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Técnicas de diagonilização exata de modelos quânticos unidimensionais: a transformação de Jordan-Wigner e o Ansatz de Bethe

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Academic year: 2017

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(1)

CURSO DE MESTRADO EM MATEM ´ATICA

ecnicas de Diagonaliza¸c˜

ao Exata de Modelos Quˆ

anticos

Unidimensionais: A Transforma¸c˜

ao de Jordan-Wigner e o

Ansatz de Bethe

Fl´

avio Luis Noronha dos Santos

(2)
(3)

Fl´

avio Luis Noronha dos Santos

Orientador:

Prof. Raphael Campos Drumond

ecnicas de Diagonaliza¸c˜

ao Exata de

Modelos Quˆ

anticos Unidimensionais: A

Transforma¸c˜

ao de Jordan-Wigner e o

Ansatz de Bethe

Disserta¸c˜ao submetida `a banca

examina-dora, designada pelo Programa de

P´os-Gradua¸c˜ao em Matem´atica da UFMG,

como requisito parcial para a obten¸c˜ao do

t´ıtulo de mestre em Matem´atica.

(4)
(5)

Primeiramente agrade¸co meu orientador, prof. Raphael Campos Drumond, pelas in´umeras horas investidas em me ajudar neste trabalho. Foi ele quem me ajudou desde as d´uvidas mais triviais at´e as mais dif´ıceis demonstra¸c˜oes que precisei fazer. Sou grato tamb´em a todos os professores que tive durante minha vida acadˆemica, os quais me transmitiram o conhecimento b´asico para eu chegar at´e aqui. Agrade¸co a equipe do PICME, programa que investiu em mim desde o in´ıcio da minha gradua¸c˜ao, e ao CNPq e CAPES pelas bolsas de estudo. Agrade¸co meus familiares, especialmente minha m˜ae, Ione Cordeiro, por todo apoio e suporte que tˆem me fornecido para que eu possa me dedicar aos estudos. Agrade¸co ainda os colegas e amigos, os quais sempre me encorajaram com os estudos e oram a Deus em meu favor. Por fim, agrade¸co a Deus pela oportunidade e privil´egio que temos em estudar, conhecer e compreender a beleza do Universo criado por Ele.

(6)

e sua natureza divina, tˆ

em sido vistos

cla-ramente, sendo compreendidos por meio das

coisas criadas...

(Paulo aos Colossenses, cap.2, versos 2 e 3)

(7)

Neste trabalho s˜ao estudados os modelos XY e de Heisenberg em uma dimens˜ao, os quais s˜ao utilizados para a descri¸c˜ao de fenˆomenos f´ısicos, como o magnetismo de materiais. O Hamiltoniano do modelo XY ´e completamente diagonalizado e foi poss´ıvel obter algumas propriedades termo-dinˆamicas de um sistema descrito pelo modelo, tais como energia livre e magnetiza¸c˜ao. Observa-se neste sistema a presen¸ca de uma transi¸c˜ao de fase com a varia¸c˜ao do campo magn´etico na dire¸c˜ao

z. Para o modelo de Heisenberg foi exposto um procedimento que permite diagonalizar completa-mente o Hamiltoniano. Verifica-se uma interessante semelhan¸ca entre a maioria dos autovalores do Hamiltoniano de Heisenberg com autovalores do Hamiltoniano XY no limite termodinˆamico.

(8)

In the present work the XY and Heisenberg models in one dimension are studied. They are useful to describe certain physical phenomena, such as the magnetic properties of materials. The Hamil-tonian of the XY model is completely diagonalized and it was possible to get some thermodynamic properties of a system described by the model, such as free energy and magnetization. We ob-serve here in this system the presence of a phase transition when changing the magnetic field in the z-direction. For the Heisenberg model, it is described in this work a procedure that allows one to completely diagonalize the Hamiltonian. There is an interesting similarity between most of the eigenvalues of the Heisenberg Hamiltonian and the eigenvalues of the XY Hamiltonian in the thermodynamic limit.

(9)

1 Introdu¸c˜ao 1

2 Preliminares 3

2.1 Estrutura Matem´atica da Mecˆanica Quˆantica . . . 3

2.2 Axiomas da Mecˆanica Quˆantica . . . 8

2.3 Cadeias de Spin . . . 11

2.4 Mecˆanica Estat´ıstica . . . 12

2.5 Transforma¸c˜ao de Jordan-Wigner (TJW) . . . 14

2.6 Propriedades dos Operadores Fermiˆonicos . . . 15

2.7 Diagonaliza¸c˜ao de Formas Quadr´aticas de Operadores Fermiˆonicos . . . 18

3 O Modelo XY 23 3.1 Diagonaliza¸c˜ao Exata . . . 24

3.1.1 N´umero Par de Quasipart´ıculas . . . 26

3.1.2 N´umero ´Impar de Quasipart´ıculas . . . 29

3.1.3 N´ıveis de Energia . . . 33

3.2 Propriedades Termodinˆamicas do Modelo . . . 35

4 O Modelo de Heisenberg 43 4.1 Diagonaliza¸c˜ao . . . 44

4.1.1 Subespa¸cos com r=0 e r=1 . . . 44

4.1.2 Subespa¸co com r=2 . . . 45

4.1.3 Subespa¸co com r Qualquer . . . 54

4.2 Propriedades F´ısicas do Modelo . . . 55

4.3 Autoenergias no Modelo de Heisenberg e no Modelo XY . . . 57

5 Conclus˜ao 60

A Ortogonalidade das Solu¸c˜oes no Modelo de Heisenberg 62

(10)

Introdu¸c˜

ao

Com a formula¸c˜ao da mecˆanica quˆantica, o conhecimento da mat´eria condensada alcan¸cou um enorme progresso. Uma das descobertas que merece destaque foi a observa¸c˜ao de Dirac e Heisenberg de que as leis da mecˆanica quˆantica explicam o fenˆomeno do ferromagnetismo. A for¸ca de Coulomb entre os el´etrons e o princ´ıpio de exclus˜ao de Pauli d˜ao origem a uma intera¸c˜ao efetiva entre os spins de el´etrons dos ´atomos do material quando as fun¸c˜oes de onda de seus orbitais se sobrep˜oem. Tal intera¸c˜ao ´e descrita por termos do tipoJα

ijSiαSjα, α=x, y, z, ondeSαi eSαj s˜ao os operadores de spin nos s´ıtiosiej de uma cadeia comN part´ıculas eJα

ij´e uma constante de acoplamento dos spins destes s´ıtios. Se Jijα ≤0 ∀i, j, α, os autoestados mais prov´aveis (menos energ´eticos) de tais intera¸c˜oes tendem a ser estados em que os spins se encontram alinhados, o que pode caracterizar um material ferromagn´etico.

Muitos outros fenˆomenos envolvendo mat´eria condensada tem sido estudados ao longo de d´ecadas e uma das principais dificuldades ´e encontrar Hamiltonianos que descrevem com boa aproxima¸c˜ao as intera¸c˜oes nestes materiais e diagonalizar estes Hamiltonianos, encontrando assim as autofun¸c˜oes, as autoenergias e, consequentemente, as propriedades termodinˆamicas do material, bem como poss´ıveis transi¸c˜oes de fase. O problema est´a no fato de que, em geral, o Hamiltoni-ano exato de um sistema quˆantico ´e extremamente dif´ıcil de se tratar e envolve intera¸c˜oes entre part´ıculas em trˆes dimens˜oes. Uma das abordagens poss´ıveis ´e reduzir o problema para o caso unidimensional e realizar aproxima¸c˜oes neste Hamiltoniano at´e que se possa diagonaliz´a-lo. Uma vez encontrados resultados e propriedades para este caso mais simples, tenta-se estendˆe-los para dimens˜oes maiores, ou obter algum m´etodo generalizado para dimens˜oes maiores para encontrar aproximadamente as autofun¸c˜oes e autoenergias do Hamiltoniano. Geralmente, o tipo inicial uti-lizado para um sistema magn´etico ´e uma cadeia unidimensional com intera¸c˜oes entre vizinhos. Muitos dos estudos magn´eticos se iniciam com um Hamiltoniano do tipo:

H = N

X

i=1

(αSixSxi+1+βS

y iS

y i+1+γS

z

iSzi+1). (1.1)

O Hamiltoniano (1.1) ´e, na verdade, uma idealiza¸c˜ao de um sistema real, por´em, j´a ´e considera-velmente dif´ıcil trat´a-lo. Este modelo aproximado, no entanto, poder´a ser ´util para obter alguma estrutura ou car´ater geral de sistemas de muitos corpos.

(11)

Diversos casos especiais do Hamiltoniano (1.1) tem sido estudados em detalhes. O modelo de Ising, por exemplo, ´e obtido tomandoα=β = 0 e foi estudado por Ising [10] e Onsager [11]. O modelo XY, dado porγ = 0, foi estudado inicialmente por Lieb, Schultz e Mattis [7]. O modelo de Heisenberg, estudado por Bethe [9] e Hulth´en [14], ´e definido por α=β = γ. Muitos outros tamb´em fizeram contribui¸c˜oes para estes modelos.

Neste trabalho, a fim de diagonalizar alguns Hamiltonianos de modelos magn´eticos, ´e realizada uma revis˜ao em mecˆanica quˆantica no cap´ıtulo 2, bem como s˜ao expostos o conceito de trans-forma¸c˜ao de Jordan-Wigner, as propriedades dos operadores fermiˆonicos e a diagonaliza¸c˜ao de formas quadr´aticas de operadores fermiˆonicos.

No cap´ıtulo 3 aborda-se o modelo XY na presen¸ca de um campo magn´etico transverso. Foi rea-lizada a diagonaliza¸c˜ao exata deste modelo e foram obtidas as energias dos autoestados e algumas propriedades termodinˆamicas como energia livre e magnetiza¸c˜ao.

O cap´ıtulo 4 mostra um procedimento que permite encontrar todos os autoestados e autoe-nergias do sistema descrito pelo modelo de Heisenberg. Verifica-se que, dependendo dos n´umeros quˆanticos relacionados com os autoestados, os autoestados podem ser interpretados como estados de m´agnons espalhados ou estados de m´agnons ligados. Verifica-se ainda que, no limite termo-dinˆamico, as excita¸c˜oes dos estados espalhados possuem o mesmo valor que algumas excita¸c˜oes de um caso particular do modelo XY num campo magn´etico transverso. A ortogonalidade das solu¸c˜oes no modelo de Heisenberg ´e deixada para ser verificada no apˆendice A.

(12)

Preliminares

Neste cap´ıtulo est˜ao expostas defini¸c˜oes da estrutura matem´atica necess´aria para desenvolver esta disserta¸c˜ao, bem como uma revis˜ao em mecˆanica quˆantica e mecˆanica estat´ıstica e alguns resultados fundamentais relacionados com a transforma¸c˜ao de Jordan-Wigner, as propriedades dos operadores fermiˆonicos e a diagonaliza¸c˜ao de formas quadr´aticas de operadores fermiˆonicos.

O conte´udo das se¸c˜oes 2.1, 2.2 e 2.3 podem ser encontrados nas referˆencias [1], [2] e [3]. Para saber mais sobre mecˆanica estat´ıstica, assunto da se¸c˜ao 2.4, veja [4]. Informa¸c˜oes sobre a trans-forma¸c˜ao de Jordan-Wigner, descrita na se¸c˜ao 2.5, podem ser encontradas em [5]. Por fim, o conte´udo das se¸c˜oes 2.6 e 2.7, que tratam de operadores fermiˆonicos, pode ser encontrado em [6].

2.1

Estrutura Matem´

atica da Mecˆ

anica Quˆ

antica

A fim de descrever sistemas quˆanticos, ´e necess´ario utilizar espa¸cos vetoriais complexos como estrutura para tais sistemas. As defini¸c˜oes e resultados desenvolvidos aqui se aplicam a espa¸cos vetoriais de dimens˜ao finita. Alguns deles podem ser generalizados para dimens˜ao infinita, mas n˜ao ´e nosso interesse aqui.

Um espa¸co de Hilbert H ´e um espa¸co vetorial complexo, completo, que possui um produto internoh·,·i, satisfazendo:

hψ, αϕ+βηi=αhψ, ϕi+βhψ, ηi,

hψ, ϕi=hϕ, ψi∗, (2.1)

hψ, ψi ≥0 e se hψ, ψi= 0 ent˜aoψ= 0,

para todoψ, ϕ, η∈ Heα, β∈C, e sendohϕ, ψio complexo conjugado dehϕ, ψi.

Um conjunto{ϕj|j= 1,2, ...m} de elementos deH´e dito ortonormal se satisfaz

hϕi, ϕji=δij, i, j= 1,2, ...m,

onde δij = 1 se i = j e δij = 0 caso contr´ario. Um conjunto ortonormal {ϕj|j = 1,2, ...n} de

(13)

elementos deH´e chamado de base ortonormal de Hse, para qualquer ψ∈ H, vale

ψ= n

X

j=1

hϕj, ψiϕj.

´

E poss´ıvel mostrar que todo espa¸co de Hilbert possui uma base. Al´em disso, duas bases ortonor-mais quaisquer para o mesmo espa¸co possuem a mesma cardinalidade, i.e., o mesmo n´umero de elementos. Dizemos que este n´umero ´e a dimens˜ao do espa¸co. Como j´a foi dito, neste trabalho iremos nos restringir ao caso em que a dimens˜ao deH´e finita.

SeP´e um subconjunto do espa¸co de HilbertH, definimos seu complemento ortogonal P⊥ :={ϕ∈ H|hϕ, ψi= 0 para todoψ∈P}.

Dados um subespa¸coK deHeψ∈ H, existem ´unicosϕeη tais que

ψ=ϕ+η, ϕ∈ K eη ∈ K⊥.

Uma aplica¸c˜ao linearP:H → H´e chamada projetor ortogonal se satisfaz:

P2=P,

hPψ, ϕi=hψ,Pϕi, ∀ψ, ϕ∈ H.

Exemplo 2.1. Seja {ϕj|j= 1,2, ..., m} um conjunto ortonormal emH. Ent˜ao o operador

Pψ= m

X

j=1

hϕj, ψiϕj, ∀ψ∈ H,

´e o projetor ortogonal sobre o espa¸coSpan({ϕj|j = 1,2, ..., m}), que ´e o espa¸co de todas as poss´ıveis combina¸c˜oes lineares dosϕj.

Seja H um espa¸co de Hilbert. Um funcional linear ´e uma fun¸c˜ao A : H → C que satisfaz

A(αψ+βϕ) =αA(ψ) +βA(ϕ), ∀α, β∈C, ψ, ϕ∈ H. O espa¸co dual deH, denotado porH, ´e o

espa¸co de todos os funcionais lineares que atuam emH.

Nota¸c˜ao 2.1. Dirac propˆos uma nota¸c˜ao para lidar com vetores e funcionais lineares. Segundo sua nota¸c˜ao, para especificar um elementoψ∈ Hutilizamos o s´ımbolo “ket”|ψi, e para o funcional

hϕ,·i ∈ H∗utilizamos o s´ımbolo “bra” hϕ|, em queH´e o espa¸co dual deH. Dessa maneira temos

as seguintes equivalˆencias entre nota¸c˜oes:

hϕ, ψi=hϕ|ψi=hϕ||ψi.

Esta nota¸c˜ao ´e bastante conveniente para realizar c´alculos extensos com operadores em espa¸cos de Hilbert.

Exemplo 2.2. Seja ϕ∈ H. Definimos o operadorQ:=|ϕihϕ|de forma que

(14)

Nesta nota¸c˜ao o projetor do exemplo anterior ´e escrito como

P= m

X

j=1

|ϕjihϕj|,

de forma que

P|ψi= m

X

j=1

|ϕjihϕj|ψi= m

X

j=1

hϕj|ψi|ϕji, ∀|ψi ∈ H.

Defini¸c˜ao 2.1. Dados |ψi ∈ Hehϕ| um funcional linear, definimos as opera¸c˜oes:

|ψi† :=hψ|, (2.2)

hϕ|†:=|ϕi. (2.3)

Defini¸c˜ao 2.2. (Aplica¸c˜ao adjunta) Dada uma aplica¸c˜ao linear A : H → K, definimos a adjunta deA (ou a conjugada Hermitiana de A, se A for uma matriz) sendo a aplica¸c˜ao linear

A†:K → H que satisfaz

hϕ,Aψi=hA†ϕ, ψi, ∀ψ∈ He∀ϕ∈ K. (2.4) Seguem ent˜ao as propriedades:

(αA+βB)†=αA+βB,

(AB)†=B†A†,B:H → K,A:K → L,

(A†)† =A, (2.5)

kAA†k=kAk2=kA†k2,

(A|ψi)† =hψ|A†.

Defini¸c˜ao 2.3. Dizemos que um operador linearA:H → H´e autoadjunto (ou Hermitiano, se A

for uma matriz) seA=A†, e dizemos que ´e semidefinido positivo sehψ|A|ψi ≥0 para qualquer ψ∈ H. Dizemos que um operador U : H → H ´e unit´ario se possuir um operador inverso tal que

U−1=U†.

Defini¸c˜ao 2.4. Dado o operador linear A :H → He uma base ortonormal {|ϕii, i= 1,· · ·, m}

para o espa¸coH, o tra¸co deA ´e definido por

Tr(A) = m

X

i=1

hϕi|A|ϕii.

´

E poss´ıvel mostrar que o valor do tra¸co de um operador independe da base escolhida.

Considere agora uma curva em um espa¸co de HilbertH,

|ψi:R→ H

t7→ |ψ(t)i,

possuindo o valor inicial|ψ0iemt0. Podemos definir a derivada

d|ψi

dt := lim∆t→0

|ψ(t+ ∆t)i − |ψ(t)i

(15)

onde o limite ´e tomado usando a topologia induzida pelo produto interno. SeHtem dimens˜aon,

|ψ(t)ipode ser escrito como uma soma dos elementos de uma base{|ψ1i, ...,|ψni}deH, de forma que

|ψ(t)i= n

X

k=1

zk(t)|ψki,

podendo ser representado por [ψ(t)]∈Cn,

[ψ(t)] =

  

z1(t)

.. .

zn(t)

  

,

em quezi :R→C, i= 1,2, ..., n.

A seguir, temos a demonstra¸c˜ao de um teorema que ser´a utilizado na se¸c˜ao 3.2, na qual extrai-remos propriedades termodinˆamicas do modelo XY.

Teorema 2.1. Seja A(α) um operador autoadjunto que depende de certo parˆametro α ∈ R, e

|ψ(α)i um autovetor unit´ario com autovalor correspondente v(α). Suponha que A(α), |ψ(α)i e

v(α)s˜ao diferenci´aveis. Ent˜ao:

d

dαhψ(α)|A(α)|ψ(α)i=hψ(α)| dA(α)

dα |ψ(α)i. (2.6)

Demonstra¸c˜ao. E f´´ acil ver que

hψ(α)|A(α)|ψ(α)i=v(α).

A fim de derivar a express˜ao acima, utilizaremos a propriedade

d

dαhϕ(α)|η(α)i=

dhϕ(α)|

dα |η(α)i+hϕ(α)| d|η(α)i

dα ,

ondehϕ(α)|e|η(α)is˜ao diferenci´aveis. Temos ent˜ao:

dv(α)

dα =

dhψ(α)|

dα A(α)|ψ(α)i+hψ(α)|A(α)

d|ψ(α)i

dα +hψ(α)| dA(α)

dα |ψ(α)i

=v(α)

d

hψ(α)|

dα |ψ(α)i+hψ(α)|

d|ψ(α)i

+hψ(α)|dA(α)

dα |ψ(α)i

=v(α) d

dα(hψ(α)|ψ(α)i) +hψ(α)| dA(α)

dα |ψ(α)i

=v(α) d

dα(1) +hψ(α)| dA(α)

dα |ψ(α)i

=hψ(α)|dA(α)|ψ(α)i.

Defini¸c˜ao 2.5. (Produto tensorial) Dados dois espa¸cos de Hilbert H1 e H2, podemos definir

seu produto tensorial

(16)

Definimos ainda o produto tensorial entre os elementos deH1 eH2 de maneira que

⊗:H1× H2→H1⊗ H2

(|ϕ1i,|ϕ2i)7→|ϕ1i ⊗ |ϕ2i, em que

|ϕ1i ⊗ |ϕ2i(f) =f(|ϕ1i,|ϕ2i).

Se um vetor|ϕ12i ∈ H1⊗ H2 puder ser escrito na forma |ϕ12i=|ϕ1i ⊗ |ϕ2i, ent˜ao dizemos que

|ϕ12i´e um vetor produto. Quer dizer, os vetores produto s˜ao a imagem da aplica¸c˜ao acima definida.

Aqui, temos a seguinte equivalencia das nota¸c˜oes:|ϕ1⊗ϕ2i=|ϕ1i ⊗ |ϕ2i=ϕ1⊗ϕ2.

Se {|ψ1i,|ψ2i, ...,|ψmi} e {|ϕ1i,|ϕ2i, ...,|ϕni} s˜ao bases ortonormais de H1 e H2,

respectiva-mente, ent˜ao{|ψii ⊗ |ϕji|i= 1, ..., m;j= 1, ..., n}´e uma base paraH1⊗ H2. Assim,

dim(H1⊗ H2)= dim(H1)·dim(H2). ComoH1eH2s˜ao espa¸cos de Hilbert, a aplica¸c˜ao definida por

hψk⊗ϕl, ψi⊗ϕji:=hψk|ψii · hϕl|ϕji, (2.7)

estendida por linearidade para cada elemento deH1⊗ H2define um produto interno neste espa¸co.

Ent˜ao a base{|ψii ⊗ |ϕji|i= 1, ..., m;j= 1, ..., n}´e ortonormal.

Denotaremos porB(H1,H2) o conjunto de todas as aplica¸c˜oes linearesC:H1→ H2, enquanto

B(H1) ser´a o conjunto de todos os operadores linearesD:H1→ H1. ´E poss´ıvel mostrar que tais

conjuntos s˜ao espa¸cos de Hilbert. Dados dois operadores A ∈ B(H1) e B ∈ B(H2) definimos o

produto tensorialABem termos dos vetores produto

(A⊗B)(|ϕi ⊗ |ψi) := (A|ϕi)⊗(B|ψi), (2.8)

de onde temosA⊗B= (A⊗1)(1B).

´

E f´acil ver que a aplica¸c˜ao (A)⊗(B)7→(A⊗B), estendida por linearidade para todo elemento deB(H1)⊗ B(H2), ´e um isomorfismo entreB(H1)⊗ B(H2) eB(H1⊗ H2). De fato, temos a

Proposi¸c˜ao 2.1. SeH1 eH2 s˜ao espa¸cos de Hilbert, ent˜ao

B(H1)⊗ B(H2)≃ B(H1⊗ H2). (2.9)

Demonstra¸c˜ao. Sejam {|ϕii},{|ψji}bases ortonormais paraH1eH2, respectivamente. Definimos

os operadores linearesEb

a ∈ B(H1), Fcd∈ B(H2), eGb,da,c ∈ B(H1⊗ H2) em termos dos elementos

dessas bases, de forma que

Eab(|ϕii) =δa,i|ϕbi,

Fcd(|ψji) =δc,j|ψdi,

Gb,da,c(|ϕii ⊗ |ψji) =δa,iδc,j|ϕbi ⊗ |ψdi. Os operadoresEb

a,Fcd eGb,da,c formam bases para os espa¸cosB(H1),B(H2) eB(H1⊗ H2),

respec-tivamente. Definimos a aplica¸c˜ao

(17)

2.2

Axiomas da Mecˆ

anica Quˆ

antica

Em um sistema f´ısico que evolui no tempo temos diversas vari´aveis dinˆamicas que o caracterizam, tais como energia, posi¸c˜ao, velocidade, etc. Na mecˆanica quˆantica ´e necess´ario representar o estado de um “sistema quˆantico” por um objeto matem´atico e as vari´aveis dinˆamicas em termos de outros objetos matem´aticos a fim de podermos resolver, matematicamente, problemas relacionados a elas. Isso tudo ´e feito utilizando alguns axiomas da mecˆanica quˆantica, dos quais falaremos agora.

Axioma 2.1. (Estados Quˆanticos) Dado um sistema quˆantico, existe um espa¸co de Hilbert H

tal que cada estado deste sistema pode ser representado por algum operadorρ∈ B(H), em que ρ´e um “operador densidade”, isto ´e, ´e autoadjunto, semidefinido positivo e possui tra¸co unit´ario.

Comoρ´e autoadjunto, ele possui um conjunto de autovetores ortonormais {|ψ1i, ...,|ψni} que forma uma base paraH, e pode ser escrito como

ρ= n

X

j=1

pj|ψjihψj|, (2.10)

em quepj ≥0 paraj= 1, ..., n, uma vez que ele ´e semidefinido positivo. Por ele ter tra¸co unit´ario, precisamos ter

n

X

j=1

pj= 1. (2.11)

Se o estado de um sistema quˆantico puder ser representado por um operador densidade da forma

ρ = |ψihψ|, dizemos que o sistema quˆantico se encontra num “estado puro”. Para simplificar, dizemos que tal estado puro pode tamb´em ser representado pelo vetor |ψi. Observe que, para qualquerα∈R, e|ψitamb´em representa tal estado puro, uma vez que tal vetor tamb´em gera o

mesmo operadorρ. Se o estado do sistema n˜ao ´e puro, dizemos que ele se encontra em um “estado misto”.

Axioma 2.2. (Observ´aveis)Dado um sistema quˆantico cujos estados puros podem ser represen-tados num espa¸co de HilbertH, se A ´e um operador linear autoadjunto sobre o Espa¸co de Hilbert

H, dizemos que A ´e um “observ´avel” sobre H. Para cada vari´avel dinˆamica, que ´e um conceito f´ısico, existe um observ´avel correspondente sobre o espa¸co de HilbertH, de forma que os poss´ıveis valores da vari´avel dinˆamica s˜ao os autovalores deste observ´avel.

Exemplo 2.3. Considere um sistema quˆantico cujos estados puros s˜ao vetores em H. Existe um operadorH, o qual chamamos de “Hamiltoniano” do sistema, que descreve a energia do sistema quˆantico. Os poss´ıveis valores que a energia do sistema pode assumir s˜ao os autovalores do Hamil-toniano.

Axioma 2.3. (Probabilidade e Valor M´edio) Sejamρ∈ B(H)o operador densidade de um sistema quˆantico e A um observ´avel sobre H. Pelo Teorema Espectral, sabemos que o observ´avel pode ser escrito na forma

A= n

X

j=1

(18)

em que os vetores |aji formam uma base de autovetores ortonormais de A com autovalores aj,

j = 1, ..., n. Assim, ao realizar a medi¸c˜ao da vari´avel dinˆamica correspondente ao operador A, a probabilidade do sistema se encontrar num estado representado por|aii´e

pai :=hai|ρ|aii, i= 1, ..., n. (2.13)

Assim, o valor esperado, ou valor m´edio, do observ´avelAno estadoρ´e dado por

hAiρ:= n

X

j=1

aj·paj. (2.14a)

O valor esperado pode ser reescrito na forma:

hAiρ= n

X

j=1

ajhaj|ρ|aji= n

X

j=1

haj|ρA|aji= Tr (ρA), (2.14b)

em que Tr ´e o tra¸co do operador.

Se o sistema quˆantico se encontra num estado puro |ψi, sua matriz densidade ´e dada por

ρ=|ψihψ|e, consequentemente, a express˜ao para o valor esperado do observ´avelAsobre o sistema se simplifica, ficando:

hAi|ψi:=hAiρ=hψ|A|ψi. (2.15) Se ρ ´e um operador densidade, temos de (2.13) que pai ≥ 0, i = 1, ..., n. Como A ´e um operador autoadjunto, todos os autovaloresaj s˜ao n´umeros reais. Assim, de (2.14a) vemos que o valor m´edio ´e sempre um n´umero real. Sabemos que os valores assumidos pelas vari´aveis dinˆamicas s˜ao reais e, consequentemente, ´e obvio que o valor m´edio de seu observ´avel correspondente, para um determinado estadoρ, tamb´em deve ser real. Vimos que tal valor m´edio ser´a sempre real mas, para isso, foi essencial afirmarmos que os observ´aveis s˜ao operadores autoadjuntos.

Defini¸c˜ao 2.6. Considere um sistema quˆantico cujos estados puros s˜ao representados por vetores emH. Se o sistema se encontra no estado|ψi, dizemos que |ψi´e a “fun¸c˜ao de onda” do sistema quˆantico. H´e chamado de “espa¸co das fun¸c˜oes de onda” do sistema.

Axioma 2.4. Considere um sistema quˆantico que evolui no tempo, de forma que em cada momento

t a fun¸c˜ao de onda que caracteriza o sistema ´e |ψ(t)i. A equa¸c˜ao fundamental que descreve a evolu¸c˜ao temporalt7→ |ψ(t)i´e chamada “equa¸c˜ao de Schr¨odinger”, e ´e dada por

i~d|ψi

dt =H|ψi, |ψ(t0)i=|ψ0i, (2.16)

ondeh= 6,626×10−34J.s´e a constante de Planck,~=h/2π,|ψ

0i´e a fun¸c˜ao de onda inicial do

sistema eH´e o Hamiltoniano do sistema.

No caso de estados mistos em que ρ(t)´e a matriz densidade, temos

dρ dt =−

i

~[H, ρ], ρ(t0) =ρ0, (2.17)

(19)

Se na descri¸c˜ao de Schr¨odingerA´e um observ´avel que independe do tempo enquanto o operador densidade ρ evolui com t, na descri¸c˜ao de Heisenberg podemos interpretar o sistema como se o operador densidade permanecesse constante e o observ´avel variasse com o tempo. Temos:

Tr(ρ(t)A0) = Tr(ρ0A(t)), (2.18)

em que

dA

dt =i[H, A], A(t0) =A0. (2.19)

A equa¸c˜ao de Schr¨odinger para um estado puro |ψisujeito a um Hamiltoniano independente do tempo possui solu¸c˜ao da forma

|ψ(t)i=U(t)|ψ(0)i, ondeU(t) = exp(−itH/~), tR. (2.20)

Dado um sistema quˆantico e um Hamiltoniano H que o descreve, utilizamos as seguintes no-menclaturas:

1. Um “autoestado” do sistema ´e um estado do sistema quˆantico que corresponde a um autovetor do Hamiltoniano, e seu autovalor correspondente ´e denominado “autoenergia” do sistema.

2. Se dois ou mais autoestados do Hamiltoniano possuem a mesma energia, dizemos que tais estados s˜ao “degenerados”. Assim, a “degenerescˆencia” de um valor de energia do Hamil-toniano ´e a dimens˜ao do subespa¸co de H que cont´em todos os autovetores de H com tal autovalor.

3. O autovetor do Hamiltoniano com o menor autovalor ´e associado ao “estado fundamental” do sistema, e ´e o estado de menor energia acess´ıvel ao sistema quˆantico.

4. Cada autovetor do Hamiltoniano que n˜ao corresponde ao estado fundamental corresponde a um “estado excitado” do sistema.

Axioma 2.5. Suponha que, num sistema de N componentes, Hj seja o espa¸co de Hilbert das

fun¸c˜oes de onda do j-´esimo componente. Assim, as fun¸c˜oes de onda do sistema total pertencem a NN

j=1Hj. Os observ´aveis do sistema global que dizem respeito apenas `a k-´esima componente

s˜ao da forma 1⊗ · · · ⊗1A1⊗ · · · ⊗1, onde A ∈ B(H

k). Se todos os componentes forem

“mutuamente independentes” e cadai-´esimo componente for descrito pelo operador densidadeρi,

ent˜ao o operador densidade do sistema ser´aNN

i=1ρi, e teremos:

* N

O

j=1

Aj

+

⊗iρi = Tr

N

O

i=1

ρi N

O

j=1

Aj

=

N

Y

j=1

Tr(ρjAj) = N

Y

j=1

hAjiρj. (2.21)

Proposi¸c˜ao 2.2. Seja H12 =H1⊗ H2. Dada uma matriz densidade ρ12 sobre H12, existe uma

´

unica matriz densidadeρ1 sobre H1 tal que

Tr (ρ1A1) = Tr (ρ12A1⊗12), ∀A1∈ B(H1), (2.22)

(20)

Chamamos ρ1 de “matriz densidade reduzida” de ρ12, e chamamos de “tra¸co parcial” de ρ12

sobreH2 `a opera¸c˜aoρ127→ρ1, que ´e denotada por

ρ1= TrH2ρ12.

Demonstra¸c˜ao. Sejam {|ϕ1i, ...,|ϕmi}e{|ψ1i, ...,|ψni}bases ortonormais deH1eH2,

respectiva-mente, eρ12 uma matriz densidade sobreH12. Definimos o operadorρ1por:

(ρ1)ij =hϕi|ρ1|ϕji= n

X

k=1

(hϕi| ⊗ hψk|)ρ12 (|ϕji ⊗ |ψki). (2.23)

Tomando operadores A1 = |ϕpihϕq|, ´e poss´ıvel ver que a rela¸c˜ao (2.22) ´e satisfeita. Utilizando a linearidade do tra¸co, conclu´ımos que esta rela¸c˜ao ser´a satisfeita para qualquer operador linear. Suponha agora que existe uma outra matriz densidadeρa que satisfaz a equa¸c˜ao (2.22). Temos:

Tr[(ρ1−ρa)A1] = 0, ∀A1∈ B(H1).

Tomando operadores A1 = |ϕpihϕq| e substituindo na rela¸c˜ao acima, para p, q = 1, ..., m, temos

ρ1−ρa= 0, de onde conclu´ımos que a matriz densidadeρ1que satisfaz a equa¸c˜ao (2.22) ´e ´unica.

2.3

Cadeias de Spin

Neste trabalho discutiremos cadeias unidimensionais dos denominados spins-12. O “spin” ´e um momento angular intr´ınseco `as part´ıculas fundamentais, por n˜ao poder ser atribu´ıdo a uma rota¸c˜ao da part´ıcula, sendo descrito por um espa¸co de Hilbert de dimens˜ao finita. Para uma part´ıcula com spin-12 o espa¸co ´e bidimensional e o momento angular ao longo de uma dada dire¸c˜ao espacial ´e descrito pelos denominados “operadores de Pauli”.

Defini¸c˜ao 2.7. Dada uma base ortonormal {|1i,|0i} para o espa¸co de HilbertC2, de um sistema

de spin 12, definimos os operadores de Pauli como sendo:

σx=|1ih0|+|0ih1|,

σy=−i|1ih0|+i |0ih1|, (2.24a)

σz=|1ih1| − |0ih0|,

cujas representa¸c˜oes matriciais correspondem `as “matrizes de Pauli”:

σx= 0 1 1 0

!

, σy= 0 −i

i 0

!

, σz= 1 0

0 −1

!

. (2.24b)

Os vetores |1i e |0i, que s˜ao autovetores do operador σz, s˜ao identificados com os estados quˆanticos em que a componentez do spin de uma part´ıcula se encontra para cima e para baixo, respectivamente.

Defini¸c˜ao 2.8. Definimos operadores de “abaixamento” e “levantamento” σ− e σ+,

respectiva-mente, por:

σ− :=σx−iσy

2 , σ

+:=σx+iσy

(21)

Eles possuem tais nomes porque satisfazem:

σ−|0i= 0, σ−|1i=|0i, σ+|0i=|1i, σ+|1i= 0. (2.26)

Lema 2.1. O operador de Pauliσz e os operadores abaixamento e levantamento,σeσ+,

satis-fazem:

exp(±iπσ−σ+) =σz. (2.27)

Demonstra¸c˜ao.

exp(±iπσ−σ+) =1+(±iπσ −σ+)

1! +

(±iπσ−σ+)2

2! +

(±iπσ−σ+)3

3! +· · · = (|0ih0|+|1ih1|) +(±iπ(|0ih0|))

1! +

(±iπ(|0ih0|))2

2! +

(±iπ(|0ih0|))3

3! +· · · = (|1ih1|) + (|0ih0|) + (|0ih0|)(±iπ)

1! + (|0ih0|) (±iπ)2

2! + (|0ih0|) (±iπ)3

3! +· · · = (|1ih1|) + (|0ih0|)

1 +(±iπ) 1! +

(±iπ)2

2! + (±iπ)3

3! +· · ·

= (|1ih1|) + (|0ih0|)e±iπ = (|1ih1|)−(|0ih0|) =σz.

Defini¸c˜ao 2.9. Suponha que temos um sistema deN spins-12. O espa¸co de Hilbert que o descreve ´e(C2)⊗N, isomorfo aH=C2N

, o qual ser´a utilizado para nossa descri¸c˜ao. Definimos σx j, σ

y j, σjz,

os operadores de Pauli atuando sobre oj-´esimo s´ıtio, por

σαj :=1⊗ · · · ⊗1⊗σα⊗1⊗ · · · ⊗1, α=x, y, z. (2.28)

Definimos ainda os operadores de abaixamento e levantamentoσ−j eσj+, respectivamente, atuando noj-´esimo s´ıtio da cadeia de spin, por:

σ−j :=σ x j −iσ

y j

2 , σ

+

j :=

σx j +iσ

y j

2 . (2.29)

Podemos, ent˜ao, obter as seguintes rela¸c˜oes, as quais ser˜ao ´uteis futuramente:

σjx=σj++σj−, (2.30)

σyj =

σ+j −σj−

i , (2.31)

σz j = (2σ

+

j σj−−1), (2.32)

σjz= exp(±iπσj−σ

+

j). (2.33)

2.4

Mecˆ

anica Estat´ıstica

(22)

Os “estados de Gibbs” s˜ao bastante utilizados em mecˆanica estat´ıstica e descrevem o estado de sistemas em equil´ıbrio t´ermico a uma temperaturaT. Eles s˜ao definidos pelas matrizes densidade

ρβ:=

e−βH

Z , (2.34)

ondeβ =k1

BT, sendokB= 1,381×10

−23J/C a constante de Boltzmann,H ´e o Hamiltoniano do

sistema eZ ´e a “fun¸c˜ao de parti¸c˜ao”, definida por

Z:= Tre−βH = X

|ψi∈AV(H)

e−βE(|ψi), (2.35)

em que a soma acima percorre o conjuntoAV(H), uma base ortonormal de autovetores do Hamil-tonianoH, eE(|ψi) ´e a autoenergia correspondente ao autovetor|ψi.

´

E interessante notar que os estados de Gibbs n˜ao variam com o tempo pois o comutador na equa¸c˜ao (2.17) ser´a nulo para tais estados.

Defini¸c˜ao 2.10. Considere um sistema deN part´ıculas a uma temperaturaT sendo descrito pelo operador densidadeρβ. Definimos a “energia interna” do sistema por

U =hHiρβ, (2.36)

e a energia interna por part´ıcula por

u=U/N. (2.37)

Em sistemas f´ısicos reais, nos quais se deseja medir o valor esperado de algum observ´avel, sabe-se queN, o n´umero de part´ıculas envolvidas, ´e finito. Entretanto, este n´umero costuma ser muito grande, da ordem de 1023 part´ıculas. Este n´umero ´e t˜ao grande que o sistema se comporta

aproximadamente como se houvesse infinitas part´ıculas ali. Assim, ´e uma excelente aproxima¸c˜ao tomar o limite de diversas fun¸c˜oes com N tendendo ao infinito, o que costuma simplificar os c´alculos. Chamamos este limite de “limite termodinˆamico”.

Defini¸c˜ao 2.11. Dada a fun¸c˜ao de parti¸c˜ao Z de um sistema quˆantico, a “energia livre” por part´ıcula no limite termodinˆamico ´e definida por:

F=−1β lim N→∞

1

N lnZ. (2.38)

Da termodinˆamica, temos as rela¸c˜oes:

F=u−T s, (2.39)

s=−∂∂TF, (2.40)

em ques´e uma fun¸c˜ao denominada “entropia” por part´ıcula.

Defini¸c˜ao 2.12. Dado um sistema quˆantico num estado de Gibbsρβ, definimos a “magnetiza¸c˜ao”

por part´ıculamz na dire¸c˜ao z por

mz:= h

Mziρβ

(23)

em que

Mz:=

µ0

2 N

X

j=1

σzj, (2.42)

ondeµ0´e uma constante que tem unidade J/T (Joule/Tesla). Para simplifica¸c˜ao, faremos µ0= 1.

Se o sistema estiver submetido a um campo magn´etico B, a “susceptibilidade magn´etica” χ ´e definida por

χ:= ∂mz

∂B . (2.43)

Mais adiante, na se¸c˜ao 3.2, iremos calcular o valor esperado da magnetiza¸c˜ao de um sistema quˆantico `a temperatura T descrito pelo modelo XY ferromagn´etico. Demonstramos a seguir um resultado que ser´a utilizado naquela ocasi˜ao para calcular o valor esperado de um observ´avel sobre um sistema em equil´ıbrio t´ermico a uma temperaturaT.

Proposi¸c˜ao 2.3. Seja AV(H) uma base de autoestados do HamiltonianoH de um sistema quˆantico e seja A um observ´avel sobre este sistema. Ent˜ao, o valor esperado desse observ´avel para este sistema, se ele se encontra `a temperatura T, ´e dado por:

hAiρβ =

X

|ψi∈AV(H)

hAi|ψi

e−βhHi|ψi

Z .

Demonstra¸c˜ao.

hAiρβ = Tr (Aρβ) = Tr

Ae−

βH

Z

= Tr A

P

|ψi∈AV(H)e−βE(|ψi)|ψihψ|

Z

!

= X

|ψi∈AV(H)

hψ|A|ψie−

βE(|ψi)

Z

= X

|ψi∈AV(H)

hAi|ψi

e−βhHi|ψi

Z .

2.5

Transforma¸c˜

ao de Jordan-Wigner (TJW)

Nesta se¸c˜ao iremos descrever a “transforma¸c˜ao de Jordan-Wigner”, a qual permite mapear N

operadores de spin emN “operadores fermiˆonicos”. Esses operadores fermiˆonicos possuem uma ´algebra conveniente, como veremos na pr´oxima se¸c˜ao.

Defini¸c˜ao 2.13. Um conjunto de operadoresa1, ..., aN atuando em um espa¸co de HilbertH´e dito

fermiˆonico se eles satisfazem as rela¸c˜oes abaixo, que chamaremos de RAC (rela¸c˜oes de antico-muta¸c˜ao canˆonicas):

{aj, ak}= 0,

{aj, a†k}=δjk1,

(2.44)

(24)

Definimos, agora, a transforma¸c˜ao de Jordan-Wigner, que ser´a importante para diagonalizar o Hamiltoniano do modelo XY.

Defini¸c˜ao 2.14. (Transforma¸c˜ao de Jordan-Wigner)Sejamσx j, σ

y

j, σzj os operadores de Pauli

atuando sobre oj-´esimo spin-12, de um total de N. Ent˜ao definimos os operadores

aj := exp

−iπ X

l<j

σl−σl+

σ+j, (2.45)

a†j :=σ−j exp

+iπ X

l<j

σl−σ+l

. (2.46)

A defini¸c˜ao que fizemos para os operadores acima ´e chamada de transforma¸c˜ao de Jordan-Wigner.

Utilizando a equa¸c˜ao (2.33) podemos, alternativamente, escrever:

aj= j−1 Y

l=1

σzl

!

σj+, a†j= j−1 Y

l=1

σzl

!

σj−. (2.47)

´

E poss´ıvel ver que os operadoresaj satisfazem as RAC, sendo ent˜ao operadores fermiˆonicos. A transforma¸c˜ao de Jordan-Wigner pode tamb´em ser invertida para descrevermos os operadores de Pauli em termos dos operadores fermiˆonicosa1, a2, ..., an. Isso ser´a feito no cap´ıtulo 3.

2.6

Propriedades dos Operadores Fermiˆ

onicos

Sejam a1, a2, ..., aN operadores atuando no espa¸co de Hilbert H satisfazendo as RAC. A seguir vamos obter algumas informa¸c˜oes da estrutura deHe dos operadoresaj decorrentes das rela¸c˜oes de anticomuta¸c˜ao, seguindo referˆencia [6].

Proposi¸c˜ao 2.4. Sea1, a2, ..., aN s˜ao operadores fermiˆonicos, ent˜ao:

1. Os operadores a†jaj s˜ao operadores semidefinidos positivos, com autovalores 0 e 1.

2. Se |ψi´e um autoestado normalizado de a†jaj com autovalor 1, ent˜ao aj|ψi´e um autoestado

normalizado de a†jaj com autovalor 0. Se |ψi ´e um autoestado normalizado de a†jaj com

autovalor 0, ent˜aoaj|ψi= 0.

3. Se |ψi´e um autoestado normalizado de a†jaj com autovalor 0, ent˜ao a†j|ψi´e um autoestado

normalizado de a†jaj com autovalor 1. Se |ψi ´e um autoestado normalizado de a†jaj com

autovalor 1, ent˜aoa†j|ψi= 0. Demonstra¸c˜ao.

1. Dado|ψiqualquer, temos

(25)

Note que, pelas RAC, (a†jaj)2=a†jaj. Seja |ϕium autovetor dea†jaj com autovalor corres-pondenteξ. Logo,

(a†jaj)2|ϕi=ξ2|ϕi= (a†jaj)|ϕi=ξ|ϕi ⇒ξ2=ξ, de onde conclu´ımos queξ= 0 ouξ= 1.

2. Seja|ψium autovetor unit´ario dea†jaj com autovalor 1. Logo,

||aj|ψi||2= (aj|ψi)†(aj|ψi) =hψ|a†jaj|ψi=hψ|ψi= 1,

de onde conclu´ımos que aj|ψi ´e unit´ario. Utilizando as RAC, ´e poss´ıvel ver queajaj = 0, logo (a†jaj)aj|ψi= 0. Semelhantemente, se|ψifor autovetor unit´ario dea†jaj com autovalor correspondente 0, ent˜ao

||aj|ψi||2= (aj|ψi)†(aj|ψi) =hψ|a†jaj|ψi=hψ|0|ψi= 0.

3. Considerando que|ψi´e um autovetor unit´ario com autovalor 0, e utilizando as RAC, temos

||a†j|ψi||2=hψ|aja†j|ψi=−hψ|a†jaj|ψi+hψ|ψi= 0 +hψ|ψi= 1,

de onde vemos quea†j|ψi´e unit´ario. Utilizando novamente as RAC, temos

a†jaja†j|ψi=−a†ja†jaj|ψi+a†j|ψi=a†j|ψi. Por outro lado, se|ψi´e um autovetor unit´ario com autovalor 1, temos

||a†j|ψi||2= (a†j|ψi)†(a†j|ψi) =hψ|aja†j|ψi=−hψ|a†jaj|ψi+hψ|ψi=−1 + 1 = 0.

Dizemos que a†j atua como um “operador cria¸c˜ao” para a†jaj, enquanto aj atua como um “operador destrui¸c˜ao” para a†jaj.

Os operadoresa†jaj s˜ao autoadjuntos e comutam uns com os outros. Consequentemente, existe um vetor|ψi, autovetor simultˆaneo de todos osa†jaj. Para cadaj, temosa†jaj|ψi=αj|ψi,em que

αj = 0 ouαj = 1. Aplicando sobre|ψisimultaneamente todos os operadores destrui¸c˜aoajpara os quaisαj= 1, chegamos a um estado|vacital que a†jaj|vaci= 0 para todoj.

Teorema 2.2.Para os operadores fermiˆonicosa1, a2, ..., aN e o vetor|vacidescritos acima, temos:

1. Existe um conjunto de2N estados ortonormais que s˜ao simultaneamente autoestados de todos

osa†jaj.

2. SejaW o subespa¸co de Hgerado por estes2N autoestados. Os operadoresa

j ea†j deixamW

invariante.

3. Seja W⊥ o complemento ortogonal deW emH. Ent˜ao aj e a

j deixam W⊥ invariante.

As-sim, as restri¸c˜oes destes operadores a W⊥ tamb´em satisafzem as rela¸c˜oes de anticomuta¸c˜ao

canˆonicas e, consequentemente, tamb´em podemos identificar um subespa¸co de W⊥ de

(26)

Demonstra¸c˜ao.

1. Para cada vetorφ= (φ1, ..., φN), em queφj= 0 ou 1, definimos o estado

|φi= (a†1)φ1...(a

N)φN|vaci.

Fazendo todas as combina¸c˜oes poss´ıveis para os valores dosφj, chegamos ao conjundo dese-jado de 2N vetores ortonormais.

2. Os vetores definidos acima formam a base deW. Basta verificar queaj ea†j levam elementos da base em elementos da base ou no vetor 0. Suponha que φj = 0. Logo,aj|φi= 0 ∈ W. Agora suponha queφj = 1. Sejaφ′ o vetor proveniente de trocar aj-´esima coordenada deφ por 0. Sejasjφ:=Pj−1

k=1φk. Ent˜ao,

aj|φi=aj(a†1)φ1...(a†N)φN|vaci =(−1)sjφ(a†

1)φ1...(a†j−1)

φj−1aj(a

j)...(a†N) φN

|vaci

=(−1)sjφ(a†

1)φ1...(aj†−1)φj−1(1−a†jaj)...(a†N)φN|vaci =(−1)sjφ(a†

1)φ1...(a†j−1)φj−1(a†j)0...(a†N)φN|vaci

−(−1)sjφ(a†

1)φ1...(a†j−1)

φj−1(a

jaj)...(a†N) φN

|vaci

=(−1)sjφ|φ′i+ 0 =(−1)sjφ|φ′i ∈ W.

Por racioc´ıcio equivalente, ´e poss´ıvel ver que osa†j mapeiam os elementos da base deW nela mesma ou no vetor 0.

3. Sejam |ϕi ∈ W⊥ e |ψi ∈ W quaisquer. Para verificar que a

j mapeia W⊥ nele mesmo, precisamos que o produto interno deaj|ϕicom|ψiseja nulo. De fato,

hψ|aj|ϕi= (a†j|ψi)†|ϕi.

Como o vetor (a†j|ψi) pertence aW, temos que o produto acima ´e igual a zero, demostrando queaj mapeiaW⊥ nele mesmo. Com o mesmo racioc´ıcio ´e poss´ıvel mostrar que a†j mapeia

W⊥ nele mesmo.

No processo acima n´os conseguimos “quebrar” Hcomo uma soma direta de um n´umerodde subespa¸cos ortogonais W1,W2, ...,Wd, cada um de dimens˜ao 2N. Podemos denotar os elementos

da base deH por |α, ki, em que α∈ {0,1}N, e k = 1,2, ...d, de maneira que a a¸c˜ao dea j ea†j deixam k invariante, e atuam em |αi da maneira descrita acima. Assim, o espa¸co de Hilbert H

pode ser considerado como um produto tensorialC2N

⊗Cd, com a a¸c˜ao dea

j ea†j sendo trivial na componenteCd.

(27)

por exemplo, os orbitais de um ´atomo. O estado |vacicorresponderia ao estado de “v´acuo”, sem nenhum f´ermion. Aplicando um operadora†j, “cria-se” um f´ermion ocupando o modoj. As RAC garantem que haver´a no m´aximo um f´ermion de um mesmo tipo em cada modo.

´

E importante notar que quando temos um sistema quˆantico cujo Hamiltoniano ´e descrito em termos dos operadores de spin das part´ıculas do sistema, ao realizar a transforma¸c˜ao de Jordan-Wigner passamos a considerar um novo sistema, constitu´ıdo por modos fermiˆonicos. Se algum modo fermiˆonico estiver ocupado, dizemos que h´a uma “quasipart´ıcula” fermiˆonica ocupando tal modo. Dizemos assim ao inv´es de afirmar que h´a uma par´ıcula no sistema porque na realidade o sistema original n˜ao possui tais part´ıculas fermiˆonicas, mas possui outro tipo de part´ıculas cujos operadores de spin s˜ao importantes no estudo do Hamiltoniano e s˜ao mapeados em operadores fermiˆonicos atrav´es da transforma¸c˜ao utilizada.

2.7

Diagonaliza¸c˜

ao de Formas Quadr´

aticas de Operadores

Fermiˆ

onicos

Nesta se¸c˜ao tamb´em seguimos a referˆencia [6]. Suponha que {a1, a2, ..., aN} seja um conjunto de operadores fermiˆonicos e que temos o Hamiltoniano

Hlivre=

N

X

j=1

αja†jaj. (2.48)

´

E f´acil perceber que os vetores |φi = (a†1)φ1...(a†N)φN|vaci, que podem ser representados por

φ= (φ1, ..., φN), formam uma base ortonormal de autovetores de Hlivre. Se αj ≥0 para todoj, comoa†jaj ´e semidefinido positivo, temos hψ|H|ψi ≥0 para qualquer estado |ψi, de maneira que a energia do estado fundamental ´e n˜ao negativa. Contudo, de acordo com nossa constru¸c˜ao acima para a base de H, existe um estado |vaci =|0,0, ...,0ipara o qual a†jaj|vaci= 0 para todo j, e ent˜aoHlivre|vaci= 0, de onde conclu´ımos que a energia do estado fundamental ´e 0.

A seguir temos um exemplo que nos ajudar´a na compreens˜ao do lema que o segue.

Exemplo 2.4. Consideremos agora o caso em que os αj do Hamiltoniano (2.48) n˜ao

necessari-amente s˜ao positivos. Tome, como exemplo, um sistema no estado |φi=|0,1,0,1,1, ...,1i, repre-sentado na figura 2.1. Tal vetor representa um sistema deN modos fermiˆonicos em que apenas o primeiro e o terceiro modos se encontram vazios, e os modos2,4,5, ..., N se encontram populados por f´ermions, cujas energias s˜ao, respectivamente, α2, α4, α5, ..., αN. Logo, a energia total deste

sistema ´e dada porE=α2+α4+α5+...+αN. Generalizando o exemplo acima, temos o lema:

Lema 2.2. Dado o Hamiltoniano (2.48), a energia do estado fundamental ser´aP

jmin(0, αj), e o

estado fundamental ´e obtido aplicando simultaneamente os operadores cria¸c˜ao a†j sobre|vaci, para todoj tal queαj <0. O estado fundamental ´e n˜ao degenerado se, e somente se,αj6= 0, ∀j. Al´em

(28)

Figura 2.1:Sistema deN modos fermiˆonicos e sua respectiva energia, em que apenas os modo 1 e 3 est˜ao vazios, enquanto os modos2,4,5, ..., N est˜ao ocupados.

Defini¸c˜ao 2.15. Dizemos que um HamiltonianoH ´e um “Hamiltoniano Fermi quadr´atico” se ele puder ser escrito da forma

H = n

X

j,k=1

αjka†jak+ξjkaja†k+βjkajak+θjka†ja†k

, (2.49)

em queαjk, ξjk, βjk eθjk∈C e os operadoresaj s˜ao fermiˆonicos.

Teorema 2.3. Dado um Hamiltoniano Fermi quadr´atico H, existe um conjunto de operadores fermiˆonicos {bj}e coeficientesαj, j= 1, ..., n, em termos dos quaisH pode ser reescrito na forma

H = N

X

j=1

αjb†jbj. (2.50)

Assim, quando reescrevemos um Hamiltoniano no formato acima dizemos que o “diagonaliza-mos”, no sentido que seus autovalores e autovetores podem ser facilmente identificados. A fim de provar este teorema iremos mostrar alguns resultados.

Proposi¸c˜ao 2.5. Dado um Hamiltoniano Fermi quadr´atico qualquer podemos, a menos de uma constante aditiva+ς1, ςR, reescrevˆe-lo na forma

H = n

X

j,k=1

αjka†jak−α∗jkaja†k+βjkajak−βjk∗ a†ja†k

, (2.51)

onde αjk = (α)jk s˜ao os elementos de α, que ´e uma matriz hermitiana, e βjk = (β)jk s˜ao os

elementos deβ, que ´e uma matriz antissim´etrica.

Por se tratar de um resultado simples, n˜ao expomos a demonstra¸c˜ao da proposi¸c˜ao acima nesta disserta¸c˜ao.

Agora, dado o Hamiltoniano (2.51), iremos procurar constantes γjk, µjk ∈C, j, k = 1, ..., n, de forma que os operadores

bj = n

X

k=1

γjkak+µjka†k

, j= 1, ..., n,

satisfa¸cam as rela¸c˜oes de anticomuta¸c˜ao canˆonicas e que quando H ´e expresso em termos dosbj,

(29)

Escrevendo as rela¸c˜oes de anticomuta¸c˜ao para osbj, vemos que elas s˜ao equivalentes `as equa¸c˜oes

γγ†+µµ†=1, (2.52)

γµT +µγT = 0, (2.53)

em queγ eµs˜ao as matrizes cujos elementos s˜ao (γ)jk=γjk,(µ)jk=µjk. Podemos reescrever a rela¸c˜ao entre osaj e osbj utilizando a matriz em blocos

T :=

"

γ µ

µ∗ γ

#

, (2.54)

em queγ∗´e a matriz cujos elementos (γ)ij s˜ao os complexos conjugados deγ, i.e. (γ)ij = (γij).

O mesmo vale paraµ∗. Assim,

             b1 .. . bn

b†1

.. . b† n              = " γ µ

µ∗ γ

#              a1 .. . an

a†1

.. . a† n              , (2.55)

onde as entradas dos vetores s˜ao operadores. As equa¸c˜oes (2.52) e (2.53) s˜ao equivalentes a afirmar que a matriz de transforma¸c˜aoT dada por (2.54) ´e unit´aria. Uma vez queT ´e unit´aria, podemos escrever os operadoresaj em termos dosbj a partir da rela¸c˜ao

             a1 .. . an

a†1

.. . a† n             

=T†

             b1 .. . bn

b†1

.. . b† n              , (2.56)

de onde temos

h

a†1 · · · a†n a1 · · · an

i

=hb†1 · · · b†n b1 · · · bn

i

T. (2.57)

O nosso HamiltonianoH pode ser reescrito, de acordo com essa nota¸c˜ao, na forma

H =ha†1 · · · a†n a1· · · an

i "

α −β∗

β −α∗

#              a1 .. . an

a†1

(30)

onde (α)jk =αjk e (β)jk=βjk. Para simplificar, denotaremos

[a† a] =ha†1 · · · a†n a1 · · · an

i

, [b† b] =hb1† · · · b†n b1 · · · bn

i

, M =

"

α −β∗

β −α∗

#

.

Assim, temos

H = [a† a]M

"

a a†

#

= [b† b]T M T

"

b b†

#

. (2.59)

Agora, observamos queM ´e hermitiana e, consequentemente, ´e diagonaliz´avel e seus autovalores s˜ao reais. Ademais, temos:

Lema 2.3. Se v =

"

v1

v2 #

, sendo v1 e v2 n-dimensionais, ´e um autovetor de M com autovalor

correspondenteλ, ent˜ao

" v∗ 2 v∗ 1 #

´e um autovetor deM com autovalor correspondente −λ.

Demonstra¸c˜ao. Sejaλum autovalor deM ev=

"

v1

v2 #

um autovetor correspondente. Logo,

M v=λv⇒

"

α −β∗

β −α∗

# " v1 v2 # =λ " v1 v2 #

⇒ αv1−β

v

2=λv1

βv1−α∗v2=λv2

.

Tomando o complexo conjugado dos dois lados das ´ultimas igualdades, e multiplicando por−1, e depois invertendo a primeira e a segunda linha, chegamos em

αv∗

2−β∗v1∗=−λ∗v2∗

βv∗

2−α∗v1∗=−λ∗v1∗

"

α −β∗

β −α∗

# " v∗ 2 v∗ 1 #

=−λ∗

" v∗ 2 v∗ 1 # ,

de onde se conclui que−λ∗ ´e um autovalor. Comoλ´e real, temos queλ´e autovalor deM.

Proposi¸c˜ao 2.6. Existe uma matriz T unit´aria da forma (2.54) que diagonaliza M, ou seja,

T M T† =D, em que D´e uma matriz diagonal.

Demonstra¸c˜ao. Como consequˆencia do lema anterior, podemos encontrar uma matriz T unit´aria tal que

T M T† =D=

"

d 0

0 −d

#

,

em que D ´e um bloco de matrizes, e d e −d s˜ao matrizes diagonais contendo os autovalores

d1, ..., dn e −d1, ...,−dn de H, respectivamente. Para isso, ´e necess´ario que a j-´esima coluna de

T† seja o autovetor correspondente ao autovalor que se encontra na j-´esima coluna deD. Assim,

se v1 = "

v11

v12 #

, v2 = "

v21

v22 #

, ..., vn =

"

vn1

vn2 #

s˜ao autovetores correspondentes aos

autova-lores d1, d2, ..., dn, ent˜ao pelo lema anterior u1 = " v∗ 12 v∗ 11 #

, u2 = " v∗ 22 v∗ 21 #

, ..., un =

" v∗ n2 v∗ n1 # s˜ao

autovetores correspondentes aos autovalores−d1,−d2, ...,−dn e temos

T†= [v

1, ..., vn, u1, ..., un] = "

v11 · · · vn1 v12∗ · · · v∗n2

v12 · · · vn2 v11∗ · · · v∗n1 #

(31)

Definimos, agora, as matrizesγ eµtais que

γ†= [v11 · · · vn1], µ† = [v12 · · · vn2],

de forma que

T† =

"

γ† µT

µ† γT

#

⇒T=

"

γ µ

µ∗ γ

#

.

Assim, encontramos uma matrizT unit´aria que satisfaz as condi¸c˜oes necess´arias para que os ope-radoresbj sejam fermiˆonicos e, al´em disso, quandoH ´e expresso em termos dosbj, temos:

H = [b†b]T M T†

"

b b†

#

= [b†b]D

"

b b†

#

= n

X

j=1

b†jdjbj−bjdjb†j.

Como consequˆencia das rela¸c˜oes de anticomuta¸c˜ao que osbj obedecem, podemos escrever:

H = n

X

j=1

djb†jbj+djb†jbj−dj1=r1+ n

X

j=1

2djb†jbj,

onder=−Pn

j=1dj.

Logo, a menos de um fator aditivo +(ς+r)1, quandoH´e expresso na forma (2.49), conseguimos

(32)

O Modelo XY

O modelo XY unidimensional em um campo magn´etico transverso, o qual estudaremos neste cap´ıtulo, ´e um modelo rico mas que pode ser diagonalizado exatamente. Devido a isso, ele tem sido estudado intensamente ao longo dos anos e utilizado para compreender o comportamento universal de sistemas de pequenas dimens˜oes. Nos ´ultimos anos o interesse neste modelo foi renovado pelo fato de que realiza¸c˜oes laboratoriais deste sistema est˜ao progredindo[12]. Lieb, Schultz e Mattis [7] diagonalizaram o Hamiltoniano do modelo utilizando, pela primeira vez, o m´etodo descrito no cap´ıtulo anterior.

Apesar da simplicidade do modelo XY transverso unidimensional, ele possui um diagrama de fase que depende do parˆametro de “anisotropia” γ e do campo magn´etico externo B, e ´e caracterizado por duas transi¸c˜oes de fase. Seu Hamiltoniano, atuando no espa¸co de N spins-1

2,

pode ser escrito como:

H = J 2

N

X

j=1

1 +γ

2

σxjσjx+1+

1−γ

2

σyjσ y

j+1+Bσjz

, (3.1)

ondeσα

j, α=x, y, z, s˜ao os operadores de Pauli dados pela rela¸c˜ao (2.28) e no qual consideramos condi¸c˜oes peri´odicas de contorno, fazendo σα

j+N = σjα, α = x, y, z. Este Hamiltoniano descreve um sistema de spins magn´eticos com intera¸c˜oes entre vizinhos com constantes de acoplamento distintas ao longo das dire¸c˜oesxey, submetido a um campo magn´etico de m´oduloB ao longo da dire¸c˜aoz. Se tivermos J <0,−1≤γ ≤1, este Hamiltoniano modela um sistema ferromagn´etico, em que as componentes nas dire¸c˜oes x e y dos spins vizinhos tendem a se alinhar no mesmo sentido para minimizar a energia. Por outro lado, seJ >0,−1≤γ≤1, o sistema pode ter uma fase antiferromagn´etica, em que os spins vizinhos tendem a se alinhar em sentidos opostos para minimizar a energia.

Observe no Hamiltoniano (3.1) que seγ= 0 o acoplamento dos spins na dire¸c˜aoxeypossuem a mesma intensidade, enquanto n˜ao h´a acoplamento na dire¸c˜aoz. Chamamos esse caso particular do modelo XY de “modelo XX”. Por outro lado, se fizermos γ = 1, o acoplamento na dire¸c˜aoy

desaparece, restando apenas na dire¸c˜aox. Esse caso particular ´e conhecido como “modelo de Ising transverso”. Um n´umero consider´avel de sistemas de mat´eria condensada pode ser modelado pelo

(33)

modelo de Ising transverso [12], o qual ´e o modelo mais simples que apresenta uma transi¸c˜ao de fase quˆantica `a temperatura nula.

Neste trabalho considera-se os parˆametrosγ eB como sendo adimensionais e, como o foco ´e o caso ferromagn´etico, toma-seJ =−1. Assim, nos restringimos ao Hamiltoniano

H =−1

2 N

X

j=1

1 +γ

2

σx jσjx+1+

1

−γ

2

σyjσjy+1+Bσz j

(3.2)

no caso em que γ ≥ 0 e B ≥ 0, embora nos outros casos o Hamiltoniano tamb´em possa ser diagonalizado. Uma das transi¸c˜oes de fase ocorre no ponto cr´ıtico B = 1 e ´e uma transi¸c˜ao de uma fase ferromagn´etica (B < 1) para uma fase paramagn´etica (B > 1). A outra transi¸c˜ao de fase ocorre quandoγ = 0 (veja mais detalhes em [5]). As correla¸c˜oes entre pares de s´ıtios foram calculadas no trabalho de McCoyet al [13].

A seguir, iremos diagonalizar o Hamiltoniano (3.2) e, no fim do cap´ıtulo, tamb´em iremos obter algumas propriedades termodinˆamicas do modelo. Neste cap´ıtulo seguimos a referˆencia [5] para efetuar a diagonaliza¸c˜ao do Hamiltoniano. Por´em, a se¸c˜ao de propriedades termodinˆamicas foi basicamente desenvolvida pelo autor da disserta¸c˜ao.

3.1

Diagonaliza¸c˜

ao Exata

Proposi¸c˜ao 3.1. Se H ´e um Hamiltoniano do modelo XY ferromagn´etico dado por (3.2) atu-ando no espa¸co de HilbertH, existem operadores fermiˆonicos aj, j = 1,· · ·, N, e dois subespa¸cos

ortogonais entre si, e que geram todo oH, nos quais o Hamiltoniano atua segundo os operadores abaixo

H±=−1

2 N

X

j=1

a†jaj+1+a†j+1aj+γa†ja†j+1+γaj+1aj−2Ba†jaj

−BN

2 , (3.3)

onde H+ ´e definido com condi¸c˜oes de contorno antiperi´odicas sobre os operadores fermiˆonicos,

aj+N =−aj, enquantoH− com condi¸c˜oes de contorno peri´odicas, aj+N =aj.

Este ´e um resultado importante pois, uma vez que escrevemos o Hamiltoniano numa forma quadr´atica de operadores fermiˆonicos em cada um dos subespa¸cos, de acordo com os resultados da se¸c˜ao 2.7, podemos diagonaliz´a-lo.

Demonstra¸c˜ao. Podemos utilizar as rela¸c˜oes (2.30), (2.31) e (2.32) para reescrever o Hamiltoniano em fun¸c˜ao dos operadores de abaixamento e levantamento:

H =−12

N

X

j=1 "

1 +γ

2

(σ+j +σ−j )(σ+j+1j+1) +

1

−γ

2

σ+

j −σj−

i

!

σj++1−σj+1 i

!

+B(2σ+jσ−j −1)

#

=−1

2 N

X

j=1

(σ+jσ−j+1j−σj++1) +γ(σ+jσ+j+1+σ−jσj+1) + 2Bσ+jσ−j −B

(34)

Para reescrever o Hamiltoniano acima em fun¸c˜ao de operadores fermiˆonicos, utilizamos a trans-forma¸c˜ao de Jordan-Wigner (ver defini¸c˜ao 2.14) e definimos o operador

µN := N

Y

l=1

σlz= N

Y

l=1

1−2a†lal

. (3.5)

Assim, obtemos as seguintes rela¸c˜oes, v´alidas paraj= 1,2, ..., N−1:

σjj+1=a†j+1aj, (3.6a)

σj−σ+j+1=a†jaj+1, (3.6b)

σj+σj++1=aj+1aj, (3.6c)

σj−σ−j+1=a†ja†j+1, (3.6d)

σN1−=σz

NσN+σ1−=µNaNa†1=−µNa†1aN, (3.6e)

σN−σ1+=−σz Nσ−Nσ

+

1 =−σNza†N

Y

l<N

σz l

!

a1=−µNa†Na1, (3.6f)

σN+σ1+=σNzσN+σ

+

1 =µNaNa1=−µNa1aN, (3.6g)

σN−σ1−=−σNzσ−Nσ−1 =−µNa†Na†1. (3.6h)

A rela¸c˜ao abaixo tamb´em ´e necess´aria, e ´e v´alida paraj= 1,2, ..., N:

σ+jσ−j =ajaj† =1−a†jaj, (3.7)

Utilizando as express˜oes anteriores, que relacionam os operadores fermiˆonicos com operadores de levantamento e abaixamento, e substituindo os termos no Hamiltoniano (3.4), chegamos a:

H =−1

2 N−1

X

j=1

a†jaj+1+a†j+1aj+γa†ja†j+1+γaj+1aj

+µN 2

a†Na1+a†1aN +γa†Na†1+γa1aN

+B

N

X

j=1

a†jaj−BN

2 , (3.8)

ondeµN ´e o observ´avel cujos autovalores (+1 e −1) fornecem a “paridade” do n´umero de quasi-part´ıculas fermiˆonicas no sistema. O operador abaixo pode ser interpretado como um observ´avel que conta o n´umero de f´ermions do sistema:

NN := N

X

l=1

a†lal

. (3.9)

´

E poss´ıvel mostrar que, em geral, [H, NN]6= 0. Isso significa que o Hamiltoniano n˜ao conserva o n´umero de f´ermions do sistema (ver equa¸c˜oes (2.18) e (2.19)). Por outro lado [H, µN] = 0, o que implica que a paridade do n´umero de f´ermions ´e conservada, isto ´e, f´ermions s˜ao criados/destru´ıdos em pares. Assim sendo, podemos considerar dois subespa¸cos poss´ıveis para o sistema, correspon-dentes aos autovalores +1 e −1 de µN. Sejam P+ e P− os projetores que atuam no espa¸co de

(35)

em mente que o Hamiltoniano conserva a paridade e comuta comP+ eP−, temos

H =1H1= (P++P)H(P++P) =P+HP++PHP+P+HP+PHP+

=P+HP++P−HP−=HP++HP−=H+P++H−P−, (3.10)

em queH+ descreve a atua¸c˜ao do Hamiltoniano no subespa¸co ondeP

+ projeta, enquantoH− no

subespa¸co ondePprojeta. Logo, podemos simplesmente nos restringir ao estudo deH nesses dois subespa¸cos. Definimos agora condi¸c˜oes de contorno antiperi´odicas para os f´ermions para o caso em que o autovalor de µN for +1, i.e, aj+N = −aj. Inversamente, para o autovalor −1, definimos condi¸c˜oes de contorno peri´odicasaj+N =aj. Assim, para ambos os casos, chegamos a:

H±=−12

N

X

j=1

a†jaj+1+a†j+1aj+γa†ja†j+1+γaj+1aj−2Ba†jaj

−BN2 . (3.11)

3.1.1

umero Par de Quasipart´ıculas

Teorema 3.1. Seja H+ o operador dado por (3.11). Existem constantes c e α

q e operadores

χq, q= 0,· · · , N−1, tais que:

{χq, χk}= 0,

{χ†

q, χk}=δq,k1,

tais que

H+= N−1

X

q=0

αq χ†qχq−c. (3.12)

Uma consequˆencia direta deste teorema ´e que essa express˜ao paraH+ nos permitir´a

identifi-car todas suas autoenergias, bem como todos os autoestados, conforme mostrado no exemplo 2.4 e no lema 2.2, no in´ıcio da se¸c˜ao 2.7. O mesmo ser´a feito com H−, o que nos permitir´a

diago-nalizar H como um todo e obter a fun¸c˜ao de parti¸c˜ao do sistema a partir da equa¸c˜ao (2.35) e, consequentemente, extrair v´arias informa¸c˜oes termodinˆamicas deste modelo.

Demonstra¸c˜ao. ParaµN = +1, como temos condi¸c˜oes de contorno antiperi´odicas, realizamos uma transformada discreta de Fourier antiperi´odica:

ˆ

aq =e

−iπ/4

N

N

X

j=1

e−i2Nπ(q+

1 2)ja

j, q= 0,1,· · · , N−1, (3.13a)

aj =

eiπ/4

N

N−1 X

q=0

ei2Nπ(q+

1 2)jˆa

q, j= 1,· · ·, N. (3.13b)

Estes novos operadores satisfazem as seguintes rela¸c˜oes de anticomuta¸c˜ao:

{ˆaq,ˆak}= 0, (3.14a)

(36)

Vamos, agora, escrever o HamiltonianoH+ em termos destes novos operadores. Substituindo os

operadores ˆaq na soma abaixo, temos:

N

X

j=1

a†jaj+1=

N

X

j=1

1

N

N−1 X

q=0

e−i2Nπ(q+

1 2)jˆa†

q N−1

X

k=0

ei2Nπ(k+

1 2)(j+1)aˆ

k

= 1

N

N−1 X

k=0

ei2Nπ(k+

1 2)

N−1 X

q=0

ˆ

a†qˆak N

X

j=1

ei2Nπ(k−q)j. (3.15)

A fim de simplificar o resultado acima, considerew∈Ce a soma

SN =w+w2+· · ·+wN,

de forma que, sew6= 1, vale:

SN =

w−wN+1

1−w . (3.16)

Portanto, sew6= 1 ewN = 1 teremos S

N = 0. Por outro lado, se w= 1 temosSN =N. Assim, podemos escrever

N

X

j=1

a†jaj+1= 1

N

N−1 X

k=0

ei2Nπ(k+

1 2)

N−1 X

q=0

ˆ

a†qˆakN δq,k= N−1

X

k=0

ei2Nπ(k+

1 2)ˆa†

kˆak. (3.17a)

Semelhantemente,

N

X

j=1

a†j+1aj = N−1

X

k=0

e−i2Nπ(k+

1 2)ˆa†

kˆak, (3.17b)

N

X

j=1

a†jaj = N−1

X

k=0

ˆ

a†kˆak, (3.17c)

N

X

j=1

a†ja†j+1=−i

N−1 X

k=0

ei2Nπ(k+

1 2)ˆa†

kˆa†−k−1, (3.17d)

N

X

j=1

aj+1aj =i N−1

X

k=0

ei2Nπ(k+

1 2)ˆa

kaˆ−k−1. (3.17e)

Substituindo os termos acima no HamiltonianoH+ dado por (3.11), chegamos em:

H+ = N−1

X

q=0

B−cos

2π N

q+1 2

ˆ

a†qˆaq+γ 2

N−1 X

q=0

−iei2Nπ(q+

1 2)[ˆaqˆa

−q−1+ ˆa†q−1ˆa†q]−

BN

2 . (3.18)

Por´em, temos as rela¸c˜oes:

−iei2Nπ(q+

1

2)=−icos 2π

N

q+1 2 + sin 2π N

q+1 2 , cos 2π N

q+1 2

ˆ

aqˆaN−q−1+ cos

2π N

N−q−1 +1 2

ˆ

Imagem

Figura 2.1: Sistema de N modos fermiˆ onicos e sua respectiva energia, em que apenas os modo 1 e 3 est˜ ao vazios, enquanto os modos 2, 4, 5, ..., N est˜ao ocupados.
Tabela 3.1: Autoestados do Hamiltoniano e correspondentes autoenergias no subespa¸co contendo um n´ umero par de quasipart´ıculas, onde q i 6= q j se i 6= j.
Tabela 3.2: Autoestados do Hamiltoniano e correspondentes autoenergias no subespa¸co contendo um n´ umero ´ımpar de quasipart´ıculas, com B ≤ 1
Figura 3.1: Energia do sistema para T = 0. A curva tracejada vermelha foi obtida fazendo γ = 0 e se refere ao modelo XX
+3

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