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-GRADUÀÇ;Ó
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E.MpS ,:iCQ~O
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. , ' ,.. CENTRO DEPl>S-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA
ATR1BUIÇÃO VE CAUSALIVAVE E VE CONTROLE
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LOUCURA
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VIVERSOS PROFISSIONA1S -
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POR RELIGIOSOS
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Disser 'L,
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submetida como requisito parcial para
obtenção do grau de
MESTRE EM PSICOLOGIA
Ao~ ~ROFESSCRES
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CURSO VEMES-i '
,TRAVO VA
FU,NVAÇÃO GETOL,rpVARGAS,
, I .'
que com clarividência
transmiti-. transmiti-. ' . ' . • . ,_ • 1 ~.
ra~-me
os mais profundos
ensina-mentos.
- ' Ao Vil. JOSE AUGUSTO
DELACOLETA
que, como orientador,
en~iqueceueste trabalho com suas oportunas
e ' brilhantes
su~estões.Que
com
sensibilidade e inteliqência,con
.'-tribuiu para a melhor
2presenta-ção do mesmo. Que com dedica2presenta-ção
e se"riedade, projetou
e
supervi-sionoU' a análise estatística des
ta pesquisa.
Ao
ENGENHEIRO ROBERTO FERREIRA
SI~VESTRE,
do Nijcleo de
Process~mento de Dados da Universidade
Federàl . de Uberl;ndia, pela
va-liosa co13boração na computação
dos resultaãos.
Ao
GERSON FERREIRA VA COSTA,
pe-lo serviço de datipe-lografia.
v
-cebida,
ã
minha cunhada
CONCEI-çÃO,que
~eacompanhou na coleta
de dados, ao meu irmão
LUIZ
AL-BERTa,:
pelo apoio durante minha
estada em Brasília,
ã
minha
~avo
LAURA
pela compreensão, e
ã
mi-nha irmã
CYNTHIApelo incentivo
e confiança recebidos.
A
TOVOSque de
u ~forma ou
de
.outra ajudaram na elaboração des
te
tr ~ b 2 lho,muito obrigada.
,"
',.",-.~!- 'r,
profissionai~ de nivel superior e religiosos sobre as causas e
o controle da doença mental. Levantou-se opiniões de 360
pro-fissionais (psicólogos, médicos e médicos psiquiatras, enfermei
ros e enfermeiros psiquiatras, assistentes soc~a~s, sociólogos,
técnicos de administração, economistas e enge nheiro s) e 60 reli
giosos (padres e freiras). Foram utilizadas duas escalas em
forma de questionário: a Me n tal H e a 1 t h o f L o cus o f O r i g i n (MHLO)
e a Mental Health Locus of Control (MHLC).
Foi feita a distribuição dos suj ei tos de acordo com
os pontos obtidos em cada escala; discriminou-se o numero de
sujeitos que acreditam mais n~ causas orgânicas da do~nça
men-tal e o numero de sujeitos que acreditam nas causas ambientais,
segundo cada item da MHLO. Também discriminou-se quantos suje~
tos acreditam que o sucesso da psicoterapia depende ma~s do com
portamento do cliente e os que acreditam que tal sucesso
depen-de mais da capacidadepen-de do terapeuta, segundo cada item da MHLC.
Calçulou-se o coeficiente de correlação entre locus de origem e
locus de controle da doença mental, e coeficiente de confiabili
dade das duas escalas.
As principais conclusões indicam que os psicólogos, as
sistentes soc~a~s e ·sociólogos acreditam ma~s que os médicos e
enfermeiros e estes ma~s do que os 'reli gi osos e os tecnológos
que a doença mental e causada por fatores ambientais e que o seu
controle depende mais do comportamento do cliente do que d a
ca-pacidade do terapeuta.
The present study was designed to obtain data regarding perception about causes and control of mental health, among
university levei professionals and members ~f a religious denomination (priests and nouns). Two questionnaries were
utili ze d for the study, with two point scales: the Me ntal Health Locus of Origin (MHLO) and the Mental Health Locus of Control
(MHLC) questionnaries.
The questionnaries wer e s ubmitted to and answered by a total of 420 subjects, 360 of whom were professionals
(psychologists, psysician s including psychiatrists, nurses in c luding psychiatric nurses, social assistants, sociologísts, '
administration technol;gists, economists and engineers) and 60
were priests and nuns.
Distribution of the subject s was performed according to the number of points achieved in each scale: utilizing the MHLO scale, subjects were separated b e tween those that hold th e opinion that mental disease has organic causes and -those th at believe mental di sease is linked to e nvironmental causes.
Utilizing the MH~C scale, the subjects were separated according to their opinion on whether the s uccess of psychotherapy
depends more on the behavior of th e patient or on the th erap i sts ' capabilities.
Results obtain e d from both qu es tionnaries were
statistícally analysed for each professional group. Th e correlation coefficient between locu s of origin 'and locus of control was
obtaíned.
-oriented professionals, and these more than religios subjects
and technologists, that mental desease lS caused by environmental
factors and that its control depends more on the patient's
behavior than on the therapist's capabilities.
-Agradecimentos
Rêsumo
summJ
y
---~---iv
vi
vii
p}\G
INTRODUÇÃO ---
01
CAPiTULO I - REVISÃO DE LITERATURA
PARTE I - EVOLUÇÃO HISTORICA DA CAUSALIDADE NA PATOLOGIA -
04
PARTE
11 -EVOLUÇÃO HISTORICA DAS CAUSAS DA LOUCURA ---
31
PARTE
111 -TEORIAS SOBRE A ATRIBUIÇÃO DE CAUSALIDADE
62
CAPíTULO 2
METODOLOGIA --- - -
97
CAPITULO
111APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ---
107
CONCLUSÕES E SUGESTQES --- - ---
143
REFER~NCIA
BIBLIOGRÁFICA --- - ---
148
A história da teoria do conhecimento evidencia a gra~
de necessidade do homem em identificar as ori g ens dos
fenôme-nos, na tentativa de compreender e explicar o mundo que o cer
ca. Observando a realidade através de um processo dialético en
tre o variável e o invariável, estabelece elos de ligação entre
causas e efeitos, definindo crenças acerca das origens dos even
tos. Essas cren ças são fatores cognitivos i mporta nt es na
per-cepção que o indivíduo tem do seu meio e d eterminarã o, em
últi-ma instância, todo seu comportamento. Por outro lado, nao se
-pod e esquecer que a "co mpreensão fenomenal" , permitindo a previ.
sao e o c~ntrole dos fato~, constitui-se em sinônimo de poder,
o que determina o exercício do controle no relacionamento
huma-no.
Na Psicologia Social, a questão do controle percebido
e sistematicamente est udada desde os anos 60, com a plena u t i l i
zação metodológica do construto "locus de controle", que expli.
ca a percepçao relativamente constante do homem sobre a causa
dos fenômenos: se própria do sujeito ou se fora dele. Assim,
pod e-se dizer qu e o "locus de controle"
é
um termo qu e definecerta tendência de percepção com relação
ã
prática do controle,enquanto a atribuição de causalidade
é
o processo de inferênciasdas causas; o primeiro
é
mais estável e con s tante e direcionao segundo.
Existem atualmente ma1S d e urna dezena de teorias que
causalidade e como a percepçao do con trble torn&-se um
-
f .atorcognitivo i rrp ortante na compreensão do mundo em que vive o
su-jeito. Segundo Skinner
(1971),
qu ~n do o individuo sente que naoé
capaz de determinar a ocorrência do~ fenômenos, ou seja, qua~do não há expectativas de que as forças internas (do próprio i~
dividuo) possam suplantar as externas (do ambiente), há
conse--quencias negRtivas na aprendizage~ e no de sempenho . Pesquisas
realizadas na áre~ clinica co nfirmam essa idéia ao se
verifica-rem correlações positivas entre preco~i~ânci~ do locus de
con-trole interno e funcionamento psicoló g ico ma~s saudável .
Em
1981,
Hill e Bale publicam um artigo no qua~afir-mam ~er a percepç~o do controle pelo cliente, o ma~s importante
componente de qualquer psicoterapia e a base de toda mudança
te-rapêutica. Desse modo , as expectativas do cliente com relação a
quem é responsavel por sua melhora , se ele próprio ou se o tera
peuta, sao import~ntes nas situaç;es de tratamento. Tai ~
expec-tativas estao relacionadas com a percepçao do cliente sobre
-
aorigem da doença mental . Assim, quando o cliente acredita que
a doença mental é uma doença orgânica, atribui maior poder ao
terapeuta, por sua melhora, por outro lado, quando percebe a
doença mental como resultante de fatores ambientais, acredita
que sua recuperação depende mais dele próprio.
A analise da relação entre concepçoes psicopatológuas
sobre a origem da doença mental e expectativas com relação a
quem possa controla-la, e um dos obJetivos des te trabalho. lnici
almente
e
feita uma síntese histórica da causalidade no campo-presentadas alguras teor~as sobre a tribui ç~o de causalidade e,
finalmente, a d escriç~o de u~a pe s quisa de campo sobre a perce~
Cl':P:ITCLO I
RF.VISÃ.o DELlr;:'E~]\TUFA
PARTE I EVOLUÇÃO HISTORICA DA CAUSALID.hDr 17A. PATOLOGIA
As duas primeiras partes deste capítulo apresentam
u-ma revisão de comO evoluiu o estudo das causas das doen ~ as físi
cas e das doença s me ntais (1) deixand o -se a análise do pro
ces-so de atribuição de causalidade para a terceira parte .
As pr~me~ras tent a tivas do hom e m no controle das doen
ças surgem atraves de explicações Dág i ~ o-religiosas , co ~ as ca~
sas sendo atribuídas a outros s e r es hu manos ou sobre-humanos . Os
processos mágicos são auxili ad os por práticas astrológicas acre
ditando-s e que o~ corpos cele s tes sao divinos e possuidores de
sabedoria su pe rior. A crenç a na exist~ncia de u m mu n do justo e
marcante nas ideias do homem p r imitivo, sendo a enf e rmidade con
siderada como castigo p e los pe ca dos com eti dos. Nesse cenário, os
demônios t~m o poder de causar as doen ça s e os deuses, o poder
de curá-las; cada doen ça possui o seu d em ônio e o seu d e u s
es-pecífico, e cad a . me dico-feiticeiro, seus deu ses pessoais.
Os feiticeir os fazem o . diagnó s tico e invocam o Deus es
pecializado na cura daquela doença. O mundo espiritual dos
ba-bilônios e um dos mais ricos em divindad es . Contam os historia
dores Ale xa nder e Selesn i ck (19 68 ) qu e a deusa Ninkharsa g ,
au-( 1 ) Embo~a o~ ~e~mo~ do e~~ a men~al
e
louQu~n ~ e nha Qo n o ~ aç 5e ~di~~inta~,
no
rhe~e nt~ t ex~o ~~ ~ u~i liza do~ indi6e~entemenxiliada por ma1S oito deuses e deusas,
é
especializada emva-rias d~enças, mas a principal divindade dos medicos e o Deus Ni
nurta que certa vez, quando o povo sofria de pestes manda
a-traves do rio, uma serpente q~e chegando ao porto faz
desapare-cerem as epidemias. Desde entao, a serpente passa a ser vista
como símbolo do Deus . Tambem sua esposa, Gula, pOSSU1 a arte
de curar. A ação dos demônios se realiza através dos
feiticei-ros das tribos inimigas que se utilizam do "mau olhado" e de
...
preparaçoes ~speciais.
Entre os eg1pcl. OS, a entidade suprema ~
.
é
o deus Imhotep,na verdade, . um ex-c urador que V1vera 2850A.C. e recomendava tra
tamentos agradaveis como relaxamento corporal , pa sseios ao ar
livre, danças, pintura, entre outros. Após sua morte é
divini-zado e se~ ensinamentos segu ido s. Os Persas possuem uma r e l i
-giao dualista: o deus Ormuzd, criador do mundo é o d eus da bon
dade, sendo cercado por se1S anjo s , o espírito do mau é Ahriman,
cercado pelos genios do mau. As duas entidades e seus
ajudan--tes disputam o domínio do mundo. Para prot eger os homens das do
enças envi adas por Ahriman, Ormuzd esc olhe o poderoso anjo Thri '
ta que se tornou a divindade suprema da medicina persa no
pri--meiro milênio antes de Cristo.
Os Heb reus ao contrario dos outros povos, atribuem as
doenças e as curas a uma só entidade. As doenças sao castigos
de Deus pelos pecados cometidos, as curas, decorr entes do
per-dão Divino . Os Gregos, por volta do seculo VII e VI A.C.
atri-buem suas curas ao De u s Esculapio, c ujo o nom e em grego (Askala
bos) significa serpente. Segundo os historiadores citados , os
símbo-lo do poder dos mortos.
o
bastão de Esculápio possu~ u ~ aser--pente enrolada - símbolo atu 2 l da redicina.
A Era clissica ~ marcada pelo materialismo que
carac-terizou o pensamento gr eco-ron ~ no na b~sca de e xplicaç~es
natu-r a i s panatu-ra a onatu-r igem d e vid ~ . Tales d e Mileto (:' 50-580 A.C . ) ,
ad-mite a existência de u ~ a substância como ele~ento bá s ico de to
das as co~sas que identific ét com -a a g u a . Por ou t ro lad o , Anax í
menes (570-500 A.C.) pensa que o ar é o úni co prin c ípio do
un~-verso. Meio século ~alS t arde Xenõf~n e s consid2r~ a terra como
substância enquanto Eericlito, o fO f o . E~pédoc l es
(490-430 A.C.) aperfeiçoa e SSilS id e ia s sustentando que os q ua t r o
ele mentos bisicos da ma t ér ia re p re ~e nta n as qualidades fundamen
tais à~ corpo (calor, sec u ra, u mid ade e frio) correspondentes
aos quatro humores principais ( sa~gue , fleum a , bIlis amarela e
b i l i s preta ou atrabílis).
o
equilíbrio e ntre os hu morescons-t i cons-t u i a saúd e , e o desequilIbrio, a do e n ça . Acredita que a
cu-ra se di atcu-raves de dro ga s com qualidades opostas as quatro qu~
lid a d es bisicas do cor , o . Emp~docles vê nas emo çoes as f o rças
motoras e por isso Ale xiln d er e Selesnick (196 8 ) o consid e ra m o
primeiro filósofo voluntarista.
Contemporân eo e ad e pto d as idéias de E ~ pedoclas, Hi p~
crat es afirma que a cura d epe n de do s e s forços propr
-
~os.
da natureza a "physis" esforços que o m~ dico deve favorecer e
não interromper com excesso de rredicamentos~ A patolo g i a hipo
-critica funda-se ta mh;m na harmonia humor a l , seu merito malor
foi separar. a pratica m~dica das funç~es sacerdot 2 is e da filo
funda-mental para se chegar ao diagnóstico. Insiste que todas as
do-enças têm causas naturais e q u e a recorrência a explicações
ticas é produto unicamente d a ignorância sobre a natureza das
mesmas. Essa insistência em favor do co n hecimento racional
re--sulta-lhe na alcunha de Pai da Medicina.
Nos dois últimos séculos Antes de Crito da-se a
as-c~ndência romana no Mediterrâneo através das Guerras PGnicas. A
necessidade de atendimento medic o aos soldados fer{dos, conduz
os rOM ? nOS em busca de praticas efetivas b aseadas nos
.
~
pr~nc~--pios epi~uristas e estóicos . Teor icam ente a posição atomista
de Demócrito é mais coerente com essas práticas do qu e o
racio-nalismo de Hipõcrates.
o
homem passa a ser pe rc ebi do como umconjunto de atomos que se atraem e se repele m mutuamente.
En--tre os atomos existe m poros e quanoo esses po ~ os são obstruídos
impedindo a mobilidade atômic ~ adequada, ocorre a doen ça .
Vis-to que a mobilidade atômic a segue suas ' próprias leis, a cura e
obtida pe la submissão do homem e essas leis, através do
relaxa-mento corporal~
o
estoicismo e o epicurismo sao duas filosofiasgre-gas extremamente realistas que têm por objeti v o basico, a obten
çao da cura pela paz de espírito. Para os estóicos a ausência
de tensão e obtida pela indiferença e pela apatia, para os
epi-curistas, pela segurança interior. Epícuro torna o sistema de
Demócrito menos determinista, sustenta que assim como os atomos
têm certo grau de auto-det er mi naçio, o ho me m tambem pode
tor-nar-se ', ate certo ponto, in~ependente do unive r so. Entende-se
qu~ a divergência entre essas duas posições filosóficas inicia
tureza humana.
No Egito, ma~s particularmente em Alexandria, muitos
medicos mostram-se descontentes com a rigidez das teorias
anti-hipocrãticas . e resolvem buscar um princípio vita l que ex-plique
ma~s satisfatoriamente a saúde e a doença. criada a teoria
pneumãtica, segundo a qual o ar vindo dos pulmões ao coraçao e
repartido pelo corpo, tornando-se o princípio vital do funciona
mento orgânico. são as anomalias do pneuma que causam as er;fer
midades, e sua cessaçao, a morte. Na atividade prática, os
-
pne~mãticos adotam uma variedade de tratamentos, sem criar um siste
ma consistente de terapia.
o
ecletismo atinge os médicos gre-gos fixados em Roma, cujo o ma~or representante é Cladio Galeno.
Após Hipócrates e com i g ual grandiosidade, sur ge
(131-200 D.C.) a figura de Galeno cuja autoridad e se
tornaincontes-tãvel durante mais de mil anos. Tentando reun~r todos os conhe
cimentos da época, Galeno reforça as descob ertas anatômicas e a
teoria humoral, ao mesmo tempo que apela para a filosofia
reli-de Platão e Aristóteles e busca uma fonte espirit~
aI responsãvel pela união menta-corpo. Suas descobertas e
afirmações abrangem essas div ersas posições teóricas, a saber:
sustenta que jamais se consegue um equilíbrio perfeito entre os
humores e que esse desequilíbrio habitual depende do tipo de v~
da, da idade, do clima e da idiossincrasia; diz que a anatomia
humana e idêntica a . animal, descreve ossos e músculos e obser--·
va que lesões cerebrais produzem p~rturbações do lado oposto do
corpo; localiza sete n e rvos cran~anos e distin g ue e ntre n er vos
busque c a usas cada vez ma~s distantes de s~ mesmo para compree~
der as desgraças sofridas.
As concepçoes hel~nic R s passac para Bizincio e daí ao
Imp~rio Ãrabe, onde floresce urna n o va cultura com a expansao das
conquistas militares.
o
g rande líder ~ Maom~ q u e consegueu-nir o povo sob a doutrina do isl a nismo. Tocavia a medi c ina ara
be ~ entravada pelas lim i taçõe s severas do Al c orão, Gao perni
--tindo a dissecaçã o anatômic a , proibindo olhar o corpo nu d e un a
mulher e insist ~nd o na aceitação da autor~da de . As idéia s de
Hipócrates e Gal e no são preservadas mas nao sao d es envolv i das.
Fora do do ~ ínio árabe preva lec e a mitolo g ia du a lista da luta e n
tre Ormuzd ( esp írito bo r ) e Ahriman ( espírito ma u) qu e possu e
o corpo e a mente da s pe sso as d oe ntes e r e for ç a a pratica do e
-XOrClSI'1o. A Idade M ~dia ~ marcada pela ma~s se v era per seg ui ç ao
dos do entes mentais qu e a hist;r~a da hu ma nidade já tev e
conhe-cimento; fala-s e di sso ~ a~s adiante.
Nos s~culos XI e XII a Cniversidad e d e Saler no teve
importante papel na separ ? ção e ntre ~edic ina e reti g iã o , atra
-ves da reto mada do trata men to d e s mãos do s clericais e sua d e
-volução aos medicos. A medicin a como a arte e a filos ofi a r e be
la-se contra a auto~id A de dos mestres tradic i onais e rompe v~o
lentamente "c om a Idade Media num~ insia d e tot al renovaçao. Ini
cia-se um novo período d ~ história talvez tentando melhorar o
mundo d egra dante do pr e sente ou evadir d e le atrave s da c ri ação
de sonho s e fantasias, ou abandonar o saber an t i g o jul g ando-o d~
feituo s o e por isso respon s ~v c l pelos infort~nios.
t
°
tarde, a Academy Royale des Sciences em Paris. Os ?rogressos c~
entíficos se baseiam em dois metodos intelectcais: o :Ietodo
A-nalít i co Dedutivo e o Metodo Em?írico Indutivo. A com:::inaçao
de ambos, experimentação com intuições pipotetic2s , realizada
por Galileo, possib i l i ta o desenv olvimento da ciência moderna .
Esse perlodo e considerado como a Era d ~ Razio e da Observação.
Rene Descartes (1 596-1&5J) , e cons~d e rado U R ex tr em
a-do racion p l is ta dedutivo, po~s tenta ecten~er o ~undo atraves de
silo g is~os, sec qualquer relRcã ~ com os sectidos. Considera os
anim a is, com exceçao
-
do homem, complexas peças d e maquinarias,mas d o t a o ser humano de u ma qualidacie s" ') e r . ~ o r
,
a alma pensan-te (re s co g itan .:; ), separada do cor;->o (r es ex-tensa ) e sem int era
ç ao com este. Descart es excl L i de SUR inv estigação o
conne-cimento do cor po e, corno registra Pe~na(1981), a mp lia a
defini-ção da alna ao identificá-la não so com o pensa~e nt o , mas com a
consciência. Des s e modo, pe nsar é sobretudo, to rnar consciência.
Sem dúv i da, Des cartes antecipa o s ur p i mento do método psicanalí
tico.
O século XVIII é rotl1.1ado como a epoca do Iluoini sm o
porque os pro g ressos ocor r idos sao real men te prodigiosos. Mas
por outro lado, e U B períOdO ch ei o de ideias contraditória s . A
característica do s~culo e a cre nç a na razao substituindo a fé
em todas as atividad e s huoan~s, e a ex~erime~tação dom i na a abs
tração d e dutiva. Na Medicina , as doenças passam a ser dia g
nos-ticadas co~ exatidão e local~za das com ~recisão.
O ingles St e ph e n Hales (1677-1761) , desenvolve
circulação, e o francês Rene Laennec inventa o es tetuscópio.
Outro francês, ReLe Reaumur
(1683-1757)
e o italia:lo LazaroA-pallanzani
(1729-1799),
estuda~ profundar.ente os processos d i-gestivos, e o anatorista Giovanni Batista Mor g agni lança o
S1S-tema de localização da patolo g ;a cerebral.
Em termos socia i s, a bur guesia substitui lent amente a
~obreza no poder . A descoberta da Amer ic ~ possibilita o e n r 1
-quecimento dos comerciantes europeus . O ouro trazido do Novo
Mundo eleva o custo de vida tornando os ge neros de primeira
ne-cessidade inacessíveis
ã
maioria c a po ? ula ç2. o.r
o nasci mentodo capitalismo e co m ele, a idéia de lucro. O r.umero cre s cente
de mendigos e louco s passa a ser te~ , i d o n e la aneaç .? d e reb e
-1 iões .
A
Espanha , enriquecida pelas nave g é',çoes, inc'entiva ' as-descobertas científ i c ~ s.
A
escola de ~ ontpelli e r e a re ?resen-tação máxima do vitalisr.o e seus r.aiores defensores sao Bordeu
e Barthez. O ponto de part~da do vit ? lismo de Bordeu e a análi
se da atividade das glâ ndulas. Ela s atuam mediante uma propri~
da d e v i tal, e s
p
e cí
f i c ri d e sua ma t é r i a que 1 h e s ' p e r m i t e extrairdo plasma sanguíneo substâncias ~ue elaboram de modo peculiar .
Cada parte do corpo po s sui uma atividade vital própria e
parti-c1pa harmonicar. e nt e da atividade glob a l do or g anismo
Barthez profetiva conce p ção idêntica afirmando que o
ser humano e a integração de uma alma espirit ual e pensant e , um
corpo materia l e u m princípio vital que concede ao corpo suas
propriedades bioló g icas.
instância, a expressa0 d e um pr ~ ncIpio d e atividad e inerente
-
anatureza do próprio corpo qu e vi" e . Em outras pal a vr as h i uma
equiv a l~ncia entre "ser natural" e "s er v:'vente", "tudo que
e-xiste na natur eza vive". S t a.n 1 e x t r e Q i 3 é1. essa ? o s içao, e asse
gura que entend er UTI or g anismo uao e conhecer em det a lh es seus
mov ime ntos ( re cânico s e químicos), mas conh e cer pr ecisamen te a
"fo rça " e o 11 pr l nClplO • . . . 11 qu e p rod uzem ta is mov imentos. Par a ele,
o ver d a d e i r o p r i n c
T.
p i o d a s u b s i s t ê n c i a c o a n i ma - " r a z ã o d e s e rdo corpo vivente" - ca u sa i me di ata 2 as al t eraçõe~ p ato ló g ic as e
d e sua cura. Stahl atri ~ ui a s d o enças a dois tipos de causa l i
-dad e : pertcrba çã o do próprio anl ~B (i ~p aciência , cólera , t e
-mo r , a n s i e da de), que El. t r a :) a 1 h -". s e u c o n t r o 1 e sob r e o c o r p o , as
ve zes de fo~ma patoló g~ ca , e os processo s mor bosos da ~ at~ria
corporea (a g ressões d o meio , heran ~ a, e t ~ ) . Sua0 c o n cepçoes t e
óric as sao reunida s sob o trtulo d e an i~ is ~ o ' e represe L ta m uma
reaçao vigorosa ao mecanicis~o c ~ rtesiano .
Ainda no século XVIII dois per 3 0nage ns a l cançam d es t~
que: o holan dês Boerhaave, que crla u m sis t ema ecl~tico de cau
sal i da de, e o a 1 em ã o H o f f ma n c r i a d o r dos i s t e J a do " di na 1.. i s mo
or gânico" . A orie ntaç ao gera l da fisiolo g ia boerhaviana
...
e mec anicista, e parte do princípio d e que o orga n lsmo e composto d e
part es sólidas e líqui das redutíveis, em vltirro extremo ,
-
as substâncias qUlmlca s elementare s, e estas ...
.
ã
unidades materia i s oui tomo s. Cinco sa o as s u ~ stâncias bisic as : a terra, o sal , o
ól eo , o espírito e a a ? ua; as três prim e iras predo ~ ina rn na cons
tituição da s part es sólidas , daí a malor coesa o d estas e su a
constância fi gura I e as d uas últi ~as pr eàom i nam no s lr~uidos.
sendo a pr1me1r a o bom ex e rcício das fu~ç~es do corpo, e a
se-gunda, todo estado que nao perm i ta o exercIcio correto de u ma
ação qualquer. Frederico Hoffmann t e nta unir a velha concepçao
a·nimista ao materialismo. Explica a vid a pe lo mov i men to
(cir-culatório, tensao e movi me nto das fibras), i s to e , pelo tono ou
energia que cada parte d o or g anismo teQ ? ara e xe cuta r suas
fun-çoe s . Essa ener g ia pr o ve m do ar - "v erdadeiro e radic a l a ge nte
da vida", composto de p a rtículas minG sc u las , c a da u ma pOSS
U1n-do sua própr i. a for ç a e que cile f ar. ao corpo pe la r espi ra ção , tran~
formando-s e no cérebro em f luido n e rvo so . Par? Hoffmann , so o
que r es pir viv e , e tod a a e nf e rmidad e
e
u ra a l t eração do tono.A exploração qui mica de Hoffnann e r.l1rUC10Sa
.
.
e re t ó dica .willi a n Cullen estrutura o si st em? n europatológic o.
Baseando-se no s conceitos hoff Qanniano s d e espasmo (contra ção
musc u lar) e ato mia (r elaxame nt o dos t ec ido s ), expl ica a pato
lo-g1a dos movimentos microquímicos dos s ólido s e as · alt e raç ões dos
líquidos. Segund o Cull e n, a ~a n ife stação primaria da vida e o
"tono", mas este não
é
u ma qu a lidad e dos t ec ido s vi v o s , comodiz Hoffmann, e sim um a propriedade criada pelo sistema nervoso.
Quando o movimento do fluido nervoso e apro ~ riado, ocorre a s au
de, qu a ndo esse movimento e exceSS1VO ( espasmó dico) o u demas
ia-do tênu e (atônico) ocorr e o estado morboso . No pr1me1ro caso
temos as estenias, e no s eg undo, as ast enias , cujas t e r f.1pêu t i
-cas sao respectiv a mente: uso de d e pr e ssivos e uso d e es timulan
teso Entretanto , quem dã ma xir.1 a notoridad e a teoria do " espasQo "
e "ast enia " nao
e
Cullen, mas o medico esc oc es John Br ow n. Parao brownianis í o a causa fundamental da vida
e
a excitabilidadepensamento, emoção) ou externo (cho que, alimento, tóxico) que se
converte em"excitabilidarle".
Silva, e colabodores (1959) resumem as idéias d ominan
tes da patolb g ia at~ a metade do século XVIII , da seguinte
for-ma:
"o
~OhpO hum ~ no ~on6tade
dua~pahte6,
~m ~ 6~lldaou
~on , tinen.te
e
outha
lZquld~ou
~o r : :':' ld c LO ad e qua do
,to-no da rhú!e.lhc!.
eo
~olr.he . :~ (Imovl rnev:to de:.
, ~e9ul'1 dC! , CI.6J.legUha m a ,J.laúde nOlr.mcr.l .
Tod r
al )~ ehaç.ão ne ,6tc~J.l6unç.õeJ.l-~o
nduz
em ne~ e6J.lahlam
enteã.
en6ehr.,ldcld
e" .Entre 1788 ~ 1828 o médico alemão Franz Gall , d esc
re-ve o desenvolvi me nto do cérebro no feto , estuda o des envo lvimen
to do cérebro humano desd e suas orig ens nos gân g lios n erv osos
dos insetos e disseca a su~stância branca do cérebro . Influ e
n--ciado pelas idéias de Morgagni, acredita na localização das
fcnções cerebrais. Presume que protuberâncias e reentrâncias
do crânio informar sobre o maior ou menor cesenvolvimento dos
"órgãos" cerebrais. Mas seus conceitos, logo ca em no descrédi
to.
Paralelameftte a todo esse conhecimento científico o
Iluminismo tamb~ m é uma era de impostores famosos. O médico aus
tríaco Franz Mesmer cria o chamado "ma g netismo animal".
Afir-ma que o cor n o aniAfir-mal possui uAfir-ma propriedade Afir-magnética que o c~
loca sob a influência dos astros e de outros anl.mal.S que o
cer--cam. E assegura ' que tal influência
-
e reCl.proca. ~ Mesmer garan-te curar qualquer doença através do que ' chaMa de "flu ido mis-te-
miste-rioso". O tratament o se realiza em um ambiente escurecido
dos toques das mao s de Mesmer. Apos ter obtido grande sucesso
entre a burguesia parisiense, e desmasc ~ rado por um g rupo de C1
entistas Mas, sem d~vid a s, Mesrer descoõre e desenvolve uma
terapêutic a precursora da prptica psic~nalrtica.
No início do seculo XIX sur f e~ novas teorias
vitalis-tas que sao, na verdade, reminiscencias da teoria de Brown.
Pa-ra alguns histori~dores (Silva, 195 ) ; House, 1962) ,
do é marcado pela mediocridade da s hi ~o te ses que co nduz e ~ os me
dicos a um ridículo cienti~ico. as c inc ~ primeiras décadas d o
seculo (1790 a 1840), ocorre o abandono da razao e u ma busca
do cor.qçao; e a E ra Romântica. A luta do h o mem com se u s ins ti "
tos e pa1xoes torna- se ma 1S irporta ~ te ç u e a descoberta do mun
-do exte rior. E pela p ri ne ir ~ vez, os conflito ~ psicolo g icos sio
considerados com seriedade.
Evidenterente, fRtpres SOC1a1~ contribuiram bastante
para essa situação. A Eur n p~, apos a qued2 de Napoleão e sob
o domínio do príncip e austríaco Me tternicn, vive anos d e in s
ta-bilidade intern a , com o povo instigado ~e l03 lemas da revoluçã~
Os governos da Alemanha, Rússia, França e Inglaterra vêem-se
a-meaçados não por 1n1m1 g os externos nas por seu
. . .
prO IJr10 povo.-
.
Af o rça policial e colocada nas ruas para restaurar a ordem e
prender os revoltosos. Assir, o interesse pelo d es tino pess oal
torna-se mais importante que o interesse pelos acontecime ~ tos
públicos, e re p rimido, o homem busca satisfação n.q fantasia.
Mas a orientação basicamente psicologica, nao imp ede
o prosse g uim en to da experimentaçao científjca. A Física e a Qui
para a Medicina . As contribuições da Física vem através das
des-cobertas da eletricidade,rragnetismo, calor, óptica, radiações
e a teoria dos gases. A Química descobre a lei das combinações
e sua dinâmica e distingue a Química Or~ânica e Inorgânica. Na
Alemanha, principalmente em Berli~, os medicos sao céticos qua~
to divagações filosóficas e incentivam a ida aos laboratórios.
~ nesse cenario que surgep! os maiores meQ~COS
-
" da época : reterMUller (1801-18 58 ) e seus discípulos: Hermann Von He lnholtz
1885), Theodor Schwann (1810-1882) e Rudolf Virchow
(1821-1902) .
MUller, incansav e l experime ntador, cr~a a lei da ener
gia nervosa especifica, afir ma ndo que c a d a or g ao sen s
-
or~o.
rea-ge a um estímulo d e forma singular . Helmholtz mede a
velocida-de do impulso n ervos o er raso Partindo da descoberta do Botâni
co Jakob Schleiden de que
ha
uma estretura ~nica em t odos os t ecidos vegetais, Theodor Schwann estuda tecidos animais no m~cros
cópio e faz descoberta semelhante . Em 183 8 esta criada a
teo--ria celular de Schleiden-Schwann, surge nova mentalidade
so--bre a origem da vid R : a v i da reside nos element o s or ga ~ n~cos
.
ea célula é o elemento fundarental dos processos vitais. Porem,
Schleid e n e Schwann não sabem de onde ve m as células. Por volta
de 1855, Rudolf Virchow enunc ia a ch ap".ada "lei eterna do
de--senvolvimento continuo: Omnis Célula e Célula", afirmando qu e
a célula não é somente um elemeLto morfológico , mas também u ma
unidade fisiológica vital dos organisros.
A nova patologia celular, tal como entendida por
ê
anatomica~ente localizad a ; a C 2 US a externa da do e nça atuandosobre um grupo de celulas pro voca uma alteração que modifica a
sua atividade ( reação ) e u m tr 9. nstorno de sua estrutura morfoló
g"i c a ( 1 e são ) , ou u~a detenção de sua atividad e ( p aralisia); a
celula enferma repr e senta um per1 f o a vida e is t o e o q ue
dis-tingue a sa~de d a do en çR . Essa t e oria i ~ icia na ôe dic i na um a
consist~ncia re ~ lm e nte c i e ntifica .
P o r vo I t a d e I 8 5 9, o na t u r a 1 i s t a i n g 1. ê s C II a r I e s Da nv in
prdpoe o pare n tesco f i sioló g ico e a coru n hão en tre as origens de
todos os seres vivos, com a formaçã o de nov as esnêc~ es pe la s e
-leção natu~al, atravé s da s obrev ivê ncia dos ~a 1S aptos. De sse
modo, nao há ma1S , n ecessi dad e d e s e ex:) licar a or 1 gem aa vida
humana atraves d e u~ a for ç a vitpl Q rstic~, os metodos das C1e n-"
-c1as , naturai s s~o s ufici entes para àesv And ar os mist érios
bio-ló g ico s . Darwin e hi s t or i c Rmente c on s i de rad o o Glti ro dos g r D ~
des cientist ~s da E ra Romintica . E se ~ara al l, úns
historiado--res esse período e v i sto como u~ retrocesso r..o conheci me nto
científico, para a Psi c uiatria, os romintic o s antecipa~ seu nas
cimento como ciência .
A decada de 6 J assiste a decadência da su p r em a cia
francesa por corrupçoes internas e a ascensao política e
econo-mica da Alemanha sob a lid e rança de Bismark . As univ ers id a d es
alemãs alc a nçam prestIgio em toda a Eur opa pelo reconh ecimen to
de sua avança~a educ Rção ci e ntr~i.ca. A E ra Moderna é marcada
pelo int eres se na necrolo ~ ia e e n ~s se c a mpo que oc or r e m as ma10
res descob ertas . No s pará g ra f os seguintes ess a s d escober t as são
analisada sob o pr:sma bioló p ico , d eixand o-s e a sua anális e ps~
Noritz Romberg, neurologista da Universidade de
Ber-lim, lança o primeiro livro sobre neurologia, tornando-a u ma es
pecialidade médica (1840-1846). p ilhelm Griesinger, também da
Universidade de Berlim, tenta lihertar a p~ ~ quiatria das espec~
lações românticas e busca as causas organicas Gas doenças me n
-t ai s . Nessa época os francese s , A.L. B3yle e J. L. Calmiel
en-contram lesões patolõ s ic~s no cérebro de psicõticos q u e sofrem
de paralisia geral pro g ressiva (~GP), (a i nda nao se sabia que a
s í f i l i s é o agente causador). Outros estudos d eôonstra m que a
car~ncia de i~do causa hipotireóid i smo, creti~ismo e imb eci lida
de. Esses dados sio s uficiertes para convencer Griesinger de
que as doenças mentais sio c ausa das pela a ç~o dir e ta ou
indire-ta sobre as células cerebrais. For outro la d o , e le r e con hece o
-papel da repressao na doença me ntal, esboça um conceito d e eg o
falsificador de ' idéia s mórbidas e relaciona os sintomas me n tais
com os processos oníricos v en do a satisf ~ çio s ex ual corno a base
de ambos. Em termos de tratamento, recomend a a un~ao
.
-
dos doismé to do s : psíquico (b ~ nhos, sedativos, terapia ocu p acional, evo
cações de pensamentos e emoções ) e somitico (dro ga~ farmacoló g!
c a s) .
Um dos· rr. ai s brilhantes discípulos de Griesin ge r
ê
omédico Eduard Hitzi g que com a ajuda de seu cole r a Theodor
Fritsch realiza trabalhos sobre estimula ç~ o elétrica do s c e r e
-b ro s de c aes , lançando a neurofisiologia experimental .
-
PierreFlourens e Luigi Rolando descobr en qu e o cerebelo
ê
re sponsã-vel pela coordenação motora . Entre 1850 e 1881, J ea n Baptiste
Buillaud est uda inflamaç~es cerebr~is e d e duz que o lóbulo
sa da area d~ fala e Paul Broca (1824-18 8 0).
Paralelamente aos estudos de 10caliz Rç~0 cerebral, os
neuromicroscopistas analisam a arquitetur? celular do cérebro.
Em 1850, Heinr~c~ Von ~aldeyer cria o conc ~ ito de neur~nio: un1
dade estrutural e funcional do tecido nervoso; e identifica suas
funções citoplasmáticas de transmitir o impulso ao corpo celu
--lar (realizada pelos dentr:tos) e de transmitir o impulso do
co~po celular (realizada pelo ax~Eio) . Todavi a , o modo de trans
miss~o do impulso continua desconhic:do.
Ivan Sechenov (182 5 190 5), e considerado o pai da fi
-siologia russa ao descobrir que a atividade cerebr~l d e?en~ e de
estimulaç~o externa. Alexander e Sel e snick, parafr~s eando
Se-chenov, escrevem :
"Tod o.6 0.6 ato.6 p.6ZquJ...C.O.6 que. Oc. Of!fe.m ao longo da.6
lJ...-nha.6 de.
~e.6le.X0 de.~e.m .6e.~e..6tudado.6 de.
mane.J...~aJ...nte.J...-~a~e.nte.
6J....6io l 5gJ...c.a
rc~~ue..6e.u J...nZc.J...o, o e..6tZmulo .6e.n
.65~J...o,
e.
.6e.u 6J...m, a.6 açoe..6
moto~a.6, .6~06e.n6me.no.6
6J... ~ .6J...ol5g , ~c.o.6 . AlémdJ....6.6o, me..6mo o e.lç.r.: e.r>fo me.é.J...ano
ou
p.6ZquJ...c.o
é
~ ambém, e..6t~J...t ~m e.nte.6alando, muJ...ta.6
v e. ze..6,
.6e.n~o .6e.mr~e., n~o
um
6e.n6 r~ e.noJ...nde.re. nde.l1te. - C.0 111 0
.6e.
ac.~e.dJ...t~va al1te.~J...o~me.l1te.
-
ma~urn a
ra~te. J...l1te.g~ante.de. todo
e..6.6e.
p~0c.e..6.60" (A le.x.ande.~e. Se.le.,611J...dl.,
1968).A metod o lo g ia de Sechenov e a teoria de Darwin POSS1
-bilitam o surgimento do sistema pavloviano. Ivan Pavlov, fisio
lo gista russo, dedica-se ao estudo ex~erimental das glindulas
salivares, recebendo er 1~04 o Prêmio Nobel de Me dicina. Segu~
do Pavlov toda ativid2de cerebr~l e baseada em refle x os primiti
vos que atraves de repetidas associações com estímulos externos
reflexos condicionados sao as bé'.ses dos p rocessos cerebrais su-
-periores. Suas id~ias torn~m o comDorta ~e nto humano
besicamen-te mecanicista, possibilitando A class if icação dos indivíduos de
acordo com suas maneiras de reagtr aos estimu10s. Assir os ~n
divíduos passam a ser percebidos como melancólicos (reações de
inibição ou depressão), coléricos (reações de irritabi1id .?de )
fleumáticos (reações d e rigidez) e sanguíneos (r eações de insta
bi1idade) .
Em 1860, G. T. Fechner pro ~ oe a criaçao de um ~ nova
ciência, que ele defin e como a ciência e x ata d ~s relações funci
onais entre a ~atéria e o espírito: a ps~ . cofísica. Se g undo
Fechner nao existem dois tipos de fenômer. o s, u n s físicos,
ou-tros psíquico~, sao arbos asp ectos da mesc.a realidad e . A apa
--r e n t e d i f e --r e ! . ç a e n t r e e 1 e s -j e c o r r e d o f a t o d e s e r e m o b s e r v a dos de
ângulos distintos. Quando examinados como são percebidos (ân g~
10 interno) parece m de natur eza psíquic~, quando examinad o s
~n-dependenteme n te de noss a percepç a o (ân g ulo externo), parecem fí
sicos. Su a preoc upação
é
verificar acorrespondência entre osprocessos psíquicos e as intensidad es re g istradas nos fenômenos
físicos.
Nessa mesma epoca, W. Hundt, psicofisio1ogista alemã o, ~
distingue a Psico10 ~~a d ~s Ciências Físicas. Afirm a Wundt, es
creve Penna (1981), que em to da representaçao interna pode-se
distinguir, três elementos:
1) a coisa representada (cont eú d o da repr ese ntaç ão )
2) o sujeito que representa;
que representa.
As ci~ncias frsicas estudam as coisas representadas enquanto
1-soladas do sujeito, a Psicolo g ia estuda as C0 1sas r ep
resenta--das em suas relações com o sujeito. Wundt v~ portantQ, que a
Psicologia é ori g inária d a s ci~ncias frsic~s
ã
~ed ida que estu-da o pr o cesso de abstraçã o d o sujeito (e xper i ênc ia imediata)
enquanto as ci~n c ias frsica s s~o const r uíd as a partir d a abstra
çao que d es vincula a C01sa representad3 do se j ei t o (e xpe
riên--c1a mediata). E"G .~ t ermos r.;e tod o ló gi cos ~';undt acen t t' a c: u e a Ps
i-cologia s~ pode usa ~ o m~todo experimental n o c ontrole d ? s c
on-dições frsiol~ g i c a s dos fer:ôm e nos ps í C;ll ic os , com o nos estudo s
sobre s e~ sibilida de , n a s nunc a no s es t ud o s cio~ processos superi
ores ond e e i mpos s ível o controle d ~s c ondiçõ e, fisioló g ic ?s .
Wundt rrarca o nasciment o da P s icol o g ia Ex~ e ri men tal e F i s i ológi
· ca .
Na pr o por çao que o século
XIX
av ~ n ~ a, os n e urolo g i s-tas tentam e nco n trar as ba ses or g anic a s dos p roc ess o s men tais.
Obviamente er.1 penha r.: -se en ur.a tarefa ir-.pos s ível, mas d esco
nhe--cem tal particularid ~ de . O m~dico V1enen se T~eodore Meyner t
(1833-1892) descobre que ca rla áre a do córt ex e exc i t r.t d a. po r es
trmulos especrficos vindos do sistema nervoso cen t ra l , e que as
células corticais se comunicam com c él ul a s cere brai s mais profu~
das. Atribui a causalidad e d as perturba cões me ntais
ã
c i r cula-ç~o sanguínea inad e quada no c~rebro: d e fici ê ~ cia s no f lu xo San
4"
g U1neo causam estados de exci ta ç ~o, e xce ssos d e f lu xo , c a li s am
estados d epres sivos. R ec om e nd a no tratamento o uso d e dr o g as
tante criticado por suas idéias infundadas.
Carl Wernicke, outro médico austríaco, descobre q ue um
dos hemisférios cerebrais é dominante e realiza estudos sobre
a afasia (perda ou diminuiç~o da linguagem). Mas sua ma10r
con-tribuiç~o
é
a descooerta de que pacientes com lesão cerebralorgan1ca, esquecem acontecimentos recentes, mas recordam fatos
ocorridos a muito tempo. A utilidade prática de sua descoberta
~ a distinç~o entre psicoses ca u sadas por doenças cerebrais e
psi "coses funcionais. Alé~ disso, obs e rva que alcóolatras cro
-n1cos apresentam perturbacões na visão e obscurecimento d a cons
ciência.
No início do nosso século, e r 1913 , o agente infecci~
so da s í f i l i s (spirocheta pallida) e enco~trado no cerebro de
pacientes que sofrem de ~aralisia geral progressiva ( PGP)
f i l i s cerebral - através do trabalho de Hideyo Noguchi e J. W.
Moore. Essa síndrome
ê
caracterizad a por deficiência psíquica,perda de memor1a e do senso de moral, insensibilidade e delí---
-
.
rios. A cura definitiva da s I f i l i s
só
ocorre quando AlexanderFleming descobre a penicilina, em meados do século XX . A
desco-berta da origem s i f i l í t i c a da PGP reforça as crenças nas causas
organicas das doenças mentais , afinal, uma psicose pôde ser
co-nhecida e curada pela patologia oróânica.
Na Inglat e rra , Thor.as Layot e Herbet Spencer, este
~ltimo havia trabalhado com Darwin, concebem uma organizaç~o
e-volucionária do cerebro achando que o sistema nervoso podia ser
entendido pela evolução das espec1es . John
-
.
Hu~hlins Jackson mosvoso: os níveis inferiores do c~rebro e da medula espinhalsao
responsiveis por movi me ntos e s teriotí p icos (de for r a s fixas) e
são os mais antigos na evolução; o nível medio (cereb elo )
con-trola as atividades motoras e e o segundo ní vel da evolução; os
niveis su~eriores (16bulos frontais) sao os Glti mo s a evoluirem
e são responsiveis pelo pe~sament0 abstrato e simb6lico. ~ Iveis
mais evoluidos inib em atividad es dos níveis i med i a t amente ~ e nos
evoluidos, s e ndo os primeiros ma 1S pr ~ r tament e afetados pela do
ença mintal q u e os se g undo.
A ne u ropsiquiatr{a transpoe o At l i n tic o e a l c a nça a
AIPérica. Nos E3tados Unido s , Charles Scott Sherin g ton (1 85 7
1952 ) separa efetivawente o cer e belo da colun3 v er tebra l de um animal e observa maior excitabilidad e de s ta ap6s a s eparaç a o .
Assim, esti comprovada a t esE deJackson so br e a açao inibitor :a
dos centro s superiores s obr e os in+eri o re ~ . A 1 ~ m d i s s o, S h e r i n~
to ~ demostr a cowo ocorr e ai~t egração dos
tema nervoso c e ntral.
vário s níveis do
S1S-o
naturalista franc ~s J ea n B apt ist e Lammarck sugereque a mudança na função de um 6r g ão transforT'a sua mo rf olog ia e
essa alteração e tran sE. itid a
ã
g eração se ~ ~inte. Sua idéi a fortalece crenças já existentes sobre ~ h er anca das doenças me
n-tais. Benedict Au g ustin MoreI amplia essa posição afir mando
que o ilcool e os n a rcót ic os, pr ed i s p o e m a degenerações e ao
mau tempera me nto, tornando os desc ende nt es i med iatos ma1S nervo
sos, a terc e ira g eração pr0v a v e l r e nt e psic6tíca, e toda s as
ou-tras g eraçõ es dem e nt es até a extinção d a famili a .
vações clínicas e tao grande que se torna necessária sua
siste-matização.
o
neurologista alemão Emil Kraepel in (1856-1925) toma para si essa árdua tarefa. Dedicado ao est udo das desordens
m'e n t a i s, p a s s a a nos a n a 1 i s a n d o o s a n t e c e d e n t e s h i s t o r i c o s d e p ~
cientes internados em maniconios e faz descrições meticulosas
de seus comportamentos. Kraepelin classifica e distingue as do
e?ças mentais, apresentando descrição porrrenorizadas de sua si~
tomatologia. Considera a àemencia precoce apresentada por
ado-1escentes com alucinações e delírios com raras possibilidades àe
curH. Todavia a psicose maníaco depressiva, caracterizada por
períodos de excitação e normalidade, apresenta grandes chances
-de recuperaçao . Quando um paciente e as vezes mudo, outras
ve-zes violento, possui demência precoce catatônica, mas s e e
to-10 com respostas verbais e comportanentais in~dequadas, então ~
heb efrênico . Se por ol'tro lado, o paciente apresenta 'delír i os
de perseeuição, ~ considerado paranoico, uma variaçio da
demên-cia precoce.
Kraepe1in ~ considerado o " Pai da Psiquiatria Moderna "
e seu sistema de classificação das doenças mentais ainda ~
usa-do nos diagnosticos de pacientes psiquiátricos. Mas se por um
lado, Kraepelin consegue imprimir uma ordem ao acúmulo caotico
de dados neurologicos da epoca , por outro lado, lega aos
futu--ros psiquiatras profundo pessimism o quanto às possibilidades te
rapêuticas das desordens mentais . Jaccard (1981) transcreve a
advertência d e Kraepelin:
" 'De..6c.o J16ie.mo.6 , de..6c.oJ1Ó -tai, jove.J1.6
mê.dic.o.6 que.
me.
ou
vi.6 , o
louc.o
ê.
pe.~igo.6oe.
c.oJ1~iJ1ua~aa
.6~-lo a~ê..6ua
mo~~e
que.,
iJ16e. · e.izme.J1~e,e.m pOUC.O.6 c.a . .6O.6
Oc.o~lt e.c.om!ta
Com a nosoloria Kr ~c peliana o confinamento espacial do
louco e refo~çado Com barreir~ 3 temporais e cronicas; volta-se
ao assunto quando se tratar das re : lexõe s sobre a loucura.
A ciência medica, continua avançándo e os especi a l i s
-tas aplic a m, sempre que possível, suas descoberta na tentativa
deajudar no con:-tecimento àa loucura, a celebre desc c nhecida. Bus
caw-se outros c~m~os de investi ~ aç~o como as deficiências nutri
cionais onde se descobre que carência s d e vit~ m ina B causa ~ g r~
ves distúrbios (pela g r a e ber i beri) e af e tam o ô etabolis mo cere
bral provocando sintomas psicót i cos.
A
maior contribui ç ~ones-sa área e dp~a por p es quis a s s o bre a s relaç õ es bioquí ~ icas
en-tre vit ~ minas e enZi mas . Na 1ecad a d e 30, o b i o q uí mico noru eguês,
A. Folling observa que c r i é'.: c as r etal me nt e retar à adas apresen
-tam uma inadequaç~o ~e tab~li c a de doi s a mi n o -á c id o s ess e nciais:
a penilalanina e o triptofânio. Um e rr o na atividad e e n z i ô áti
ca provoca ac~mulo de fenilal a mina no sangue, o que poder i a ser
a causa de seu retardo mental. Toda v ia, n~o há comprovações de~
sa hipóte s e.
o
n~o metabolis ~ o do t r i p tofânio ate o s e uprodu-to final, a seroprodu-tonina,parece ser maiS g rave visprodu-to que a seroprodu-to
nina talvez seja elemento crucial no me tabolis mo cerebral.
Pesquisas sobre a influência de fatores hereditário s
demonstram · que aberrações cromossomicas s ão respon s áv e is p e lo
mongolismo e supo s tamente pela esquizofrenia . Por outro lado
um bioquímico chamado Hans Ber g er d e scobre em 1929 que a a
tivi-dad e ~ l etric a do cerebro pode ser medida, inventan d o as s im o
e-letr r. c e falo g rama. Outro pro g ress o da mo der n izaç ~ o t ec n o ló g
i-.ca sa as cirurgias cranian a s, que p e r mi te m me lhor conh ec i me nto
Uma descriação rigorosa das funções cerebrais
ultra--passa o objetivo deste trabalho. Entretanto, faz-se necessário
mencionar o essencial do conheci~ento atupl sobre o cérebro. A
função principal do sistema nervoso é manter o equilíbrio
orgâ-nico, para isso, utiliza-se das informações ar m3ze nadas na memo
r1a, como padrões d e r eação as condi ç õ e s a mb i e n tai s que a meaç am
esse equili Si rio.
o
sistema nervoso central (S NC ), é formado p~lo cérebro e medula espin~al; o cérebro se d ivide em córte x , di
encéfalo (talamo e hipotalamo), TIesencéfalo, po n te de Varoli,bu~
bo raquidia~o e cerebelo.
A
unidade f uncion al do SNC é reali-zada pelo neur~n i o, que recebe os impulsos ne r vosos a tr avés dos
dentritos e o , trans mi te a outro n eur~nio pelo aXO Il 10. ~
.
o
pon-to de encontro entre dois · neur~nios
é
denomi nad o d e s i napse .Se e~ 1850 Waldeyer nao cons eg ue identificar o
-
modo de trans missão do impulso nervoso, hoje sabe-se que essatrans-missão se realiza por med ~ adores quí micos, cujas princip a is subs
tâncias estimulador as são a acetilcolina e a adrenalina.
o
córtex cerebral possui quatro divisões: a area frontal (tendo uma parte responsável pelo pensamento e pela fala e
outra part e , responsável pelos i ~pu lsos motores); área
parie-t a l (recebe o s im p ulsos sensoriais); area occipital (receb e os
e s t í mu los v i sua i s ); e a a r e a tem p o r aI (c o r r e 1 a c i o n a as s e n s a
-çoes da pele e recebe estímulos auditivos).
o
tãla~o atua co ~ oum centro de relé das sensaçoes sensórias de onde são trans mi ti
-das a área apropriada do córte x . Uma parte do sistema nerv os o
desenvolve atividades que independeF da vontade do indivíduo,
.-
etálamo, da p onte de Varoli, do bulbo e da redula espinhal.
Fun-cionalmente o s i s t e ma n ervoso aut~no m o se su ~ divide efl q u ~ tro
outros sistemas: sistep ~ nervo so simpático (responsável pelas
açoes de defesa do organis~n); o s i s t em a nervoso parassi mpático
(responsável pela manuten ça o do or g anisr.o: digestão, processos
vegetat ivos , e t c . ) , siste ma de ativação reti c ular (prepara as
are ~ s cerebrais para a recepçao dos estímulos) e s i s te T:1 a 1 í nb i
co (res ponsável ~ela expressão das emoções)
o
n e s e n c e f a 1 o eregulador dos movinentos al l t~no r.; os siJ1'ples , com o andar e mov
~-mentos ocular e s, e o cerebelo asse g ura o equilíbrio e a ori e nt a
ção espacial.
Cor esse breve ex a mp sobr e as funr.ões cerebrais, mo
s-tra-se que a obstina ç ão d e nossos primei-os co nc em?o ran eos ?elo
conheci me nto do cer e bro humano, conduz a me to dos so fi s t i ca dos
de observ açã o e lo cQ liza ç ão do funcionament o ce rebral . Com tais
progressos, os medicos d as pri me ira s dec ~ das d o s~culo paracem
convencidos de que os esquemas da ci~nc i a nat ural pura são
ade-quados para entender e tratar a enfe rmi dad e humana . Todavia a
prática psiquiátrica abala o nar cisismo T:1edico, a tent a tiva de
decifrar a loucura estudando celulas no [ : ncrosco,?~o
.
-
.
, e n nada reduz o n~m e ro de doe n tes mentais Na verda de , a origeT:1 da loucu
ra cont inua desconhecid a , sua evolução inc e rta e su a t e ra p~
uti-ca empíric <-! . Lo g o iniciam T:l ovimento s d e oposiçao a n e urolo g ia
clássica e um de seus pri me iros crít~cos e Goldstein, criador
da doutrina do "vitalismo or g ânico".
Os conce i tos patoló gi cos fund ame ntai s d e Goldsteinba
seiamse na visão g lobal d e todo o proc esso morboso. Seg undo e
menos visível constiturd ~ pel a oculta e fundamental re açao or g ~
n~ca: o "fundo" do qu p. dro sinto mático.
o
c onjunto do proce ssomorboso implica em dois fenômenos bioló g icos: a perturba ç ão fu.::
cional consecutiva, a lesão, e a cr~açao
.
-
de um p roc essoada?ta-tivo as novas c ondições. Essa a d aptaç ão inclui, por sua v ez
dois outros processos: a atitude d e er. tr ega e a atitud e de r e a
çao. A conc epção do er.fer mo co mo u m or g anis mo vivente cap az
de lutar d efe nsiva e c ria do r a~e nte co ntra a CAU SA
MORBI
deu aosistema de Goldst ein o nome d e " me ntalidad e bi opatol ó gica ".
Na déc a da d e ó J , as reaçõ es contra a au t o - s ufi ciênci a
da Psiquiatra clássic ~ s a o r e for ç a das
-
g ra nd es int eres-ses pe los aspectos soc ioló g icos de loucur a . A co ns e qu ênc ia d e ~
sa mudança percept i va é a cr esce nt e inte g ração do s m ~tod os
bio-ló ~ icos, ps icodinâ mic c s e sociológicos no ap ar ec i me nt o d e um a
Psiquiatria co mp r eensiva e de u ma Med ic i n a hu manizada . Vo
lta-s e ao alta-s lta-s u n t o .
Par a finalizar esta r e visão histórica sobre as causas
das doenç q s, e válido observar que o ho mem c am inn ha lenta mas
decididamente, no sentido de perceb er c a da vez ~ a~s qu e as
cau-sas de seu s males estao próxi Qas d e le. Na anti g uidade as a t r i
-buições caus ais sao diri g idas as estrelas, na E ra Clássica, as
substânc i as do mundo ffsico imediato, na Renascenca e no llum
i-nismo, is reaçõe s quimico-biolõgicas, e n a Era Mode rna, aos
PARTE II EVOLt.TÃO HISTCR ICZ\ DAS
.
~AUSl\.S DA LOUCUR ~_Nesta segunda p arte, apresenta-se u ma visão mais huma
nista das causas d a loucura com uma avaliacão critica das
mes-mas. Ressalta-se qu e os termos, loucura e d oença. mental sao pr~
positadamente usados como sinônimos, para evit a r a conotação or
ganicist a do segundo. Sen d o . a loucura u ma das compan he iras mais
a~tigas do homem, incia-se essa ~evisão a part i r d a s p e rc e pç~es
das tribos pri mitivas.
Na antiguidad e , nao há distin c ão en tre sofri me~ to ~ e n
tal e físic o , e a o r igem da loucu ra t am b em e a tribuid a
à
açaodos de mônio s . Os feitic eir os, que o s o u tro s :.ome n c; a c r ed ita m te
re~ poderes misterioros, sao cap a zes de c ~ r ar e g eral me nte sao
os chefes das t r ibo s . A e sc o l ~ a d e u m feitic e i r o d epe n de de
que el e tenha sofrid n algu m inc i d en t e i nc o r u m : u ma conv u lsão ,
entrado em estado d e trans e , u ma alucina ç ão, qu a lquer situação
que rev e le ser el e o favorito dos de u ses. A prepara ç ao de
-
umfeiticeiro inclui treina F ento rigoroso sob a orientação d e um
feiticeir o já experiente. Dur a nte o treinamento o candidato pa~
sa por sofrimentos corporais, revel a seus sonhos e alucin aç ~es,
aprende rituais ·e magias e na fase final a d oec e , to r nand o -se g ~
ralmente ~sicõtico. Após a d e c i são do professor d e que o
alu-no esta pronto, prepa r a-se o banquete q ue ma rc a a inici açn o do
novo feiticeiro.
Deixou-se a descrição dess e ritual para e sta s eg unda
parte do capítulo, exatamente para mostrar qu e en tr e a s s ocie
enquanto nas sociedades modernas representam justamente o
opos-to.
Nos séculos VII e VI Antes de Cristo, surge o
méto-do racional co.m os filósofos greg os substituinméto-do as explicações
sobrenaturais por fenômenos naturais. Para o e ntendimento
ra-cional da loucura é necessário primeiro entender racionalmente
o homem, e o materialismo do pensamento grego nao permite o a-"
-bandono da natureza das co~sas em busca da natur ez a humana.
o
observado e o observador estão misturados e o mundo dos
senti-dos é a realidad e absoluta. Todavia em 450 A.C., Pitágoras
se-para o raciocínio da observação e mostra, através das r egras da
matemática, que as leis do primeiro sao ma~s perfeitas e por ta~
to superiores às leis da segunda. Pitágoras lança a pedra fun
-damental da filosofia de Platão.
o
homem torna-se psicologicamente mais explícito qua~do os sofistas abandonam o objeto e questionam o sujeito do co
nhecimento. Protãgoras, o maior representante dos sofistas,
as-segura que a percepçao e o re s ultado do "movim ento " entre o
ob-jeto e o observador, depende de ambos mas difere dos dois. Está
fundada a epistemologia - estudo do grau de certeza do
conheci-mento - e formulado o princípio básico da psicofisiologia. Cai
o "mundo dos absolutos", surge o "mundo dos relativos" no qual
o "homem
é
a medida de todas as co~sas"
Sócrates, adepto das idéias de Pitágoras, reconh ece a
li~itação da ca pacidad e humana em conhecer o mundo mas acredita
que o hom em possa conhecer o próprio comportamento e por me~o
deste, obt er uma vid a melhor. Platão, partindo da tese