103pacientes)comogrupoacessoLD tradicional(121).Amédiadetempodeseguimentodospacientesdaamostrafoi7,2anos. Avaliamososresultadosclínico-funcionaiseradiográficoseaocorrênciadesolturas,assim comocomplicac¸õesocorridascomumseguimentomínimodeseisanos.
Resultados: Aanáliseclínico-funcionalanteseseisanosapósoprocedimentocirúrgicofoi semelhantenosdoisgrupos(p=0,88ep=0,55).UmpacientedogrupoMISfoisubmetidoà revisãodocomponenteacetabularedoisdogrupocontroleforamsubmetidosaomesmo procedimento, p=0,46.Otesteclínico de Trendelenburg,queevidenciouuma fraqueza da musculaturaabdutoradoquadril,estavapresenteemcincopacientesoperadospela via lateral tradicional e ausenteem todos os submetidos ao MIS(p=0,06). Não houve diferenc¸aquantoaosparâmetrosradiográficosobtidostantodoposicionamentoacetabular quantodofemoral(p=0,32,p=0,58).
Conclusões:Osresultadosemmédioprazo,clínicoseradiográficos,eataxadecomplicac¸ões foramsemelhantesentreospacientessubmetidosàartroplastiatotaldoquadrilpeloacesso posteriorminimamenteinvasivoepelavialateraltradicional.
©2014SociedadeBrasileiradeOrtopediaeTraumatologia.PublicadoporElsevierEditora Ltda.Todososdireitosreservados.
夽
TrabalhodesenvolvidopeloGrupodeQuadrildoInstitutodeOrtopediaeTraumatologiadaFaculdadedeMedicinadaUniversidade deSãoPaulo,SãoPaulo,SP,Brasil.
∗ Autorparacorrespondência.
E-mail:rrnegreiros@gmail.com(J.R.N.Vicente). http://dx.doi.org/10.1016/j.rbo.2014.02.010
Total
hip
arthroplasty
using
a
posterior
minimally
invasive
approach
–
results
after
six
years
Keywords:
Hiposteoarthritis Hiparthroplasty
Minimallyinvasivesurgical procedures
a
b
s
t
r
a
c
t
Objective: Toevaluatethemedium-termclinical-functionalresults(minimumfollow-up ofsixyears)fromtotaluncementedhiparthroplastyperformedbymeansofaposterior minimallyinvasiveaccess,incomparisonwiththetraditionalrightlateralaccess.
Methods: Inacomparativeprospectivestudy,224adultpatientsunderwentelectivetotal hiparthroplastyduetoadiagnosisofprimaryor secondaryosteoarthrosis.Agroupof 103patientswithposteriorminimallyinvasiveaccesswascomparedwithagroupof121 patientswiththetraditionalrightlateralaccess.Themeanlengthoffollow-upamongthe patientsofthissamplewas7.2years.Weevaluatedtheclinical-functionalandradiographic resultsandoccurrencesofloosening,alongwithanycomplicationsthatoccurred,witha minimumfollow-upofsixyears.
Results: The clinical-functional analyses before the surgical procedure and six years afterwardsweresimilarinthetwogroups(p=0.88andp=0.55).Onepatientinthe mini-mallyinvasivegroupunderwentrevisionoftheacetabularcomponentandtwopatients inthecontrolgroupunderwentthesameprocedure(p=0.46).TheTrendelenburgclinical test,whichshowedweaknessofthehipabductormusculature,waspresentinfive pati-entsoperatedusingthetraditionallateralrouteandabsentinallthosewhounderwentthe minimallyinvasiveprocedure(p=0.06).Therewasnodifferenceregardingtheradiographic parametersobtained,eitherinacetabularorinfemoralpositioning(p=0.32andp=0.58).
Conclusions: Themedium-termclinicalandradiographicresultsandthecomplicationrates weresimilarbetweenthepatientswhounderwenttotalhiparthroplastybymeansofthe posteriorminimallyinvasiveaccessandthosewiththetraditionallateralaccess.
©2014SociedadeBrasileiradeOrtopediaeTraumatologia.PublishedbyElsevierEditora Ltda.Allrightsreserved.
Introduc¸ão
A artroplastia total do quadril feita por MIS surgiu moti-vada por uma tendência observada em outras áreas e teve como objetivos garantir melhores resultados, menos complicac¸õesemenormorbidadeperioperatóriaeacarretar custosmenoresaosprestadoresdeservic¸oemsaúdespública eprivada.1,2
Diversos estudos demonstram que tal acesso pode proporcionarumamelhorrecuperac¸ãonopós-operatório ime-diato, com menos dor, menor sangramentono períodode internac¸ão,menorlesãomusculare,porconseguinte,menor tempodeinternac¸ãohospitalar.3–5
Porém, outros autores, ao comparar os acessos cirúr-gicos tradicionais com os minimamente invasivos, mos-traram resultados similares em curto prazo sem bene-fício real.6,7 Alguns autores alertaram até quanto ao
aumento das complicac¸ões e dos riscos com determi-nados acessos minimamente invasivos, como o acesso anterior único, e relataram complicac¸ões não usuais e tempo cirúrgico prolongado, assim como longa curva de aprendizado.8,9
Nosso objetivo é avaliar o resultado clínico-funcional em médio prazo (seguimento mínimo de seis anos) e as complicac¸õesdaartroplastiatotaldoquadrilnãocimentada feitaporMISposteriorcomparadocomoacessolateraldireto (LD)tradicional.
Material
e
métodos
Apósaprovac¸ãodocomitêdeéticaempesquisa,emumestudo comparativo prospectivo, 224 pacientesadultos foram sub-metidos à artroplastia total do quadril em caráter eletivo, pordiagnóstico deosteoartroseprimáriaousecundária.Os pacientesforamselecionadosdalistadeesperadoGrupode Quadrildonossoservic¸o.
Oestudodasamostrasestánatabela1.
Foi feita a randomizac¸ão por sequência de números aleatórios com a divisão em dois grupos no momento da marcac¸ãodascirurgias,queforamfeitasporumcirurgiãonão envolvido diretamente na pesquisae semo conhecimento do cirurgião autor principal. Noprimeiro grupo, usou-se a via posteriorinicialmentedescritaporMoore,com incisões demenortamanhoemínimadissecc¸ãodepartesmoles.Nos pacientesdogrupocontrole,usou-seaviadeacessolateral diretatradicionaldescritainicialmenteporHardinger,porém comopacienteemdecúbitolateral.Foram103pacientescom oacessoMISe121comoLD.
Amédiadetempodeseguimentodaamostratotalfoide 7,2anos,variac¸ãoentre6,1e9anos.
Tabela1–Estudodacasuística
G.mini-invasivo Grupocontrole Valordep
Idade(média) 56,1anos 55,8anos 0,85
Gênero(masculino/feminino) 55/48 69/52 0,59
Lado(direito/esquerdo) 52/51 62/59 1
Índicedemassacorpórea–IMC 27,7 27,1 0,4
Ocritériodeexclusãofoiperdadoseguimentoocorridaaté aavaliac¸ãoambulatorialdosextoanodepós-operatório.
Todosseguiramomesmoprotocolodeanalgesiano pós--operatório,queconsistiu em100mgdeTramadol(Pfizer®)
endovenoso a cada oito horas e 100mg de Cetoprofeno (Eurofarma®) em dose única diária endovenosa até o dia
daaltahospitalar.Aprofilaxiatromboembólicafoi feitaem todosospacientes com40mgdeEnoxaparinadeaplicac¸ão subcutânea(Sanofi-Aventis®)apartirdoprimeirodiade
pós--operatórioaté30diasapósoprocedimentocirúrgico. Todos os pacientes receberam alta no quinto dia pós--operatório com orientac¸ões de fisioterapia e medicac¸ões anticoagulanteeanalgésica(500mgdeparacetamol acada seishoras,viaoralsenecessário).
Usamosnesteestudodoismodelosdeprótesesnão cimen-tadas (haste femoral Meridian com acetábulo Vitalock – Stryker®;hastefemoralBicontactcomacetábuloplasmacup
–Aesculap®).Ousodessesimplantesfoimeramentebaseado
nadisponibilidadenodiaemqueopacienteeraoperado.Eram osdoisfornecedoresdonossoservic¸odecirurgiadoquadril nomomentodapesquisa.
TodosospacientesdogrupoMISforamoperadospeloautor principaldapesquisaeosdogrupoLDforamoperadosportrês cirurgiões,entreelesoautorprincipal.
Algunspontosdedestaqueemrelac¸ãoaoacessoposterior MISdevemserrelatados.Trata-sedeumaviadeacessoque denotaumalevecurvadeaprendizado,mesmoparao cirur-giãohabituadoaoacessoposteriortradicional.Oprincípioda janelamóvelpodeserdegrandevalornoacessoacetabulare femoral,deve-semudaraposic¸ãodosafastadoresconformea regiãoaserpreparadaedeslocarostecidosmolesnosentido distalparaopreparoacetabularenosentidoproximalparao preparofemoral,paraevitarmuitotensionamentodetecidos superficiaiseminimizarriscodecomplicac¸õescicatriciaisna incisãocirúrgica.
Oprotocolo de fisioterapiaadotadoconsistiu em:flexão ativaassistidadostornozelosejoelhoscomousodeumcoxim deabduc¸ãodesdeoprimeirodiadepós-operatório;etreinode marchacomcargaparcialapartirdosegundodiaecargatotal apósseissemanasdepós-operatório.Aevoluc¸ãodecada paci-entefoiacompanhadaporretornosagendadoscomuma,três, seis,12e24semanasapósacirurgia.Osretornospassarama seranuaisapósumanodepós-operatório.
Aavaliac¸ão clínico-funcional eos critérios radiográficos também foram analisados nos dois grupos. Para avaliac¸ão clínico-funcional,usou-seoquestionárioHarrisHipScoreno períodopré-operatórioimediato(semanaanterioràcirurgia), apósseismeses,umanoefinalmenteseisanos,considerado otempomínimoparaestapesquisaquantoaessecritério.
Apósosextoanodeseguimento,eventuaiscomplicac¸ões tardiasforamavaliadasnesteestudo,assimcomoeventuais solturasassépticasdoscomponentesprotéticos.
Aanáliseradiográficafoifeitanoretornodeseismesesde pós-operatórioeseconsiderouumbomposicionamento ace-tabularacetábuloscomângulodeabduc¸ãoentre35◦e50◦eum bomposicionamentofemoralcomponentesfemoraisentre0◦ e5◦devalgo.
Apresenc¸aounãodosinalclínicodeTrendelenburg foi aferidanoretornodesextoanodepós-operatório.
Odesgastelinearradiográficodopolietilenofoiaferidocom ousodecompassoeréguamilimetradanosextoanode segui-mentodepós-operatórioeavaliou-seavariac¸ãodeespessura dopolietilenonasporc¸õessuperioreinferior,combasena esfericidadedacabec¸aprotética.Consideramosumdesgaste inaceitávelumvalor≥1mm,oquerepresentariamaisdoque 0,1mmdedesgastelinearaoano,dadootempodeseguimento dospacientesdonossoestudo.10
As variáveis quantitativas com distribuic¸ão gaussiana foram comparadaspelo testet deStudentnãopareado.Os dadosquenãoapresentavamdistribuic¸ãonormalforam ava-liados portestesnão paramétricos.Acomparac¸ãoentreos doisgruposfoifeitacomotestedeMann-Whitney.Osdados qualitativos (nãonuméricos) foram analisadoscom oteste qui-quadradooutestedeFischer,quandonecessário.Onível designificânciaestatísticafoip=0,05.
Resultados
Quanto ao modelo de prótese usado, o implante Meri-dian/Vitalock(Stryker®)foimaisprevalentenosdoisgrupos doqueoBicontact/Plasmacup(Aesculap®),semdiferenc¸a sig-nificativa(60,2%e53,7%,p=0,34).
Odiagnósticodeosteoartroseprimáriadoquadrilfoifeito em61pacientesdogrupoLD(50,4%)e57doMIS(55,3%),com p=0,5.Todososrestantesforamdiagnosticadoscom osteoar-trosesecundáriaaoutraspatologias,entreelasosteonecrose, artritesoronegativa,sequeladePèrthes,sequelade epifisio-listese,artritereumatoideeartritepós-traumáticadoquadril. Odesgastelinearradiográficodopolietilenofoiaferidocom compassoeréguamilimetradanosextoanodeseguimento depós-operatórioeobservou-sedesgasteacimadoesperado (>1mm)em30%dospacientesdogrupoMIScontra33,8%dos docontrole,comp=0,56.
NogrupoMISnãofoiidentificadaosteóliseacetabularou femoralemqualquerpacienteapós osexto ano;porém foi diagnosticadaemtrêspacientesdogrupocontrole,todas ace-tabulares(p=0,25).
Figura1–Cicatrizde5,5cmapósseismeses.
OtesteclínicodeTrendelenburg,queevidenciouuma fra-quezadamusculaturaabdutoradoquadril,estavapresente em cinco pacientes operados pela via lateral tradicional e ausenteemtodos os pacientes submetidos ao acesso pos-teriorMIS,emboranãohouvessediferenc¸aestatisticamente significativa(p=0,06).
Aanáliseclínico-funcionalnosdoisgruposantesda cirur-giafoisemelhante(médiade47,5nogrupomini-invasivoe 48nocontrole)(p=0,88).
OHarrisHipScorepós-operatórioevidencioumelhoriaem ambososgrupos,commédiasemelhantedepontuac¸ão(86do LDvs87,6doMIS,p=0,55).
Asoltura assépticaacetabular ocorreuemumpaciente, operadopeloacessoposteriorminimamenteinvasivo.Foifeita revisãoapós12meses.Foinecessáriaarevisãodapróteseem doispacientesdogrupocontrole.Foramfeitasatrocade poli-etilenoemumpacienteapós6,5anosearevisãoacetabular emoutropacientedessegrupoapósseteanosdeseguimento (p=0,46).
Oúnicoresultadoestatisticamentesignificativofoio tama-nhoda incisão(p <0,001),com umamédiade95,1mmno acessoMISe169,8mmnavialateraltradicional(fig.1).
Quantoàscomplicac¸ões,observamosumcasodefratura acetabularmedialsemdesvio,tratadaconservadoramente,e umcasodeossificac¸ãoheterotópicaquerequereuressecc¸ão cirúrgica, o que totalizou dois pacientes do grupo mini--invasivo. Quanto ao grupo controle, observamos duas fraturasfemoraistratadascomcerclagemnointraoperatório, um caso de luxac¸ão tratado com reduc¸ão incruenta sem recidiva,umpaciente cominfecc¸ão superficialtratadacom
antibioticoterapia oraleumapacientecom neuropraxiado nervoulnar,porcausadaposic¸ãonamesa,queregrediuapós oitosemanas.Não seobservou diferenc¸asignificativaentre osgrupos(p=0,45).
Discussão
Emnossoestudo,percebemosumamenormédiadeidadedos pacientesemrelac¸ãoaostrabalhosencontradosnaliteratura, commédiasemsuamaioria acimade60anos,2,11 oquese
justifica, talvez, porumaquantidade considerável de oste-oartrose secundáriaadoenc¸as sistêmicasereumatológicas emnossomeio (praticamentemetadedospacientes).Outra causa possível para esse achado talvez seja a distribuic¸ão típica da pirâmide etária da populac¸ão brasileira, distinta de paíseseuropeus e daAmérica do Norte.Essa médiade idademaisbaixapoderepresentarumviéstantoparauma melhorrecuperac¸ãonafaseagudapós-operatóriacomopara complicac¸õesinerentesaodesgasteeàsolturada artroplas-tia,dadoumteóricograudeatividadefísicaelaborativamaior nessespacientes.
Outros possíveis fatores de viés nos resultados obtidos nestetrabalhoseriamofatodeteremsidousadosdois mode-los deprótesesnos dois grupos,emboraambassejam não cimentadas.Porém,amaioriadosestudosquetêmcasuística grandecostumaapresentaressemesmoviés.Quantoaogrupo controle,afeituradoprocedimentopordiferentescirurgiões tambémpodeserconsideradaumviés,emboraadiversidade decirurgiõestambémsejarelatadaporboapartedosautores. Ousodeprótesescompartribológicoinsertode polieti-leno convencionalcom cabec¸a demetal associado à idade maisbaixadospacientese,porconseguinte,maiorgraude atividadepodeserresponsávelpelodesgastelinearacimado esperado encontradoemumterc¸odoscasosedaosteólise acetabularprecoce encontradanostrês pacientesdogrupo controle.Destacamos,porém,queametodologiausadapara medic¸ãododesgastedopolietilenoapresentacercade15% demargemdeerro.Usam-sehojeemdiaelementosdemaior precisão,comomodelostridimensionaiscomputadorizados, quenãoforamconsideradosnoestudopornãosetratardo objetivoprincipaldosautores.
Quantoaoposicionamentodoscomponentesdaprótese, apesardenãoseresseoobjetivoprincipaldonossoestudo, nãoobservamosdiferenc¸aestatisticamentesignificativaentre osgrupos,porémemnossaexperiênciapréviaacetábulos mai-ores(>52)tendemaapresentarmaiordificuldadetécnicapara ocirurgião,comriscoaumentadodelateralizac¸ãoeaumento doângulodeabduc¸ãodocomponenteacetabular,fatoesse decorrentedo«ângulodeataquedasfresasacetabulares»,o queprejudicaprincipalmentequandonãoforemusadas fre-saseimpactoresadaptadosparaacessosmenores(fig.2).12
Figura2–Impactoracetabularretoquepodedificultaro posicionamentodocomponente.
Amaiorpartedostrabalhosevidenciaumarecuperac¸ão agudapós-operatóriamelhorquandousadooacesso minima-menteinvasivo,com menoresquantidadede sangramento, dano muscular e tempo de internac¸ão hospitalar. A ques-tãodosangramentonoperíododeinternac¸ãoéoutroponto polêmico, pois a maioria dosautores refere sangramentos inferiores a 500mL em média,2,3,14,15 porém incidência de
transfusõesfeitaspróximade50%dospacientes,oquedenota umacontradic¸ãoeumaprovávelsubestimativa,confirmada poroutrostrabalhos,nosquaisoescopocentralfoiperda volê-micaeametodologiamaisminuciosaparatalestimativa.5,16,17
Nosso estudo, com seguimento superior a seis anos, apresentou resultados similaresaos dados encontrados na literaturasobreotema,comodemonstrametanáliserecente, comevoluc¸ãosemelhantenosdoisgrupos,tantoemrelac¸ão aosparâmetrosradiográficosquantoàpontuac¸ãoclínica fun-cionalnoHarrisHipScoreemtodososperíodosestudados. Oseguimentoemmédioelongoprazo,porém,pareceincerto einconclusivo,dadaaescassezdeestudoscomparativoscom seguimentosmaiores,semqualquerevidênciaatéomomento desuperioridadedessesacessosemrelac¸ãoaostradicionais.18
Observamosnaamostratotaldoestudoapenasumcasode luxac¸ão,queacreditamos serdecorrente dotrabalho inten-sivo da equipe de fisioterapeutas do nosso servic¸o com medidaseducacionaisposturaisquediminuemoriscodessa complicac¸ão,alémdofatodelidarmosnoestudoapenascom pacientescomdiagnósticodeosteoartrose,quenotoriamente apresentamriscomenoremrelac¸ãoaospacientescom diag-nósticodefraturadocolofemoralsubmetidosàartroplastia totaldoquadril.
Optamosporavaliaraocorrênciadascomplicac¸õescomo umtodoporgrupodeformacomparativa,poisonúmeroda amostraseriainsuficienteparaavaliarmoscadacomparac¸ão discriminadamentedeacordocomcadatipodecomplicac¸ão ocorrida.
Aúnicavariávelavaliadanotrabalhocomdiferenc¸a sig-nificativacomoacessominimamenteinvasivo,aincisãode menortamanho,emtese,indicariaummelhorresultado esté-tico,porém Mowet al.,19 em2005,demonstraram umpior
resultadocicatricialnasincisõespequenas.Emnossa casuís-tica,nãohouvequeixasestéticas,porémlembramosqueesse deveseroúltimoquesitoparaseindicarumacessomenos invasivo.
Conclusão
Os resultadosemmédioprazo,clínicoseradiográficos,ea taxadecomplicac¸õessãosemelhantesentreospacientes sub-metidosàartroplastiatotaldoquadrilpeloacessoposterior minimamenteinvasivooupelavialateraldiretatradicional, emborao acessolateral direto cause maisfrequentemente insuficiênciadamusculaturaabdutoraemrelac¸ãoaoacesso minimamenteinvasivoposterior.
Conflitos
de
interesse
Osautoresdeclaramnãohaverconflitosdeinteresse.
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