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Atribuição de causalidade e de controle a loucura por diversos profissionais e por religiosos

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(1)

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-GRADUÀÇ;Ó

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E.M

pS ,:iCQ~O

G~A

i,. , ~ • • • • • ~ • 1'" . " , o- -: " . . . ... jj." ... l.:;. t· , . ' , ;

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(2)

.. CENTRO DEPl>S-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA

ATR1BUIÇÃO VE CAUSALIVAVE E VE CONTROLE

Ã

LOUCURA

'pOR

VIVERSOS PROFISSIONA1S -

E

POR RELIGIOSOS

pOJt

L

a

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I A ..

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P E

S V

E M

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S

I L

V

A

Disser 'L,

~ ao

submetida como requisito parcial para

obtenção do grau de

MESTRE EM PSICOLOGIA

(3)
(4)

Ao~ ~ROFESSCRES

VO

CURSO VE

MES-i '

,TRAVO VA

FU,NVAÇÃO GETOL,rp

VARGAS,

, I .'

que com clarividência

transmiti-. transmiti-. ' . ' . • . ,_ • 1 ~.

ra~-me

os mais profundos

ensina-mentos.

- ' Ao Vil. JOSE AUGUSTO

DELA

COLETA

que, como orientador,

en~iqueceu

este trabalho com suas oportunas

e ' brilhantes

su~estões.

Que

com

sensibilidade e inteliqência,con

.'

-tribuiu para a melhor

2presenta-ção do mesmo. Que com dedica2presenta-ção

e se"riedade, projetou

e

supervi-sionoU' a análise estatística des

ta pesquisa.

Ao

ENGENHEIRO ROBERTO FERREIRA

SI~VESTRE,

do Nijcleo de

Process~

mento de Dados da Universidade

Federàl . de Uberl;ndia, pela

va-liosa co13boração na computação

dos resultaãos.

Ao

GERSON FERREIRA VA COSTA,

pe-lo serviço de datipe-lografia.

(5)

v

-cebida,

ã

minha cunhada

CONCEI-çÃO,que

~e

acompanhou na coleta

de dados, ao meu irmão

LUIZ

AL-BERTa,:

pelo apoio durante minha

estada em Brasília,

ã

minha

~

avo

LAURA

pela compreensão, e

ã

mi-nha irmã

CYNTHIA

pelo incentivo

e confiança recebidos.

A

TOVOS

que de

u ~

forma ou

de

.outra ajudaram na elaboração des

te

tr ~ b 2 lho,

muito obrigada.

,"

',.",-.~!- 'r,

(6)

-O presente trabalho objetivou conhecer a percepçao de

profissionai~ de nivel superior e religiosos sobre as causas e

o controle da doença mental. Levantou-se opiniões de 360

pro-fissionais (psicólogos, médicos e médicos psiquiatras, enfermei

ros e enfermeiros psiquiatras, assistentes soc~a~s, sociólogos,

técnicos de administração, economistas e enge nheiro s) e 60 reli

giosos (padres e freiras). Foram utilizadas duas escalas em

forma de questionário: a Me n tal H e a 1 t h o f L o cus o f O r i g i n (MHLO)

e a Mental Health Locus of Control (MHLC).

Foi feita a distribuição dos suj ei tos de acordo com

os pontos obtidos em cada escala; discriminou-se o numero de

sujeitos que acreditam mais n~ causas orgânicas da do~nça

men-tal e o numero de sujeitos que acreditam nas causas ambientais,

segundo cada item da MHLO. Também discriminou-se quantos suje~

tos acreditam que o sucesso da psicoterapia depende ma~s do com

portamento do cliente e os que acreditam que tal sucesso

depen-de mais da capacidadepen-de do terapeuta, segundo cada item da MHLC.

Calçulou-se o coeficiente de correlação entre locus de origem e

locus de controle da doença mental, e coeficiente de confiabili

dade das duas escalas.

As principais conclusões indicam que os psicólogos, as

sistentes soc~a~s e ·sociólogos acreditam ma~s que os médicos e

enfermeiros e estes ma~s do que os 'reli gi osos e os tecnológos

que a doença mental e causada por fatores ambientais e que o seu

controle depende mais do comportamento do cliente do que d a

ca-pacidade do terapeuta.

(7)

The present study was designed to obtain data regarding perception about causes and control of mental health, among

university levei professionals and members ~f a religious denomination (priests and nouns). Two questionnaries were

utili ze d for the study, with two point scales: the Me ntal Health Locus of Origin (MHLO) and the Mental Health Locus of Control

(MHLC) questionnaries.

The questionnaries wer e s ubmitted to and answered by a total of 420 subjects, 360 of whom were professionals

(psychologists, psysician s including psychiatrists, nurses in c luding psychiatric nurses, social assistants, sociologísts, '

administration technol;gists, economists and engineers) and 60

were priests and nuns.

Distribution of the subject s was performed according to the number of points achieved in each scale: utilizing the MHLO scale, subjects were separated b e tween those that hold th e opinion that mental disease has organic causes and -those th at believe mental di sease is linked to e nvironmental causes.

Utilizing the MH~C scale, the subjects were separated according to their opinion on whether the s uccess of psychotherapy

depends more on the behavior of th e patient or on the th erap i sts ' capabilities.

Results obtain e d from both qu es tionnaries were

statistícally analysed for each professional group. Th e correlation coefficient between locu s of origin 'and locus of control was

obtaíned.

(8)

-oriented professionals, and these more than religios subjects

and technologists, that mental desease lS caused by environmental

factors and that its control depends more on the patient's

behavior than on the therapist's capabilities.

(9)

-Agradecimentos

Rêsumo

summJ

y

---~---iv

vi

vii

p}\G

INTRODUÇÃO ---

01

CAPiTULO I - REVISÃO DE LITERATURA

PARTE I - EVOLUÇÃO HISTORICA DA CAUSALIDADE NA PATOLOGIA -

04

PARTE

11 -

EVOLUÇÃO HISTORICA DAS CAUSAS DA LOUCURA ---

31

PARTE

111 -

TEORIAS SOBRE A ATRIBUIÇÃO DE CAUSALIDADE

62

CAPíTULO 2

METODOLOGIA --- - -

97

CAPITULO

111

APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ---

107

CONCLUSÕES E SUGESTQES --- - ---

143

REFER~NCIA

BIBLIOGRÁFICA --- - ---

148

(10)

A história da teoria do conhecimento evidencia a gra~

de necessidade do homem em identificar as ori g ens dos

fenôme-nos, na tentativa de compreender e explicar o mundo que o cer

ca. Observando a realidade através de um processo dialético en

tre o variável e o invariável, estabelece elos de ligação entre

causas e efeitos, definindo crenças acerca das origens dos even

tos. Essas cren ças são fatores cognitivos i mporta nt es na

per-cepção que o indivíduo tem do seu meio e d eterminarã o, em

últi-ma instância, todo seu comportamento. Por outro lado, nao se

-pod e esquecer que a "co mpreensão fenomenal" , permitindo a previ.

sao e o c~ntrole dos fato~, constitui-se em sinônimo de poder,

o que determina o exercício do controle no relacionamento

huma-no.

Na Psicologia Social, a questão do controle percebido

e sistematicamente est udada desde os anos 60, com a plena u t i l i

zação metodológica do construto "locus de controle", que expli.

ca a percepçao relativamente constante do homem sobre a causa

dos fenômenos: se própria do sujeito ou se fora dele. Assim,

pod e-se dizer qu e o "locus de controle"

é

um termo qu e define

certa tendência de percepção com relação

ã

prática do controle,

enquanto a atribuição de causalidade

é

o processo de inferências

das causas; o primeiro

é

mais estável e con s tante e direciona

o segundo.

Existem atualmente ma1S d e urna dezena de teorias que

(11)

causalidade e como a percepçao do con trble torn&-se um

-

f .ator

cognitivo i rrp ortante na compreensão do mundo em que vive o

su-jeito. Segundo Skinner

(1971),

qu ~n do o individuo sente que nao

é

capaz de determinar a ocorrência do~ fenômenos, ou seja, qua~

do não há expectativas de que as forças internas (do próprio i~

dividuo) possam suplantar as externas (do ambiente), há

conse--quencias negRtivas na aprendizage~ e no de sempenho . Pesquisas

realizadas na áre~ clinica co nfirmam essa idéia ao se

verifica-rem correlações positivas entre preco~i~ânci~ do locus de

con-trole interno e funcionamento psicoló g ico ma~s saudável .

Em

1981,

Hill e Bale publicam um artigo no qua~

afir-mam ~er a percepç~o do controle pelo cliente, o ma~s importante

componente de qualquer psicoterapia e a base de toda mudança

te-rapêutica. Desse modo , as expectativas do cliente com relação a

quem é responsavel por sua melhora , se ele próprio ou se o tera

peuta, sao import~ntes nas situaç;es de tratamento. Tai ~

expec-tativas estao relacionadas com a percepçao do cliente sobre

-

a

origem da doença mental . Assim, quando o cliente acredita que

a doença mental é uma doença orgânica, atribui maior poder ao

terapeuta, por sua melhora, por outro lado, quando percebe a

doença mental como resultante de fatores ambientais, acredita

que sua recuperação depende mais dele próprio.

A analise da relação entre concepçoes psicopatológuas

sobre a origem da doença mental e expectativas com relação a

quem possa controla-la, e um dos obJetivos des te trabalho. lnici

almente

e

feita uma síntese histórica da causalidade no campo

(12)

-presentadas alguras teor~as sobre a tribui ç~o de causalidade e,

finalmente, a d escriç~o de u~a pe s quisa de campo sobre a perce~

(13)

Cl':P:ITCLO I

RF.VISÃ.o DELlr;:'E~]\TUFA

PARTE I EVOLUÇÃO HISTORICA DA CAUSALID.hDr 17A. PATOLOGIA

As duas primeiras partes deste capítulo apresentam

u-ma revisão de comO evoluiu o estudo das causas das doen ~ as físi

cas e das doença s me ntais (1) deixand o -se a análise do pro

ces-so de atribuição de causalidade para a terceira parte .

As pr~me~ras tent a tivas do hom e m no controle das doen

ças surgem atraves de explicações Dág i ~ o-religiosas , co ~ as ca~

sas sendo atribuídas a outros s e r es hu manos ou sobre-humanos . Os

processos mágicos são auxili ad os por práticas astrológicas acre

ditando-s e que o~ corpos cele s tes sao divinos e possuidores de

sabedoria su pe rior. A crenç a na exist~ncia de u m mu n do justo e

marcante nas ideias do homem p r imitivo, sendo a enf e rmidade con

siderada como castigo p e los pe ca dos com eti dos. Nesse cenário, os

demônios t~m o poder de causar as doen ça s e os deuses, o poder

de curá-las; cada doen ça possui o seu d em ônio e o seu d e u s

es-pecífico, e cad a . me dico-feiticeiro, seus deu ses pessoais.

Os feiticeir os fazem o . diagnó s tico e invocam o Deus es

pecializado na cura daquela doença. O mundo espiritual dos

ba-bilônios e um dos mais ricos em divindad es . Contam os historia

dores Ale xa nder e Selesn i ck (19 68 ) qu e a deusa Ninkharsa g ,

au-( 1 ) Embo~a o~ ~e~mo~ do e~~ a men~al

e

louQu~n ~ e nha Qo n o ~ aç 5e ~

di~~inta~,

no

rhe~e nt~ t ex~o ~~ ~ u~i liza do~ indi6e~entemen­

(14)

xiliada por ma1S oito deuses e deusas,

é

especializada em

va-rias d~enças, mas a principal divindade dos medicos e o Deus Ni

nurta que certa vez, quando o povo sofria de pestes manda

a-traves do rio, uma serpente q~e chegando ao porto faz

desapare-cerem as epidemias. Desde entao, a serpente passa a ser vista

como símbolo do Deus . Tambem sua esposa, Gula, pOSSU1 a arte

de curar. A ação dos demônios se realiza através dos

feiticei-ros das tribos inimigas que se utilizam do "mau olhado" e de

...

preparaçoes ~speciais.

Entre os eg1pcl. OS, a entidade suprema ~

.

é

o deus Imhotep,

na verdade, . um ex-c urador que V1vera 2850A.C. e recomendava tra

tamentos agradaveis como relaxamento corporal , pa sseios ao ar

livre, danças, pintura, entre outros. Após sua morte é

divini-zado e se~ ensinamentos segu ido s. Os Persas possuem uma r e l i

-giao dualista: o deus Ormuzd, criador do mundo é o d eus da bon

dade, sendo cercado por se1S anjo s , o espírito do mau é Ahriman,

cercado pelos genios do mau. As duas entidades e seus

ajudan--tes disputam o domínio do mundo. Para prot eger os homens das do

enças envi adas por Ahriman, Ormuzd esc olhe o poderoso anjo Thri '

ta que se tornou a divindade suprema da medicina persa no

pri--meiro milênio antes de Cristo.

Os Heb reus ao contrario dos outros povos, atribuem as

doenças e as curas a uma só entidade. As doenças sao castigos

de Deus pelos pecados cometidos, as curas, decorr entes do

per-dão Divino . Os Gregos, por volta do seculo VII e VI A.C.

atri-buem suas curas ao De u s Esculapio, c ujo o nom e em grego (Askala

bos) significa serpente. Segundo os historiadores citados , os

(15)

símbo-lo do poder dos mortos.

o

bastão de Esculápio possu~ u ~ a

ser--pente enrolada - símbolo atu 2 l da redicina.

A Era clissica ~ marcada pelo materialismo que

carac-terizou o pensamento gr eco-ron ~ no na b~sca de e xplicaç~es

natu-r a i s panatu-ra a onatu-r igem d e vid ~ . Tales d e Mileto (:' 50-580 A.C . ) ,

ad-mite a existência de u ~ a substância como ele~ento bá s ico de to

das as co~sas que identific ét com -a a g u a . Por ou t ro lad o , Anax í

menes (570-500 A.C.) pensa que o ar é o úni co prin c ípio do

un~-verso. Meio século ~alS t arde Xenõf~n e s consid2r~ a terra como

substância enquanto Eericlito, o fO f o . E~pédoc l es

(490-430 A.C.) aperfeiçoa e SSilS id e ia s sustentando que os q ua t r o

ele mentos bisicos da ma t ér ia re p re ~e nta n as qualidades fundamen

tais à~ corpo (calor, sec u ra, u mid ade e frio) correspondentes

aos quatro humores principais ( sa~gue , fleum a , bIlis amarela e

b i l i s preta ou atrabílis).

o

equilíbrio e ntre os hu mores

cons-t i cons-t u i a saúd e , e o desequilIbrio, a do e n ça . Acredita que a

cu-ra se di atcu-raves de dro ga s com qualidades opostas as quatro qu~

lid a d es bisicas do cor , o . Emp~docles vê nas emo çoes as f o rças

motoras e por isso Ale xiln d er e Selesnick (196 8 ) o consid e ra m o

primeiro filósofo voluntarista.

Contemporân eo e ad e pto d as idéias de E ~ pedoclas, Hi p~

crat es afirma que a cura d epe n de do s e s forços propr

-

~os

.

da nature

za a "physis" esforços que o m~ dico deve favorecer e

não interromper com excesso de rredicamentos~ A patolo g i a hipo

-critica funda-se ta mh;m na harmonia humor a l , seu merito malor

foi separar. a pratica m~dica das funç~es sacerdot 2 is e da filo

(16)

funda-mental para se chegar ao diagnóstico. Insiste que todas as

do-enças têm causas naturais e q u e a recorrência a explicações

ticas é produto unicamente d a ignorância sobre a natureza das

mesmas. Essa insistência em favor do co n hecimento racional

re--sulta-lhe na alcunha de Pai da Medicina.

Nos dois últimos séculos Antes de Crito da-se a

as-c~ndência romana no Mediterrâneo através das Guerras PGnicas. A

necessidade de atendimento medic o aos soldados fer{dos, conduz

os rOM ? nOS em busca de praticas efetivas b aseadas nos

.

~

pr~nc~--pios epi~uristas e estóicos . Teor icam ente a posição atomista

de Demócrito é mais coerente com essas práticas do qu e o

racio-nalismo de Hipõcrates.

o

homem passa a ser pe rc ebi do como um

conjunto de atomos que se atraem e se repele m mutuamente.

En--tre os atomos existe m poros e quanoo esses po ~ os são obstruídos

impedindo a mobilidade atômic ~ adequada, ocorre a doen ça .

Vis-to que a mobilidade atômic a segue suas ' próprias leis, a cura e

obtida pe la submissão do homem e essas leis, através do

relaxa-mento corporal~

o

estoicismo e o epicurismo sao duas filosofias

gre-gas extremamente realistas que têm por objeti v o basico, a obten

çao da cura pela paz de espírito. Para os estóicos a ausência

de tensão e obtida pela indiferença e pela apatia, para os

epi-curistas, pela segurança interior. Epícuro torna o sistema de

Demócrito menos determinista, sustenta que assim como os atomos

têm certo grau de auto-det er mi naçio, o ho me m tambem pode

tor-nar-se ', ate certo ponto, in~ependente do unive r so. Entende-se

qu~ a divergência entre essas duas posições filosóficas inicia

(17)

tureza humana.

No Egito, ma~s particularmente em Alexandria, muitos

medicos mostram-se descontentes com a rigidez das teorias

anti-hipocrãticas . e resolvem buscar um princípio vita l que ex-plique

ma~s satisfatoriamente a saúde e a doença. criada a teoria

pneumãtica, segundo a qual o ar vindo dos pulmões ao coraçao e

repartido pelo corpo, tornando-se o princípio vital do funciona

mento orgânico. são as anomalias do pneuma que causam as er;fer

midades, e sua cessaçao, a morte. Na atividade prática, os

-

pne~

mãticos adotam uma variedade de tratamentos, sem criar um siste

ma consistente de terapia.

o

ecletismo atinge os médicos g

re-gos fixados em Roma, cujo o ma~or representante é Cladio Galeno.

Após Hipócrates e com i g ual grandiosidade, sur ge

(131-200 D.C.) a figura de Galeno cuja autoridad e se

tornaincontes-tãvel durante mais de mil anos. Tentando reun~r todos os conhe

cimentos da época, Galeno reforça as descob ertas anatômicas e a

teoria humoral, ao mesmo tempo que apela para a filosofia

reli-de Platão e Aristóteles e busca uma fonte espirit~

aI responsãvel pela união menta-corpo. Suas descobertas e

afirmações abrangem essas div ersas posições teóricas, a saber:

sustenta que jamais se consegue um equilíbrio perfeito entre os

humores e que esse desequilíbrio habitual depende do tipo de v~

da, da idade, do clima e da idiossincrasia; diz que a anatomia

humana e idêntica a . animal, descreve ossos e músculos e obser--·

va que lesões cerebrais produzem p~rturbações do lado oposto do

corpo; localiza sete n e rvos cran~anos e distin g ue e ntre n er vos

(18)
(19)

busque c a usas cada vez ma~s distantes de s~ mesmo para compree~

der as desgraças sofridas.

As concepçoes hel~nic R s passac para Bizincio e daí ao

Imp~rio Ãrabe, onde floresce urna n o va cultura com a expansao das

conquistas militares.

o

g rande líder ~ Maom~ q u e consegue

u-nir o povo sob a doutrina do isl a nismo. Tocavia a medi c ina ara

be ~ entravada pelas lim i taçõe s severas do Al c orão, Gao perni

--tindo a dissecaçã o anatômic a , proibindo olhar o corpo nu d e un a

mulher e insist ~nd o na aceitação da autor~da de . As idéia s de

Hipócrates e Gal e no são preservadas mas nao sao d es envolv i das.

Fora do do ~ ínio árabe preva lec e a mitolo g ia du a lista da luta e n

tre Ormuzd ( esp írito bo r ) e Ahriman ( espírito ma u) qu e possu e

o corpo e a mente da s pe sso as d oe ntes e r e for ç a a pratica do e

-XOrClSI'1o. A Idade M ~dia ~ marcada pela ma~s se v era per seg ui ç ao

dos do entes mentais qu e a hist;r~a da hu ma nidade já tev e

conhe-cimento; fala-s e di sso ~ a~s adiante.

Nos s~culos XI e XII a Cniversidad e d e Saler no teve

importante papel na separ ? ção e ntre ~edic ina e reti g iã o , atra

-ves da reto mada do trata men to d e s mãos do s clericais e sua d e

-volução aos medicos. A medicin a como a arte e a filos ofi a r e be

la-se contra a auto~id A de dos mestres tradic i onais e rompe v~o­

lentamente "c om a Idade Media num~ insia d e tot al renovaçao. Ini

cia-se um novo período d ~ história talvez tentando melhorar o

mundo d egra dante do pr e sente ou evadir d e le atrave s da c ri ação

de sonho s e fantasias, ou abandonar o saber an t i g o jul g ando-o d~

feituo s o e por isso respon s ~v c l pelos infort~nios.

t

°

(20)
(21)

tarde, a Academy Royale des Sciences em Paris. Os ?rogressos c~

entíficos se baseiam em dois metodos intelectcais: o :Ietodo

A-nalít i co Dedutivo e o Metodo Em?írico Indutivo. A com:::inaçao

de ambos, experimentação com intuições pipotetic2s , realizada

por Galileo, possib i l i ta o desenv olvimento da ciência moderna .

Esse perlodo e considerado como a Era d ~ Razio e da Observação.

Rene Descartes (1 596-1&5J) , e cons~d e rado U R ex tr em

a-do racion p l is ta dedutivo, po~s tenta ecten~er o ~undo atraves de

silo g is~os, sec qualquer relRcã ~ com os sectidos. Considera os

anim a is, com exceçao

-

do homem, complexas peças d e maquinarias,

mas d o t a o ser humano de u ma qualidacie s" ') e r . ~ o r

,

a alma pensan

-te (re s co g itan .:; ), separada do cor;->o (r es ex-tensa ) e sem int era

ç ao com este. Descart es excl L i de SUR inv estigação o

conne-cimento do cor po e, corno registra Pe~na(1981), a mp lia a

defini-ção da alna ao identificá-la não so com o pensa~e nt o , mas com a

consciência. Des s e modo, pe nsar é sobretudo, to rnar consciência.

Sem dúv i da, Des cartes antecipa o s ur p i mento do método psicanalí

tico.

O século XVIII é rotl1.1ado como a epoca do Iluoini sm o

porque os pro g ressos ocor r idos sao real men te prodigiosos. Mas

por outro lado, e U B períOdO ch ei o de ideias contraditória s . A

característica do s~culo e a cre nç a na razao substituindo a fé

em todas as atividad e s huoan~s, e a ex~erime~tação dom i na a abs

tração d e dutiva. Na Medicina , as doenças passam a ser dia g

nos-ticadas co~ exatidão e local~za das com ~recisão.

O ingles St e ph e n Hales (1677-1761) , desenvolve

(22)

circulação, e o francês Rene Laennec inventa o es tetuscópio.

Outro francês, ReLe Reaumur

(1683-1757)

e o italia:lo Lazaro

A-pallanzani

(1729-1799),

estuda~ profundar.ente os processos d i

-gestivos, e o anatorista Giovanni Batista Mor g agni lança o

S1S-tema de localização da patolo g ;a cerebral.

Em termos socia i s, a bur guesia substitui lent amente a

~obreza no poder . A descoberta da Amer ic ~ possibilita o e n r 1

-quecimento dos comerciantes europeus . O ouro trazido do Novo

Mundo eleva o custo de vida tornando os ge neros de primeira

ne-cessidade inacessíveis

ã

maioria c a po ? ula ç2. o.

r

o nasci mento

do capitalismo e co m ele, a idéia de lucro. O r.umero cre s cente

de mendigos e louco s passa a ser te~ , i d o n e la aneaç .? d e reb e

-1 iões .

A

Espanha , enriquecida pelas nave g é',çoes, inc'entiva ' as

-descobertas científ i c ~ s.

A

escola de ~ ontpelli e r e a re ?

resen-tação máxima do vitalisr.o e seus r.aiores defensores sao Bordeu

e Barthez. O ponto de part~da do vit ? lismo de Bordeu e a análi

se da atividade das glâ ndulas. Ela s atuam mediante uma propri~

da d e v i tal, e s

p

e c

í

f i c ri d e sua ma t é r i a que 1 h e s ' p e r m i t e extrair

do plasma sanguíneo substâncias ~ue elaboram de modo peculiar .

Cada parte do corpo po s sui uma atividade vital própria e

parti-c1pa harmonicar. e nt e da atividade glob a l do or g anismo

Barthez profetiva conce p ção idêntica afirmando que o

ser humano e a integração de uma alma espirit ual e pensant e , um

corpo materia l e u m princípio vital que concede ao corpo suas

propriedades bioló g icas.

(23)

instância, a expressa0 d e um pr ~ ncIpio d e atividad e inerente

-

a

natureza do próprio corpo qu e vi" e . Em outras pal a vr as h i uma

equiv a l~ncia entre "ser natural" e "s er v:'vente", "tudo que

e-xiste na natur eza vive". S t a.n 1 e x t r e Q i 3 é1. essa ? o s içao, e asse

gura que entend er UTI or g anismo uao e conhecer em det a lh es seus

mov ime ntos ( re cânico s e químicos), mas conh e cer pr ecisamen te a

"fo rça " e o 11 pr l nClplO • . . . 11 qu e p rod uzem ta is mov imentos. Par a ele,

o ver d a d e i r o p r i n c

T.

p i o d a s u b s i s t ê n c i a c o a n i ma - " r a z ã o d e s e r

do corpo vivente" - ca u sa i me di ata 2 as al t eraçõe~ p ato ló g ic as e

d e sua cura. Stahl atri ~ ui a s d o enças a dois tipos de causa l i

-dad e : pertcrba çã o do próprio anl ~B (i ~p aciência , cólera , t e

-mo r , a n s i e da de), que El. t r a :) a 1 h -". s e u c o n t r o 1 e sob r e o c o r p o , as

ve zes de fo~ma patoló g~ ca , e os processo s mor bosos da ~ at~ria

corporea (a g ressões d o meio , heran ~ a, e t ~ ) . Sua0 c o n cepçoes t e

óric as sao reunida s sob o trtulo d e an i~ is ~ o ' e represe L ta m uma

reaçao vigorosa ao mecanicis~o c ~ rtesiano .

Ainda no século XVIII dois per 3 0nage ns a l cançam d es t~

que: o holan dês Boerhaave, que crla u m sis t ema ecl~tico de cau

sal i da de, e o a 1 em ã o H o f f ma n c r i a d o r dos i s t e J a do " di na 1.. i s mo

or gânico" . A orie ntaç ao gera l da fisiolo g ia boerhaviana

...

e mec a

nicista, e parte do princípio d e que o orga n lsmo e composto d e

part es sólidas e líqui das redutíveis, em vltirro extremo ,

-

as subs

tâncias qUlmlca s elementare s, e estas ...

.

ã

unidades materia i s ou

i tomo s. Cinco sa o as s u ~ stâncias bisic as : a terra, o sal , o

ól eo , o espírito e a a ? ua; as três prim e iras predo ~ ina rn na cons

tituição da s part es sólidas , daí a malor coesa o d estas e su a

constância fi gura I e as d uas últi ~as pr eàom i nam no s lr~uidos.

(24)

sendo a pr1me1r a o bom ex e rcício das fu~ç~es do corpo, e a

se-gunda, todo estado que nao perm i ta o exercIcio correto de u ma

ação qualquer. Frederico Hoffmann t e nta unir a velha concepçao

a·nimista ao materialismo. Explica a vid a pe lo mov i men to

(cir-culatório, tensao e movi me nto das fibras), i s to e , pelo tono ou

energia que cada parte d o or g anismo teQ ? ara e xe cuta r suas

fun-çoe s . Essa ener g ia pr o ve m do ar - "v erdadeiro e radic a l a ge nte

da vida", composto de p a rtículas minG sc u las , c a da u ma pOSS

U1n-do sua própr i. a for ç a e que cile f ar. ao corpo pe la r espi ra ção , tran~

formando-s e no cérebro em f luido n e rvo so . Par? Hoffmann , so o

que r es pir viv e , e tod a a e nf e rmidad e

e

u ra a l t eração do tono.

A exploração qui mica de Hoffnann e r.l1rUC10Sa

.

.

e re t ó dica .

willi a n Cullen estrutura o si st em? n europatológic o.

Baseando-se no s conceitos hoff Qanniano s d e espasmo (contra ção

musc u lar) e ato mia (r elaxame nt o dos t ec ido s ), expl ica a pato

lo-g1a dos movimentos microquímicos dos s ólido s e as · alt e raç ões dos

líquidos. Segund o Cull e n, a ~a n ife stação primaria da vida e o

"tono", mas este não

é

u ma qu a lidad e dos t ec ido s vi v o s , como

diz Hoffmann, e sim um a propriedade criada pelo sistema nervoso.

Quando o movimento do fluido nervoso e apro ~ riado, ocorre a s au

de, qu a ndo esse movimento e exceSS1VO ( espasmó dico) o u demas

ia-do tênu e (atônico) ocorr e o estado morboso . No pr1me1ro caso

temos as estenias, e no s eg undo, as ast enias , cujas t e r f.1pêu t i

-cas sao respectiv a mente: uso de d e pr e ssivos e uso d e es timulan

teso Entretanto , quem dã ma xir.1 a notoridad e a teoria do " espasQo "

e "ast enia " nao

e

Cullen, mas o medico esc oc es John Br ow n. Para

o brownianis í o a causa fundamental da vida

e

a excitabilidade

(25)

pensamento, emoção) ou externo (cho que, alimento, tóxico) que se

converte em"excitabilidarle".

Silva, e colabodores (1959) resumem as idéias d ominan

tes da patolb g ia at~ a metade do século XVIII , da seguinte

for-ma:

"o

~OhpO hum ~ no ~on6ta

de

dua~

pahte6,

~m ~ 6~llda

ou

~on , tinen.te

e

outha

lZquld~

ou

~o r : :':' ld c L

O ad e qua do

,to-no da rhú!e.lhc!.

e

o

~olr.he . :~ (I

movl rnev:to de:.

, ~e9ul'1 dC! , CI.6J.le

gUha m a ,J.laúde nOlr.mcr.l .

Tod r

al )~ ehaç.ão ne ,6tc~J.l

6unç.õeJ.l-~o

nduz

em ne~ e6J.l

ahlam

ente

ã.

en6

ehr.,ldcld

e" .

Entre 1788 ~ 1828 o médico alemão Franz Gall , d esc

re-ve o desenvolvi me nto do cérebro no feto , estuda o des envo lvimen

to do cérebro humano desd e suas orig ens nos gân g lios n erv osos

dos insetos e disseca a su~stância branca do cérebro . Influ e

n--ciado pelas idéias de Morgagni, acredita na localização das

fcnções cerebrais. Presume que protuberâncias e reentrâncias

do crânio informar sobre o maior ou menor cesenvolvimento dos

"órgãos" cerebrais. Mas seus conceitos, logo ca em no descrédi

to.

Paralelameftte a todo esse conhecimento científico o

Iluminismo tamb~ m é uma era de impostores famosos. O médico aus

tríaco Franz Mesmer cria o chamado "ma g netismo animal".

Afir-ma que o cor n o aniAfir-mal possui uAfir-ma propriedade Afir-magnética que o c~

loca sob a influência dos astros e de outros anl.mal.S que o

cer--cam. E assegura ' que tal influência

-

e reCl.proca. ~ Mesmer garan

-te curar qualquer doença através do que ' chaMa de "flu ido mis-te-

miste-rioso". O tratament o se realiza em um ambiente escurecido

(26)

dos toques das mao s de Mesmer. Apos ter obtido grande sucesso

entre a burguesia parisiense, e desmasc ~ rado por um g rupo de C1

entistas Mas, sem d~vid a s, Mesrer descoõre e desenvolve uma

terapêutic a precursora da prptica psic~nalrtica.

No início do seculo XIX sur f e~ novas teorias

vitalis-tas que sao, na verdade, reminiscencias da teoria de Brown.

Pa-ra alguns histori~dores (Silva, 195 ) ; House, 1962) ,

do é marcado pela mediocridade da s hi ~o te ses que co nduz e ~ os me

dicos a um ridículo cienti~ico. as c inc ~ primeiras décadas d o

seculo (1790 a 1840), ocorre o abandono da razao e u ma busca

do cor.qçao; e a E ra Romântica. A luta do h o mem com se u s ins ti "

tos e pa1xoes torna- se ma 1S irporta ~ te ç u e a descoberta do mun

-do exte rior. E pela p ri ne ir ~ vez, os conflito ~ psicolo g icos sio

considerados com seriedade.

Evidenterente, fRtpres SOC1a1~ contribuiram bastante

para essa situação. A Eur n p~, apos a qued2 de Napoleão e sob

o domínio do príncip e austríaco Me tternicn, vive anos d e in s

ta-bilidade intern a , com o povo instigado ~e l03 lemas da revoluçã~

Os governos da Alemanha, Rússia, França e Inglaterra vêem-se

a-meaçados não por 1n1m1 g os externos nas por seu

. . .

prO IJr10 povo.

-

.

A

f o rça policial e colocada nas ruas para restaurar a ordem e

prender os revoltosos. Assir, o interesse pelo d es tino pess oal

torna-se mais importante que o interesse pelos acontecime ~ tos

públicos, e re p rimido, o homem busca satisfação n.q fantasia.

Mas a orientação basicamente psicologica, nao imp ede

o prosse g uim en to da experimentaçao científjca. A Física e a Qui

(27)

para a Medicina . As contribuições da Física vem através das

des-cobertas da eletricidade,rragnetismo, calor, óptica, radiações

e a teoria dos gases. A Química descobre a lei das combinações

e sua dinâmica e distingue a Química Or~ânica e Inorgânica. Na

Alemanha, principalmente em Berli~, os medicos sao céticos qua~

to divagações filosóficas e incentivam a ida aos laboratórios.

~ nesse cenario que surgep! os maiores meQ~COS

-

" da época : reter

MUller (1801-18 58 ) e seus discípulos: Hermann Von He lnholtz

1885), Theodor Schwann (1810-1882) e Rudolf Virchow

(1821-1902) .

MUller, incansav e l experime ntador, cr~a a lei da ener

gia nervosa especifica, afir ma ndo que c a d a or g ao sen s

-

or~o

.

rea-ge a um estímulo d e forma singular . Helmholtz mede a

velocida-de do impulso n ervos o er raso Partindo da descoberta do Botâni

co Jakob Schleiden de que

ha

uma estretura ~nica em t odos os t e

cidos vegetais, Theodor Schwann estuda tecidos animais no m~cros

cópio e faz descoberta semelhante . Em 183 8 esta criada a

teo--ria celular de Schleiden-Schwann, surge nova mentalidade

so--bre a origem da vid R : a v i da reside nos element o s or ga ~ n~cos

.

e

a célula é o elemento fundarental dos processos vitais. Porem,

Schleid e n e Schwann não sabem de onde ve m as células. Por volta

de 1855, Rudolf Virchow enunc ia a ch ap".ada "lei eterna do

de--senvolvimento continuo: Omnis Célula e Célula", afirmando qu e

a célula não é somente um elemeLto morfológico , mas também u ma

unidade fisiológica vital dos organisros.

A nova patologia celular, tal como entendida por

(28)

ê

anatomica~ente localizad a ; a C 2 US a externa da do e nça atuando

sobre um grupo de celulas pro voca uma alteração que modifica a

sua atividade ( reação ) e u m tr 9. nstorno de sua estrutura morfoló

g"i c a ( 1 e são ) , ou u~a detenção de sua atividad e ( p aralisia); a

celula enferma repr e senta um per1 f o a vida e is t o e o q ue

dis-tingue a sa~de d a do en çR . Essa t e oria i ~ icia na ôe dic i na um a

consist~ncia re ~ lm e nte c i e ntifica .

P o r vo I t a d e I 8 5 9, o na t u r a 1 i s t a i n g 1. ê s C II a r I e s Da nv in

prdpoe o pare n tesco f i sioló g ico e a coru n hão en tre as origens de

todos os seres vivos, com a formaçã o de nov as esnêc~ es pe la s e

-leção natu~al, atravé s da s obrev ivê ncia dos ~a 1S aptos. De sse

modo, nao há ma1S , n ecessi dad e d e s e ex:) licar a or 1 gem aa vida

humana atraves d e u~ a for ç a vitpl Q rstic~, os metodos das C1e n-"

-c1as , naturai s s~o s ufici entes para àesv And ar os mist érios

bio-ló g ico s . Darwin e hi s t or i c Rmente c on s i de rad o o Glti ro dos g r D ~

des cientist ~s da E ra Romintica . E se ~ara al l, úns

historiado--res esse período e v i sto como u~ retrocesso r..o conheci me nto

científico, para a Psi c uiatria, os romintic o s antecipa~ seu nas

cimento como ciência .

A decada de 6 J assiste a decadência da su p r em a cia

francesa por corrupçoes internas e a ascensao política e

econo-mica da Alemanha sob a lid e rança de Bismark . As univ ers id a d es

alemãs alc a nçam prestIgio em toda a Eur opa pelo reconh ecimen to

de sua avança~a educ Rção ci e ntr~i.ca. A E ra Moderna é marcada

pelo int eres se na necrolo ~ ia e e n ~s se c a mpo que oc or r e m as ma10

res descob ertas . No s pará g ra f os seguintes ess a s d escober t as são

analisada sob o pr:sma bioló p ico , d eixand o-s e a sua anális e ps~

(29)

Noritz Romberg, neurologista da Universidade de

Ber-lim, lança o primeiro livro sobre neurologia, tornando-a u ma es

pecialidade médica (1840-1846). p ilhelm Griesinger, também da

Universidade de Berlim, tenta lihertar a p~ ~ quiatria das espec~

lações românticas e busca as causas organicas Gas doenças me n

-t ai s . Nessa época os francese s , A.L. B3yle e J. L. Calmiel

en-contram lesões patolõ s ic~s no cérebro de psicõticos q u e sofrem

de paralisia geral pro g ressiva (~GP), (a i nda nao se sabia que a

s í f i l i s é o agente causador). Outros estudos d eôonstra m que a

car~ncia de i~do causa hipotireóid i smo, creti~ismo e imb eci lida

de. Esses dados sio s uficiertes para convencer Griesinger de

que as doenças mentais sio c ausa das pela a ç~o dir e ta ou

indire-ta sobre as células cerebrais. For outro la d o , e le r e con hece o

-papel da repressao na doença me ntal, esboça um conceito d e eg o

falsificador de ' idéia s mórbidas e relaciona os sintomas me n tais

com os processos oníricos v en do a satisf ~ çio s ex ual corno a base

de ambos. Em termos de tratamento, recomend a a un~ao

.

-

dos dois

mé to do s : psíquico (b ~ nhos, sedativos, terapia ocu p acional, evo

cações de pensamentos e emoções ) e somitico (dro ga~ farmacoló g!

c a s) .

Um dos· rr. ai s brilhantes discípulos de Griesin ge r

ê

o

médico Eduard Hitzi g que com a ajuda de seu cole r a Theodor

Fritsch realiza trabalhos sobre estimula ç~ o elétrica do s c e r e

-b ro s de c aes , lançando a neurofisiologia experimental .

-

Pierre

Flourens e Luigi Rolando descobr en qu e o cerebelo

ê

re s

ponsã-vel pela coordenação motora . Entre 1850 e 1881, J ea n Baptiste

Buillaud est uda inflamaç~es cerebr~is e d e duz que o lóbulo

(30)

sa da area d~ fala e Paul Broca (1824-18 8 0).

Paralelamente aos estudos de 10caliz Rç~0 cerebral, os

neuromicroscopistas analisam a arquitetur? celular do cérebro.

Em 1850, Heinr~c~ Von ~aldeyer cria o conc ~ ito de neur~nio: un1

dade estrutural e funcional do tecido nervoso; e identifica suas

funções citoplasmáticas de transmitir o impulso ao corpo celu

--lar (realizada pelos dentr:tos) e de transmitir o impulso do

co~po celular (realizada pelo ax~Eio) . Todavi a , o modo de trans

miss~o do impulso continua desconhic:do.

Ivan Sechenov (182 5 190 5), e considerado o pai da fi

-siologia russa ao descobrir que a atividade cerebr~l d e?en~ e de

estimulaç~o externa. Alexander e Sel e snick, parafr~s eando

Se-chenov, escrevem :

"Tod o.6 0.6 ato.6 p.6ZquJ...C.O.6 que. Oc. Of!fe.m ao longo da.6

lJ...-nha.6 de.

~e.6le.X0 de.~e.m .6e.~

e..6tudado.6 de.

mane.J...~a

J...nte.J...-~a~e.nte.

6J....6io l 5gJ...c.a

rc~~ue.

.6e.u J...nZc.J...o, o e..6tZmulo .6e.n

.65~J...o,

e.

.6e.u 6J...m, a.6 açoe..6

moto~a.6, .6~0

6e.n6me.no.6

6J... ~ .6J...ol5g , ~c.o.6 . Além

dJ....6.6o, me..6mo o e.lç.r.: e.r>fo me.é.J...ano

ou

p.6ZquJ...c.o

é

~ ambém, e..6t~J...t ~m e.nte.

6alando, muJ...ta.6

v e. ze..6,

.6e.n~o .6e.mr~e., n~o

um

6e.n6 r~ e.no

J...nde.re. nde.l1te. - C.0 111 0

.6e.

ac.~e.dJ...t~va al1te.~J...o~me.l1te.

-

ma~

urn a

ra~te. J...l1te.g~ante.

de. todo

e..6.6e.

p~0c.e..6.60" (A le.x.ande.~

e. Se.le.,611J...dl.,

1968).

A metod o lo g ia de Sechenov e a teoria de Darwin POSS1

-bilitam o surgimento do sistema pavloviano. Ivan Pavlov, fisio

lo gista russo, dedica-se ao estudo ex~erimental das glindulas

salivares, recebendo er 1~04 o Prêmio Nobel de Me dicina. Segu~

do Pavlov toda ativid2de cerebr~l e baseada em refle x os primiti

vos que atraves de repetidas associações com estímulos externos

(31)

reflexos condicionados sao as bé'.ses dos p rocessos cerebrais su-

-periores. Suas id~ias torn~m o comDorta ~e nto humano

besicamen-te mecanicista, possibilitando A class if icação dos indivíduos de

acordo com suas maneiras de reagtr aos estimu10s. Assir os ~n

divíduos passam a ser percebidos como melancólicos (reações de

inibição ou depressão), coléricos (reações de irritabi1id .?de )

fleumáticos (reações d e rigidez) e sanguíneos (r eações de insta

bi1idade) .

Em 1860, G. T. Fechner pro ~ oe a criaçao de um ~ nova

ciência, que ele defin e como a ciência e x ata d ~s relações funci

onais entre a ~atéria e o espírito: a ps~ . cofísica. Se g undo

Fechner nao existem dois tipos de fenômer. o s, u n s físicos,

ou-tros psíquico~, sao arbos asp ectos da mesc.a realidad e . A apa

--r e n t e d i f e --r e ! . ç a e n t r e e 1 e s -j e c o r r e d o f a t o d e s e r e m o b s e r v a dos de

ângulos distintos. Quando examinados como são percebidos (ân g~

10 interno) parece m de natur eza psíquic~, quando examinad o s

~n-dependenteme n te de noss a percepç a o (ân g ulo externo), parecem fí

sicos. Su a preoc upação

é

verificar acorrespondência entre os

processos psíquicos e as intensidad es re g istradas nos fenômenos

físicos.

Nessa mesma epoca, W. Hundt, psicofisio1ogista alemã o, ~

distingue a Psico10 ~~a d ~s Ciências Físicas. Afirm a Wundt, es

creve Penna (1981), que em to da representaçao interna pode-se

distinguir, três elementos:

1) a coisa representada (cont eú d o da repr ese ntaç ão )

2) o sujeito que representa;

(32)

que representa.

As ci~ncias frsicas estudam as coisas representadas enquanto

1-soladas do sujeito, a Psicolo g ia estuda as C0 1sas r ep

resenta--das em suas relações com o sujeito. Wundt v~ portantQ, que a

Psicologia é ori g inária d a s ci~ncias frsic~s

ã

~ed ida que e

stu-da o pr o cesso de abstraçã o d o sujeito (e xper i ênc ia imediata)

enquanto as ci~n c ias frsica s s~o const r uíd as a partir d a abstra

çao que d es vincula a C01sa representad3 do se j ei t o (e xpe

riên--c1a mediata). E"G .~ t ermos r.;e tod o ló gi cos ~';undt acen t t' a c: u e a Ps

i-cologia s~ pode usa ~ o m~todo experimental n o c ontrole d ? s c

on-dições frsiol~ g i c a s dos fer:ôm e nos ps í C;ll ic os , com o nos estudo s

sobre s e~ sibilida de , n a s nunc a no s es t ud o s cio~ processos superi

ores ond e e i mpos s ível o controle d ~s c ondiçõ e, fisioló g ic ?s .

Wundt rrarca o nasciment o da P s icol o g ia Ex~ e ri men tal e F i s i ológi

· ca .

Na pr o por çao que o século

XIX

av ~ n ~ a, os n e urolo g i s

-tas tentam e nco n trar as ba ses or g anic a s dos p roc ess o s men tais.

Obviamente er.1 penha r.: -se en ur.a tarefa ir-.pos s ível, mas d esco

nhe--cem tal particularid ~ de . O m~dico V1enen se T~eodore Meyner t

(1833-1892) descobre que ca rla áre a do córt ex e exc i t r.t d a. po r es

trmulos especrficos vindos do sistema nervoso cen t ra l , e que as

células corticais se comunicam com c él ul a s cere brai s mais profu~

das. Atribui a causalidad e d as perturba cões me ntais

ã

c i r c

ula-ç~o sanguínea inad e quada no c~rebro: d e fici ê ~ cia s no f lu xo San

4"

g U1neo causam estados de exci ta ç ~o, e xce ssos d e f lu xo , c a li s am

estados d epres sivos. R ec om e nd a no tratamento o uso d e dr o g as

(33)

tante criticado por suas idéias infundadas.

Carl Wernicke, outro médico austríaco, descobre q ue um

dos hemisférios cerebrais é dominante e realiza estudos sobre

a afasia (perda ou diminuiç~o da linguagem). Mas sua ma10r

con-tribuiç~o

é

a descooerta de que pacientes com lesão cerebral

organ1ca, esquecem acontecimentos recentes, mas recordam fatos

ocorridos a muito tempo. A utilidade prática de sua descoberta

~ a distinç~o entre psicoses ca u sadas por doenças cerebrais e

psi "coses funcionais. Alé~ disso, obs e rva que alcóolatras cro

-n1cos apresentam perturbacões na visão e obscurecimento d a cons

ciência.

No início do nosso século, e r 1913 , o agente infecci~

so da s í f i l i s (spirocheta pallida) e enco~trado no cerebro de

pacientes que sofrem de ~aralisia geral progressiva ( PGP)

f i l i s cerebral - através do trabalho de Hideyo Noguchi e J. W.

Moore. Essa síndrome

ê

caracterizad a por deficiência psíquica,

perda de memor1a e do senso de moral, insensibilidade e delí---

-

.

rios. A cura definitiva da s I f i l i s

ocorre quando Alexander

Fleming descobre a penicilina, em meados do século XX . A

desco-berta da origem s i f i l í t i c a da PGP reforça as crenças nas causas

organicas das doenças mentais , afinal, uma psicose pôde ser

co-nhecida e curada pela patologia oróânica.

Na Inglat e rra , Thor.as Layot e Herbet Spencer, este

~ltimo havia trabalhado com Darwin, concebem uma organizaç~o

e-volucionária do cerebro achando que o sistema nervoso podia ser

entendido pela evolução das espec1es . John

-

.

Hu~hlins Jackson mos

(34)

voso: os níveis inferiores do c~rebro e da medula espinhalsao

responsiveis por movi me ntos e s teriotí p icos (de for r a s fixas) e

são os mais antigos na evolução; o nível medio (cereb elo )

con-trola as atividades motoras e e o segundo ní vel da evolução; os

niveis su~eriores (16bulos frontais) sao os Glti mo s a evoluirem

e são responsiveis pelo pe~sament0 abstrato e simb6lico. ~ Iveis

mais evoluidos inib em atividad es dos níveis i med i a t amente ~ e nos

evoluidos, s e ndo os primeiros ma 1S pr ~ r tament e afetados pela do

ença mintal q u e os se g undo.

A ne u ropsiquiatr{a transpoe o At l i n tic o e a l c a nça a

AIPérica. Nos E3tados Unido s , Charles Scott Sherin g ton (1 85 7

1952 ) separa efetivawente o cer e belo da colun3 v er tebra l de um animal e observa maior excitabilidad e de s ta ap6s a s eparaç a o .

Assim, esti comprovada a t esE deJackson so br e a açao inibitor :a

dos centro s superiores s obr e os in+eri o re ~ . A 1 ~ m d i s s o, S h e r i n~

to ~ demostr a cowo ocorr e ai~t egração dos

tema nervoso c e ntral.

vário s níveis do

S1S-o

naturalista franc ~s J ea n B apt ist e Lammarck sugere

que a mudança na função de um 6r g ão transforT'a sua mo rf olog ia e

essa alteração e tran sE. itid a

ã

g eração se ~ ~inte. Sua idéi a for

talece crenças já existentes sobre ~ h er anca das doenças me

n-tais. Benedict Au g ustin MoreI amplia essa posição afir mando

que o ilcool e os n a rcót ic os, pr ed i s p o e m a degenerações e ao

mau tempera me nto, tornando os desc ende nt es i med iatos ma1S nervo

sos, a terc e ira g eração pr0v a v e l r e nt e psic6tíca, e toda s as

ou-tras g eraçõ es dem e nt es até a extinção d a famili a .

(35)

vações clínicas e tao grande que se torna necessária sua

siste-matização.

o

neurologista alemão Emil Kraepel in (1856-1925) to

ma para si essa árdua tarefa. Dedicado ao est udo das desordens

m'e n t a i s, p a s s a a nos a n a 1 i s a n d o o s a n t e c e d e n t e s h i s t o r i c o s d e p ~

cientes internados em maniconios e faz descrições meticulosas

de seus comportamentos. Kraepelin classifica e distingue as do

e?ças mentais, apresentando descrição porrrenorizadas de sua si~

tomatologia. Considera a àemencia precoce apresentada por

ado-1escentes com alucinações e delírios com raras possibilidades àe

curH. Todavia a psicose maníaco depressiva, caracterizada por

períodos de excitação e normalidade, apresenta grandes chances

-de recuperaçao . Quando um paciente e as vezes mudo, outras

ve-zes violento, possui demência precoce catatônica, mas s e e

to-10 com respostas verbais e comportanentais in~dequadas, então ~

heb efrênico . Se por ol'tro lado, o paciente apresenta 'delír i os

de perseeuição, ~ considerado paranoico, uma variaçio da

demên-cia precoce.

Kraepe1in ~ considerado o " Pai da Psiquiatria Moderna "

e seu sistema de classificação das doenças mentais ainda ~

usa-do nos diagnosticos de pacientes psiquiátricos. Mas se por um

lado, Kraepelin consegue imprimir uma ordem ao acúmulo caotico

de dados neurologicos da epoca , por outro lado, lega aos

futu--ros psiquiatras profundo pessimism o quanto às possibilidades te

rapêuticas das desordens mentais . Jaccard (1981) transcreve a

advertência d e Kraepelin:

" 'De..6c.o J16ie.mo.6 , de..6c.oJ1Ó -tai, jove.J1.6

mê.dic.o.6 que.

me.

ou

vi.6 , o

louc.o

ê.

pe.~igo.6o

e.

c.oJ1~iJ1ua~a

a

.6~-lo a~ê.

.6ua

mo~~e

que.,

iJ16e. · e.izme.J1~e,

e.m pOUC.O.6 c.a . .6O.6

Oc.o~lt e.

c.om!ta

(36)

Com a nosoloria Kr ~c peliana o confinamento espacial do

louco e refo~çado Com barreir~ 3 temporais e cronicas; volta-se

ao assunto quando se tratar das re : lexõe s sobre a loucura.

A ciência medica, continua avançándo e os especi a l i s

-tas aplic a m, sempre que possível, suas descoberta na tentativa

deajudar no con:-tecimento àa loucura, a celebre desc c nhecida. Bus

caw-se outros c~m~os de investi ~ aç~o como as deficiências nutri

cionais onde se descobre que carência s d e vit~ m ina B causa ~ g r~

ves distúrbios (pela g r a e ber i beri) e af e tam o ô etabolis mo cere

bral provocando sintomas psicót i cos.

A

maior contribui ç ~o

nes-sa área e dp~a por p es quis a s s o bre a s relaç õ es bioquí ~ icas

en-tre vit ~ minas e enZi mas . Na 1ecad a d e 30, o b i o q uí mico noru eguês,

A. Folling observa que c r i é'.: c as r etal me nt e retar à adas apresen

-tam uma inadequaç~o ~e tab~li c a de doi s a mi n o -á c id o s ess e nciais:

a penilalanina e o triptofânio. Um e rr o na atividad e e n z i ô áti

ca provoca ac~mulo de fenilal a mina no sangue, o que poder i a ser

a causa de seu retardo mental. Toda v ia, n~o há comprovações de~

sa hipóte s e.

o

n~o metabolis ~ o do t r i p tofânio ate o s e u

produ-to final, a seroprodu-tonina,parece ser maiS g rave visprodu-to que a seroprodu-to

nina talvez seja elemento crucial no me tabolis mo cerebral.

Pesquisas sobre a influência de fatores hereditário s

demonstram · que aberrações cromossomicas s ão respon s áv e is p e lo

mongolismo e supo s tamente pela esquizofrenia . Por outro lado

um bioquímico chamado Hans Ber g er d e scobre em 1929 que a a

tivi-dad e ~ l etric a do cerebro pode ser medida, inventan d o as s im o

e-letr r. c e falo g rama. Outro pro g ress o da mo der n izaç ~ o t ec n o ló g

i-.ca sa as cirurgias cranian a s, que p e r mi te m me lhor conh ec i me nto

(37)

Uma descriação rigorosa das funções cerebrais

ultra--passa o objetivo deste trabalho. Entretanto, faz-se necessário

mencionar o essencial do conheci~ento atupl sobre o cérebro. A

função principal do sistema nervoso é manter o equilíbrio

orgâ-nico, para isso, utiliza-se das informações ar m3ze nadas na memo

r1a, como padrões d e r eação as condi ç õ e s a mb i e n tai s que a meaç am

esse equili Si rio.

o

sistema nervoso central (S NC ), é formado p~

lo cérebro e medula espin~al; o cérebro se d ivide em córte x , di

encéfalo (talamo e hipotalamo), TIesencéfalo, po n te de Varoli,bu~

bo raquidia~o e cerebelo.

A

unidade f uncion al do SNC é real

i-zada pelo neur~n i o, que recebe os impulsos ne r vosos a tr avés dos

dentritos e o , trans mi te a outro n eur~nio pelo aXO Il 10. ~

.

o

pon-to de encontro entre dois · neur~nios

é

denomi nad o d e s i napse .

Se e~ 1850 Waldeyer nao cons eg ue identificar o

-

modo de trans missão do impulso nervoso, hoje sabe-se que essa

trans-missão se realiza por med ~ adores quí micos, cujas princip a is subs

tâncias estimulador as são a acetilcolina e a adrenalina.

o

córtex cerebral possui quatro divisões: a area fron

tal (tendo uma parte responsável pelo pensamento e pela fala e

outra part e , responsável pelos i ~pu lsos motores); área

parie-t a l (recebe o s im p ulsos sensoriais); area occipital (receb e os

e s t í mu los v i sua i s ); e a a r e a tem p o r aI (c o r r e 1 a c i o n a as s e n s a

-çoes da pele e recebe estímulos auditivos).

o

tãla~o atua co ~ o

um centro de relé das sensaçoes sensórias de onde são trans mi ti

-das a área apropriada do córte x . Uma parte do sistema nerv os o

desenvolve atividades que independeF da vontade do indivíduo,

.-

e

(38)

tálamo, da p onte de Varoli, do bulbo e da redula espinhal.

Fun-cionalmente o s i s t e ma n ervoso aut~no m o se su ~ divide efl q u ~ tro

outros sistemas: sistep ~ nervo so simpático (responsável pelas

açoes de defesa do organis~n); o s i s t em a nervoso parassi mpático

(responsável pela manuten ça o do or g anisr.o: digestão, processos

vegetat ivos , e t c . ) , siste ma de ativação reti c ular (prepara as

are ~ s cerebrais para a recepçao dos estímulos) e s i s te T:1 a 1 í nb i

co (res ponsável ~ela expressão das emoções)

o

n e s e n c e f a 1 o e

regulador dos movinentos al l t~no r.; os siJ1'ples , com o andar e mov

~-mentos ocular e s, e o cerebelo asse g ura o equilíbrio e a ori e nt a

ção espacial.

Cor esse breve ex a mp sobr e as funr.ões cerebrais, mo

s-tra-se que a obstina ç ão d e nossos primei-os co nc em?o ran eos ?elo

conheci me nto do cer e bro humano, conduz a me to dos so fi s t i ca dos

de observ açã o e lo cQ liza ç ão do funcionament o ce rebral . Com tais

progressos, os medicos d as pri me ira s dec ~ das d o s~culo paracem

convencidos de que os esquemas da ci~nc i a nat ural pura são

ade-quados para entender e tratar a enfe rmi dad e humana . Todavia a

prática psiquiátrica abala o nar cisismo T:1edico, a tent a tiva de

decifrar a loucura estudando celulas no [ : ncrosco,?~o

.

-

.

, e n nada re

duz o n~m e ro de doe n tes mentais Na verda de , a origeT:1 da loucu

ra cont inua desconhecid a , sua evolução inc e rta e su a t e ra p~

uti-ca empíric <-! . Lo g o iniciam T:l ovimento s d e oposiçao a n e urolo g ia

clássica e um de seus pri me iros crít~cos e Goldstein, criador

da doutrina do "vitalismo or g ânico".

Os conce i tos patoló gi cos fund ame ntai s d e Goldsteinba

seiamse na visão g lobal d e todo o proc esso morboso. Seg undo e

(39)

menos visível constiturd ~ pel a oculta e fundamental re açao or g ~

n~ca: o "fundo" do qu p. dro sinto mático.

o

c onjunto do proce sso

morboso implica em dois fenômenos bioló g icos: a perturba ç ão fu.::

cional consecutiva, a lesão, e a cr~açao

.

-

de um p roc esso

ada?ta-tivo as novas c ondições. Essa a d aptaç ão inclui, por sua v ez

dois outros processos: a atitude d e er. tr ega e a atitud e de r e a

çao. A conc epção do er.fer mo co mo u m or g anis mo vivente cap az

de lutar d efe nsiva e c ria do r a~e nte co ntra a CAU SA

MORBI

deu ao

sistema de Goldst ein o nome d e " me ntalidad e bi opatol ó gica ".

Na déc a da d e ó J , as reaçõ es contra a au t o - s ufi ciênci a

da Psiquiatra clássic ~ s a o r e for ç a das

-

g ra nd es int ere

s-ses pe los aspectos soc ioló g icos de loucur a . A co ns e qu ênc ia d e ~

sa mudança percept i va é a cr esce nt e inte g ração do s m ~tod os

bio-ló ~ icos, ps icodinâ mic c s e sociológicos no ap ar ec i me nt o d e um a

Psiquiatria co mp r eensiva e de u ma Med ic i n a hu manizada . Vo

lta-s e ao alta-s lta-s u n t o .

Par a finalizar esta r e visão histórica sobre as causas

das doenç q s, e válido observar que o ho mem c am inn ha lenta mas

decididamente, no sentido de perceb er c a da vez ~ a~s qu e as

cau-sas de seu s males estao próxi Qas d e le. Na anti g uidade as a t r i

-buições caus ais sao diri g idas as estrelas, na E ra Clássica, as

substânc i as do mundo ffsico imediato, na Renascenca e no llum

i-nismo, is reaçõe s quimico-biolõgicas, e n a Era Mode rna, aos

(40)

PARTE II EVOLt.TÃO HISTCR ICZ\ DAS

.

~AUSl\.S DA LOUCUR ~_

Nesta segunda p arte, apresenta-se u ma visão mais huma

nista das causas d a loucura com uma avaliacão critica das

mes-mas. Ressalta-se qu e os termos, loucura e d oença. mental sao pr~

positadamente usados como sinônimos, para evit a r a conotação or

ganicist a do segundo. Sen d o . a loucura u ma das compan he iras mais

a~tigas do homem, incia-se essa ~evisão a part i r d a s p e rc e pç~es

das tribos pri mitivas.

Na antiguidad e , nao há distin c ão en tre sofri me~ to ~ e n

tal e físic o , e a o r igem da loucu ra t am b em e a tribuid a

à

açao

dos de mônio s . Os feitic eir os, que o s o u tro s :.ome n c; a c r ed ita m te

re~ poderes misterioros, sao cap a zes de c ~ r ar e g eral me nte sao

os chefes das t r ibo s . A e sc o l ~ a d e u m feitic e i r o d epe n de de

que el e tenha sofrid n algu m inc i d en t e i nc o r u m : u ma conv u lsão ,

entrado em estado d e trans e , u ma alucina ç ão, qu a lquer situação

que rev e le ser el e o favorito dos de u ses. A prepara ç ao de

-

um

feiticeiro inclui treina F ento rigoroso sob a orientação d e um

feiticeir o já experiente. Dur a nte o treinamento o candidato pa~

sa por sofrimentos corporais, revel a seus sonhos e alucin aç ~es,

aprende rituais ·e magias e na fase final a d oec e , to r nand o -se g ~

ralmente ~sicõtico. Após a d e c i são do professor d e que o

alu-no esta pronto, prepa r a-se o banquete q ue ma rc a a inici açn o do

novo feiticeiro.

Deixou-se a descrição dess e ritual para e sta s eg unda

parte do capítulo, exatamente para mostrar qu e en tr e a s s ocie

(41)

enquanto nas sociedades modernas representam justamente o

opos-to.

Nos séculos VII e VI Antes de Cristo, surge o

méto-do racional co.m os filósofos greg os substituinméto-do as explicações

sobrenaturais por fenômenos naturais. Para o e ntendimento

ra-cional da loucura é necessário primeiro entender racionalmente

o homem, e o materialismo do pensamento grego nao permite o a-"

-bandono da natureza das co~sas em busca da natur ez a humana.

o

observado e o observador estão misturados e o mundo dos

senti-dos é a realidad e absoluta. Todavia em 450 A.C., Pitágoras

se-para o raciocínio da observação e mostra, através das r egras da

matemática, que as leis do primeiro sao ma~s perfeitas e por ta~

to superiores às leis da segunda. Pitágoras lança a pedra fun

-damental da filosofia de Platão.

o

homem torna-se psicologicamente mais explícito qua~

do os sofistas abandonam o objeto e questionam o sujeito do co

nhecimento. Protãgoras, o maior representante dos sofistas,

as-segura que a percepçao e o re s ultado do "movim ento " entre o

ob-jeto e o observador, depende de ambos mas difere dos dois. Está

fundada a epistemologia - estudo do grau de certeza do

conheci-mento - e formulado o princípio básico da psicofisiologia. Cai

o "mundo dos absolutos", surge o "mundo dos relativos" no qual

o "homem

é

a medida de todas as co~sas

"

Sócrates, adepto das idéias de Pitágoras, reconh ece a

li~itação da ca pacidad e humana em conhecer o mundo mas acredita

que o hom em possa conhecer o próprio comportamento e por me~o

deste, obt er uma vid a melhor. Platão, partindo da tese

Imagem

TABELA II

Referências

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