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Estudos visando a síntese total da Isodolastatina H

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Academic year: 2017

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(1)

ALEXANDRE SARDELLI GUAREZEMINI

ESTUDOS VISANDO A SÍNTESE TOTAL DA

ISODOLASTATINA H

Dissertação apresentada à Universidade Federal de São Paulo para obtenção do título de Mestre em Ciências.

(2)

ALEXANDRE SARDELLI GUAREZEMINI

ESTUDOS VISANDO A SÍNTESE TOTAL DA

ISODOLASTATINA H

Dissertação apresentada à Universidade Federal de São Paulo para obtenção do título de Mestre em Ciências.

Orientador: Hélio Alexandre Stefani

(3)

Guarezemini, Alexandre Sardelli

Estudos visando a síntese total da Isodolastatina H

Alexandre Sardelli Guarezemini. - São Paulo, 2008. x, 97f.

Tese (Mestrado) - Universidade Federal de São Paulo. Escola Paulista de Medicina. Programa de Pós-graduação em Biologia Molecular.

Título em inglês: Study towards to total synthesis of Isodolastatin H.

1. Isodolastatina 2. Síntese orgânica. 3. β-hidróxi-γ-aminoácidos. 4. Organotrifluoroboratos

(4)

 

 

Agradecimentos ... ii 

Lista de Abreviaturas ... v 

Resumo ... ix 

Abstract ... x 

  CAPÍTULO I  1. Introdução ... 02 

  CAPÍTULO II  2. Dolastatina 10: Sínteses Totais ... 07 

2.1. Síntese de Pettit e colaboradores ... 08 

2.2. Síntese de Koga e colaboradores ... 12 

2.3. Síntese de Shiori‐Hamada e colaboradores ... 14 

2.4. Objetivos ... 16 

  CAPÍTULO III  3. Retrossíntese da Isodolastatina H ... 19 

3.1. Retrossíntese do Fragmento 1 ... 19 

3.2. Retrossíntese do Fragmento 2 ... 21 

 

(5)

4. Discussão dos Resultados ... 24 

4.1. Fragmento 1 ... 24 

4.1.1. (L)‐3‐Fenil‐1,2‐propanodiol (Ppd) (45) ... 24 

4.1.2. Síntese do N‐Boc‐(2R,3R,4S)‐dolaproína (Dap‐19) ... 27 

4.1.3. Junção PPD + DAP = Fragmento 1 (44) ... 34 

4.2. Fragmento 2 ... 35 

4.2.1. Ácido (3R,4S,5S)‐3‐metóxi‐5‐metil‐4‐(metilamino)heptanóico ...   (53) ... 35 

4.3. Planos futuros ... 40 

4.3.1. Dipeptídeo L‐isoleucina + LN,N’‐dimetil‐(L)‐valina (52) ... 40 

4.3.2. Acoplamento do dipeptídeo Dov‐Ile + Dil = Fragmento 2 (43) ... 42 

4.4. Acoplamento dos Fragmentos 1 e 2: Isodolastatina H (5) ... 43 

  CAPÍTULO V  5. Conclusão e Perspectivas Futuras ... 45 

  CAPÍTULO VI  6. Procedimentos Experimentais ... 47 

6.1. Ácido (S)‐2‐hidróxi‐3‐fenilpropanóico (45)... 48 

6.2. (S)‐3‐Fenilpropano‐1,2‐diol (48) ... 48 

6.3. (S)‐1‐(tert‐Butildifenilsilil)‐3‐fenilpropan‐2‐ol (57) ... 49 

6.4. Ácido (S)‐1‐(tert‐butoxicarbonil)‐2‐pirrolidínico (59) ... 50 

6.5. Carbamato de (S)‐tert‐butil 2‐(hidroximetil)‐1‐pirrolidina (60) ... 50 

(6)

(68a) ... 52 

6.9. (1R,7aS)‐1‐[(S)‐but‐3‐em‐2‐il]‐tetrahidropirrolo[1,2‐c]oxazol‐3(1H)‐ona (71) ... 53 

6.10.  Carbamato  de  (S)‐tert‐butil  2‐[(1R,2S)‐1‐metóxi‐2‐metilbut‐3‐enil]‐1‐ pirrolidina (67) ... 54 

6.11.  Ácido  (2R,3R)‐3‐[(S)‐1‐(tert‐butoxicarbonil)pirrolidin‐2‐il]‐3‐metóxi‐2‐ metilpropanóico (54) ... 54 

6.12.  Carbamato  de  (S)‐tert‐butil  2‐[(1R,2R)‐3‐((S)‐1‐(tert‐butildifenilsilil)‐3‐ fenilpropan‐2‐iloxi)‐1‐metóxi‐2‐metil‐3‐oxopropil]‐1‐pirrolidina (44) ... 55 

6.13. (2S,3S)‐2‐Amino‐3‐metilpentan‐1‐ol (70) ... 56 

6.14. Carbamato de tert‐butil (2S,3S)‐1‐hidroxi‐3‐metilpentan‐2‐ila (72) ... 56 

6.15. Carbamato de tert‐butil (2S,3S)‐3‐metil‐1‐oxopentan‐2‐ila (73) ... 57 

6.16. Aliltrifluoroborato de potássio (56) ... 57 

6.17. Carbamato de tert‐butil (4S,5S)‐3‐hidroxi‐5‐metilhept‐1‐en‐4‐ila (76) ... 58 

6.18. (4S,5R)‐5‐alil‐4‐[(R)‐sec‐butil]oxazolidin‐2‐ona (77) ... 59 

6.19. Metil carbamato de tert‐butil (3S,4S,5S)‐3‐metóxi‐5‐metilhept‐1‐en‐4‐ila (78) . 59  6.20. Ácido (3S,4S,5S)‐4‐[tert‐butoxicarbonil(metil)amino]‐3‐metóxi‐5‐metilhepta‐ nóico (53) ... 60 

6.21. Ácido (S)‐2‐(dimetilamino)‐3‐metilbutanóico (10) ... 61 

6.22. (2R,3R)‐Metil 2‐amino‐3‐metilpentanoato (11) ... 61 

  CAPÍTULO VII  7. Referências Bibliográficas ... 64 

 

(7)

Espectros Selecionados ... 70 

Trabalhos Publicados ... 85 

Súmula Curricular ... 90 

(8)

DEPARTAMENTO DE BIOQUÍMICA

(9)

“A minha esposa Edna por todo amor, carinho e compreensão”.

“A meus filhos Filipe, Augusto, André e Ana Elisa”.

(10)

Ao Prof. Hélio A. Stefani, pela orientação e dedicação prestada, pela paciência e confiança e, principalmente, pela grande amizade.

Ao Prof. João V. Comasseto, pelo apoio e liberação para o desenvolvimento deste trabalho.

Ao Prof. Nicola Petragnani, pela convivência agradável durante todos estes anos.

Aos professores do Curso de Pós-graduação em Biologia Molecular pelos conhecimentos transmitidos.

Ao Departamento de Biologia Molecular, em especial à Patrícia por toda ajuda.

Aos meus colegas de laboratório pela parceria e principalmente pela amizade.

Aos amigos do laboratório do Prof. Comasseto pela amizade e companheirismo durante a realização desse trabalho.

Ao amigo Rodrigo pela ajuda durante a realização deste trabalho.

(11)

“O poeta e o músico tiveram o seu nome escrito na História, mas ninguém recorda quem foram os seus mestres.

No entanto, há uma beleza imensa nesse passar despercebido, nesse ter rasgado as mãos ao trabalhar nos escuros

alicerces de um mundo melhor. Uma beleza que só é apreciada pelas grandes sensibilidades, como são as

daquelas pessoas que se dedicaram de corpo e alma à educação”.

(12)

 

BF3 . Et2O  trifluorborano eterato 

Bn  benzil 

BOP  hexafluorofosfato de benzotriazol‐(N‐oxitrisdimetilamino)‐fosfônio 

Bop‐Cl  cloreto de bis‐(2‐oxo‐3‐oxazolidinila)‐fosfínico  (Boc)2O  dicarbonato de di‐tert‐butila 

B(OMe)3  trimetil borato 

B(OiPr)3  triisopropil borato 

n‐Bu  n‐butila  t‐Bu  tert‐butila 

n‐Bu4NI  iodeto de tetrabutilamônio  n‐BuLi  n‐butil lítio 

t

BuOK  tert‐butóxido de potássio 

Bu2BOTf  dibutil‐(trifluorometilsulfoniloxi)‐borana 

CCl4  tetracloreto de carbono 

CG‐MS  cromatografia gasosa acoplado a espectrometria de massas  CH2Cl2  diclorometano 

CH3CN  acetonitrila 

CH3I  iodeto de metila 

CH2N2  cianamida 

CH2O  formaldeído 

CDI  N,N‐carbonildiimidazol  CSA  ácido 10‐canforsulfônico 

d  dupleto 

DCC  diciclohexilcarbodiimida 

dd  duplo dupleto 

(13)

DMAP  4‐(dimetilamino)piridina 

DMSO  dimetilsulfóxido 

DME  etilenoglicol dimetil éter 

DMF  N,N‐dimetilformamida 

dt  duplo tripleto 

EDCI  hidrocloreto de N‐(3‐dimetilaminopropil)‐N’‐etilcarbodiimida 

Et  etila 

Et2O  dietil éter 

EtOH  álcool etílico  Et3N  trietilamina 

g  gramas 

HCl  ácido clorídrico 

HF  ácido flurídrico 

HMPA  hexametilfosforamida 

HRESIMS  espectromeria de massa com ionização por elétron‐spray de alta  resolução 

H2SO4  ácido sulfúrico 

Hz  hertz 

IV  infravermelho 

J  constante de acoplamento (Hz)  K2CO3  carbonato de potássio 

KHF2  hidrogenodifluoreto de potássio 

LiAlH4  hidreto de lítio e alumínio 

LiOH  hidróxido de lítio  LHMDS  lítio hexametildisilazida 

LRMS  low resolution mass spectrometry (espectrometria de massa de baixa  resolução) 

m  multipleto 

Me  metila 

(14)

MgBr2  brometo de magnésio 

mL  miligrama 

MnO2  dióxido de manganês 

m/z (int.rel.)  relação massa carga (intensidade relativa)  NaBH4  borohidreto de sódio 

NaH  hidreto de sódio  NaIO4  periodato de sódio 

NH4OH  hidróxido de amônio 

NaNO3  nitrito de sódio 

NMM  N‐metilmorfolina 

Pd  paládio 

Pd/C  paládio / carbono  p.f.  ponto de fusão 

Ph  fenila 

Ph3P  trifenilfosfina 

ppm  partes por milhão 

RMN 1H  ressonância magnética nuclear de hidrogênio 

RMN13C  ressonância magnética nuclear de carbono treze  RuO2  dióxido de rutênio 

s  aingleto 

sex  sexteto 

SiO2  dióxido de silício 

SOCl2  cloreto de tionila 

t  tripleto 

t.a.  temperatura ambiente 

TBDPS  tert‐butildifenilsilano 

TBHP  hidroperóxido de tert‐butila  TFA  ácido trifluoroacético 

THF  tetraidrofurano 

(15)

δ  deslocamento químico 

o

(16)

Resumo 

 

Título: Estudos Visando a Síntese Total da Isodolastatina H 

Autor: Alexandre Sardelli Guarezemini 

Orientador: Prof. Dr. Hélio Alexandre Stefani 

 

Palavras‐Chave:  Isodolastatina  H,  síntese  orgânica,  β‐hidróxi‐γ‐aminoácidos,  organotrifluoroboratos 

 

Nesta dissertação, são descritos os estudos visando a síntese total da isodolastatina H, um  éster peptídico natural da família das dolastatinas com grande atividade citotóxica. 

 

N

H N O

N O

Me OMe N

O OMe O O Me

Me

Dov Ile Dil Dap Ppd

OH

 

Isodolastatina H 

 

O diferencial nesta síntese sobre as outras, foi a construção das unidades γ‐aminoácidos  Dil e Dap, que foram obtidas via reação de adição de sais de crotil e aliltrifluoroboratos a 

L‐prolinal e L‐valinal, respectivamente. Os fragmentos foram posteriormente unidos por 

(17)

Abstract 

 

Title: Study Towards to Total Synthesis of Isodolastatin H 

Author: Alexandre Sardelli Guarezemini 

Advisor: Prof. Dr. Hélio Alexandre Stefani 

 

Key  Words:  Isodolastatin  H,  organic  synthesis,  β‐hydroxy‐γ‐aminoacids,  organotrifluoroborates 

 

This dissertation, are described the study towards to total synthesis of isodolastatin H, a  natural peptide ester of dolastatin family with great citotoxicity activity. 

 

N

H N

O

N O

Me OMe N

O OMe O

O Me

Me

Dov Ile Dil Dap Ppd

OH

 

Isodolastatin H 

 

(18)

 

 

 

(19)

1. Introdução 

As dolastatinas são uma classe de peptídeos, de grande atividade citotóxica,  que derivam originalmente de um molusco encontrado no Oceano Indíco, o molusco 

Dolabella auricularia.1 De vários compostos desta classe, a dolastina 10 (1) e a dolastatina 

15 (2) (Figura 1), têm recebido maior interesse clínico. A dolastatina 10 se encontra em  fase II de experimento clínico nos Estados Unidos, após demonstrar significante atividade  antitumoral em modelos pré‐clínicos.2 

  N O H N O N OMe N O OMeO H N N S

Dolastatina 10 (1)

N O H N O N O N N O O O N O O O Dolastatina 15 (2)

 

Figura 1. Dolastatina 10 (1) e dolastatina 15 (2)

 

O baixo rendimento dos metabólitos extraídos a partir da D. auricularia,  sendo alguns destes as dolastatinas, sugerem que na realidade este molusco não é o  responsável  pela  síntese  destes  compostos.  Além  disto,  evidenciou‐se  que  muitos  metabólitos originalmente isolados a partir de moluscos são provenientes de sua dieta. A  dolastatina 12 (3) e alguns análogos da lingbiastatina 1 (4) (Figura 2) foram isolados a  partir de coleções de cianobactérias Lyngbya majuscula e Schizothrix calcicola.3 Alguns 

       

1 (a) Pettit, G. R.; Kamano, Y.; Herald, C. L.; Fujii, Y.; Kizu, H.; Boyd, M. R.; Boettner, F. E.;

Doubek, D. L.; Schimdt, J. M.; Chapuis, J.-C; Michel, C. Tetrahedron1993, 49, 9151. (b) Pettit, G.

R. J. Nat. Prod. 1996, 59, 812. (c) Pettit, G. R. In Progress in the Chemistry of Organic Natural Products; Herz, W.; Kirby, G. W.; Moore, R. E.; Steglich, W.; Tamm, C., Eds.; Springer-Verlag:

Viena, New York, 1997: Vol. 70, pp1-79.

2 Pocet, J.

Curr. Pharm. Des.1999, 5, 139.

3 Harrigan, G. G.; Yoshida, W. Y.; Moore, R. E.; Nagle, D. G.; Park, P. U.; Biggs, J.; Paul, V. J.;

(20)

grupos de pesquisa4  demonstraram que alguns  metabólitos (algumas  dolastatinas  e  outros compostos) obtidos a partir da D. auricularia são de origem cianobacteriana. 

 

 

Figura 2. Dolastatina 12 (3) e lingbiastatina 1 (4)

 

Nestes  trabalhos,  estes  metabólitos  foram  isolados  principalmente  da 

Symploca hydnoides (Oscillatoriaceae), uma cianobactéria marinha de larga distribuição,  incluindo os Oceanos Índico,5 Pacífico,6 Atlântico,7 e o Mar do Caribe,8 que foi a principal  fonte dos metabólitos isolados (Figura 3). Cianobactérias são fontes especialmente ricas  de  compostos  bioativos.  Estes  compostos  possuem  grande  atividades  antifúngicas,  antibacteriais, antitumorais e compostos com efeitos inibitórios de proteases. Relatos  recentes de seus constituintes químicos incluem análogos das dolastatinas 10,2 a 13.8 

       

4 (a) Harrigan, G. G.; Luesch, H.; Yoshida, W. Y.; Moore, R. E.; Nagle, D. G.; Paul, V. J.

J. Nat. Prod.1999, 62, 655. (b) Luesch, H.; Yoshida, W. Y.; Moore, R. E.; Paul, V. J. J. Nat. Prod.1999, 62, 1702. (c) Mitchell, S. S.; Faulkner, D. J.; Rubins, K.; Bushman, F.D. J. Nat. Prod. 2000, 63,

279. (d) Luesch, H.; Yoshida, W. Y.; Moore, R. E.; Paul, V. J.; Mooberry, S. L. J. Nat. Prod.2000,

63, 611.

5 Desikachary, T. V. Cyanophyta; Indian Council of Agricultural Research: New Delhi, 1959; p.335. 6 (a) Harrigan, G. G.; Luesch, H.; Yoshida, W. Y.; Moore, R. E.; Nagle, D. G.; Paul, V. J.; Mooberry,

S. L.; Corbett, T. H.; Valeriote, F. A. J. Nat. Prod. 1998, 61, 1075. (b) Martinez, M. R. A Cheklist of Blue-green Algae of the Philippines, University of the Philippines los Baños: Laguna, 1984; p 85.

(c) Sammarco, P. W. Mar. Ecol. (Prog. Ser.) 1983, 13, 1. (d) Kashiwagi, M.; Mynderse, J. S.;

Moore, R. E.; Norton, T. R. J. Pharm. Sci. 1980, 69, 735.

7 Donze, M.

Blumea1968, 16, 159.

8 Robles-Centeno, P. O.; Ballantine, D. L.; Gerwick, W. H.

(21)

 

Figura 3. Symploca hydnoides  

A isodolastatina H9 (5), (Figura 4), é um éster peptídico altamente citotóxico,  foi isolada com rendimento de 9 x 10‐7 % em peso, de uma amostra de Dolabella  auricularia, um molusco marinho japonês, mostrando valores de IC50 de 0,3‐0,7 nM (0,2‐

0,5 ng/mL) contra linhagens de células P388 (leucemia). 

 

(S)

N

H N

O

(R) (R)

N O

(S)

Me

(R) (S)

OMe N

O

(S) (R)

OMe

(R)

O O (S) Me

Me

Dov Ile Dil Dap Ppd

OH

 

Figura 4. Isodolastatina H (5)

 

A  estrutura  da  isodolastatina  H  (5)  foi  elucidada  através  de  análises  espectroscópicas, incluindo RMN e HRESIMS. Foi determinado que a isodolastatina H (5)  tem  forma  molecular  C41H70N4O8  (m/z  747.5272)  e  é  constituída  pelos  seguintes 

fragmentos: 3‐fenil‐1,2‐propanodiol (Ppd), dolaproína (Dap), ácido 3‐metóxi‐5‐metil‐4‐ (metil‐amino)heptanóico (Dil), isoleucina (Ile) e N,N‐dimetilvalina (Dov). Os resíduos Ile e 

       

9 Horgen, F. D.; Kazmierski, E. B.; Westenburg, H. E.; Yoshida, W. Y.; Scheuer, P. J.

J. Nat. Prod.

(22)

Dov,  são  originários  de  α‐aminoácidos  e  os  resíduos  Dap  e  Dil,  originários  de  γ‐ aminoácidos. 

Como pôde ser visto anteriormente, as dolastatinas têm em sua estrutura  alguns  fragmentos  bastante  similares,  sendo  que  a  diferença  em  algumas  delas  é  exatamente a troca por outro aminoácido, logo, a síntese dos fragmentos na preparação  dos di‐, tri‐ e tetrapedptídeos é realizada da mesma forma. O grande diferencial das  sínteses  das  dolastatinas  é  exatamente a  unidade  β‐hidróxi‐γ‐aminoácido.  Devido  à  grande importância destes fragmentos e a dificuldade na construção de seus centros  quirais, faz com que exista um grande esforço na busca pela síntese dessas unidades. 

(23)

 

 

 

(24)

2. Dolastatina 10: Sínteses Totais 

A  dolastatina    1 ,  Figura  ,  é  um  peptídeo  linear  que  contém 

aminoácidos não‐naturais e que apresenta uma grande atividade antitumoral.  Foi  extraída de uma espécie do gênero Symploca e encontra‐se em fase )) de experimento  clínico nos Estados Unidos como uma droga anticâncer.  Devido a sua importância  química,  biológica  e  clínica,  extensivos  estudos  sobre  a  síntese  total   de 1  e  sua 

estrutura,  assim  como  atividades  relacionadas  de  seus  análogos  sintéticos b,   têm 

sido desenvolvidos. 

Devido à grande semelhança nas estruturas das dolastatinas, pretende‐se  discutir três sínteses totais da dolastatina    1 , dando ênfase à síntese da unidade γ‐

aminoácido, objeto principal deste estudo. A primeira síntese foi descrita por Pettit e  colaboradores,   posteriormente  por  Koga  e  colaboradores,   seguido  pela  síntese  total de Shioiri‐(amada.  

Para  facilitar  a  descrição  das  sínteses,  a  dolastatina    1   será  dividida 

nos  seguintes  fragmentos:  L ‐dolafenina  Doe‐6R, R, S ‐dolaproína  Dap‐7R, S, S ‐dolaisoleucina  Dil‐8L ‐valina  Val‐9   e  L ‐dolavalina  Dov‐10  

conforme indicado na Figura  . 

 

       

10 Pettit, G. R.; Kamano, Y.; Herald, C. L.; Tuinman, A. A; Boettner, F. E.; Kizu, H.; Schimdt, J. M.;

Baczynskyj, L.; Tomer, K. B.; Bontems, R. J. J. Am. Chem. Soc.1987, 109, 6883-6885.

11 Luesch, H.; Moore, R. E.; Paul, V. J.; Mooberry, S. L.; Corbett, T. H.

J. Nat. Prod. 2001, 64,

907-910.

12 (a) Zampella, A.; Sorgente, M.; D’Auria, M. V.

Tetrahedron: Asymm. 2002, 13, 681-685. (b)

Hayashi, K.; Hamada, Y.; Shiori, T. Tetrahedron1993, 49, 1913-1924. (c) Hayashi, K.; Hamada,

Y.; Shiori, T. Tetrahedron Lett. 1991, 32, 931-934. (d) Hayashi, K.; Hamada, Y.; Shiori, T. Tetrahedron Lett.1991, 32, 7287-7290.

13 (a) Pettit, G. R.; Singh, S. B.; Hogan, F.; Burkett, D. D.

J. Med. Chem.1990, 33, 3132-3133. (b)

Pettit, G. R.; Srinangam, J. K.; Herald, D. L.; Hamel, E. J. J. Org. Chem. 1994, 59, 6127-6130.

14 Pettit, G. R.; Singh, S. B.; Hogan, F.; Loyd-Williams, P.; Herald, D. L.; Burkett, D. D.; Clewlow, P.

J. J. Am. Chem. Soc.1989, 111, 5463.

15 Tomioka, K.; Kanai, M.; Koga, K.

Tetrahedron Lett.1991, 32, 2395.

16 Hayashi, K.; Hamada, Y.; Shiori, T.

(25)

N

H N

O

N O

Me OMe

N

O OMe O

H N

Me

Me

Dov Val Dil Dap

N S

Doe   Figura 5. Dolastatina 10 e seus fragmentos

 

2.1. Síntese de Pettit e colaboradores  

O primeiro trabalho que relata o isolamento da dolastatina   foi realizado  por  Pettit  em  ,   sendo  o  mesmo,  o  primeiro  a  sintetizá‐la.   Sua  síntese  foi  iniciada  sobre  o  fragmento  R, S, S ‐Dil‐8.  A  primeira  etapa  da  síntese  deste 

fragmento foi através da  L ‐isoleucina  11 . Este α‐aminoácido foi N‐metilado, e o 

substrato  foi  submetido  a  uma  redução  seguida  por  uma  oxidação,  o  que  gerou  o  isoleucinal  12   correspondente  Esquema  .  Foi  realizada  então  uma  reação 

aldólica com o enolato de lítio, gerado a partir do acetato de tert‐butila, fornecendo os 

álcoois isoméricos  13a,b  em uma mistura  .  :   [ S, S  S  :  R, S, S ]. O álcool‐β 

isômero  R   13b  foi submetido a uma metilação e tratado com (Cl em éter etílico 

para fornecer o composto  14

         

       

17 Pettit, G. R.; Kamano, Y.; Herald, C. L.; Tuinman, A. A.; Boettner, F. E.; Kizu, H.; Schimdt, J. M.;

(26)

OLi

O-But

NH2 O

OH

1. NaH / CH3I 2. B2H6 / THF

95%

3. DMSO / SO3-Py

78% HN O H Me 11 12 HN OH Me

OtBu

O

13a (3S,4S,5S) 23%

13b (3R,4S,5S) 33%

1. CH2N2 / BF3. Et2O 67%

2. Pd/C, H2 63% 3. HCl / Et2O quant.

H2N OMe

Me

14

OtBu

O Cl separação por cromatografia HN OH Me

OtBu

O

13b

 

Esquema 1. Síntese do γ-aminoácido (3R,4S,5S)-Dil-8  

A síntese do fragmento Dap‐7 foi iniciada pela redução da Boc‐(L)‐prolina  15 ,  seguida  pela  oxidação,  obtendo  assim o  Boc‐(L)‐prolinal  16   Esquema  .  A 

condensação aldólica de 16 com o enolato quiral derivado do  S ‐propionilóxi‐ , , ‐

trifeniletanol  forneceu  o  S, ’S, ’R ‐isômero‐17  como  produto  principal.  O 

tratamento  de 17  com  BF   • Et O‐diazometano  forneceu  ’R ‐metil  éter  18 .  O 

composto 18  foi  tratado  com tert‐butóxido  de  potássio  em  T(F  a  ‐  oC  para  que 

ocorresse  a  epimerização  do  ’S ‐metil  grupo  para  o  epímero  ’R ‐metil.  Após  a 

epimerização, o composto sofreu uma hidrogenólise do éster benzílico, fornecendo a 

N‐Boc‐ S, ’R, ’R ‐dolaproína  19

(27)

O OLi

THF / MgBr2, -95ºC 47%

Ph

Ph Ph

1. tBuOK / THF -20ºC 57% (epimerização) N CO2H

Boc

15

1. B2H6 / THF 2. DMSO / SO3-Py

75% N CHO Boc 16 N Boc OH O O Ph Ph Ph 17

1. CH2N2 / BF3. Et2O N Boc OMe O O Ph Ph Ph 18

2. Pd/C, H2

O OH OMe N Boc 19  

Esquema 2. Síntese da N-Boc-(2S,2’R,3’R)-Dap-19  

O  fragmento  L ‐dolavalina  Dov‐10   foi  preparado  a  partir  da  N

dimetilação da  L ‐valina. 

N‐Boc‐ L ‐Doe‐23  foi  obtido  a  partir  da N‐Boc‐ L ‐fenilalanina  20 .  A 

Boc‐ L ‐fenilalanina  20  foi transformada no N‐Boc‐ L ‐fenilalaninal  21 , a partir de 

uma seqüência de redução e oxidação, seguidas de uma reação de condensação de 21 

com  ‐aminoetanotiol e desidrogenação da tiazolidina  22 , fornecendo o N‐Boc‐ L

Doe‐23  Esquema  . 

 

OH

O NHBoc

20

1. B2H6 / THF 81%

2. SO3-Py, DMSO NEt3/CH2Cl2 91%

H

O NHBoc

21

H2N(CH2)2SH / benzeno

MnO2 coluna/dioxano NHBoc HN S NHBoc 23 N S 100% 19% 22  

(28)

A  ‐ ‐dolastatina    1   foi  obtida,  com  %  de  rendimento.  O 

acoplamento do N‐metil‐γ‐aminoácido  Dil‐8  foi realizado utilizando‐se o anidrido de 

pivaloíla e conseqüente acoplamento dos peptídeos 2425 e 26

  NHBoc N S NH2 OH O

H2N N

O

Me OMe

OtBu

O H N N O Me OMe

OtBu

O O N Me Me H N O OMe OH O OMe N Boc N S N Boc H N N O

Me OMe O O N Me Me H N O OMe N S N

(L)-Val (9)

(a) 80%

(L)-Val-Dil-OBut

(24) (b) 83%

Dov-Val-Dil-OBut

(25)

Boc-Dap-Doe (26)

(c) (c)

(d) 74%

Dolastatina 10 (1)

(a) (CH3)3COCl, NMM, 14, CHCl3. (b) Dov-OPfp, 10% Pd/C, H2, dioxano.

(c) CF3CO2H,CH2Cl2. (d) DEPC, Et3N, DME, 1h a 0 ºC, 2h a t.a.

N-Boc-(2S, 2'R, 3'R)-Dap (19)

N-Boc-S-Doe (23)

(c)

(d) 50%

 

(29)

2.2. Síntese de Koga e colaboradores  

Koga e colaboradores descreveram a segunda síntese da dolastatina    1  

em  .  O  grupo  iniciou  a  síntese  do  fragmento  equivalente  ao  Dil‐8  a  partir  do 

aminoácido  protegido  isoleucina N‐carboxibenzilado  27 ,  sendo  que  o  mesmo  foi 

transformado  no  ceto  éster  28   Esquema  .  Uma  redução  quimiosseletiva  da 

cetona  gerou  o  β‐hidróxi‐γ‐aminoácido  que  foi  posteriormente  N,O‐metilado 

fornecendo  o  composto  29   que  tratado  com  ácido  fórmico  gerou  o  fragmento N

Cbz‐Dil  30

 

HN CO2H

27

1. CDI

HN OtBu O O

28

1. NaBH4 / MeOH

90%

2. LHMDS / MeOTf HMPA / THF 89% quantitativo

HCO2H

2. LiCH2CO2But, THF

76% Cbz Cbz

N OtBu OMe O

29

Cbz

Me N OH

OMe O

30

Cbz Me

 

Esquema 5. Síntese do γ-aminoácido N-Cbz-Dil-30  

O  fragmento  equivalente  ao  Dap‐7,  a N‐Boc‐ S, ’R, ’R ‐dolaproína  19  

foi preparado a partir do N‐Boc‐ L ‐prolinal  16  em   etapas  Esquema  . O N‐Boc‐ L ‐prolinal  16  sofreu adição aldólica pelo enolato  Z ‐borônico do propionato de 

tiofenila,  fornecendo  então  o β‐hidróxi‐γ‐aminoácido  31   derivado  da  L ‐prolina, 

estereosseletivamente  com  %  de  rendimento.  Este  β‐hidróxi‐γ‐aminoácido  foi 

submetido  a  uma  etanólise  com  %  de  rendimento ,  fornecendo  então  o  éster  etílico  do β‐hidróxi‐γ‐aminoácido  32 .  O  mesmo  foi  submetido  a  uma O‐metilação, 

(30)

N CHO Boc

16

SPh OBBN Et2O, -20ºC 64% N Boc 31 SPh OH O

K2CO3 / EtOH 88% N Boc 32 OEt OH O

1. LHMDS / MeOTF HMPA / THF 83%

2. LiOH / EtOH (aq) 91% NBoc

19

OH OMe O

 

Esquema 6. Síntese da N-Boc-(2S,2’R,3’R)-dolaproína-19  

O  fragmento  Doe‐6  foi  obtido  pela  mesma  rota  utilizada  por  Pettit,  

conforme o Esquema    pg.  . 

O  acoplamento  seqüencial  a  partir  do  Doe‐hidrocloreto  33   obtido  a 

partir  do  tratamento  do  composto 23  com  uma  solução  .   N  de  (Cl  em  dioxano  

para a dolastatina   foi realizada conforme mostrado no esquema  . 

N S NHBoc

23

2.4N HCl / Dioxano 93%

Doe-HCl (33)

N Boc 19 OH OMe O 78% CbzN Me OH OMe O 30 Boc-Dap-Doe

DEPC, NEt3 / DME

70%

Cbz-Dil-Dap-Doe

Boc-Valina

Boc-Val-Dil-Dap-Doe 5% HBr / AcOH

Bop-Cl, NEt2 / CH2Cl2

75%

Dov-10

DEPC, NEt3 / DME

75% N

S NH2Boc

Cl

-DEPC, NEt3 / DME

N Boc H N OMe O N S

2.4N HCl / Dioxano CbzN Me N OMe O H N OMe O N S O OH NH Boc N Me N OMe O H N OMe O N S H N Boc O 2.4N HCl / Dioxano

N OH O Me Me H N N O

Me OMe O

O N Me Me H N O OMe N S N

Dolastatina 10 (1)

 

(31)

2.3. Síntese de Shioiri­Hamada e colaboradores  

A  terteira  síntese  total  da  dolastatina    1   foi  descrita  por  (amada  e 

colaboradores  O fragmento Doe‐6 pôde ser preparado de duas maneiras diferentes, 

conforme  mostrado  no  Esquema  .  Na  primeira,  partiu‐se  do  ácido  ‐fenil‐acético 

34  e, na segunda, os autores iniciaram a síntese do Doe‐6 a partir da amida  35  

derivada da  L ‐fenilalanina. 

 

1. CH3NHOCH3 / DEPC

~100%

2. 34

1. (+)-Ipc2BCl

80%

2. Ph3P, (=NCO2Et)2 (C6H5O)2P(O)N3

1. Ph3P

2. NH4OH

3. Boc2O

67%

X= Boc 23

X= Z (PhCH2OCO) 36 Reagente de

Lawesson 97%

1.BrCH2CHO

2. (CF3CO)2O

66% 35 OH O S N Li 98% O N S N3 N S XNH N S ZNH O NH2 ZNH S NH2  

Esquema 8. Síntese do N-Boc-Doe-23  

Para a obtenção da unidade Dap‐7 o autor usou a metodologia descrita por 

Evans para reações aldólicas, na qual se faz o uso de oxazolidinonas como auxiliares  quirais.  Quando  a  propioniloxazolidinona  37 ,  derivada  da  S, R ‐norefedrina, 

reage com o Boc‐ L ‐prolinal  16  usando trietilamina e triflato de dibutilboro  .  : 

,  o  aduto  syn38  foi  obtido  em  excelente  rendimento  e  completa 

diastereosseletividade  Esquema  .  A  remoção  da  oxazolidinona  foi  realizada  pelo  uso  de  hidróxido  de  lítio  e  peróxido  de  hidrogênio,  seguida  por  uma  reação  de O

metilação, obtendo‐se, desta forma a N‐Boc‐ S, ’R, ’R ‐dolaproína  19

(32)

N O

O O 1. Et3N / Bu2BOTf

(1.1 : 1)

N O

O O Boc

N OH Ph 37 Ph 38 99% d.r.=>99% N CHO Boc 16 + N Boc 19 OH OMe O 1. LiOH/H2O2

95%

2. NaH/MeI 60%

 

Esquema 9. Síntese da N-Boc-(2S,2’R,3’R)-dolaproína-19  

A unidade Boc‐Dil‐42 foi preparada a partir da Boc‐ L ‐isoleucina  39 . A 

conversão de 39 na sua correspondente imidazolida, seguida pelo tratamento com o 

enolato de magnésio, derivado do éster etílico do ácido malônico, forneceu quase que  quantitativamente o β‐ceto éster  40   Esquema  . Este β‐ceto éster 40 foi então 

reduzido com boroidreto de sódio fornecento o γ‐amino‐β‐hidróxi éster  41a  como 

produto  majoritário,  juntamente  com  o  diastereoisômero  41b,  como  produto 

minoritário,  em  uma  razão  de    :  .  O  composto  41a  foi  separado  do  seu 

diastereoisômero por coluna e foi submetido a uma hidrólise alcalina para gerar o seu  ácido correspondente, o qual foi tratado com um grande excesso de hidreto de sódio e  iodeto de metila levando à unidade Boc‐Dil‐42

 

39

1. Carbonil diimidazol, THF

41a: C3-β−ΟΗ (91)

41b: C3-α−ΟΗ ( 9)

1. NaOH >99% O O O EtO Mg 98% 42

1. NaBH4

HN O OH Boc 40 HN O Boc OEt O 88% HN OH Boc OEt O

2. NaH / MeI

59% N OMe Boc OH O Me  

Esquema 10. Síntese do Boc-Dil-42

(33)

Procedeu‐se  então  a  construção  da  dolastatina    1   de  uma  maneira 

seqüencial, iniciando‐se pelo acoplamento da unidade Boc‐Doe  23 ou 36  à Boc‐Dap‐ 19  Esquema  ,  seguido  pelo  acoplamento  deste  fragmento  com  o  Boc‐Dil‐42

formando  um  segundo  fragmento  contendo  as  três  unidades.  Este,  por  sua  vez,  foi  acoplado  ao  Boc‐(L)‐Val.  Por  fim,  este  fragmento  de  quatro  unidades  foi  então 

acoplado à (L)‐Dov‐10, fornecendo a dolastatina    1

  N Boc 19 OH OMe O

HCl (23) HBr (36)

1. DEPC, Et3N

2. TFA X= Boc 23

X= Z (PhCH2OCO) 36

XNH N S Boc-Dap-Doe N Boc H N OMe O N S 42 N OMe Boc OH O Me

1. DEPC, Et3N

BocN Me N OMe O H N OMe O N S 2. TFA Boc-Valina O OH NH Boc

1. BopCl, Et3N

ou BroP, i-Pr2NEt

2. TFA N Me N OMe O H N OMe O N S H N Boc O DEPC NMM Dov-10 N OH O Me Me H N N O

Me OMe O

O N Me Me H N O OMe N S N

Dolastatina 10 (1)

BopCl:

BroP: ((H3C)2N)3P+Br-PF6

-N O O P(O)Cl 2  

Esquema 11. Dolastatina 10

 

2.4. Objetivos 

(34)

A proposta sintética apresentada aqui, visa a utilização de reação de adição de  sais de organotriluoroboratos a aldeídos para a construção das unidades β‐hidróxi‐γ‐ aminoácido. 

Após a conclusão da síntese total da isodolastatina H, testes de atividade  biológica deverão ser realizados. 

(35)

 

 

 

(36)

3. Análise Retrossintética da Isodolastatina H 

A primeira desconexão da molécula da isodolastatina H (5), mostrada no  esquema 12, envolve a clivagem da ligação peptídica entre o carbono carbonílico 16 e o  átomo de nitrogênio do anel pirrolidínico, originando dois grandes fragmentos doravante,  denominados fragmento 1 (43) e fragmento 2 (44), (Esquema 12). 

  N H N O N O Me OMe N

O OMe O

O Me Me OH 1 3 5 7 8 9 10 11 13 16 18 19 20 22 23 25 26 27 N H N O N O Me OMe N

O OMe O

O Me Me OH 1 3 5 7 8 9 10 11 13 16 18 19 20 22 23 25 26 27 Boc OH + 44

fragmento 2 fragmento 143 5

 

Esquema 12. Desconexão da isodolastatina H

 

3.1. Retrossíntese do Fragmento 1 

O  fragmento  1  (43),  poderá  ser  sintetizado  através  de  uma  reação  de  esterificação entre o γ‐aminoácido (19) e o (S)‐3‐fenil‐1,2‐propanodiol (45). O diol (45)  poderá ser obtido partindo‐se do álcool cinâmico (47) e submetendo‐o a uma epoxidação  assimétrica de Sharpless. O epóxido (46) formado poderá ser convertido no composto  (45) através de sua abertura com uma fonte de hidreto. Outra forma de preparar o diol  (45) seria através da (L)‐fenilalanina (49). A partir deste aminoácido é sintetizado o α‐

(37)

ser produzido de forma semelhante ao γ‐aminoácido (52) presente no fragmento 2, via  condensação aldólica entre o aldeído, N‐Boc‐prolinal (16), e um auxiliar quiral de Evans  (50), ou crotil‐BF3K (51)(Esquema 13). 

  OH OH 48 N OMe O O OH 1 3 5 7 8 9 10 11 13 Boc + 43 fragmento 1 N OMe O HO OH 1 3 5 7 8 9 10 11 13 Boc OH 19 45 16 50 15 46 47 esterificação condensação aldólica

auxiliar de Evans epoxidação assimétricade Sharpless

X = oxazolidinona + N O X O 8 10 11 13 Boc H O OH 1 3 5 7 (E) OH 1 3 5 7 N O 10 11 13 Boc OH O OH NH2 49 O

ou BF3K 51

 

Esquema 13. Retrossíntese do fragmento 1

 

 

 

(38)

3.2. Retrossíntese do Fragmento 2 

O fragmento 2 (44) seria resultante da formação de uma ligação peptídica  entre um γ‐aminoácido (53) contendo três centros quirais [C18 (R), C19 (S) e C20(S)] e um 

dipeptídeo (52) formado pelos resíduos N,N’‐dimetil‐(L)‐valina (Dov‐10) e (L)‐isoleucina 

(11). O γ‐aminoácido (53) poderá ser sintetizado via condensação aldólica entre o aldeído  valinal (54) e um auxiliar quiral de Evans (55) ou o alil‐BF3K (56) (Esquema 14). 

  N H N O N O

Me OMe O Me Me 16 18 19 20 22 23 25 26 27 OH + 44 fragmento 2 N H N O HN O

Me OMe O Me Me 16 18 19 20 22 23 25 26 27 OH OH 52 53 ligação peptídica

ligação peptídica auxiliar quiral de Evanscondensação aldólica

+

N H2N

O HN O Me X O O Me

Me 18 16

19 20 22 23 25 26 27 OH OH H Y +

X = oxazolidinona Y = SMe ou Cl

10 11 54 55

BF3K

56

ou

 

Esquema 14. Retrosíntese do fragmento 2

 

(39)

ácido (3R,4S,5S)‐3‐metóxi‐5‐metil‐4‐(metilamino) heptanóico (Dil‐53), N‐Boc‐(2R,3R,4S)‐ dolaproína (Dap) e (L)‐3‐fenil‐1,2‐propanodiol (Ppd‐45), (Figura 6). 

 

N

H2N

O

HN O

Me OMe

HN

O OMe O

HO Me

Me

Dov-10 Ile-11 Dil-53 Dap Ppd-45

OH OH

OH

OH OH

 

 

Figura 6. Moléculas constantes nos fragmentos propostos para a síntese da Isodolastatina 10 (5)

(40)

 

 

 

 

(41)

4.

 

Discussão

 

dos

 

Resultados

 

4.1. Fragmento 1 

4.1.1. (L)‐3‐Fenil‐1,2‐propanodiol (Ppd) 

 

OH OH

45  

Conforme descrito na análise retrossintética uma das opções para a síntese do  (L)‐3‐fenil‐1,2‐propanodiol (Ppd, 45), foi a partir do álcool cinamílico (49) através de uma 

reação de epoxidação assimétrica de Sharpless, utilizando‐se hidroperóxido de tert‐butila 

(TBHP) em presença de tetraisopropóxido de titânio e (+)‐diisopropil tartarato [(+)‐DIPT].  O rendimento obtido para o epóxido (46) nesta reação foi de 58% (Esquema 15). 

 

OH Ti(OiPr)4 / (+)-DIPT TBHP, CH2Cl2, -20 oC

58%

49

OH

46

O

 

Esquema 15

 

Este rendimento foi inferior ao obtido por Sharpless18 (89%), por isso não foi  determinado nem o seu excesso enantiomérico. Na próxima etapa, o epóxido 46 foi  submetido a uma abertura regiosseletiva do anel com DIBAL19 (Esquema 16), fornecendo  o  (L)‐3‐fenil‐1,2‐propanodiol  (Ppd‐45),20  desejado  com  56% de rendimento,  também 

inferior ao rendimento observado na literatura que foi de 62%. Novamente não foi         

18 Gao, Y.; Hanson, R. M.; Klunder, J. M.; Ko, S. Y.; Masamune, H.; Sharpless, K. B.

J. Am. Chem. Soc.1987, 109, 5765.

19 (a) Suzuki, T.; Saimoto, H.; Tomioka, H.; Oshima, K.; Nozaki, H.

Tetrahedron Lett. 1982, 23,

3597-3600. (b) Sone, H.; Shibata, T.; Fujita, T.; Ojika, M.; Yamada, K. J. Am. Chem. Soc.1996, 118, 1874-1880.

20 (a) Bergstein, W.; Kleemann, A.; Marten, J.

Synthesis 1981, 76. (b) Cardillo, G.; Orena, M.;

(42)

determinado o excesso enantiomérico sendo realizado somente a medida de sua rotação  específica [α]D26 = ‐33 (c 1, EtOH). 

 

(S) HO

OH DIBAL, CH2Cl2

hexano, 0 oC

56% 45

OH

46

O

 

Esquema 16

 

A outra alternativa para a síntese do Ppd‐45 descrita na análise retrossintética  envolve a utilização da (L)‐fenilalanina (49) como material de partida. Uma solução de (L)‐

fenilalanina (49) em ácido sulfúrico sofreu desaminação20a,21 pela utilização de nitrito de  sódio (Esquema 17), transformando o grupo amino em uma hidroxila com total retenção  de configuração. Obteve‐se assim o α‐hidróxi ácido (48) com um rendimento de 79%.   

O

OH

(S)

NH2

O

OH

(S)

OH H2SO4 (2mol/L)

NaNO3 (40%) 0 oC, 6 h

t.a., 12 h 79%

49 48

 

Esquema 17

 

A obtenção do (L)‐3‐fenilpropano‐1,2‐diol (45) pôde ser conseguida por duas 

rotas diferentes. A primeira rota consistiu na redução do α‐hidróxi ácido (48) utilizando‐ se hidreto de alumínio e lítio em THF, a uma temperatura de 0 oC.20a O produto, depois de 

purificado em coluna de sílica gel, forneceu um rendimento de 75%. Na outra rota a  redução do α‐hidróxi ácido (48) foi realizada utilizando‐se boroidreto de sódio em THF, 

       

21 Terashima, S.; Hayashi, M.; Tseng, C. C.; Koga, K.

(43)

seguido por solução de iodo em THF. O rendimento nesta etapa da reação foi de 88%  (Esquema 18). 

 

O

OH

(S)

OH

OH

(S)

OH

48 45

NaBH4, THF I2, THF t.a., 0 oC, 1 h

LiAlH4, THF 0 oC

75%

88%  

Esquema 18

 

Nesta segunda metodologia o rendimento da preparação do diol foi de 53%,  ou seja, quase  o  mesmo  que  aquele  obtido  pela  rota  utilizando‐se  epoxidação de  Sharpless e  posterior abertura seletiva  com  DIBAL  (55%).  Esta segunda rota possui  algumas vantagens, como, por exemplo: (a) menor custo do material de partida (na  metodologia via epoxidação de Sharpless utiliza‐se álcool cinamílico, DIPT, THBP, Ti(O‐i

Pr)4 enquanto nesta metodologia utiliza‐se a (L)‐fenilalanina e nitrito de sódio); (b) no 

caso da desaminação da (L)‐fenilalanina parte‐se de um centro quiral já definido; e (c) a 

facilidade nos procedimentos experimentais. 

O (S)‐3‐fenilpropano‐1,2‐diol (45), foi então submetido à proteção da hidroxila 

ligada ao carbono primário, utilizando‐se o cloreto de tert‐butildifenilsilano e imidazol em  DMF (Esquema 19). O éter de silício (57) foi obtido com um rendimento de 73%. 

 

DMF/ Imidazol 73% TBDPSCl OH

OH

45

OTBDPS OH

57

 

Esquema 19

(44)

4.1.2. Síntese do N‐Boc (2R,3R,4S)‐dolaproína (Dap‐19) 

 

N (S) (R)

OMe (R) O Boc OH 19    

A síntese do N‐Boc‐(2R,3R,4S)‐dolaproína (Dap‐19) foi realizada a partir da  obtenção do N‐Boc‐(L)‐prolinal (16) derivado da (L)‐prolina (58). A primeira etapa da  reação foi a proteção da prolina com o grupo Boc22 em presença de trietilamina em  diclorometano. A N‐Boc‐(L)‐prolina (59) foi utilizada sem necessidade de purificação, e foi 

obtida quase que quantitativamente (Esquema 20). Na segunda etapa, a N‐Boc‐(L)‐prolina 

foi reduzida utilizando‐se NaBH4/I2 em THF,23 fornecendo, assim, o N‐Boc‐(L)‐prolinol (60

com 90% de rendimento após purificação em coluna de sílica gel. Reação posterior do N‐

Boc‐(L)‐prolinol (60) com cloreto de oxalila e trietilamina em DMSO, rendeu o N‐Boc‐(L)‐

prolinal (16) com 90% de rendimento (Esquema 20). 

 

(S)

N OH

O Boc

NaBH4/I2

THF, 90% (S) N OH Boc (S) N H O Boc Cl Cl O O

DMSO, Et3N

90%

(S)

N OH

O H

(Boc)2O/ Et3N

CH2Cl2

58 59

60 16  

Esquema 20

 

       

22 Atherton, E.; Sheppard, R. C. em

“ Solid phase peptide synthesis - A practical approach” 1st ed.;

Oxford, Univesity Press, Oxoford, 1989.

23 (a) Kanth, J. V. B.; Periasamy, M.

J. Org. Chem.1991, 56, 5964. (b) McKennon, M. J.; Meyers,

(45)

Finalmente para a síntese da N‐Boc‐(2R,3R,4S)‐dolaproína (Dap‐19), teve‐se  como proposta a sua síntese através da utilização do auxiliar de Evans (61), o qual reagiria  com o N‐Boc‐(L)‐prolinal (16). Esta propioniloxazolidinona (61) foi obtida a partir da 4‐ benzil‐2‐oxazolidinona  (62)  e  o  cloreto  de  propionila  (63)  (Esquema  21),  em  THF  utilizando n‐BuLi como base.24 O produto foi obtido em 94% de rendimento. 

  N O O O Bn NH O O Bn

+ n-BuLi, THF

94%

62 63 61

O

Cl

 

Esquema 21

 

A  acetiloxazolidinona  derivada  da  (+)‐(1S,2R)‐norefedrina  também  foi  sintetizada. Conforme descrito na literatura16,25 este é, indiscutivelmente, o método mais  eficaz para obtenção do N‐Dap‐19, no qual são  obtidos os melhores  resultados de 

rendimento e de diasterosseletividade. Portanto, para a obtenção da acetiloxazolidinona  derivada da (+)‐(1S,2R)‐norefedrina, iniciou‐se a síntese da 4‐metil‐5‐fenil‐2‐oxazolidinona 

(64), a partir da (1S,2R)‐norefedrina (65) e um carbonato de diorganoíla (66), conforme 

ilustrado no Esquema 22. 

  OH NH2 O NH O Base + O RO OR

65 66 64   Esquema 22

 

       

24 (a)Gage, J. R.; Evans, D. A.

Org. Synth.1989, 68, 77. b) Gage, J. R.; Evans, D. A. Org. Synth.

1989, 68, 83. c) Arya, P.; Qin, H. Tetrahedron2000, 56, 917.

25 (a) Zampella, A.; Sorgente, M.; D’Auria, M.V.

Tetrahedron: Asymm. 2002, 13, 681. (b) Hayashi,

(46)

Foi  necessária  a  utilização  de  uma  base  forte  para  que  ocorresse  a  desprotonação não apenas da amina, mas também do álcool. Para este fim, utilizou‐se 

tert‐butóxido de potássio em THF, sob refluxo (Esquema 23).26 Desta maneira, a 4‐metil‐ 5‐fenil‐2‐oxazolidinona (64) foi obtida diretamente, tanto pela utilização do composto 

66a,  quanto  pela  utilização  do  composto  66b,  com  rendimentos  de  90%  e  93%,  respectivamente. 

 

OH NH2

O

EtO OEt

65

O O O

O O

66b 66a

t-BuOK, THF, refluxo

O NH

O

64

t-BuOK, THF, refluxo

90%

93%  

Esquema 23

 

O  composto  64  foi  convertido  na  sua  respectiva  acetiloxazolidinona  37  conforme o procedimento24 descrito para a obtenção da acetiloxazolidinona 61 (Esquema  21).  A  (4R,5S)‐4‐metil‐5‐fenil‐3‐propioniloxazolidin‐2‐ona  (37)  foi  obtida  em  87%  de 

rendimento. 

Tendo em mãos o N‐Boc‐(L)‐prolinal (16) e as acetiloxazolidinonas (37 61), 

iniciou‐se  os  testes  de  reações  aldólicas,  conforme  procedimentos  descritos  na  literatura.16,25 

Estas  metodologias  empregam  trietilamina  e  triflato  de  dibutilboro,  fornecendo o aduto syn‐aldol (38) (Esquema 24). A reação ocorreu com inversão de 

       

26 Brenner, M.; La Vecchia, L.; Leutert, T.; Seebach, D.

(47)

estereoquímica do produto aldol, dependendo da quantidade e da ordem de adição do  reagente de boro e da trietilamina. O aduto syn esperado só é obtido com completa  diasterosseleção quando a trietilamina é adicionada em um pequeno excesso sobre o  triflato de dibutilboro. Entretanto, quando o triflato de dibutilboro é adicionado em  excesso, o produto majoritário formado é o aduto anti

Preparou‐se  o  triflato  de  dibutilboro  de  acordo  com  o  método  de  Mukaiyama.27  Mas,  surpreendendo  nossas  expectativas,  nenhuma  reação  entre  os  compostos 16 e 37 foi observada (Esquema 24), quando realizada em nosso laboratório. 

 

N O

O O

1.Et3N / Bu2BOTf (1.1 : 1)

N O O O Boc N OH Ph

37 Ph 38

N CHO

Boc

16

+

CH2Cl2, -78 ºC

X

 

Esquema 24

 

O provável problema nesta reação está na utilização da tributilborana em  solução para gerar o triflato de dibutilboro. Posteriormente foi verificado na literatura24b  uma nota que explica que, quando se utiliza a tributilborana em solução (disponível no  mercado) os resultados das reações são inconsistentes. 

Uma nova proposta de síntese para o N‐Boc‐(2R,3R,4S)‐dolaproína (Dap‐19)  foi então estudada. Existem algumas metodologias descritas na literatura para a obtenção  da N‐Boc‐(2R,3R,4S)‐dolaproína (19), dentre as quais está a utilização de ésteres como  enolatos de magnésio14,28 ou enolatos de boro,16,25 bem como a utilização de reações de  Baylis‐Hillman,29  e  reação  de  Reformatsky  (Esquema  25).30  Muitos  autores  vêm 

       

27 Inoue, T.; Mukaiyama, T.

Bull. Chem. Soc. Jpn. 1980, 53, 174. Esta referência fornece um

procedimento experimental muito abreviado. Para maiores descrições de detalhes para preparação do triflato de dibutilboro. Leia: Evans, D. A.; Nelson, J. V.; Vogel, E.; Taber, T. R. J. Am. Chem. Soc.1981, 103, 3099.

28 Pettit, G. R.; Singh, S. B.; Herald, D. L.; Williams, P. L.; Kantoci, D.; Burkett, D. D.; Barkbxzy, J.;

Hogan, F.; Warlaw, T. R. J. Org. Chem.1994, 59, 6287.

29 Almeida, W. P.; Coelho, F.

Tetrahedron Lett.2003, 44, 937-940.

30 Reformatsky, S.

(48)

demonstrando que além de zinco em pó, alguns sais de cromo,31 germânio32 e samário,33  podem ser utilizados nas reações de Reformatsky. 

 

BrCH2CO2Et BrZnCH2CO2Et C CH2CO2Et R2

R1

OZnBr R1 R2

O

Zn

CH2CO2Et C

R2

R1

OH R1,R2 = H, alquil, aril, etc.

H3O+

 

Esquema 25

 

Para evitar estas metodologias já conhecidas, buscou‐se novas alternativas  para a síntese da N‐Boc‐(2R,3R,4S)‐dolaproína (Dap‐19) a partir do N‐Boc‐(L)‐prolinal (59). 

Recentemente, nosso grupo de pesquisa mostrou com sucesso a utilização de  sais de organotrifluoroboratos de potássio em reações de acoplamento do tipo Suzuki‐ Miyaura envolvendo compostos de organotelurenila como agentes eletrofílicos.34 

Aproveitando‐se  da  nossa  experiência  com  a  química  de  organotrifluoroboratos  e  sabendo‐se  que  estes  compostos  podem  ser  facilmente  adicionados a aldeídos,35 vimos através de um outro estudo de retrossíntese para o  intermediário  N‐Boc‐(2R,3R,4S)‐dolaproína  (Dap‐19)  (Esquema  26)  que seria possível 

utilizarmos esta química na nossa síntese da isodolastatina H. 

       

31 (a) Wessjohann, L. A.; Wild, H.; Schrekker, H. S.

Tetrahedron Lett. 2004, 45, 9073. (b)

Wessjohann, L. A.; Gabriel, T. J. Org. Chem. 1997, 62, 3772. (c) Wessjohann, L. A.; Wild, H. Synlett 1997, 731. (d) Dubois, J.-E.; Axiotis, G.; Bertounesque, E. Tetrahedron Lett. 1985, 26,

4371.

32 Kagoshima, H.; Hashimoto, Y.; Oguro, D.; Saigo, K.

J. Org. Chem.1998, 63, 691.

33 (a)Fukuzawa, S.; Matsuzawa, H.; Yoshimitsu, S.

J. Org. Chem. 2000, 65, 1702. (b)Nagamitsu,

T.; Takano, D.; Fukuda, T.; Otoguro, K.; Kuwajima, I.; Harigaya, Y.; Omura, S. Org. Lett.2004, 6,

1865.

34 (a) Cella, R.; Cunha, R. L. O. R.; Reis, A. E. S., Pimenta; D. C., Klitzke, C. F.; Stefani, H. A.

J. Org. Chem.2006, 71, 244. (b) Cella, R.; Stefani, H. A. Tetrahedron2006, 62, 5656. (c) Stefani, H.

A.; Cella, R.; Dörr, F. A.; Pereira, C. M. P.; Zeni, G., Jr.; Gomes, M. Tetrahedron Lett. 2005, 46,

563. (d) Cella, R.; Orfão, A. T. G.; Stefani, H. A. Tetrahedron Lett.2006, 47, 5075.

35 Darses, S.; Genêt, J.-P.

(49)

+ Boc N OH Boc N OMe HO Boc N OMe O N H O Boc

BF3K

19 67 68 16 51

 

Esquema 26

 

cis‐crotiltrifluoroborato de potássio (51) foi obtido a partir do cis‐2‐buteno  (69)36 que foi desprotonado utilizando‐se a base de Schlosser,37 em seguida tratou‐se este  sal de potássio com triisopropilborato gerando desta maneira o intermediário borônico  “ato” (70) o qual foi hidrolisado e tratado in situ com uma solução de KHF2 fornecendo o  cis‐crotiltrifluoroborato de potássio (51) em 65% de rendimento (Esquema 27). 

 

51 69

1. t-BuOK/n-BuLi

2. B(OiPr) 3

70

complexo "ato"

KHF2(aq.)

65% B(OiPr)

3 BF3K

 

Esquema 27

 

A reação de adição foi realizada em um sistema bifásico aquoso (CH2Cl2/H2O) 

em presença de um catalisador de transferência de fase (CTF) (Esquema 28).38 Utilizou‐se  o iodeto de tetra‐n‐butilamônio (10 mol%) como CTF. O rendimento global da reação 

(considerando a formação dos 4 possíveis diastereoisômeros 68a‐d) foi superior a 95%. O  composto desejado (68a) foi obtido isoladamente com um rendimento de 89%. 

 

       

36 Batey, R. A.; Thadani, A. N.; Smil, D. V.; Lough, A. J.

Synthesis2000, 990.

37 Schlosser, M.; Hartmann, J.

J. Am. Chem. Soc.1976, 98, 4674.

38 (a) Thadani, A. N.; Batey, R. A.

(50)

(S) (R)(S) Boc N OH 68a 89%*

n-Bu4NI

CH2Cl2/H2O 95% (global) + + (R) (S) (S) Boc N OH 68b (R) (R) (S) Boc N OH 68c (S) (S) (S) Boc N OH 68d + N H O Boc

BF3K

16 51

*rendimento obtido após purificação por cromatografia em coluna  

Esquema 28

 

Para  a  confirmação  da  esteroquímica  do  composto  68a,  foi  realizada  a  ciclização deste na sua oxazolidinona correspondente 71 (Esquema 29). A partir do valor  da constante de acoplamento (J) entre os hidrogênios, foi possível analisar se os dois 

estão em relação syn ou anti, uma vez que para o valor Jα−β para a relação syn é igual a 

5.0‐8.0 Hz,16 enquanto que para dois hidrogênios que estão numa relação anti este valor 

cai para aproximadamente Jα−β = 4.0‐4.5 Hz. 

Após análise do espectro obtido, foi possível determinar que os hidrogênios a  e b estão em uma relação syn, uma vez que seu Jα−β = 5.9 Hz. 

 

NaH

(60% em óleo mineral) Boc

N OH

70a

THF, 18h

Jα−β (syn) = 5.0-8.0 Hz Jα−β (anti) = 4.0-4.5 Hz

Jα−β (syn) = 5.9 Hz

literatura observado

N O

Hα Hβ O

71

 

(51)

O composto 68a foi submetido à reação de metilação em presença de NaH e  MeI em DMF (Esquema 30), o composto metilado (67) foi obtido em 76% de rendimento. 

 

NaH

(60% em óleo mineral) Boc

N OH

68a

MeI, DMF -5 oC-t.a.

24h

Boc N OMe

67

76%  

Esquema 30

 

Finalmente o composto 67 foi submetido à clivagem oxidativa utilizando RuO2 

/ NaIO4 em um sistema de solvente CCl4 / CH3CN / H2O (1 : 1 : 3) fornecendo o fragmento  N‐Boc‐(2R,3R,4S)‐dolaproína (Dap‐19) com 75% de rendimento (Esquema 31). 

 

N

OMe O Boc

OH

19

N

OMe Boc

67

RuO2 (2.5%) / NaIO4

CH3CN / CCl4 / H2O 75%

 

Esquema 31

   

4.1.3. Junção PPD + DAP = Fragmento 1 

A junção dos fragmentos PPD e DAP foi promovida via reação de condensação  de ambos utilizando DCC e DMAP, sob condições cinéticas de Keck39 para a obtenção do  éster com 85% de rendimento (Esquema 32). 

A exposição de DAP‐19 a DCC e DMAP sobre condições de alta diluição resulta  em formação essencialmente quantitativa da N‐acilureia que reage depois com PPD‐45. A         

39 Boden, E. P.; Keck, G. E.

(52)

diciclohexilureia  formada,  é  facilmente  removida  do  meio  por  precipitação  e  cromatografia. 

 

N

OMe O O

OTBDPS Boc

+

44 Fragmento 1

N

OMe O

OH

OTBDPS

Boc

OH

DAP-19 PPD-45

DCC, DMAP CSA, CH2Cl2

0 oC

 

Esquema 32

   

4.2. Fragmento 2 

4.2.1. Ácido (3R,4S,5S)‐3‐metóxi‐5‐metil‐4‐(metilamino) heptanóico (Dil) 

 

HN

Me OMe O OH

53  

Na primeira etapa da reação para a síntese deste fragmento, (L)‐isoleucina  (69), foi submetida à reação de redução do grupo carboxílico com hidreto de lítio e  alumínio  em THF levando  ao correspondente aminoálcool com 67% de rendimento  (Esquema 33).40 

 

       

40 Myllymäki, V. T.; Lindvall, M. K.; Koskinen, A. M. P.

(53)

NH2 O

OH

69

LiAlH4, THF 67%

NH2 OH

70   Esquema 33

 

O  aminoálcool  resultante  (70)  foi  então  N‐protegido  com  o  grupo  tert

butoxicarbonila (Boc) sendo obtido quantitativamente e utilizado diretamente sem prévia  purificação.  O  N‐Boc‐(L)‐isoleucinol  (72)  foi  oxidado  ao  N‐Boc‐(L)‐isoleucinal  (73

utilizando MnO2. O N‐Boc‐(L)‐isoleucinal (73) foi obtido após purificação em coluna de 

sílica gel, com um rendimento de 80% (Esquema 34).41 

 

NH2 OH

70

(Boc)2O CH2Cl2 quant.

MnO2 CH2Cl2

80% HN

OH

72

Boc HN

H Boc

O

73   Esquema 34

 

Assim como na síntese do Dap‐19, foi realizada a reação de adição do sal de  aliltrifluoroborato de potássio (56) ao N‐Boc‐(L)‐isoleucinal (73). O sal (56) foi obtido com 

um rendimento de 67% a partir da reação do reagente de Grignard derivado do brometo  de alila (74), seguido pelo tratamento deste com trimetilborato formando o intermediário  “ato” (75) (Esquema 34).13 Em seguida, este intermediário (75) foi hidrolisado e tratado  com KHF2 fornecendo o sal de potássio (56) (Esquema 35). 

 

       

41 Sergeev, M. E.; Pronin, V. B.; Voyushina, T. L.

(54)

KHF2(aq.)

67%

75

complexo "ato" 1. Mg, I2 cat.

Et2O

2. B(OMe)3

Br B(OMe)3 BF3K

74 56

 

Esquema 35

 

A reação de adição do sal de aliltrifluoroborato de potássio (56) ao N‐Boc‐(L)‐ isoleucinal (73) foi realizada seguindo‐se o protocolo descrito anteriormente para a  síntese do composto 68a. A reação foi feita na presença de iodeto de tetra‐n‐butilamônio  em um sistema bifásico e o produto desejado (76a) foi obtido com 91% de rendimento  (Esquema 36). 

 

BF3K

56 HN H Boc O 73

n-Bu4NI

syn:anti

90:10 CH2Cl2 / H2O, t.a.

91% + HN Boc OH 76a HN Boc OH + 76b   Esquema 36  

Para a confirmação da estereoquímica syn do composto 76a foi realizada a 

ciclização deste na sua oxazolidinona correspondente 77 (Esquema 37).24 

  HN Boc OH 76 O HN

Hα Hβ O

t-BuOK

THF 85%

Jα−β = 5.85 Hz

77

 

Esquema 37

Referências

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