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50 tons de cinza

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Academic year: 2017

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Texto

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Trilogia Cinquenta Tons de Cinza

Livro 01

Cinquenta Tons de Cinza

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Sinopse

Quando Anastasia Steele entrevista o jovem empresário Christian Grey, descobre nele um homem atraente, brilhante e profundamente dominador. Ingênua e inocente, Ana se surpreende ao perceber que, a

despeito da enigmática reserva de Grey, está desesperadamente atraída por

ele. Incapaz de resistir à beleza discreta, à timidez e ao espírito independente

de Ana, Grey admite que também a deseja — mas em seus próprios termos.

Chocada e ao mesmo tempo seduzida pelas estranhas preferências de

Grey, Ana hesita. Por trás da fachada de sucesso — os negócios

multinacionais, a vasta fortuna, a amada família —, Grey é um homem

atormentado por demônios do passado e consumido pela necessidade de

controle. Quando eles embarcam num apaixonado e sensual caso de amor,

Ana não só descobre mais sobre seus próprios desejos, como também sobre

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Capítulo 01

Eu olho com frustração para mim mesma no espelho. Maldito cabelo, ele simplesmente não se comporta, e maldita Katherine Kavanagh por estar doente e me sujeitar a esta provação. Eu devia estar estudando para meus exames finais, que será na semana que vem, mas estou aqui tentando escovar meus cabelos até que eles se submetam. Eu não devo dormir com ele molhado. Eu não devo dormir com ele molhado. Recitando esta ladainha várias vezes, eu tento, mais uma vez, deixa-los sob controle com a escova. Eu reviro meus olhos em exasperação e olho para a pálida menina de cabelos castanhos com olhos azuis muito grandes para seu rosto, olhando fixamente de volta para mim, e desisto. Minha única opção é conter meu cabelo rebelde em um rabo-de-cavalo e esperar que eu pareça meio apresentável.

Kate é minha companheira de quarto, e ela escolheu justamente hoje para sucumbir à gripe.

Então, ela não podia comparecer a entrevista que ela agendou, com algum magnata mega industrial que eu nunca ouvi falar, para o jornal estudantil. Então eu tive que me voluntariar. Eu tenho exames finais para estudar, uma redação para terminar, e eu devia estar trabalhando esta tarde, mas não, hoje eu tenho que dirigir duzentos e sessenta e cinco quilômetros para o centro de Seattle a fim de encontrar o enigmático CEO1

da Grey Enterprises Holdings Inc. Como um empresário excepcional e

benfeitor importante de nossa Universidade, seu tempo é

extraordinariamente precioso, muito mais precioso que o meu, mas, ele concedeu a Kate uma entrevista. Um verdadeiro golpe de sorte, ela me disse. Maldita atividades extracurriculares dela.

Kate está encolhida no sofá na sala de estar.

— Ana, eu sinto muito. Demorei nove meses para conseguir esta entrevista. Levará outros seis para reagendar, e nós duas vamos estar formadas até lá. Como editora, eu não posso estragar isto. Por favor, — Kate me implora em sua voz rouca, de garganta inflamada. Como ela faz isto? Mesmo doente ela parecia atrevida e magnífica, com cabelos ruivos dourados

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9 e olhos verdes brilhantes, embora agora avermelhados e com coriza nasal. Eu ignoro minha pontada de simpatia indesejada.

— Claro que eu vou Kate. Você deve voltar para a cama. Você gostaria de um pouco de Nyquil ou Tylenol? 2

— Nyquil, por favor. Aqui estão às perguntas e meu mini-gravador. Apenas aperte gravar aqui. Faça anotações e eu transcreverei tudo.

— Eu não sei nada sobre ele, — eu murmuro, tentando e falhando em suprimir meu pânico crescente.

— As perguntas virão ao seu encontro. Vá. É uma longa viagem. Eu não quero que você se atrase.

— Ok, eu estou indo. Volte para a cama. Eu fiz uma sopa para você aquecer mais tarde. — Eu olho para ela ternamente. Só por você, Kate, eu farei isto.

— Eu sei. Boa sorte. E obrigado Ana, como sempre, você é minha salvadora.

Juntando minha mochila, eu sorrio ironicamente para ela, então me dirijo porta afora para o carro. Eu não posso acreditar que eu deixei Kate me convencer disto. Entretanto, Kate pode convencer qualquer um de qualquer coisa.

Ela vai ser uma jornalista excepcional. Ela é articulada, forte, persuasiva, argumentativa, bonita e ela é minha mais querida, querida amiga.

As estradas estão limpas quando eu parto de Vancouver, com acesso a Washington em direção a Portland e a I-5. É cedo, e eu não tenho que estar em Seattle até às duas da tarde. Felizmente, Kate me emprestou seu desportivo Mercedes CLK. Eu não tenho certeza se Wanda, meu velho besouro VW, faria a jornada a tempo. Oh, o Merc. é uma diversão de dirigir, e as milhas escapam quando eu piso no pedal até o fundo.

Meu destino é a sede global da empresa do Sr. Grey. É um edifício comercial enorme de vinte andares, todo em vidro curvo e aço, uma estrutura arquitetônica fantástica, com Grey House3 escrito discretamente

em aço acima das portas de vidro dianteiras. É uma e quarenta e cinco quando eu chego, estou tão aliviada de não estar atrasada quando eu entro na enorme, e francamente intimidante portaria de vidro e aço, em arenito branco.

Atrás do balcão de arenito sólido, uma muito atraente, adestrada, jovem loira sorri agradavelmente para mim. Ela está vestindo um terninho carvão e camisa branca, mais elegante que eu já vi. Ela parece imaculada.

— Eu estou aqui para ver o Sr. Grey. Anastásia Steele por Katherine Kavanagh.

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Marcas de remédios para resfriado 3

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10 — Com licença um momento, Senhorita Steele. — Ela arqueia sua sobrancelha ligeiramente quando eu permaneço conscientemente diante dela. Eu começo a desejar que eu ter pegado emprestado um dos blazers formais de Kate em lugar de vestir minha jaqueta azul marinho. Eu fiz um esforço e vesti minha única saia, minhas comportadas botas marrons até os joelhos e um suéter azul. Para mim, isto é inteligente. Eu enfio um dos fugitivos tentáculos de meus cabelos para trás de minha orelha enquanto eu finjo que ela não me intimida.

— Senhorita Kavanagh é esperada. Por favor, registre-se aqui, Senhorita Steele. Você irá até o último elevador à direita, pressione para o vigésimo andar. — Ela sorri amavelmente para mim, divertida, sem dúvida, quando eu me registro.

Ela me dá um crachá de segurança que tem VISITANTE muito firmemente estampado na frente. Eu não posso evitar meu sorriso. Certamente é óbvio que eu estou só de visita. Eu não encaixo aqui mesmo.

Nada muda, eu interiormente suspiro. Agradecendo a ela, eu caminho para o banco de elevadores passando os dois homens da segurança que estão muito mais bem vestidos do que eu estou, em seus ternos pretos bem cortados.

O elevador me leva rapidamente com máxima velocidade para o vigésimo andar. As portas deslizam abrindo, e eu estou em outra grande entrada, mais uma vez toda em vidro, aço e arenito branco. Eu sou confrontada por outra mesa de arenito e outra jovem loira vestida impecavelmente em preto e branco, que levanta para me saudar.

— Senhorita Steele, você poderia esperar aqui, por favor? — Ela aponta para uma área acomodada por cadeiras de couro branco.

Atrás das cadeiras de couro está uma espaçosa sala de reunião envidraçada, cercada por uma mesa de madeira escura, igualmente espaçosa e pelo menos vinte cadeiras harmonizadas ao redor dela. Além disto, tinha uma janela do chão ao teto com uma visão do horizonte de Seattle, que mostrava a cidade em direção ao Sound.4 É uma vista

deslumbrante, e eu fico momentaneamente paralisada pela visão. Uau. Eu me sento, pesco as perguntas de minha mochila, e dou uma repassada nelas, amaldiçoando interiormente Kate por não me fornecer uma breve biografia. Eu não conheço nada sobre este homem que estou para entrevistar. Ele pode ter noventa anos ou pode ter trinta. A incerteza está me irritando, e meus nervos ressurgem, fazendo com que eu fique incomodada. Eu nunca fico confortável com uma entrevista em pessoa, preferindo o anonimato de uma discussão de grupo onde eu posso me sentar imperceptivelmente na parte de trás da sala. Para ser honesta, eu prefiro minha própria companhia, lendo um romance clássico britânico, enrolada

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11 em uma cadeira na biblioteca do campus. Não sentada se contorcendo nervosamente em um colossal edifício de vidro e pedra.

Eu reviro meus olhos para mim mesma. Mantenha o controle, Steele. A julgar pelo edifício, que é muito clínico e moderno, eu imagino que Grey está em seus quarenta: em forma, bronzeado, e de cabelos loiros para combinar com o resto do pessoal.

Outra elegante, impecavelmente vestida loira sai de uma grande porta à direita. O que é isso tudo com as loiras imaculadas? É como Stepford5

aqui. Respirando fundo, eu me levanto. — Senhorita Steele? — A mais recente loira pergunta.

— Sim, — eu coaxo, e clareio minha garganta. — Sim. — Agora, isto soou mais confiante.

— O Sr. Grey irá recebê-la em um momento. Eu posso pegar seu casaco?

— Oh, por favor. — Eu luto para tirar a jaqueta. — Já foi oferecido a você alguma bebida?

— Hum, não. — Oh Deus, a Loira Número Um está em problemas? A Loira Número Dois franziu o cenho e olhou a jovem na escrivaninha.

— Você gostaria de um chá, café, água? — Ela pergunta, voltando sua atenção para mim.

— Um copo de água. Obrigada, — eu murmuro.

— Olivia, por favor, vá buscar para Senhorita Steele um copo de água. — A voz dela é grave. Olivia foge imediatamente e se apressa para uma porta no outro lado do saguão.

— Minhas desculpas, Senhorita Steele, Olivia é nossa nova estagiária. Por favor, sente-se. O Sr. Grey levará mais cinco minutos.

Olivia retorna com um copo de água gelada. — Aqui está, Senhorita Steele.

— Obrigada.

A Loira Número Dois marcha para a grande escrivaninha, seus saltos clicando e ecoando no chão de arenito. Ela se senta, e ambas continuam seu trabalho.

Talvez o Sr. Grey insista que todos os seus empregados sejam loiros. Eu me pergunto ociosamente se isto é legal, quando a porta do escritório abre e um alto, elegantemente vestido, atraente homem Afro-Americano com curtos dreads sai. Eu definitivamente vesti as roupas erradas.

Ele se vira e diz pela porta. — Golfe, esta semana, Grey.

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12 Eu não ouço a resposta. Ele vira-se, me vê, e sorri, seus olhos escuros enrugando nos cantos. Olivia salta e chama o elevador. Ela parece se destacar em pular de sua cadeira. Ela está mais nervosa que eu!

— Boa tarde, senhoras, — ele diz enquanto parte pela porta deslizante.

— O Sr. Grey verá você agora, Senhorita Steele. Siga-me, — A Loira Numero Dois diz.

Eu estou bastante tremula tentando suprimir meus nervos. Juntando minha mochila, eu abandono meu copo de água e faço meu caminho para a porta parcialmente aberta.

— Você não precisa bater, apenas entre. — Ela amavelmente sorri. Eu empurro a porta aberta e cambaleio, tropeçando em meus próprios pés, e caio de cabeça dentro do escritório.

Merda dupla: eu e meus dois pés esquerdos! Eu estou em minhas mãos e de joelhos na porta de entrada do escritório do Sr. Grey, e mãos gentis estão ao meu redor me ajudando a levantar. Eu estou tão envergonhada, maldita falta de jeito. Eu tenho que lançar meu olhar para cima. Puta que pariu, ele é tão jovem.

— Senhorita Kavanagh. — Ele estende uma mão com longos dedos para mim, uma vez que eu fico de pé. — Eu sou Christian Grey. Você está bem? Você gostaria de se sentar?

Tão jovem, e atraente, muito atraente. Ele é alto, vestido em um fino terno cinza, camisa branca e gravata preta, com incontroláveis cabelos cor de cobre e intensos, luminosos olhos cinza claro que me observam astutamente. Leva um momento para eu encontrar minha voz.

— Hum hum. Perfeitamente — eu murmuro. Se este cara está acima dos trinta então eu sou o tio Macaco.6 Em uma confusão, eu coloco

minha mão na dele e nós levamos um choque. Quando nossos dedos se tocam, eu sinto um estimulante e estranho calafrio, correndo através de mim. Eu retiro minha mão apressadamente, envergonhada. Deve ser estática. Eu pisco rapidamente, minhas pálpebras harmonizando minha frequência cardíaca.

— A Senhorita Kavanagh está indisposta, então ela me enviou. Eu espero que você não se importe, Sr. Grey.

— E você é? — Sua voz é morna, possivelmente divertida, mas é difícil dizer por sua expressão impassível. Ele parece ligeiramente interessado, mas acima de tudo, educado.

— Anastásia Steele. Eu estudo Literatura inglesa com Kate, hum…

Katherine… hum… Senhorita Kavanagh do Estado de Washington.

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13 — Entendo, — ele simplesmente diz. Eu penso ver um fantasma de um sorriso em sua expressão, mas eu não estou certa. — Você gostaria de se sentar? — Ele acena em direção a um sofá de couro branco em forma de L.

Seu escritório é muito grande para um homem só. Na frente das janelas que vão do chão ao teto, há uma enorme escrivaninha moderna de madeira escura, que seis pessoas poderiam comer confortavelmente ao redor. Combinando a mesa de café com o sofá. Todo o resto é branco, teto, pisos e paredes, exceto, a parede perto da porta, onde estava um mosaico pendurado de pequenas pinturas, trinta e seis delas dispostas em um quadrado. Elas são primorosas, uma série de objetos mundanos esquecidos, pintados com tal detalhe preciso que eles parecem com fotografias. Exibidos juntos, eles são de tirar o fôlego.

— Um artista local. Trouton, — Grey diz quando ele pega meu olhar. — Elas são adoráveis. Elevando o ordinário para o extraordinário, — eu murmuro distraída, tanto por ele como pelas pinturas. Ele vira sua cabeça para um lado e me fixa atentamente.

— Eu concordo plenamente, Senhorita Steele, — ele responde, sua voz suave e por alguma razão inexplicável eu me encontro corando.

Além das pinturas, o resto do escritório era frio, limpo e clínico. Eu me pergunto se isto reflete a personalidade do Adônis, que afunda graciosamente em uma das cadeiras de couro branco á minha frente. Eu agito minha cabeça, transtornada com a direção de meus pensamentos, e recupero as perguntas de Kate da minha mochila. Em seguida, eu instalo o mini gravador e sou toda dedos e polegares, o deixando cair uma segunda vez na mesa de café à minha frente. O Sr. Grey não diz nada, esperando pacientemente “eu espero” enquanto eu me torno cada vez mais envergonhada e frustrada. Quando eu tomo coragem para olhá-lo, ele está me observando, uma mão relaxada em seu colo e a outra embaixo de seu queixo e arrastando o seu longo dedo indicador através de seus lábios. Eu acho que ele está tentando conter um sorriso.

— Desculpe-me, — eu gaguejo. — Eu não estou acostumada a isto. — Leve o tempo que você precisar, Senhorita Steele, — ele diz. — Você se importa se eu gravar suas respostas?

— Depois que você teve tantas dificuldades para instalar o gravador, agora que você me pergunta?

Eu coro. Ele está tirando sarro de mim? Eu espero. Eu pisco para ele, sem saber o que dizer, e acho que ele fica com pena de mim porque ele cede. — Não, eu não me importo.

— Será que Kate, eu quero dizer, a Senhorita Kavanagh, explicou para o que é a entrevista?

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Oh! Isto é novidade para mim, e eu estou temporariamente preocupada pelo pensamento de que alguém não muito mais velho do que eu, Ok, talvez uns seis anos mais ou menos, e ok, mega- bem sucedido, mas, ainda assim, vai me apresentar em minha licenciatura. Eu franzo a testa, arrastando minha teimosa atenção de volta à tarefa à mão.

— Bem, — eu engulo nervosamente. — Eu tenho algumas perguntas, Sr. Grey. — Eu aliso um cacho perdido de cabelo atrás de minha orelha.

— Eu achei que você teria, — ele diz, impassível. Ele está rindo de mim. Minhas bochechas esquentam com a percepção, e eu me sento reta e enquadro meus ombros em uma tentativa de parecer mais alta e mais intimidante. Apertando o botão iniciar do gravador, eu tento parecer profissional.

— Você é muito jovem para ter acumulado tal império. Há que você deve seu sucesso? — Eu olho para ele. Seu sorriso é arrependido, mas ele parece vagamente desapontado.

— Negócios é tudo sobre pessoas, Senhorita Steele e eu sou muito bom em julgar as pessoas. Eu sei como elas marcam, o que as faz florescer, o que não faz, o que as inspira, e como incentivá-las. Eu emprego um time excepcional, e eu os recompenso bem. — Ele pausa e me fixa com seu olhar cinza. — Minha convicção é de alcançar o sucesso em qualquer esquema, alguém tem que se fazer mestre deste esquema, conhecê-lo de dentro para fora, saber todos os detalhes. Eu trabalho duro, muito duro para fazer isto. Eu tomo decisões baseadas em lógica e fatos. Eu tenho um instinto natural que pode localizar e nutrir uma boa ideia sólida e boas pessoas. O resultado final é sempre estabelecido para as boas pessoas.

— Talvez você seja apenas sortudo. — Isto não está na lista de Kate, mas ele é tão arrogante. Seus olhos chamejam momentaneamente em surpresa.

— Eu não acredito em sorte ou azar, Senhorita Steele. Quanto mais duro eu trabalho mais sorte eu pareço ter. Realmente é tudo sobre ter as pessoas certas em seu time e dirigindo suas energias neste sentido. Eu acho que foi Harvey Firestone quem disse “o crescimento e desenvolvimento das pessoas é a maior vocação de liderança.

— Você soa como um maníaco por controle. — As palavras saíram de minha boca antes que eu possa detê-las.

— Oh, eu exerço controle em todas as coisas, Senhorita Steele, — ele diz sem rastro de humor em seu sorriso. Eu olho para ele, e ele segura o meu olhar continuamente, impassível. Meu batimento cardíaco acelera, e meu rosto fica corado novamente.

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15 — Além disso, o imenso poder é adquirido assegurando-se em seus devaneios secretos, que você nasceu para controlar as coisas, — ele continua, sua voz suave.

— Você sente que tem imenso poder? —Maníaco por controle.

— Eu emprego mais de quarenta mil pessoas, Senhorita Steele. Isso me dá certo sentido de responsabilidade.... poder, se assim prefere. Se decidisse que já não me interesso mais pelos negócios de telecomunicações e vendesse tudo, vinte mil pessoas teriam grandes dificuldades em pagar suas hipotecas no final do mês então.

Minha boca abriu. Eu estou espantada pela sua falta de humildade. — Você não tem um conselho ao qual responder? — Eu pergunto, repugnada.

— Eu possuo a minha empresa. Eu não tenho que responder para um conselho. — Ele levanta uma sobrancelha para mim.

Eu ruborizo. Claro, eu saberia disto se eu tivesse feito alguma pesquisa. Mas puta merda, ele é tão arrogante. Eu mudo de rumo.

— E você tem algum interesse fora de seu trabalho?

— Eu tenho interesses variados, Senhorita Steele. — A sombra de um sorriso toca seus lábios. — Muito variado. — E por alguma razão, eu estou confusa e inflamada por seu olhar firme. Seus olhos estão iluminados com algum pensamento mau.

— Mas se você trabalha tão duro, o que você faz para relaxar? — Relaxar? — Ele sorri, revelando dentes brancos perfeitos.

Eu paro de respirar. Ele realmente é lindo. Ninguém devia ser tão bonito.

— Bem, para “relaxar” como você diz, eu velejo, eu vôo, eu desfruto de várias atividades físicas.

Ele desloca-se em sua cadeira. — Eu sou um homem muito rico, Senhorita Steele e tenho passatempos caros e absorventes.

Eu olho depressa as perguntas de Kate, querendo sair deste assunto. — Você investe em fabricação. Por que, especificamente? — Eu pergunto. Por que ele me faz tão desconfortável?

— Eu gosto de construir coisas. Eu gosto de saber como as coisas funcionam: o que torna as coisas marcantes, como construir e destruir. E eu tenho um amor por navios. O que eu posso dizer?

— Isso soa como seu coração falando, em lugar da lógica e fatos. Ele faz trejeitos com a boca, e olha de forma avaliadora para mim. — Possivelmente. Embora existem pessoas que diriam que eu não tenho coração.

— Por que eles diriam isto?

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16 — Seus amigos dizem que você é fácil de conhecer? — E eu lamento a pergunta assim que eu falo. Não está na lista de Kate.

— Eu sou uma pessoa muito privada, Senhorita Steele. Eu percorro um caminho longo para proteger minha privacidade. Eu não costumo dar entrevistas, — ele vagueia.

— Por que você concordou em fazer esta aqui?

— Porque eu sou um benfeitor da Universidade, e para todos os efeitos, eu não consegui tirar a Senhorita Kavanagh de minhas costas. Ela insistiu e insistiu com meu pessoal de Relações Públicas, e eu admiro esse tipo de tenacidade.

Eu sei o quanto Kate pode ser tenaz. É por isso que eu estou sentada aqui me contorcendo desconfortavelmente, sob o seu olhar penetrante, quando eu tinha que estar estudando para meus exames.

— Você também investe em tecnologias agrícolas. Por que você está interessado nesta área?

— Nós não podemos comer dinheiro, Senhorita Steele, e existem muitas pessoas neste planeta que não tem o suficiente para comer.

— Isso soa muito filantrópico. É algo que você sente

apaixonadamente? Alimentar os pobres do mundo? Ele encolhe os ombros, muito reservado.

— É um negócios astuto, — ele murmura, entretanto eu penso que ele não está sendo sincero. Isso não faz sentido, alimentar os pobres do mundo? Eu não posso ver os benefícios financeiros disto, só a virtude do ideal. Eu olho para a próxima pergunta, confusa por sua atitude.

— Você tem uma filosofia? Nesse caso, qual é?

— Eu não tenho uma filosofia como essa. Talvez um princípio do orientador Carnegie: “Um homem que adquire a habilidade de tomar posse completa de sua própria mente, pode tomar posse de qualquer outra coisa a que ele por justiça tem direito”. Eu sou muito peculiar, impulsivo. Eu gosto de controlar, a mim mesmo e aqueles ao meu redor.

— Então você quer possuir coisas? — Você é um maníaco por controle. — Eu quero merecer possuí-las, mas sim, no resultado final, eu quero. — Você soa como o consumidor irrevogável.

— Eu sou. — Ele sorri, mas o sorriso não toca seus olhos. Novamente isto está em conflito com alguém que quer alimentar o mundo, então eu não posso evitar pensar que nós estamos conversando sobre outra coisa, mas eu estou absolutamente confusa sobre o que é isto. Eu engulo em seco. A temperatura na sala está subindo ou talvez seja apenas eu. Eu só quero que esta entrevista termine. Seguramente Kate tem material suficiente agora? Eu olho para a próxima pergunta.

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17 — Eu não tenho como saber.

Meu interesse é despertado.

— Que idade você tinha quando você foi adotado?

— Esta é uma questão de registro público, Senhorita Steele. — Seu tom é duro. Eu ruborizo, novamente. Merda.

Sim claro que, se eu soubesse que eu faria esta entrevista, eu teria feito algumas pesquisas.

Eu continuo depressa.

— Você teve que sacrificar uma vida familiar por seu trabalho. — Isto não é uma pergunta. — Ele é conciso.

— Desculpe. — Eu me contorço, e ele me faz sentir como uma criança errante. Eu tento novamente. — Você teve que sacrificar uma vida em família por seu trabalho?

— Eu tenho uma família. Eu tenho um irmão e uma irmã e pais amorosos. Eu não estou interessado em estender minha família além disto.

— Você é gay, Sr. Grey?

Ele inala bruscamente, e eu me encolho, mortificada. Merda. Por que eu não empreguei algum tipo de filtro antes de eu ler em voz alta a pergunta? Como eu posso dizer a ele que eu estou só lendo as perguntas?

Maldita Kate e sua curiosidade!

— Não Anastásia, eu não sou. — Ele levanta suas sobrancelhas, um brilho frio em seus olhos. Ele não parece contente.

— Eu peço desculpas. Isto está hum… escrito aqui. — É a primeira vez que ele disse meu nome. Meu batimento cardíaco acelera, e minhas bochechas estão aquecendo novamente. Nervosamente, eu coloco meu cabelo solto atrás da minha orelha.

Ele dobra sua cabeça para um lado. — Estas não suas próprias perguntas? O sangue drena de minha cabeça. Oh não.

— Éee… não. Kate, a Srta. Kavanagh, ela compilou as perguntas.

— Vocês são colegas no jornal estudantil? — Oh Merda. Eu não tenho nada a ver com o jornal estudantil. É a atividade extracurricular dela, não minha. Meu rosto está em chamas.

— Não. Ela é minha companheira de quarto.

Ele esfrega seu queixo em deliberação calma, seus olhos cinza me avaliando.

— Você se voluntariou para fazer esta entrevista? — Ele pergunta, sua voz mortalmente calma.

Espere, quem deveria estar entrevistando quem? Seus olhos queimam em cima de mim, e eu sou obrigada a responder com a verdade.

— Eu fui sorteada. Ela não está bem. — Minha voz é fraca e apologética.

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18 Há uma batida na porta, e a loira Numero Dois entra.

— Sr. Grey, perdoe-me por interromper, mas sua próxima reunião será em dois minutos.

— Nós não terminamos aqui, Andrea. Por favor, cancele minha próxima reunião.

Andrea fica boquiaberta, sem saber o que falar. Ela parece perdida. Ele vira a cabeça lentamente para encará-la e levanta sua sobrancelha. Ela ruboriza escarlate. Oh bem. Ainda bem que eu não sou a única.

— Muito bem, Sr. Grey, — ela murmura, depois saí. Ele franze a testa, e volta sua atenção para mim.

— Onde nós estávamos, Senhorita Steele?

Oh, nós voltamos a “Srta. Steele” agora.

— Por favor, não gostaria de atrapalhar suas obrigações.

— Eu quero saber sobre você. Eu acho que isto é justo. — Seus olhos cinza estão acesos de curiosidade. Duas vezes merda. Onde ele está indo com isto? Ele coloca seus cotovelos nos braços da cadeira e coloca seus dedos na frente de sua boca. Sua boca tão… dispersiva. Eu engulo seco.

— Não existe muito para saber, — eu digo, ruborizando novamente. — Quais são seus planos depois que você se formar?

Eu encolho os ombros, seu interesse me desconcerta. Ir para Seattle com Kate, achar um lugar, achar um emprego. Eu realmente não pensei além do meus exames finais.

— Eu não fiz quaisquer planos, Sr. Grey. Eu só preciso passar nos meus exames finais.

Para o qual eu devia estar estudando no momento, em lugar de me sentar em seu palaciano ostentoso, seu escritório estéril, sentindo-me desconfortável sob seu penetrante olhar.

— Nós temos um excelente programa de estágio aqui, — ele diz calmamente. Eu levanto minhas sobrancelhas em surpresa. Ele está me oferecendo um emprego?

— Oh. Eu vou pensar nisto, — eu murmuro, completamente confusa. — Ainda que eu não tenha certeza se me encaixaria aqui. — Oh não. Eu estou refletindo em voz alta novamente.

— Por que você diz isto? — Ele dobra sua cabeça para um lado, intrigado, uma sugestão de um sorriso toca seus lábios.

— É óbvio, não é? — Eu não tenho coordenação, sou desleixada e não sou loira.

— Não para mim, — ele murmura. Seu olhar é intenso, todo o humor tinha desaparecido, e estranhos músculos profundos em minha barriga apertam de repente. Eu desvio meus olhos do seu olhar minucioso e olho cegamente para baixo em meus dedos atados. O que está acontecendo? Eu tenho que sair, agora. Eu me inclino para frente para recuperar o gravador.

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19 — Eu estou certa que você está extremamente ocupado, Sr. Grey, e eu tenho uma longa viagem.

— Você vai dirigindo de volta para a WSU7 em Vancouver? Ele soa

surpreso, ansioso até. Ele olha para fora da janela. Está começado a chover. — Bem, é melhor você dirigir com cuidado. — Seu tom é severo, autoritário. Por que ele deveria se importar? — Você conseguiu tudo o que precisa? — Ele adiciona.

— Sim senhor, — eu respondo, embalando o gravador em minha mochila. Seus olhos se estreitam, como estivesse pensando.

— Obrigada pela entrevista, Sr. Grey.

— O prazer foi todo meu, — ele diz, cortês como sempre. Quando eu me ergo, ele se levanta e estende sua mão.

— Até a próxima, Senhorita Steele. — E isso soa como um desafio, ou uma ameaça, eu não estou certa de qual. Eu franzo a testa. Quando será que nós vamos encontrarmos novamente? Eu aperto sua mão mais uma vez, surpresa que esta estranha corrente entre nós ainda está lá. Deve ser meus nervos.

— Sr. Grey. — Despeço-me dele com um movimento de cabeça. Ele se dirige a porta com graça e agilidade. E abre a porta totalmente.

— Só assegurando que você passe pela porta, Senhorita Steele. — Ele me dá um pequeno sorriso.

Obviamente, ele está referindo-se a minha entrada nada elegante, mais cedo em seu escritório. Eu coro.

— Muito amável de sua parte, Sr. Grey, — lhe digo bruscamente. Seu sorriso se alarga. Eu estou contente que você me ache divertida, eu penso furiosa interiormente, caminhando para o hall de entrada. Eu fico surpresa quando ele me segue. Tanto Andrea, quanto Olivia me olham, igualmente surpresas.

— Você tem um casaco? — Grey pergunta.

— Sim. — Olivia salta e recupera minha jaqueta, que Grey tira dela antes que ela possa dar para mim. Ele a segura e me sentindo ridiculamente tímida, eu coloco os ombros nela.

Grey coloca suas mãos por um momento em meus ombros. Eu ofego com o contato. Se ele nota minha reação, ele não dá pistas. Seu longo dedo indicador pressiona o botão chamando o elevador, e nós permanecemos esperando, eu sem jeito, e ele sereno e frio.

As portas se abrem, e eu me apresso desesperada para escapar. Eu realmente preciso sair daqui. Quando eu viro para olhá-lo, ele está debruçando contra a entrada ao lado do elevador com uma mão na parede. Ele é realmente muito, muito bonito. Seus flamejantes olhos cinza olhando para mim. Desconcerta-me.

— Anastásia, — ele diz como uma despedida.

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20 — Christian, — eu respondo. E misericordiosamente, as portas fecham.

Capítulo 02

Meu coração está disparado. O elevador chega ao andar térreo, e eu desço assim que as portas se abrem, tropeçando mais uma vez, mas felizmente não caindo de bruços no chão de arenito imaculado. Eu corro para as largas portas de vidro, e por fim estou livre no tonificante, limpo, ar úmido de Seattle. Levantando meu rosto, eu dou boas-vindas à fresca chuva refrescante. Eu fecho meus olhos e tomo uma profunda e purificante respiração, tentando recuperar o que resta de meu equilíbrio.

Nenhum homem jamais me afetou desse modo como Christian Grey o fez, e eu não posso entender o porquê.

É sua aparência? Sua civilidade? Sua Riqueza? Seu Poder? Eu não entendo minha reação irracional.

Eu dou um suspiro enorme de alívio. O que em nome dos céus foi tudo aquilo? Eu me inclino contra uma das colunas de aço do edifício, e valentemente tento me acalmar e juntar meus pensamentos. Eu agito minha cabeça. Puta merda, o que foi aquilo? Meu coração estabiliza, voltando ao seu ritmo regular, e eu posso respirar normalmente de novo. Eu me dirijo ao meu carro.

Quando eu deixo os limites da cidade para trás, eu começo a me sentir tola e envergonhada, quando eu reproduzo a entrevista em minha mente. Certamente, eu estou reagindo a algo que está em minha imaginação. Certo, então ele é muito atraente, confiante, autoritário, à vontade consigo mesmo, mas por outro lado, ele é arrogante, e por todos os seus modos impecáveis, ele é ditador e frio. Bem, pelo menos a primeira vista.

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21 idade tão jovem. Ele não suporta os imbecis, mas por que ele deveria? Novamente, eu estou irritada por Kate não me dar uma breve biografia dele.

Enquanto cruzo ao longo da I-5, minha mente continua a vagar. Eu estou perplexa por existir gente tão empenhada em triunfar. Algumas de suas respostas eram tão enigmáticas, como se ele tivesse uma agenda oculta. As perguntas de Kate... ufa! A adoção e a pergunta se ele é gay! Eu estremeço. Eu não posso acreditar que eu disse aquilo. Que o chão, me engula agora! Toda vez que eu pensar sobre esta pergunta no futuro, eu vou ficar corada de vergonha. Maldita Katherine Kavanagh!

Eu verifico o velocímetro. Eu estou dirigindo mais cautelosamente do que eu estaria em qualquer outra ocasião. E eu sei que é a lembrança de dois olhos cinza penetrantes olhando para mim, e uma voz dura dizendo-me para dirigir cuidadosamente. Agitando minha cabeça, eu percebo que Grey está mais para um homem com o dobro de sua idade.

Esqueça isto, Ana, eu ralho comigo mesmo. Eu chego à conclusão que isto foi uma experiência muito interessante, mas eu não deveria insistir nisto. Deixe isto para trás. Eu nunca vou vê-lo novamente. Eu fico imediatamente alegre pelo pensamento. Eu ligo o play do MP3 e giro o volume bem alto, me encosto, e ouço o estrondoso rock alternativo quando eu pressiono o acelerador.

Quando eu atinjo a I-58, eu percebo que eu posso dirigir tão rápido

quanto eu quero.

Nós vivemos em uma pequena comunidade de apartamentos dúplex em Vancouver, Washington, perto do campus de Vancouver da WSU. Eu tenho sorte dos pais de Kate terem comprado um lugar para ela, e eu pago amendoins pelo aluguel.9 Isto já faz uns quatro anos. Quando eu desligo o

carro, eu sei que a Kate vai querer que eu conte tim-tim por tim-tim da entrevista, ela é tenaz. Bem, pelo menos ela tem o mini gravador. Espero que eu não tenha que elaborar muito além do que foi dito durante a entrevista.

— Ana! Você voltou. — Kate está sentada em nossa sala de estar, cercada por livros. Ela está claramente estudando para as provas finais, entretanto ela ainda está de pijamas de flanela rosa, decorado com coelhinhos fofinhos, aqueles que ela reserva quando acaba com um namoro, quando está doente, e quando está deprimida em geral. Ela pula em cima de mim e me abraça apertado.

— Eu estava começando a me preocupar. Eu esperava que você voltasse mais cedo.

— Oh, eu acho que compensei o tempo considerando que a entrevista funcionou. — Eu aceno com o mini gravador para ela.

8 Interestadual - 5 9

(18)

22 — Ana, muito obrigada por fazer isto. Eu fico te devendo, eu sei. Como foi? Como ele era? — Oh não, lá vamos nós, com a Inquisição de Katherine Kavanagh.

Eu luto para responder suas perguntas. O que eu posso dizer?

— Eu estou contente que terminei, e que eu não tenha que vê-lo novamente. Ele era bastante intimidante, sabe. — Eu encolho os ombros. — Ele é muito focado, intenso até, e jovem. Realmente jovem.

Kate olha com ingenuidade para mim. Eu franzo a testa para ela. — Você, não se faça de inocente. Por que você não me deu uma biografia? Ele me fez sentir como uma idiota por me restringir as perguntas básicas. — Kate aperta uma mão em sua boca.

— Jesus, Ana, eu sinto muito, eu não pensei. Eu bufo.

— Na maior parte ele foi cortês, formal, ligeiramente sufocante, como se tivesse envelhecido antes do tempo. Ele não conversa como um homem de vinte e poucos anos. Que idade ele tem afinal?

— Vinte e sete. Jesus, Ana, eu sinto muito. Eu devia ter informado você, mas eu estava em pânico. Deixe-me pegar o mini gravador, e eu vou começar a transcrever a entrevista.

— Você parece melhor. Você comeu sua sopa? — Eu pergunto, ansiosa para mudar o assunto.

— Sim, e estava deliciosa como sempre. Eu estou me sentindo muito melhor. — Ela sorri para mim em gratidão. Eu verifico meu relógio.

— Eu tenho que correr. Eu posso ainda fazer meu turno na Clayton. — Ana, você está exausta.

— Eu estarei bem. Eu vejo você mais tarde.

Eu trabalho na Clayton desde que eu comecei na universidade. É a maior loja de ferragens de Portland, e durante os quatro anos em que eu trabalho aqui, eu conheci um pouco sobre quase tudo que vendemos, embora ironicamente, eu sou um desastre em trabalhos manuais. Eu deixo tudo isso para meu pai.

Eu sou muito mais o tipo de garota que se enrosca com um livro em uma confortável cadeira junto à lareira. Eu estou contente que eu possa fazer meu turno, pois isto me dá algo para me concentrar que não seja Christian Grey. Nós estamos ocupados, é o inicio da temporada de verão, e as pessoas estão redecorando suas casas. A Sra. Clayton está contente por me ver.

— Ana! Eu pensei que você não fosse vir hoje.

— Meu compromisso não demorou tanto tempo como eu pensei. Eu terminei em algumas horas.

— Eu estou contente por ver você.

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23 Quando eu chego em casa mais tarde, Katherine está com os fones de ouvido, trabalhando em seu laptop.

Seu nariz está ainda rosa, mas ela está super envolvida no seu trabalho, concentrada e digitando furiosamente. Eu estou exausta, completamente drenada pela longa viagem, a entrevista cansativa, e por permanecer de pé na Clayton. Eu afundo no sofá, pensando sobre a redação que eu tenho que terminar e todos os estudos que eu não fiz hoje, porque eu estava com… ele.

— Você tem um bom material aqui, Ana. Você fez um bom trabalho. Eu não posso acreditar que você não aproveitou a oferta dele para mostrar a você o lugar. Ele obviamente queria passar mais tempo com você.

Ela me lança um olhar fugaz e brincalhão.

Eu ruborizo, e minha frequência cardíaca inexplicavelmente acelera. Estou certa que não foi isso. Ele só queria me mostrar o local, para que eu pudesse ver que ele é o senhor de tudo aquilo. Eu percebo que eu estou mordendo meu lábio, e eu espero que Kate não note. Mas ela parece absorvida em sua transcrição.

— Eu entendo o que você quer dizer sobre formal. Você tomou algumas anotações? — Ela pergunta.

— Hum… não, eu não tomei.

— Tudo bem. Eu ainda posso fazer um artigo bom com isto. Pena que não temos algumas fotos originais. Bonito aquele filho da puta, não é?

Eu ruborizo.

— Eu acho que sim. — Eu tento duramente soar desinteressada, e eu acho que consegui.

— Oh vamos, Ana, até você não pode ser imune a sua aparência. — Ela arqueia uma sobrancelha perfeita para mim.

Merda! Sinto que minhas bochechas ardem. Assim eu a distraio lisonjeando-a, sempre é um bom truque.

— Você provavelmente teria conseguido muito mais dele.

— Eu duvido, Ana. Ora... ele praticamente te ofereceu um emprego. Mesmo depois daquela pergunta que impus para você fazer, você foi muito bem. — Ela olha para mim especulativamente. Eu faço uma retirada apressada para a cozinha.

— Então o que você realmente pensou sobre ele? — Maldição, ela é curiosa. Por que ela não pode simplesmente deixar isto passar? Pense sobre algo, rápido.

— Ele é muito mandão, controlador, arrogante, realmente assustador, mas muito carismático. Eu posso entender o fascínio, — eu digo sinceramente, com a esperança que ela encerre este assunto uma vez por todas.

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24 Eu começo a juntar os ingredientes de um sanduíche, assim ela não pode ver meu rosto.

— Por que você quis saber se ele era gay? Alias, está foi uma pergunta muito embaraçosa. Eu fiquei mortificada, e ele ficou puto ao ser questionado também. — Eu franzo a testa com a memória.

— Sempre que ele está nas páginas da sociedade, ele nunca está acompanhado.

— Foi vergonhoso. A coisa inteira foi constrangedora. Eu estou contente que nunca mais tenha que por os olhos nele novamente.

— Oh, Ana, não pode ter sido tão ruim. Eu penso que ele parece estar bastante interessado em você.

Interessado em mim? Agora Kate está sendo ridícula. — Você gostaria de um sanduíche?

— Por favor.

Não conversamos mais sobre Christian Grey aquela noite, para meu alívio. Uma vez que nós comemos, eu posso me sentar à mesa de jantar com Kate e, enquanto ela trabalha em seu artigo, eu trabalho em minha redação sobre Tess de D 'Urbervilles.10 Maldição, esta mulher estava no lugar errado,

no tempo errado, no século errado. Quando eu termino, é meia-noite, e Kate já tinha ido há muito tempo para a cama. Eu faço meu caminho para meu quarto, exausta, mas contente que eu fiz tanto para uma segunda-feira.

Eu me enrolo em minha cama de ferro branco, embrulhando uma colcha de minha mãe ao meu redor, fecho meus olhos e durmo imediatamente. Naquela noite eu sonho com lugares escuros, sombrios pisos brancos frios, e olhos cinza.

Pelo resto da semana, eu me dedico em meus estudos e no meu trabalho na Clayton. Kate está ocupada também, compilando sua última edição de sua revista estudantil, antes dela ter que cedê-la para o novo editor, ao mesmo tempo estudando para seus exames finais.

Na quarta-feira, ela está muito melhor, e eu não tenho mais que suportar a visão de seus pijamas com rosa e coelhinhos. Eu telefono para minha mãe na Geórgia para saber como ela está, mas também para que ela possa me desejar sorte em meus exames finais. Ela começa a me contar sobre sua mais nova aventura: está aprendendo a fazer vela. Minha mãe adora aprender coisas novas. Basicamente, ela se entedia e busca coisas novas para preencher seu tempo, mas é impossível ela manter a atenção durante muito tempo em alguma coisa. A semana que vem será uma nova aventura.

Ela me preocupa. Eu espero que ela não hipoteque a casa para financiar esta nova aventura. E eu espero que Bob, seu relativamente novo marido, muito mais velho, esteja de olho nela agora que eu não estou mais lá. Seu terceiro marido parecer ser um cara centrado.

10

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25 — Como estão às coisas com você, Ana?

Por um momento, eu hesito, e eu tenho toda a atenção de minha mãe. — Eu estou bem.

— Ana? Você encontrou alguém? Uau… como ela faz isto? A excitação em sua voz é palpável.

— Não, mãe, não é nada. Você será a primeira a saber se eu o achar. — Ana, você realmente precisa sair mais, doçura. Você me preocupa. — A mãe, eu estou bem. Como está Bob? — Como sempre, a distração é a melhor política.

Mais tarde naquela noite, eu chamo Ray, meu padrasto, Marido Número Dois de mamãe, o homem que eu considero sendo meu pai, e o homem cujo nome eu carrego. É uma conversa breve. De fato, não é tanto uma conversa, é mais uma série unilateral de grunhidos em resposta para a minha gentil persuasão. Ray não é muito de falar. Mas ele é muito ativo, quando ele não esta assistindo futebol na televisão, vai aos jogos de boliche, prática pesca com mosca,11 ou fazendo mobília. Ray é um carpinteiro

qualificado, e a razão de eu saber a diferença entre um falcão e um serrote. Tudo parece bem com ele.

Sexta feira à noite, Kate e eu estamos debatendo o que fazer com nossa noite, nós queremos dar um tempo em nossos estudos, em nosso trabalho, dos jornais estudantis, quando a campainha toca.

Parado em nossa soleira está meu bom amigo José, segurando uma garrafa de champanhe.

— José! Bom te ver! — Eu dou-lhe um abraço rápido. — Entre.

José é a primeira pessoa que eu encontrei quando cheguei na universidade, parecia tão perdido e solitário com eu.

Nós reconhecemos uma alma gêmea em cada um de nós naquele dia, e nós temos sido amigos desde então.

Não só compartilhamos um senso de humor, mas nós descobrimos que tanto Ray como o Sr. José estiveram na mesma unidade do exército juntos. Como resultado, nossos pais se tornaram grandes amigos também.

José estuda engenharia e é o primeiro de sua família a ir para a faculdade. Ele é malditamente brilhante, mas sua verdadeira paixão é a fotografia. José tem um bom olho para uma boa foto.

— Eu tenho novidades. — Ele sorri, com seus olhos escuros brilhando. — Não me diga que você conseguiu ser expulso por mais uma semana, — eu provoco, e ele faz uma careta brincalhona para mim.

— A galeria Portland Place vai exibir minhas fotografias no próximo mês.

— Isto é incrível, parabéns! — Satisfeita por ele, eu o abraço novamente. Kate sorri para ele também.

11

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26 — É isto aí José! Eu devia pôr isto no jornal. Nada como mudanças editoriais de último minuto em uma sexta-feira à noite. — Ela sorri.

— Vamos celebrar. Eu quero que você venha para a abertura. — José olha atentamente para mim. Eu ruborizo.

— Você duas claro, — ele adiciona, olhando nervosamente para Kate. José e eu somos bons amigos, mas eu sei que lá no fundo, ele gostaria de ser mais que isto. Ele é atraente e engraçado, mas não é para mim. Ele é mais como um irmão que eu nunca tive. Katherine frequentemente me provoca dizendo que está faltando um namorado em minha vida, mas a verdade é que eu não conheci ninguém que... bem, me atraísse, embora uma parte de mim anseie pelos joelhos trêmulos, o coração saindo pela boca, o friozinho na barriga e noites sem dormir.

Às vezes me pergunto se existe algo de errado comigo. Talvez eu gaste muito tempo na companhia de meus heróis românticos literários, e consequentemente minhas ideais e expectativas são extremamente altos. Mas na verdade, ninguém nunca me fez sentir assim.

Até muito recentemente, a indesejável, vozinha em meu subconsciente sussurra.

NÃO! Eu enterro o pensamento imediatamente. Sem essa, não depois daquela entrevista dolorosa. Você é gay, Sr. Grey? Eu estremeço com a memória. Eu sei que eu sonhei com ele quase todas as noites desde então, mas isto é apenas para eliminar a experiência terrível da minha mente, certo?

Eu assisto José abrir a garrafa de champanhe. Ele é alto, em sua calça jeans e camiseta, ele é todo ombros e músculos, pele bronzeada, cabelos escuros e olhos escuros ardentes. Sim, Jose é bastante quente, mas eu acho que ele está finalmente entendendo a mensagem: Nós somos apenas amigos. A rolha estala alto, e José olha para cima e sorri.

Sábado na loja é um pesadelo. Nós recebemos vários clientes que querem enfeitar suas casas. O Sr e a Sra. Clayton, John e Patrick, os outros empregados, estamos correndo apressados. Mas há uma trégua na hora do almoço, e a Sra. Clayton me pede para verificar algumas ordens enquanto eu estou sentada atrás do balcão do caixa discretamente comendo minha rosquinha. Eu estou absorta na tarefa, verificando os números do catálogo dos itens que temos e precisamos encomendar, os olhos passando rapidamente no livro de ordem para a tela do computador enquanto eu verifico se as entradas batem. Então, por alguma razão, eu olho para cima… e encontro-me presa no cinzento olhar ousado de Christian Grey, que está de pé no balcão, encarando-me atentamente.

Meu coração para.

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27 Puta merda. Que diabos ele está fazendo aqui, ele está com os cabelos despenteados, vestindo um suéter creme, jeans e botas? Acho que fiquei boquiaberta, e eu não posso localizar meu cérebro ou minha voz.

— Sr. Grey, — eu sussurro, porque isto é tudo que eu posso fazer. Há uma sombra de um sorriso em seus lábios e seus olhos estão iluminados com humor, como se ele estivesse desfrutando de alguma piada particular.

— Eu estava na área, — ele diz por via de explicação. — Eu preciso abastecer algumas coisas. É um prazer ver você novamente, Senhorita Steele. — Sua voz é morna e rouca, como calda de caramelo derretido em chocolate escuro… ou algo assim.

Eu agito minha cabeça para reunir meu juízo. Meu coração está batendo freneticamente, e por alguma razão eu estou corando furiosamente sob seu olhar minucioso. Eu estou totalmente deslocada pela visão dele de pé diante de mim. Minhas lembranças dele não lhe fazem justiça. Ele não é apenas bonito, ele é o epítome da beleza masculina, de tirar o fôlego, e ele está aqui. Aqui nas lojas Clayton. Vá entender. Finalmente minhas funções cognitivas é restabelecidas e reconectadas com o resto de meu corpo.

— Ana. Meu nome é Ana, — eu murmuro. — Em que posso ajudá-lo, Sr. Grey?

Ele sorri, e novamente é como se ele conhecesse algum grande segredo. E tão desconcertante. Respirando fundo, eu coloco minha fachada de profissional de quem trabalha nesta loja há anos. Eu posso fazer isto.

— Há alguns itens que eu preciso. Para começar, eu gostaria de algumas braçadeiras, — ele murmura, seus olhos cinza frios, mas divertidos.

Braçadeiras?

— Nós temos de vários comprimentos. Eu devo mostrar a você? — Eu murmuro, minha voz suave e oscilante.

Controle-se, Steele. Um leve franzir estraga por sua vez a testa do adorável Grey.

— Por favor. Vá na frente, Senhorita Steele, — ele diz. Eu tento parecer indiferente quando eu saio detrás do balcão, mas realmente eu estou muito concentrada em não tropeçar nos meus próprios pés, minhas pernas de repente estão na consistência de gelatina. Eu estou tão contente por ter decidido vestir meu melhor jeans esta manhã.

— Elas estão junto aos bens elétricos, no corredor oito. — Minha voz está um pouco resplandecente. Eu olho para ele e lamento quase que imediatamente. Maldição, ele é bonito. Eu ruborizo.

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28

Por que ele está aqui na Clayton? E uma minúscula parte do meu cérebro que utilizo, provavelmente localizada na base de minha medula oblonga12 onde habita meu subconsciente, diz: Ele está aqui para vê-la. Sem

chance! Eu dispenso isto imediatamente. Por que este belo, poderoso e urbano homem, quer me ver? A ideia é absurda, e eu excluo isto de minha cabeça.

— Você está em Portland a negócios? — Eu pergunto, e minha voz é muito alta, como se eu tivesse preso meu dedo em uma porta ou algo assim.

Maldição! Tente ficar fria Ana!

— Eu estava visitando a divisão agrícola da universidade. Que está localizada em Vancouver. Eu estou atualmente financiando algumas pesquisa lá, sobre rotação de colheita e ciência do solo, — ele discute o assunto com naturalidade. Vê?

Não está aqui para encontrar você afinal, meu subconsciente zomba de mim, alto, orgulhoso, e rabugento. Eu ruborizo com meus tolos pensamentos impertinentes.

— Tudo parte de seu plano de alimentar o mundo? — Eu provoco. — Algo assim, — ele reconhece, e seus lábios satirizam em um meio sorriso.

Ele olha para a seleção de braçadeiras que nós temos em estoque na Clayton. O que ele vai fazer com isso? Eu não posso imaginá-lo fazendo um trabalho manual usando isso. Seus dedos deslizam sobre os vários pacotes da prateleira, e por alguma razão inexplicável, eu tenho que desviar o olhar. Ele se curva e seleciona um pacote.

— Estes servirão, — ele diz com o seu sorriso de que está guardando um segredo, e eu ruborizo.

— Gostaria de mais alguma coisa?

— Eu gostaria de algumas fitas adesivas.

Fita adesiva?

— Você está redecorando sua casa? — As palavras escapam antes que eu possa detê-las. Certamente ele contrata operários ou tem pessoal para ajudá-lo a decorar?

— Não, não redecorando, — ele diz depressa então sorri, e eu tenho a sensação estranha que ele está rindo de mim.

Eu sou tão engraçada assim? Pareço engraçada?

— Por aqui, — eu murmuro envergonhada. — a fita adesiva está no corredor de decoração.

Eu olho para trás à medida que ele me segue.

12 Bulbo raquidiano, bolbo raquidiano, medulla oblongata, medula oblonga, ou simplesmente bulbo é a porção inferior

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29 — Você trabalha aqui há muito tempo? — Sua voz é baixa, e ele está olhando para mim, olhos cinza muito concentrados. Eu ruborizo ainda mais intensamente. Por que diabos ele tem este efeito sobre mim?

Eu me sinto com quatorze anos de idade, desajeitada como sempre, e fora do lugar. Olhos para frente Steele!

— Quatro anos, — eu murmuro quando nós alcançamos nosso objetivo. Para me distrair, eu passo e seleciono duas fitas adesivas largas.

— Eu vou levar essa, — Grey diz suavemente apontando para a fita mais larga, que eu passo para ele.

Nossos dedos se tocam muito brevemente, e a corrente está lá novamente, atravessando por mim como se eu tivesse tocado um fio exposto. Eu ofego involuntariamente quando eu sinto isto, essa corrente percorre todo meu corpo até em algum lugar escuro e inexplorado, no fundo de minha barriga. Desesperadamente, eu consigo de volta o meu equilíbrio.

— Mais alguma coisa? — Minha voz é rouca e ofegante. Seus olhos se arregalam ligeiramente.

— Algumas cordas, eu acho. — Sua voz reflete a minha, rouca.

— Por aqui. — E abaixo minha cabeça para esconder meu recorrente rubor e dirijo-me para o corredor.

— Que tipo você está procurando? Nós temos corda de filamento

sintético e natural… barbantes... fio de corda… — eu me detenho em sua

expressão, seus olhos escurecendo. Puta merda.

— Eu vou levar cinco metros de corda de filamentos naturais, por favor.

Rapidamente, com dedos trêmulos, eu meço cinco metros contra a régua fixa, ciente que seu quente olhar cinza está em mim. Eu não ouso olhar para ele. Jesus, eu podia me sentir mais tímida? Pegando minha faca Stanley do bolso de trás de minha calça jeans, eu corto-a, então enrolo cuidadosamente antes de amarrá-la em um nó corrediço. Por algum milagre, eu consigo não arrancar um dedo com minha faca.

— Você era Escoteira? — Ele pergunta divertido, franzindo seus lábios sensuais e esculpidos. Não olhe para sua boca!

— Só organizada, as atividades em grupo não são realmente minha praia, Sr. Grey.

Ele arqueia uma sobrancelha.

— E qual é sua praia, Anastásia? — Ele pergunta, sua voz suave e seu sorriso secreto estão de volta. Eu olho para ele incapaz de me expressar. O chão parece placas tectônicas e movimento. Tente se tranquilizar, Ana, meu torturado subconsciente implora de joelhos.

— Livros, — eu sussurro, mas por dentro, meu subconsciente está gritando: Você! Você é minha praia!

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30 — Que tipo de livros? — Ele dobra sua cabeça para um lado. Por que ele está tão interessado?

— Oh, você sabe. O habitual. Os clássicos. Literatura britânica, principalmente.

Ele esfrega seu queixo com seu dedo indicador e o longo dedo polegar enquanto ele contempla minha resposta.

Ou talvez ele esteja apenas muito entediado e tentando esconder isto. — Você precisa de alguma outra coisa? — Eu tenho que sair deste assunto, aqueles dedos naquele rosto são muito sedutores.

— Eu não sei. O que mais você recomenda?

O que eu recomendo? Eu sequer sei o que você está fazendo. — Para um trabalho manual?

Ele movimenta a cabeça, olhos cinza vivos com humor perverso. Eu ruborizo, e meus olhos se desviam por vontade própria para sua calça jeans confortável.

— Macacões, — eu respondo, e eu sei que eu não estou mais despistando o que sai de minha boca.

Ele levanta uma sobrancelha, divertido, mais uma vez.

— Você não quer estragar sua roupa, — eu gesticulo vagamente na direção de sua calça jeans.

— Eu sempre posso lavá-las. — Ele sorri.

— Hum. — Eu sinto a cor em meu rosto subindo novamente. Eu devo estar da cor do manifesto comunista. Pare de falar. Pare de falar AGORA.

— Eu vou levar alguns macacões. Deus me livre de arruinar qualquer roupa, — ele diz secamente.

Eu tento e descarto a imagem indesejada dele sem jeans.

— Você precisa de mais alguma outra coisa? — Eu pergunto quando eu entrego-lhe o macacão azul.

Ele ignora minha investigação. — Como está indo o artigo?

Ele finalmente me faz uma pergunta normal, longe de toda a insinuação e a conversa confusa de duplo sentido… uma pergunta que eu posso responder. Eu agarro isto firmemente com as duas mãos, como se fosse um bote salva-vidas, e eu sou honesta.

— Eu não estou escrevendo-o, Katherine está. A Srta Kavanagh. Minha companheira de quarto, ela é a escritora. Ela está muito feliz com isto. Ela é a editora da revista, e ficou devastada por não poder fazer a entrevista pessoalmente. — Eu me sinto como se eu emergisse para o ar, enfim um tópico normal de conversação. — Sua única preocupação é que ela não tem nenhuma fotografia original sua.

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31 Ok. Eu não tinha previsto esta resposta. Eu sacudo a cabeça, porque eu simplesmente não sei.

— Bem, eu estou por perto. Amanhã, talvez… — ele é vago.

— Você estaria disposto a participar de uma sessão de fotos? — Minha voz é estridente novamente. Kate estaria no sétimo céu se eu puder tirá-las.

E você pode vê-lo novamente amanhã, sussurra sedutoramente para mim aquele lugar escuro na base de meu cérebro. Eu descarto a ideia, tola e ridícula…

— Kate ficará encantada se nós pudermos achar um fotógrafo. — Eu estou tão contente, eu sorrio para ele amplamente. Seus lábios abrem como se ele estivesse tomando um influxo forte de ar, e ele pisca. Por uma fração de segundo, ele parece perdido de alguma maneira, e a Terra se desloca ligeiramente sobre seu eixo, as placas tectônicas resvalam para uma nova posição.

Meu Deus. O olhar perdido de Christian Grey.

— Avise-me sobre amanhã. — Alcançando seu bolso de trás, ele retira sua carteira. — Meu cartão. Tem meu número do celular nele. Você precisa chamar antes das dez da manhã.

— Ok. — Eu sorrio para ele. Kate vai ficar emocionada. — ANA!

Paul se materializou do outro lado no final do corredor. Ele é o irmão mais novo do Sr. Clayton. Eu ouvi que ele estava em casa de Princeton, mas eu não estava esperando vê-lo hoje.

— Ah, com licença por um momento, Sr. Grey. — Grey faz um cara feia quando eu me afasto dele.

Paul sempre foi um amigo, e neste momento estranho que eu estou tendo com o rico, poderoso, impressionante fora de comparação, atraente e controlador, é ótimo conversar com alguém que seja normal. Paul me abraça apertado pegando-me de surpresa.

— Ana, oi, é tão bom ver você! — Ele esguicha.

— Oi Paul, como você está? Você está em casa para o aniversário de seu irmão?

— Sim. Você está parecendo bem, Ana, realmente bem. — Ele sorri enquanto ele me examina de certa distancia. Então ele me libera, mas mantém um braço possessivo caído sobre meu ombro. Eu me embaralho de um pé para outro, envergonhada. É bom ver Paul, mas ele sempre foi muito familiar.

Quando eu olho para Christian Gray, ele está nós observando como um falcão, seus olhos cinza encobertos e especulativos, sua boca uma dura linha impassível. Ele mudou de forma estranha, do cliente atento para outra pessoa, alguém frio e distante.

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32 Eu arrasto Paul acima para encontrá-lo, e eles se medem um ao outro. A atmosfera de repente é ártica.

— Ah, Paul, este é Christian Gray. Sr. Grey, este é Paul Clayton. Seu irmão é o dono do lugar. — E por alguma razão irracional, eu sinto que eu tenho que explicar um pouco mais.

— Eu conheço Paul desde que eu trabalho aqui, entretanto nós não nos vemos com frequência. Ele chegou de Princeton onde ele está estudando administração de empresas. — Eu estou balbuciando… Pare, agora!

— Sr. Clayton. — Christian sustenta seu aperto, seu olhar ilegível. — Sr. Grey, — Paul retorna seu aperto de mão. — Espere, não Christian Grey? Da Grey Holdings Enterprise? — Paul vai de mal humorado para impressionado em menos de um nano segundo. Grey lhe dá um sorriso cortês que não alcança seus olhos.

— Uau, há alguma coisa em que eu possa ajudá-lo?

— Anastásia tem me ajudado, Sr. Clayton. Ela tem sido muito atenciosa. — Sua expressão é impassível, mas suas palavras… é como se ele estivesse dizendo outra coisa completamente diferente. É desconcertante.

— Legal, — Paul responde. — Vejo você mais tarde, Ana.

— Certo, Paul. — Eu assisto-o desaparecer em direção á sala de estoque. — Mais alguma coisa, Sr. Grey?

— Só estes itens. — Seu tom é cortante e frio. Porra… eu o ofendi? Respirando fundo, eu viro e dirijo-me ao caixa. Qual é o seu problema?

Eu carrego a corda, macacões, fita adesiva e as braçadeiras até o caixa.

— Isso deu quarenta e três dólares, por favor. — Eu olho para Grey, e desejei não ter feito isso. Ele está me observando de perto, seus olhos cinza intensos e escurecidos. É enervante.

— Você gostaria de uma sacola? — Eu pergunto enquanto eu pego seu cartão de crédito.

— Por favor, Anastásia. — Sua língua acaricia meu nome, e meu coração mais uma vez fica frenético.

E mal posso respirar. Apressadamente, eu coloco suas compras em uma sacola de plástico.

— Você me liga se você quiser que eu faça a sessão de fotos? — Ele é todos negócios mais uma vez. Eu aceno, sem palavras mais uma vez, e devolvo seu cartão de crédito.

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33

Certo, eu gosto dele. Eu admito, isto para mim mesma. Eu não posso esconder meu sentimento mais. Eu nunca me senti assim antes. Eu o acho atraente, muito atraente. Mas ele é uma causa perdida, eu sei, e eu suspiro com um pesar agridoce. Foi apenas uma coincidência, sua vinda aqui. Mas ainda assim, eu posso admirá-lo de longe, certamente? Nenhum dano pode resultar disto. E se eu encontrar um fotógrafo, eu posso seriamente contemplá-lo amanhã. Eu mordo meu lábio em antecipação e eu me encontro sorrindo como uma colegial. Eu preciso telefonar para Kate e organizar uma sessão de fotos.

Capítulo 03

Kate está em êxtase.

— Mas o que ele estava fazendo na Clayton? — Sua curiosidade escoa pelo telefone. Eu estou nas profundezas da sala de estoque, tentando manter minha voz casual.

— Ele passou por aqui.

— Eu acho que isto é uma coincidência enorme, Ana. Você não acha que ele estava ai para ver você?

Ela especula. Meu coração bater forte com a possibilidade, mas a alegria dura pouco. A triste e decepcionante realidade é maçante, ele esteve aqui a negócios.

(30)

34 — Oh sim. Ele deu ao departamento uma doação de $2.5 milhões de Grant.13

Uou.

— Como você sabe disto?

— Ana, eu sou uma jornalista, e eu escrevi um perfil sobre o cara. É meu trabalho saber disto.

— Ok, Carla Bernstein,14 fique fria. Então você quer as fotos?

— Claro que eu quero. A questão é, quem vai fazê-las e onde.

— Nós podemos perguntar-lhe onde. Ele disse que vai ficar na área. — Você pode contatá-lo?

— Eu tenho seu número de telefone celular. Kate ofega.

— O mais rico, mais esquivo, mais enigmático solteiro do Estado de Washington, apenas lhe deu seu número de telefone celular.

— Ah… sim.

— Ana! Ele gosta de você. Não há dúvida sobre isto. — Seu tom é enfático.

— Kate, ele está apenas tentando ser agradável. — Mas mesmo quando eu digo as palavras, eu sei que elas não são verdade.

— Christian Grey não é agradável. Ele é educado, talvez. E uma pequena voz sussurra silenciosa, talvez Kate esteja certa. Fico arrepiada com a ideia de que talvez, apenas talvez, ele possa gostar de mim. Afinal, ele disse que estava contente por Kate não ter feito à entrevista. Eu abraço a mim mesma com uma silenciosa alegria, balançando-me de um lado para outro, acolhendo a possibilidade de que ele possa gostar de mim por um breve momento. Kate me traz de volta para o agora.

— Eu não sei como vamos conseguir fazer as fotos. Levi, o nosso fotógrafo regular, não pode. Ele foi para casa em Idaho Falls pelo fim de semana. Ele vai ficar puto por perder uma oportunidade para fotografar um dos principais empresários da América.

— Humm… Que tal José?

— Grande ideia! Você pergunta a ele, ele faz qualquer coisa por você. Então chame Grey e descubra onde ele nos encontrará. — Kate é irritantemente arrogante sobre José.

— Eu acho que você deveria chamá-lo. — Quem, José?— Kate ridiculariza. — Não, Grey.

—Ana, você é a única que tem um relacionamento.

13 Referencia a nota de cinquenta dólares que tem a foto do presidente dos USA Ulisses Grant 14

(31)

35 — Relacionamento — Eu bufo para ela, minha voz subindo várias oitavas. — Eu mal conheço o cara.

— Pelo menos você o conheceu, — ela diz amargamente. — E ele parece querer conhecer você melhor. Ana, apenas ligue para ele, — ela estala e desliga. Ela é tão mandona às vezes. Eu faço uma careta para meu celular, mostrando minha língua para ele.

Eu estou deixando uma mensagem para José, quando Paul entra na sala de estoque procurando por lixas.

— Nós estamos meio ocupados lá fora, Ana, — ele diz sem animosidade.

— Sim, hum, desculpe, — eu murmuro, voltando-me para sair.

— Então, como é que você conheceu Christian Grey? — A voz de Paul tenta se mostrar indiferente, mas é pouco convincente.

— Eu tive que entrevistá-lo para nosso jornal estudantil. Kate não estava bem. — Eu encolho os ombros, tentando soar casual, mas também sou pouco convincente.

— Christian Grey na Clayton. Vá entender, — Paul bufa, pasmo. Ele agita sua cabeça como se para limpá-la. — E então, quer sair para beber ou algo assim hoje à noite?

Sempre que ele está em casa ele me convida para sair, e eu sempre digo não. É um ritual. Eu nunca considerei uma boa ideia sair com o irmão do chefe, e além disso, Paul é muito atraente como todo jovem americano da casa ao lado, mas ele não é nenhum herói literário, nem esforçando muito

minha imaginação. Grey é? Meu subconsciente pergunta-me, sua

sobrancelha levantada no sentido figurado. Eu o esbofeteio.

— Você não tem um jantar de família ou algo assim com seu irmão? — Isto é amanhã.

— Talvez alguma outra hora, Paul. Eu preciso estudar hoje à noite. Eu tenho meus exames finais na semana que vem.

— Ana, um dia destes, você dirá sim, — ele sorri quando eu escapo para a loja.

— Mas eu fotógrafo lugares, Ana, não pessoas, — José geme.

— José, por favor? — Eu imploro. Segurando meu celular, eu marcho pela sala de estar de nosso apartamento, desviando a vista da janela para a luz noturna desvanecendo.

— Dê-me o telefone. — Kate agarra o telefone de mim, lançando seu sedoso cabelo, loiro avermelhado acima de seu ombro.

— Escute aqui, José Rodriguez, se você quiser que nosso jornal cubra a abertura de seu show, você vai fazer estas fotos para nós amanhã,

capiche?— Kate pode ser terrivelmente dura.

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