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Correlações entre as características obtidas in vivo por ultra-som e as obtidas na carcaça de cordeiros terminados em confinamento.

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Este artigo foi recebido em 13/8/2007 e aprovado em 25/2/2008.

Correspondências devem ser enviadas para felipeqcartaxo@yahoo.com.br.

ISSN impresso: 1516-3598 ISSN on-line: 1806-9290 www.sbz.org.br

Correlações entre as características obtidas

in vivo

por ultra-som e as

obtidas na carcaça de cordeiros terminados em confinamento

1

Felipe Queiroga Cartaxo2, Wandrick Hauss de Sousa3

1Projeto financiado pelo convênio FINEP/EMEPA-PB/FAPESQ. 2Programa de Doutorado Integrado em Zootecnia/UFPB - Areia-PB. 3EMEPA-PB.

RESUMO -Avaliou-se a relação entre as características in vivo obtidas por meio de ultra-som e as obtidas na carcaça de cordeiros terminados em confinamento. Foram utilizados 48 cordeiros não-castrados, deslanados mestiços Santa Inês com peso inicial de 20,0 kg e 103 dias de idade. As medidas obtidas in vivo por ultra-som foram determinadas utilizando-se o equipamento Aloka SSD500 com transdutor linear de 3,5 MHz. Antes do abate, com a utilização de ultra-som, foram mensuradas entre a 12a e a 13a costela a espessura de gordura subcutânea (EGSU), a área de olho-de-lombo (AOLU), o peso vivo (PVA) e a condição corporal (CC). Após o abate, estimaram-se o peso de carcaça quente (PCQ), o percentual de gordura interna (PGI), o rendimento de carcaça quente (RCQ), a espessura de gordura subcutânea (EGSC) e a área de olho-de-lombo (AOLC). Houve correlação significativa entre as características medidas in vivo e as obtidas na carcaça, exceto entre o PVA e a EGSC (0,22) e entre o PCQ e a EGSC (0,33). Verifcou-se alta correlação entre a área de olho-de-lombo obtida por ultra-som e a mesma medida determinada na carcaça. As medidas de EGSU e EGSC também apresentaram correlação significativa. A utilização do ultra-som foi um método eficaz para estimar a área de olho-de-lombo e espessura de gordura subcutânea in vivo em cordeiros.

Palavras-chave: área de olho-de-lombo, escore corporal, espessura de gordura, ovinos, porcentagem de gordura interna

Correlations between traits obtained by real time ultrasound and those

obtained in the carcass of feedlot finished lambs

ABSTRACT - The objective this study was to evaluate the correlation between traits obtained real time ultrasound and those obtained in the carcass of feedlot finished lambs. Forty eight no castrated, woolless crossbred Santa Inês lambs with initial 20.0 kg LW and 103 days old. The measures obtained by ultrasound in real time were determined using by Aloka 500SSD ultrasound machine, equipped with 3.5-MHz linear transducer. Before the slaughter, using the real time ultrasound, were measured between at 12th - 13th ribs of the lambs the subcutaneous fat thickness (USFT) and longissimus muscle area (ULMA), slaughter body weight (SBW) and the corporal condition (CC). After the slaughter were obtained the hot carcass weight (HCW), internal fat percentage (IFP), hot carcass dressing (HCD), carcass subcutaneous fat thickness (CSFT) and the longissimus muscle area (CLMA). There was correlation between traits measured by real time ultrasound and those obtained in the carcass, except for SBW vs CSFT (0.22) and HCW vs CSFT (0.33). Highly correlation was observed between longissimus muscle area obtained by real time ultrasound and the same measure determined in the carcass. The measures of USFT and CSFT showed also significant correlation. The use of the ultrasound was an efficient method to estimate, in real time, the loin eye area and fat thickness of the lambs.

Key Words: body score, fat thickness, loin eye area, percentage of internal fat, sheep

Introdução

A pecuária de corte mundial tem procurado melhorar os seus índices zootécnicos visando maior rentabilidade para o setor, seja pela melhoria genética dos rebanhos, pastagens melhoradas, formulação de dietas adequadas seja pela utilização de novas tecnologias como, por exemplo, a avaliação da carcaça in vivo por ultra-som.

De acordo com Houghton & Turlington (1992), a ava-liação de carcaça in vivo por ultra-som tem sido testada desde o começo de 1950 e utilizada em programas de terminação em bovinos para predição dos dias de confinamento, estimando a composição corporal e o ponto ótimo de acabamento.

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não é recente no Brasil, sendo que os primeiros estudos com bovinos de corte foram divulgados na década de 90. As mensurações obtidas por ultra-som não são invasivas, apresentam boa acurácia e freqüentemente são realizadas quando os animais começam a ganhar peso (Greiner et al., 2001). Já Williams et al. (1996) afirmaram que a utilização do ultra-som in vivo é uma ferramenta efetiva para medir a área do músculo Longissimus dorsi, a gordura subcutânea e outros tecidos.

Greiner et al. (2003), avaliando características da carcaça in vivo de novilhos por ultra-som e pós-abate, encontraram coeficientes de correlação entre a área de olho-de-lombo e a espessura de gordura subcutânea in vivo e as mesmas medidas na carcaça: 0,89 e 0,86, respectiva-mente. Da mesma forma, Silva et al. (2004) obtiveram em novilhos correlações de 0,94 e 0,84 para as mesmas variá-veis.

Alguns pesquisadores verificaram a precisão da utili-zação do ultra-som em pequenos ruminantes e encontraram altas correlações entre a área de olho-de-lombo e a espes-sura de gordura subcutânea in vivo com as respectivas medidas na carcaça (Fernández et al., 1997; Fernández et al., 1998; Junkuszew & Ringdorfer, 2005).

Valores próximos para essas avaliações, foram reporta-dos por Notter et al. (2004), que, em pesquisa com cordeiros mestiços Dorper abatidos aos 45,7 kg, encontraram área de olho-de-lombo por ultra-som de 14,3 cm2 e na carcaça de 14,1 cm2 e para espessura de gordura de cobertura por ultra-som de 5,72 mm e na carcaça de 6,36 mm. Leaflet et al. (2005) concluíram que as mensurações obtidas por ultra-som em ovinos com técnicos experientes, podem avaliar com acurácia as características de carcaça como espessura de gordura subcutânea e a área de olho-de-lombo mensuradas entre a 12a e 13a costelas.

Este trabalho foi realizado com o objetivo de estimar as correlações entre medidas obtidas in vivo por ultra-som e na carcaça, bem como de outras características de interesse econômico de cordeiros terminados em confinamento.

Material e Métodos

O experimento foi conduzido na Estação Experimental Pendência, base física da Empresa Estadual de Pesquisa Agropecuária da Paraíba (EMEPA-PB), localizada no muni-cípio de Soledade, Paraíba.

Foram utilizados 48 cordeiros não-castrados mestiços Santa Inês com peso inicial de 20,0 kg e 103 dias de idade. Na fase de cria, os cordeiros foram mantidos em regime semi-extensivo. Antes do alojamento nas baias, foram feitas vacinações contra clostridioses, vermifugação oral

com cloridrato de levamisol a 7,5% e, depois de 15 dias, repetição com vermífugo injetável com ivermectina a 1%. Os animais foram distribuídos em baias individuais medindo 0,80 × 1,20 m com acesso livre aos comedouros e bebedouros, onde permaneceram em regime de confinamento até atingirem o escore corporal preconizado para o abate. O período de adaptação foi de 14 dias e as pesagens dos cordeiros foram realizadas a cada 14 dias.

Utilizou-se dieta única, com relação volumoso:concen-trado de 30:70, apresentando 16,0% de proteína bruta, 3,60% de extrato etéreo, 28,0% de fibra em detergente neutro, 4,18% de matéria mineral e 2,70 Mcal de EM/ kg de MS. A dieta foi fornecida diariamente em duas refeições, às 7h30 e 15h30, estabelecendo-se um consumo de 5% do peso vivo de matéria seca, reajustado e pesado diariamente em relação às sobras de 10%.

A avaliação do escore corporal foi feita por três exami-nadores, que classificaram os cordeiros em três condições corporais: magra (escore corporal 1,0 a 2,0), intermediária (escore corporal 2,5 a 3,5) e gorda (escore corporal 4,0 a 5,0) com adaptação à metodologia descrita por Osório & Osório (2003). Para a atribuição dos escores, foram feitas avalia-ções semanais com exame visual e palpação das apófises espinhosas e transversas dos cordeiros.

Os critérios para realização dos abates foram de acordo com as condições corporais. O primeiro abate foi realizado com os cordeiros na condição corporal magra, o segundo na condição corporal intermediária e o terceiro na condição corporal gorda, com 16 animais por abate.

Antes do abate, além da condição corporal (CC), foi determinado o peso vivo ao abate (PVA), as mensurações da área de olho-de-lombo por ultra-som (AOLU) e a espes-sura de gordura subcutânea por ultra-som (EGSU).

Para mensurar a área de olho-de-lombo e a espessura de gordura subcutânea in vivo, foi utilizado o equipamento de ultra-som ALOKA SSD 500, com transdutor linear de 3,5 MHz. Antes da captação das imagens por ultra-som, procedeu-se à limpeza da região entre a 12a e 13a vértebras torácicas do lado esquerdo do animal. Em seguida, colocou-se óleo vegetal a 37ºC no dorso do cordeiro para proporcionar melhor condutividade e melhorar a qualidade das imagens e o acoplamento do transdutor ao corpo do animal. O transdutor equipado com guia acústica ficou disposto de maneira perpendicular ao comprimento do músculo Longissimus lumborum, entre a 12a e 13a vértebras torácicas, onde foi tomada da imagem in vivo por ultra-som.

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subcu-tânea em milímetros, mensurada ¾ de distância a partir do lado medial do músculo Longissimus lumborum, para o seu lado lateral da linha dorso-lombar.

Após o abate, obteve-se o peso de carcaça quente (PCQ) e determinou-se o rendimento de carcaça quente (RCQ) pela razão, RCQ = (PCQ/PVA) x 100. Em seguida, as carcaças foram transportadas para uma câmara frigorífica a 4oC, onde permaneceram por 24 horas. O percentual de gordura interna (PGI) foi obtido pelo somatório das gorduras renal, inguinal e pélvica em relação ao peso da carcaça fria. A carcaça foi seccionada em meia-carcaça direita e esquerda com o auxílio de serra elétrica. Utilizou-se a meia carcaça esquerda para as medições da área de olho-de-lombo da carcaça (AOLC) e da espessura de gordura sub-cutânea da carcaça (EGSC).

A determinação da área de olho-de-lombo (AOL) foi realizada a partir de um corte transversal entre a 12a e 13a vértebra torácica, efetuando-se em transparência plástica o desenho da área, em correspondência com a porção cranial do lombo, estabelecendo-se as seguintes medidas: Distância máxima e profundidade máxima, medidas com auxílio de régua e calculada a partir da seguinte fórmula: AOL = (A/2*B/2) p, em que: A = largura e B = profundidade. A espessura de gordura subcutânea na carcaça foi medida com auxílio de paquímetro ¾ de distância a partir do lado

medial do músculo Longissimus lumborum, para o lado da apófise espinhosa.

Foram estimadas correlações de Pearson para determinar a associação entre as características mensuradas in vivo por ultra-som e na carcaça. As análises estatísticas foram realizadas utilizando-se o procedimento PROC CORR do programa SAS (2001) e de regressão simples.

Resultados e Discussão

Os desvios-padrão de algumas médias podem ser con-siderados elevados (Tabela 1), pois, como os abates foram realizados de acordo com a condição corporal dos cordeiros, houve uma diferença maior entre as condições corporais mais extremas (magra e gorda).

O PVA foi altamente correlacionado a todas as mensurações in vivo e as realizadas na carcaça, exceto com a EGSC (Tabela 2). A explicação para as correlações entre o PVA e EGSC e entre o PCQ e EGSC não terem sido significativas, enquanto o PVA e PCQ foram correlacionados significativamente com EGSU pode ser fato de a EGSU ter apresentado valor superestimado em relação à EGSC.

Esse resultado comprova que, com o aumento do peso vivo ao abate e do peso de carcaça quente, a quantidade de tecidos aumentou, refletindo em correlação significativa e

Tabela 1 - Medidas obtidas in vivo e na carcaça de cordeiros

Característica N Média Desvio-padrão Máximo Mínimo

Peso vivo final, kg 4 8 25,88 6,77 37,5 12,0

Peso carcaça quente, kg 4 8 12,26 3,84 20,30 4,50

Condição corporal 4 8 1,93 0,78 3 , 0 1,00

Percentual de gordura interna, % 4 8 1,57 1,13 4,51 0,30

Rendimento de carcaça quente, % 4 8 46,67 3,84 54,13 37,50

Espessura gordura ultra-som, mm 4 8 1,50 0,59 3,00 1,00

Espessura gordura carcaça, mm 4 8 1,38 0,57 2,50 1,00

Área de olho-de-lombo ultra-som, cm2 4 8 7,02 2,49 11,17 2,79

Área olho-de-lombo carcaça, cm2 4 8 9,21 2,11 13,25 3,75

Tabela 2 - Coeficientes de correlação de Pearson entre as mensurações in vivo por ultra-som e na carcaça

Característica PVA PCQ CC PGI RCQ EGSU EGSC AOLU AOLC

PVA, kg 1,00 0,98*** 0,82*** 0,80*** 0,70*** 0,53*** 0,22 0,89** 0,84**

PCQ, kg 1,00 0,84*** 0,81*** 0,81*** 0,58*** 0,33 0,87** 0,86**

CC 1,00 0,83*** 0,68*** 0,73*** 0,47** 0,83*** 0,65***

PGI, % 1,00 0,60*** 0,57*** 0,38* 0,79*** 0,55**

RCQ, % 1,00 0,55*** 0,44** 0,60*** 0,77***

EGSU, mm 1,00 0,45** 0,62*** 0,51**

EGSC, mm 1,00 0,21 0,15

AOLU, cm2 1,00 0,75***

AOLC, cm2 1,00

**** (P<0,001) ** (P<0,01) * (P<0,05).

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positiva com a condição corporal, o rendimento de carcaça, a área de olho-de-lombo, que é um indicativo de tecido muscular na carcaça, e principalmente o percentual de gordura interna. Sabe-se que ovinos deslanados possuem uma peculiaridade no acúmulo de gordura interna, neste sentido, Burke & Apple (2007) afirmaram que há um consenso dos trabalhos disponíveis de que ovinos deslanados tendem a depositar maiores quantidades de gordura interna que ovinos lanados.

Da mesma forma, Silva et al. (2003), ao correlacionarem o PVA e o PCQ em novilhos Nelore, reportaram resultado semelhante (0,94). Entretanto, ao correlacionarem os mesmos pesos com as gorduras renal, pévica e inguinal, esses autores obtiveram o mesmo coeficiente de 0,22, provavel-mente em razão da diferença entre as espécies.

As correlações entre o PVA e PCQ com a AOLU e na carcaça foram altamente significativas (P<0,001). Do mesmo modo, Hamlin et al. (1995), trabalhando com novilhos cas-trados verificaram correlações significativas entre o PVA em relação à AOLU e à AOLC. Stanford et al. (1995), avaliando cabritos alpinos, encontraram correlação seme-lhante, de 0,87, entre o PVA e a AOLC. Para a relação entre o PCQ e a AOLC, Carr et al. (2002), no entanto, verificaram correlação de 0,75 ao avaliarem caprinos mestiços de Boer abatidos com 167 dias.

O peso de carcaça quente foi altamente correlacionado à CC, PGI, RCQ e EGSU, mas não se correlacionou (P>0,05) com a EGSC (0,33), o que pode ser explicado pelo fato de o tecido adiposo ser o último tecido de crescimento na carcaça. Inicialmente, com o incremento do peso vivo e do peso de carcaça quente, ocorre o desenvolvimento do tecido mus-cular para posteriormente ocorrer o crescimento do tecido adiposo.

Houve correlação significativa (P<0,001) da CC em relação ao PGI, RCQ, EGSU, AOLU e AOLC. Contudo, correlacionado a CC e a EGSC, a significância foi menor (P<0,01), com coeficiente de 0,47. Frutos et al. (1995), em experimento com ovelhas adultas, observaram efeito signi-ficativo (P<0,01) da condição corporal sobre a quantidade de gordura interna. Resultados similares foram reportados por Delfa et al. (1991) em estudo com ovelhas adultas da raça Aragonesa. Esses autores relataram correlação significativa (P<0,01) entre a condição corporal e a gordura subcutânea na carcaça.

O percentual de gordura inguinal se correlacionou (P<0,001) com RCQ, EGSU e AOLU, porém, a correlação foi menor (P<0,01) com AOLC. A correlação foi menor (P<0,05) entre o PGI e o EGSC (0,38). Diferentemente dos resultados obtidos por Hamlin et al. (1995), que, avaliando bovinos,

não observaram correlação significativa (P>0,05) entre o PGI em relação à EGSU e EGSC. Stanford et al. (1995) também não verificaram correlação significativa entre PGI e AOLU em caprinos.

O rendimento de carcaça quente foi correlacionado (P<0,001) com EGSU, AOLU e AOLC e com (P<0,01) EGSC. Resultados contrários foram relatados por Silva et al. (2003), que obtiveram correlação negativa entre o rendimento de carcaça e as EGSU e EGSC em bovinos.

A correlação entre AOLC e a EGSC não foi (P>0,05) significativa, comprovando que o desenvolvimento dos tecidos muscular e adiposo em ovinos não é simultâneo.

As medidas obtidas in vivo por ultra-som e mensura-das na carcaça dos cordeiros apresentaram correlações significativas. A EGSU foi correlacionada (P<0,01) com a mesma medida na carcaça. Estas medidas apresentaram também crescimento linear crescente (Figura 1) à medida que houve aumento na condição corporal dos cordeiros.

São escassos os trabalhos com relatos de correlação significativa em pequenos ruminantes para EGSU e na carcaça. Como a maioria das pesquisas é feita com animais muito jovens, que apresentam pequena espessura de gor-dura subcutânea no momento do abate, dificuldades na mensuração das imagens são previsíveis. Neste sentido, Carr et al. (2002), avaliando cabritos mestiços Boer abati-dos com 167 dias de idade, encontraram correlação nega-tiva (-0,09) para ESGU e a mesma medida na carcaça. Estes pesquisadores atribuíram esta correlação negativa à pequena quantidade de gordura destes cabritos, que é de difícil mensuração por ultra-som.

Entretanto, Delfa et al. (1991) relataram correlação sig-nificativa (P<0,01) entre a gordura de cobertura por meio de ultra-som e na carcaça em ovelhas adultas da raça Aragonesa.

Figura 1 - Espessura de gordura subcutânea medida na carcaça (EGSC) em relação à estimada por ultra-som (EGSU). y = 0,6068x + 0,3587

R2 = 0,9879

0 0,5 1 1,5 2

0 0,5 1 1,5 2 2,5

EGSU, mm

EG

SC

, m

m

Condição corporal magra

Condição corporal intermediária

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Estes autores obtiveram correlação maior de 0,73, que pode ser explicada pela idade mais avançada das fêmeas (3 anos) na ocasião do abate. Fernández et al. (1997), avaliando cordeiros Manchego, Merino e Ile de France × Merino, obtiveram correlação menor (P<0,05).

Correlações significativas entre EGSU e EGSC são mais freqüentes em bovinos, possivelmente pela profundidade da espessura de gordura subcutânea presentes nestes animais. Vários autores obtiveram correlações altas e sig-nificativas (Griffin et al., 1999; Greiner et al., 2003; Silva et al., 2004; Tauroco et al., 2005).

A AOLU e AOLC foram altamente correlacionadas (P<0,001), portanto, diante deste resultado, observou-se que o ultra-som é uma ferramenta acurada e precisa para predizer a área de olho-de-lombo, que é um dos indicativos da proporção de músculo na carcaça. Essas medidas também apresentaram crescimento linear crescente (Figura 2) com o aumento da condição corporal.

Prado et al. (2004) concluíram que a avaliação da área de olho-de-lombo obtida por ultra-som proporcionou alto grau de confiança (80%) em comparação à avaliação na carcaça de bovinos de corte, mostrando ser um método viável para predição desta característica no animal vivo. O resultado obtido neste trabalho corrobora os encontrados por Junkuszew & Ringdorfer (2005), que, em pesquisa com cordeiros Merino, Suffolk e Texel, observaram correlação significativa (P<0,01) para áreas de olho-de-lombo obtidas por ultra-som e na carcaça.

Conclusões

Todas as características mensuradas in vivo e na carcaça apresentaram correlações altas e positivas, exceto a espessura de gordura subcutânea na carcaça. O uso do

ultra-som foi um método eficaz para estimar a espessura de gordura subcutânea e a área de olho-de-lombo nos animais vivos, pois as correlações entre as medidas obtidas por esse método e as medidas diretamente na carcaça foram altas e significativas. Houve comportamento linear cres-cente da espessura de gordura subcutânea e da área de olho-de-lombo obtida por ultra-som e as respectivas medidas na carcaça com o aumento da condição corporal em cordeiros.

Literatura Citada

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Figura 2 - Área de olho-de-lombo medida na carcaça (AOLC) em relação à estimada por ultra-som (AOLU).

y = 0,647x + 4,7501

R2 = 0,9974

0 2 4 6 8 10 12

0 2 4 6 8 10 12

AOLU (cm2)

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