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As demonstrações financeiras em US GAAP tomadas como instrumento gerencial da CST: um estudo de caso

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Academic year: 2017

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CENTRO DE FORMAÇÃO ACADÊMICA E PESQUISA CURSO DE MESTRADO EXECUTIVO

AS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS EM US GAAP TOMADAS COMO INSTRUMENTO GERENCIAL DA CST: UM ESTUDO DE CASO

DISSERTAÇÃO APRESENTADA À ESCOLA BRASILEIRA DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE MESTRE

MIL TON VIEIRA RIBEIRO

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CENTRO DE FORMAÇÃO ACADÊMICA E PESQUISA CURSO DE MESTRADO EXECUTIVO

AS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS EM US GAAP TOMADAS COMO INSTRUMENTO GERENCIAL DA CST: UM ESTUDO DE CASO

DISSERTAÇÃO APRESENTADA À ESCOLA BRASILEIRA DE ADMINISTRAÇÃO PUBLICA PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE MESTRE

MIL TON VIEIRA RIBEIRO

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CENTRO DE FORMAÇÃO ACADÊMICA E PESQUISA

CURSO DE MESTRADO EXECUTIVO

TÍTULO

AS DEMONSTRAÇOES FINANCEIRAS EM US GAAP TOMADAS COMO

INSTRUMENTO GERENCIAL DA CST: UM ESTUDO DE CASO

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO APRESENTADA POR:

MILTON VIEIRA RIBEIRO

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V

SÉ CARLOS

ARDI~HA

Ph.D EM AD NÍSTRAÇAO

Ph.D EM BUSINESS ADMI

lOÃOM

INONIO A EIRO CAR EIRO

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Ao concluir este trabalho, quero agradecer às pessoas e/ou entidades que contribuíram para a sua viabilização, com destaque para àqueles citados a seguir.

• A FGVIEBAP, representada pelos seus coordenadores, professores e pessoal administrativo e de modo especial, ao professor Dr. José Carlos Sardinha, cujas orientações me direcionaram para o caminho mais racional no tratamento da informação. Aos professores Istvan Karoly Kasznar e João Marinonio Carneiro agradeço a boa vontade em participar da banca examinadora e também pelas observações que contribuíram para melhorar o nível do trabalho final.

• Aos colegas de curso pelo alto nível de colaboração durante o periodo que estivemos juntos e que se constituiu no pilar mais sólido de sustentação desta caminhada.

• A Cia Siderúrgica de Tubarão, representada por seus gerentes e analistas, principalmente Adilson Martinelli, Vitalino Flávio Abreu de Araújo, Ciro Abreu, Beatriz Santos Neves Fadlalah, José Rouberto Bernardo, Brandiano Costa Pena, Raquel Pittella Cançado, Alessandra Cristina Costa, Carlos Riggo Peixoto e Rosalvo Marcos Trazzi, pela boa vontade demonstrada na disponibilização das informações e nas discussões sobre o assunto .

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A finalidade desta pesquisa é avaliar as demonstrações financeiras da CST preparadas de acordo com os princípios contábeis geralmente aceitos nos Estados Unidos, como um instrumento de tomada de decisões, pela administração da CST, ao invés dos demonstrativos preparados de acordo com os princípios contábeis geralmente aceitos no Brasil.

Como estudo de caso da CST, os seus relatórios financeiros, incluindo demonstrações financeiras, relatórios de administração, press release, e outros, relacionados ao periodo de 1994 a 2000, constituem a base desta pesquisa. As informações de tais documentos foram comparadas e analisadas.

Também, foi necessário pesqUIsar sobre as principais regras contábeis do Brasil e dos Estados Unidos que afetam o resultado deste estudo. Alguns livros sobre contabilidade e finanças de ambos os paises, Brasil e Estados Unidos, foram também usados como uma base conceitual.

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The purpose of this research is to evaIuate the financiaI statements prepared in accordance with United States Generally Accepted PrincipIes as a decision making instrument, by CST's administration, instead of the financial statements prepared according to the Brazilian Generally Accepted Accounting PrincipIes.

As a study of CST's case, its financiai reports, including financiai statements, administration reports, press release and others, reIated to the period from 1994 to 2000, are the basis of this research. The information of such documents were compared and anaIyzed.

Also, it was necessary to research about the main accounting rules from Brazilian and American accounting, that can atfect the result of this study. Some financiai and accounting' s books from both countries, Brazil and United States, were used as a conceptual basis too.

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1 1.1 1.2 1.2.1 1.2.2 1.3 1.4 2 2.1 2.2 2.3 2.3.1

CAPÍTULO 1: O PROBLEMA Introdução

Objetivos

Objetivo principal

Objetivos Intermediários Delimitação do Estudo Relevância do Estudo

CAPÍTULO 2: REFERENCIAL TEÓRICO Breve histórico da contabilidade

A Contabilidade no Brasil

A contabilidade em US GAAP por empresas de fora dos Estados Unidos Breve histórico e características da contabilidade em US GAAP

7 7 8 8 8 9 9 10 10 13 19 19 2.3.2 Finalidades da contabilidade em US GAAP para empresas não americanas 22 2.3.3 2.4 2.4.1 2.4.2 2.5 2.5.1 2.5.2 2.5.3 2.5.4

Finalidades da contabilidade em US GAAP para empresas brasileiras Elaboração da contabilidade em US GAAP

Processo de conversão das demonstrações locais para dólar Ajustes devido a diferenças de aplicação de princípios contábeis A contabilidade vista numa ótica gerencial

Visão geral

Demonstrações contábeis

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3.2 Universo e amostra 56

3.3 Seleção dos sujeitos 57

3.4 Coleta de dados 57

3.5 Tratamento dos dados 57

3.6 Limitação do método 59

4 CAPÍTULO 4: ANÁLISE DOS RESULTADOS 61

4.1 Introdução 61

4.2 A empresa em estudo: CST 62

4.2.1 Controle acionário 62

4.2.2 Instalações industriais 64

4.2.3 Posição no mercado 65

4.2.4 Gestão financeira 67

4.2.4.1 Recursos de terceiros 67

4.2.4.1.1 Financiamento de capital de giro 67

4.2.4.1.2 Financiamento de longo prazo 68

4.2.4.2 Recursos próprios 74

4.2.5 Política de investimento 75

4.3 Demonstrações financeiras 79

4.3.1 Histórico da contabilidade na CST 79

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4.4.2 Natureza das informações 99

4.4.2.1 Balanço patrimonial: informações relevantes 99

4.4.2.2 Resultado econômico: informações relevantes 108

4.4.2.3 Índices financeiros 114

4.5 Resumo das análises 129

5 CONCLUSÃO 135

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Os relatórios contábeis constituem-se na principal fonte para análise da gestão empresarial. É com base em seus números e suas informações que se consegue avaliar a situação atual das empresas e também criar expectativas futuras, através de sua associação com os fenômenos macroeconômicos, principalmente aqueles ligados ao setor em que atuam.

É imprescindível que a administração de uma empresa conte com relatórios contábeis que, além serem disponibilizados de forma ágil e confiável, também retratem a sua realidade para fins de tomada de decisões. Neste sentido, retratar a realidade da empresa significa gerar informações alinhadas com os seus negócios, seus compromissos, suas oportunidades/ameaças e cujos números sejam um referencial comum às suas áreas de interesse.

Dentro deste raciocínio, quando usamos uma moeda que esteja continuamente sendo depreciada, pela sua exposição à inflação e/ou desvalorizações cambiais, todo o processo de análise e tomada de decisões fica comprometido. Foi o que aconteceu com a contabilidade societária brasileira que, durante décadas, apresentou informações distorcidas em razão dos efeitos inflacionários. Tais distorções só começaram a diminuir a partir da estabilização da economia brasileira que, iniciada em julho de 1994, evoluiu gradualmente debelando o processo inflacionário e tomando a moeda brasileira uma referência confiável nas comparações de preços.

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correção monetária integral, em 1996. Não obstante a quebra do processo inflacionário galopante, as taxas de inflação mesmo baixas ainda geram uma defasagem significativa no valor real dos ativos das empresas, quando considerados de acordo com as regras da Contabilidade Societária.

Outro aspecto relevante é a situação do càmbio. A política cambial praticada pelo Banco Central do Brasil até janeiro de 1999 fez com que, no período de junho de 1994 a Janeiro de 1999, essas taxas evoluíssem muito abaixo da inflação do mesmo período. A liberação do câmbio em 14 de janeiro de 1999 provocou variações muito bruscas na paridade cambial, levando o Real a uma maxi-desvalorizaçào frente ao dólar americano. A moeda brasileira que foi cotada a R$I,20IUS$1 em 31/12/98 chegou a superar os R$2,OOIUS$1, no chamado efeito over-shooting, uma exacerbação do preço da moeda americana.

Como conseqüência desse fato, os balanços e resultados das empresas brasileiras, apurados em Reais e segundo os princípios contábeis geralmente aceitos no Brasil, sofreram variações bruscas e substanciais, durante o ano de 1999, na proporção direta de sua dependência externa (ativos e passivos denominados em dólar), em razão de serem contabilizados em regime de competência.

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problema que na ótica gerencial não parece existir. Outro ponto de distorção das demonstrações contábeis societárias, em Reais, em situações como estas, é o tratamento dos ativos e passivos não monetários (estoques, adiantamentos a fornecedores, imobilizado, adiantamento de clientes etc). Empresas que trabalham com insumos cujos preços são denominados ou equivalentes a dólar e contabilizados em Reais, num momento de flutuação no câmbio, perdem o seu referencial de valor de tais ativos em estoque. Isto porque os valores em Reais, quando convertidos para dólar, à taxa corrente, mostram um valor muito distante daquele necessano à reposição do mesmo estoque; conseqüentemente, um efeito irreal também será mostrado no custo dos produtos. Outro item não monetário que fica distorcido é o imobilizado em Reais, quando convertido para dólar à taxa corrente. Isto pode ser visto sob dois aspectos: i) no caso de reposição é mais provável que os preços se aproximem muito mais do seu valor original em dólar do que dos preços em Reais convertidos para dólar, à taxa corrente. ii) a capacidade daquele imobilizado de gerar receita em dólar não se alterou; mantidos os preços internacionais, produzirá o mesmo faturamento em dólar. Além disso, a exemplo dos estoques, os números da contabilidade societária levam também a uma distorção no valor da depreciação debitada no custo de produção. Por via de conseqüência, o patrimônio líquido sofre uma alteração em seu valor em dólar sem que a empresa, a rigor, tenha alterado o seu valor, visto que a sua capacidade de geração de caixa permaneceu a mesma. Ou seja, o valor da empresa não deveria sofrer alterações substanciais, ainda que fatos temporários, ligados à incerteza e à própria dinâmica do mercado, criem expectativas diferentes.

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A Companhia Siderúrgica de Tubarão, constituída em 1976 a partir de uma associação entre a então holding da siderurgia brasileira "Siderbrás", grupos de empresas japonesas lideradas pela Kawasaki e Italianas lideradas pela Finsider e que, hoje tem o seu controle compartilhado entre a Cia Vale do Rio Doce - CVRD, California Steel lndustry - CSI, Aços Planos do Sul (Acesita e Usinor) e Kawasaki Steel Corporation - KSC, é uma empresa voltada para o mercado externo, sendo a quinta maior exportadora do Brasil, com mais de 95% de sua receita de vendas em dólares americanos. A matéria prima de maior peso em suas compras é o carvão mineral, totalmente importado e negociado em dólares americanos. Em segundo lugar, está o minério de ferro que, embora adquirido no mercado interno, tem como referência o preço internacional, o que significa desembolsos em equivalentes a dólar. O ativo imobilizado é constituído de instalações, máquinas e equipamentos, em sua maioria importados ou adquiridos no mercado doméstico, mas com uma referência de preços internacionais, tendo em vista a origem dos seus componentes. Quanto ao seu passivo, podemos afirmar que aproximadamente 90% do endividamento (curto e longo prazos) são denominados em dólares americanos (financiamento de matéria prima, cambiais de exportação, sucuritização de recebíveis, suppliers, etc). Além disso, considerando que um percentual expressivo de seu capital origina-se de empresas de outros países (Kawasaki e U sinor) , as expectativas de rentabilidade também ficam melhor entendidas com o uso do dólar como referência.

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e os SOClOS estavam restritos aos grupos que a haviam constituído e que, eram representados pelos principais executivos da empresa, o sistema podia ser bem entendido e aceito, embora com finalidades restritas. Entretanto, os relatórios gerenciais assim produzidos, por não estarem suportados por normas contábeis aceitas nem no Brasil nem em outros países e, por via de conseqüência, sem o conforto do parecer de uma auditoria independente, nào tinham valor oficial junto ao público externo (investidores, mercado financeiro, órgãos de proteção ao Comércio, etc).

Em 1992, a CST foi privatizada e os novos controladores (principalmente os Bancos Bozano Simonsen e o Unibanco) passaram a orientá-Ia para uma política financeira agressiva tanto na captação de recursos como na aplicaçào dos seus excedentes de caixa no mercado financeiro. Isto aliado à sua abertura de capital, ocorrida em 1993, levou a uma mudança de postura no relacionamento com o público externo, principalmente investidores e potenciais investidores o que obrigou os seus Administradores a buscar formas mais adequadas de construir as suas informações contábeis e gerenciais

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Até recentemente, essas demonstrações financeiras estavam restritas ao uso interno da CST e de alguns controladores com presença no mercado externo. Na divulgação do Relatório de Administração de 1999, a CST decidiu incluir também as demonstrações financeiras em US GAAP. Uma versão em português de tais demonstrações financeiras foi encaminhada também à CVM (Comissão de Valores Mobiliários).

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CAPÍTULO 1 - O PROBLEMA

1.1 - Introdução

Paralelamente ao cumprimento dos aspectos legais e/ou estatutários, os relatórios contábeis constituem-se numa ferramenta de gestão empresarial da maior importància. Associados a outras informações de caráter gerencial, permitem aos administradores o monitoramento da saúde financeira das empresas. Entretanto, numa conjuntura inflacionária e/ou de variações cambiais significativas, dependendo do grau de exposição à inflação e ao càmbio, as informações oriundas da contabilidade oficial podem apresentar-se distorcidas para fins gerenciais, tomando-apresentar-se portanto, inadequadas às tomadas de decisões.

Assim, é importante que a contabilidade gerencial esteja em linha com a realidade da empresa. Isso conduz à idéia de se ter uma apuração extra-contábil, que contemple as suas demandas específicas, o que, entretanto, traria limitações em termos de publicação, por não estar amparada em normas contábeis oficiais e, em conseqüência, sem parecer de Auditores Independentes; daí só teria aplicações no àmbito interno da empresa.

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1.2- Objetivos

1.2.1-Objetivo Principal

Analisar as vantagens e desvantagens do uso de indicadores econômico-financeiros, calculados com base na contabilidade em US GAAP, para fins gerenciais, em comparação com aqueles calculados a partir da Contabilidade Societária brasileira.

1.2.2-Objetivos Intermediários

• Pesquisar a base teórica que fundamenta a contabilidade societária brasileira e a contabilidade segundo a normas dos Estados Unidos da América, naquilo em que as diferenças de critérios possam trazer influência e explicar as possíveis diferenças dos resultados obtidos entre as duas configurações contábeis.

• Calcular os índices solvência, atividade, endividamento e rentabilidade, considerando como base as demonstrações financeiras: i) de acordo com a Legislação Societária ii) de acordo com US GAAP.

• Analisar comparativamente os índices obtidos a partir da Legislação Societária e a partir dos US GAAP, para todos os periodos.

• Medir e avaliar as diferenças entre os valores, segregando os efeitos cambiais daqueles relativos às diferenças de princípios contábeis. Processar uma reconciliação.

(18)

1.3- Delimitação do Estudo

Uma análise de maior amplitude sobre o tema teria tomado este trabalho muito extenso e complexo e correria o risco de haver uma dispersão das idéias, fugindo do objetivo proposto. Assim, o que se pretendeu foi limitar o presente estudo à comparação entre os índices calculados a partir das demonstrações financeiras apuradas de acordo com a Legislação Societária e aqueles índices calculados a partir das demonstrações financeiras em US GAAP, analisando a coerência e aplicabilidade dos números contábeis financeiros em ambas as configurações, como ferramenta para a gestão da empresa.

1.4 - Relevância do Estudo

A Contabilidade é um instrumento utilizado pela administração da empresa como base para tomada de decisões e é também uma ferramenta de análise para o público externo (investidores e potenciais investidores, fornecedores, clientes, instituições financeiras etc) que baliza as relações entre essas partes.

Num mercado globalizado, as operações financeiras externas são uma condição essencial para a competitividade. Essas operações tomam-se mais fáceis e menos onerosas se a empresa conseguir mostrar que as suas demonstrações financeiras estão apoiadas numa base contábil confiável em termos de procedimentos e coerente em termos dos referenciais utilizados.

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CAPÍTULO 2 - REFERENCIAL TEÓRICO 2.1 - Breve Histórico da Contabilidade

Apesar da imprecisão dos registros históricos sobre o assunto, sabe-se que as origens da contabilidade remontam muitos milênios. Paula Leite (1990: 18) afirma que aproximadamente dois mil anos antes da era cristã, os chineses já utilizavam sistemas de registro contábeis, orçamentos e auditoria para administrar as atividades do governo. Segundo o mesmo autor, sistemas semelhantes também foram usados no Egito e na Grécia para controlar a administração pública. Há também indícios de utilização dos métodos de "partidas dobradas" pelos romanos.

Paula Leite ( 1990: 18) enfatiza que na idade média as negociações de vulto eram conduzidas pelos bancos que dispunham de sistemas completos de registros contábeis que culminaram na produção do método das "partidas dobradas" que hoje é base da contabilidade.

Embora existam evidências históricas da utilização do método das partidas dobradas nos séculos XIII e XIV em Florença e Gênova, respectivamente, só no final do século XV foi escrito o primeiro livro sobre o assunto. Coube ao frade franciscano Luca Pacioli, em 1494, escrever o livro intitulado Suma de Arithmetica Proportioni et Proportionalità,

onde foi reservado um capítulo para descrição do método das "partidas dobradas", como um sistema já usado em Veneza, desde o século XlV. Para Hendriksen e Van Breda (1999:39)

(20)

o

método das "partidas dobradas" consiste em registrar as transações, decompondo-as em

dois elementos básicos: o crédito que é a origem dos recursos e o débito que é aplicação dos recursos. Paula Leite (1999: 19) enfatiza a importància do método das partidas dobradas assim:

"É importante observar que apesar de sua simplicidade, o método das partidas dobradas foi uma das mais geniais e úteis descobertas do homem e este método atravessou mais de cinco séculos fundamentando o registro de empreendimentos que, ao longo desses séculos, se expandiram de forma notável".

No que diz respeito à evolução da contabilidade, Paula Leite (1999: 19) menClOna um artigo escrito para a Accounting review em 1927, por A C. Litleton (escritor clássico sobre teoria contábil), onde foram enumerados os pré-requisitos ambientais indispensáveis para o florescimento da contabilidade.

"Para ele (além da escrita e da aritmética), o desenvolvimento da contabilidade dependeu fundamentalmente da evolução de alguns conceitos e instituições típicos do sistema capitalista como a propriedade privada, moeda, crédito, comércio e a noção de capital como fator de produção. " .

Sumarizando tudo isso, pode-se entender que a contabilidade é a grande ferramenta do capitalismo para administração da riqueza.

Inicialmente a contabilidade era muito voltada para mostrar a situação patrimonial das empresas. Freitas Filho (1987: 2) relaciona os banqueiros como os principais interessados na contabilidade e que, valorizavam as informações sobre a liquidez, que se traduzem na capacidade das empresas em saldarem os seus compromissos. Daí a importância do balanço patrimonial.

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interessado nas infonnações das empresas: o investidor. A demonstração de resultado, vista como uma ferramenta para se determinar o incremento do patrimônio do acionista, (lucro) tornou-se então o foco deste grupo de interesse.

A Legislação fiscal também contribuiu para dar importància à demonstração de resultado, na medida em que o imposto de renda é calculado a partir do lucro gerado pela empresa. Isto levou a uma interação entre a legislação fiscal e as regras contábeis, com influência significativa daquela legislação sobre a definição de procedimentos na área da contabilidade.

Esse movimento da contabilidade no sentido de atender o investidor. iniciado na década de 20, ganhou um impulso após o crash de 1929, da bolsa de valores americana, quando os

Estados Unidos se empenharam em restabelecer a confiança no mercado acionário. Daí em diante, principalmente nos Estados Unidos, a manutenção e o aprimoramento dessa confiança passou a merecer cada vez mais cuidados, o que levou a contabilidade americana a se revestir do rigor nonnativo que tem hoje.

(22)

2.2 - Contabilidade no Brasil

Como já mencionado, a visão atual da contabilidade brasileira desenvolveu-se a partir da Lei 6.404 de 15/12/76 e trouxe uma profunda alteração nessa area, representando um aprimoramento sem precedentes na padronização dos procedimentos contábeis e na elaboração de relatórios informativos.

De sua criação até os dias atuais, as normas contábeis brasileiras também foram se ajustando às transformações ocorridas em nosso país. A Lei 6.404/76., criada durante o regime rnílitar, atravessou momentos de mudanças na vida brasileira tanto no campo político como econômico. A restauração do poder civil no país e a promulgação de uma nova constituição em 1988, com todo o processo de redemocratização que se seguiu, e que deu maior transparência às relações nas diferentes áreas de negócios, também teve efeito sobre a contabilidade. No campo econôrníco, há que se ressaltar o longo período de inflação galopante pelo qual passou o nosso país, as mudanças das relações comerciais no mundo moderno, com a inserção do Brasil no processo de globalização, a transferência do controle das empresas estatais brasileiras para a iniciativa privada, a contenção do processo inflacionário e a liberação do câmbio.

Do ponto de vista estrito da contabilidade, a inflação, cujos índices foram os maiores da nossa história, foi a que mereceu maior destaque nas mudanças de procedimentos contábeis neste período de vigência da Lei 6.404/76.

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balanço (Lei 6.404/76 - artigo 185) e mais tarde à criação da correção monetária integral (Instrução CVM 64/87).

A correção monetária era reconhecida no balanço patrimonial e nos resultados do exercício, a partir da atualização das contas do ativo permanente e do patrimônio líquido. Assim, a correção monetária do permanente, visando manter o seu valor real (poder de compra), gerava um aumento nominal de valor, com caracteristicas de receita enquanto, a correção monetária do patrimônio líquido, por representar a atualização dos direitos dos acionistas, tinha caracteristicas de despesa. O valor resultante da diferença entre essas duas correções gerava no resultado (correção monetária do balanço) um crédito ou um débito, dependendo se o ativo permanente era maior ou menor que o patrimônio líquido. Na verdade, essa metodologia era uma forma inteligente e simples de permitir o processamento dos ganhos e perdas sobre os outros itens do balanço. No Manual da FIPECAFI (1985: 3 3 3), citado por Freitas Filho (1987: 81), os autores comentam o fato desta forma:

"a correção monetária do balanço tem, como reflexo no seu resultado um significado muito maior e muito mais profundo do que parece à primeira vista. É calculada por diferença entre correções do ativo permanente e do patrimônio líquido, mas na verdade, significa algo muito mais diferente: perdas nos ativos monetários, ganhos nos passivos monetários, complemento do custo dos produtos vendidos e da depreciação e complemento de receitas e despesas, apesar de legalmente apresentadas por um só valor"

A situação patrimonial das empresas, assim corrigida, era preservada da corrosão de valor provocada pela inflação, na medida em que os índices de correção determinados pelo governo, se aproximavam da evolução dos preços dos ativos, sobre os quaís era aplicada.

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crescente de infonnações por parte dos mais diferentes usuários (banqueiros, investidores fornecedores, clientes etc) além de seus próprios administradores, que precisavam de instrumentos confiáveis para tomada de decisões, criou a necessidade de um sistema que gerasse infonnações mais adequadas às análises de resultados. Iudícibus et ai (2000:443) comenta o assunto desta fonna: " ... foi necessária a adoção de um sistema mais completo de reconhecimento dos efeitos da inflação nas demonstrações contábeis, conhecido como Correção Monetária Integral, cujo fim era fornecer infonnação complementar"

Assim, por melO da Instrução CVM 64/87, passou-se a exigir das companhias abertas demonstrações contábeis complementares mensuradas em moeda de poder aquisitivo constante, ou seja: contabilidade com correção monetária integral. A Instrução CVM 191/92 substituiu a Instrução CVM 64/87 e criou a Unidade Monetária Contábil (UMC), como a unidade de referência a ser utilizada pelas companhias abertas para fins de contabilidade em moeda de poder aquisitivo constante.

Iudícibus et al (2000:443) destacam algumas vantagens do uso da correção monetária integral:

"a) apresenta os efeitos da inflação em todos os elementos das demonstrações de resultados;

b) corrige saldos finais dos itens não monetários (como estoques, despesas antecipadas que não eram consideradas na legislação societária;

c) determina a inclusão do ajuste a valor presente nos valores prefixados de contas a receber e a pagar . ..

(25)

Em julho de 1994, o governo brasileiro lançou o plano de estabilização econômica, com a criação de uma nova moeda e uma nova filosofia de combate à inflação a partir de uma política monetária arrojada (altíssimas taxas de juros) e de uma política fiscal voltada para uma redução gradativa e contínua dos gastos públicos, além de dar maior agilidade ao programa de privatização. A inflação foi reduzida drasticamente e a moeda brasileira adquiriu status de moeda estável, chegando a se apreciar frente ao dólar americano nos primeiros periodos do referido plano.

Como em fins de 1995, o governo brasileiro já se sentia seguro do sucesso de seu plano de estabilização econômica, entendeu que era necessário eliminar o mecanismo de correção monetária, que poderia funcionar como um realimentador da inflação. Com esse entendimento, foi a editada a Lei n°. 9.249/95, cujo artigo 4° revogou a correção monetária das demonstrações contábeis. Como conseqüência, a Comissão de Valores Mobiliários -CVM emitiu a Instrução ~ 248 de 29/03/1996, que exigiu a aplicação da Lei 9.249/95 e também tomou facultativa a elaboração e divulgação das informações contábeis em moeda de poder aquisitivo constante (correção monetária integral); tal divulgação facultativa foi regulamentada pelo Parecer de Orientação da CVM ~. 29 de 11/04/1996.

Iudícibus et al (2000: 444) entendem que a Lei n° 9.249 foi um retrocesso em relação à Lei n° 6.404/76, em razão das distorções que estariam sendo geradas no patrimônio líquido, agora não corrigido, das empresas. Tais autores afirmam: "Podemos concluir, portanto, que tudo o que se avançou com a n° 6.404/76 foi jogado fora pela Lei 9.249/95."

(26)

aproximação entre os pnnClplOS contábeis brasileiros e amencanos e/ou internacionais, numa aparente convergência para uma contabilidade mais globalizada.

Entre essas mudanças, poderíamos citar a Deliberação nÚ

193 da CVM de 11107/1996 que determinou que os juros relativos aos financiamentos obtidos de terceiros para construção de bens integrantes do ativo imobilizado sejam classificados no grupo do ativo do qual se originaram. O texto da referida deliberação da CVM é o seguinte:

"I - Os juros incorridos e demais encargos financeiros. para construção de bens integrantes do ativo imobilizado ou para a produção de estoques de longa maturação, devem ser registrados em conta destacada, que evidenciem a sua natureza, e classificados no mesmo gmpo do ativo que lhe deu origem . ..

Este procedimento é usado na contabilidade americana, conforme SF AS I 34, editado em outubro de 1979 e com vigência a partir dos exercícios fiscais iniciados após 15/12/1979.

Outra mudança recente é o reconhecimento do ativo fiscal diferido relativo a prejuízos fiscais que possam ser utilizados para compensar lucros fiscais posteriores. Essa figura do ativo fiscal diferido, que já existia na contabilidade americana (SF AS -109), foi introduzida na contabilidade brasileira a partir da Deliberação CVM nÚ

• 273/98, que aprovou o Pronunciamento do Ibracon (NPC 25), tomando obrigatório para as companhias abertas, a vigorar para as demonstrações contábeis relativas aos periodos iniciados a partir de O 1 de janeiro de 1999. A aplicação deste critério em exercícios anteriores foi incentivada pela CVM. Tais ativos devem ser constituídos sobre os prejuízos fiscais e diferenças temporárias de imposto de renda e contribuição social, sempre que houver previsão de lucros tributáveis futuros, suficientes para compensar tais prejuízos.

I Statement of Financial Accounting Standard são pronunciamentos emanados do F ASB (Financial

(27)

A apresentação da Demonstração de Fluxo de Caixa - DFC em substituição à Demonstração de Origem e Aplicação de Recursos - DOAR já adotada pela contabilidade dos Estados Unidos (SFAS 95), é outra mudança em discussão nos órgãos competentes responsáveis pela definição das normas contábeis brasileiras. A possível substituição da DOAR pela DFC na contabilidade brasileira é tida como uma tendência pelos autores Iudícibus et al (2000:337) "Atualmente são poucos os países que ainda adotam a DOAR, apesar de ela ser mais rica em termos de informações" Martins (1990) também reconhece a dificuldade de entendimento da DOAR entre as pessoas que possuem menor habilidade com as técnicas da contabilidade e da administração financeira. Sob uma ótica menos comprometida com a contabilidade tradicional, e na defesa do fluxo de caixa, Matarazzo (1998:369), enfatiza a importância da DFC da seguinte forma: "A Demonstração de Fluxo de Caixa é peça imprescindível na mais elementar atividade empresarial e mesmo para pessoas fisicas que se dedicam a algum negócio." Matarazzo (1998:387), comparando a utilidade da DFC com a DOAR, diz o seguinte:

"Como a DFLC2 compreende todos os dados da DOAR. esta se torna praticamente desnecessária. Ademais a forma da DOAR adotada pela legislação societária baseada numa filosofia de débitos e créditos tal como se apresentava antigamente a demonstração de lucros e perdas (com receitas de um lado e despesas de outro) acha-se superada. A DOAR pela legislação societária é muito pobre para análise. Sua única utilidade é fornecer dados para montagem da DFLC de fora da empresa. ,.

Esta exposição, que discorre sobre alguns aspectos da contabilidade brasileira visa apenas facilitar o entendimento das discussões do tema abordado e por isto não se pretendeu buscar um aprofundamento sobre o assunto, até porque transcenderia ao objetivo desta dissertação.

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2.3- Contabilidade em US GAAP para empresas de fora dos Estados Unidos 2.3.1- Breve histórico e características da contabilidade em US GAAP

A contabilidade apurada segundo os princípios contábeis geralmente aceitos nos Estados Unidos (United States General Accounting Accepted PrincipIes - US GAAP) tem sido caracterizada pelo rigor de suas normas e pela qualidade das informações disponibilizadas para os leitores de seus relatórios, que objetivam proporcionar ao investidor o maior grau de transparência possível.

A preocupação com a qualidade e com a transparência de tais relatórios tem origem no

crash da bolsa de valores americana, em 1929. De fato, um dos aspectos relevantes

elencados, pelos que estudaram as causas da crise de 1929, está relacionado à qualidade dos relatórios contábeis e financeiros das empresas, cujas ações eram negociadas nas bolsas americanas. Seidler e Carmichael (1981:3.5) enfatizam a importância das demonstrações financeiras para o investidor e incluem a ausência de um maior rigor sobre as práticas contábeis, como uma das causas do crash de 1929: "Many factors contributed to the stock market crash of 1929 and the ensuing depression. Loose accounting and

financiai reporting practices were among of them". Assim o resgate da confiança do investidor em mercado de capitais exigia mecanismos de controle que assegurassem aos mesmos, informações confiáveis e transparentes sobre as empresas, cujas ações estivessem sendo negociadas. Nessa linha, em 1933 e 1934, foram publicados os "Act of 1933" e "act of 1934" respectivamente. O primeiro tratava dos novos lançamentos de

ações enquanto o segundo regulamentava os investimentos em ações já existentes. Em 26 de junho de 1934 a Securities and Exchange Comission - SEC foi criada por um ato do

(29)

A panir daí, a aplicação dos princípios contábeis foi sendo regulamentada, na medida que os assuntos foram sendo levantados. E apesar de restrições, divergências e objeções pode-se entender que a evolução das normas contábeis nos Estados Unidos se deu a partir da cooperação entre a SEC e os representantes dos contadores. De fato, membros do

AICPA (American lnstitute ofCertiJied Public Accountants) assessoraram a administração

da SEC, em todos aspectos de definição das normas, durante a sua formação.

No periodo de 1938 a 1953, o Comitê de Procedimentos Contábeis do AICPA publicou 42 boletins sobre pesquisas contábeis - os chamados ARB (Accounting Research Bulletins); tais boletins foram revisados e resumidos no boletim número 43. Até 1959, foram emitidos mais 8 boletins, encerrando com o ARB 51.

Em 1959 iniciou a era dos APBs (Accounting Principies Board). No periodo 1959 a 1973, a Junta de Princípios Contábeis emitiu 31 pronunciamentos (APB opinion).

Em 1973 foi criado o F ASB - Financiai Accounting Standard Board, como órgão independente, reconhecido pela SEC, e com a finalidade de determinar e aperfeiçoar os procedimentos, conceitos e normas Contábeis nos Estados Unidos. Daí em diante, o F ASB passou a emitir pronunciamentos denominados SF AS - Statements of Financial Accounting Standards. A preocupação com a regulamentação da contabilidade nos Estados Unidos pode ser avaliada pelo número desses Pronunciamentos; para se ter uma idéia em 27 de outubro de 2000 o F ASB publicou o draft do SF AS 140.

o

F ASB também emitiu os chamados pronunciamentos de conceito. No período de

(30)

Accounting Concepts - SF AC (o SF AC 3 foi substituído pelo SF AC 6). Conforme enfatizado na publicação do SF AC 1, os pronunciamentos de conceito tem o seguinte objetivo:

"The purpose of the series is to seI forth fundamentais 011 which financiai

accounting and reporting standards wilf be based Afore .\pecificai~y. Statements of Financiai Accounting Concepts are intended to estabilish the objectives and concepts Ihat the FÜlGnciai Accounting Standards Board wilf use in deveioping slandards of financiai accollnting and reporting. ,.

Estes pronunciamentos formam a base conceitual sobre a qual se fundamentam os padrões da contabilidade financeira americana.

Toda essa preocupação e esse ngor normativo cnam um nível de confiança para a contabilidade americana que pode ser vista sob uma ótica de controle de gestão e apoiada em objetivos que visam favorecer ao processo de tomada de decisão nas empresas. Seidler e Carmichael ( 1981 : 1-4) afirmam que o significado da contabilidade não pode estar separado dos propósitos a que as informações contábeis se destinam. O Comitê da Associação dos Contadores Americanos citado por Seidler e Carmichael (1981: 1-4 ) referindo-se ao assunto, citam a observação feita pelo AICPA Study group: "The fundamentai function of financiai accounting has been unchanged aimost /rom its

inception. Its purpose is to provide IIser of financiai statements with iriformation Ihat wiU

heip them make decisions. "

Também referem-se ao entendimento do F ASB a respeito do assunto, que é similar ao do AICP A, e que tem uma visão dos relatórios financeiros, como instrumentos de tomadas de decisões:

(31)

Nessa ótica, a contabilidade americana pode ser vista como geradora de informações cuja prioridade é guiar a tomada de decisões tanto dos administradores das empresas como de seus acionistas, seus potenciais investidores e de seus stakeholders de um modo geral.

2.3.2- Finalidades da contabilidade em US GAAP para empresas não americanas

Basicamente, empresas situadas fora dos Estados Unidos produzem demonstrações contábeis em US GAAP visando os seguintes objetivos:

• Empresas, cujas matrizes estão situadas nos Estados Unidos, visam possibilitar às suas empresas controladoras processar a consolidação de seus balanços, utilizando-se demonstrativos contábeis apurados dentro dos mesmos princípios.

• Empresas de fora dos Estados Unidos que planejam ter acesso ao mercado de capitais americano, em condições mais vantajosas.

No primeiro caso, as justificativas são óbvias, dispensando comentários adicionais. Entretanto, no segundo caso há que se considerar o interesse mundial no mercado americano dado as suas dimensões, principalmente no que diz respeito ao volume de transações no seu mercado financeiro.

Discorrendo sobre este assunto, os responsáveis pela KPMG, no prefácio de seu boletim "comparações entre práticas contábeis" (2000), enfatizam assim a importância da contabilidade em US GAAP, para as empresas de fora dos Estados Unidos:

"As práticas contábeis norte- americanas (US GAAP) , emitidas pelo Comitê de Padronização de Normas Contábeis (F ASB) , representam hoje um conjunto de normas com um profundo nível de qualidade, detalhamento e exigências que, para as empresas sediadas fora dos EUA, representam o meio mais seguro para a obtenção de recursos financeiros naquele importante mercado e tem servido de benchmark para o desenvolvimento e aprimoramento das normas internacionais de contabilidade. "

(32)

realizado em Paris de 26 a 29-10-1997, o professor Hilário Franco selecionou e resumiu palestras de executivos de importantes empresas mundiais e publicou um livro denominado A contabilidade na era da globalização, cuja leitura pode mostrar a

preocupação intensa com a produção de demonstrações contábeis que possam dar suporte ao relacionamento financeiro das empresas num ambiente globalizado. Bruns, vice presidente de contabilidade da Daimler Benz, da Alemanha, citado por Franco (1999:244) resume assim a necessidade da empresa globalizada se integrar no mercado financeiro mundial "Essa globalização precisa ser baseada em vários pilares, dos quais um é a atividade financeira, de empréstimos e capitalização, exigindo registros

em Bolsas de Valores. ". Esse mesmo executivo, citado por Franco (1999:245), elenca

algumas razões consideradas pela sua empresa para se registrar em Bolsas de Valores de outros países:

estratégia de globalização em mercados de produtos precisa ser acompanhada de internacionalização de atividades financeiras;

o acesso aos mais importantes mercados de capitais do mundo, o que foi alcançado principalmente com o registro na Bolsa de Nova York;

competição crescente por recursos limitados, no mercado internacional; é necessário ampliar a base de acionistas, para encontrar mais opções de investimentos;

melhorar a imagem em mercado de produtos e em mercados financeiros . ..

Aspectos de ordem gerencial que, de certa forma, conduzem à idéia da boa qualidade dos números obtidos em US GAAP, também foram mencionados por Bruns, citado por Franco (1999: 246) "A Daimler Benz adota os US GAAP para fins administrativos e para fins internacionais, bem como outro conjunto de demonstrações para atender à legislação alemã."

(33)

"!nternatumal financiai strategies impose a mriety qffinancial reporting standard5 on these mllltinationai corporations. Firms sllch as Daimier Crysler and Disney mllst produce financiai statementsfor IIsers 1101 only in their own countries bm aiso in other countries . ..

Na verdade, o que faz com que as empresas de fora dos Estados se interessem em produzir relatórios contábeis em US GAAP, submetendo-se principalmente às normas do FASB e da SEC, é a magnitude do mercado de capitais dos Estados Unidos e o intenso processo de globalização, aí incluindo todas estratégias competitivas que tem levado grandes grupos internacionais a processos de fusão, onde a prática de uma contabilidade confiável não pode ser dispensada. Conforme publicado no livro Intermediate Accounting Edition 14

(34)

fi. I - Empresas de fora dos EUA listadas na bolsa de valores de Nova Iorque

Empresas de for a dos EUA listadas na NYSE

ruro. (31 pe l . . )

,."

Reino Urido 15"

5 ..

,

..

,..

...

,

..

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,

..

..

"""'"

,

..

...

2.3. ~ Finalidades da conlabilidade em US GAAP no caso de empresas brasileiras

No que diz respeito às empresas brasileiras que não são subsidiárias de empresas nort e ~

americanas, o principal interesse em produzir uma contabilidade de acordo com US

GAAP, obviamente, que também

é

a possibilidade de fa cilitar o acesso a recursos

financeiros no mercado americano.

A colocação de ações de empresas brasileiras nas bolsas americanas, por meio de

lançamentos de ADR (American Depositary Receipt) autorizada pelo Governo, está

(35)

V da Resolução n°. 1.289, de 20/03/87, com redação aprovada pela Resolução n° 1.927 de 18/05/92. Fortuna (2000 : 450).

o

ADR (American Depositary Receipt) funciona como um certificado de ações. Tais

papéis são negociados no mercado americano e estão lastreados em ações de empresas de outros países (no caso o Brasil) e conferem aos detentores todos os direitos adquiridos pelos acionistas do país de origem.

Nos Estados Unidos, existem três tipos de ADR (ADR I, ADR 11 e ADR-III). As exigências de transparência e adequação às normas amencanas são crescentes nesta ordem. Um outro certificado lastreado em ações é o emitido segundo as normas 144 A

De maneira superficial, pode-se assim caracterizar os diferentes tipos de ADRs:

Emitido de acordo com as normas 144 A: não exigem adaptação às normas contábeis da SEC (Securities and Exchange Commission) e são destinados somente a investidores institucionais qualificados (Qualified Institutional Buyers -Qill). A idéia é que tais investidores são bem informados e não precisam de informações contábeis adicionais. Skousen et al (2000: 1211) afirmam o seguinte:

"The presumption with regulation 1./4 A listings is that sophisticated institutional investors do not need additional accounting disclosures. "

(36)

ADR II - A empresa fica sujeita às normas contábeis americanas (US GAAP) e as demais exigencias da SEC. Toma a empresa habilitada a se listar nas bolsas americanas mas não permite a captação de dinheiro novo. Podem ser negociadas as ações já existentes.

ADR III - É identico ao ADR li, mas permite a captação de recursos porque é

lastreado em novos lançamentos de ações.

Dessa forma, excluindo-se as subsidiárias de empresas americanas, as demais empresas brasileiras que usam a contabilidade em US GAAP, tem como principal objetivo facilitar a sua penetração no mercado financeiro americano.

Embora já produzindo uma contabilidade em US GAAP desde 1995, a CST nunca fez lançamentos de ADRs dos tipos II e III. Os únicos papéis da CST, negociados naquele mercado, foram certificados emitidos de acordo com as normas 144 A, numa oferta realizada em 1994, pelos seus acionistas. Os relatórios da CST em US GAAP estão sendo utilizados principalmente para fornecer informações aos seus acionistas e para fins de contabilidade gerencial. Como já mencionado, a finalidade deste trabalho é mostrar se os números assim produzidos em US GAAP têm qualidade adequada ao uso como instrumento de gestão da empresa.

reforçar o entendimento do assunto.

Outras informações e discussões visam apenas

2.4- Elaboração da Contabilidade de acordo com US GAAP na CST

2.4.1- Processo de conversão dos demonstrativos locais para dólar

(37)

consolidação de balanços das empresas americanas que tem subsidiárias fora dos Estados Unidos. Entretanto, empresas brasileiras que ingressaram no mercado financeiro amencano também estão utilizando o SF AS 52 como base para a conversão de suas demonstrações contábeis.

Inicialmente, há que se preocupar com o método de conversão a ser aplicado, dentro daquilo que está previsto no SFAS 52 (conversão de moeda estrangeira). O SFAS 52, que substituiu o SF AS 8, introduziu o conceito de moeda funcional para definir os critérios de conversão a serem utilizados.

Os relatórios em US GAAP são emitidos em dólar. Entretanto, a contabilidade da empresa pode ser processada em reais e traduzidas para dólar, utilizando a taxa de câmbio corrente, se a moeda funcional considerada for a moeda brasileira. Ou seja, a moeda contábil seria então diferente da moeda do relatório.

Então, a primeira fase de definição do processo é a escolha da moeda funcional. Ou seja, se a moeda contábil local pode ser utilizada como moeda funcional ou se é necessário uma remensuração para a moeda de relatório que é o dólar americano. O primeiro item a ser verificado, para esta definição, é a inflação do país onde a empresa está situada, no caso o Brasil. Se a inflação for igual ou superior a 100%, acumulados nos últimos três anos, a moeda funcional deve ser a mesma do relatório. O SF AS 52, em seu parágrafo

11, refere-se a este assunto da seguinte forma:

(38)

Assim, no caso da economia brasileira, cuja inflação até 1997 atingia níveis superiores aos previstos no SF AS 52, devia usar o dólar americano como moeda funcional. Dentro deste critério, a partir de junho de 1997, as empresas brasileiras poderiam utilizar o real como moeda funcional para efeito da contabilidade em US GAAP e o dólar como moeda de relatório.

Entretanto o SF AS 52, em seu apêndice

A

reconhecendo a dificuldade de se ter uma norma muito precisa em termos de definição de moeda funcional, dadas as caracteristicas individuais de cada empresa, cria a possibilidade de, mesmo não estando numa economia hiper inflacionária, uma empresa possa manter como moeda funcional a sua moeda de relatório, seguindo critérios que dizem respeito á moeda em que a empresa movimenta o seu caixa. O SF AS 52, em seu apêndice

A

parágrafo 39, diz o seguinte: .. An entity's funclionai currency is lhe currency of lhe primary economic environmenl in which lhe

entity operates; normally, Ihat is lhe currency of the environment in which an entity

primariiy generates and expends cash "0

Alem disso, o SF AS 52 em seu apêndice A - parágrafo 41 estabelece ainda que nos casos em que os indicadores não forem claros, deverá valer o julgamento dos responsáveis pela administração da empresa, que devem optar por uma moeda funcional que melhor retrate os resultados da empresa e atinja os objetivos de conversão da moeda, para efeito de se gerar demonstrativos contábeis direcionados à apresentação de informações financeiras sobre a performance, posição financeira e caixa da empresa

(39)

Nessa linha, considerando-se que à época da implantação do US GAAP na CSI a economia brasileira era hiper inflacionária, não houve nenhuma dúvida com relação ao aspecto da moeda funcional que deveria ser a mesma do relatório, ou seja: o dólar amencano.

A partir de 30 de junho de 1997, o Brasil deixou de ser uma economia hiper-inflacionária e as empresas brasileiras tiveram de reanalisar o assunto. A CSI entendeu que a manutenção do dólar americano como sua moeda funcional retrataria melhor os seus resultados. Os seus relatórios contábeis em US GAAP, justificam assim esta decisão:

"Management of lhe Company has conclllded Ihal, as from July 1,1997 lhe Brazilian economy is no longer highly injlationary, as dejined lInder Slalement of Financiai Accollnting Standards (SFAS) No. 52 'Foreign Currency Translation', as injlation, as determined by a general price index, in lhe three-year period throllgh to June 30, 1997 has been measured at less thall 100%. The Company 's Board of Directors (Conselho de Administração) and management have historically considered the U S. dollar as its functional currency as this has been, and remains in Iheir opinion, lhe currellcy in which lhe Company principally operates. Accordingly, the Company's management has cOllcluded that the functional currency wil/ remain lhe U S. dollar. "

(40)

em estudo, como a CST mantém registros e movimentações independentes em reais e em dólares para os itens não monetários, o trabalho fica facilitado. O mencionado parágrafo 47 também diz o seguinte: " ... The remeasurement process should produce the same result, as if the entity' s books of record had been initially recorded in the functional currency .... " Com relação aos ganhos e perdas nas contas não denominadas em dólar o mencionado parágrafo 47 diz: " ... it is also necessary to recognize currentIy in income ali exchange gains and losses from remeasurement on monetary assets and liabilities that are not denominated in the functional currency (for example, assets and liabilities that are not denominated in dollars if the dollar is the functional currency)."

No caso do uso do real como moeda funcional, todos os ativos e passivos devem ser traduzidos pela taxa de câmbio em vigor na data do balanço enquanto que para as receitas, despesas, lucros e perdas devem ser usadas as taxas de câmbio vigentes nas datas em que são registradas. Neste caso, os ajustes de tradução não são incluídos na apuração do lucro e sim apresentados separadamente e acumulados em um componente separado do patrimônio líquido. Este procedimento está previsto nos parágrafos 12 e 13 do SFAS 52, transcritos a seguir:

" 12. All elements

0/

financiai statements shall be translated by using a current exchange rate. For assets and liabilities, exchange rate at the balance sheet date shall be used For revenues, ex penses, gains and losses, lhe exchange rate at the

dates on which those elements are recognized shall be used "

"13.

1f

an entity's fimctional currency is a foreign currency, translation

adjustments result from the process

0/

translating that entity 'sfinancial statements

into the reporting currency. Translation adjustments shall not be included in determining net income but shall be reported separately and accumulated in a separate component of equity. "

(41)

pode deduzir, este parece ser o espírito da norma do F ASB, que, mesmo num ambiente inflacionário, procura preservar o valor patrimonial real da empresa. Altman (1987, capítulo 18 do livro Handhook oi Financiai Markets llnd Institutions, escrito por

LEVICH, M. Richard) enfatiza a diferença de tratamento contábil entre os itens monetários e não monetários, da seguinte forma:

"Items lranslated at lhe currenl exchange rale (for accollnting pllrposes ) considered exposed, whereas items translated at the hislorical exchange rale are nol exposed. The firm 's nel exposure to exchange risk (again for accouting purposes) is defined as the difference hetween exposed asseIs and exposed

liabilities. "

Sintetizando o que foi discutido neste item pode-se observar que os critérios usados para definir o processo de conversão a ser utilizado, estão sintonizados com o parágrafo 4 do SF AS 52 item a, que estabelecem como objetivo: a - fornecer informações compatíveis com os efeitos econômicos esperados de uma alteração nas taxas de câmbio sobre o fluxo de caixa ou patrimônio líquido de uma empresa." Isto acontece principalmente quando, na definição da moeda funcional, há uma preocupação com a moeda em que a empresa gera e desembolsa caixa. Empresas que geram caixa numa moeda e tem seus dispêndios em outra moeda mais forte são muito expostas a riscos cambiais enquanto outras que geram e desembolsam caixa na mesma moeda tomam-se menos vulneráveis.

2.4.2 - Ajustes devido às diferenças de aplicação dos princípios contábeis

(42)

explicativas mais detalhadas sobre determinados assuntos, para se adequar aos princípios contábeis geralmente aceitos nos Estados Unidos (US GAAP).

Também, como já mencionado, as diferenças entre os princípios contábeis brasileiros e americanos, podem influenciar as demonstrações financeiras, no que se refere a um maior detalhamento das notas explicativas ou mesmo pela obrigatoriedade de divulgação de demonstrativos em US GAAP não exigidos em BR GAAP.

Neste trabalho, por se tratar de um estudo de caso, pretende-se enfocar somente diferenças aplicáveis ao caso da CST e, que de alguma forma, tiveram influência na geração das diferenças entre os valores apurados nas duas configurações e/ou no melhor entendimento dos relatórios contábeis.

Assim, nas contas patrimoniais, as pnnclprus diferenças que geraram ajustes, estão relacionadas a seguir:

• Ativo permanente

(43)

durante o período necessárío para que tal ativo seja colocado em condições de operação os juros relativos ao financiamento devem incorporar ao seu valor. O parágrafo acima mencionado refere-se assim ao assunto: "The board conc/uded that interest cost is a part of lhe cost of acquiring on asseI

if

a period of time is required in which to carry oul lhe activities necessary

to get it ready for its intended use. "

Na contabilidade societária brasileira, este critério foi adotado a partir da Deliberação n° 193 da CVM de 11/07/1996; antes tais despesas financeiras eram contabilizadas como diferido.

(44)

"Com a reavaliação. (ljustando-se o valor do ativo ao seu preço de reposição. tem-se a retenção de uma parte adicional de caixa ao longo do período de depreciação necessária à reposição do ativo, incluindo os avanços tecnológicos ou variação de preço pela utilidade do ativo para a empresa. mas com a desvantagem da quebra do princípio do custo histórico como base de valor e do vínculo com ofluxo de caixa efetivamente ocorrido",

(45)

Figura 11.1 - Índice de preços ao consumidor nos Estados Unidos

Changes in lhe U.5. Consoo'1ltr Prices Index

1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998

"'"

Fonte: Intermedial~ 3000UlIIing _ Edition 14 Sk(lUVtl d ai (1990: 1213)

Operações de Leasing: Nos Estados Unidos, tais operações são

consideradas como financiamento de imobilizado

"Em conformidade com O SFAS /3, as operações de leasing são

registradas 110 alivo imobilizado e no passivo circulante e exigível a longo prazo, na data e pelo valor da contratação do financiamento, caraclerizando-a como lima operação de financiamento, o que não

deixa de ser pela sua essência .. ' 0 contabilidade no contexto

internacional - 9, CRC/SP & lliRACON (1997 : 26).

No Brasil, a operação de leasing é contabilizada como despesa operacional, pela vigência do prazo do contrato de leasing e o passivo só é reconhecido pelos valores mensais das prestações .

É

contabilizado como imobilizado somente o valor residuaJ garantido da operação, ou seja: o vaJor não financiado do bem que normalmente é pago no finaJ do contrato, quando da opção de compra do bem pelo arrendatário. Excetua-se o caso das companhias aéreas que aplicam procedimento idêntico ao SFAS 13 .

• Ativo Diferido de lmposto de Renda

o

F ASa, através de seu Pronunciamento SF AS 109, regulamenta a constituição

(46)

incorporada à contabilidade brasileira pela Deliberação CVM n". 273/98, e, portanto, hoje não constitui mais uma diferença.

• Provisão para despesas com plano de pensão dos empregados

Na contabilidade americana, para os planos de pensão classificados como de "beneficios definidos,,3, o SF AS 87 estabelece o reconhecimento, durante do período laboral dos empregados, das despesas da patrocinadora com o plano de pensão. Os cálculos para definição dos valores a serem provisionados são realizados pelos atuários e obedecem a critérios estabelecidos no mencionado SFAS 87. No Brasil, os valores das contribuições para os planos de beneficios definidos são determinadas por cálculos atuariais e contabilizadas em regime de competência dos pagamentos mensais. "A CVM estabelece a obrigatoriedade de evidenciar determinadas informações nas demonstrações contábeis, sem, entretanto enfocar a necessidade de constituir contabilmente nenhuma obrigação." Contabilidade no Contexto Internacional no. 9 - CRC/SP & IBRACON (1997:28). • Dividendos

Nos Estados Unidos o reconhecimento da obrigação só é contabilizado quando os dividendos são declarados formalmente na assembléia geral dos acionistas. No Brasil, os dividendos são provisionados com base na proposta da administração da Companhia, no encerramento do exercício social. Contabilidade no Contexto Internacional no. 9 - CRC/SP & IBRACON (1997:26).

• Patrimônio Líquido

(47)

resultado econômico. Por isto, nesta conta estão sintetizadas as diferenças de valores entre US GAAP e BR GAAP.

• Resultado econômico

Quase todos os ajustes mencionados para as contas patrimoniais, geram lançamentos de contrapartida no resultado econômico. Por isto, e como não haveria fatos novos a acrescentar, entende-se que as diferenças no lucro econômico podem ser entendidas a partir da explanação já realizada.

Considerando aspectos ligados à divulgação das Demonstrações contábeis, há que se ressaltar a obrigatoriedade da divulgação do Demonstrativo de Fluxo de Caixa - DFC, na contabilidade americana ao invés do Demonstrativo de Origem e Aplicação de Recursos-DOAR, exigida pela contabilidade brasileira. A adoção da DFC nos Estados Unidos aconteceu a partir de 1988 e foi regulamentada pelo F ASB por meio do SF AS 95 de novembro de 1987, que definiu os seus critérios; são admitidos tanto o método direto como indireto para a obtenção da DFC. A base da DFC são os saldos de caixa e equivalentes a caixa e não o capital circulante líquido como é na DOAR. A utilização da DFC como um demonstrativo de gestão financeira, pelas suas particularidades e pela importância que representa, será tratada no item 2.5.3.

(48)

2.5 - A Contabilidade vista numa ótica Gerencial

2.5.1 - Visão geral

A contabilidade gerencial, como o próprio nome diz, pode ser vista num enfoque voltado

à disponibilização de informações capazes de auxiliar os gerentes na condução dos negócios das empresas, fornecendo elementos úteis ao processo decisório. Iudicibus (1998: 21) refere-se assim ao objeto da contabilidade gerencial:

"A contabilidade gerencial, num sentido mais profundo, está voltada única e exclusivamente para a administração da empresa, procurando suprir informações que se encaixem de maneira \álida e efetiva no modelo decisório do administrador. ,.

Tais informações oriundas de demonstrativos contábeis são expressas numa unidade monetária. A sua análise implica também na possibilidade de serem comparadas a outras oriundas de setores concorrentes e/ou da própria empresa, mas de diversos periodos. Assim, qualquer divergência no valor da unidade monetária utilizada poderá levar à invalidação da análise e conseqüentemente afetar o processo decisório. Hendriksen e Van Breda (1999: 185) alertam para o problema de se trabalhar com lucros em momentos diferentes, num ambiente de variação de preços,

"Quando ocorrem variações no nível geral de preços, a mensuração do lucro por meio da comparação de valores do capital em momentos diferentes, em termos de unidade monetária de cada data, resulta em medidas que não representam variações do capital real. "

(49)

(SF AS 52 - dólar como moeda funcional) a comparabilidade em dólares fica preservada. Esta comparabilidade em dólar toma-se importante quando a empresa atua no mercado internacional e os seus principais grupos de interesse (investidores, clientes, fornecedores e financiadores ) estão localizados fora do Brasil. Além disto, as análises horizontais em uma moeda forte ficam facilitadas pelo fato de se estar comparando números expressos em moeda que não sofreu corrosão significativa no seu poder aquisitivo.

Neste caso, o que se pretende comparar é a utilização da contabilidade americana com a contabilidade societária brasileira apuradas pela CST, em razão das diferenças que podem levar ao distanciamento entre os números das duas configurações. Tal distanciamento pode acontecer devido ao processo de conversão ou pelas diferenças entre as práticas contábeis aplicadas no Brasil e nos Estados Unidos. Essas diferenças de práticas contábeis podem exigir lançamentos de ajuste ou podem somente requerer uma maior complexidade e detalhamento das Notas Explicativas, inclusive apresentando demonstrativos adicionais. Uma outra diferença de divulgação é o Demonstrativo de Fluxo de Caixa - DFC requerido na contabilidade em US GAAP ao invés do Demonstrativo de Origem e Aplicação de Recursos - DOAR, vigente nas normas brasileiras.

Como já foi discutido neste capítulo, a contabilidade nos Estados Unidos vem de longa data buscando aperfeiçoar-se como um instrumento de tomada de decisões dos investidores. A contabilidade brasileira buscou este caminho após a Lei 6.404/76. Oliveira (1993: 80), referindo-se às dificuldades de análise das demonstrações financeiras no passado, afirma "Antes do advento da Lei 6.404 de j5lj276, a análise e interpretação de demonstrações financeiras era extremamente trabalhosa. Sobretudo, devido à falta de

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