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Papel do treinamento em saúde auditiva na percepção de perda auditiva e proteção auditiva auto-declaradas por funcionários de indústrias sucroalcooleira de Alagoas

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Kristhine Keila Calheiros Paiva Brandão

Papel do treinamento em saúde auditiva na

percepção de perda auditiva e proteção

auditiva auto-declaradas por funcionários de

indústrias sucroalcooleira de Alagoas.

Dissertação de Mestrado apresentada à Universidade Federal de São Paulo – Escola Paulista de Medicina, para obtenção do Título de Mestre em Ciências pelo Programa de pós-graduação em Distúrbios da Comunicação Humana. Qualificação

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Kristhine Keila Calheiros Paiva Brandão

Papel do treinamento em saúde auditiva na

percepção de perda auditiva e proteção

auditiva auto-declaradas por funcionários de

indústrias sucroalcooleira de Alagoas

Dissertação de Mestrado apresentada à Universidade Federal de São Paulo – Escola Paulista de Medicina, para obtenção do Título de Mestre em Ciências pelo Programa de pós-graduação em Distúrbios da Comunicação Humana. Qualificação

Orientador: Profa. Dra. Liliane Desgualdo

Pereira

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Brandão, Kristhine Keila Calheiros Paiva

Papel do treinamento em saúde auditiva na percepção de perda auditiva e proteção auditiva auto-declaradas por funcionários de indústrias sucroalcooleira de Alagoas. / Kristhine Keila Calheiros Paiva Brandão. -- São Paulo, 2010.

xii, 69f.

Dissertação de Mestrado – Universidade Federal de São Paulo. Escola Paulista de Medicina. Programa de Pós-graduação em Distúrbios da

Comunicação Humana.

Título em inglês: Role of health training in the perception of hearing loss and hearing protection self-reported by officials in sugarcane industries Alagoas.

.

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Universidade Federal de São Paulo

Escola Paulista de Medicina

Departamento de Fonoaudiologia

Chefe do Departamento: Profa. Dra. Maria Cecília Martinelli Iorio

Coordenador (a) do Curso de Pós-graduação: Profa. Dra. Brasília Maria Chiari

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Kristhine Keila Calheiros Paiva Brandão

Papel do treinamento em saúde auditiva na

percepção de perda auditiva e proteção

auditiva autodeclarada por funcionários de

indústrias sucroalcooleira de Alagoas

Presidente da banca:

Profa. Dra. Liliane Desgualdo Pereira

Membros da banca :

Profª. Drª Ana Cláudia Fiorini Profª. Drª Karin Ziliotto

Profª. Drª Maria Francisca Collela dos Santos

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Dedicatória

À minha mãe, em especial, por sempre cultivar em mim a busca pelo conhecimento e me proporcionar os

meios para alcançá-lo.

Ao meu pai pelo apoio de avô com as minhas duas filhas, quando precisei me ausentar, nas idas a São

Paulo.

Ao meu marido Filipe, pelo amor, compreensão e incentivo de todas as horas.

Às minhas irmãs que sempre me apoiaram e se orgulharam das minhas conquistas.

Às minhas amadas filhas Bebel e Bubu, pela compreensão nas minhas ausências e por serem

fontes eternas de minha inspiração.

À minha parceira Neném, leal funcionária com quem sempre pude contar para entregar o meu lar.

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Agradecimentos

À Universidade Federal de São Paulo – UNIFESP, pela parceria firmada com a Universidade Estadual de Ciências da Saúde de Alagoas – UNCISAL, possibilitando a oportunidade de concretizar esta formação e pelas experiências profissionais proporcionadas.

À Profa. Dra. Brasília Maria Chiari, coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Distúrbios da Comunicação Humana, pela confiança depositada desde o início, pelo incentivo nos momentos de fraqueza e, sobretudo, pela oportunidade oferecida.

À minha orientadora, Profa. Dra. Liliane Desgualdo Pereira pelo carinho, por ter me acolhido sempre e me passado tantos ensinamentos.

Às usinas sucroalcooleiras de Alagoas por abrirem as portas da empresa e viabilizar a realização deste trabalho através da receptividade, credibilidade e respeito à pesquisa.

À amiga Anna Karinne Costa Bandeira, brilhante ser que me fez compreender de maneira tão mais clara como trilhar os caminhos da pesquisa.

A todos os colegas do Programa de Pós-Graduação em Distúrbios da Comunicação Humana pelos momentos compartilhados, e de maneira especial às amigas: Thaís, Ranilde, Edna, Waléria, Conceição, Ilka e Eli que sempre me acolheram nas horas de angústia com dúvidas e questionamentos.

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À minha sogra, Ana Rosa, por sempre ser tão prestativa e disponível, auxiliando-me na tarefa de mãe, dona de casa e profissional.

Às minhas sócias Paula e Mari que sempre me apoiaram e deram força para eu concluir o mestrado, compreendendo as minhas ausências na Fonoclin.

Às queridas funcionárias Cibelle, Roberta, Fabiana, Clara e Nena que sempre zelaram pela Fonoclin, deixando-me segura e confortada mesmo ausente.

À Kelly e Alice no auxílio à pesquisa de artigos e dúvidas técnicas na área de audiologia.

Aos colegas de trabalho da GASCE, Rosângela, Maria Rita, Robson, Alba, Sarita e Waléria pelas ausências e angústias compartilhadas.

À Sarita pela ajuda com as planilhas em Excel, quando a perturbava constantemente.

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SUMÁRIO

Dedicatória ...v

Agradecimento...vi

Lista de quadros...viii

Lista deTabelas...ix

Lista de Abreviaturas...x

Lista de Anexos...xi

Resumo...xii

Introdução...01

Revisão de Literatura...05

Métodos...17

Resultados...25

Discussão...42

Conclusão...48

Anexos...49

Referências...56

Abstract...62

Apêndice...63

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Listas de Quadros

Quadro 1. Questionário “Crenças e atitudes sobre proteção auditiva e perda auditiva” baseado na versão em português brasileiro de BRAMATTI, MORATA, e MARQUES ,2008...20

Quadro 2. Distribuição das áreas temáticas por questão do questionário de “crenças e atitudes sobre proteção auditiva e perda auditiva”- Versão A...21

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Lista de Tabelas

Tabela 1. Medidas resumo da idade e anos de escolaridade, de acordo com a empresa onde trabalham...……… 24

Tabela 2. Distribuição de freqüências, de acordo com o grau de exposição ao barulho, tempo de exercício da função e uso de protetor auditivo...25

Tabela 3. Medidas resumo para o escore total recebido em cada área temática do questionário “Crenças e atitudes sobre proteção auditiva e perda auditiva”...26

Tabela 4. Distribuição de indivíduos segundo as respostas obtidas no escore total e por temática significativa considerando cada questão usina de origem A...29

Tabela 5. Distribuição de indivíduos segundo as respostas obtidas no escore total e por temática significativa considerando cada questão e a usina de origem B ...30

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Lista de abreviaturas

dB Decibel(s) unidade de intensidade do som EPA Equipamento de Proteção Auditiva

EPI CA

Equipamento de Proteção Individual Certificado de Aprovação

Hz Hertz

INSS Instituto Nacional de Seguridade Social MTb Ministério do Trabalho

NE Nível de Exposição

NHO Norma de Higiene Ocupacional

NIOSH National Institute for Occupational Safety and Health NPS Nível de Pressão Sonora

NR Norma Regulamentadora

OMS Organização Mundial de Saúde

OSHA Occupational Safety and Health Administration PAIR Perda Auditiva Induzida por Ruído

PCA Programa de Conservação Auditiva

PCMSO Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional PPPA Programa de Prevenção de Perdas Auditivas

PPRA Programa de Prevenção de Riscos Ambientais

LTCAT Laudo Técnico das Condições do Ambiente de Trabalho www Rede Mundial de Computadores (do inglês, World Wide Web)

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Lista de Anexos

Anexo 1. Carta de Aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade

Estadual de Ciências da Saúde...48

Anexo 2. Carta de Aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal de São Paulo / Hospital São Paulo ...49

Anexo 3. Declaração de Autorização da Usina A ...51

Anexo 4. Declaração de Autorização da Usina B ...52

Anexo 5. Termo de Consentimento Livre e Esclarecido...53

Anexo 6. Formulário de Coleta de Dados ...54

Anexo 7. Total de Escores ...55

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Resumo

Objetivo: verificar e comparar as crenças e atitudes frente à perda auditiva e proteção auditiva auto-declaradas por funcionários entre duas indústrias do ramo sucroalcooleiro, com e sem participação em um programa de

conservação em saúde auditiva.Método: Participaram do estudo 120 funcionários da usina A que receberam o treinamento específico em saúde auditiva e 87 funcionários da usina B, que não receberam o mesmo

treinamento. Foi utilizado o questionário “Crenças e atitudes sobre proteção auditiva e perda auditiva”, elaborado por pesquisadores do NIOSH (1996), o qual foi aplicado após o treinamento em saúde auditiva, que é uma das etapas do Programa de Saúde Auditiva - PCA, desenvolvido pela usina A. Para a usina B, o questionário foi aplicado em dias marcados com o setor de

engenharia de segurança do trabalho, não seguindo, portanto a seqüência do treinamento em saúde auditiva, uma vez que esta empresa ainda não

desenvolve o PCA. A idade média dos funcionários da usina A foi de 31,8 anos e para usina B 30,5 anos. O tempo de exposição médio a ruído dos voluntários da usina A e B foi de 10 anos. A maior parte dos funcionários de ambas as usinas trabalhavam expostos a ruído superior a 85 dBA, com até 10 anos de tempo de exercício. Resultados: Das 10 temáticas avaliadas no questionário destacam-se três: a melhor percepção de susceptibilidade de adquirir uma perda auditiva (p<0,001), melhor percepção de obstáculos de uma ação preventiva quando relacionado ao conforto do uso do protetor auditivo

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1. Introdução

A audição tem importante função social. A privação auditiva causa danos no bem-estar e comportamento individual, social e psíquico, que influencia na qualidade de vida dos seres humanos. Pode também interferir na auto-estima, na motivação, na eficácia e no desenvolvimento do trabalho, assim como influencia no grau de interesse e dedicação pela atividade realizada (BRAMATTI, 2007).

A Organização Mundial de Saúde estimou que em 2005, havia 278 milhões de pessoas com perda auditiva de moderada a profunda (OMS, 2006). A existência da perda auditiva pode prejudicar aspectos do desenvolvimento do indivíduo (linguagem, desempenho escolar e as relações sociais), ou ocasionar dificuldades econômicas e até vocacionais (ORGANIZACIÓN PANAMERICANA de La SALUD, 1980,

BRAMATTI, 2007).

Uma perda auditiva representa um grande problema de saúde coletiva, o que exige a adoção de medidas para o reconhecimento, a avaliação, a prevenção e o controle da doença (MENDES, 2003).

O ruído é um risco físico bastante freqüente não só nos segmentos industriais, como também em nossos lares. Desde 2500 anos atrás, a humanidade conhece os efeitos prejudiciais do ruído à saúde, através de textos relatando a surdez dos trabalhadores que viviam próximo às cataratas do rio Nilo, no antigo Egito. O ruído é, na atualidade, um dos mais significativos agentes nocivos à saúde, em especial à audição, pois está presente nos ambientes urbanos e sociais, principalmente nos locais de trabalho e nas atividades de lazer (NULDEMANN et al.1997). Entre as diversas causas de poluição, os ruídos provenientes de veículos e de atividades laborais e de lazer têm contribuído para que a poluição sonora seja a terceira maior causa de poluição do mundo, perdendo apenas para a poluição do ar e da água (FIORINI, 1997).

Há um consenso de se considerar o ruídocomo um dos contaminantes mais comuns, encontrado facilmente tanto, no nosso dia a dia, como em grande parte dos processos industriais. Cada vez mais, uma gama de profissionais compartilha um interesse vital por este problema: técnicos, engenheiros, arquitetos, urbanistas, oficiais do governo, higienistas ocupacionais, médicos, fonoaudiólogos, entre outros. Estima-se que mais de 140 milhões de pessoas expostas a níveis perigosos de ruído ocupacional no mundo (RODRIGUES et al., 2006)

A PAIR (Perda Auditiva Induzida por Ruído), uma das doenças profissionais mais comuns nos países industrializados (NULDEMANN et al., 1997) também tem sido apontada como uma das de mais elevada ocorrência, tendo sido aceita, já em 1991, como uma conseqüência comum do trabalhador exposto a ruído no seu ambiente ocupacional (AXELSSON, 1991).

Assim, a exposição ao ruído durante o exercício da atividade laboral,

dependente dos níveis deste, pode levar à perda auditiva, como também causar efeitos extra-auditivos, como: hipertensão arterial, dor de cabeça, irritabilidade, insônia, falta de concentração, acidente de trabalho entre outros (OKAMOTO e SANTOS, 1994).

Tais danos podem levar o sujeito ao isolamento social, resultando na comunicação prejudicada com a família e amigos; à diminuição na habilidade para monitorar o ambiente de trabalho (sinais de advertência); ao risco mais alto de acidentes no local de trabalho e à qualidade de vida reduzida. (National Institute for Occupational Safety and Health NIOSH, 1990).

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processamento de sinais auditivos envolvendo componentes perceptuais e psicológicos (VESTAREGER, 1997). Num estudo com 3.466 trabalhadores de requerentes de indenização por PAIR, foi observada a prevalência de zumbido de 49,8%. Destes, 29,2% afirmaram que o zumbido era o problema principal (Mc SHANE et al. 1998).

Estatisticamente, estima-se que 15% da população exposta a ruído constante de 90 dB, oito horas por dia, durante cinco dias da semana e cinqüenta semanas por ano, apresentarão lesão auditiva após dez anos. O limite de tolerância permitido para a exposição do ruído para oito horas de trabalhoé de 85 dB (A) (AXELSSON,1991). Há consenso entre os profissionais que trabalham na área de prevenção de perda auditiva sobre o crescente aumento da taxa de prevalência de perda auditiva na fase adulta ser decorrente do avanço do recurso tecnológico. Sabe-se também que não só os fatores exógenos tais como, exposição ao ruído, vibração e produtos químicos, mas também os endógenos tais como: características do próprio indivíduo, como: condições gerais de saúde, gênero, raça, cor dos olhos, passado otológico, aspectos emocionais, estresse e idade, que somados podem provocar perdas auditivas irreversíveis ou outros agravos na saúde (FIORINI, 2004).

No entanto, a cessação da exposição ao ruído ou o uso efetivo de um

Equipamento de Proteção Auditiva (EPA) pode, se não evitar o aparecimento deste tipo de perda auditiva, ao menos minimizar os prejuízos deixados por esta à audição e, conseqüentemente à comunicação humana. Um ruído intenso durante um tempo de exposição suficiente para causar um dano auditivo não provocará perda auditiva se a orelha estiver adequadamente protegida. O controle do ruído é, portanto, uma questão de considerável importância econômica e social e esta importância tem crescido progressivamente nos últimos anos (GABAS, 2007).

O Programa de Conservação Auditiva, abreviado PCA, surgiu com o intuito de prevenir ou minimizar os efeitos nocivos da exposição ao ruído à saúde do trabalhador. Existe um leque de ações que compõe o PCA, dentre elas, o treinamento em saúde auditiva visa transmitir informações sobre o funcionamento do ouvido, qualidade de vida, uso adequado do protetor auricular e os reflexos das alterações auditivas e extra-auditivas no âmbito social e profissional.

A implantação de um PCA abrangendo trabalhadores expostos ao ruído ocupacional, tendo em vista o objetivo de prevenção da exposição e do dano auditivo, diminui consideravelmente o risco de acidentes (COHEN, 1976; BERGER, 2000).

O presente projeto surgiu da observação durante a prática da realização dos exames audiométricos periódicos, em ambas usinas, de que os trabalhadores das indústrias sucroalcooleiras de Alagoas mostram pouco conhecimento sobre cuidados com a sua saúde auditiva e saúde geral, bem como baixo nível de escolaridade. Nas indústrias sucroalcooleiras existem diversos setores com exposição ao ruído, que podem levar os colaboradores que neles trabalham contrair perda auditiva pela exposição intensa e contínua a este risco físico, além da exposição simultânea a outros agentes como vibração e produtos químicos.

Desta forma, buscou-se conhecer as crenças e atitudes diante da perda e

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Assim, a questão que norteou o presente estudo foi: “Existem diferenças entre a percepção de perda auditiva e proteção auditiva auto-declaradas de trabalhadores de uma usina com implementação do PCA em relação à outra que não aderiu a esse programa?

A hipótese que norteou este trabalho foi a de que os trabalhadores de uma usina com PCA apresentam melhores crenças e atitudes frente à perda auditiva e à proteção da sua audição do que aqueles trabalhadores que não participaram dessa sensibilização.

1.1 Objetivo

Verificar e comparar as crenças e atitudes frente à perda auditiva e proteção auditiva auto-declaradas por funcionários de duas usinas do ramo sucroalcooleiro com e sem programa de conservação em saúde auditiva.

2. Revisão da literatura

Neste capítulo procuramos as publicações que se relacionaram com o tema do nosso estudo e apresentamos em ordem cronológica.

COHEN (1976) investigou a influência do PCA nos índices de acidentes de trabalho em uma indústria, comparando os índices de acidentes nos anos anteriores e posteriores à implantação de um PCA. Observou que no grupo de trabalhadores

expostos a ruído intenso, houve uma significativa diminuição nos índices de acidente de trabalho após a implantação do PCA, com um decréscimo em dois anos de 3.8 para 2.3 nos índices de acidentes, reforçando a necessidade de programas preventivos.

Os controles de engenharia e administrativos são os elementos mais

importantes de um PCA, pois somente por meio da redução do NPS (Nível de Pressão Sonora) elevado ou da redução da exposição é que se consegue prevenir os danos causados pelo ruído. As medidas administrativas têm por objetivo alterar a dinâmica de trabalho ou das operações, produzindo redução da exposição, por exemplo, fazer rodízio de empregados nas áreas de NPS elevado, funcionamento de máquinas em turnos ou horários com menor número de funcionários expostos, entre outros.

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dos trabalhadores, bem como identificar os riscos ocupacionais, para que sejam tomadas medidas de modo sistemático e contínuo. Essa portaria exige que sempre que houver locais de trabalho com ruído considerado excessivo (superior a 85 dBA), devem ser tomadas medidas para reduzir estes níveis de ruído para proteger os trabalhadores expostos e monitorar a efetividade destes processos de intervenção. De acordo com a NR-9 da Portaria nº 3.214/1978 do Ministério do Trabalho, toda empresa deve ter um Programa de Prevenção de Riscos Ambientais - PPRA. Em se tendo o NPS elevado como um dos agentes de risco levantados por este programa, a empresa deve organizar, sob a sua responsabilidade um PCA. De acordo ainda com a NR-9 da Portaria nº 3.214/1978 do Ministério do Trabalho o conhecimento e o envolvimento dos

trabalhadores na implantação das medidas de um PCA são essenciais para o sucesso da prevenção da exposição ao ruído e seus efeitos.

WARD (1979) descreve que a preocupação com o ruído ambiental e a sua relação com a saúde não é recente. Já na Grécia Antiga, os sibaritas proibiram atividades de caldeira dentro dos limites da cidade, provavelmente por considerarem-nas ruidosas. Quatro séculos mais tarde, Plínio, O Velho, fez a primeira referência conhecida sobre a relação entre o ruído e a audição, ao observar que algumas pessoas que moravam próximo às cataratas do rio Nilo estavam ficando surdas. Isso demonstra que há mais de dois mil anos sabe-se que o ruído pode ocasionar danos à saúde dos homens.

A Organização Pan-Americana de Saúde e a Organização Mundial de Saúde, (1980) reconheceram que o ruído pode perturbar o trabalho, o descanso, o sono e a comunicação dos seres humanos, além de prejudicar a audição e causar reações psicológicas, fisiológicas e até patológicas.

JERGER e JERGER (1989) e MELNICK (1989) reconhecem que a perda auditiva pode ser causada se o ruído exceder os limites fisiológicos do sistema auditivo. Nesse caso, pode ocorrer destruição (total ou parcial) do órgão espiral, ruptura da membrana timpânica e alteração na cadeia ossicular. A perda auditiva é sensório-neural; porém ela pode ser mista se houver comprometimento da orelha média. Outro efeito é a alteração temporária da audição, também conhecida como TTS (temporary threshold shift), um fenômeno que é inicialmente reversível, consiste na redução do limiar audiométrico logo após a exposição ao ruído, essa diminuição é temporária e pode ser acompanhada de zumbido; ela tende a voltar ao normal após, no máximo 14 horas depois do fim da exposição. E, por último, a PAIR, uma doença crônica, que pode ocasionar lesões nas células da cóclea, localizada na orelha interna, podendo acarretar perda auditiva de caráter irreversível e progressivo, caso o indivíduo permaneça exposto ao ruído por longos períodos.

SELIGMAN (1993) aponta como os principais sintomas da PAIR o zumbido uni ou bilateral; a dificuldade na compreensão da fala à medida que ocorre o avanço do déficit para as freqüências mais baixas; dores de ouvido mediante exposição a sons intensos (algiacusia) e sensação de plenitude auricular.

MORATA e SANTOS (1994) descreveram que embora o ruído não afete apenas a audição, é neste órgão do sentido que os seus efeitos são mais percebidos e bem caracterizados. E que qualquer redução na sensibilidade auditiva é considerada perda auditiva, que é definida como uma perda ou diminuição da acuidade auditiva.

O NIOSH (1994) referiu que com a Revolução Industrial, que foi

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A NR-7 (1994), obedecendo à legislação brasileira, determina que, todo indivíduo que trabalha ou trabalhará em ambiente com elevados níveis de pressão sonora, deve ser submetido a exames seqüenciais, para avaliar o estado da sua audição. O primeiro exame audiométrico é realizado no momento da admissão e este exame é considerado como referencial, pois, a ele, serão comparados todos os exames periódicos seqüenciais. De acordo com a Portaria nº 19 desta NR, o exame audiométrico será realizado, sempre, pela via aérea nas freqüências de 500, 1.000, 2.000, 3.000, 4.000, 6.000 e 8.000 Hz. No caso de alteração detectada no teste pela via aérea ou segundo a avaliação do profissional responsável pela execução do exame, o mesmo será feito, também, pela via óssea nas freqüências de 500, 1000, 2.000, 3.000 e 4.000 Hz. O exame audiométrico deverá ser realizado em cabina audiométrica, cujos níveis de pressão sonora não ultrapassem os níveis máximos permitidos, de acordo com a norma ISO 8253.1. O trabalhador permanecerá em repouso auditivo por um período mínimo de 14 horas até o momento de realização do exame audiométrico. O responsável pela

execução do exame audiométrico inspecionará o meato acústico externo de ambas as orelhas e anotará os achados na ficha de registro. Se identificada alguma anormalidade, encaminhará ao médico responsável.

Em 1994, o Comitê Nacional de Ruído e Conservação Auditiva, órgão interdisciplinar constituído pela Associação Nacional de Medicina do Trabalho, bem como as Sociedades Brasileiras de Acústica, Fonoaudiologia, Otologia e de

Otorrinolaringologia vêm sugerir as diretrizes básicas para a elaboração de um PCA: 1. Reconhecimento e avaliação de riscos para a audição: identificar e

avaliar todos os riscos que possam afetar a audição, seja NPS elevados, produtos químicos, vibrações e outros, levando em conta a possibilidade de interação entre esses agentes. A caracterização só é possível por meio da avaliação individual ou coletiva e por função. 2. Gerenciamento audiométrico: padronização dos procedimentos para a

realização e análise de exames com o objetivo de identificar alterações audiométricas ocupacionais ou não ocupacionais.

3. Medidas de proteção coletiva (de engenharia e administrativas): uma vez identificados e avaliados os agentes de risco, sugere-se a seguinte hierarquia de ações: 1º controle da emissão na fonte principal de exposição ou risco; 2º controle de propagação do agente no ambiente de trabalho; 3º controle administrativo.

4. Medidas de proteção individual: seleção, indicação, adaptação e acompanhamento da utilização do equipamento de proteção individual adequado aos riscos.

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6. Gerenciamento de dados: sistematização dos dados obtidos nas etapas anteriores, de modo a subsidiar ações de planejamento e controle do PCA.

7. Avaliação do Programa: como o objetivo primordial de qualquer PCA é evitar ou reduzir a ocorrência de perdas auditivas ocupacionais, esta etapa deve priorizar as seguintes etapas: 1º avaliar a abrangência e a qualidade dos componentes do programa e 2º avaliar os resultados dos exames audiométricos individual e setorialmente.

Segundo FRANKS et al. (1996) aproximadamente 30 milhões de americanos estão expostos a ruídos em seus locais de trabalho. No Brasil, não se sabe o número exato, mas a perda auditiva induzida por ruído é uma das mais freqüentes doenças relacionadas ao trabalho. O controle da audição dos trabalhadores se faz por meio da realização de exames audiométricos periódicos, com a intenção, no mínimo, que se cumpra a legislação vigente.

NIOSH (1996) esclarece que o PCA é um conjunto de ações coordenadas que tem como objetivo principal preservar a audição dos trabalhadores através de medidas para tornar os ambientes mais saudáveis, seguros e agradáveis e não apenas o

cumprimento das regras governamentais e/ou a redução de custos com as reclamatórias trabalhistas. Porém, reconhece-se que a legislação é um forte motivador para que esse objetivo seja alcançado.

NIOSH (1996) estabelece que a meta primária de um programa preventivo de perda auditiva é a redução e, eventualmente a eliminação da perda auditiva por

exposição ao ruído no ambiente de trabalho.

SELIGMAN (1997) aponta como os principais sintomas da PAIR o zumbido uni ou bilateral; a dificuldade na compreensão da fala à medida que ocorre o avanço do déficit para as freqüências mais baixas; dores de ouvido mediante exposição a sons intensos (algiacusia) e sensação de plenitude auricular.

NULDELMANN et al. (1997) destacaram que o ruído tem recebido exclusividade quase absoluta nas abordagens relacionadas à saúde auditiva dos

trabalhadores. E é considerado o agente ocupacional que mais freqüentemente provoca perdas auditivas, o que expõe o maior número de trabalhadores e seus efeitos irão depender da intensidade, da faixa de freqüência, do tipo de ruído (contínuo ou intermitente), do tempo de exposição e da susceptibilidade individual.

NULDELMANN et al., (1997) ressaltam que essa forma de perda auditiva tem sido apontada dentre as doenças relacionadas ao trabalho, como uma das de mais

elevada ocorrência e pode também ser classificada entre as doenças de ocorrência desnecessária, isto é, perfeitamente, evitáveis.

O Ministério do Trabalho e Emprego (1998) esclarece que o diagnóstico da PAIR de origem ocupacional depende da representação típica nos audiogramas e da comprovação da existência de exposição ao ruído no ambiente de trabalho,

considerando-se sempre a intensidade e a característica desse agente, assim como o modo de exposição.

FERREIRA (1998) acredita que vários fatores devem ser levados em

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- Exposição ocupacional a ruído - devem ser observados os NPS, tempo de exposição diária e a antigüidade do hábito;

- Exposição extra-ocupacional a ruído - a exposição concomitante a ruído ocupacional e extra-ocupacional faz aumentar o risco de uma PAIR;

- Exposição a outros agentes ototóxicos e otoagressivos – por sua ação independente, ou, principalmente, pela interação com altos níveis de pressão sonora, agentes ototóxicos e otoagressivos acarretam alterações dos limiares auditivos tonais.

Em abril de 1998 foi publicado o anexo 1 da NR7- Portaria nº19 do Ministério do Trabalho. Esta portaria descreve as medidas a serem tomadas por empresas cujas condições de trabalho incluam ruídos excessivos. As medidas são:

- medições de nível de pressão sonora (de acordo com a NR-15, da Portaria n

º

3.214 do Ministério do Trabalho;

- monitoramento audiométrico dos trabalhadores expostos;

- manutenção de registros e sua disponibilização aos trabalhadores; - controle da exposição por intermédio de medidas de engenharia ou administrativa, ou do uso de equipamentos de proteção individual;

- fornecimento de um programa de treinamento.

De acordo com a legislação brasileira, as seguintes publicações oficiais determinam a elaboração de um PCA:

Na Portaria nº 24 de 1994 do Ministério do Trabalho, encontram-se: -NR7- PCMSO- Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional; -NR9 – PPRA- Programa de Prevenção de Riscos Ambientais;

- Portaria nº 19 de 09 de abril de 1998 do Ministério do Trabalho; - Ordem de Serviço nº 608 de 05 de agosto de 1998 do Ministério da Previdência Social;

Segundo a Portaria do INSS, Ordem de Serviço nº 608/1998, a respeito da perda auditiva por ruído ocupacional, para a viabilização do PCA, é necessário o

envolvimento dos profissionais da área de saúde e segurança, da gerência industrial e de recursos humanos da empresa e, principalmente dos trabalhadores. Os trabalhadores e seus representantes legais devem conhecer os efeitos nocivos dos NPS elevados e as medidas necessárias para a eliminação desses riscos, bem como obedecer às orientações do PCA.

Para KWITKO (1998) não há dúvida de que a audiometria utilizada de rotina como teste admissional pode identificar os indivíduos que já apresentam perdas

auditivas. Nessa circunstância o teste deve ser utilizado como segurança da empresa, em caso de reclamação trabalhista, ou servir como incremento ao programa de conservação auditiva desenvolvido.

O Comitê Nacional de Ruído e Conservação Auditiva, em seu boletim nº1(1994), revisado em 1999, tornou público, com o intuito de permitir e facilitar o diagnóstico da PAIR relacionada ao trabalho, como uma diminuição gradual da acuidade auditiva, decorrente da exposição continuada a níveis elevados de ruído. Caracteriza-se por ser sempre neurossensorial, em razão do dano causado às células do órgão de Corti. Uma vez instalada, é irreversível e quase sempre bilateral; raramente atinge o grau de perda profunda, pois, geralmente, não ultrapassa os 40 dBA nas baixas freqüências e os 75 dBA nas freqüências altas. Manifesta-se, inicial e

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ruído, tempo de exposição e susceptibilidade individual. A PAIR pode ser agravada pela exposição simultânea a ruído intenso e outros agentes, como produtos químicos e vibração. O uso de ototóxicos ou a presença de algumas doenças podem aumentar a susceptibilidade do indivíduo ao ruído.

STEPHENSON (1999) recomenda utilizar pesquisas em trabalhadores antes e após um treinamento em saúde auditiva para se avaliar se o treinamento influenciou ou não a atitude e o comportamento dos trabalhadores, considerando a prevenção da perda auditiva e para avaliar a efetividade real de um programa de conservação auditiva.

STEPHENSON e MERRY (1999), pesquisadores do NIOSHI desenvolveram o questionário denominado “Beliefs about hearing protection and hearing loss”.

FIORINI (2000) relata que há um conjunto de fatores endógenos (característica do próprio indivíduo) que, somados aos fatores exógenos (exposições a ruído, vibrações e produtos químicos, entre outros), ocasionam uma série de alterações na saúde,

podendo, entre outros males, provocar perdas auditivas irreversíveis. Porém, a legislação considera apenas o ruído como risco direto para a audição.

FIORINI e NASCIMENTO (2001) consideram que a conservação auditiva implica na manutenção do estado auditivo do sujeito, seja ele normal ou portador de uma perda auditiva. A prevenção, por sua vez, implica evitar o desencadeamento da perda auditiva.

BERGER (2001) salientou que os trabalhadores necessitam ser bem

informados das razões e dos requerimentos do programa como um todo, pois o sucesso depende, em grande parte, da educação do trabalhador relativa a todos os aspectos do programa.

NULDELMANN e cols. (2001) referem que as estratégias a serem utilizadas nos treinamentos dependem das características da população-alvo, das condições proporcionadas pela empresa e, principalmente, das metas a serem alcançadas. Como em qualquer área de atuação, os profissionais envolvidos devem buscar o

reconhecimento da população-alvo e as características das exposições para definir a política adequada do PCA.

MARCHIORI et al. (2002) afirmaram que a audição é um dos cinco sentidos básicos cuja função é captar os sons existentes no mundo em que vivemos e enviá-los ao córtex cerebral. Sendo, então, o ouvido humano capaz de realizar as habilidades de detecção, discriminação, localização, memória, reconhecimento, atenção seletiva e compreensão. É o principal canal pelo qual a linguagem e a fala são desenvolvidas, permitindo assim a comunicação humana e, portanto tornando-se de importante função social.

BRAMATTI (2003) afirmou que a privação auditiva pode causar danos no bem-estar e comportamento individual, social e psíquico, influenciando na qualidade de vida dos seres humanos, podendo interferir na autoestima, na motivação, na eficácia e no desenvolvimento do trabalho, influenciando no grau de interesse e dedicação pela atividade realizada.

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6kHz). Em condições normais, apenas a exposição ao ruído não produz perdas maiores que 75 dBA em freqüências altas e 40 dBA nas baixas. Porém, alguns indivíduos que tenham o fator idade associado podem ter perdas que excedem esses valores. A

progressão da perda auditiva decorrente da exposição crônica é maior nos primeiros 10 a 15 anos e tende a diminuir com a piora dos limiares, o que não ocorre nos casos de perda auditiva pela idade, que tende a piorar a cada ano. Evidências científicas indicam que orelhas com exposições prévias a ruídos não são mais sensíveis a futuras

exposições. Uma vez cessada a exposição, a PAIR não progride (com exceção a possíveis mudanças decorrentes da idade). O risco da PAIR aumenta muito quando a média da exposição está acima de 85 dBA em oito horas de trabalho. As exposições contínuas são piores que as intermitentes; porém, curtas exposições a ruído muito intenso também podem desencadear perdas auditivas. Quando o histórico identificar o uso de protetores auditivos, também deve ser considerada a atenuação real do mesmo, bem como a grande variabilidade individual durante seu uso.

FIORINI (2003) acredita não ser possível imaginar que existam pessoas não expostas a ruído na sociedade urbana atual, em especial nas grandes cidades. Deve-se considerar que, no cotidiano, a exposição aos agentes físicos pode ser maior ou menor, contínua ou intermitente. Em razão desse fato, os estudos acerca da possibilidade de identificação precoce das alterações auditivas decorrentes do ruído são muito importantes, pois, mesmo que não seja possível erradicar essa doença, pode-se ao menos tentar evitar seu agravamento clínico e suas possíveis relações sociais. Assim, toda e qualquer iniciativa para enfrentar o problema da poluição sonora não só é um avanço na prevenção de futuras perdas auditivas, mas também um exercício de cidadania diante desse problema de saúde pública.

BERNARDI e SALDANHA (2003) mencionaram que o treinamento e a conscientização dos trabalhadores em relação à conservação auditiva são as ferramentas mais importantes para a utilização adequada e melhor eficácia dos protetores

auriculares.

BERNARDI (2003) argumenta que um bom treinamento deve ser elaborado baseando-se em campanhas de conservação auditiva que contenham uma idéia central a ser veiculada. A partir daí todos os recursos didáticos de apoio devem ser utilizados como: faixas, cartazes, cartilhas, palestras, brindes, stands, entre outros. Qualquer informação a respeito de prevenção auditiva deve ser veiculada em uma linguagem adequada e interessante para o trabalhador.

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MELLO e WAISMANN (2004); REGAZZI et al.(2005) apontaram que, entre várias outras causas, a deficiência auditiva pode ser conseqüência de exposições a ruídos e/ou agentes ototóxicos.

SARTORI (2005) afirma que nos dias de hoje não há razão técnica para que a perda auditiva seja o resultado do trabalho em ambiente ruidoso, tendo em vista que os Programas de Prevenção da Perda Auditiva são exigidos por lei.

Para SARTORI (2005) existe uma enorme variedade de alternativas técnicas e/ou científicas que podem ser adotadas a fim de reduzir o ruído. Tecnicamente, a primeira medida de controle definitivo é o controle na fonte. Não sendo possível, a segunda é o controle na trajetória, (o ruído sai da fonte e tem de ser obstruído de alguma maneira, para evitar que chegue até o trabalhador), e como terceira opção, vem o protetor auricular. Este deve ser usado quando não existem soluções técnicas viáveis para o controle do ruído na fonte ou na trajetória. Entretanto observamos que na prática se opta pela proteção individual por ter um custo menor, por ser de rápida implantação, e por poder delegar ao trabalhador a responsabilidade pelo insucesso quanto à proteção à saúde. Guerra et al. (2005) encontraram associação significativa (p < 0,05) entre perda auditiva induzida por ruído e nível de utilização de protetores auriculares. Alguns autores questionam a atenuação do ruído referida pelo fabricante para os protetores auriculares, principalmente se não forem utilizados adequadamente (colocação, prazo de trocas e condições de higiene). O controle através de medidas administrativas e de engenharia é, na maioria das vezes, um processo longo, de alto custo, e precisa de um planejamento eficiente para sua execução.

Cordeiro et al (2005) aponta que a literatura

especializada internacional aponta que trabalhadores

expostos ao ruído ocupacional intenso apresentam

risco aumentado de se acidentarem quando

comparados aos trabalhadores 1. Introdução

A audição tem importante função social. A privação auditiva causa danos no bem-estar e comportamento individual, social e psíquico, que influencia na qualidade de vida dos seres humanos. Pode também interferir na auto-estima, na motivação, na eficácia e no desenvolvimento do trabalho, assim como influencia no grau de interesse e dedicação pela atividade realizada (BRAMATTI, 2007).

A Organização Mundial de Saúde estimou que em 2005, havia 278 milhões de pessoas com perda auditiva de moderada a profunda (OMS, 2006). A existência da perda auditiva pode prejudicar aspectos do desenvolvimento do indivíduo (linguagem, desempenho escolar e as relações sociais), ou ocasionar dificuldades econômicas e até vocacionais (ORGANIZACIÓN PANAMERICANA de La SALUD, 1980,

BRAMATTI, 2007).

Uma perda auditiva representa um grande problema de saúde coletiva, o que exige a adoção de medidas para o reconhecimento, a avaliação, a prevenção e o controle da doença (MENDES, 2003).

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presente nos ambientes urbanos e sociais, principalmente nos locais de trabalho e nas atividades de lazer (NULDEMANN et al.1997). Entre as diversas causas de poluição, os ruídos provenientes de veículos e de atividades laborais e de lazer têm contribuído para que a poluição sonora seja a terceira maior causa de poluição do mundo, perdendo apenas para a poluição do ar e da água (FIORINI, 1997).

Há um consenso de se considerar o ruídocomo um dos contaminantes mais comuns, encontrado facilmente tanto, no nosso dia a dia, como em grande parte dos processos industriais. Cada vez mais, uma gama de profissionais compartilha um interesse vital por este problema: técnicos, engenheiros, arquitetos, urbanistas, oficiais do governo, higienistas ocupacionais, médicos, fonoaudiólogos, entre outros. Estima-se que mais de 140 milhões de pessoas expostas a níveis perigosos de ruído ocupacional no mundo (RODRIGUES et al., 2006)

A PAIR (Perda Auditiva Induzida por Ruído), uma das doenças profissionais mais comuns nos países industrializados (NULDEMANN et al., 1997) também tem sido apontada como uma das de mais elevada ocorrência, tendo sido aceita, já em 1991, como uma conseqüência comum do trabalhador exposto a ruído no seu ambiente ocupacional (AXELSSON, 1991).

Assim, a exposição ao ruído durante o exercício da atividade laboral,

dependente dos níveis deste, pode levar à perda auditiva, como também causar efeitos extra-auditivos, como: hipertensão arterial, dor de cabeça, irritabilidade, insônia, falta de concentração, acidente de trabalho entre outros (OKAMOTO e SANTOS, 1994).

Tais danos podem levar o sujeito ao isolamento social, resultando na comunicação prejudicada com a família e amigos; à diminuição na habilidade para monitorar o ambiente de trabalho (sinais de advertência); ao risco mais alto de acidentes no local de trabalho e à qualidade de vida reduzida. (National Institute for Occupational Safety and Health NIOSH, 1990).

O zumbido é um dos sintomas mais comumente relatados pelos portadores de Perda Auditiva Induzida por Ruído (PAIR) e provoca muito incômodo (KANDEL et al., 2003). Ele é definido como sendo a manifestação do mau funcionamento, no processamento de sinais auditivos envolvendo componentes perceptuais e psicológicos (VESTAREGER, 1997). Num estudo com 3.466 trabalhadores de requerentes de indenização por PAIR, foi observada a prevalência de zumbido de 49,8%. Destes, 29,2% afirmaram que o zumbido era o problema principal (Mc SHANE et al. 1998).

Estatisticamente, estima-se que 15% da população exposta a ruído constante de 90 dB, oito horas por dia, durante cinco dias da semana e cinqüenta semanas por ano, apresentarão lesão auditiva após dez anos. O limite de tolerância permitido para a exposição do ruído para oito horas de trabalhoé de 85 dB (A) (AXELSSON,1991). Há consenso entre os profissionais que trabalham na área de prevenção de perda auditiva sobre o crescente aumento da taxa de prevalência de perda auditiva na fase adulta ser decorrente do avanço do recurso tecnológico. Sabe-se também que não só os fatores exógenos tais como, exposição ao ruído, vibração e produtos químicos, mas também os endógenos tais como: características do próprio indivíduo, como: condições gerais de saúde, gênero, raça, cor dos olhos, passado otológico, aspectos emocionais, estresse e idade, que somados podem provocar perdas auditivas irreversíveis ou outros agravos na saúde (FIORINI, 2004).

No entanto, a cessação da exposição ao ruído ou o uso efetivo de um

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orelha estiver adequadamente protegida. O controle do ruído é, portanto, uma questão de considerável importância econômica e social e esta importância tem crescido progressivamente nos últimos anos (GABAS, 2007).

O Programa de Conservação Auditiva, abreviado PCA, surgiu com o intuito de prevenir ou minimizar os efeitos nocivos da exposição ao ruído à saúde do trabalhador. Existe um leque de ações que compõe o PCA, dentre elas, o treinamento em saúde auditiva visa transmitir informações sobre o funcionamento do ouvido, qualidade de vida, uso adequado do protetor auricular e os reflexos das alterações auditivas e extra-auditivas no âmbito social e profissional.

A implantação de um PCA abrangendo trabalhadores expostos ao ruído ocupacional, tendo em vista o objetivo de prevenção da exposição e do dano auditivo, diminui consideravelmente o risco de acidentes (COHEN, 1976; BERGER, 2000).

O presente projeto surgiu da observação durante a prática da realização dos exames audiométricos periódicos, em ambas usinas, de que os trabalhadores das indústrias sucroalcooleiras de Alagoas mostram pouco conhecimento sobre cuidados com a sua saúde auditiva e saúde geral, bem como baixo nível de escolaridade. Nas indústrias sucroalcooleiras existem diversos setores com exposição ao ruído, que podem levar os colaboradores que neles trabalham contrair perda auditiva pela exposição intensa e contínua a este risco físico, além da exposição simultânea a outros agentes como vibração e produtos químicos.

Desta forma, buscou-se conhecer as crenças e atitudes diante da perda e

proteção da audição dos trabalhadores oriundos de uma usina que implementou o PCA e comparar com outro grupo de trabalhadores que não recebeu o mesmo cuidado. Dentro de um PCA, destaca-se a contribuição de ações fonoaudiológicas durante o treinamento em saúde auditiva com o intuito de desenvolver a percepção de perda auditiva e de proteção auditiva do trabalhador que se expõe ao ruído no seu dia a dia de trabalho. Este conhecimento poderá contribuir para um cuidado e proteção de danos auditivos não só por parte de ações da empresa, mas também do próprio trabalhador.

Assim, a questão que norteou o presente estudo foi: “Existem diferenças entre a percepção de perda auditiva e proteção auditiva auto-declaradas de trabalhadores de uma usina com implementação do PCA em relação à outra que não aderiu a esse programa?

A hipótese que norteou este trabalho foi a de que os trabalhadores de uma usina com PCA apresentam melhores crenças e atitudes frente à perda auditiva e à proteção da sua audição do que aqueles trabalhadores que não participaram dessa sensibilização.

1.1 Objetivo

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2. Revisão da literatura

Neste capítulo procuramos as publicações que se relacionaram com o tema do nosso estudo e apresentamos em ordem cronológica.

COHEN (1976) investigou a influência do PCA nos índices de acidentes de trabalho em uma indústria, comparando os índices de acidentes nos anos anteriores e posteriores à implantação de um PCA. Observou que no grupo de trabalhadores

expostos a ruído intenso, houve uma significativa diminuição nos índices de acidente de trabalho após a implantação do PCA, com um decréscimo em dois anos de 3.8 para 2.3 nos índices de acidentes, reforçando a necessidade de programas preventivos.

Os controles de engenharia e administrativos são os elementos mais

importantes de um PCA, pois somente por meio da redução do NPS (Nível de Pressão Sonora) elevado ou da redução da exposição é que se consegue prevenir os danos causados pelo ruído. As medidas administrativas têm por objetivo alterar a dinâmica de trabalho ou das operações, produzindo redução da exposição, por exemplo, fazer rodízio de empregados nas áreas de NPS elevado, funcionamento de máquinas em turnos ou horários com menor número de funcionários expostos, entre outros.

A legislação brasileira prevê, na Norma Regulamentadora 15 (NR 15) do Ministério do Trabalho (Portaria 3.214/1978), um limite máximo de 85 dBA de exposição a ruído por 8 horas de trabalho. Essa lei é aplicada nas indústrias brasileiras, incluindo as do ramo sucroalcooleiro. Considerando que os efeitos decorrentes da PAIR podem prejudicar a qualidade de vida, uma vez que afetam o trabalho e as relações sociais de seus portadores, fica evidente a importância de ações coletivas que visem à prevenção dessa perda auditiva. Desta maneira, em 1978, foi aprovada pelo Ministério do Trabalho a Portaria nº 3.214, referente às Normas Regulamentadoras (NR) do Capítulo V, Título II da Consolidação das Leis do Trabalho relativas à Segurança e à Medicina do Trabalho. Essa portaria tem por objetivo garantir a preservação da saúde dos trabalhadores, bem como identificar os riscos ocupacionais, para que sejam tomadas medidas de modo sistemático e contínuo. Essa portaria exige que sempre que houver locais de trabalho com ruído considerado excessivo (superior a 85 dBA), devem ser tomadas medidas para reduzir estes níveis de ruído para proteger os trabalhadores expostos e monitorar a efetividade destes processos de intervenção. De acordo com a NR-9 da Portaria nº 3.214/1978 do Ministério do Trabalho, toda empresa deve ter um Programa de Prevenção de Riscos Ambientais - PPRA. Em se tendo o NPS elevado como um dos agentes de risco levantados por este programa, a empresa deve organizar, sob a sua responsabilidade um PCA. De acordo ainda com a NR-9 da Portaria nº 3.214/1978 do Ministério do Trabalho o conhecimento e o envolvimento dos

trabalhadores na implantação das medidas de um PCA são essenciais para o sucesso da prevenção da exposição ao ruído e seus efeitos.

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A Organização Pan-Americana de Saúde e a Organização Mundial de Saúde, (1980) reconheceram que o ruído pode perturbar o trabalho, o descanso, o sono e a comunicação dos seres humanos, além de prejudicar a audição e causar reações psicológicas, fisiológicas e até patológicas.

JERGER e JERGER (1989) e MELNICK (1989) reconhecem que a perda auditiva pode ser causada se o ruído exceder os limites fisiológicos do sistema auditivo. Nesse caso, pode ocorrer destruição (total ou parcial) do órgão espiral, ruptura da membrana timpânica e alteração na cadeia ossicular. A perda auditiva é sensório-neural; porém ela pode ser mista se houver comprometimento da orelha média. Outro efeito é a alteração temporária da audição, também conhecida como TTS (temporary threshold shift), um fenômeno que é inicialmente reversível, consiste na redução do limiar audiométrico logo após a exposição ao ruído, essa diminuição é temporária e pode ser acompanhada de zumbido; ela tende a voltar ao normal após, no máximo 14 horas depois do fim da exposição. E, por último, a PAIR, uma doença crônica, que pode ocasionar lesões nas células da cóclea, localizada na orelha interna, podendo acarretar perda auditiva de caráter irreversível e progressivo, caso o indivíduo permaneça exposto ao ruído por longos períodos.

SELIGMAN (1993) aponta como os principais sintomas da PAIR o zumbido uni ou bilateral; a dificuldade na compreensão da fala à medida que ocorre o avanço do déficit para as freqüências mais baixas; dores de ouvido mediante exposição a sons intensos (algiacusia) e sensação de plenitude auricular.

MORATA e SANTOS (1994) descreveram que embora o ruído não afete apenas a audição, é neste órgão do sentido que os seus efeitos são mais percebidos e bem caracterizados. E que qualquer redução na sensibilidade auditiva é considerada perda auditiva, que é definida como uma perda ou diminuição da acuidade auditiva.

O NIOSH (1994) referiu que com a Revolução Industrial, que foi

acompanhada pela implantação de grandes centros de produção com componentes e máquinas industriais muitas vezes extremamente ruidosas, vieram as primeiras legislações voltadas à prevenção de perdas auditivas.

A NR-7 (1994), obedecendo à legislação brasileira, determina que, todo indivíduo que trabalha ou trabalhará em ambiente com elevados níveis de pressão sonora, deve ser submetido a exames seqüenciais, para avaliar o estado da sua audição. O primeiro exame audiométrico é realizado no momento da admissão e este exame é considerado como referencial, pois, a ele, serão comparados todos os exames periódicos seqüenciais. De acordo com a Portaria nº 19 desta NR, o exame audiométrico será realizado, sempre, pela via aérea nas freqüências de 500, 1.000, 2.000, 3.000, 4.000, 6.000 e 8.000 Hz. No caso de alteração detectada no teste pela via aérea ou segundo a avaliação do profissional responsável pela execução do exame, o mesmo será feito, também, pela via óssea nas freqüências de 500, 1000, 2.000, 3.000 e 4.000 Hz. O exame audiométrico deverá ser realizado em cabina audiométrica, cujos níveis de pressão sonora não ultrapassem os níveis máximos permitidos, de acordo com a norma ISO 8253.1. O trabalhador permanecerá em repouso auditivo por um período mínimo de 14 horas até o momento de realização do exame audiométrico. O responsável pela

execução do exame audiométrico inspecionará o meato acústico externo de ambas as orelhas e anotará os achados na ficha de registro. Se identificada alguma anormalidade, encaminhará ao médico responsável.

Em 1994, o Comitê Nacional de Ruído e Conservação Auditiva, órgão interdisciplinar constituído pela Associação Nacional de Medicina do Trabalho, bem como as Sociedades Brasileiras de Acústica, Fonoaudiologia, Otologia e de

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1. Reconhecimento e avaliação de riscos para a audição: identificar e avaliar todos os riscos que possam afetar a audição, seja NPS elevados, produtos químicos, vibrações e outros, levando em conta a possibilidade de interação entre esses agentes. A caracterização só é possível por meio da avaliação individual ou coletiva e por função. 2. Gerenciamento audiométrico: padronização dos procedimentos para a

realização e análise de exames com o objetivo de identificar alterações audiométricas ocupacionais ou não ocupacionais.

3. Medidas de proteção coletiva (de engenharia e administrativas): uma vez identificados e avaliados os agentes de risco, sugere-se a seguinte hierarquia de ações: 1º controle da emissão na fonte principal de exposição ou risco; 2º controle de propagação do agente no ambiente de trabalho; 3º controle administrativo.

4. Medidas de proteção individual: seleção, indicação, adaptação e acompanhamento da utilização do equipamento de proteção individual adequado aos riscos.

5. Educação e motivação: desenvolvimento de atividades que propiciem informação, treinamento e motivação tanto dos trabalhadores como dos profissionais das áreas de saúde, segurança e administração da instituição.

6. Gerenciamento de dados: sistematização dos dados obtidos nas etapas anteriores, de modo a subsidiar ações de planejamento e controle do PCA.

7. Avaliação do Programa: como o objetivo primordial de qualquer PCA é evitar ou reduzir a ocorrência de perdas auditivas ocupacionais, esta etapa deve priorizar as seguintes etapas: 1º avaliar a abrangência e a qualidade dos componentes do programa e 2º avaliar os resultados dos exames audiométricos individual e setorialmente.

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NIOSH (1996) esclarece que o PCA é um conjunto de ações coordenadas que tem como objetivo principal preservar a audição dos trabalhadores através de medidas para tornar os ambientes mais saudáveis, seguros e agradáveis e não apenas o

cumprimento das regras governamentais e/ou a redução de custos com as reclamatórias trabalhistas. Porém, reconhece-se que a legislação é um forte motivador para que esse objetivo seja alcançado.

NIOSH (1996) estabelece que a meta primária de um programa preventivo de perda auditiva é a redução e, eventualmente a eliminação da perda auditiva por

exposição ao ruído no ambiente de trabalho.

SELIGMAN (1997) aponta como os principais sintomas da PAIR o zumbido uni ou bilateral; a dificuldade na compreensão da fala à medida que ocorre o avanço do déficit para as freqüências mais baixas; dores de ouvido mediante exposição a sons intensos (algiacusia) e sensação de plenitude auricular.

NULDELMANN et al. (1997) destacaram que o ruído tem recebido exclusividade quase absoluta nas abordagens relacionadas à saúde auditiva dos

trabalhadores. E é considerado o agente ocupacional que mais freqüentemente provoca perdas auditivas, o que expõe o maior número de trabalhadores e seus efeitos irão depender da intensidade, da faixa de freqüência, do tipo de ruído (contínuo ou intermitente), do tempo de exposição e da susceptibilidade individual.

NULDELMANN et al., (1997) ressaltam que essa forma de perda auditiva tem sido apontada dentre as doenças relacionadas ao trabalho, como uma das de mais

elevada ocorrência e pode também ser classificada entre as doenças de ocorrência desnecessária, isto é, perfeitamente, evitáveis.

O Ministério do Trabalho e Emprego (1998) esclarece que o diagnóstico da PAIR de origem ocupacional depende da representação típica nos audiogramas e da comprovação da existência de exposição ao ruído no ambiente de trabalho,

considerando-se sempre a intensidade e a característica desse agente, assim como o modo de exposição.

FERREIRA (1998) acredita que vários fatores devem ser levados em

consideração na tentativa de estimar o peso de cada agente etiológico, predisponente ou agravante da perda auditiva:

- Exposição ocupacional a ruído - devem ser observados os NPS, tempo de exposição diária e a antigüidade do hábito;

- Exposição extra-ocupacional a ruído - a exposição concomitante a ruído ocupacional e extra-ocupacional faz aumentar o risco de uma PAIR;

- Exposição a outros agentes ototóxicos e otoagressivos – por sua ação independente, ou, principalmente, pela interação com altos níveis de pressão sonora, agentes ototóxicos e otoagressivos acarretam alterações dos limiares auditivos tonais.

Em abril de 1998 foi publicado o anexo 1 da NR7- Portaria nº19 do Ministério do Trabalho. Esta portaria descreve as medidas a serem tomadas por empresas cujas condições de trabalho incluam ruídos excessivos. As medidas são:

- medições de nível de pressão sonora (de acordo com a NR-15, da Portaria n

º

3.214 do Ministério do Trabalho;

- monitoramento audiométrico dos trabalhadores expostos;

- manutenção de registros e sua disponibilização aos trabalhadores; - controle da exposição por intermédio de medidas de engenharia ou administrativa, ou do uso de equipamentos de proteção individual;

- fornecimento de um programa de treinamento.

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Na Portaria nº 24 de 1994 do Ministério do Trabalho, encontram-se: -NR7- PCMSO- Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional; -NR9 – PPRA- Programa de Prevenção de Riscos Ambientais;

- Portaria nº 19 de 09 de abril de 1998 do Ministério do Trabalho; - Ordem de Serviço nº 608 de 05 de agosto de 1998 do Ministério da Previdência Social;

Segundo a Portaria do INSS, Ordem de Serviço nº 608/1998, a respeito da perda auditiva por ruído ocupacional, para a viabilização do PCA, é necessário o

envolvimento dos profissionais da área de saúde e segurança, da gerência industrial e de recursos humanos da empresa e, principalmente dos trabalhadores. Os trabalhadores e seus representantes legais devem conhecer os efeitos nocivos dos NPS elevados e as medidas necessárias para a eliminação desses riscos, bem como obedecer às orientações do PCA.

Para KWITKO (1998) não há dúvida de que a audiometria utilizada de rotina como teste admissional pode identificar os indivíduos que já apresentam perdas

auditivas. Nessa circunstância o teste deve ser utilizado como segurança da empresa, em caso de reclamação trabalhista, ou servir como incremento ao programa de conservação auditiva desenvolvido.

O Comitê Nacional de Ruído e Conservação Auditiva, em seu boletim nº1(1994), revisado em 1999, tornou público, com o intuito de permitir e facilitar o diagnóstico da PAIR relacionada ao trabalho, como uma diminuição gradual da acuidade auditiva, decorrente da exposição continuada a níveis elevados de ruído. Caracteriza-se por ser sempre neurossensorial, em razão do dano causado às células do órgão de Corti. Uma vez instalada, é irreversível e quase sempre bilateral; raramente atinge o grau de perda profunda, pois, geralmente, não ultrapassa os 40 dBA nas baixas freqüências e os 75 dBA nas freqüências altas. Manifesta-se, inicial e

predominantemente em 6000 Hz, 4000 Hz ou 3000 Hz; e, com a progressão, atinge 8000 Hz, 2000 Hz, 1000 Hz, 500 kHz. É uma patologia coclear, e o portador pode apresentar zumbido e intolerância a sons intensos, além de ter comprometida a inteligibilidade de fala, em prejuízo do processo de comunicação; uma vez cessada a exposição não ocorre progressão da perda; é influenciada por características físicas do ruído, tempo de exposição e susceptibilidade individual. A PAIR pode ser agravada pela exposição simultânea a ruído intenso e outros agentes, como produtos químicos e vibração. O uso de ototóxicos ou a presença de algumas doenças podem aumentar a susceptibilidade do indivíduo ao ruído.

STEPHENSON (1999) recomenda utilizar pesquisas em trabalhadores antes e após um treinamento em saúde auditiva para se avaliar se o treinamento influenciou ou não a atitude e o comportamento dos trabalhadores, considerando a prevenção da perda auditiva e para avaliar a efetividade real de um programa de conservação auditiva.

STEPHENSON e MERRY (1999), pesquisadores do NIOSHI desenvolveram o questionário denominado “Beliefs about hearing protection and hearing loss”.

FIORINI (2000) relata que há um conjunto de fatores endógenos (característica do próprio indivíduo) que, somados aos fatores exógenos (exposições a ruído, vibrações e produtos químicos, entre outros), ocasionam uma série de alterações na saúde,

podendo, entre outros males, provocar perdas auditivas irreversíveis. Porém, a legislação considera apenas o ruído como risco direto para a audição.

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BERGER (2001) salientou que os trabalhadores necessitam ser bem

informados das razões e dos requerimentos do programa como um todo, pois o sucesso depende, em grande parte, da educação do trabalhador relativa a todos os aspectos do programa.

NULDELMANN e cols. (2001) referem que as estratégias a serem utilizadas nos treinamentos dependem das características da população-alvo, das condições proporcionadas pela empresa e, principalmente, das metas a serem alcançadas. Como em qualquer área de atuação, os profissionais envolvidos devem buscar o

reconhecimento da população-alvo e as características das exposições para definir a política adequada do PCA.

MARCHIORI et al. (2002) afirmaram que a audição é um dos cinco sentidos básicos cuja função é captar os sons existentes no mundo em que vivemos e enviá-los ao córtex cerebral. Sendo, então, o ouvido humano capaz de realizar as habilidades de detecção, discriminação, localização, memória, reconhecimento, atenção seletiva e compreensão. É o principal canal pelo qual a linguagem e a fala são desenvolvidas, permitindo assim a comunicação humana e, portanto tornando-se de importante função social.

BRAMATTI (2003) afirmou que a privação auditiva pode causar danos no bem-estar e comportamento individual, social e psíquico, influenciando na qualidade de vida dos seres humanos, podendo interferir na autoestima, na motivação, na eficácia e no desenvolvimento do trabalho, influenciando no grau de interesse e dedicação pela atividade realizada.

O American College of Occupational and Environmental Medicine-ACOEM (2003) publicou em seu mais recente posicionamento acerca da PAIR que, em oposição ao trauma acústico, é uma perda auditiva com progressão lenta, ao longo de um período de tempo (anos), resultante da exposição ao ruído. As principais características dessa perda auditiva são: - perda sensório-neural, com comprometimento das células ciliadas da orelha interna, quase sempre bilateral, considerando que as exposições ao ruído são simétricas. Seu primeiro sinal é um rebaixamento no limiar audiométrico de 3, 4 ou 6 kHz. No início da perda, a média dos limiares de 0,5 kHz, 1 e 2 kHz é melhor que a média de 3, 4 ou 6 kHz. O limiar de 8 kHz tem de estar melhor que o pior limiar (3,4 ou 6kHz). Em condições normais, apenas a exposição ao ruído não produz perdas maiores que 75 dBA em freqüências altas e 40 dBA nas baixas. Porém, alguns indivíduos que tenham o fator idade associado podem ter perdas que excedem esses valores. A

progressão da perda auditiva decorrente da exposição crônica é maior nos primeiros 10 a 15 anos e tende a diminuir com a piora dos limiares, o que não ocorre nos casos de perda auditiva pela idade, que tende a piorar a cada ano. Evidências científicas indicam que orelhas com exposições prévias a ruídos não são mais sensíveis a futuras

exposições. Uma vez cessada a exposição, a PAIR não progride (com exceção a possíveis mudanças decorrentes da idade). O risco da PAIR aumenta muito quando a média da exposição está acima de 85 dBA em oito horas de trabalho. As exposições contínuas são piores que as intermitentes; porém, curtas exposições a ruído muito intenso também podem desencadear perdas auditivas. Quando o histórico identificar o uso de protetores auditivos, também deve ser considerada a atenuação real do mesmo, bem como a grande variabilidade individual durante seu uso.

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importantes, pois, mesmo que não seja possível erradicar essa doença, pode-se ao menos tentar evitar seu agravamento clínico e suas possíveis relações sociais. Assim, toda e qualquer iniciativa para enfrentar o problema da poluição sonora não só é um avanço na prevenção de futuras perdas auditivas, mas também um exercício de cidadania diante desse problema de saúde pública.

BERNARDI e SALDANHA (2003) mencionaram que o treinamento e a conscientização dos trabalhadores em relação à conservação auditiva são as ferramentas mais importantes para a utilização adequada e melhor eficácia dos protetores

auriculares.

BERNARDI (2003) argumenta que um bom treinamento deve ser elaborado baseando-se em campanhas de conservação auditiva que contenham uma idéia central a ser veiculada. A partir daí todos os recursos didáticos de apoio devem ser utilizados como: faixas, cartazes, cartilhas, palestras, brindes, stands, entre outros. Qualquer informação a respeito de prevenção auditiva deve ser veiculada em uma linguagem adequada e interessante para o trabalhador.

FIORINI (2004) afirma que dessa forma o ruído sempre representou um risco à saúde e, portanto, merece atenção especial por parte dos profissionais da área. As conseqüências da exposição ao ruído podem ser de dois tipos: efeitos na audição e efeitos gerais. No sistema auditivo, o ruído pode ocasionar três efeitos distintos: o trauma acústico, classificado como um acidente, através de uma única exposição a níveis sonoros elevados. Outro efeito é a alteração temporária da audição, também conhecida como TTS (temporary threshold shift), um fenômeno que é inicialmente reversível, consiste na redução do limiar audiométrico logo após a exposição ao ruído, essa diminuição é temporária e pode ser acompanhada de zumbido; ela tende a voltar ao normal após, no máximo 14 horas depois do fim da exposição. E, por último, a Perda Auditiva Induzida por Ruído- PAIR, uma doença crônica, que pode ocasionar lesões nas células da cóclea, localizada na orelha interna, podendo acarretar perda auditiva de caráter irreversível e progressivo, caso o indivíduo permaneça exposto ao ruído por longos períodos.

MELLO e WAISMANN (2004); REGAZZI et al.(2005) apontaram que, entre várias outras causas, a deficiência auditiva pode ser conseqüência de exposições a ruídos e/ou agentes ototóxicos.

SARTORI (2005) afirma que nos dias de hoje não há razão técnica para que a perda auditiva seja o resultado do trabalho em ambiente ruidoso, tendo em vista que os Programas de Prevenção da Perda Auditiva são exigidos por lei.

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engenharia é, na maioria das vezes, um processo longo, de alto custo, e precisa de um planejamento eficiente para sua execução.

Cordeiro et al (2005) aponta que a literatura especializada não expostos.

Segundo GABAS (2007) o treinamento e a

motivação estimulam o interesse de todos e mantém a

importância da proteção viva na memória de todos,

mesmo com o passar do tempo. 1. Introdução

A audição tem importante função social. A privação auditiva causa danos no bem-estar e comportamento individual, social e psíquico, que influencia na qualidade de vida dos seres humanos. Pode também interferir na auto-estima, na motivação, na eficácia e no desenvolvimento do trabalho, assim como influencia no grau de interesse e dedicação pela atividade realizada (BRAMATTI, 2007).

A Organização Mundial de Saúde estimou que em 2005, havia 278 milhões de pessoas com perda auditiva de moderada a profunda (OMS, 2006). A existência da perda auditiva pode prejudicar aspectos do desenvolvimento do indivíduo (linguagem, desempenho escolar e as relações sociais), ou ocasionar dificuldades econômicas e até vocacionais (ORGANIZACIÓN PANAMERICANA de La SALUD, 1980,

BRAMATTI, 2007).

Uma perda auditiva representa um grande problema de saúde coletiva, o que exige a adoção de medidas para o reconhecimento, a avaliação, a prevenção e o controle da doença (MENDES, 2003).

O ruído é um risco físico bastante freqüente não só nos segmentos industriais, como também em nossos lares. Desde 2500 anos atrás, a humanidade conhece os efeitos prejudiciais do ruído à saúde, através de textos relatando a surdez dos trabalhadores que viviam próximo às cataratas do rio Nilo, no antigo Egito. O ruído é, na atualidade, um dos mais significativos agentes nocivos à saúde, em especial à audição, pois está presente nos ambientes urbanos e sociais, principalmente nos locais de trabalho e nas atividades de lazer (NULDEMANN et al.1997). Entre as diversas causas de poluição, os ruídos provenientes de veículos e de atividades laborais e de lazer têm contribuído para que a poluição sonora seja a terceira maior causa de poluição do mundo, perdendo apenas para a poluição do ar e da água (FIORINI, 1997).

Há um consenso de se considerar o ruídocomo um dos contaminantes mais comuns, encontrado facilmente tanto, no nosso dia a dia, como em grande parte dos processos industriais. Cada vez mais, uma gama de profissionais compartilha um interesse vital por este problema: técnicos, engenheiros, arquitetos, urbanistas, oficiais do governo, higienistas ocupacionais, médicos, fonoaudiólogos, entre outros. Estima-se que mais de 140 milhões de pessoas expostas a níveis perigosos de ruído ocupacional no mundo (RODRIGUES et al., 2006)

A PAIR (Perda Auditiva Induzida por Ruído), uma das doenças profissionais mais comuns nos países industrializados (NULDEMANN et al., 1997) também tem sido apontada como uma das de mais elevada ocorrência, tendo sido aceita, já em 1991, como uma conseqüência comum do trabalhador exposto a ruído no seu ambiente ocupacional (AXELSSON, 1991).

Assim, a exposição ao ruído durante o exercício da atividade laboral,

Referências

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