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Dor na criança desnutrida: percepção da mãe.

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Página do Est udant e

DOR NA CRI ANÇA DESNUTRI DA: PERCEPÇÃO DA MÃE

1

Lar issa Coelh o Bar bosa2

Mar iana Cav alcant e Mar t ins2

Vanessa Aghat a Guim ar ães da Silv a2

Qu it ér ia Clar ice Magalh ães Car v alh o2

Barbosa LC, Mart ins MC, Silva VAG, Carvalho QCM. Dor na criança desnut rida: percepção da m ãe. Rev Lat ino-am Enferm agem 2005 j ulho- agost o; 13( 4) : 596- 8.

O ob j et iv o f oi id en t if icar a p er cep ção d a m ãe q u an t o a d or n o seu f ilh o d esn u t r id o. Pesq u isa d e

n at u r eza qu alit at iv a, u t ilizan do en t r ev ist as sem i- est r u t u r adas n o I n st it u t o de Pr ev en ção à Desn u t r ição e a

Ex cep cion alid ad e - I PREDE ( For t aleza- Cear á) . As in f or m an t es f or am m ães q u e acom p an h av am seu s f ilh os

desnut r idos. De acor do com a análise sur gir am as cat egor ias: Busca à I nst it uição; Descr ição da dor e Com o

cuidar da dor . Conclui- se, a necessidade de um t r abalho da sociedade, r espeit ando os dir eit os do cidadão e

sua cult ur a, com o int uit o de r ever t er a dor na cr iança desnut r ida.

DESCRI TORES: cr iança; desnut r ição; dor ; em pat ia

PAI N I N UNDENOURI SHED CHI LDREN: THE MOTHER’S PERCEPTI ON

This qualit at iv e st udy aim ed t o ident ify how m ot her s per ceiv e pain in t heir under nour ished childr en.

Sem ist r uct ur ed int er view s w er e r ealized at t he I nst it ut e for t he Pr event ion of Malnut r it ion and Except ionalit y

-I PREDE ( For t aleza- Cear á- Br azil) . Par t icipant s w er e m ot her s w ho accom panied t heir under nour ished childr en.

Dat a analy sis r ev ealed t he follow ing cat egor ies: Com ing t o t he I nst it ut ion; Pain descr ipt ion and How t o t ak e

care of t he pain. Societ y needs t o t ake act ions, in respect of cit izens’ right s and cult ure, wit h a view t o revert ing

t his pict ur e of pain in under nour ished childr en.

DESCRI PTORS: child; m alnut r it ion; pain; em pat hy

DOLOR EN EL NI ÑO MALNUTRI DO: PERCEPCI ÓN DE LA MADRE

El obj et ivo de esa invest igación cualit at iva era ident ificar la opinión de m adres respect o al dolor de su

hij o m alnut rido. Se realizó ent r evist as sem iest ruct uradas en el I nst it ut o para la Prevención a la Desnut rición y

Ex cepcion alidad - I PREDE ( For t aleza- Cear á- Br asil) . Los par t icipan t es fu er on las m adr es qu e acom pañ aban a

sus hij os m alnut r idos. El análisis r ev eló las siguient es cat egor ías: Búsqueda de la inst it ución; Descr ipción del

dolor y Cóm o cuidar del dolor. Se concluye que es necesario un t rabaj o de la sociedad, respet ando los derechos

del ciudadano y su cult ur a, con obj et o de r ever t ir el dolor del niño m alnut r ido.

DESCRI PTORES: niño; desnut r ición; dolor ; em pat ía

1 Trabalho extraído do Proj eto de Pesquisa “ Desnutrição I nfantil: educação e prevenção através da Fam ília”, financiado pela Fundação Cearense de Apoio

ao Desenvolvim ento Científico e Tecnológico - FUNCAP/ MS, Orientado pela Profª Drª Mirna Albuquerque Frota - Professor Associado da Universidade de

Fortaleza, e- m ail: m irnafrota@unifor.br; 2 Aluna do Curso de Graduação em Enferm agem da Universidade de Fort aleza, Bolsist a do Proj et o Desnut rição

infant il: educação e prevenção at ravés da fam ília, e- m ail: laracbarbosa@hot m ail.com .

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I NTRODUÇÃO

A

desnut rição corresponde, de m odo geral, a um a pat ogenia de car ência da ingest ão calór ico-p r o t é i ca , se n d o u m e st a d o cr ô n i co , n o q u a l o or ganism o apr esent a um a desaceler ação, podendo t er um a int er r upção de um a ev olução nor m al com prej uízos bioquím icos e funcional( 1). Ainda é bast ant e cr escen t e o n ú m er o d e cr ian ças d esn u t r id as, n os países desenvolvidos, 4% das crianças nascem com baixo peso, enquanto que nos países pobres 90% do t ot al de 24 m ilhões de nascidos v iv os anualm ent e são desnut ridos( 2- 3).

Al g u n s ca so s d e cr i a n ça s d e sn u t r i d a s apresent am m anifest ações psíquicas, com depressão m ent al, um a cer t a apat ia, ir r it abilidade, acont ecem d e m o r d e r e m o s p u n h o s. Po d e n d o a p r e se n t a r ausência de edem a, possuem alt er ações no cabelo, f i ca n d o est es seco s q u eb r a d i ço s, o p a co s, f i n o s, descolor ados, deix ando de cr escer nat ur alm ent e( 4).

Observando alguns quadros clínicos, percebeu- se que a l g u m a s cr i a n ça s, e st a n d o d e sn u t r i d a s, n ã o dem on st r av am in t er esse em in t er agir com ou t r as cr ianças, algum as at é o alim ent o não er a r azão de alegr ia.

É válido ressalt ar, que durant e m uit o t em po, pensava- se que os recém - nascidos não sent iam dor da m esm a for m a que as cr ianças m ais velhas e os adult os sent em , por t erem o sist em a nervoso cent ral im at ur o, além de não t er em o m esm o t ipo de dor severa ou crônica com o os adultos. Essas concepções m u d ar am e, at u alm en t e, sab e se q u e os r ecém -n a sci d o s e cr i a -n ça s se -n t e m d o r( 5 ). Os ce n t r o s

cerebrais vit ais est ão desenvolvidos o suficient e, at é m esm o no neonat o im at ur o, par a m ant er a função do sist em a ner v oso cent r al. Mas, em qualquer que sej a a sit u ação, a dor é m ais do qu e u m sim ples processo neurofisiológico, havendo a int erferência de fat ores sociais, psicológicos e cult urais( 6).

Quando a criança encont rava- se no I nst it ut o de Prevenção à Desnut rição e a Excepcionalidade – I PRED E, e r a co n st a t a d o q u e o cu i d a d o d e En f er m ag em n ão p od ia est ar r est r it o som en t e à procedim ent os t écnicos, m as t am bém à necessidade de se m anter um elo entre a prática e o conhecim ento científico dos m esm os, sendo fundam ental a presença do enfer m eir o na hor a do cuidar, assim com o nas prát icas de Educação em Saúde com essas fam ílias que se encontram em situações de desnutrição e dor. Assim , o est u d o t ev e com o ob j et iv o id en t if icar a percepção da m ãe quant o a dor do filho desnut rido.

METODOLOGI A

Pe sq u i sa d o t i p o e x p l o r a t ó r i a / d e scr i t i v a desenvolvida no Set or de I nt ernam ent o do I nst it ut o de Prevenção à Desnut rição e a Excepcionalidade – I PRED E e m Fo r t a l e za - CE, d u r a n t e a s o f i ci n a s educativas do Proj eto “ Desnutrição I nfantil: educando e p r ev en in d o at r av és d a f am ília”, f in an ciad o p ela FUNCAP- CE. As inform ant es foram 15 ( quinze) m ães que acom panhavam seus filhos desnut ridos, sendo a par t icipação fam iliar im por t ant e dur ant e o cuidado com a cr iança, j á que se m ost r a segur a diant e de seus parentes ( 7). A coleta e análise dos dados foram

r ealizadas segu in do o m odelo OPR ( Obser v ação – Participação – Reflexão) , em que durante a coleta as falas das infor m ant es er am r edigidas por um a das b o l si st a s n o m o m e n t o d a o f i ci n a . As q u e st õ e s norteadoras que guiaram as entrevistas foram : O que levou você a procurar a I nst it uição? Seu filho sent ia dor? Com o você det ect ava a dor? O que você fazia para reduzir a dor? Os aspect os ét icos da pesquisa for am r espeit ados, con for m e a Resolu ção 1 9 6 / 9 6 , com a garantia do anonim ato das inform antes, assim co m o f o i a p r o v a d o p e l o Co m i t ê d e Ét i ca d a Universidade de Fort aleza - UNI FOR.

RESULTADOS E COMENTÁRI OS

At r av és da descr ição e docu m en t ação das f a l a s d a s i n f o r m a n t e s f o i p o ssív e l d e sco b r i r a sat u r ação de idéias e os sign ificados sim ilar es ou d i f e r e n t e s, su r g i n d o a s ca t e g o r i a s: B u s c a à I nst it uiçã o; D e scr içã o da dor e Com o cuida r da

dor.

Com pr eende- se que as m ães b u sca v a m à I n s t i t u i ç ã o, e m u m e st á g i o a v a n ça d o d a desnutrição, orientadas por agentes de saúde, ou por not arem “ a barriga do filho aum ent ada”, ou porque a cr i a n ça r e f e r i a d o r a b d o m i n a l , t a m b é m e r a m en cam i n h ad as p o r ser v i ço s d e saú d e, j á q u e as crianças apresent avam pat ologias com o: pneum onia, g r i p e , e p a r a si t o se . Assi m co m o e r a co m u m a p a r t i ci p a çã o d a co m u n i d a d e ( v i zi n h a s, a m i g a s, com adres) e at é m esm o por em issoras de t elevisão.

O agent e de saúde foi lá em casa e viu que ela t ossia m uit o e podia

t á com pneum onia. Mandou que eu fosse para o hospit al. Aí ela

t om ou os rem édios e m andaram vir pra cá, porque ela est ava

m uit o desnut rida. ( E3) . Fui na Jangadeiro ( Em issora de t elevisão)

pra arranj ar leit e pra ele, porque era m uit o caro. Aí eles m e

t rouxeram pra cá. No prim eiro dia aqui no I PREDE, a m édica viu

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que ele t ava geladinho, aí fez o exam e e viu que ele t ava com

problem a no sangue. ( E5).

As m ã e s n a d e s c r i ç ã o d a d o r

dem onst r ar am desconhecim ent o do sur gim ent o da dor pela cr iança e r ev elar a ficar confusas sobr e o que fazer para am enizar o sofrim ento do filho. E com isso realizam diversas prát icas de cuidados, algum as vezes com prom etendo o estado geral da criança, sem que pudessem per ceber essa r ealidade, haj a v ist o que sua busca constante é pela recuperação da saúde do filho. ( ...) Ela t inha a barriga inchada, não podia nem t ocar

que ela chorava, t inha m uit a dificuldade de fazer cocô. ( E2) . Ela

apont ava pra barriga e dizia: dói m am ãe, dói. Quando eu ia dá

com ida, ela não queria com er porque t inha m edo da dor. ( E4) . Ela

chorava m uit o e colocava a m ão na barriga, ela não pode m am ar,

quando eu t ent ava dá o leit e e a m assa ela t inha diarréia. ( E3). Com esses relatos, notam os que em situações de infortúnio ( dor) gera- se sentim ento de insegurança e de ansiedade na criança e na fam ília, fazendo com qu e se per gu n t em o qu e acon t eceu , o por qu ê do acont ecido, se r ealm ent e é per igoso. Out r as m ães p er ceb em q u e su as cr i an ças est ão co m d o r p o r dem onst rarem at ravés de gest os, expressões faciais, choro e até m esm o algum as palavras. “ dói m am ãe, dói..” É v álido r essalt ar, que as m ães por t er em d if icu ld ad e em ad q u ir ir o alim en t o d o f ilh o e at é m esm o o sustento da fam ília, revelavam a associação do choro com a fom e. Cont udo, sabem os que dent re as cau sas m ai s co m u n s d e ch o r o n o s p r i m ei r o s m eses, pode ser relacionada a fom e, sendo que, em sit uação de saúde a cr iança am am ent ada na hor a cert a, dificilm ent e chora ent re as m am adas( 1).

De acordo com as falas das m ães, foi possível p er ceb er o v alor cu lt u r al ex ist en t e em cad a at o realizado, a fim de cuidar da dor do filho. Verificam os t am bém a ut ilização de produt os nat urais com o: chá de cebola branca, chá de erva- doce, água de coco, m ingau de arroizina Eu dava m ingau de arroizina. A vizinha

ensinou dar chá de casca de laranj a, m as não adiant ava nada.

( E2) . Eu fazia com pressa de água quent e na barriguinha, dava

água de coco, chá de erva- doce, soro caseiro, aquele com água e

açúcar, e quando não resolvia dava Luft al. ( E3) . Quando ele t ava

com dor eu dava Buscopan, e às vezes chá de casca de laranj a.

( E4).

Percebem os a ut ilização de m edicações sem p r escr i çã o f a zen d o u so d est es p o r i n d i ca çã o d e am igas, vizinhas e at é m esm o o que est ivesse m ais d i sp o n ív e l n o d o m i cíl i o . Te n d o co m o e x e m p l o Bu sco p a n , Lu f t a l , p o r é m i n f o r m a r a m a n ã o r esolut ividade do pr oblem a.

CONSI DERAÇÕES FI NAI S

Dian t e d o ex p ost o, f oi ob ser v ad o q u e as inform ant es desconhecem as causas e conseqüências da desnut rição infant il, j á que a dor da criança era m ascarada por pat ologias decorrent es. Ent ret ant o, a sit uação socio- econôm ica é de gr ande im por t ância, j á que as m ães ut ilizav am o que er a disponív el na in t en ção de aliv iar a dor do f ilh o, assim com o os v alor es cult ur ais e o m odo de v ida t am bém for am expressos com o opção de cura de enferm idades.

Por t an t o, p er ceb e- se q u e a m ãe b u sca a I nst it uição por div er sos m ot iv os com o: o aum ent o da barriga do filho, a dor abdom inal da criança, por out r as pat ologias e, indir et am ent e por out r as v ias ( t elevisão, serviço de saúde, vizinhos) . Ent ret ant o, é nesse m om ent o que se t orna im prescindível a ação d o p r of ission al d e saú d e com o u m ser ed u cad or, resgat ando o respeit o as crenças e valores cult urais, j á que não som ente os profissionais, m as os cidadãos, parecem est ar “ acost um ados” com a sit uação devido as report agens e not iciários, t ornando- se indiferent es a realidade do país. Porém , para se discutir a cultura d a p o p u l a çã o é p r e ci so u t i l i za r u m a e d u ca çã o libertadora, j untam ente, com a participação da fam ília, report ando- se a visão de m undo de cada m em bro.

REFERÊNCI AS BI BLI OGRÁFI CAS

1. Carneiro A Filho.Vencendo a dor. Rio de Janeiro ( RJ) : José Oly m pio; 1 9 8 8 .

2. Frot a MA, Barroso GT. Desnut rição infant il na fam ília: causa obscur a. Sobr al ( CE) : UVA; 2003.

3 . Bat i st a M Fi l h o. Al i m en t ação, Nu t r i ção e Saú d e. I n : Rouquay r ol MZ, Naom ar AF. Epidem iologia e Saúde. 5ª ed. Rio de Janeiro ( RJ) : MEDSI ; 1999.

4. Marcondes E, organizador. Desnut rição. São Paulo ( SP) : Sar v ier ; 1976.

5. Christ offel MM, Sant os R da S. A dor no recém - nascido e n a cr ian ça. Rev Br as En f er m ag em 2 0 0 1 j an eir o/ m ar ço; 5 4 ( 1 ) : 2 7 - 3 3 .

6. Helm an CG. Cult ura, saúde e doença. 2ª ed. Port o Alegre ( RS) : Ar t es Médicas; 1994.

7 . Collet NR. Cr ian ça h osp it alizad a: m ãe e en f er m ag em com part ilhando o cuidado. Rev Lat ino- am Enferm agem 2004 m ar ço/ abr il; 12( 2) : 191- 7.

Recebido em : 10.2.2005 Aprovado em : 11.7.2005

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