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Laqueadura tubária-controvérsias éticas, morais, físicas e psicológicas.

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Academic year: 2017

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LAQUEADURA TUBÁRIA - CONTROVÉRSIAS ÉTICAS, MORAIS, FlslCAS E PSICOLÓGICAS"

Isabel Cristina Andrade S. Silva** Ana Lúcia Araújo Caxico*** Irene Alves de Deus*** May Célia Silva Santos***

RESUMO - O presente estudo foi desenvolvido com clientes do Programa de Assis­ tência Integral à Saúde da Mulher, em um bairro da periferia de uma capital do Nordeste. Os dados encontrados permitiram às autoras identiicar os métodos anti-con­ cepcionais utilizados pelas clientes, seus conhecimentos, principalmente a respeito de métodos irrevesíveis, com ênfase nos aspectos éticos, morais, fisiológicos e psicoló­ gicos, relacionados à laqueadura tubária. Foram consideradas as variáveis: principal método anti-concepcional utilizado, idade, número de ilhos, motivos da seleção do método e conseqüências a ele atribuídas.

ABSTRACT - The work developed in a woman health program in a suburbis comunity of a capital, carried the autors toask theirselves about anticoncept method used by clients, theirs knowledges and options mainly about to no reversible ways, emphasizing the ethics, morais, physics and psychological aspects related by clients subjeted at horn ligature drawing comparison with the existent literature. It has used with variables the own anticoncept way, age, children's number, the causes that carried them to select the method and the consequences attribuited at it.

1 INTRODUÇÃO

Ao iniciamlos aiviL1des de contole do câncer cérvico-uteino e de mama em um Centro de Saúde localiado na eriferia de uma capial do Nordeste onde até então :10 h:lVia sido implantada nenhuma ação dentro do Pogama de Assistência Integal à Saúde da Mulhec veriicamos em diálogo mantido com as clientes que esas e mostavam muito caentes de esclaecimen­ tos e orientações fente aos mais diveos poblemas elacioados à saúde, esecialmente quanto à questão da epodução. Assim é que, colocadas à vontade, estas fzim lor quesionamentos, dúvidas e conlitos li­ gados a métodos anticonceeionais e se mostavam curioas e inteesadas quanto ao próprio mecanismo 1 epodução quando explicado de maeia claa e sim­ ples. Por outo lado, surpeendeu-nos pncipalmente o gande númeo de mulhees que já e diziam laqueadas e que eferiam poblemas os mais divesos surgidos.

segundo elas, aós o ato da laqueadua. A ansieade que estas mulhees apesenavam diante de tais po­ blemas é que nos impulsionou a ivestigá-los melor na busca de esostas ou e.Jlicações paa os mesmos. Paa tal esolvemos patir paa a ealiação de uma esquia que nos mostsse atavés de dados estatís­ ticos a al extensão da poblemática. pocurado compará-Ia com a liteatua já existente sobe o assun­ to. emboa tenhamos observado ser esta ainda ecassa deixando o tema livre paa mais ampla exploação.

2 OBJETIVOS

o presente estudo tem como objetivos:

- Identiicar os tipos de métodos anticoncepcioais utili.ados elas clientes e o grau de conhecimento à respeito dos mesmos.

Prêmio Isaura Barbosa Lima - I" Lugr - 40" Conresso Brasileiro de Enfennagem - Belém- PA •• Diretora do Centro de Saúde Onésimo Pinto Filho - Secrdaria de Saúde do Município de Aracajú - Sergipe

••• Enenneiras do Centro de Saúde Onésimo Pinto Filho - Secretaria de Saúde do Município de Aracajú - Sergipe

(2)

- Veriicar incidência da laqueadura tubária na po­ pulação esquisada, suas implicações e controvér­ sias.

3. METODOLOGIA

3.1 Local

o estudo foi feito quando da implantação do Pograma de Saúde da Mulher, no desenvolver das atividades do contole do câncer uterino e de mama de um Centro de Saúde, em um bairro a periferia de uma capital do nordeste.

3.2 Popu lação

A população foi composta por clientes encami­ nhadas à consulta de enfermagem para ealização da citologia oncótica.

3.3 Amostra

Foi constituída de 30 clientes ecaminhadas para ealização da citologia oncótica no penodo de 1 ° a 30 de j unho de 1 988.

3.4 Método

3.4. 1 Coleta dos Dados

Os dados foram coletados or meio de uma ente­ vista, costituída de perguntas fechadas aplicadas e­ las autoas.

Por meio da entrevista, procurou-se ideniicar a faixa etáia, Úvel de escolaridade. satisfação sexal,

número de ilhos. método contraceptivo utiliado, coecimento e oções aos métodos.

Utilizou-se o mesmo formulário de entrevista

paa tda a amosta, sendo que as eguntas esecíi­

cas sobe laqueadura foram respondidas aenas elas

4. RESULTADOS E COMENTÁRIOS

Os resultados obtidos serão apesentados a se­ ginte disposição : Inicialmente apresentar-se-ão os dados referentes aos métodos contraceptivos utiliza­ dos. os meios de conecimentos dos métodos, Úvel de escolaridade, fixa etária elacioada com a la­ queadura tubária (Tabela O I a 04). A seguir serão

apresenados os resultados relacionados com a la­ queadura tubária, número de ilhos, decisão, legalida­ de do ato curúrgico. alterações isiológicas e sexuais pós-Iaqueadura.

Na abela

0 1

obseVamos que mais da metade

(53,3%) das clientes foram submetidas à laqueadua tubária seguida logo depois do anticoncepcioal oal

(20%).

Na análise da tabela 02 obseVamos que as clien­ tes. na sua maioria (50%) negam o conhecimento de métodos contraceptivos seguida or informações

in-Tabela

01

Distribuição da clientela com relação aos méto­ dos contraceptivos utilizados.

MÉTODO CONTRACEPTIVO USADO

FREQ.

%

Ogino Knauss

1 ,0 3,4

Coito Interrompido

2,0 6,6

Preevativo

1 ,0 3,4

Anticoncepcional oral

6 , 0 20,0

Laqueadura

1 6,0 53,3

Nenhum Método

4,0 1 3,3

Outros

0,0 0,0

Total

30,0 1 00,0

pacientes j á esterilizadas. Nesta segunda parte da

Tabela 02

entevista foram ressaltaas as questões éticas, mo- Meios de conhecimentos dos métodos contra-ais, ísicas e psicológicas relatadas elas clientes. ceptivos.

3.4.2 Tratamento dos Dados

Os dados foam tabulados manualmente em nú­ meo e percenual. Em capítulo posterior seá feito uma discussão comaando os resultados com a lite­ atua existete.

MEIOS DE CONHECIMENTO

Livros e Revistas

Médico

Enfermeira

Vizinhos, amigos, parentes

Esoso

Nega Conheimento

Total

FREQ.

%

0,0 0,0 -6,0 20,0

1 ,0 3,4

5,0 1 6, 6 3,0 1 0, 0

1 5,0 50,0

30,0 1 00,0

(3)

Tabela 03 trava-se na faixa etária de 21 a 30 anos (30%)

Distribuião da clientela por nível de escolaridade. Na tabela 05, relacionando o númeo de ilhos e

NíVEL DE ESCOLARIDADE FREQ. %

Analfabeto 4,0 13,3

10 grau incompleto 22,0 73,3

10 grau completo 2,0 6,6

20 grau incompleto 1,0 3,3

20 grau completo 1,0 3,3

Nlvel Superior 0,0 0,0

Total 30,0 100,0

completas dadas pelos médicos (20%) e posterior­ mente (16,6%) receberam informações também in­ completas de amigos, vizinhos e familiaes. Devemos ressaltar que as clientes relataram falta de acesso aos serviços de saúde, além da inibição, vergonha e des­ caso sobre o assunto.

Analisando a tabela 03, concluímos que 73.3% das nossas clientes possuem o 1° gau incompleto, seguidas das analfabetas com 13,3%.

Analisando a tabela 04, observamos que das 30

clientes csquisadas, 16 (53.3%) submeteram-se a laqueadura tubáia, sendo que o maior número

encon-Tabela 04

a realiação da laqueadua. constatamos que 26.6% das clientes laqueadas tinham 2 ou 3 filhos.

Estes ados demonstam que 37,5% s clietes laqueas fomam dcião oi, 25.0% foi decisão o ] e 18.75% foi dcisão o mdico. evemos lienar que as clientes que e submetem à laquadua or dcisão pópria, o pceiro esVa de acordo, oém em econto pévio com o mdico.

Na análise da tabela 07, verificamos que 100% das clientes ão assinaram nenhum documento legal para a realiação da laqueadura.

Ao analisar a tabela 08. observamos que apenas 16,6% das clientes não apresentaram alterações isio­ lógicas e 83.4% apresentaram alteações das mais diversas.

Analisando a 1bela 09. obsevamos que 75% dos clientes não apresentaram alteações sexuais seguidas de 18,75% com relato de rigidez.

Na análise da abela O, observamos que 31,25% das clientes já não tinham satisfação sexual e 50'% tinham às vezes.isto anteriormente à laqueadura.

Distribuição das clientes por faixa etária relacionada com a realização da laqueadura.

lAQUEADURA TUBÁRIA

FAIXA ETARIA SIM NAO

F % F %

20 anos 1,0 3,3 0,0 0,0

21 - 30 anos 9,0 30,0 13,0 43,4

31 - 40 anos 5,0 16,7 0,0 0,0

41 - 50 anos 1,0 3,3 0,0 0,0

50 anos 0,0 0 0 1 O 3 3

Total 16,0 53,3 14,0 46,7

Tabela 05

Aspectos das clientes submetidas à laqueadura segundo número de filhos.

NÚMERO DE FilHOS

SIM F

O - 1 0,0

2 - 3 8,0

4 - 5 5,0

6 - 7 2,0

8 1,0

TOTAL 16,0

280 R. Bras. Enferm., Brasíli, 45 (4): 278-284, out./dez. 1992

lAQUEADURA TUBÁRIA JAO

% F

0,0 4,0

26,6 6,0

16,6 3,0

6,6 0,0 3,3 1,0 53,1 14,0

TOTAL

F %

1,0 3,3

22,0 73,4

5,0 16,7

1,0 3,3

1 O 3 3

30,0 100,0

%

13,3 20,0

10,0

0,0

3,3

(4)

Tabela 06

Tabela

1 0

Relação d e quem tomou a decisão pa ra realiza- Distribuião da clientela relacionados com a

sa-ção da laquead u ra . tisfação sexual anterior a laquead u ra .

DECISÃO

F

%

Cliente

6,0

37,50

Casal

4,0

25,00

Médico

3,0

18,75

Cliente por sugestão do médico

1 ,0

6,25

Cliente por sugetão de amiliares e amigos

2,0

12,50

Total

16,0

100,0

Tabela 07

Comprovação lgal para ealização da laqueadura.

HOUVE ASSINATURA DE DOCUMENTO F

%

SIM

0,0

0,0

NÃO

16,0 100,0

Tabela 08

Distribuição da cl ientela com relação às a lteraçõ­ es isiológ icas pós-Iaq uead u ra .

ALTERAÇÕES FISIOLÓGICAS

F

%

Irregularidade menstrual

4,0

16,60

Aumento do fluxo menstrual

4,0 16,60

Diminuição do fluxo menstrual

1 ,0

4,16

Cólias menstruais

4,0

16,60

Aumento de peso

1 ,0

4,16

Perda de peso

1 ,0

4,16

Cefaléia

4,0 16,60

Outros

1 ,0

4,16

Não Apresentam alteraões

4,0 16,60

Total

24,0

-�

100,0

-Tabela 09

Distribu ição d a cl ientela com relação às a lteraçõ­ es sexuais pós-Iaqueadura .

ALTERAÇÕES SEXUAIS

F

%

Aumento do desejo exual

1

1 ,0

6,25

Frigidez

3,0

18,75

Não ocorreram alterações

1 12,0

75,00

Total

1

I

16,0

100,0

SATISFAÇÃO SEXUAL

F

%

SIM

03

18,75

NÃO

05

31 ,25

ÀS VEZES

08 50,00

Total

16.0

100,0

5 DISCUSSÃO

Em pesquisa reali7ada pelo Instituto Brasileiro de Geogaia e Estatística (IBGE), no ano de 1 9876, constatou-se que 1 7% das mulheres brasileiras ente 1 5 e 54 anos que tinham relações sexuais regulamlen­ te estavam ireversivelmente esteriliadas, e que as áreas mais fetadas do país eam os estados do Norte e Nordeste, onde muitas vezes as mulheres chegavam a pedir informações sobre como e onde poderiam ser esteriliadas.

Como nossa pesquisa foi realiada em u ma capi­ al do Nordeste (Aacaju), abrangendo mulhees ente

1 9 e 5 1 anos com vida sexual ativa, os resultados comprovam os dados acima, mostrando que 53,3%

destas mulhees já se encontam esterilizadas, sendo que 30% delas enquadram-se na faixa etária de 2 1 a

30 anos (tabela 4).

Avaliando mais detiamente a questão da inci­ dência de métodos contaceptivos mais utiliados, RAMOS8 airma que em 1 984 a pílula era no Basil o método mais difundido, enquanto BERQUÓ2 vem nos alertar que a esteriliação feminia cresceu muito nos últimos anos, já iualando ou supeando o uso de pílulas anticoncepcionais nos estados do Nordeste.

Veriicamos a veracidade de tal fato quando cons­ tatamos que o pecentual de mulheres laqueadas

(53,3%) foi superior ao de mulheres que utilizavam a pílula contraceptiva (20%), abela 1 .

A maior difusão dos métodos' anticoncepcionais (pílula e laqueadua) entre mulheres com níveis edu­ cacionais e sócio-econômicos mais baixos, onde o confonto da ignoância com as diiculdades inancei­ ras é nitido, deve-se muito à abertura dos meios de comunicação de um modo geal, çomo o vem irmar FUCS6.

A nossa clientela, como era de se esperar, em se ratando de um bairro de periferia, constitui-se princi­ palmente de mulheres com l° gau incompleto

(5)

(73,3%) e analfabe:ls ( 1 3 .1%). Confomle tabela I os métodos mais utilizados foam exatamente a laquea­ dura (53,3%) e o anticoncecional oal (20%), coin­

cidido com a ai1ação anterior do autor (Tabela I

e 3 ) .

Ainda confomle RAMOS8, a laqueadua vem

sendo cada vez mais utilizada pela mulher que já tem de dois a tês ilhos.

Observamos em nossa amostragem que a maior pecentagem de mulheres laqueadas entrevistadas possuíam somente 2 a 3 filhos (26,6%), seguida de 16,6 % dc mulllCrcs co m l a 5 ilhos. (Tabela 5). Como nossa pesquisa foi realiz.ada em uma zona da c ri feri a, com mulheres de baixa renda familiar, nível de esco­ larização pequeno ou nulo, e sem ter tido nenhuma ou quase nenhuma orientação anterior sobre planejamen­ to familiar, não sabemos a relação que estes dados mantêm com outas faixas da opulação que vivem em condições sócio-econômicas e educacionais me­ lhores e para as quais o problema talvez assuma conotações diferentes.

Assim é que este autor, vem ressaltar que quanto melhor for o nível da mulher, mais ela se interessa pelo planejéUllento familiar.

Veriicamos, entre:'lnto, com relação à nossa clientela, com todas as características descritas ante­ riormente, haver muito interesse pelo assunto, no en­ tanto esse interesse não era estimulado por diversos motivos, tais como : a não oferta de infomlações sobre o tema elas unidades de saúde, a inibição frente aos proissionais de saúde na abordagem da questão, o que nos leva a admitir que estes ainda se encontram dis­ tanciados das clientes e de seus problemas, principal­ mente quando estas ertencem às camadas de baixa renda, ainda a falta de acesso à liteatura, algumas vezes devido à pópria condição de analfabetismo, etc. Obsevamos, enretanto, que quando estimuladas ou motivadas a falarem sobre o assunto e colocadas à vontade, na maioia das vezes revelaam problemas ocultos e conlitos que nunca antes tinham sido exte­ ioiados.

Noamos assim que aesar do Progama de Assis­ tência Integral à Saúde a Mulher (PAISM) já ter sido i mplanado há algum tempo e tendo como um das prioidades as atividades de planejamento familiar, gaantido a l ivre opção das pessoas na escolha do método contraceptivo, estas continuam a desconhecer o assunto como mosta a tabela 2, onde 50% nega possuir conhecimento a respeito dos métodos de anti­ cocepção desacando-se aqui o fato de que 53 ,2% das mulheres já se encontraem laqueadas, ao mesmo

282 R. Bras. Enferm., Brasíli, 45 (4) : 278-284, out./dez. 1 992

tempo que 36,6% ila ter recebido info1ações, mas de maeira incompleta por médico, vizinhos e amigos, mostando-se ainda inseguras quanto à utili­ zação dos mesmos.

E é justé11ente desa falta de acesso aos meios

anticoncepcionais, salienta RAMOS8, que um núme­

ro signiicativo de mulhees recore ainda ao aboto.

Quanto à quesão ética, AOKI1 efere que embora a utilização da laqueadura, enquanto método anticon­ cecional venha aumentando em todo o mundo, no Brasil a esteriliação tubária é um ato pevisto no

Código Penal, e a igor só ode ser realiaa se rês

médicos assinarem uma declaação de que a mulher core risco de vida na próxima gravidez. Caso contá­ rio o ciurgião ode ser pocessado por lesão corpoal.

Também RAMOS8 cons idea aniético o modo como a laqueadua vem sendo feita hoje em dia,já que clo Código CiYiI é considerada um delito, não poden­ do ser praticada livremente.

REZEDE9, cita o artigo 52 do Código de Ética Médica, que reza: "a esterilização é condenada, po­ dendo entretanto ser praticaa em casos excepcio­ ais, quando ouver precisa indicação eferendada or mais dois médicos ouvidos em conferência.

Viemos todavia a constatar não haver qualquer assinatua de documentos em nenhum dos casos de laqueadua das mulheres or nós entevistadas con­ fO1e mostra a tabela 7. Na maioria das vezes (62,5%), a decisão do ato partiu da própria mulher ou do casal (tabela 6), e em apenas 1 8,75% dos casos a decisão ou sugestão partiu do médico, não havendo entre:1nto em nenhum dos casos um encontro prévio do casal com um médico para discussão do assunto e maior conscieniação de ambos os cônjuges sobre o ato a ser realizado.

Com relação ao "estar peparada paa a laqueadu­ a" comenta FUCS5 que milena1ente a mulher ab­ sOlveu a noção de que a função primordial da sexua­ lidade no ser humano, como ocorre com as demais espécies animais, é a procriação paa perpetuação da própria esécie, váios fatores contribuindo paa a ixação desta idéia através dos tempos.

(6)

problemas e conflitos os mais divesos como atestam as tabelas 8 e 9'e cujas causas ela desconhece.

FUCS5 evidencia ainda o fato da esteriliação vir a tazer epercussões negativas já que para a eCerida autora, signiica para' a mulher o assumir direta e indisfaçavelmente sua sexualidade ou elo menos sentir�se i nclinada a pensar mais sobre ela. fato para o qual não estava peparada.

Comprovamos tal assetiva quando constatamos em nossa amostagem que 3 1 ,25% das mulheres não expeimentavam satisfação sexual antes da laquedura e 50% delas'só às vezes exerimentavam (tabela 1 O). Aós serem laqueadas, 75% destas mulheres'coni­ miaam da mesma fomla, 1 8.75% apresentaram frigi­ dez e apenas 6.25% referiu aumento do desejo sexual (tabela 9), o que nos levou a concluir que realmente o ato da epodução na maioria das \'ezes não está associado ao prazer sexual.

Desta fonna é que FUCS' nos chama a atenção para a necessidade de educa�ão da população para que esta se liberte dos tabus e associações indevidas que lhes vem sendo incutidos no que se refere a sexo, para que se absorva a noção de que atividade sexual ão tem or função única e primordial a procriação, sendo a ntes de tlIdo, amor, prazer, comunicação, e epodução uma conseqüência a ocorrer quando bem planejaa e desejada.

Por não conseguir separar o exercício da sexuali­ ade a função reprodutiva e sentir-se de alguma fona castada quando submetida à laqueadura ou esteiliação sem preparação, é que DUARTE ( 1 984) aina que para a mulher exercer a livre e consciente opção pelo método que deseje adotar é necessário que eceba i nfonações sobe as vantagens e riscos de cada um deles, que tenha acesso aos mesmos e con­ role médico peiódico. Caso isto não ocorra, continua a autoa, as mulheres acabam sendo induzidas. Assim é que, em nome da defesa do dieito a mulher de ter os ilos que desejar, sem ofeecer a ela os meios para isso é que se acaba induzindo a mulher a fazer laquea­ dua poque não existe diafragma, não existe DIU, nfío se i ncentivam ouros métodos, etc., passando a ser o proissiol de saúde um agente inconsciente ou cons­ ciente ão do planejamento familir, mas do conrole a aalidade, obedecendo a um pograma de objeti­ vos ão explícitos ..

Na ealidade obsevamos o fato de que totalmente ou qase que totalmente despovida de quaisquer esclarecimentos ou orientações a reseito de seu pró­ pio copo, exercendo pouco ou mesmo nenhum con­ trole sobre ele, a questão da epodução sempre foi

para a mulher de classe social mais baixa um poblema relevante fente ao qual ela se sente imotente e perdida quanto à busca de soluções; futo mesmo do sistema econômico e político do qual faz parte, que não lhes oferece melhores condições de sobrevivêcia nem motivações para um prática l ivre e consciente de controle de sua saúde. sexualidade e epodução, o que a faz ver na laqueadura uma solução para ela apaen­ temente fácil e deinitiva paa um poblema complexo e inquietante. Assim é que, após o ato nada mais tendo a questionar em tenos de reprodução passa mais uma vez a icar na obscuridade o que sempe esteve. Mas é a patir daí que a mulher começa a apesentar,sinto­ mas e prqblcmas para os quais ela não tem explicaçõ­ es, passando então a atibui� suas causas ao ato isolado da laqueadua. sem conseguir estabelecer elações ente es�e e seus componentes psicológicos, éticos, morais e religiosos.

Quanto aos sintomas isicos relatados após la­ queadura (tabela 8)� as opiÜões dos autores divergem muito.

AOKI1 airma que depois da ciurgia. a mulher continua menstuando normalmente, ois segundo ele a laqueadura não interfere na produção dos hormônios sexuais femininos, o estrogênio e progesterona, uma vez que eles não passam pelas trompas. ois circulam através da corrente sanguínea.

Também o POPULATION REPORTS7 enfaia não haver evidência de que a esteilização femiina voluntáia cause complicações, não havendo modii­ cações nos ciclos menstuais em conseqüência da esteriliação.

Já BILLINGS3 refere-se a váias desordens gine­ cológicas que ocorrem num númeo signicativo de mulheres, esecialmente a hemorragia excessiva.

Em vista de tais discordâncias e avaliando os resultados por nós encontrados (tabela 8), resta-nos ainda questioar se estes sintomas são cientiicamente eserados ou se são repercussão dos tanstoos e conlitos psicológicos e sociais que acompam a realiação desse ato praticamente deinitivo e ire­ versível.

6

CONCLUSÃO

A laqueadua tubária constitui um problema séio que deve ser analisado e reletido-pelos poissioais da saúde que atuam em saúde pública, especialmente em uma comuidade de peifeia. Os enfemleios no desenvolver de suas atividades no programa de assis­ tência integral à saúde da mulher devem procurar

(7)

evidenciar as queixas que aligem ossa opulação paa enão ter um conhecimento da realidade onde aua e exerce fução de orientador fente à comunida­ de. Este tipo de método anticocepcional é irre­ vesível, caracteristica esta que propicia conflitos fre­ quentes a mulher geando problemas ísicos, psíqui­ cos e mois. Pa o poissional o asecto ético é cucial, tomando por base que o Brasil é um país de j oves e esta técnica pode ser consideada uma solu­ ção hoje e com certea um problema manhã.

A questão social é gritante e leva muitas vezes a mulher a procuar o poissional de saúde na sua maioia, popondo esta solução. Cabe ao proissional avaliar a situação e procuar soluções coeentes e adequadas, levando à comunidade os conhecimentos

sobre os métodos contraceptivos, relacionando vant.1-gens e desvantavant.1-gens paa que o casal possa optar com consciência sobe o método que deseja utilizar.

Dando êfase ao poblema sócio-econômico de nosso país. compeendemos que junto com medidas de planejamento familiar, faz necessário que se es.1-beleçam paralelamente medidas gerais de planeja­ mento de vida tais como : habitação. saneamento bá­ sico, educação, creches. salários dignos. etc.

Em relação ao desenvolvimento do tabalho, i­ cou evidenciado que a comunidade passou a procuar com feqüência o seviço, cobrando do mesmo a sua continuidade, valoriando desta fomla o trabalho que tentamos implementar.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AOKI, Tsutomu. Laqueadura. Tudo sobre A nticoncepção . Edição única, 3' reimpressão, julho 1 987.

2 BERQUÓ, Elza. Controle da Natalidade x Planejamento Fa­

miliar. Revista Brasileira de Clínica Teraêutica. Ano XIII, nO 5, maio 1 984.

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4 DUARTE, Albetina. Um direito de todo casal. Revista Brasi­

leira de Clínica Terapêutica. Ano XIII, nO 5, maio 1 984.

284

R. Bras. Enferm., Brsíli, 45 (4) : 278-284, out./dez. 1992

5 FUCS, Gilda Bacal. Inluência da anticonccpção na vida se­ xual do casal. Senecta. Ano 4, vol. 4, nOI , 1 9 8 1 .

6 FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ. Esteri lização no Brasil preocupa. Súmula. Ano V, São Paulo, 1 987.

7 POPU LATION REPORTS . Esterilização Feminina. Série C, nO 9, U S A, 1 986.

8 RAMOS, LaudeIíno. Um direito de todo casal. Revista Brasi­ leira de Clínica Terapêutica Ano XIII, nO 5, maio 1 984. 9 REZENDE, Jorge. Obstetrícia Fundamental J' ed. Rio de

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Tabela 03  trava-se na faixa etária de 21 a 30 anos  (30%)  Distribuião  da clientela  por nível  de escolaridade

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