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Sustentabilidade e habitação de interesse social na cidade de São Paulo: análise de obras

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UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE

MARIANA RIBEIRO VERAS

SUSTENTABILIDADE E HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL NA

CIDADE DE SÃO PAULO: ANÁLISE DE OBRAS

(2)

V476s Veras, Mariana Ribeiro

Sustentabilidade e habitação de interesse social na cidade de São Paulo: análise de obras / Mariana Ribeiro Veras – 2013.

127 f. : il. ; 30cm.

Dissertação (Mestrado em Arquitetura e Urbanismo) - Universidade Presbiteriana Mackenzie, São Paulo, 2013. Bibliografia: f. 123-127.

1. Sustentabilidade. 2. Habitação de interesse social. 3. Urbanização de favelas. 4. Selo Casa Azul. I. Título.

(3)

MARIANA RIBEIRO VERAS

SUSTENTABILIDADE E HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL NA

CIDADE DE SÃO PAULO: ANÁLISE DE OBRAS

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo da Universidade Presbiteriana Mackenzie como requisito para obtenção de título de Mestre em Arquitetura e Urbanismo.

Orientadora: Profª. Drª. Maria Augusta Justi Pisani Apoio: CAPES e CNPq

Aprovada em 29/01/2014

(4)

BANCA EXAMINADORA

Profª. Drª. Maria Augusta Justi Pisani – Orientadora Universidade Presbiteriana Mackenzie

Profª. Drª. Célia Regina Moretti Meirelles Universidade Presbiteriana Mackenzie

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AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus por cada momento que vivenciei através desta pesquisa e também por todo aprendizado adquirido.

Agradeço, em especial, aos meus pais, Clarindo e Rosália, por terem me incentivado e proporcionado esta oportunidade de cursar uma pós-graduação de excelente qualidade. Não posso deixar de agradecer as minhas irmãs e entes queridos que estiveram sempre ao meu lado me dando apoio e carinho nessa trajetória.

Agradeço ao meu namorado João Batista por ter sido verdadeiro companheiro nesses dois anos em que estivemos morando longe e por total apoio e auxilio durante minha pesquisa.

Agradeço, carinhosamente, a minha querida orientadora Maria Augusta Justi Pisani por todo esforço e dedicação que teve perante minha trajetória no mestrado, sendo de essencial importância para meu aperfeiçoamento profissional e pessoal.

Agradeço às professoras convidadas Célia Regina Moretti Meirelles e Cibele Haddad Taralli pela contribuição indispensável para enriquecimento do trabalho final. Agradeço também aos colegas que caminharam juntamente a mim nestes dois anos de estudo, trabalho e dedicação para plena conclusão desta fase.

(6)

I

ÍNDICE DE FIGURAS

(7)
(8)
(9)
(10)

V

ÍNDICE DE TABELAS

(11)

VI

RESUMO

Este trabalho tem por objetivo analisar habitações de interesse social vinculadas ao Programa de Urbanização de Favelas promovido pela prefeitura de São Paulo. Nesse contexto, dois conjuntos habitacionais foram selecionados: o Residencial Mata Virgem e o Residencial Parque Santo Amaro V.

A abordagem metodológica teve como base parâmetros propostos pelo Manual Selo Casa Azul, da Caixa Econômica Federal, que tem por finalidade incentivar a adesão a práticas sustentáveis no âmbito da construção habitacional, promovendo a certificação de empreendimentos. A avaliação abrange questões que envolvem: qualidade urbana; projeto e conforto; eficiência energética; conservação de recursos materiais; gestão da água; práticas sociais e acessibilidade.

Os resultados desta pesquisa apontam propostas que expõem arquitetura de qualidade e consistentes melhorias no entorno das obras analisadas, no entanto, segundo a abordagem sustentável, tais empreendimentos apresentaram rendimento aquém dos parâmetros expostos.

(12)

VII

ABSTRACT

This work aims to analyze the social interests’ habitations linked to the Urbanizations Slums Programs promoted by São Paulo city hall. Because of this project, two housing complexes were chosen, such as “Mata Virgem” residential and “Parque Santo Amaro V” residential.

The methodological approach used parameters established by the “Selo Casa Azul da Caixa Econômica Federal”, which it has the purpose to stimulate the sustainable practices in the housing construction scope, promoting the enterprise certification. This evaluation covers questions like: urban quality, project and comfort; energy efficiency; the conservation of material resources; water management; social practices and accessibility.

The results of this research show suggestions that expose quality architecture and improvements at the analyzed work, however according to the sustainable approach those enterprises express better incomes than the exposed before.

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ... 1

1.1 Justificativa ... 6

1.2 Objetivos ... 9

1.2.1 Objetivo Geral ... 9

1.2.2 Objetivos Específicos ... 9

1.3 Procedimentos Metodológicos ... 9

2 ARQUITETURA E SUSTENTABILIDADE ... 15

2.1 A sustentabilidade na habitação de interesse social no Brasil ... 18

2.1.1 Urbanização de favelas na cidade de São Paulo ... 27

2.1.2 Selo Casa Azul da Caixa Econômica Federal ... 33

3 ESTUDOS DE CASO NA CIDADE DE SÃO PAULO ... 45

3.1 Conjunto habitacional Mata Virgem ... 45

3.1.1 O Projeto ... 47

3.1.2 Análise a partir do Selo Casa Azul ... 51

3.1.2.1 Qualidade urbana ... 51

3.1.2.2 Projeto e Conforto ... 53

3.1.2.3 Eficiência Energética ... 63

3.1.2.4 Conservação de recursos materiais ... 65

3.1.2.5 Gestão da água ... 72

3.1.2.6 Práticas sociais ... 77

3.1.2.7 Acessibilidade ... 79

3.1.3 Conclusões Parciais ... 85

3.2 Conjunto habitacional Parque Novo Santo Amaro V ... 86

(14)

3.2.2 Análise a partir do Selo Casa Azul ... 92

3.2.2.1 Qualidade urbana ... 93

3.2.2.2 Projeto e Conforto ... 96

3.2.2.3 Eficiência Energética ... 101

3.2.2.4 Conservação de recursos materiais ... 103

3.2.2.5 Gestão de água ... 109

3.2.2.6 Práticas sociais ... 114

3.2.2.7 Acessibilidade ... 116

3.2.3 Considerações Parciais ... 120

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 121

(15)

1

1 INTRODUÇÃO

Interesses financeiros, políticos e econômicos levaram diversas gerações a uma exploração desordenada do meio ambiente, porém também proporcionaram avanços para a humanidade.

A inovação e a adaptação têm permitido a humanidade não apenas sobreviver, mas alcançar novos patamares. A inovação levou ao desenvolvimento de novas ferramentas, a industrialização, a informatização e a incontáveis avanços científicos, com consequências positivas e negativas1 (THE GLOBAL..., 2012, p. 4, tradução nossa).

Atualmente, o planeta manifesta diversos sinais em decorrência de anos de deszelo por parte do homem. De acordo com pesquisas realizadas pelo Intergovernmental Panel on Climate Change (IPCC) 2012, os impactos das ações do homem sobre o meio ambiente estão em níveis tão elevados que há urgência de mudanças de hábitos, consumos e produções; além disso, foi constatado que o consumo de energia elétrica teve um aumento de 50% entre os anos de 1980 a 2010. Segundo declaração da World Meteorological Organization (WMO) de 2012, os últimos 11 anos (2001-2011) estão entre os mais quentes recordes já registrados em todo planeta. Estas pesquisas apontam que as ações antrópicas têm contribuído na aceleração do processo de aquecimento global que se manifesta cada vez mais irreversível.

O desenvolvimento sustentável é definido pela ONU (1987, s/p) como: “Implica em satisfazer as necessidades do presente sem comprometer a capacidade das gerações futuras de atender as suas próprias necessidades”. Este conceito, apesar de ser muito referenciado, ainda é o mais abrangente.

1 Innovation and adaptation have permitted humanity to not only survive but to reach new heights.

(16)

2 O desenvolvimento sustentável é um modelo pautado em princípios e diretrizes que consideram aspectos ambientais, econômicos, políticos e socioculturais, e vem ganhando espaço em diversos campos das atividades humanas.

De acordo com Edwards (2008), a indústria da construção civil pode ser considerada uma das atividades menos sustentáveis do planeta, especialmente por ser responsável pelo consumo de aproximadamente 50% dos recursos naturais mundiais. Diante destes fatos, as edificações e a urbanização que se materializam pela área da construção civil necessitam adequar-se as diretrizes do desenvolvimento sustentável.

Toda construção deve ter como ponto de partida um “projeto”, e para que o resultado final seja um empreendimento sustentável é necessário que desde a concepção este seja embasado em princípios sustentáveis. Dessa forma, segundo Edwards (2008, p. 3) o projeto sustentável “envolve a criação de espaços saudáveis, viáveis economicamente e sensíveis às necessidades sociais. Significa respeitar os sistemas naturais e aprender por meio dos processos ecológicos”.

Na década de 70, a crise energética foi de singular importância para que algumas questões ambientais ganhassem discussão com maior amplitude. A partir deste marco, algumas mudanças no âmbito da arquitetura foram aplicadas promovendo construções que faziam uso da energia solar e se adequavam as características climáticas de cada região. (CORBELLA E YANNAS, 2003).

Este foi um passo importante dado em direção a “Arquitetura Sustentável2”, que

atualmente mostra-se aplicada em diversas tipologias de construção. A edificação sustentável promove benefícios que se estendem além de sua contribuição para redução dos impactos ambientais, uma vez que se apresenta como responsável pelo estabelecimento de novos princípios básicos de projeto.

Neste horizonte tornou-se necessário adequar a arquitetura e seus sistemas construtivos ao desejado desenvolvimento sustentável. Para

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3 isso desenvolveram-se soluções para todos os âmbitos do projeto que priorizam a máxima utilização dos recursos naturais com o mínimo impacto ambiental (CORRÊA, 2008, p. 17).

O desenvolvimento de novas técnicas – como o aproveitamento de águas pluviais, reutilização de águas cinzentas e utilização de inércia térmica - favoreceu a adequação das construções às ideias que regem a arquitetura sustentável, possibilitando a execução assim de edificações que integram conforto ambiental, eficiência energética, economia e preservação do meio ambiente.

O Brasil, segundo Censo Demográfico 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) possui aproximadamente 6% de seus habitantes vivendo em assentamentos precários, quantitativo quase equivalente à população da cidade de São Paulo. Esse tem apresentado iniciativas do poder Executivo na construção de edificações de cunho habitacional em busca de oferecer locais mais apropriados e seguros para esta parcela da população, entretanto a arquitetura sustentável no Brasil ainda aparece de maneira tímida no cenário das habitações de interesse social.

Pela falta de alternativas habitacionais para a população de menor renda, a cidade ilegal assume proporções sempre crescentes. [...] A totalidade das grandes cidades brasileiras (com mais de quinhentos mil habitantes) apresenta favelas, assim como cerca de 80% das cidades com população entre cem e quinhentos mil habitantes (DENALDI, 2003, p. 2).

O déficit habitacional no Brasil (ver tabela 1) é consequência do crescimento econômico que nunca apresentou distribuição de renda adequada, além disso, o processo de desindustrialização ocorrido nas últimas décadas gerou o aumento dos índices de desemprego contribuindo também para agravar o crescimento de assentamentos precários urbanos (SAMORA, 2009).

(18)

4

Tabela 1 - Déficit habitacional no Brasil

ANO DÉFICIT HABITACIONAL

1993 6.247.303

1996 6.449.151

1999 6.669.226

2002 7.256.566

2004 7.890.362

2007 6.272.645

2008 5.546.310

Fonte: a partir de dados coletados da Fundação João Pinheiros (2009 e 2011)

No município de São Paulo, o crescimento da população entre 1950 e 1980 mostra um aumento considerável, onde um contingente de pouco mais de 2 milhões de habitantes alcançou a estatística de quase 8,5 milhões (SÃO PAULO, 2012). Esse crescimento populacional ocorrido em apenas 30 anos contribuiu para a formação desordenada de assentamentos precários nesta região.

Na cidade de São Paulo, alguns programas foram implantados com o objetivo de criar melhores espaços para essa classe menos favorecida. Segundo Bruna e Pisani (2010, p. 59),

As populações pobres ficam expostas em graus mais intensos aos perigos e desastres naturais, pois se situam em geral em áreas impróprias para o assentamento humano, tornando-se indefesas frente às forças da natureza, como tufões, enchentes e deslizamentos.

O “Programa de Urbanização de Favelas” da Prefeitura de São Paulo criado em 2005tem como foco

(19)

5 transformar favelas e loteamentos irregulares em bairros, garantindo a seus moradores o acesso à cidade formal, com ruas asfaltadas, saneamento básico, iluminação e serviços públicos. O programa também inclui o reassentamento de famílias – em caso de áreas de risco – e a recuperação e preservação de áreas de proteção dos reservatórios Guarapiranga e Billings, além de melhorias habitacionais (SÂO PAULO, 2012, s/p).

Em livro publicado em 2000, Bonduki já apresentava um posicionamento a cerca da coerência em urbanizar loteamentos e ocupações irregulares, em vista da real dimensão territorial ocupada por uma massa vultosa de habitantes da cidade de São Paulo.

A política municipal de habitação parte do pressuposto de que a cidade real – que abriga a grande maioria da população de São Paulo em assentamentos não legais – é irreversível e que uma intervenção maciça na área de habitação de interesse social requer a consolidação desses assentamentos, melhorando suas condições de urbanização e de moradia (BONDUKI, 2000, p. 105).

Tal reflexão vem de encontro com as proposta vigentes no Programa de Urbanização de Favelas, que apresenta soluções pertinentes diante da realidade presente nesse município. A solução exposta por esse programa, na verdade, busca minimizar tardiamente os efeitos da ausência de uma política eficiente de controle de ocupações desordenadas.

(20)

6 Diante desse quadro exposto, esta pesquisa tem por objetivo analisar a sustentabilidade dos projetos e obras de habitação de interesse social (HIS) selecionados na cidade de São Paulo a partir do roteiro de critérios presente no manual “Selo Casa Azul” da CAIXA. Vale ressaltar que os conjuntos escolhidos para análise não foram projetados com essa premissa.

1.1 Justificativa

Desde a revolução industrial onde as agressões ao ambiente tornaram-se mais frequentes e visíveis, é perceptível a necessidade de revitalização e renovação do pensamento do homem perante a natureza.

Segundo John (2010), a sustentabilidade está presente não apenas nas construções, nas tecnologias e inovações, ou como muitos acreditam na preservação da Amazônia; esta também se mostra através dos hábitos do dia a dia do homem, das decisões e da maneira como ele trata o meio ambiente em que vive. Algumas práticas sustentáveis se relacionam a reciclagem do lixo, a eficiência energética de equipamentos, diminuição de consumos, gestão da água, ao uso de materiais sustentáveis na construção civil e em seu reaproveitamento, e em diversas outras atividades.

O termo sustentabilidade que teve sua origem e definição ligadas aos pensadores e economistas Ignacy Sachs e Karl William aproximadamente nos anos 70, passou a ser associado às questões ambientais ainda nesta mesma década (AMODEO, 2008). Porém, apenas no final do século XX e início do século XXI esta prática ganhou âmbito no meio internacional, tornando-se assunto de interesse mundial em congressos e debates de veemência política.

(21)

7 O mercado exige produtos e materiais comprometidos com o meio ambiente, enfatizando preocupação com baixo impacto e interesse em contribuir para a solução do problema ambiental, o que se tornaria vantagem competitiva e forma de conquistar um consumidor cada vez mais informado, exigente e consciente das necessidades do planeta (SANTOS e ABASCAL, 2012, s/p).

A sustentabilidade mostra-se como uma proposta viável para enfrentar alguns dos desafios que o próprio homem gerou, devido à má conservação do meio ambiente, e ao mesmo tempo esta possui um caráter social, que pode permitir uma busca por melhorias sociais e financeiras para quem reside em habitações de interesse social. Sobre essa questão, John (2010, p. 11) afirma que

O desafio é, na verdade, a busca de um equilíbrio entre proteção ambiental, justiça social e viabilidade econômica. Ampliar o conceito de desenvolvimento sustentável é buscar em cada atividade formas de diminuir o impacto ambiental e aumentar a justiça social dentro do orçamento disponível.

As habitações de interesse social demandam investimento não apenas no processo de planejamento e construção, mas também no pós-ocupação. Uma parcela das famílias instaladas nessas edificações não possui renda suficiente para gastos com energia, água e outras necessidades básicas, o que torna o emprego de algumas técnicas sustentáveis uma alternativa para minimizar além dos impactos ambientais, despesas dessas famílias com uso e manutenção.

Sobre as tecnologias sustentáveis, Edwards (2008) relata que estas se apresentam em um patamar de desenvolvimento avançado, porém ainda não são empregadas na arquitetura de forma condizente com este avanço. Para Wines (2008), as tecnologias sustentáveis ainda são vistas como assessórios instalados nas edificações e não parte elementar do projeto arquitetônico.

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8 bioclimáticas recorrentes quando se deseja melhorar a qualidade do espaço construído proporcionando ambientes mais salubres(CUNHA, 2010).

Fretin (2009) denomina os edifícios que empregam princípios termodinâmicos tirando partido da própria construção em benefício do equilíbrio térmico como “edificações solares passivos”. Fretin ressalta que estes

[...] buscam manter, em seu interior, índices de conforto ambiental adequados às expectativas e às atividades ali exercidas e altos níveis de eficiência energética. Isto é, visam à economia máxima de outras formas de energia empregadas na manutenção e uso do edifício, tanto para iluminação, resfriamento e iluminação artificial dos ambientes (FRETIN, 2009, p. 38).

Na tentativa de incentivar a adesão das técnicas e tecnologias sustentáveis aos projetos arquitetônicos, algumas certificações e manuais foram criados com especificidades brasileiras, tais como: o Alta Qualidade Ambiental (Aqua), o Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica (Procel) e o Selo Casa Azul da CAIXA. Dentre estes, o Selo Casa Azul destaca-se nesta pesquisa por apresentar proposta voltada para o âmbito habitacional, incentivando especialmente a aplicação da sustentabilidade aos projetos de HIS.

O guia Selo Casa Azul CAIXA foi criado com o propósito de reconhecer e valorizar os empreendimentos que adotam soluções e práticas sustentáveis de projeto e construção. Esta certificação é composta por um roteiro formado por 53 critérios de avaliação que abrangem as seguintes áreas: qualidade urbana; projeto e conforto; eficiência energética; conservação de recursos materiais; gestão da água e práticas sociais. Tais categorias serão explicitadas nos procedimentos metodológicos e no capítulo 2, onde será feita uma abordagem mais minuciosa sobre esse selo.

(23)

9

1.2 Objetivos

1.2.1 Objetivo Geral

Analisar o emprego de critérios sustentáveis em habitação de interesse social vinculados ao Programa de Urbanização de Favelas do município de São Paulo.

1.2.2 Objetivos Específicos

 Analisar os conjuntos habitacionais selecionados a partir dos critérios de avaliação propostos pelo manual Selo Casa Azul da Caixa Econômica Federal;

 Realizar estudos de caso dos conjuntos habitacionais desenvolvidos no programa de urbanização de favela na cidade de São Paulo: Mata Virgem e Parque Novo Santo Amaro V;

 Estabelecer quadro com os resultados das análises finais dos conjuntos habitacionais avaliados individualmente;

 Selecionar as questões sustentáveis que se apresentaram mais recorrentes entre os conjuntos habitacionais e as que se destacam por diferenciação das demais;

1.3 Procedimentos Metodológicos

O método empregado para o desenvolvimento deste trabalho seguirá as seguintes etapas:

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10 para desenvolvimento desta pesquisa, o Selo Casa Azul da Caixa (Boas práticas para habitação mais sustentável, 2010);

2 – Estudos de caso de conjuntos habitacionais na cidade de São Paulo, tendo como base para análise o Manual Selo Casa Azul da Caixa Econômica Federal nos seguintes aspectos:

 Qualidade urbana: qualidade do entorno – infraestrutura e impactos; melhorias no entorno; recuperação de áreas degradadas e reabilitação de imóveis;

 Projeto e Conforto: paisagismo; flexibilidade de projeto; relação com a vizinhança; solução alternativa de transporte; local para coleta seletiva; equipamentos de lazer, social e desportivos; desempenho térmico – vedações e orientação ao sol e ventos; iluminação natural de áreas comuns; ventilação e iluminação natural de banheiros e adequação às condições físicas do terreno;

 Eficiência Energética: lâmpadas de baixo consumo; dispositivos economizadores; sistema de aquecimento solar e a gás; medição individualizada de gás; elevadores eficientes; eletrodomésticos eficientes e fontes alternativas de energia;

 Conservação de Recursos Materiais: coordenação modular; qualidade de materiais e componentes; componentes industrializados ou pré-fabricados; formas e escoras reutilizáveis; gestão de resíduos de construção e demolição (RCD); concreto com dosagem otimizada; cimento de alto-forno (CPIII) e pozolânico (CPIV); pavimentação com RCD; facilidade de manutenção da fachada e madeira plantada ou certificada;

 Gestão da Água: medição individualizada; dispositivos economizadores – sistemas de descarga, arejadores e registro regulador de vazão; aproveitamento de águas pluviais; retenção de águas; infiltração de águas pluviais e áreas permeáveis;

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11 locais; participação da comunidade na elaboração do projeto; orientação aos moradores; educação ambiental dos moradores; capacitação para gestão do empreendimento; ações para mitigação de riscos sociais e ações para a geração de emprego e renda;

Os resultados obtidos a partir dessa análise serão expostos mediante uso de tabela que segue o modelo abaixo:

Tabela Modelo

Critérios Obrigatoriedade

Existência no Projeto

Sim Não Parcialmente Não se aplica

1.1 Qualidade do

Entorno - Infraestrutura Sim X

1.2 Qualidade do

Entorno - Impactos Sim X

Na qual os critérios serão avaliados seguindo a seguinte padronização:

SIM  quando o conjunto habitacional em análise atender aos requisitos referentes a cada critério exposto;

NÃO  mediante o não cumprimento de < 50% das características em destaque referente ao item em análise;

PARCIALMENTE  diante do cumprimento de 50% a 99% das características apresentadas na avaliação do critério observado;

NÃO SE APLICA perante um critério de análise que não se adeque ao tipo de edificação em questão ou a não obtenção de informações suficientes, impossibilitando uma avaliação coerente;

3 – Para o desenvolvimento da análise de alguns critérios do Selo Casa Azul será necessário um melhor aprofundamento fazendo uso de alguns recursos auxiliares:

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12 computacionais, empregando o software Relux Professional versão 2013.1.1.2;

 Trena manual e eletrônica com mira a laser, para confirmação de dados coletados “in loco”;

4 – Obtenção de dados primários a partir de pesquisa de campo nos conjuntos habitacionais exposto abaixo:

 Conjunto Habitacional Mata Virgem, localizado na Estrada da Água Santa, próximo à divisa entre as cidades de Diadema e São Paulo - subprefeitura Cidade Ademar. Projeto do arquiteto José Luiz Tabith Junior (Figura 1).

 Conjunto Habitacional Santo Amaro V, localizado na Zona Sul do município de São Paulo, na região da bacia de Guarapiranga – subprefeitura M’Boi Mirim. Projeto do arquiteto Héctor Vigliecca (Figura 2).

Figura 1 - Conjunto habitacional Mata Virgem

(27)

13

Figura 2 - Conjunto habitacional Santo Amaro V

Fonte: site do arquiteto Héctor Vigliecca, 2013

(28)

14

Figura 3 - Localização das subprefeituras dos conjuntos habitacionais.

Fonte: acervo da autora, 2013.

5 – Entrevista com os arquitetos projetistas das edificações e os da Prefeitura de São Paulo que acompanharam o desenvolvimento do projeto e execução destes conjuntos;

(29)

15

2 ARQUITETURA E SUSTENTABILIDADE

O termo “desenvolvimento” nos remete a economia e a prosperidade, porém este caminho de crescimento que deixa impactos negativos para as gerações futuras tornou-se um problema de amplitude mundial, visto que a questão ambiental se sobressalta diante das ambições políticas e econômicas.

O “desenvolvimento sustentável” passou a ser um ideal almejado, mas que se mostra como resultado de um conjunto de escolhas e atitudes. Este expõe a necessidade de que todos os âmbitos da vivência humana passem a confluir em direção ao emprego da sustentabilidade.

Em meio a tal cenário, estudiosos buscam alternativas que possam possibilitar um continuo desenvolvimento sem gerar maiores transtornos a natureza, porém segundo Pisani (2008, p. 29) “atingir um desenvolvimento sustentável, apesar de ser fundamental para o planeta no século XXI, é um objetivo difícil de ser alcançado, pois o desenvolvimento sempre terá impactos no meio ambiente”.

Dentre tantas atividades desempenhadas pelo homem, Edwards (2008) ressalta que a indústria da construção civil apresenta-se como um dos maiores consumidores dos recursos naturais, expondo-se como uma das atividades antrópicas menos sustentáveis do planeta.

Os profissionais envolvidos com o setor da construção civil estão direta e indiretamente ligados às transformações sofridas pelo meio ambiente, visto que toda obra seja ela de âmbito urbano ou arquitetônico necessita de produtos cuja matéria-prima tem origem na natureza, gerando a exploração e extração de recursos, além da emissão de poluentes e resíduos gerados nas indústrias de produção dos matérias utilizados nesta atividade.

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16 produção arquitetônica e urbanística tem a obrigação de ser menos impactante e buscar soluções que minimizem ou até eliminem o esgotamento sistemático e predatório de recursos naturais”.

Para que esta prática seja possível, é necessário entender todo contexto em que o termo sustentabilidade está inserido, buscando auxílio em outras áreas que possuam alguma relação com o termo em questão, como, por exemplo, a economia e a ecologia. E então tentar aplicar todo conhecimento adquirido às construções partindo de sua concepção e projeto em busca de um resultado conceituado e embasado neste tema em questão.

Sustentabilidade em arquitetura é a atitude de todos os agentes envolvidos no sistema de produção arquitetônica, em especial do profissional arquiteto, focada na busca de soluções para conservação de recursos e com menores impactos ambientais decorrentes da intervenção em todas as fases de produção, [...] da extensão da vida útil ao descarte final da edificação (AMODEO, 2008, p. 54).

Um assunto que possui relevância é a questão da redução do consumo de materiais utilizados nas atividades da construção civil, atitude que não significa necessariamente desacelerar o ritmo de construção, porém é necessário que haja investimento em novas técnicas que visem utilizar menor quantidade de material, assim como também produtos que consumam menos matéria-prima em sua fabricação.

Nesse contexto, a construção civil avança inicialmente no caminho da reutilização e reciclagem de resíduos, aparentemente meio mais propício a novas pesquisas e novas ideias na área.

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18

2.1 A sustentabilidade na habitação de interesse social no Brasil

A construção civil no Brasil, atualmente, é responsável pelo consumo de 40% dos recursos extraídos, além de gerar cerca de 60% dos resíduos sólidos urbanos. Ou seja, ela é uma das responsáveis pela necessidade da sustentabilidade ser aplicada nas edificações, visto que além desses fatores, a construção civil ainda é responsável pelo uso em larga escala da madeira nativa, fator determinante para extração, que muitas vezes culminam no desmatamento de grandes áreas (TAJIRI, 2011).

Dentro da construção civil, destacam-se as edificações habitacionais, que vêm sendo construídas em larga escala principalmente em cidades que exibem um cenário de crescimento econômico e físico. As habitações apresentam-se como um dos maiores movimentadores da construção civil, merecendo destaque as habitações de interesse social financiadas pelo poder público.

No campo da arquitetura e do urbanismo tornou-se fundamental a aplicação de premissas básicas de sustentabilidade, como a escolha adequada de materiais e análise de ventilação e iluminação naturais, desde a fase projetual. A ideia da “habitação sustentável”, segundo Tajiri (2011, p. 30),

[...] pode ser considerada sustentável quando a adequação ambiental, a viabilidade econômica e a justiça social são incorporadas em todas as etapas do seu ciclo de vida, ou seja, desde a fase de concepção, construção, uso e manutenção; até, possivelmente, em um processo de demolição.

A edificação sustentável deve apresentar como pontos básicos cinco itens indispensáveis: eficiência energética, uso racional de água, materiais de construção sustentáveis, conforto ambiental e acessibilidade. (GREEN BUILDING, 2012)

(33)

19 A iniciativa pública habitacional brasileira volta-se para a agilidade e conclusão na construção de conjuntos habitacionais, visando explorar politicamente estes feitos convertendo-os em mídia e possivelmente votos eleitorais, deixando a desejar, em diversos casos, na qualidade da construção e na eficiência no pós-ocupação destes empreendimentos, podendo-se destacar a ausência de equipamentos sustentáveis que auxiliariam na vivencia e redução de gastos.

Esta realidade brasileira, também é consequência de uma demanda por habitação regida pelo déficit habitacional, que ocasionou a execução em larga escala de “moradias” em tempo hábil, porém contendo projetos que não apresentam preocupação com conforto ambiental ou qualidade da construção, como já mencionado.

No caso brasileiro, rapidamente a habitação popular foi diagnosticada como um problema quantitativo e, pouco a pouco, o debate da qualidade habitacional foi esquecido. Vimos florescer nas cidades os extensos conjuntos habitacionais, com suas moradias minúsculas e tipologias repetidas à exaustão, muitas vezes entregues aos moradores inacabados e sem infraestrutura urbana condizente com a demanda instalada (SAMORA, 2009, p. 31).

Lisboa e Amado (2012, s/p) são bem enfáticos ao afirmar que “este foi o formato historicamente escolhido pelas ‘autoridades’, que considerava no ‘habitar’ apenas a atividade de moradia, e acabava criando ‘dormitórios’ e ‘não cidades’”.

Historicamente, a primeira iniciativa brasileira em desenvolver políticas habitacionais deu-se em agosto de 1964, com a edição da lei nº 4.380/64 (CAIXA, 2011). Esta lei

[...] institui a correção monetária nos contratos imobiliários de interesse social, o sistema financeiro para aquisição da casa própria, cria o Banco Nacional da Habitação (BNH), e Sociedades de Crédito Imobiliário, as Letras Imobiliárias, o Serviço Federal de Habitação e Urbanismo e dá outras providências (UNIÂO NACIONAL..., 2013, s/p).

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20 criadas para “combater o déficit habitacional e urbanizar vilas e favelas. [...] responder ao desafio do êxodo rural e da migração populacional para os grandes centros urbanos” - entraram em colapso, e muitas tiveram suas atividades canceladas e extintas.

A partir de 2003, no governo do presidente Luís Inácio Lula da Silva, as políticas públicas habitacionais de âmbito federal voltaram a apresentar sinais de consolidação, desta vez, baseadas em princípios de planejamento, participação populacional e integração de políticas urbanas. Nesta época, Cardoso, Aragão e Araújo (2011, p. 01) relatam que “foi criado o Sistema Nacional de Habitação de Interesse Social- SNHIS, que buscava criar fluxo de recursos para habitação e estruturar os mecanismos de gestão para a implantação de uma política habitacional sólida para o país”.

Em 2007, no segundo mandato do presidente Lula, o Fundo Nacional de Habitação de Interesse Social (FNHIS) criado anteriormente neste mesmo governo libera verba para investimentos habitacionais, ao passo que lança o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).

Pensado como um plano estratégico de resgate do planejamento e de retomada dos investimentos em setores estruturantes do país, o PAC contribuiu de maneira decisiva para o aumento da oferta de empregos e na geração de renda, e elevou o investimento público e privado em obras fundamentais (BRASIL, 2012?, s/p).

Em meio à crise financeira internacional, outro programa habitacional foi criado em 2009, trata-se do Programa Minha Casa Minha Vida (PMCMV), que marca as parcerias público/privada no cenário da habitação. O PMCMV operado pela Caixa Econômica Federal

(35)

21 Iniciativas do poder público, como a Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano (CDHU), Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e o Programa Minha Casa Minha Vida (PMCMV), foram criadas com foco na redução do déficit habitacional através de investimentos feitos na construção de novas moradias. A implantação destes programas beneficia o processo de estruturação urbana, aumenta a dinâmica no setor imobiliário, proporciona a construção de novas moradias, porém acaba promovendo a contigua “periferização” habitacional nos grandes centros urbanos devido à localização destinada a este tipo de construção. Diante do cenário habitacional atual no Brasil, é possível expor duas realidades que se contrastam pelo projeto e execução. O primeiro trata-se do conjunto habitacional Jacinta Andrade, localizado na cidade de Teresina no estado do Piauí, merecendo destaque por ser o maior empreendimento do PAC no setor de moradia constatado em 2012; o segundo empreendimento é o Conjunto habitacional Rubens Lara localizado na cidade de Cubatão no estado de São Paulo e desenvolvido pela Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano (CDHU). Ambos são de iniciativa pública, porém apresentam diferenças especialmente na maneira de pensar o projeto e na eficiência do pós-ocupação.

(36)

22

Figura 4 - Conjunto habitacional Jacinta Andrade

Fonte: ADH, 2012.

(37)

23

Figura 5 - Conjunto habitacional Rubens Lara

Fonte: SCHAHIN, (201?)

Segundo Pisani et al (2012, p. 8), “embora o conjunto Rubens Lara não tenha sido certificado por nenhum “selo verde” e sua execução não considerou alguns requisitos de projeto sustentável que poderia contemplar, ele é o referencial arquitetônico e urbanístico” de maior relevância no Brasil diante dos estudos feitos pelo grupo de pesquisadoras já mencionado.

(38)

24

Figura 6 - Condomínios "E" e "G" em Paraisópolis.

Fonte: SÃO PAULO, 2013.

(39)

25

Figura 7 - Amilton Degani, gerente de contratos da Ductor, Maria Teresa Diniz, coordenadora do Programa Paraisópolis e Edson Elito, arquiteto mentor do projeto, recebendo certificado Selo Azul.

Fonte: Gonçalves, 2012.

Muitas são as opções sustentáveis que podem ser empregadas em uma construção, porém poucas são realmente colocadas em prática, ou na maioria das vezes simplesmente desconsideradas como constatado a partir do caso ocorrido na cidade de Teresina. Através da análise e da adequação do projeto arquitetônico aos condicionantes presentes em cada região, como o clima, a vegetação, os usos e as ocupações, a sustentabilidade pode ser tratada como parte integrante do projeto. Edwards (2008, p. 162) afirma que “a verdadeira sustentabilidade envolve todos os elementos de uma edificação” e deve ser aplicada desde os primeiros croquis.

(40)

26 [...] existem arquitetos que fazem arquitetura com sensibilidade, com sustentabilidade, preocupados com os problemas do século 21, em poupar energia [...]. No Brasil em geral faz-se arquitetura do desperdício [...]. Existem arquitetos engajados em movimentos ambientalistas, mas em cujos projetos não os incorpora com muito rigor.

(41)

27

2.1.1 Urbanização de favelas na cidade de São Paulo

Para melhor compreender o programa de urbanização de favelas, é imprescindível entender como estes aglomerados populacionais surgiram no cenário brasileiro. Segundo Villaça (1998), em meados do século XIX com o processo de urbanização vigente em algumas cidades brasileiras, famílias migraram das fazendas rurais em direção a centros urbanos em formação. Assim como a elite rural, os trabalhadores também se direcionaram para as cidades, marcados pela segregação urbana, fixaram-se nas periferias dessas cidades, dando início assim as ocupações e aglomerações irregulares.

Cardoso (2007, p. 220) destaca que “esses assentamentos tinham como principais características a ocupação do solo sem parcelamento regular prévio, a precariedade física das moradias, a ausência de infraestrutura e a irregularidade da propriedade do solo”.

Silva e Romero (2011) relatam como a população brasileira e em especial os aglomerados urbanos apresentaram um crescimento absoluto nos últimos 50 anos.

Se em 1945, a população urbana representava 25% da população total de 45 milhões, em 2000 a proporção de urbanização atingiu 82%, sob um total de 169 milhões. Na última década, enquanto a população total aumentou 20%, o número de habitantes nas cidades cresceu 40%, especialmente nas nove áreas metropolitanas habitadas por um terço da população brasileira (SILVA e ROMERO, 2011, s/p).

O crescente populacional no meio urbano que se deu em pouco tempo, contribuiu para a ocorrência de um colapso habitacional nas grandes metrópoles do Brasil. Isto propiciou a formação de aglomerados urbanos de maneira desordenada e clandestina. Além disso, Denaldi (2003, p. 4) ainda afirma que

(42)

28 Na cidade de São Paulo, o aumento da população entre os anos de 1920 e 1960 foi vultoso, saltando de modestos 500 mil habitantes para 4 milhões (REIS FILHO, 1994). Entretanto, apesar do rápido crescimento populacional, diferentemente de outras capitais brasileiras que no final do século XIX já apresentavam favelas compondo a fotografia urbana, em São Paulo a formação de favelas deu-se posteriormente.

Os primeiros assentamentos precários de São Paulo, que se tornaram componente da paisagem urbana da cidade, surgiram na década de 40 devido à parte da população não possuir recursos para obter moradia através do mercado formal, optando por se instalar em locais cujo valor do terreno era baixo e não apresentava interesse comercial. De acordo com Samora (2009, p. 56), a periferia da cidade de São Paulo se consolidou “como local de moradias dos mais pobres”, embora a área central do município também tenha abrigado pequena parte dessas ocupações. Para o poder público, as favelas tornam-se alvo de atenção especialmente quando situadas em áreas impróprias perante os interesses econômicos que giram em torno dos terrenos, ou seja, quando há valorização imobiliária dos mesmos. Entre os anos de 1947 e 1968, ocorreu um movimento de expulsão de populares dos cortiços da região central - Sé, Liberdade, Bela Vista, Santa Efigênia, Brás e Consolação – de São Paulo, direcionando esta camada da população para a periferia da cidade. Processo este que contribuiu para a extensão territorial desta metrópole (VILLAÇA, 1998).

Bonduki (2000, p. 23) ressalta que “num quadro de escassez de oferta habitacional para baixa renda, o crescimento das ocupações de terra e da “favelização” e abertura generalizada de loteamentos irregulares ou clandestinos” emergiam. Surgia “à margem da legislação [...] uma cidade real, habitada precária e em caráter predatório por contingentes significativos da população”.

Sobre a segregação urbana, Ferreira (2005, p. 7) ressalva que

(43)

29 que pudessem pagar por ela, ou que tivessem um razoável poder de influência dentro da máquina política.

Entre as décadas de 1940 e 1970, a casa autoconstruída em loteamentos situados na periferia de São Paulo foi o destino de grande parte dos trabalhadores paulistas da época (FRANÇA, 2012). O poder político fazia “vista grossa” ao surgimento cada vez mais constante desses loteamentos, visto que dessa forma mantinha-se isento da necessidade de oferecer infraestrutura para esta parcela da população (SAMORA, 2009).

Em meados de 1960, o poder público através das COHAB’s passou a construir habitações destinadas a pessoas de baixa renda, contribuindo para o aumento da “periferia urbana” de São Paulo (SAMORA, 2009).

Nesse período, grande parte do território periférico de São Paulo já se encontrava ocupado, porém em sua grande maioria sem contar com qualquer tipo de infraestrutura. Ferreira (2005, p. 13-14) relata que

[...] o processo de concentração populacional [...] não foi acompanhado por uma ação do Estado que garantisse condições mínimas de infraestrutura urbana e de qualidade de vida, pois isso resultaria, em última instância, na elevação do custo de reprodução da classe trabalhadora, o que não interessava às classes dominantes.

(44)

30 A partir da década de 1980, a urbanização dos assentamentos precários passou a ser discutida entre as pautas das políticas de habitação de São Paulo. No final desta década, o Governo do Estado em aliança com a Prefeitura de São Paulo tomam empréstimo do Banco Mundial, desenvolvendo assim um programa cuja ideia central era o saneamento ambiental da bacia hidrográfica do Guarapiranga (SÂO PAULO, 2008).

Este tipo de iniciativa fez-se necessária diante da ocupação inapropriada e desordenada do solo, constatada por construções, por exemplo, nas margens da represa Billings, assim como em áreas de encostas propícias a ocorrência de erosões e deslocamentos de terra.

A população excluída é levada a ocupar as áreas desprezadas pelo mercado imobiliário, onde a construção é vedada, como áreas lindeiras a rios e córregos [...]. A ocupação dessas áreas, além de colocar em risco a integridade física dos moradores, causa danos ambientais e compromete a qualidade de vida na cidade como um todo (DENALDI, 2003, p. 02).

Os programas de urbanização de favelas, segundo Samora (2009) surgiram com “caráter emergencial”, e tinham a pretensão inicial de melhorias das condições precárias nessas ocupações para, num futuro próximo fazer a remoção desses assentamentos urbanos. Porem, logo “ficou patente para o poder público que tais intervenções, num cenário de incremento do déficit habitacional em todo o país, induziam à consolidação destes assentamentos, que se expandiram e se adensaram” (SAMORA, 2009, p. 28).

Os programas políticos de urbanização de favela passaram a desempenhar fundamental papel nesses assentamentos irregulares, proporcionando a estas regiões bem mais do que infraestrutura básica.

(45)

31 Segundo dados coletados pela Secretaria de habitação e desenvolvimento urbano da cidade de São Paulo, atualmente o município possui cerca de 1570 favelas em seu território. Diante deste numero tão grande de ocupações irregulares, os problemas sociais e habitacionais ganham proporções volumétricas, devido à ausência de infraestrutura básica nessas ocupações e o déficit habitacional desta cidade.

809.419 mil famílias vivem em situação inadequada em São Paulo. Porém a maioria depende apenas de obras de infraestrutura e do processo de regularização fundiária para se integrar à cidade formal. O déficit habitacional real para famílias que saem de áreas de risco que estão em urbanização, hoje, é de 130 mil unidades habitacionais (SÂO PAULO, 2010, s/p).

Em 2005, a Prefeitura de São Paulo lançou o Programa de Urbanização de Favelas, visando melhoria e a instalação de infraestrutura básica nos assentamentos precários que não apresentassem necessidade de remoção, além disso, proporcionar novas habitações para as famílias desalojadas. O programa, ainda em vigor, representa o maior suporte de regularização urbanística e fundiária do Brasil e já promoveu melhorias em várias favelas da cidade, como: Paraisópolis, Heliópolis, Jardim São Francisco, Cantinho do Céu, Jaguaré e outras.

O Programa de Urbanização de Favelas apresentava

[...] como foco a urbanização e a regularização fundiária de áreas degradadas, ocupadas desordenadamente e sem infraestrutura. O objetivo é transformar favelas e loteamentos irregulares em bairros, garantindo a seus moradores o acesso à cidade formal, com ruas asfaltadas, saneamento básico, iluminação e serviços públicos (SÂO PAULO, 20--, s/p).

(46)

32 De acordo com o Plano Municipal de Habitação de São Paulo (2010), “a moradia digna é entendida [...] como vetor de inclusão sócio territorial, que garante a construção da cidadania a todos os moradores”.

Entre os anos de 2005 a 2012, dados informam que este programa da Secretaria Municipal de Habitação (Sehab) de São Paulo beneficiou 40 mil famílias em todo município, e objetivava atender aproximadamente mais 134 mil família. Este foi contemplado em 2012 com o prêmio Scroll of Honour, da UM-Habitat.

Criado em 1989, o Scroll of Honor destina-se a reconhecer iniciativas exemplares na área de habitação em todo o mundo. Podem postular ao prêmio instituições governamentais, organizações da sociedade civil, empresas privadas, universidades, fundações públicas ou privadas, agências multilaterais, veículos de imprensa e até personalidades do setor (SÂO PAULO, 2012c, s/p).

(47)

33

2.1.2 Selo Casa Azul da Caixa Econômica Federal

Com as questões ambientais em pauta, e constantes discussões sobre a sustentabilidade no meio urbano e na edificação, algumas certificações foram desenvolvidas em torno deste tema, visando oferecer material base para análise e qualificação de empreendimentos que possuam projetos embasados na sustentabilidade. Dentre os selos já criados, será abordado neste trabalho o Selo Casa Azul, que

é o primeiro sistema de classificação da sustentabilidade de projetos ofertado no Brasil, desenvolvido para a realidade da construção habitacional brasileira. Este não é um aspecto menor, pois soluções adequadas à realidade local são as que otimizam o uso de recursos naturais e os benefícios sociais (SELO CASA AZUL, 2010, p. 6).

O Selo Casa Azul trata-se de um manual de boas práticas que visa incentivas novas condutas no âmbito da construção habitacional no Brasil, estimulando o emprego racional de recursos naturais, a partir de critérios que observam as dimensões da sustentabilidade: ambiental, social e econômica.

O selo é uma ferramenta de categorização socioambiental de projetos de empreendimentos habitacionais, valorizando as propostas que seguem recursos mais eficientes aplicados durante o ciclo de vida: do projeto ao pós-uso, não só do edifício como também de todo o entorno (BRUNA E PISANI, 2012, p. 7).

Este selo pode ser aplicado às propostas de projetos habitacionais submetidas à CAIXA para receber financiamento ou nos programas de repasse; podendo candidatar-se ao Selo: as construtoras, empresas públicas habitacionais, o Poder Público, associações, cooperativas e entidades que representam movimentos sociais.

Segundo Selo Casa Azul (2010, p. 22) “para obter o Selo, o proponente deverá manifestar o interesse de adesão ao Selo Casa Azul CAIXA e apresentar os projetos, a documentação e informações técnicas completas referentes aos critérios a serem atendidos pelo projeto”.

(48)

34 Universidade de São Paulo (USP). Além disso, vale ressaltar que esta se trata da primeira certificação totalmente brasileira voltada para as edificações de cunho habitacional, levando em consideração a realidade climática, política, econômica e social desse país.

Como já mencionado anteriormente, alguns conjuntos habitacionais, como o Complexo Chapéu Mangueira no Rio de Janeiro e o Residencial Bonelli em Joinville, já receberam essa certificação concedida pela Caixa Econômica Federal, impulsionando o desenvolvimento de edificações que tenham como premissas de projeto a conceituação e ideal de sustentabilidade aplicados. Esta iniciativa tem por finalidade promover a adequação da construção harmonicamente ao meio físico que a permeia, estimulando também a propagação de práticas sociais veementes ao empreendimento.

Para facilitar a análise dos empreendimentos, o manual apresenta 53 critérios, que compõem a lista de exigências, divididos em seis categorias que abordam diversos aspectos.

Qualidade Urbana

Os princípios que regem esta categoria de análise referem-se, em especial, a trama urbana, ao uso e ocupação do solo e aos impactos socioambientais. Nesta categoria serão avaliados os seguintes aspectos:

1. Qualidade do entorno – infraestrutura (critério obrigatório)  Rede de abastecimento de água potável;  Pavimentação;

 Energia elétrica;  Iluminação pública;

 Esgotamento sanitário com tratamento no próprio empreendimento ou em ETE da região;

 Drenagem;

(49)

35  Dois pontos de comércio e serviços básicos acessíveis por rota de

pedestres de, no máximo, um quilômetro de extensão;  Uma escola pública de ensino fundamental;

 Um equipamento de saúde (posto de saúde ou hospital) a, no máximo, 2,5 quilómetros de distância;

 Um equipamento de lazer acessível por rota de pedestres de, no máximo, 2,5 quilômetros de extensão.

2. Qualidade do entorno – impactos (critério obrigatório)

Inexistência no entorno, considerando-se raio de 2,5 quilômetros:

 Fontes de ruídos excessivos e constantes, como rodovias, aeroportos, alguns tipos de indústrias etc;

 Odores e poluição excessivos e constantes, advindos de estações de tratamento de esgoto (ETE), lixões e alguns tipos de indústrias, dentre outros;

3. Melhorias no entorno

 Incentivar ações para melhorias estéticas, funcionais, paisagísticas e de acessibilidade no entorno do empreendimento.

4. Recuperação de áreas degradadas

 Incentivar a recuperação de áreas social e/ou ambientalmente degradadas.

5. Reabilitação de imóveis

 Incentivar a reabilitação de edificações e a ocupação de vazios urbanos.

Projeto e Conforto

Nesta categoria serão avaliados aspectos que envolvem o planejamento e a concepção do projeto da obra, considerando-se em especial as características climáticas, como a iluminação e ventilação naturais, e físicas do local.

(50)

36 conseguem priorizá-la como condicionante geradora de elementos formais e espaciais [...] (BARNABÉ, 2007, s/p).

Esta categoria também tem como foco avaliar a questão do conforto ambiental – prática que segundo Dejean (2012) emergiu na esfera das residências por volta de 1670, em Paris – que é de vital importância para o ideal de vivencia do espaço habitado.

Os critérios a serem avaliados são: 1. Paisagismo (critério obrigatório)

 Existência de arborização, cobertura vegetal e/ou demais elementos paisagísticos que propiciem adequada interferência às partes da edificação onde se deseja melhorar o desempenho térmico.

2. Flexibilidade de projeto

 Existência de projeto de arquitetura com alternativa de modificação e/ou ampliação.

3. Relação com a vizinhança

 Existência de medidas que propiciem à vizinhança condições adequadas de insolação, luminosidade, ventilação e vistas panorâmicas.

4. Solução alternativa de transporte

 Existência de bicicletários, ciclovias ou de transporte coletivo privativo do condomínio.

5. Local para coleta seletiva (critério obrigatório)

 Existência de local adequado em projeto para coleta, seleção e armazenamento de material reciclável.

6. Equipamentos de lazer, sociais e desportivos (critério obrigatório)

 Existência de equipamentos ou espaços como bosques, ciclovias, quadra esportiva, dentre outros.

7. Desempenho térmico – vedações (critério obrigatório)

(51)

37 a radiação solar que ingressa pelas aberturas ou que é absorvida pelas vedações externas da edificação.

8. Desempenho térmico – orientação ao sol e ventos (critério obrigatório)

 Atendimento às condições arquitetônicas gerais, quanto à estratégia de projeto, de acordo com a zona bioclimática onde se localiza o empreendimento.

9. Iluminação natural de áreas comuns

 Existência de abertura voltada para o exterior da edificação com área mínima de 12,5% da área de piso do ambiente.

10. Ventilação e Iluminação natural de banheiros

 Existência de janela voltada para o exterior da edificação com área mínima de 12,5% da área do ambiente (área correspondente à iluminação e ventilação).

11. Adequação às condições físicas do terreno

 Verificar o grau de movimentação de terra para a implantação do empreendimento. Será considerada a implantação que souber tirar proveito das declividades e elementos naturais do terreno, como rochas, corpos hídricos, vegetação com a minimização de cortes, aterros e contenções.

Eficiência Energética

Segundo Lamberts e Triana (2007), a eficiência energética pode ser considerada um dos principais critérios para o desenvolvimento de um projeto que tenha como foco a sustentabilidade.

Na busca por ações que reduzam o consumo de energia nos empreendimentos, esta categoria aborda medidas que auxiliam na conservação e otimização do uso desta energia, através dos seguintes aspectos:

1. Lâmpadas de baixo consumo – áreas privativas (critério obrigatório)

 Existência de lâmpadas de baixo consumo e potência adequada em todos os ambientes da unidade habitacional.

(52)

38  Existência de sensores de presença, minuterias ou lâmpadas eficientes

em áreas comuns dos condomínios. 3. Sistemas de aquecimento solar

 Existência de sistema de aquecimento solar de água com coletores selo Ence/Procel Nível A ou B.

4. Sistemas de aquecimento a gás

 Existência de aquecedores de água de passagem a gás com selo Ence/Conpet ou classificados na categoria Nível A no PBE do Conpet/Inmetro.

5. Medição individualizada – Gás (critério obrigatório)

 Existência de medidores individuais, certificados pelo Inmetro. 6. Elevadores eficientes

 Existência de sistema com controle inteligente de tráfego para elevadores com uma mesma finalidade e em um mesmo hall, ou outro sistema de melhor eficiência.

7. Eletrodomésticos eficientes

 Existência de eletrodomésticos (geladeira, aparelho de ar condicionado etc.) com selo Procel.

8. Fontes alternativas de energia

 Existência de sistema de geração e conservação de energia através de fontes alternativas com eficiência comprovada pelo proponente/ fabricante, tais como painéis fotovoltaicos e gerador eólico, dentre outros, com previsão de suprir 25% da energia consumida no local.

Conservação de Recursos Materiais

O fluxo de materiais – matéria-prima e resíduos – está presente em todo ciclo de vida de uma edificação. No entanto, é necessário precaver-se a cerca de que tipo material esta sendo utilizado na construção do empreendimento.

Não existe material ou prática construtiva ambientalmente perfeitos, porém o impacto gerado pelos resíduos tornam-se um problema ambiental de relevância.

Práticas de construção sustentável devem ter como objetivo

(53)

39

útil de construção seja melhorando projetos, selecionando métodos construtivos que garantam o desempenho adequado com a utilização de menor quantidade de materiais, seja reduzindo perdas e evitando a necessidade de reposição de produtos de baixa qualidade (JOHN, 2010, p. 132).

Nesta categoria serão avaliados os seguintes aspectos: 1. Coordenação modular

 Adoção de dimensões padronizadas como múltiplos e submúltiplos do

módulo básico internacional (1M = 10cm) e de tolerâncias dimensionais compatíveis.

2. Qualidade de materiais e componentes (critério obrigatório)

 Comprovação da não utilização de produtos feitos por empresas

classificadas como “não qualificadas” ou “não conformes” nas listas divulgadas pelo Ministério das Cidades, Programa Brasileiro de Qualidade e Produtividade no Hábitat (PBQP-H).

3. Componentes industrializados ou pré-fabricados

 Adoção de sistema construtivo de componentes industrializados montados em canteiro, projetados de acordo com as normas ou com aprovação técnica no âmbito do Sinat, demonstrando conformidade com a norma de desempenho NBR 15575 (ABNT, 2008).

4. Fôrmas e escoras reutilizáveis (critério obrigatório)

 Reduzir o emprego de madeira em aplicações de baixa durabilidade, que constituem desperdício, e incentivar o uso de materiais reutilizáveis.

5. Gestão de resíduos de construção e demolição (critério obrigatório)  Existência de um “Projeto de Gerenciamento de Resíduos da

Construção Civil –PGRCC” para a obra. 6. Concreto com dosagem otimizada

 Memorial descritivo especificando a utilização de concreto produzido

com controle de umidade e dosagem em massa, de acordo com a (ou produzido em central), com Ic < 11 kg.m-3.MPa-1.

(54)

40

 Especificação do uso de cimentos CP III ou CP IV para a produção de

concreto estrutural e não estrutural.

8. Pavimentação com RCD

 Projeto de pavimento especificando o uso de agregados produzidos

pela reciclagem de resíduos de construção e demolição.

9. Facilidade de manutenção da fachada

 Especificação de sistema de revestimento de fachada com vida útil

esperada superior a 15 anos, como placas cerâmicas, rochas naturais, revestimentos de argamassa, orgânica ou inorgânica, pigmentada, pinturas inorgânicas (à base de cimento) ou texturas acrílicas de espessura média > 1mm.

10. Madeira plantada ou certificada

 Compromisso de uso de madeira plantada de espécies exóticas ou

madeira certificada.

Gestão da Água

A gestão da água é fundamental para tornar o uso deste insumo mais sustentável, e esta gestão em edificações deve contemplar em especial o racionamento da água potável e a gestão de águas pluviais.

Relacionados a este tema de gestão de água serão avaliados os seguintes aspectos:

1. Medição individualizada – Água (critério obrigatório)  Existência de sistema de medição individualizada.

2. Dispositivos economizadores – Sistema de descarga obrigatório

 Existência, em todos os banheiros e lavabos, de bacia sanitária dotada de sistema de descarga com volume nominal de seis litros e com duplo acionamento.

3. Dispositivos economizadores – Arejadores

(55)

41 4. Dispositivos economizadores – Registro regulador de vazão

 Existência de registro regulador de vazão em pontos de utilização do empreendimento, tais como chuveiro, torneiras de lavatório e de pia. 5. Aproveitamento de águas pluviais

 Existência de sistemas de aproveitamento de águas pluviais independente do sistema de abastecimento de água potável para coleta, armazenamento, tratamento e distribuição de água não potável com plano de gestão.

6. Retenção de águas pluviais

 Existência de reservatório de retenção de águas pluviais, com escoamento para o sistema de drenagem urbana nos empreendimentos com área de terreno impermeabilizada superior a 500m².

7. Infiltração de águas pluviais

 Existência de reservatório de retenção de águas pluviais com sistema para infiltração natural da água em empreendimento com área de terreno impermeabilizada superior a 500m².

8. Áreas permeáveis (critério obrigatório)

 Existência de áreas permeáveis em, pelo menos, 10% acima do exigido pela legislação local.

Práticas Sociais

A categoria em questão busca a sustentabilidade no empreendimento através de meios que envolvem as pessoas ligadas à concepção e produção da obra, como as construtoras, os trabalhadores, os moradores e vizinhos do empreendimento.

Os critérios discernidos para as “práticas sociais” relacionam-se com a responsabilidade socioambiental direcionada a todos os envolvidos ao empreendimento.

(56)

42 1. Educação para gestão de RCD (critério obrigatório)

 Existência de plano educativo sobre a gestão de resíduos de

construção e demolição (RCD). Realizar atividades educativas e de mobilização para os trabalhadores envolvidos no empreendimento. 2. Educação ambiental dos empregados (critério obrigatório)

 Existência de plano de atividades educativas com informações e orientações, para os trabalhadores, sobre a utilização de itens de sustentabilidade do empreendimento, sobre aspectos ambientais. 3. Desenvolvimento pessoal dos empregados

 Proporcionar atividades educativas aos trabalhadores, visando à melhoria das suas condições de vida.

4. Capacitação profissional dos empregados

 Prover os trabalhadores de capacitação profissional, visando à melhoria de seu desempenho e das suas condições socioeconômicas. 5. Inclusão de trabalhadores locais

 Promover a ampliação da capacidade econômica dos moradores da área de intervenção e seu entorno ou de futuros moradores do empreendimento por meio da contratação dessa população.

6. Participação da comunidade na elaboração do projeto

 Promover a participação e o envolvimento da população alvo na implementação do empreendimento e na consolidação deste como sustentável, desde a sua concepção como forma de estimular a permanência dos moradores no imóvel e a valorização da benfeitoria. 7. Orientação aos moradores (critério obrigatório)

 Prestar informações e orientar os moradores quanto ao uso e à manutenção adequada do imóvel, havendo ao menos uma atividade informativa sobre os aspectos de sustentabilidade previstos no empreendimento.

8. Educação ambiental dos moradores

 Prestar informações e orientar os moradores sobre as questões ambientais e os demais eixos que compõem a sustentabilidade.

(57)

43  Fomentar a organização dos moradores e capacitá-los para a gestão

do empreendimento.

10. Ações de mitigação de riscos sociais

 Propiciar a inclusão social de população em situação de vulnerabilidade social, além de desenvolver ações socioeducativas para os demais moradores da área e do entorno, com vista a reduzir o impacto do empreendimento em duas adjacências, e favorecer a resolução de possíveis conflitos gerados pela construção e inserção de novos habitantes na comunidade já instalada.

11. Ações para a geração de emprego e renda

 Promover o desenvolvimento socioeconômico dos moradores.

A CAIXA pode conceder o Selo em três níveis de premiação, a partir da adesão dos critérios obrigatórios e critérios de livre escolha mencionados anteriormente.

Selo Bronze: para obtenção é necessário que o empreendimento atenda aos 19 critérios obrigatórios de análise.

Selo Prata: a adesão a este selo se faz a partir da adoção dos 19 critérios obrigatórios somando mais 6 critérios de livre escolha, resultando em um total de 25 critérios atendidos.

Selo Ouro: trata-se da maior patente a ser aderida por um empreendimento, sendo necessário adotar os 19 critérios obrigatórios além de aderir a mais 12 critérios de livre escolha, somando um total de 31 critérios.

(58)

44 O primeiro empreendimento a receber o Selo foi o Residencial Bonelli, localizado em Joinville/SC. Este foi premiado com o nível ouro ao atender a 32 critérios do Selo. Além deste empreendimento, outros já receberam este selo:

 Condomínios E e G do Complexo Paraisópolis, em São Paulo/SP, obra do PAC de urbanização de favelas recebeu selo Ouro.

 Edifício Ville Barcelona, em Betim/MG, obra do programa Minha Casa Minha Vida, foi contemplado com o nível Prata.

 Complexo Chapéu Mangueira e Babilônia, no Rio de Janeiro, recebeu selo Ouro.

Segundo Bruna e Pisani (2012, p. 7),

Imagem

Figura 1 - Conjunto habitacional Mata Virgem  Fonte: acervo do arquiteto José Luiz Tabith Junior, 2012
Figura 2 - Conjunto habitacional Santo Amaro V  Fonte: site do arquiteto Héctor Vigliecca, 2013
Figura 9 - Implantação das edificações que compõe o residencial Mata Virgem  Fonte: Acervo do arquiteto José Luiz Tabith Junior (2012)
Figura 10 - Blocos modulados e diferenciados  Fonte: Acervo do arquiteto José Luiz Tabith Junior (2012)
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Referências

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