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As contribuições do uso das TDIC para o ensino superior

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Academic year: 2017

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UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO, ARTES E

HISTÓRIA DA CULTURA

JOÃO PEDRO L. S. PIRAGIBE

AS CONTRIBUIÇÕES DO USO DAS TDIC PARA O ENSINO

SUPERIOR

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JOÃO PEDRO LACERDA S. PIRAGIBE

AS CONTRIBUIÇÕES DO USO DAS TDIC PARA O ENSINO

SUPERIOR

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Programa de Pós-Graduação em Educação, Arte e História da Cultura da Universidade Presbiteriana Mackenzie, como requisito parcial à obtenção do título de Mestre.

ORIENTADORA: Profa. Dra. Maria da Graça Nicoletti Mizukami

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P667c Piragibe, João Pedro L. S.

As contribuições do uso das TDIC para o ensino superior. / João Pedro L. S. Piragibe - 2016.

145 f. : il. ; 30 cm

Dissertação (Mestrado em Educação, Arte e História da Cultura) – Universidade Presbiteriana Mackenzie, São Paulo, 2016.

Bibliografia: f. 136 – 143.

1. Docente universitário. 2. TDIC. 3. Ensino superior. I. Título.

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DEDICATÓRIA

- Dedico a todos os novos aspirantes ao saber.

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AGRADECIMENTOS

Primeiramente a Deus pelo seu grandioso amor e responsável pelos caminhos que pretendo seguir.

À Prof.ª Dra. Graça Mizukami, minha orientadora, professora, "mãe" e amiga, por sua orientação, paciência, compreensão e carinho nos momentos mais difíceis, de perguntas e questionamento sem fim.

À Prof.ª Dra. Regina Tancredi, minha querida professora, outra "mãe" sempre em conjunto da minha orientadora, pelo carinho, pela atenção e, principalmente, por ter sido essa pessoa maravilhosa e paciente quanto a diversos questionamentos, grande parte infantis, e da mesma forma toda atenção nas respostas.

Ao Prof. Dr. Wilton de Azevedo pelas sugestões e apoio a dissertação, além do grande amigo para compartilhar ideias poéticas.

À Prof.ª Dra. Jane de Almeida, pelo empenho nas primeiras aulas de Arte e História da Arte, lecionadas com maestria e encanto.

Ao Prof. Dr. Martin Cezar Feijó, pelo seu imenso conhecimento e amizade, além da forma brilhante de expor seu conteúdo e conhecimento cultural.

Ao Prof. Dr. Marcos Rizolli pelas palavras carinhosas e do estímulo. Período de constantes mudanças no programa e no trabalho.

A todos os funcionários da Pós-graduação do Mackenzie, pelo carinho, respeito e presteza.

Aos colegas do Mestrado/Doutorado, pelo respeito em todos os momentos do curso, carinho e ombro amigo nos momentos de tristeza, desânimo e luta.

Aos amigos mais que especiais do Mestrado: Prof. Igor, Mariana Peramezza Del Fiol, Patrícia Cecy Biffi, Simone Spinosa, Camila Sa, Vitor YugoKatanosaka, Victor Mirshawka, Yuritzmann, Débora De Lima Azevedo, Luiza Carlette, Robson Malacarne, Fabio Marchioreto, Wilson Avilla, Ana Carolina Moliterno F. Felix,Fernanda Maria Oliveira Araujo, Paolo Caon, Magda Alves, Paulo Mathias de Figueiredo e demais companheiros da turma de mestrado EAHC 2012 - 2015

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Calmon. Também a toda Família Lacerda, Família Salviano, Família Miura e Família Piragibe.

Ao meu cachorro BUD, companheiro fiel desde as matérias e créditos do programa, que me acompanha em todas as madrugadas.

Aos professores que participaram das oficinas, pela colaboração incansável. A todos os meus amigos do trabalho, por me fazerem acreditar que através da educação tudo é possível. Em especial: Ismael de Lima pelo apoio incondicional ao trabalho de pesquisa.

A todos que, direta ou indiretamente, contribuíram para a realização deste trabalho.

Por fim, agradecimentos especiais...

Ao senhor Augusto, Belkis Wey e família Brito, pelo carinho igual de pai e mãe,pelas risadas e aconselhamentos.

Ao professor do ensino médio, Sérgio Castro, e toda sua família Andersen,de quem sempre me recordarei do carinho, atenção e paciência para ensinar matemática para um aluno "perdido" na sala de exatas, sendo de humanas, ao primeiro contato com um bom exemplo de docente firmado em conceitos e técnicas do saber.

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No Meio do Caminho Carlos Drummond de Andrade

No meio do caminho tinha uma pedra Tinha uma pedra no meio do caminho Tinha uma pedra No meio do caminho tinha uma pedra.

Nunca me esquecerei desse acontecimento Na vida de minhas retinas tão fatigadas. Nunca me esquecerei que no meio do caminho

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RESUMO

Este trabalho visou analisar as contribuições das Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação (TDIC) para a docência do ensino superior. Para fundamentar a pesquisa, tivemos acesso a muitos os autores citados nas referências bibliográficas, que tratam de assuntos pertinentes ao nosso trabalho. Entre eles, destacamos por eixos, que são Eixo Educação e Formação: Maria da Graça Nicoletti Mizukami, Lee Schulman e Cristóbal Cobo Romani; Eixo Educação Formação e Tecnologia: Marcos Masetto, William John Thomas Mitchell e Lucia Santaella; e o último Eixo Cultura e Jornalismo: Henry Jenkins, Marshall McLuhan e Manuel Castells.O trabalho também contou com a colaboração de quatro docentes de uma Instituição Privada de Ensino Superior no Estado de São Paulo (IPESESP), através de entrevistas com roteiro semi estruturado, docentes estes que trabalham na área de comunicação, principalmente utilizando-se das TDIC. Foram definidos eixos de pesquisa para melhor compreensão dos resultados, entre os quais citamos: O uso das TDIC como ferramenta e estratégia, motivo para fazê-lo, incentivo da instituição para o uso de tecnologias e como utilizam TDIC para o ensino no curso de Jornalismo. A opção pela pesquisa qualitativa se deu em função do caráter da pesquisa e aos objetivos estabelecidos. O grande desafio que encontramos foi o despreparo dos docentes até mesmo para acompanhar seus alunos, embora percebam que o uso da tecnologia é benéfico para discentes e docentes, desde que as partes se encontrem preparadas para sua utilização. Através da revisão bibliográfica foi constatada a necessidade de formadores de professores, para o exercício habilidoso e eficaz da docência, inclusive utilizando-se das ferramentas tecnológicas, cuja necessidade é maior no curso de jornalismo. Os resultados observados através de nossas entrevistas mostraram a necessidade geral de melhor preparo, sendo que os docentes da Universidade IPESESP são qualificados para suas funções, principalmente quanto ao uso das ferramentas tecnológicas, que utilizam com aproveitamento no ensinar e aprender. Suas experiências são positivas no uso das TDIC, sendo que há melhora na qualidade da educação, quando as ferramentas tecnológicas são usadas de forma adequada.

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ABSTRACT

This study aimed to analyze the contributions of Digital Technologies of Information and Communication (TDIC) for higher education teaching. To support the research, we had access to many authors cited in bilbiográficas references that address issues relevant to our work. Among them, we highlight for axes, which are Axis Education and Training: Maria da Graça Nicoletti Mizukami, Lee Schulman and Cristóbal Cobo Romani; Axis Training and Technology Education: Marcos Masetto, William John Thomas Mitchell and Lucia Santaella; and the last Axis Culture and Journalism: Henry Jenkins, Marshall McLuhan and Manuel Castells.O work also included the collaboration of four teachers of a private institution of higher education in the State of São Paulo (IPESESP), through interviews with semi-structured script , teachers those who work in the communications field, especially using the TDIC. research axes have been defined to better understand the results, among which we mention: The use of TDIC as a tool and strategy, reason for doing so, the institution's incentive for the use of technology and how to use TDIC for teaching in Journalism course. The choice of qualitative research took place in the character role of research and the established objectives. The big challenge we found was the lack of preparation even teachers to monitor their students, while noting that the use of technology is beneficial for students and teachers, provided that the parties were prepared to use. Through literature review found a need for teacher trainers, for the skilful and effective exercise of teaching, including using technological tools, the need is greater in the journalism course. The results observed through our interviews showed a general need for better preparation, and the professors of the University IPESESP are qualified for their roles, particularly regarding the use of the technological tools that use to use in teaching and learning. Their experiences are positive in the use of TDIC, and there is improvement in the quality of education, where technological tools are used appropriately.

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Sumário

Introdução ... 13

1. Docência no ensino superior ... 20

1.1. Panorama ... 20

1.2. Conhecimento específico, inovação e jornalismo... 26

1.3. Docência universitária e uso de TDIC ... 38

1.4. O professor do curso de jornalismo ... 63

1.5. TDIC e Cultura Convergente ... 69

2. A pesquisa ... 87

2.1. Tipo de Pesquisa (estudo descritivo-analítico de natureza qualitativa) .. 88

2.2. Objetivos/intenção da pesquisa – gerais e específicos ... 91

2.3. Caracterização dos Participantes ... 92

2.4. Fonte de coleta de dados/metodologia – entrevista com roteiro semi-estruturado ... 97

2.5. Forma de análise dos dados ... 99

3. Docência no Ensino Superior e o uso das TDIC ... 101

4. Considerações Finais ... 127

7. Referências Bibliográficas ... 136

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LISTA DE QUADROS E FIGURAS

Figura 1 – Roda de Leitura de Ramelli ... 35

Figura 2 – Quadro de Comparações de Tipos de Pesquisa ... 88

Quadro 1 – Participantes ... 91

Quadro 2 – Caracterização da trajetória formativa dos participantes ... 92

Quadro 3 – Experiência docente ... 93

Quadro 4 – Focos de Pesquisa ... 101

Quadro 5 – Questões e Focos ... 102

Quadro 6 – Trajetória e opção por Pós-Graduação ... 103

Quadro 7 – Contribuição da Formação para a prática docente ... 104

Quadro 8 – Uso de tecnologia e práticas pedagógicas ... 106

Quadro 9 – Conhecimento específico e prática pedagógica ... 107

Quadro 10 – Análise da Proposta Pedagógica considerando uso da tecnologia 108 Quadro 11 – Relações entre proposta do professor e a instituição ... 109

Quadro 12 – Proposta Pedagógica e conhecimento da docência ... 110

Quadro 13 – Fundamentos teóricos e prática docente utilizando TDIC ... 111

Quadro 14 – Técnicas utilizadas em sala de aula ... 112

Quadro 15 – Docência e conhecimento de ensino ... 113

Quadro 16 – Processo de Ensinar e Aprender a troca de conhecimento ... 114

Quadro 17 – Trajetória profissional e utilização de TDIC ... 115

Quadro 18 – Dificuldades e formas de superação das dificuldades ... 114

Quadro 19 – Uma boa aula ... 117

Quadro 20 – Utilização de Tecnologia e aprendizagem do aluno ... 118

Quadro 21 – Conhecimento de avaliação sobre técnicas ... 119

Quadro 22 – Desafios Atuais da docência ... 121

Quadro 23 – Formação acadêmica e novos desafios educacionais ... 122

Quadro 24 – Conhecimento sobre o repertório dos alunos ... 123

Quadro 25 – Formas de ensinar as gerações Y e Z ... 124

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Introdução

A presente dissertação tem por objetivo identificar contribuições das Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação (TDIC) para o ensino superior, como professores as utilizam em suas práticas pedagógicas, além de discutir o incentivo para a utilização das TDIC. Os docentes do ensino superior vivem um cenário contemporâneo caracterizado por fluidez da linguagem, termo utilizado por SANTELLA, que será descrito no capítulo seguinte. Motivados pela procura do entendimento do uso dessas ferramentas e a importância do docente como mediador das informações para imigrantes e nativos digitais e ampliação da troca de conhecimentos entre docentes e discentes, é que desenvolvemos esta dissertação, que focaliza o uso da TDIC no ensino superior, tendo como recorte professores da área de comunicação.

Antes de introduzirmos o tema, apresentamos breve histórico da minha trajetória discente até o momento, que se concluirá para uma nova fase docente/discente, de forma a situarmos o interesse pela temática em estudo. Eternamente alunos, seguimos por uma trajetória motivadora quanto às produções e pesquisas, que esperamos sejam fonte de entendimento e motivação para leitores desta dissertação.

O início de minha formação deu-se na escola particular, Centro de Atividades Culturais e Educacionais – Raimundo Andrade – CIAC, no Espírito Santo, quando foram utilizadas ferramentas educacionais baseadas nos estudos e propostas de Emilia Ferreiro e onde tivemos a primeira experiência e contato com aulas de arte. Hoje, entendo a importância do contato com a Arte para a construção do conhecimento.

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relacionamento nos diversos tipos de mídia social e hipermídia. A admiração pelo trabalho dos docentes e o emprego das atividades profissionais dentro de uma instituição de ensino incentivou a participação no processo seletivo para o mestrado interdisciplinar na área de Educação, Arte e História da Cultura, na busca de estudar a concepção do ensinar pelo olhar docente no ensino superior.

O desafio de iniciar um curso stricto sensu logo após o término da graduação foi intenso, principalmente, pelo fato da carência de incentivo aos alunos em nosso curso, para seguir uma carreira acadêmica. O curso de Jornalismo, concluído em 2012, na Universidade Presbiteriana Mackenzie, foi local de discussão sobre o mercado de trabalho e a importância de uma boa experiência profissional. Fui atraído pela oportunidade profissional no primeiro momento, mas após aulas específicas sobre educação e discussões sobre métodos, melhor aproveitamento e rendimento em sala de aula, maior contato com teóricos do ramo da Educação, comecei a nutrir o desejo de seguir carreira na área acadêmica. Optei pelo Programa de Pós-Graduação em Educação, Arte e História da Cultura da Universidade Presbiteriana Mackenzie e percebi que foi uma boa escolha. Senti segurança na formação dos professores, o que incentivou a escolher um tema ligado à Educação para trabalhar na dissertação.

Podemos dizer que as disciplinas cursadas ajudaram no processo de escolha, e percebi que elas ajudariam no entendimento de muitos aspectos sociais e educacionais. Uma nova visão foi acrescida quanto ao entender, por exemplo, que o estudo da arte reflete o conceito do conhecimento e propicia uma visão diferente de mundo. Ao estudar as disciplinas, percebemos a dinamicidade do campo educacional. Vários desafios docentes foram apresentados e passo a passo estão sendo vencidos. Pudemos perceber que a tecnologia necessita de condições específicas para seu uso de forma eficaz na área educacional, já que a visão anterior era voltada para o lado jornalístico. Foi possível um melhor entendimento das ferramentas tecnológicas como redes sociais, ambientes de entretenimento, entre outros, aplicados à educação escolar, que contribuem para a troca de conhecimentos.

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atualizações constantes quanto à utilização de um aparato tecnológico para exercer funções profissionais e lazer. Neste caso, estaremos direcionando o foco para o ramo da educação no ensino superior.

Na esfera do uso da internet, temos em 10 anos uma evolução em bilhões de usuários e com crescimento constante. Percebe-se que a nova geração está mais conectada, fator que favorece a assimilação de tecnologias, principalmente pela geração y e z, que nascem com o entendimento e domínio do aparato tecnológico. E os professores? Geração anterior, precisa acompanhar o desenvolvimento para impactar esta nova geração com conteúdos servidos nas plataformas que são mais familiares para eles, afim de que o resultado seja maior aprendizado e foco nas salas de aula. Pergunta-se este fator tecnológico contribui para a formação, de fato. Buscamos o entendimento destes fatores mais adiante pela perspectiva do olhar do docente quanto ao ensino, como estão aptos e como se aperfeiçoam para domínio do aparato. Entendemos que grande parte deste processo decorre da expertise do professor e sua base teórica sólida. É o professor que passa de emissor para gestor do conteúdo, alterando sua posição quanto à emissão e recepção de informação junto aos seus alunos.

Na esfera do trabalho, já se observa o uso de computadores e ambientes virtuais para o ensino, pesquisa e extensão, da internet e de sistemas operacionais e softwares para realização de tarefas profissionais. A utilização destes aparatos tecnológicos se demonstra cada vez mais atraente, uma vez que o ensino nos cenários que apresentaremos se situam na IPESESP, que tem, por anos, a liderança em empregabilidade nacional, fator decorrente da troca dos docentes com o mercado, atrelando teoria e forte fundamentação teórica nas práticas diárias dos alunos, futuros profissionais. O uso da TDIC especificamente para pesquisas acadêmicas, é observado na disseminação de teses, periódicos científicos, capacitação e sistema de ensino a distância (EAD).

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Consultando o site do CGI – Comitê Gestor da Internet, tivemos acesso à informação sobre a situação das escolas brasileiras quanto ao uso das TDIC:

Quanto mais jovens os estudantes do 9º. ano, mais frequente o uso da Internet: com efeito, 94% dos adolescentes de 13 e 14 anos e 90% daqueles entre 15 e 17 acessaram a Internet nos três meses anteriores à pesquisa, proporção que decresce para 68% dentre os estudantes com 18 anos e mais. Não há diferenças significativas entre meninos e meninas.1

A utilização da internet tornou-se mais acessível, porém, instruções do bom uso desses recursos, de acordo com a CGI, foram que apenas 27% (por cento) dos entrevistados do estudo de TIC Educação 20131, receberam aulas de instrução quanto ao uso. Essa realidade reforça nosso projeto quanto a entendimento por parte docente de sua preparação para lidar com esta nova geração. Se o acesso era restrito à internet e às tecnologias (PC, Celular e aparatos tecnológicos), ocorria há 10 anos, atualmente temos mais celulares que escovas de dente pelo mundo, de acordo com o vídeo socialnomics por Equalman. Com todas essas informações, várias interrogações vieram à mente: “O uso de Tecnologias Digitais de Informação

e Comunicação (TDIC) auxilia o docente no ensinar e aprender, já que é uma

ferramenta?”, “As TDIC, de fato, contribuem para a formação do saber do professor

e no relacionamento entre professor/aluno?”. Assim é que direcionamos a pesquisa

com foco no uso das TDIC no ensino superior. Essa é nossa questão principal, sobre a qual trabalhamos. Pesquisamos as ferramentas tecnológicas que contribuem para o avanço educacional da geração que nasceu imersa em tecnologia, no ensinar e aprender, sob a ótica do professor de comunicação e jornalismo.

No contexto do Ensino Superior, faz-se necessário compreender quais as contribuições específicas do uso de Tecnologia Digital de Informação e Comunicação (TDIC) em sala de aula, para configuração de práticas pedagógicas.

Para construir a linha de pensamento que abordaremos devemos, antes, apresentar algumas questões sobre o conceito do ensino superior no Brasil, o processo de ensinar e aprender da docência, fatores culturais e o aprofundamento do uso das TDIC no curso de Jornalismo. O uso das TDIC voltadas para o processo de ensinar e aprender está diretamente relacionado às palavras de Mitchel (2005), quando se refere ao futuro, afirmando que funções urbanas seriam exercidas

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virtualmente. Seria possível darmos uma aula de história utilizando um cenário virtual fictício? Esta, entre outras funcionalidades das tecnologias digitais de informação e comunicação, permite que o docente utilize multiplataformas para exemplificar e situar o aluno dentro de um cenário virtual com detalhes semelhantes ao real, que não compromete o curso da história ou disciplina. Mitchel cita: Possível Ágora Digital, onde funções urbanas seriam exercidas virtualmente, embora com resultados concretos em mundo real (MITCHEL, 2005). Com o desenvolvimento da aptidão dos jovens em usar ferramentas digitais para o entretenimento, podemos perceber em nosso próprio meio, um espaço a ser explorado em favor dos docentes, visando facilitar o seu trabalho. Almeida (1999) citando Beija-flor, considera que é

importante aproveitar os saberes do educando na alfabetização: “marcada pela

compreensão do educando jovem e adulto como alguém que já fez várias leituras da realidade e que, portanto, não pode ser minimizado quanto às suas capacidades

intelectuais” Da mesma forma, estudamos como, a partir do saber tecnológico do educando, essa ferramenta pode auxiliar o educador.

Desenvolvemos nosso trabalho de pesquisa através de revisão bibliográfica sobre a concepção do ensinar, no uso de ferramentas tecnológicas e sua utilização no Ensino Superior, especialmente no Curso de Jornalismo. Adiantamos que muitos teóricos entendem que o ensino superior deve sofrer mudanças profundas, que ainda não aconteceram por vários motivos, inclusive a resistência de profissionais da área educacional em usar as ferramentas tecnológicas que hoje estão disponíveis a quase todos os públicos, sendo este fato, de conhecimento geral.

Vimos o que as ferramentas tecnológicas têm a ver com a cultura e sua influência nas mídias como: jornais, televisão, computador, entre outras.

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efetuamos entrevistas com professores da área que usam esta ferramenta e contribuíram de maneira significativa com nossa pesquisa.

Ao entrevistarmos os professores que colaboraram com nossa pesquisa, constatamos que eles destacaram alguns focos sobre o ensinar e aprender, levantando outras questões que destacamos no Quadro Geral de Focos (p.103). Os focos destacados são, na verdade, perguntas e problemas levantados pelos entrevistados quanto ao assunto em questão, além da entrevista semiestruturada que realizamos. Nossos entrevistados possuem experiência e excelente visão prática na área que estamos abordando. Assim sendo, destacamos que suas respostas foram além do esperado, fazendo surgir novas possibilidades de estudo. Os entrevistados compartilharam suas experiências, conhecimento ou não de determinados aspectos, a base teórica em que se apoiaram para construir suas aulas usando as TDIC, possibilitando uma ampla visão da construção das aulas na utilização das ferramentas corretas, que contribuíram para o melhor aprender.

Algumas respostas a perguntas norteadoras tais como “Quais tecnologias usa e porque escolheu?” e “ quais os motivos para utilizar as TDIC em sala de aula?”,

despertaram o interesse no sentido de que muitas opções foram apresentadas pelos professores, possibilitando um maior conhecimento e maior facilidade na identificação das ferramentas a serem utilizadas. Destacamos essas perguntas por entender sua importância maior, mas todas elas foram analisadas, com o objetivo de contribuir para um avanço significativo dos professores que se interessam pelo assunto, assim como despertar naqueles que não se utilizam dessas ferramentas, o desejo de conhecer melhor e experimentá-las em sala de aula, para obtenção de melhores resultados em seu trabalho acadêmico.

Apresentamos a questão da pesquisa, qual seja: “Quais as contribuições do

uso das TDIC para o Ensino Superior, sob a ótica do docente?”, para finalmente apresentar a estrutura do relatório de pesquisa.

Assim, descrevemos de forma sucinta a estrutura do trabalho, conforme consta abaixo.

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conhecimentos necessários e o perfil do profissional a ser formado para o mercado de trabalho.

Capítulo 2 Este capítulo aborda a questão da pesquisa: o tipo de pesquisa, os objetivos e os profissionais, na forma de coleta e análise de dados..

Capítulo 3 O capítulo 3 aborda os resultados encontrados, expostos através de quadros e são apresentados por focos, com o objetivo de responder a questão de pesquisa e quais aos objetivos alcançados.

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Introdução ao Capítulo 1

Desafios por parte docente na utilização das TDIC é desafiador para a busca de mais entendimento sobre a temática. Neste momento, um panorama da trajetória da educação superior e a busca do entendimento pela parte docente no uso das TDICS.

1. Docência no ensino superior

A história nos informa que as universidades foram criadas nos séculos XI e XII, em meio a grandes crises, mas com o objetivo de profissionalizar os estudantes, sendo que os docentes precisavam ter, ao menos, formação em sua área de atuação. Observa-se atualmente, a dificuldade na formação docente, já que a docência é uma profissão complexa e sua aprendizagem é processual, ocorrendo em cursos de formação inicial e ao longo de diferentes contextos e experiências formativas, bem como durante o exercício profissional. Trata-se de profissão cuja aprendizagem se estende ao longo da vida e que é caracterizada por desafios de diferentes naturezas: do campo do conhecimento, das instituições, das políticas públicas, dos diferentes repertórios dos alunos, etc. Podemos dizer que hoje, os desafios são maiores, em função das ferramentas tecnológicas que alunos dominam melhor que docentes. Isso também pode ser observado na área e nos cursos jornalísticos. O uso das chamadas TDIC (Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação) tem se tornado um desafio, exigindo rápidas mudanças no exercício profissional ou na docência, além de observarmos a cultura convergente, onde meios de comunicação se integram e interagem, sem se excluírem. No capítulo 1, procuramos abordar esses aspectos, para melhor conhecimento e posição quanto à nossa pesquisa.

1.1. Panorama

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era com a educação profissionalizante, mas com características não condizentes com a realidade de nossa nação.

Atualmente, pode-se perceber que a docência universitária tem sido motivo de grandes paradoxos. Para o exercício das docências infantis, fundamental e média, o profissional precisa ter formação específica, enquanto que dos profissionais do curso superior não é exigida essa formação específica e não existe exigência legal que os habilite. Fagundes, Broilo2 em seu artigo “É possível construir a

docência universitária? Apontamos caminhos”, se referem aos professores universitários como profissionais que se baseiam em suas próprias experiências de alunos. Buarque (1994) retrata a universidade como um movimento revolucionário, movido pelo desejo de liberdade, que foi lentamente cedendo espaço a outra trajetória e perdeu a dimensão social e concreta de inserir-se na sociedade para transformá-la. Para Teixeira (1989), uma grande lacuna foi sendo formada e a escola desenvolveu-se no Brasil de forma alienada, fragmentada e baseada na cultura europeia. Havia, sim, uma perspectiva individualista e elitista de formação. Sua organização em cátedras, garantia o direito de propriedade sobre seu espaço e saber. Essa organização (em cátedras), terminou em 1968, através da Lei 5540. Mas, a base para o novo modelo de educação continuava a ser a racionalidade técnica, que logo não conseguiu dar conta da complexidade da realidade. Conforme Vieira Pinto (1979), havia a clareza de que o processo objetivo é infinitamente rico de aspectos e relações, por isso não poderá ser esgotado.

Nos anos iniciais do século XX, a docência universitária baseava-se, portanto, na racionalidade técnica, como a única forma de produção. A esse respeito, Cunha (2005) afirma que nessa época, a concepção da docência como dom passou a ser questionada. A autora nos informa que a docência passou a ser entendida como uma atividade complexa, dependente de uma preparação muito cuidadosa. A formação do docente passou a exigir a dimensão da totalidade, longe das teorias de Taylor, que via a educação como simples transmissão de conhecimentos profissionais. A ciência pedagógica se encontra no contexto de múltiplos saberes a serem apropriados e compreendidos nas suas relações.

2Disponível em http://31reuniao.anped.org.br/1trabalho/gt04-4298-Int.pdf. p.5 , p. 1, acessado em

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Fagundes, Broilo e Forster3 colocam a docência universitária construindo-se com fortes e concretos tensionamentos, ou seja, uma visível pressão estabelecida entre a profissionalidade e elementos como a tradição, mercado, a ampliação do ensino privado, entre outros, ao mesmo tempo em que aconteciam iniciativas institucionais. A educação continuada e os cursos de pós-graduação sugeriam cursos e projetos para os docentes se engajarem no contexto vivido. Apesar disso, percebe-se até hoje, que não há reconhecimento que dê legitimidade aos saberes pedagógicos, tendo em vista a falta de legislação nessa direção. Os autores destacam o fato de que a ação do ensinar e aprender estrutura-se sobre saberes próprios, não em um processo de formação institucional. A tentativa de alterar essa realidade, passa pelo entendimento de qual é o rumo da escola: uma síntese das reflexões e decisões pedagógicas a que chega a equipe escolar. Assim, o trabalho da comunidade escolar deve ser coeso, com direção definida para as ações a serem realizadas e essa direção deve ser concreta, viva, discutida, decidida e sustentada, deslocando-se para a construção histórica da formação e atuação dos docentes, quebrando-se paradigmas há muito tempo existentes.

Mizukami (2004, p.34) toma como ponto de partida a obra de Shulman (1986a), que, segundo ela, tem várias contribuições à área educacional, para

colocar que “boa parte da pesquisa sobre os professores e sua formação tem-se desenvolvido (...) a partir das pesquisas sobre o ensinar...”. Conforme a autora,

Shulman (1986a), destaca o programa do processo-produto, que é um programa de pesquisa sobre o ensino, acontecido na década de 70 do século passado. A centralidade dessa pesquisa de Shulman está baseada na pergunta: “como os

comportamentos dos professores se relacionam com as variações nos desempenhos dos alunos?” Sua preocupação central é a busca de informações para estabelecer cursos de formação de professores que fossem adequados e tivessem resultados positivos no aprender dos alunos. As pesquisas realizadas pelo programa de Shulman, verificavam o rendimento e atitudes dos alunos, além da conduta dos professores. Os professores eram observados em seu trabalho, e os contextos e os conteúdos de ensino não eram considerados, além de ignorar-se o pensamento ou ato de pensar, abstrair e concluir, que anteriormente eram considerados no processo

3Disponível em http://31reuniao.anped.org.br/1trabalho/gt04-4298-Int.pdf. p.5, acessado em

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de ensinar. A observação sistemática e cuidadosa passou a ser o centro do programa de pesquisa desenvolvido por Shulman.

Shulman, apud Mizukami (2004, p. 35) destaca o fato de que muito se ganhou com esse tipo de investigação, tendo os professores e alunos como centro das pesquisas. Por sua vez, as pesquisas tornaram claro que professores agiam de acordo com o desempenho dos alunos, sendo que a própria escola fazia diferença no aprender. A partir dos anos 80 do século XX, iniciaram-se os estudos específicos

sobre o “pensamento e conhecimento do professor”, sendo que esta iniciativa

permitiu superar os problemas teóricos e metodológicos da pesquisa estabelecida

por Shulman. O “pensamento” do professor englobava a compreensão da percepção, reflexão, teorias pessoais, resolução de problemas, entre outras, e foi considerado como importante no ato de ensinar. A pesquisa e o paradigma

“pensamento do professor” se tornaram modelo para novas pesquisas.

A autora afirma que Shulman observou que havia um “paradigma perdido” no

ato do ensinar, ou seja, o conteúdo. O ato de ensinar ainda era visto como “atividade

genérica mais do que relacionada ao que estava sendo ensinado, por quem, para

quem e para qual nível de escolarização”. É nesta ocasião que se inicia nova

pesquisa, com o objetivo de recuperar o “paradigma perdido”. Na visão de Shulman, as pesquisas ignoravam um ponto central: o conteúdo disciplinar de cada professor, que era modificado pelo seu conhecimento.

Nova pesquisa foi configurada para responder à pergunta: “O que os bons

professores fazem que os distinguem dos professores comuns?” Em sua visão, Shulman, (apud Mizukami, 2004, p.36) relata que a hora de investigar “o que os

professores eficientes fazem e pensam” era chegada. As pesquisas sobre o conhecimento do professor levaram a uma melhor compreensão do ensinar. Novas perguntas surgiram: “como pessoas que já conhecem algo aprendem a ensinar o que sabem a outros?” No dizer de Shulman

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Mizukami (2004), apresenta nova pergunta de Shulman: o que um professor necessita saber para ser professor? Sua preocupação se dava no sentido de que o professor deveria ter um repertório mínimo que lhe permitisse fazer novas construções e conhecimentos. Conhecimento para ensinar abrange algumas habilidades, disposições, compreensões no processo, nas mais variadas áreas desse conhecimento. Para Shulman (apud Mizukami, 2004, p. 38):

a base de conhecimento se refere a um repertório profissional que contém categorias de conhecimento que subjazem à compreensão que o professor necessita para promover o aprender dos alunos. Trata-se de um modelo que foi desenvolvido considerando o conceito de ensino como profissão, envolvendo delimitação de campo de conhecimento que pode ser sistematizado e partilhado com outros: os profissionais do ensinar necessitam de um corpo de conhecimento profissional codificado e codificável, que os guie em suas decisões quanto ao conteúdo e à forma de tratá-lo em seus cursos e que abranja conhecimento pedagógico quanto conhecimento da matéria.

Mizukami (2004, p. 38) refere-se a Conhecimento de conteúdo específico, que são conteúdos específicos que o professor leciona; Conhecimento pedagógico geral, que é aquele que transcende uma área específica; e Conhecimento pedagógico do conteúdo, que é o conhecimento construído constantemente pelo professor, enriquecido e melhorado. Esse tipo de conhecimento inclui o saber ensinar uma disciplina específica, assim como as técnicas necessárias para fazê-lo. É um novo tipo de conhecimento porque:

(...) incorpora os aspectos do conteúdo mais relevantes para serem estudados. Dentro da categoria de conhecimento pedagógico de conteúdo eu incluo, para a maioria dos tópicos regularmente ensinados de uma área específica de conhecimento, as representações mais úteis de tais ideias, as analogias mais poderosas, ilustrações, exemplos, explanações e demonstrações. (...) também inclui uma compreensão do que torna a aprendizagem de tópicos específicos fácil ou difícil: as concepções e preconcepções que estudantes de diferentes idades e repertórios trazem para as situações de aprendizagem (SHULMAN, 1986, p.9, apud MIZUKAMI, 2004, p. 40).

Veiga4 conclui por meio de seu artigo Docência Universitária na Educação Superior, que estamos diante de um processo de ampliação do campo da docência universitária. A autora considera a docência como uma atividade especializada, muito importante na vida profissional e que requer formação profissional para seu

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exercício. Para a formação de professores universitários existe a necessidade de entender-se a importância do papel da docência, propiciando uma formação contínua que capacite os docentes diante de questões fundamentais da universidade. Ela relaciona alguns enunciados conceituais, que merecem atenção:

a) a formação de professores é uma ação contínua e progressiva, que envolve várias instâncias e atribui uma valorização significativa para a prática pedagógica e para a experiência, considerados componentes constitutivos da formação. Ao valorizar a prática como componente formador, em nenhum momento assume-se a visão dicotômica da relação teoria-prática. A prática pedagógica profissional exige uma fundamentação teórica explícita. A teoria é ação e a prática não é receptáculo da teoria;

b) o processo de formação é contextualizado histórica e socialmente e, sem dúvida, constitui-se um ato político;

c) o processo de formação é inspirado por objetivos que sinalizam a opção política e epistemológica adotada;

d) a formação é um processo coletivo de construção docente. É uma reflexão conjunta, na medida em que a prática dessa formação será necessariamente coletivizada; não é uma construção isenta de conflito, mas torna-se mais produtiva se e quando partilhada;

e) a formação como processo significa uma articulação entre formação pessoal e profissional” (VEIGA, p.6)4.

A autora destaca a característica de sempre estar ligada à inovação, quando:

- rompe com a forma conservadora do ensinar, aprender, pesquisar e avaliar; - reconfigura saberes, procurando superar as dicotomias entre conhecimento científico e senso comum, ciência e cultura, educação e trabalho, teoria e prática;

- explora novas alternativas teórico-metodológicas em busca de outras possibilidades de escolha;

- procura a renovação da sensibilidade ao alicerçar-se na dimensão estética, no novo, no criativo, na inventividade;

- ganha significado quando é exercida com ética (FORGRAD, 2001, P.31, apud VEIGA, p.3)4.

Diante da realidade que exigia novos contornos, Cunha (2005), afirmou:

O professor é hoje posto em xeque, principalmente pela sua condição de fragilidade em trabalhar com os desafios da época. Entre eles, talvez os mais significativos sejam: as novas tecnologias de informação, a transferência de funções da família para a escola e a lógica de produtividade e mercado que estão definindo os valores da política educacional e até da cultura ocidental contemporânea (p. 6).

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condição do campo epistemológico da pedagogia, reafirma-se entre os próprios pedagogos, já que o Curso de Pedagogia toma como objeto de estudo a docência da educação infantil e das séries iniciais da escola básica. A contribuição da pedagogia para a educação superior é nova e vem se constituindo através de uma perspectiva artesanal e empírica.

Outro aspecto a se destacar é a inserção das ferramentas da TDIC na formação docente, pois é tema de preocupação e estudos de muitos educadores e instituições, com o objetivo de favorecer o processo de ensinar e aprender.

Como informa Dantas (2005), verifica-se um grande processo de mudanças na sociedade atual, no qual as inovações tecnológicas e a globalização da economia transformam o mundo do trabalho e as funções dos trabalhadores. Assim é que as mudanças tecnológicas têm favorecido mudanças profundas na sociedade, causando consequentemente, novas exigências no processo educacional. Sem dúvida, fica clara a importância do uso de computadores e novas ferramentas digitais dentro das escolas, já que os estudantes possuem um bom conhecimento desta ferramenta e ela valoriza o ensinar quando bem utilizada (KONRATH, FALKEMBACH E TAROUCO, 2005).

1.2. Conhecimento específico, inovação e jornalismo

Em grande maioria das universidades, o conhecimento pedagógico na formação dos professores universitários não é considerado importante como nos outros níveis de ensino. Conforme Cunha (2005), a pedagogia universitária é um campo científico ainda inicial e frágil, que contempla apenas o impacto que políticas públicas têm na aceitação do corpo de conhecimentos específicos para que o profissional seja reconhecido.

A autora coloca o fato de que as ações humanas, principalmente aquelas que se referem à educação escolarizada, possuem forças regulatórias e emancipatórias, sendo que o equilíbrio entre essas forças é o ideal. No entanto, o pilar do conhecimento regulação se sobrepõe ao pilar do conhecimento emancipação.

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agir para cada situação, considerando-se a cultura e as condições de produção do conhecimento entre professor e estudantes. Colaborando recentemente com o estudo dos saberes dos professores, Tardif, Lessard e Lahaye (1991), ampliaram suas pesquisas, para entender melhor a profissão docente e os saberes necessários desses profissionais. Entre os problemas levantados, para os quais se buscam respostas, estão os seguintes: Que alternativas há para compatibilizar as novas tecnologias com a reflexão ética? Quais competências preciso para interpretar os fatos atuais e articulá-los com o meu conteúdo? Tem sentido colocar energias em novas alternativas de ensinar e aprender? Como contribuir para currículos inovadores?

Conforme Cunha (2005), esses problemas têm cada vez menos ligação com conteúdos de matérias, ainda que eles sejam necessários. A pesquisa se destaca, no entanto, como alternativa inovadora, pois a investigação produz conhecimentos e ajuda na formação, organiza o pensamento e o processo reflexivo.

Em suas pesquisas, Cunha (2005) encontrou entre os pesquisados o conceito

e o desejo de inovação: “É o novo, disseram alguns, ligando sempre a uma

perspectiva positiva; alguma coisa que agregue, que olhe os fenômenos e objetos

de forma diferente”. Além de resultados, alguns entrevistados referiram-se à

inovação como sendo “novas formas de pensar”, “mudança na concepção de ciência, das técnicas e da criatividade” e “a importância de partir do real, do

existente”. A inovação “pode gerar espanto, medo, curiosidade, sempre significa movimento” e “está ligada a risco”.

Cunha (2005), reforça o conceito de inovação encontrado em seus pesquisados, quando diz que, a inovação:

requer uma ruptura necessária que permita reconfigurar o conhecimento para além das regularidades propostas pela modernidade. Ela pressupõe, pois, uma ruptura paradigmática e não apenas a inclusão de novidades, inclusive as tecnológicas. Nesse sentido envolve uma mudança na forma de entender o conhecimento. (...) a ruptura não significa romper com o passado, pois muitas vezes o novo é olhar o antigo com novos olhos. (...) outros olhares e interesses; nova maneira de ver os sujeitos incluindo a dimensão do estético e de novas racionalidades, num equilíbrio entre as forças de resistência e a mudança. Trata-se de atender a um problema de outra forma; envolvendo a visão do outro e uma perspectiva subjetiva . Melhor, ainda, quando envolver critérios coletivos (p. 12).

Os profissionais entrevistados também se referiram às características do

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gostam do que fazem, são entusiasmados com seu trabalho; são pessoas mais vivas e mais satisfeitas... são as que preservam um pensamento crítico” (p.13).

A formação dos professores foi motivo de depoimentos de entrevistados, que afirmaram a complexidade das grandes exigências para o docente universitário. Para eles, existe a necessidade de dois perfis: o primeiro, deve ser voltado para a indústria e o mercado e o segundo, mais acadêmico, capacitado para novas perspectivas, sendo este uma complicação para os envolvidos. A formação pedagógica inexistente e uma política orientada para um melhor aproveitamento das experiências, foram outros aspectos levantados (CUNHA, 2005).

No mundo do jornalismo e preparação desses profissionais, os cursos de Jornalismo enfrentam problemas, como em outros ramos da graduação. Koshiyama5

informa em seu artigo “Pesquisar, aprender e ensinar: um tema em avaliação”, sobre

novas escolas se abrindo no final do século passado,para formar um grande exército de mão de obra. Seu destaque é para o fato de que apenas um pequeno grupo sobreviveria com ótimos salários. Milton Coelho da Graça, jornalista desde 1959, editor chefe de vários jornais, lembra que a preocupação com a preparação de profissionais jornalistas não é recente. Já na década de 70 do século passado, ele se referia a uma classe privilegiada de jornalistas e à grande maioria de jornalistas assalariados, onde se destacavam os que tinham acesso a uma formação especializada.

No entanto, conforme Koshiyama5, o problema hoje é maior, pela existência de um grande mercado de escolas de jornalismo. Omite-se aos alunos, a existência de maior oferta de mão de obra diplomada e um número restrito de empregos bem remunerados. Isso, sem nos referirmos à formação deste profissional, que é complexa e precisa acompanhar as grandes mudanças que acontecem no mundo atual. Cabe à escola sistematizar o ensino e ajudar o educando em seu preparo para trabalhos que obedeçam a padrões elevados.

Ao docente, cabe adotar e ser exemplo de práticas corretas quanto ao uso de informações, sejam elas aquelas que encontramos nas bibliotecas, ou através das ferramentas tecnológicas às quais se tem acesso. Verifica-se que o uso da biblioteca, presencial ou digital, é precondição para formar jornalistas competentes.

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Um bom profissional sempre deve ler e ler bons textos que possa integrar à sua vida diária.

O conhecimento das ferramentas digitais e seu uso são importantes, pois os jornalistas devem ser ensinados a usar a “ética”, uma vez que suas informações podem hoje, através dessas ferramentas, correr o mundo num curto espaço de tempo. Koshiyama5 assim se expressa: “Pensamos na competência profissional

como a soma da técnica com a moral” (p.8).

No curso de graduação em Jornalismo existe a necessidade de investimento no desenvolvimento das capacidades e interesses, quando informações e técnicas podem ser desenvolvidas em cada disciplina. Como em outros cursos, percebe-se a busca de organização de seminários, valorização das opiniões individuais, ao lado do trabalho para não desfigurar a obra quando de sua apresentação.

No entanto, Koshiyama5nos informa da preocupação sim, de usar as ferramentas tecnológicas, mas com o cuidado de não endeusá-las como se fossem a fonte do saber, já que elas são meios, instrumentos, ferramentas usadas para determinados fins. A autora ressalta o fato de que os alunos dos cursos de jornalismo podem e devem ser estimulados à pesquisa, seja bibliográfica ou digital, para melhor conhecerem os homens e os fatos.

Autores como Olga Kazan6entendem que o ensino de alguns programas computacionais na graduação, confundem mais do que ajudam. Ela nos informa que, muitas vezes, os alunos precisavam de um pouco mais de matemática, pois trabalham muito com estatísticas e consequentemente com a matemática. Aprender o básico, é o desejo de muitos estudantes. A autora nos informa que, apesar disso, fez reportagens em jornalismo usando Excel, mas que hoje, prefere, sem sombra de dúvida, plataformas como MySQL. Há também ferramentas como import.io e Google

Scraper, que ajudam o jornalista a “raspar” o necessário para os projetos que

envolvem dados. No entanto, reconhece, para as informações mais complexas ou difíceis, existe a necessidade de outras linguagens como Ruby e Python ou R (outra linguagem de programação). A facilidade no uso dessa ferramenta se dá, por exemplo, quando há imprecisões em informações. Quando os cálculos passam para o formato de script, todos os números são adaptados quando chegam novas

5. Disponível emsbpjor.kamotini.kinghost.net/sbpjor/.../ind_alice_mitika_koshiyama.pdf., acessado

em 18/08/2015.

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informações.Aí, sim, existe a necessidade de um curso rápido de design experimental (expressão que define um tipo de abordagem estatística), para a realização de determinada reportagem. Ter uma disciplina que abordasse os trabalhos como freelancer, escrevendo e enviando pautas, seria muito útil.

E as ideias para reportagens? Como surgem na mente do jornalista? Navegar por 15 minutos na internet é uma excelente prática para se ter ideias. Vemos aqui, mais uma utilização das ferramentas tecnológicas a serviço do jornalismo.

Jornalistas escrevem vários textos, até que estejam satisfeitos com o conteúdo, originalidade ou contextualização. Esta dica, aprender a navegar, nos diz a autora, seria muito bem vinda.

Robert Meyer6 trabalha com o jornalismo tecnológico e cobre notícias sobre esse assunto. Embora não tenha frequentado a academia, tem uma posição interessante, quando diz:

Escolas de Jornalismo precisam ser mais experientes tecnologicamente, mas deveriam sê-lo no método da práxis; elas deveriam ensinar filosofias e estratégias que sustentam todas as categorias de tecnologia, não apenas ferramentas. Professores de jornalismo, em busca dessas ferramentas estão sempre mudando, mas alguns processos se mantém firmes. Professores de jornalismo, em busca dessas ferramentas estão sempre mudando, mas alguns processos se mantém firmes. Professores de jornalismo (...) para preparar seus estudantes para entender o mundo, precisam ensiná-los a lidar com conjuntos grandes de dados usando Excel – ou, seu primo mais encorpado, a linguagem R – ao ponto de eles aprenderem código. (MEYER, 2014, p9)

Talvez, nos diz o autor, seria útil termos algumas conversas para entender, por exemplo: Como tornar uma história popular? Ou ainda: Em que as pessoas estão prestando atenção? Como faço para minhas matérias saírem para o Facebook e para o Reddit?

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Vale destacar que as TDIC são consideradas ferramentas e não o trabalho principal.A ferramenta é utilizada em redações e empresas de Tv, o telepronter, o cenário artificial para o climatempo, infográficos animados para contextualização da matéria para a população e visam tornar a informação acessível e de fácil entendimento. O jornalista ou profissional da área da comunicação utiliza-se destes aparatos como forma de exemplificar dados e evoluções. Apresentar um comparativo econômico da evolução da economia em gráficos digitais e interativos facilitam em tempo real a modificação do cenário.Como exemplo, podemos citar o telespectador que pode interagir com o jornalista em uma participação de redes sociais, sugerindo um novo cenário, caso a inflação dobre. Desta forma o jornalista poderá simular em gráficos, no "realtime", a proposta do telespectador e até mesmo mudar a moeda para maior entendimento. Em sala de aula a TDIC pode ser aplicada da mesma forma nos diversos campos do saber, utilizando o mesmo exemplo de economia.O professor, como mediador, poderá abrir uma discussão em conjunto com os alunos, a fim de alterar o infográfico digital em "realtime", para facilitar a assimilação do aluno, adaptando o conteúdo à linguagem(escrita e imagem), na expertise do professor, que atenderia melhor aquele grupo/tribo, tornando a aula mais "atrativa" e provavelmente aumentando a relação professor - aluno, não mais como emissor e receptor, e sim como mediador.

A definição adotada e aperfeiçoada pelo Cedefop (O sistema de formação profissional em Portugal) a respeito de competências é também apresentada em três categorias, como segue:

1. Competências em TDIC de profissionais; 2. Competências em TDIC de usuários; 3. Competências em comércio eletrônico

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desenvolvimento do seu próprio conhecimento e de seu trabalho, como forma colaborativa.

Entre teóricos como PEÑA-LÓPEZ (2009)7 destacam-se os seguintes conceitos: consciência digital; letramento tecnológico; letramento informacional; letramento digital; e letramento em mídia.

A consciência digital é uma competência cognitiva (pensamento), baseada no entendimento do quadro da sociedade da informação e suas consequências na vida diária. Ter competência digital significa compreender e usar a aprendizagem por toda a vida e utilizar-se das TDIC como meio de desenvolvimento de conhecimentos, habilidades e novas capacidades, social e profissionalmente.

De acordo com o mesmo autor, possui o letramento tecnológico o indivíduo que se utiliza das ferramentas tecnológicas para estudo, trabalho, lazer e comunicação, conseguindo, inclusive, interagir com hardware e software. O letramento permite o uso de recursos como processador de texto, planilhas de cálculos, bases de dados e ferramentas para armazenamento e gerenciamento da informação, além de usar vários serviços da internet, disponíveis através de celulares, computadores, câmeras, entre outros dispositivos.

O letramento informacional se refere basicamente ao compreender, avaliar e interpretar informações. Além de tomar conhecimento das informações, o indivíduo que possui o letramento informacional tem a capacidade de avaliar, estabelecer conexões e integrar diferentes informações, dados, conhecimentos. Avaliar a confiabilidade e qualidade das informações é aspecto principal, pois essa atividade define qual e quando uma informação é necessária para determinado público ou outro, dependendo do contexto em que vivem os indivíduos. Essa competência é necessária e específica, já que os usuários de novas tecnologias recebem informações em grande quantidade e nem sempre são capazes de analisar, julgar, avaliar, interpretar a informação e usá-la de forma conveniente. Destacam-se duas competências ligadas ao letramento informacional:

Avaliação (refletir para fazer julgamentos sobre a qualidade, relevância, utilidade, eficiência, autoridade e oportunidade/conveniência da informação) e Integração (interpretar, resumir, tirar conclusões, comparar e contrastar informação de múltiplas fontes digitais) (ROMANI, 2012, p.5).

(33)

Conforme Romani (2012), o letramento digital também é necessário e refere-se a construir conhecimento empregando as ferramentas de TDIC. Dois aspectos refere-se destacam, sendo eles: a dimensão instrumental e a dimensão estratégica. Esses aspectos se referem à obtenção de informações importantes e como produzir novos conhecimentos, respectivamente. A partilha e gestão de produtos tecnológicos se enriquece pelo compartilhamento nas redes e comunidades de programas de open source(código aberto). O letramento digital exige competências determinadas, estando entre elas à capacidade de usar ferramentas digitais corretamente.

Um último letramento citado por Romani (2012), é o Letramento em Mídia. Este se relaciona ao entendimento de como as formas tradicionais e digitais de informação estão convergindo, formando novas plataformas e meios de comunicação e interação, ajudando o indivíduo a entender a transição digital e à compreensão do uso dos meios de comunicação de forma assertiva. Esse conceito aborda processos, conhecimentos, proficiências e aptidões necessárias, não se limitando à manipulação da ferramenta tecnológica computacional.

De acordo com as informações de Romani (2012), a OCDE (Organização de Cooperação e de Desenvolvimento Econômicos) destaca-se “a atual correlação

entre investimento em capital humano, produtividade do trabalho e o crescimento

das nações”. Esta organização refere-se ao descompasso entre o que é ensinado nas escolas, inclusive de jornalismo, e as competências necessárias para os dias

atuais. “Há déficits de competências”, diz ele, e muitos países e empresas enfrentam

dificuldades em função da força de trabalho menos qualificada. A União Europeia alerta para a necessidade de profissionais altamente qualificados e adaptáveis, tendo em vista a demanda de empregos que requerem competências variadas. A Cúpula de Lisboa desenvolve um programa baseado no desenvolvimento de uma economia baseada no conhecimento, fato que marcou uma virada, trabalhando-se a integração de políticas sociais e econômicas, que estimulam o desenvolvimento de uma força de trabalho altamente qualificada, o que, por sua vez, facilita o uso das ferramentas tecnológicas ou TDIC.

Meyer, em artigo publicado em 1996 com o título de “Why journalism needs

PhDs”8, destaca a necessidade de profissionais da área jornalística saberem

pesquisar, usando ferramentas tecnológicas, a fim de produzir informações

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necessárias dentro de sua área de atuação. Além das ferramentas como o computador, a informática e a rede, diz ele, há a necessidade e a habilidade de usá-los, já que o jornalista necessita de conhecimentos em pesquisas das mais diversas áreas, tais quais as quantitativas, de opinião, de campo, além do conhecimento estatístico e matemático. Meyer refere-se à Escola de Jornalismo de Colúmbia, em

Nova York, como sendo, talvez, “a melhor e mais conceituada escola de jornalismo

do mundo”. Seu diretor, na reestruturação do curso, colocou como disciplina que o

profissional precisa dominar, por exemplo, a estatística, para que seu fazer jornalístico seja correto e preciso.Destaca que, no uso da ferramenta tecnológica ou computacional, é ainda necessário avaliar a credibilidade da notícia encontrada, atividade que se torna mais difícil pela própria facilidade ao acesso e a facilidade de publicação de informações, nem sempre verídicas. Isso requer maior pesquisa, no sentido de conhecer os responsáveis pelas publicações e suas fontes. A questão ética está envolvida nesse processo, já que o plágio é cada vez mais frequente diante das facilidades encontradas nas ferramentas tecnológicas. O artigo enfoca ainda, o fato de o repórter da atualidade estar longe do “calor das ruas”, o que pode

causar interpretações diferentes e conflitantes.

A inovação do Jornalismo não deve ser interpretada como fator determinante para a qualidade da produção. Alegar que teremos maus jornalistas no futuro, pelo fato de não terem credibilidade do meio cibernético é inconveniente.Citamos acima o fato de estar longe do "calor das ruas" o que pode causar interpretações conflitantes. Esse fato, no entanto, vai contra o processo do Web Jornalismo.A internet possibilitou o acompanhamento das notícias em tempo real, sites colaborativos como wikileak, Wikipédia e até mesmo social colaborativos sobre a relação da apuração da noticia com a publicação deste material. Assim, o professor continua a ser necessário como mediador, dando instruções sobre a boa apuração de matérias, como a ética sobre a construção da notícia.

O artigo WebJornalismo: das inovações tecnológicas às inovações discursivas9 de Dalmonte (2006), levanta a discussão que a interatividade é reconhecidamente um fator determinante na figuração do WebJornalismo. Inovação e novos formatos jornalísticos surgem como local, neste caso digital, para propagação da informação rápida e interativa como é a nova geração. A

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hipertextualidade, para Dalmonte, tem centrado o foco na importância da compreensão jornalística específica para Web. Interatividade e hipertextualidade estão intimamente ligados. À medida que o leitor interage com vários módulos de texto enquanto navega, entendemos a fala de Silva Júnior quanto à caracterização de hipertexto: Ele explica:

com ‘hipertexto’, refiro-me a uma escrita não sequencial, a um texto que se bifurca, que permite que o leitor eleja e leia melhor numa tela interativa. De acordo com a noção popular, trata de uma série de blocos de textos conectados entre si por nexos, que formam diferentes itinerários para o usuário”. O hipertexto, [...], implica um texto composto de fragmentos de texto [...] e os nexos eletrônicos que os conectam entre si. (landow, 1995, p. 15, grifos do autor).

Segundo Santaella (2007), a categorização de hipertexto e cibertexto contribui para o esclarecimento da informação da escrita não sequencial.Desta forma, o hipertexto é a forma interligada da escrita que o leitor pode percorrer de modo multidimensional, conectada por blocos de texto. O cibertexto já pode ser entendido,segundo ela, como a absorção de outras linguagens, ou seja, animações, vídeo, som nas redes, até a literatura digital, nesta forma categorizados como recursos digitais.

O novo jornalismo ou jornalismo moderno, nomenclatura dada pela professora Biroli10 (2007), pelo motivo da relação com os novos dispositivos e da relação com a possibilidade de entendermos a união da hipertextualidade e fornecer ao usuário informações "ondemand", ou descrita por Dalmonte (2006) como leitura não sequencial, temos processos não lineares, isto é, o leitor já pode escolher o que ler, a forma de leitura e o tempo que julgar necessário. A internet possibilitou ao usuário ser dono da gestão do seu tempo quanto ao acesso à informação. Foi revolucionário o fato de se ter acesso a vários livros estando no mesmo local, quando a máquina de leitura foi inventada:

Esta é uma máquina bonita e engenhosa, muito útil e conveniente para qualquer pessoa que tenha prazer em estudar [...] Com esta máquina um homem pode ver e percorrer através de um grande número de livros sem sair do lugar. Esta roda é feita da maneira mostrada, isto é, é construída de tal forma que, quando os livros estão em seus leitoris, nunca caem ou saem do local em que se encontram, mesmo que a roda gire uma volta completa. (RAMELLI, apud DIAS, 1999, p. 271).

10. disponível em:

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Figura 1: Roda de Leitura de Ramelli, datada de 15889.

O jornalismo inovador dispõe, pela internet, de infinitas estantes de informação para consulta. O que difere quanto a inovação é o reforço da hipertextualidade do acesso não linear às consultas, e além disso, o canal de

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Biroli (2007), argumenta que o jornalismo moderno, usando o aparato tecnológico terá como resultado o aumento de produtividade. Esta ligação se desenvolve e acompanha as transformações do mercado, pois hipertextualidade é prática crescente, principalmente nos programas de Tv e esporte interativo, entre outras práticas. Percebe-se uma movimentação do conteúdo, quando as produções jornalísticas e de pesquisas adquirem uma certa "fluidez".

Santaella (2007), em sua produção Linguagens Líquidas na era da mobilidade apresenta argumentos para nossa análise e complementa o termo fluidez do conteúdo. Sua caracterização passa desde a prensa de Gutemberg até a contextualização da hipermídia, linguagem utilizada na internet para caracterizar o movimento de transição dos conteúdos, hiperlinks e hipertextuais.

Temos perspectivas sobre novos espaços (virtuais e digitais), novas experiências em um novo formato de conteúdo com velocidade maior, ou melhor fluidez. Segundo Santaella (2007), surge um novo espaço, o espaço de som, verbo e vídeo - "especializam-se" em uma nova modalidade de espaço: o ciberespaço.

(...) o afluxo avassalador dos signos, para a exacerbada dilatação que rende ao infinito das bordas difusas do ciberespaço e para as novas órbitas de circulação das linguagens agora inexoravelmente atreladas aos corpos em movimento. Muito mais que revoluções na informação e comunicação, trato tudo isso pelas perspectivas evolucionárias não deterministas, isentas da ingênua ideia de progresso [...], como índices do crescimento de complexidades das ecologias midiáticas que trazem agora o conceito recriado de espaços deslizantes e intersticiais para o foco da nossa atenção (SANTAELLA, 2007, p. 26).

O ciberespaço e o ambiente cloud, auxiliam a prática jornalística quanto à independência e quanto ao processo da construção do conteúdo. O movimento dentro das redações prossegue a respeito do acesso, apuração, produção, revisão e distribuição desse conteúdo. Antigamente, as redações ficavam dependentes do processo demorado para completar o fluxo da transmissão da informação. Mediante o novo jornalismo de linguagens líquidas e de maior fluidez, observa-se, além da necessidade do sistema econômico sobre a produção, também a necessidade de adequação à informação para multimeios, interativa, emissora, receptora, participativa e comunicação 3.0.

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ciberespaço não é um meio,é um meta meio. O ciberespaço apoia muitas tecnologias intelectuais que desenvolvem a memória (através de bases de dados, hiperdocumentos, Web), a imaginação (através de simulações visuais interativas), raciocínio(através da inteligência artificial, sistemas especialistas, simulações), percepção (através de imagens computadas de dados e telepresença generalizada) e criação (palavras, imagens, música e processadores de espaços virtuais)...(LÉVY, 2000, pag. 6).

Esta fluidez de conteúdo poderá ser observada em breve, como forte competidor contra o mau jornalismo. A partir do momento em que o ciberespaço e as condições técnicas favorecerem a produção de conteúdo de qualidade, poderemos observar a competição da atenção do usuário, que já acontece quando algumas pessoas buscam "vloggers". Os "vloggers" – essa é a nomenclatura adaptada para falar sobre pessoas que adaptaram conteúdos e temas da imprensa e informações globais e direcionaram a linguagem adequada para um público específico. A segmentação desta informação, na utilização de uma linguagem direcionada, reflete a quantidade de seguidores adeptos a absorverem informações vide vídeos interativos, vídeos em 360 e webséries. No entanto, nos perguntamos: quem, de fato, detém os direitos destas informações?

Diante do problema de certificação dos conteúdos, a partir do momento em que se tornam voláteis e imensuráveis quanto ao seu alcance, surge à iniciativa CreativeComons, possibilitando uma certificação digital sobre o uso e divulgação de obras para meios no ciberespaço, e até veiculações impressas. Porém, a discussão sobre a eficiência deste formato evidencia outros problemas: levanta a discussão que está ao alcance da informação no novo jornalismo, que promoveu a necessidade de novas normas e leis, embora essa preocupação não se tenha preocupado com a continuidade e aprofundamento da questão, e sim, com o incentivo ao leitor sobre uma nova perspectiva de estudo.

1.3. Docência universitária e uso de TDIC

Imagem

Figura 1: Roda de Leitura de Ramelli, datada de 1588 9 .

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