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Poder judiciário do estado do Espírito Santo: modelo de gestão, inovação tecnológica e as barreiras culturais diante das mudanças

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CURSO DE MESTRADO EXECUTIVO

PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO: MODELO DE GESTÃO, INOVAÇÃO TECNOLÓGICA E AS BARREIRAS CULTURAIS

DIANTE DAS MUDANÇAS

DISSERTAÇÃO APRESENTADA À ESCOLA BRASILEIRA DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA PARA OBTENÇÃO DO GRAU DE MESTRE

SANDRA MARCELLO VALLADÃO

(2)

CENTRO DE FORMAÇÃO ACADÊMICA E PESQUISA CURSO DE MESTRADO EXECUTIVO

PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO: MODELO DE GESTÃO, INOVAÇÃO TECNOLÓGICA E AS BARREIRAS

CULTURAIS DIANTE DAS MUDANÇAS

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO APRESENTADA POR SANDRA MARCELLO V ALLADÃO

~ROVADAE~

~/r03/200)

PELA COMISSAO EXAMINADORA

(3)
(4)

partilhando dos meus silêncios durante os meus momentos de busca e reflexão diante do desafio "do escrever compromissado".

(5)

Araújo, pelas sugestões, atenção e tranquilidade com que soube me conduzir durante todo o processo de pesquisa, lendo os meus desabafos, aconselhando-me e incentivando a continuar a jornada;

ao Dr. César Ricardo Maia de Vasconcelos, que me presenteou com a sua atenção, num gesto de aceitação imediata, quando do meu convite para a participação da minha Banca Examinadora;

ao Des. Manoel Alves Rabelo, pela abertura que me proporcionou junto ao Poder Judiciário do Estado do Espírito Santo, além da ajuda com materiais e informações pertinentes ao tema pesquisado;

ao Vice-presidente do Egrégio Tribunal de Justiça, Des. Pedro Valls Feu Rosa, e ao Corregedor, Des. Adalto Dias Tristão, pela atenção, inteligentes comentários, indicação de caminhos, e, ainda, por permitirem a pesquisa no âmbito do Poder Judciário e Corregedoria do Estado do Espírito Santo, dispondo dos seus assessores, para o fornecimento de materiais e informações inerentes ao tema abordado;

ao Juiz da Vara Criminal, Dr. Tasso de Castro Lugon,

pela atenção, quando do fornecimento de dados fundamentais para o desenvolvimento da pesquisa;

ao Juiz Criminal, Dr. Sérgio Luiz da Silva, diretor do F órum do município da Serra, pela atenção e permissão para a pesqUisa;

aos Juízes e serventuários dos Fóruns da Grande Vitória (tomando-se difícil mencioná-los por serem inúmeros), que participaram com informações importantes ao desenvolvimento da pesquisa;

ao meu companheiro Carlos Wilson Lugon e aos amigos

Hildebrando Bucher e Gildásio Klippel, pelas horas dedicadas à leitura desta pesquisa, analisando-a criticamente e fazendo perguntas e sugestões pertinentes, demonstrando companheirismo e dedicação.

(6)

As organizações - reproduzindo e aperfeiçoando a fónnula de

substituição do trabalho do século XIX - estão investindo em novos

modelos de gestão e tecnologias modernas, com o objetivo de reduzir seus

custos, aperfeiçoar os seus produtos e agilizar os seus serviços.

Sentindo a necessidade de se inserir nesse contexto~ o Estado,

assim entendido como um todo, e, especialmente, o Poder Judiciário do

Estado do Espírito Santo, tem buscado adaptar-se a tais mudanças, visto que

o seu modelo administrativo e jurisdicional há muito tempo encontra-se

ultrapassado, necessitando de novas abordagens. Entretanto, muitas têm

sido as resistências à modernização administrativa e tecnológica, tanto por

parte de uma corrente de juristas tradicionalistas, que, constantemente

promovem um movimento de retomo a padrões e conceitos antigos, quanto

pela escassez de recursos financeiros .

A inovação envolve sempre o elemento de incerteza e, embora

a história da humanidade detenha, durante a sua trajetória, registros de

inovações em modelos de gestão e significativos avanços tecnológicos,

atualmente eles vêm exigindo um maior percentual de conhecimentos

diversificados, quebrando paradigmas que influenciam no comportamento

(7)

A relevância desta pesquisa residiu em analisar o modelo de

gestão e a inovação tecnológica do Poder Judiciário do Estado do Espírito

Santo, a partir das transformações mundiais, além da sua importância nos

mecanismos jurisdicionais, seja instantaneamente ou após um período de

aprendizado combinado com a aceitação da inovação. Pretendeu-se, ainda,

conhecer os efeitos dessas mudanças na cultura da instituição, tais como

possíveis causas de resistência.

(8)

The organizations - reproducing and improving the formula of

replacing the work in XIX century - are investing in new methods of

organizational practices and modem technologies, aiming to reduce the

costs, improve their products and make the services faster.

Feeling the need of being part of this context, the State,

understood as a whole, and, specially, the Judiciary of the Estado do

Espírito Santo, has tried to adapt itself to such changes, because its

managerial and jurisdictional model has been outmoded for so long, being

necessary new approaches. However, both, well established functional

groups, such traditional judges, promoting a constant movement of return

to established ancient pattems and concepts, and the lack of financiaI

resources, has impaired the administrative and technological modemization.

The innovation involves always the uncertainty element and,

although the history of mankind shows, during its trajectory, registers of

innovations in organizational practices and significant technological

advances, current1y they has required a larger amount of diversified

knowledge, breaking paradigms that influence the behavior of

organizationslinstitutions, in an irreversible process of dynamic growth.

(9)

Espírito Santo, from worldwide changes, moreover its relevance in

jurisdictional mechanisms, either instantaneously or after a period of a

combined learning with the acceptance of the innovation. It' s a goal of this

research to know the effects of these changes in the culture of the

institution, for instance, some possible causes of resistance.

(10)

INTRODUÇÃO ... 1

1 PODER JUDICIÁRIO ... 6

1.2 A NATUREZA MUTANTE DO CONTROLE ORGANIZACIONAL ... 19

1.3 AMBIENTE ORGANIZACIONAL ... 26

1.4 AUTONOMIA DO PODER JUDICIÁRIO ... 29

2 A TECNOLOGIA E O PODER JUDICIÁRIO ... 34

2.1 ATRASO TECNOLÓGICO SISTEMA JUDICIÁRIO BRASILEIRO 46 2.2 FATORES QUE AGILIZAM E LIMITAM A PRESTAÇÃO JURISIDICI-ONAL NO ESTADO DO E. SANTO ... 51

2.2.1 A evolução dos sistemas de acesso à Justiça Capixaba ... 61

2.2.2 Projetos implantados na Justiça Capixaba visando a melhoria da qualidade e produtividade ... 63

2.2.2.1 Juizados Especiais ... 64

2.2.2.2 Arbitragem ... 68

2.2.2.3 Justiça Volante ... 69

2.2.2.4 Juiz Eletrônico ... 70

2.2.2.5 Justiça sobre Rodas ... 71

2.2.2.6 Vice-presidência na Internet ... 73

2.2.2.7 Audiência pela Internet. ... 74

2.2.2.8 Gerenciador de Mandados ... 77

2.3 INFLUÊNCIA DA TECNOLOGIA NO MOVIMENTO PROCESSUAL .79 2.3.1 Cíve1. ... 79

2.3.2 Litigação Pena1. ... 81

3 MUDANÇAS ORGANIZACIONAIS ... 86

3.1 A NECESSIDADE URGENTE DE MUDANÇAS ... 87

3.2 BARREIRAS CULTURAIS DIANTE DAS MUDANÇAS NO AMBIEN-TE INAMBIEN-TERNO DO PODER JUDICIÁRIO DO E.E.SANTO ... 99

CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 113

REFERÊNCIAS ... 117

(11)

ANEXOS

I Palácio da Justiça e a história do Poder Judiciário do E.E.Santo ... 123

H Salão do Pleno e Salão Nobre ... 124

IH Sistema de audiência tradicional ... 125

(12)

Este trabalho constitui-se numa tentativa de sistematizar uma

reflexão sobre as evoluções tecnológicas ocorridas no Poder Judiciário do

Estado do Espírito Santo, identificando a sua cultura, bem como as barreiras

culturais advindas deste processo e, ainda, avaliar a sua importância para o

jurisdicionado.

Para tal, lançou-se mão de subsídios fornecidos por um estudo

exploratório, buscando diagnosticar a cultura existente, o modelo de gestão

utilizado, verificar as inovações tecnológicas implantadas e a sua real

importância para a sociedade capixaba, num cenário que aponta para uma

nova realidade, onde se desenvolve uma convivência entre o tradicional e o

pós-moderno.

O trabalho foi desenvolvido, procurando sempre deixar claro

(13)

pleno conhecimento da situação concreta, e as autoridades envolvidas no

processo possam, fazendo uma profunda reflexão, trabalhar cada vez mais

em prol de uma prestação de serviço que corresponda as aspirações da

sociedade.

Se esta comprovação ocorrer de forma positiva, mais esforços

ainda deverão ser desenvolvidos, no sentido de modernizar cada vez mais o

sistema judiciário. Por outro lado, todas as deficiências manifestadas

através desta pesquisa deverão ter a atenção necessária para que o processo

organizacional atinja o grau máximo de importância/qualidade, com

produtividade, pois estes são conceitos fundamentais desta dissertação.

É patente o descrédito nas instituições públicas, visto que este é um fato que vem sendo comprovado através de diversas pesquisas, artigos e

entrevistas, realizadas em todos os segmentos da sociedade brasileira.

Sendo o Poder Judiciário do Estado do Espírito Santo uma

destas instituições, tem também a sua Imagem comprometida,

principalmente pela morosidade com que os conflitos são solucionados,

quer seja pela deficiência de pessoal, quer pela incapacidade técnica e

tecnológica, ou, ainda, pelo acúmulo de processos atribuídos a um juízo.

A situação vem se agravando a tal ponto que contingentes de

(14)

direitos (fundamentais) quando não por razões também de uma verdadeira

deseconomia em face de tantos obstáculos financeiros, tempo, custas

processuais e honorários profissionais e outras privações advindas do

precário status social deste mesmo contingente.

Tal problema passou a ser uma profunda preocupação do

Judiciário brasileiro e, por que não dizer, de toda a sociedade, vez que, aos

poucos, imperando a injustiça, vem a insegurança e daí a justiça com as

próprias mãos, contribuindo, por fim, para um perigoso estado de convulsão

social, do qual tem-se podido presenciar decepcionantes amostras.

Para encontrar soluções harmoniosas e modernizantes para os

problemas apresentados, como um primeiro estágio à espera de outros

prováveis arranjos organizacionais, possibilitados por novas descobertas

tecnológicas, foram criados e implantados no Poder Judiciário do Estado do

Espírito Santo, por uma corrente de magistrados, os Juizados Especiais

Cíveis e Criminais, a justiça volante, o juiz eletrônico, a justiça sobre rodas

(substituída em parte pelos convênios entre as Faculdades), com a

responsabilidade de atender aos cidadãos, de forma mais rápida e a custos

menores. Além destes, buscou-se também conhecer o novo sistema em

(15)

comprovar os seus beneficios/efeitos, tanto para o Judiciário, quanto para o

jurisdicionado.

Estes sistemas pesquisados apontam para respostas às

necessidades de aperfeiçoamento, além de situar o tipo de cultura

institucional existente e as tendências de desintegração e conflitos diante da

quebra de paradigmas.

Pela característica da instituição pesquisada, foram utilizadas as

técnicas metodológicas da observação documental, observação estruturada e

entrevistas semi-estruturadas (uma das técnicas de pesquisa qualitativa),

gravadas em fitas cassetes de 60 minutos. Esta última consiste na fonte

primária de dados, obtidos em pesquisa de campo.

Os dados secundários, provenientes de materiais informativos

disponíveis, tais como revistas especializadas, periódicos, dissertações,

teses, publicações e documentos da própria instituição orientaram as

entrevistas. Esses dados também VIsaram retratar o ambiente da

organização.

Toda a pesqUIsa, portanto, foi precedida por uma revisão dos

materiais informativos disponíveis, objetivando nortear as etapas de campo.

(16)

desenvolvimento das atividades do Poder Judiciário, sua história e o seu

ambiente, conforme preconizado por Child e Smith (1987).

Dividiu-se o trabalho em três etapas: a primeira, traça um perfil

do Judiciário, descrevendo o papel por ele exercido na trajetória da história

humana, tendo sido explorados os fundamentos teóricos que embasaram a

pesquisa; a segunda, analisa a importância das inovações tecnológicas para

o atual contexto jurisdicional e a implantação de projetos voltados para a

melhoria da qualidade e da produtividade dos serviços prestados; a terceira,

identifica a necessidade de mudanças e a existência de barreiras culturais no

ambiente interno, principalmente diante das inovações, flexibilidade e

(17)

Nos primórdios da humanidade o homem era independente

para satisfazer todos os seus anseios. Ao conviver em grupos, foram

surgindo os conflitos e daí a necessidade de normas que regulassem a

convivência para preservar a continuidade da sua existência.

Partindo desta necessidade foram editadas várias leis, sendo a

mais antiga o Código de Hamurabi, grafado em bloco de pedra, na região da

Caldeia, 2085 anos a.C.

Também os romanos tinham o cuidado de legalizar todos os

atos praticados pelo seu povo. Foi nesta época que surgiu a figura do juiz

itinerante, que viajava pelas cidades mais distantes de Roma com a missão

de julgar as demandas encontradas ao longo de seu caminho.

Nos Estados antigos, monárquicos, não havia uma divisão de

(18)

concentravam-se nas mãos do monarca, que legislava, administrava e

julgava as lides. Porém, já nestes Estados, surgia a idéia de limitação do

poder, visando evitar abusos por parte de quem estava governando.

Platão, o filósofo, já defendia a idéia da limitação do poder.

Dizia ele que "não se deve estabelecer jamais uma autoridade demasiada poderosa e

sem freio nem paliativos" (Maluf, 1993 :205). Aristóteles já esboçava tal

pensamento. Em sua obra intitulada Política, chegou a dividir o poder em

"legislativo, executivo e administrativo" (id.ibid). Embora idealizasse esta

diferenciação, tal idéia jamais significou a existência de outro poder, que

não o soberano do Estado.

John Locke, pensador inglês (op. cit., p. 206), chegou a propor

uma divisão ainda maior: 4 (quatro) Poderes, com o intuito de evitar a

concentração de poderes nas mãos de uma só pessoa.

Dentre as pessoas que pensaram a divisão do Poder,

Montesquieu destacou-se, criando o sistema conhecido e aplicado nos dias

de hoje: Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário.

Embora esta doutrina tenha sido acolhida pelos Estados liberais

- e foi os Estados Unidos da América do Norte o primeiro a utilizá-la (o

primeiro Estado da Virgínia a utilizá-la, em 1776), tendo sido seguida por

(19)

trabalho de Montesquieu repousa não na identificação da distinção entre as

três funções, uma vez que a mesma sempre existiu, mesmo em tempos onde

o absolutismo vigorou. A grande inovação de sua teoria foi a afirmação de

que as funções distintas deveriam corresponder a órgãos distintos e

autônomos.

Montesquieu, portanto, formulou uma divisão orgânica, de

modo a complementar a divisão funcional. Concebia, assim, ao declarar a

divisão orgânica como subjacente à divisão funcional, uma técnica posta a

serviço da contenção do poder pelo próprio poder, pois nenhum órgão

poderia desviar-se de suas atribuições a ponto de invadir competência

alheia, instaurando a perseguição e o arbítrio (Bastos, 1992 In Ferreira,

1999).

Montesquieu procurou, enquanto sociólogo de seu tempo,

esclarecer que o perigo, quando apreciada a questão estatal, encontra-se no

fato certo de que todo poder induz ao abuso e, portanto, a concentração

precisa ser evitada por intermédio de um mecanismo de controle (Zaffaroni,

1995 In Ferreira, 1999).

A teoria de Montesquieu sofreu algumas modificações, pois a

divisão funcional apoiada em uma divisão orgânica jamais funcionaria, se a

(20)

nas ações estatais. Por outro lado, em razão da autonomia conferida aos

órgãos representativos de cada função, houve-se por bem admitir que

desempenhassem, cada um, atividades atípicas às que lhe emprestavam a

natureza. Assim, por exemplo, aos órgãos que desempenhassem atividades

judiciais foi permitido a execução de atividades administrativas ou

legislativas, estranhas, num primeiro momento, à sua competência (Bastos,

1992 In Ferreira, 1999).

A divisão dos poderes visava, principalmente, não permitir que

tiranos se formassem no poder, conforme deixa claro o autor:

Os três poderes devem ser independentes entre si, para que se fiscalizem mutuamente, (. .. ) e impeçam a usurpação dos direitos naturais inerentes aos governados. O parlamento faz as leis, cumpre-as o executivo e julga as infrações delas o tribunal. Em última análise, os três poderes são os serventuários da norma jurídica emanada da soberania nacional (op. cit, p.

205).

A doutrina de Montesquieu também foi utilizada na Revolução

Francesa, de acordo com a Declaração dos Direitos do Homem: "Toda

sociedade na qual a garantia dos direitos não estiver assegurada, nem determinada a

separação dos poderes, não tem constituição" (op. cit, p. 207).

Este princípio da divisão de poderes é tratado de forma

especial na Declaração dos direitos do homem, sendo considerado um

(21)

francesa de 1848, reafirmou o princípio: "A separação dos poderes é a primeira

condição de um povo livre" Cid ibid).

o

Brasil sofreu a influência do pensamento de Montesquieu,

como se verifica através da Constituição Imperial de 1824, que adotou,

segundo Ribeiro C 1985: 17),

o Estado unitário como forma de governo, a monarquia constitucional hereditária ( ... ) Mas nenhuma independência assegurou ao Poder Judiciário, eis que ficou sob o tacão do quarto Poder - o Moderador, privativo do Imperador, que nulificava as prerrogativas do Judiciário como Poder, órgão da soberania nacional.

Nesta época, a independência do Poder Judiciário era

desprezada e ao Imperador preocupava apenas assuntos sem relevância,

bem como a nomeação do Presidente da Corte.

A Carta Magna de 1824 só veio a ser alterada, parcialmente,

em 1834, concedendo "maior autonomia às províncias" Cid ibid, 18).

A Constituição de 1891 assegurou a independência do

Judiciário e a de 1934, ampliou e defrniu as suas garantias. A Carta de

1937, chamada "Polaca", unificou o Judiciário e excluiu a Justiça Eleitoral

e os Juízes Federais. A Carta Política de 1946 manteve a unificação da

Justiça, preocupando-se em reduzir "a carga de serviço do Superior Tribunal de

(22)

A Carta Magna de 1988 deu ao Poder Judiciário total

independência financeira; também espelhou um início de democracia ao

inserir no seu artigo 9°: "A divisão e harmonia dos poderes políticos é o princípio

conservador dos direitos dos cidadãos, e o mais seguro meio de fazer efetivar as

garantias que a Constituição oferece". Na verdade, o mais correto seria dizer

separação de funções, pois o poder é um só; o que se triparte em órgãos

distintos é o seu exercício.

O poder de soberania é uno e indivisível. Este poder é exercido

através de três órgãos distintos, pois não se pode ter duas ou mais

soberanias dentro de um mesmo estado; admite-se, porém, que haja órgãos

diversos da manifestação do poder de soberania.

Examinando, portanto, a história do Direito, desde o início da

humanidade, verifica-se que conceitos e regras, criados e implantados na

Antigüidade, são, ainda no século XXI, utilizados, embora todas as

transformações sofridas pela sociedade. Exemplo disto são os institutos do

matrimônio, dos contratos, dos testamentos e outros. Permanece, também, o

mesmo cuidado conferido pela Igreja Católica, na Idade Média, na

elaboração e aplicação de Leis.

As atividades desenvolvidas pelo Poder Judiciário são de suma

(23)

indivíduos buscam a defesa de seus interesses, motivados por um conflito,

que esperam ver dirimido~ analisando este aspecto, verifica-se que o

Judiciário precisa estar num processo de constante auto-renovação pessoal

e institucional, para que as relações entre os indivíduos seja harmoniosa.

Camelutti Apud Alvim (1993), ao falar sobre as relações entre

indivíduos deixa claro que este fenômeno associa quatro variáveis

fundamentais em sua determinação: "a) a necessidade; b) o bem; c) a utilidade; e

d) o interesse".

Este mesmo autor descreve a necessidade como um estado de

carência ou desequilíbrio bio-psíquico, afirmando que ela é a ausência de

alguma coisa que induz o indivíduo a procurar meios que restabeleçam o

equilíbrio perdido. Seguindo tal contexto, o bem, como segundo fator

apresentado, promove a satisfação da necessidade que foi manifestada. Esta

capacidade do bem para satisfazer a necessidade manifestada é a utilidade.

Assim, segundo ainda o mesmo autor, nasce o interesse como uma relação

entre o homem que experimenta a necessidade e o ente "bem" apto a

satisfazê-la.

De acordo com Ferreira (1999:78), os conflitos de interesse

(24)

entre interesses individuais, que devem ser entendidos como os relativos a pessoas fisicas e jurídicas, quer de Direito Privado ou Direito Público~

entre interesse individual e coletivo, como no caso em que o interesse de alguém se contrapõe à defesa do território nacional, por exemplo~ e entre dois interesses coletivos, quando houver contraposição de um interesse à educação pública, frente a um interesse de defesa pública, se o Estado não dispuser de meios suficientes para garantir ambos.

Quando o conflito de interesses não se dilui no meio social, os

contendores são levados a disputar certo bem para a satisfação de suas

necessidades, quando então delineia-se a pretensão, que é a exigência de

subordinação do interesse de um indivíduo ao interesse de outrem.

1.1 CONTROLE ORGANIZACIONAL

Em muitos aspectos o Poder Judiciário brasileiro ainda se

encontra respaldado em um modelo organizacional primário, das

organizações como máquinas. ''Para operar de acordo com os pressupostos estabelecidos na modernidade, fazia-se necessária uma estrutura organizacional rígida, centralizada e com fronteiras de atribuições bem definidas" (Moraes, 2000:35), como apresentado nos organogramas a seguir, utilizados pelo Poder

(25)

ESTRUTURA DO PODER JUDICIÁRIO BRASILEIRO

SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL

I

SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

I

I

I

T

I

JUSTIÇA JUSTIÇA JUSTIÇA JUSTIÇA JUSTIÇA

FEDERAL ESTADUAL MILITAR TRABALHO ELEITORAL

I

I

I

I

TRF TJUSTIÇA SUPERIOR TRIBUNAL TRIBUNAL

TRIBUNAL SUPERIOR DO SUPERIOR

JUÍZEs JUÍZEs MILITAR TRABALHO ELEITORAL

FEDERAIS ESTADUAIS

JUIZADOS AUDITORIAS TRIBUNAIS TRIBUNAIS

ESPECIAIS MILITARES REGIONAIS DO REGIONAIS

TRIBUNAL TRABALHO ELEITORAIS

DO JÚRI

JUSTIÇA DE JUNTAS DE JUÍZEs

PAZ CONCILIAÇÃO ELEITORAIS

TRIBUNAIS E

DE ALÇADA JULGAMENTO JUNTAS

ELEITORAIS

(26)

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I

-

r--

'---ESTRUTURA DO PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DO ESPÍRITO

SANTO

PRESIDÊNCIA

I

I

I

I

VICE- CONSELHO TRIBUNAL CORREGEDO

PRESIDÊNCIA MAGISTRA- PLENO RIA GERAL GABINETES

I

I

cÂMARAS CÍVEIS REUNI-DAS SERV SOCIAL SESTAm PATRI-MÔNIO COMPRA ALMOX MANUT ZELAD

TURA mSTIçA

I

cÂMARAs cÂMARAS cÂMARAS

CRIMI- CÍVEIS CRIMINAIS

NAIS ISOLADAS ISOLADAS

REUNI-DAS

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FORUM FORUM FORUM

1 a ENTRÂN- 2 a

ENTRÂN CIA ENTRÂN

CIA ESPECIAL CIA

DIRETORIA GERAL

SEGU- ARQUI- EDIÇÃO

I - - RANÇA VO ~ PUBU- I

-GERAL CAÇÃO

SUB-DIRETORIA DISTRI- R.

f-- CPD

BUIÇÃO I - - RUMA-

r--NOS

TAQUI-f-- GRAFIA DIR.

TRANS-ECON. I - - PORTES I

-FINANC. ENG.

L o - PROJE

TO BmUO-

PAGA-TECA f-- MENTO I

(27)

Analisando este modelo hierárquico, verifica-se que a rigidez de

regras e seu detalhamento, são uma total contradição com o que prega a

realidade social e os novos modelos de controle organizacional, em que,

basicamente, se tem um controle exercido pelo destinatário dos serviços,

pelo cliente, pelo funcionário e por mecanismos formais automatizados,

como assevera Martins (1998: 60).

"A pós-modernidade precisa de organizações com estruturas flexíveis,

descentralizadas e com definições indistintas e difusas" (Moraes, 2000:35)

O controle interno, realizado pelo Judiciário do Estado do

Espírito Santo, materializa-se em regras como aquela, que estabelece uma

produção mínima para as Varas de suas diversas Comarcas, englobando,

portanto, o trabalho de juízes e seus auxiliares diretos (escrivães, oficiais de

justiça) e eventuais (peritos, depositários).

Materializa, também, este controle os procedimentos

administrativos das Corregedorias de Justiça, na investigação da ação de

seus juízes, que deve ser pautada pela correção e imparcialidade. São

incentivos, ainda, ao desempenho correto e ao destaque dos juízes, as

promoções levadas a cabo por merecimento, com alternância com o critério

(28)

o

outro vértice dessa estrutura é o controle externo, exercido

pela OAB, Ministério Público e pela sociedade, como destinatária dos seus

serviços, através do sistema recursal.

Dentro de uma nova perspectiva organizacional, surge com

grande força a idéia de um novo controle externo do Judiciário, defendido

principalmente pela classe política, com o objetivo de trazer mais

transparência dos atos jurisdicionais para a sociedade. Esta idéia veio da

França, porém o sistema judiciário francês é radicalmente diferente do

brasileiro. A França é um país que não tem Poder Judiciário, visto só existir

o Poder Legislativo e Executivo.

De acordo com o atual Vice-presidente do Tribunal de Justiça

do Estado do Espírito Santo, Des. Pedro Valls F eu Rosa, o que seria o

Poder Judiciário da França, na verdade, é um serviço administrativo

vinculado ao Ministério da Justiça

(29)

Surgiu na França a idéia do controle externo em seguida a um

caso de grande repercussão, no qual o Ministro da Justiça determinou a um

juiz que julgasse um dado processo, diversamente de outro que já havia sido

julgado. O fato é que este processo, que envolvia vários políticos franceses

de expressão, foi arquivado em 24 horas. Em função disto, criou-se um

controle externo da atividade jurisdicional para proteger o juiz francês do

político.

No Brasil, a classe política está querendo criar um órgão de

fiscalização externa, que eventualmente irá sujeitar o juiz a algum político.

Controlar o judiciário externamente, portanto, principalmente se pelo Poder

Político, constitui uma séria ameaça, na medida em que o Poder Judiciário

toma-se refém de uma classe. A independência judicial é o equilíbrio

institucional e democrático, que garante a legitimação do Estado de Direito.

Se o Poder Judiciário tomar-se tutelado por outros Poderes,

além de perder a sua autonomia, elimina sentenças independentes. A

sociedade precisa de um Poder Judiciário forte e ético, que possa conter os

abusos aos cidadãos e em quem ele possa confiar para julgar os seus

(30)

1.2 A NATUREZA MUTANTE DO CONTROLE ORGANIZACIONAL

o

crescimento da sociedade e a conseqüente expansão e

incremento de suas instituições públicas e privadas, exigem uma maior

organização e eficácia. Tal assertiva tem fulcro no aumento de exigências. e

na discussão da qualidade e maior produtividade, que se exige de todos os

serviços prestados e bens vendidos, num meio social que se expande

continuamente e no qual "o saber de hoje de manhã já se encontra obsoleto

hoje à tarde". Existe mais nesta afirmação do que o que parece à primeira

vista.

As transformações estão ocorrendo de forma variada e em

velocidade acelerada. A tecnologia da informação, através de seus recursos,

está transformando a visão organizacional e novos conceitos estão sendo

formados, voltados ao conhecimento e a flexibilização organizacional.

Exemplos práticos da vida mostram ser tal axioma verdadeiro.

A contínua evolução da sociedade tem de ser acompanhada pelo

desenvolvimento da indústria e dos serviços, tanto públicos quanto

(31)

estruturados na mente do cidadão, provocando a obsolescência dos

produtos, serviços e, ainda, na forma de conduzir e fazer negócios.

o

desenvolvimento da tecnologia alçou patamares superiores,

elevando o desejo do ser humano de cada vez mais buscar respostas, antes

mesmo de surgIrem os questionamentos. Novos paradigmas surgiram,

fornecendo modelos de problemas e soluções, compartilhados com a

sociedade, para a compreensão de uma anomalia vinda à tona: os antigos

comportamentos já não correspondem às expectativas atuais.

No que tange aos direitos individuais e sociais fundamentais,

houve a descoberta e necessidade de proteção jurídica do patrimônio

genético da humanidade.

As mudanças ocorridas têm gerado teorias e técnicas

intervencionistas nos sistemas organizacionais que, segundo Martins (1988:

41) são "como um meio de defesa contra surpresas inesperadas e desagradáveis".

Tais teorias, sob diferentes enfoques e pontos de vista, demonstram muitos

dos fatores elencados como responsáveis pelas atuais mudanças sociais a

exigir um novo modelo organizacional.

São o desenvolvimento e novas realidades experimentadas pela

coletividade, aliadas ao exponencial aumento da população brasileira que

levam o indivíduo a uma maior necessidade de contínuo e profundo

.w,-,:,:,,:;~; ;::,,;,;~,:::m: SIMUllSEI

(32)

desenvolvimento da sua capacidade de produção em geral, seja pela grande

demanda, seja pela crescente exigência de melhores serviços.

Atingir, efetivamente, os ideais ou metas, em qualquer ramo de

produção moderna, significa estar atento à realidade e vicissitudes

modernas, numa era que está a exigir uma nova forma de pensar, em que

abstraindo-se um pouco da realidade estatal nacional, passa-se a pensar a

vida inserida no plano mundial.

A competição, inerente ao mundo capitalista, abrange novas

fronteiras, paradoxais graus de desenvolvimento e aptidões. O Poder

Judiciário do Estado do Espírito Santo, contudo, não completou, sequer, o

estágio do equilíbrio, diante desta realidade, tomando-se, desta forma, um

sistema esgotado. Dentro dessa realidade, não é permitido descansar em

louros e simplesmente esperar o porvir. Modelos tradicionais devem ser

continuamente melhorados e transformados, no intuito de oferecer uma

resposta mais eficaz às exigências da sociedade.

O controle organizacional judiciário capixaba apresenta

dificuldades de adaptação às mudanças que ocorrem no ambiente externo,

porque o sistema existente foi criado para funcionar de forma mecanizada,

(33)

padronizadas e não há inovação diante do imprevisto, já que todas as

soluções são pré-fabricadas.

A gestão organizacional, que deveria ser continuamente

desenvolvida e aplicada, acaba sendo ignorada, já que não são aceitas

soluções inovadoras, o que agrava ainda mais o imobilismo, as distorções e

a falta de cooperação existentes.

A lentidão e a alienação tão comuns no profissional de épocas

remotas e que está longe dos padrões de qualidade e produtividade

atualmente exigidos, ainda são moda e fator de sobrevivência no Poder

Judiciário do Estado do Espírito Santo. A diferença, ou a tentativa de busca

de idéias inovadoras, é, com algumas exceções, premiada com a

marginalidade e, então, a criatividade que mal desponta é de imediato

amortecida.

o

fato, ainda, do controle organizacional ser mutante e

ocupado por pessoas que entendem pouco de administrar, embora muito de

aplicar as leis, cria um vínculo maior com as regras tradicionais, não

permitindo que os espaços sejam abertos para mudanças, já que elas são

imprevisíveis e precisam de soluções imediatas.

Na análise de toda a conjuntura exposta percebe-se que o

(34)

um, arraigado ao sistema antigo - com mentalidade tradicional, todo um

conjunto de preconceitos e de idéias prontas para justificar e legitimar os

atos dos seus administradores - e, outro, buscando consonância com a

mundialização - reconhecendo uma realidade e conduzindo a uma

abertura de seus modelos, visando melhorar a sua produtividade, gerando,

implantando e exportando novos modelos de controle e organização, que

atendam às expectativas da sociedade em relação as mudanças por ela

experimentada. Ou seja, uma parte do Poder Judiciário do Estado do

Espírito Santo vem identificando maneiras de melhor utilizar os seus

recursos e potencialidades; o que, sem dúvida alguma, tem sido, para os

inovadores, um desafio intelectual e emocional constante, não só pelas

mudanças velozes e contínuas, como por terem que enfrentar um sistema

solitário, desunido, dissimulado, pessimista e cético.

Fóruns e Tribunais são administrados por homens que estudam

e dedicam-se às leis, assumindo o duplo papel de administrar e julgar. Com

as prateleiras constantemente abarrotadas de processos que não param de

chegar, num trabalho incansável, essas pessoas - magistrados

-temporariamente gestores de Fóruns e Tribunais, são obrigados a dividir-se

entre os problemas administrativos rotineiros e o ato de julgar. É claro, que

(35)

sempre para "mais tarde". Não há tempo para elaborar planos de gestão,

para ouvir serventuários (quem são eles!?!) insatisfeitos ou priorizar

problemas do quotidiano.

Como conseqüência, encontra-se um ambiente de insatisfação,

com autômatos - robôs humanizados a serviço das leis - , desenvolvendo

atividades de forma arcaica, desatualizada e morosa. Enrolados num

modelo tradicionalista e altamente burocrático, muitos funcionários

atendem mal e alguns administradores de Fóruns se colocam como

detentores de todo o saber, ignorando as dissonâncias que se multiplicam

pelos corredores e, mais grave, os seus agentes.

Estas têm sido questões de fundamental abordagem no

Judiciário e dizem respeito também a falta de capacitação dos seus

servidores. Não há uma constância de cursos de desenvolvimento /

treinamento direcionados para o aperfeiçoamento dos recursos humanos. Os

candidatos às diversas funções do Judiciário do Estado do Espírito Santo,

após processo seletivo, são "remetidos" aos seus postos de serviço, sem o

conhecimento das bases mínimas para o desempenho das suas atividades.

Alguns candidatos à função de magistratura, quando selecionados e após

assumirem as suas funções, perdem-se em estrelismos, talo despreparo para

(36)

Torna-se inevitável um repensar por parte dos gestores do

judiciário capixaba, para o fato de que a melhora de atendimento e

agilização dos processos também passa pela capacitação dos seus

servidores, produzindo uma interação dinâmica e equipes de criação do

conhecimento, visando a geração de novos modelos de criação com base no

ambiente local. A importância do desenvolvimento de empregados é prática

universal nas organizações e leva a uma maior qualidade aos serviços

oferecidos.

Cohen (1998) dá ênfase ao treinamento como garantia de

excelência dos serviços, quando afirma que "devemos treinar, treinar e treinar", pois só a constância do treinamento permitirá o conhecimento do indivíduo

em si mesmo e do produto a ser oferecido.

Segundo Nonaka~ Takeuchi (1997: 5),

Tofller (1990) corrobora a afirmação de Drucker, proclamando que o conhecimento é a fonte de poder de mais alta qualidade e a chave para a futura mudança de poder. Tofller observa que o conhecimento passou de auxiliar do poder monetário e da força fisica à sua própria essência e é por isso que a batalha pelo controle do conhecimento e pelos meios de comunicação está se acirrando no mundo inteiro.

Os magistrados, em sua maioria, preocupam -se apenas com o

conhecimento representado pela análise das leis (o que, de certa forma, os

(37)

conhecimento), negligenciando todo um contexto de mudanças contínuas.

Perdem o dinamismo e esquecem-se de que o conhecimento é, na verdade,

uma combinação de modelos mentais voltados para as necessidades da sua

organização, cujas rotinas vêm traçando uma trajetória de evolução

tecnológica.

O Poder Judiciário do Estado do Espírito Santo enfrenta um

paradigma neste século XXI, que é o de desenvolver um novo conceito de

renovação e mudança, identificando competências essenciais para

integrá-las ao coletivo, disseminando novas habilidades voltadas para a tecnologia,

qualidade e maior produtividade.

1.3 AMBIENTE ORGANIZACIONAL

A natureza mutante do ambiente e das relações da organização

com o ambiente têm modificado os padrões de comportamento de grupos de

pessoas e de organizações, criando culturas organizacionais que refletem a

missão e as metas, além de influenciar nas tomadas de decisão.

As empresas tradicionais viam a eficácia e o sucesso como

(38)

organizações têm precisado se adaptar às condições externas mutantes, para

sobreviverem de forma eficaz, ou seja, têm enfrentado o desafio recorrendo

a unidades autogerenciáveis. Para tanto, precisam de pessoas detentoras de

conhecimento, com alto índice de autodisciplina e responsabilidade

individual e aptos a transformar informações em estratégias de negócios.

Nem todos os ambientes organizacionais, entretanto, estão

inseridos nesse contexto, porque, além de não terem concorrentes não

dispõem de novidades tecnológicas, como ocorre com o Poder Judiciário,

considerado como um ambiente estável (permanece o mesmo por um longo

período de tempo) que por ser um sistema relativamente fechado, com

pensamento administrativo clássico, não conseguiu ainda adaptar-se

totalmente ao ambiente externo atual, mantendo um vínculo com o passado,

tanto em questões de tecnologia, quanto de procedimentos administrativos.

Embora os Tribunais de Justiça, como estrutura organizacional

do sistema judiciário, sejam instituições importantes das democracias

modernas, para alguns setores da sociedade são conhecidos apenas pelo seu

caráter autoritário e imprevisível.

Bowditch (1992: 143), aponta a mudança tecnológica como um

(39)

elementos existentes fora dos limites da organização e que tenham potencial para afetar a organização como um todo ou parte dela".

Os fatores ambientais, entretanto, não vêm influenciando a

filosofia e a prática gerencial na Justiça capixaba, já que lá sobrevive ainda

o modelo de "burocracia mecanizada", com tarefas altamente rotinizadas,

regras e regulamentos muito formalizados, autoridade centralizada e uma

nítida demarcação entre as funções do juiz-administrador e dos demais

serventuários, além da falta de inovação e alienação funcional, em parte

devido a falta de comunicação, que, por ser muito verticalizada, nem

sempre chega à base. Ou, o que é pior, em sua maioria, inexiste.

As relações no Poder Judiciário do Estado do Espírito Santo,

algumas vezes, transcorrem a tal distância, que os funcionários perdem a

noção da realidade organizacional e não sabem a quem recorrer para as

dúvidas que surgem no dia-a-dia.

Manter esta "burocracia mecanizada" é bem imprópria para a

Era atual, mas os magistrados e aqueles que também estão exercendo a

função de gestores não se deram conta da necessidade de se ajustar às

exigências de uma sociedade que se transforma constantemente e clama por

(40)

A falta de entendimento quanto a necessidade de uma

integração e aplicação de novos conhecimentos tecnológicos, visando um

avanço nas comunicações/infonnações, reforça o modelo institucional com

características retrógradas.

1.4 AUTONOMIA DO PODER JUDICIÁRIO

Embora a história da organização judiciária tenha a sua origem

no Brasil colônia, nesta época nem se cogitava autonomia para essa

instituição.

A criação da Casa da Suplicação do Brasil, elevou a antiga

Corte do Rio de Janeiro à qualidade de Primeiro Tribunal, o que veio a

posicioná-lo como instância superior, dando origem ao primeiro órgão de

cúpula, que atuou com o objetivo de disciplinar e revisar as decisões das

Relações (Jucovsky, 1997).

A Constituição de 1891 trouxe algumas inovações para o Poder

Judiciário brasileiro. Em razão do momento histórico da Proclamação da

República, a estrutura judiciária brasileira sofreu algumas influências

(41)

surgimento da Justiça Federal, tendo por órgão de segunda instância o então

Supremo Tribunal Federal. A Justiça Federal idealizada contava com a

existência de uma Seção Judiciária para cada Estado e Distrito Federal, sob

a responsabilidade de um juiz federal, denominado juiz de Seção, no

desempenho da função de primeira instância (Alves, 1987 Apud Ferreira,

1999).

A marca norte-americana na divisão entre justiça pertinente aos

estados-membros e Justiça da Federação, ficou na história do Poder

Judiciário brasileiro.

Quando do governo ditatorial de Getúlio Vargas, em 1937,

várias restrições foram impostas ao Poder Judiciário, principalmente no

tocante ao controle da constitucionalidade das leis. Constava da

Constituição em VIgor, que, apenas pela maioria absoluta de votos da

totalidade de seus juízes, os Tribunais poderiam declarar a

inconstitucionalidade de lei ou ato presidencial. Porém, mesmo que

houvesse unanimidade de votos, a decisão do Tribunal poderia tomar-se

sem efeito, caso o Presidente a compreendesse como necessária ao

bem-estar do povo ou à promoção de especial interesse nacional e obtivesse dois

terços de votos em cada uma das Câmaras a favor de sua continuidade

(42)

Verifica-se que já nesta época havia a ingerência de um Poder

sobre o outro, em assuntos de exclusiva competência, no caso, do

Judiciário, que deveria exatamente cuidar da constitucionalidade das leis.

Após a submissão do Judiciário no governo Getúlio Vargas, a

Constituição de 1946 expressou a importância da separação dos Poderes e

resgatou a força da justiça, recuperando a observância das garantias de

vitaliciedade e inamovibilidade, bem como irredutibilidade de vencimentos

para juízes.

Novamente o Poder Judiciário ganhou competência para

conhecer a inconstitucionalidade de leis, ficando, dessa forma, livre da

ingerência do Poder Executivo. Ainda esta mesma Constituição estruturou o

Poder Judiciário em: Supremo Tribunal Federal, Tribunais Federais de

Recursos, Juízes e Tribunais Militares, Juízes e Tribunais Eleitorais e

Tribunais do Trabalho. A Justiça Federal de primeira instância, extinta em

1937, entretanto, não foi recriada (Alves, 1987).

Em 1967, através da Carta Magna, o Poder Judiciário sofreu

mais uma vez uma situação de submissão com o fortalecimento do Poder

Executivo, o que só foi revertido anos mais tarde, em 1988, com a

(43)

Com o advento da Constituição de 1988, acreditou-se que os

anseios de independência do Judiciário fossem ser reconhecidos, ficando ele

com autonomia, tanto financeira quanto administrativa, pois anteriormente a

esta Constituição, vários ministros, dentre eles Xavier de Albuquerque, já se

mostravam insatisfeitos, como demonstrou em sua fala, transcrita por

Ribeiro (1994:35).

Teoricamente, o Poder Judiciário tomou-se autônomo

financeira e administrativamente, porém os seus recursos de funcionamento

não dependiam dele próprio (a dotação orçamentária era definida por outros

dois Poderes, que acreditavam que a única função do Judiciário era a de

julgar). Só há independência no ato isolado de sentenciar, quando se dispõe

de recursos próprios, e não tomando-se refém de "um sistema de

dispositivos", adotado por uma Constituição.

o

artigo 99 da Constituição Federal de 1988 trata da

autonomia financeira e administrativa, conferida ao Poder Judiciário.

Art. 99 - Ao poder judiciário é assegurado autonomia administrativa e financeira.

§ 10 - Os tribunais elaborarão suas propostas orçamentárias dentro dos limites estipulados conjuntamente com os demais Poderes na lei de diretrizes orçamentárias.

§ 20

- O encaminhamento da proposta , ouvidos os outros tribunais, compete:

(44)

II - no âmbito dos estados e no Distrito Federal e territórios, aos Presidentes dos Tribunais de Justiça, com a aprovação dos respectivos tribunais.

Era esta uma antiga reivindicação do Judiciário, que se

encontrava há anos, subordinado ao Executivo, principalmente no tocante a

elaboração de seu orçamento.

A teoria da separação de poderes, proposta por Montesquieu,

previa três poderes autônomos e harmônicos entre si, porém, o Judiciário

não é plenamente autônomo.

A falta de autonomia financeira do Poder Judiciário perante os

Poderes Executivo e Legislativo reduz a capacidade de administrar a justiça

e, deste modo, também ocorre o desaparelhamento de Fóruns, ocasionando

falta de condições de trabalho para os juizes e demais servidores,

especialmente em Comarcas de interior.

Atualmente o Poder Judiciário tem autonomia para empregar

as suas verbas (sempre definidas em valores inferiores ao necessário),

respeitados os limites estipulados pela Lei de Diretrizes Orçamentárias.

Assim deve ser, para que, "nas palavras de Freidrich, 'não se inicie o caminho para

a ditadura'" (Ribeiro, 1994:34). Quando a independência do Poder Judiciário

(45)

A autonomia administrativa dos Tribunais a ele compete,

conforme estabelecido no artigo 96 da Constituição Federal:

dispor sobre a competência dos seus órgãos administrativos e jurisdicionais, organizar as suas secretarias e serviços auxiliares, prover os cargos de Juiz de Carreira da respectiva jurisdição, propor a criação de novas varas judiciárias, prover por concurso público de provas, ou de provas e títulos, os cargos necessárias à administração da justiça.

Numa reflexão, entretanto, questiona-se sobre tal autonomia, já

que olhando sobre outro prisma, encontra-se um Poder Judiciário

dependente orçamentária e administrativamente em relação aos Poderes

Executivo e Legislativo, o que o neutraliza politicamente. E, ainda,

dependente da procura dos cidadãos que formam a sociedade brasileira

o

Judiciário precisa preservar a sua independência para que os

seus magistrados não sofram pressões de qualquer tipo no desenvolvimento

das suas atividades judicantes, ou seja, espera-se do magistrado que ele

judique com desinteresse os conflitos dos seus jurisdicionados, mas para

que tal ocorra ele precisa estar inserido numa instituição totalmente

(46)

Quando da expansão industrial, na década de 50, as empresas

brasileiras adotaram uma política de ênfase nos produtos, não considerando

os clientes, que, porventura, estivessem consumindo seus produtos ou

serviços como importantes para o seu negócio.

A concorrência e a diversificação de produtos à disposição dos

consumidores era pequena, o que lhes permitia pensar que todo aquele que

quisesse um produto ou serviço, deveria buscá-lo no mercado sem fazer

maiores considerações a respeito da qualidade dos mesmos. A idéia era de

que o cliente deveria adaptar-se ao produto que lhe era oferecido, conforme

(47)

qualquer cor de carro que desejassem, desde que fosse preto". Dentro deste contexto, a satisfação do cliente era irrelevante.

Entretanto, as novas realidades competitivas romperam as

fronteiras, derrubando grande parte dos padrões que norteavam a gestão das

empresas. Os produtos e serviços passaram a sofrer a influência dos

mercados e as barreiras que os limitavam foram desaparecendo com o

fenômeno mundialização. Também o cliente foi afetado e a partir daí,

buscou avaliar melhor as alternativas que lhe eram apresentadas.

Às empresas restou constatar o ambiente de turbulência e constantes mutações, bem como a necessidade de aperfeiçoar seus

processos de planejamento e gerência, enfocando novos conceitos de

qualidade / produtividade. Neste sentido, visando uma vantagem

qualitativa, grande parte das empresas brasileiras, para manterem sua

posição competitiva no mercado, buscaram, através da tecnologia, novos

modelos de trabalho.

O desenvolvimento de tecnologias foi importante como

sustentáculo de competitividade das empresas à nivel mundial. O avanço

tecnológico ocorrido nas últimas décadas, ao criar novos paradigmas,

(48)

novas formas produtivas e modificando algumas dimensões da inter-relação

do indivíduo com o mundo e da sua percepção da realidade.

A tecnologia de redes eletrônicas modificou de forma profunda

o conceito de tempo e espaço, ligando pessoas dos mais diversos lugares em

tempo real, permitindo-lhes trabalhar em conjunto, trocar informações,

aprender e ensinar, ou seja, contribuiu para a participação de um processo

de aprendizagem tecnológica .. "Aprendizagem refere-se aos vários processos pelos

quais habilidades e conhecimento tecnológico são adquiridos por indivíduos e

convertidos para a empresa" (Figueiredo: 2000:207).

Não é possível negar que a tecnologia trouxe melhorias

revolucionárias, mas é possível afirmar que ela também trouxe

desorganização de competências e de práticas organizacionais, criando

funções diversificadas e mobilizando todas as pessoas para a necessidade

crescente de um conhecimento mais especializado, com vistas para o

interior e exterior da sua instituiçã%rganização.

Fez-se necessário que as organizações desenvolvessem a

capacidade de identificar as suas deficiências, tanto nas aptidões

estratégicas quanto tecnológicas, direcionando as suas atividades para o

desempenho proativo, visando maior probabilidade de sucesso junto aos

(49)

A velocidade e descontinuidade das mudanças externas, a

necessidade de adaptação da organização ao novo ambiente, desafiou

empresas a trabalharem no sentido de transformar a cultura então existente,

formando uma nova classe de trabalhadores virtuais. A comunicação deixou

de ser linear, tomando-se sensorial e multi dimensional.

Essa corporação nova, virtual, não possui contornos, não apenas em relação aos seus parceiros estratégicos, mas também em relação aos seus empregados.

Esta é a nova geração de empregados que, por meio dos avanços em telecomunicações e computadores, está livre para trabalhar em casa ou em algum escritório distante ... e, além do mais, capaz de escolher onde será o seu local de trabalho (Malone e Edvinsson, 1998: 116-117).

Tomou-se impossível não fazer parte deste crescente universo

de inovação tecnológica e não se engajar no sistema, aliando o trabalho

desenvolvido a nova realidade virtual.

"As empresas

C .. )

que não entenderem a mensagem do mercado irão se

tornar obsoletas, o mesmo ocorrendo com velhos processos de trabalho e respectivas

profissões" (Vasconcelos FO, 2001 : 12).

Existe a consciência da importância da formação de um novo

grupo de trabalhadores, para que a empresa possa ajustar o seu perfil ao

século XXI.

Esse novo grupo de trabalhadores

(50)

sentir a grande pressão para seguir as instruções de um chefe que se encontra em outro continente com uma diferença de quatro fusos horários (Malone e Edvinsson, 1998: 120).

As organizações inteligentes reconhecem que para terem uma

vantagem competitiva no século atual faz-se necessário aliar o

planejamento da qualidade a tecnologias modernas, para o qual as empresas

vêm investindo, sistematicamente, dentro de uma filosofia que prima pela

satisfação do cliente interno e externo, o mais plenamente possível, o que

resulta no diferencial de uma organização que busca o sucesso e, para tanto,

insere-se num contexto mundializado.

Barros (1996), entretanto, lembra da necessidade de se fazer

uma reflexão no sentido de que não bastam máquinas modernas se não há

pessoas habilitadas para manuseá-las. Verifica-se, portanto, que a qualidade

dos serviços inicia-se pela capacitação dos funcionários/empregados e se

complementa com uma tecnologia moderna à sua disposição.

"A capacidade de utilização do conhecimento irá fazer a diferença entre

as organizações e até mesmo entre os países" (Rodriguez y Rodriguez, 2001: 14)

No meio empresarial consegue-se vislumbrar com facilidade a

importância da qualidade e de que forma esta filosofia propicia a

sobrevivência das empresas, partindo do entendimento de que o cliente

(51)

o

Poder Judiciário também pode ser visto como uma grande

empresa, cujos serviços não podem estar à margem das transformações

ocorridas, para que não seja atropelado pela história.

No século XIX, uma das principais preocupações das empresas

era garantir que um grupo de profissionais realizasse uma tarefa com igual

eficiência e esforço. Ford implementou a sua linha de produção calcada na

exigência de padronização de atividades, o que lhe garantiu o sucesso do

processo produtivo. No século XX, com a chegada intempestiva da internet,

várias barreiras foram derrubadas e o conhecimento passou a ser

compartilhado, de forma sistemática, com um maior número de pessoas,

agilizando decisões, reduzindo custos e exigindo maior aperfeiçoamento de

todos os profissionais. No século XXI " ( ... ) a aplicação de novas idéias e

conhecimentos poderá vir a ser a diferença entre o sucesso e o fracasso" (Rodriguez y

Rodriguez, 2001:95).

Dentro desta abordagem vale ressaltar que o Poder Judiciário

do Estado do Espírito Santo constitui-se numa organização cujos serviços

oferecidos são especiais, para uma clientela especial e, assim, nada mais

justo que siga o exemplo de milhares de organizações, que foram

(52)

Já que uma empresa deve reconhecer a importância do seu

consumidor por uma relação do mercado, justo também que o Poder

Judiciário capixaba reconheça a importância do cidadão, em função de uma

relação institucional que o criou, visando garantir a eficiência dos serviços

que oferece à sociedade.

Não há barreiras que impeçam a realização deste ideal.

Inserir-se na modernidade significa prestar atenção aos processos de gestão,

envolver servidores no processo de comprometimento, prestar atenção ao

cliente, tomar a burocracia mais flexível e fazer uma administração voltada

para o cidadão.

Com esta nova visão, poder-se-à resgatar a Justiça, enquanto

parte do complexo estatal, adotando-se um instrumento mais eficaz de

controle do desempenho do sistema judiciário, permitindo que qualquer

cidadão sinta-se, de fato, em condições de pleitear o que lhe é devido. Não

se pode, portanto, negar a importância de tamanha necessidade, conquanto

seja o Judiciário co-partícipe de todo o processo social, no qual exerce

parcela de responsabilidade institucional.

Os novos tempos pedem novas organizações, que terão que ter

(53)

contínuo. Na verdade, este processo de aperfeiçoamento tomou-se uma

corrida para o futuro, em que todos precisam mudar para não perecer.

c .. )

Lee Loevinger, erudito advogado de Minesota, ( ... ), na metade deste século, proclamou a necessidade de utilizarem-se métodos científicos no âmbito das ciências jurídicas, com ênfase na aplicação da elaboração eletrônica e da tecnologia da automação. Estava criada a JURIMETRIA, que distinguia a análise quantitativa do comportamento judicial, a aplicação da teoria da comunicação e da informação ao entrelaçamento jurídico, ou seja, o uso da lógica matemática no direito, a recuperação dos dados jurídicos por meios eletrônicos e mecânicos (Szklarwosky, 2000:2).

Não basta, no entanto, participar desta corrida com um novo

tipo de veículo organizacional: é preciso ter a visão de onde se quer chegar,

para não correr o risco de vagar sem rumo ou ficar dando voltas sobre si

mesmo. Para tanto, faz-se necessário mudar a filosofia da organização,

submetendo-a a uma transformação radical, onde o cliente /usuário deve ter

suas necessidades atendidas da melhor forma possível.

É preciso que o Judiciário do Estado do Espírito Santo

aproveite o momento de profundas reformas administrativas, planejadas

pelo Governo, que pôs em pauta a necessidade de se repensar o sefV1ço

público brasileiro, através do Plano Diretor de Reforma do Aparelho de

Estado, onde são defendidas noções novas a serem implantadas na

administração pública, para quebrar os seus paradigmas, flexibilizando a

(54)

técnicos e tecnológicos e, desta fonna, promover o aperfeiçoamento da

máquina pública.

Fica evidente, analisando a estrutura do Poder Judiciário

capixaba, que muitas barreiras limitam as mudanças desejadas e

necessárias. Uma delas é o fato de que ele se estrutura em feudos (fóruns),

que funcionam independentes administrativamente, dispondo de uma

hierarquia própria e limitando os seus funcionários a uma rotina que não

leva a qualquer solução de problemas.

Estes feudos (fóruns) têm o foco voltado para o seu interior e,

às vezes, seus gestores entram em conflito com os gestores de outros fóruns,

pelo sucesso obtido, deixando claramente transparecer um antagonismo

forte quando da viabilização de novas tecnologias, que pennitem satisfazer,

a um custo reduzido, as exigências da sociedade.

Dentro deste contexto, alguns juízes-gestores nada têm feito no

sentido de aderir às novidades, introduzindo recursos tecnológicos que

ampliarão os limites atualmente existentes, melhorando a qualidade dos

servIços e processos.

A dependência do mundo virtual, entretanto, é inevitável,

indiscutível. Apesar deste fato ser tangível, uma questão vem demonstrando

(55)

muitos juízes têm questionado a sua validade jurídica, visto ser possível,

por meio de recursos técnicos, alterá-los sem deixar vestígios.

Por outro lado, entretanto, através da técnica da assinatura

digital, toma-se possível garantir a autenticidade e a veracidade de um

documento eletrônico e, por conseqüência, atribuir-lhe validade jurídica. "A

assinatura digital é, em síntese, uma codificação, garantida e atribuída por uma terceira pessoa por um certificado, de fonna a proteger o documento de qualquer alteração sem vestígios. Aqueles que dispõem de assinatura digital já podem efetuar troca de documentos e informações pela rede com a devida segurança fisica e jurídica" (Blum, 2000: 1).

Os questionamentos são importantes para a expansão do

conhecimento, porém a relação virtual e os seus efeitos, a adaptação e

interpretação das normas jurídicas através da internet, gerando resultados

legais sérios e enorme potencial de efeitos jurídicos já se tomou uma

realidade no sistema judiciário, como, por exemplo, a assinatura de

contratos eletrônicos entre as partes com segurança muitas vezes superior

àquela utilizada no meio fisico.

Destaque-se, ainda, o trabalho invulgar dessa nova tecnologia,

que vem sendo desenvolvido pelo atual vice-presidente do Tribunal de

(56)

Castro Lugon, apresentado em capítulo a parte, cujo desempenho tem sido

analisado e absorvido por vários Tribunais, inclusive de outros países.

As técnicas de informática em geral se aplicam a qualquer tipo de informação, independentemente do seu conteúdo, e submetem-se a determinados princípios, para ter sua validade e eficácia testados, quais sejam: a eficiência, a utilização, o grau de acesso, a velocidade operacional. (. .. ) Essa ferramenta eletrônica, indiscutivelmente, não só está facilitando o exercício das mais diversas atividades como se tomou indispensável, sem o que o homem não teria chegado à Lua nem estaria mapeando o universo, a ponto de em breve, (. .. ) estar atingindo outros planetas e civilizações, imitando, desta vez, com pleno êxito, Ícaro, o lendário ser do pássaro voador (Szklarwosky, 2000:3).

São imensuráveis os recursos proporcionados pela tecnologia

eletrônica. O Brasil, com a Lei 9800, de 26/5/99, acompanha de perto o

progresso científico e o avanço tecnológico, ao permitir às partes a

utilização de sistema de transmissão de dados e imagens para a prática de

atos processuais, que dependem de petição escrita. "Os juízes poderão praticar

atos de sua competência à vista de transmissões efetuadas na forma desta lei, tomando-se o usuário deste sistema de transmissão o responsável pela qualidade e fidelidade do material transmitido e por sua entrega ao órgão judiciário" (Szk1arwosky, 2000:4).

A Lei 6830, de 22/9/80, é pioneira na simplificação do

processo formalístico e cartorário, tendo antevisto o processo eletrônico

como veio condutor do sistema. Não se pode mais negar que o acesso à

Referências

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