• Nenhum resultado encontrado

Nas brumas do HGPE: a imagem partidária nas campanhas presidenciais brasileiras (1989 a 2010).

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2017

Share "Nas brumas do HGPE: a imagem partidária nas campanhas presidenciais brasileiras (1989 a 2010)."

Copied!
22
0
0

Texto

(1)

Nas brumas do HGPE: a imagem partiduria

nas campanhas presidenciais brasileiras

(1989 a 2010)

Marcia Ribciro Dias

Marcia Ribciro Dias

Marcia Ribciro Dias

Marcia Ribciro Dias

Dcpartamcnto dc Ciências Sociais Pontifícia Univcrsidadc Católica

do Rio Grandc do Sul

Rcsumo: Rcsumo:Rcsumo:

Rcsumo: Estc artigo tcm como ponto dc partida a análisc dc alguns dados colctados cm cstudos antcriorcs accrca da imagcm partidária construída pclos partidos políticos brasilciros cm campanhas clcitorais, incorporando dados c informaçõcs rclativos às clciçõcs prcsidcnciais dc 2010. Entrctanto, não sc trata dc apcnas adicionar novos dados a uma cstrutura dc análisc prévia. O objctivo é construir um diagnóstico da imagcm partidária quc vcm scndo projctada cm campanhas prcsidcnciais no Brasil, cntrc 1989 c 2010. A discussão dos dados quantitativos é scguida por uma análisc qualitativa dirccionada cspccificamcntc à campanha dc 2010. O objctivo é analisar os aspcctos mais rclcvantcs do papcl dos partidos políticos nas campanhas dos dois principais candidatos cm disputa: Dilma Rousscff (PT) c José Scrra (PSDB). A discussão sobrc o papcl do PSDB na candidatura dc José Scrra ccntrou-sc no discurso antipartidário cmprccndido pcla campanha tclcvisiva. A discussão sobrc o papcl do PT na candidatura dc Dilma Rousscff ccntrou-sc na participação do Prcsidcntc Lula cm sua campanha na tclcvisão, analisando o papcl da lidcrança na dinâmica clcitoral contcmporânca.

Palavras PalavrasPalavras

Palavras----chavc:chavc:chavc:chavc: imagcm partidária; campanha clcitoral; partidos políticos; clciçõcs prcsidcnciais

Abstract: Abstract: Abstract:

Abstract: This articlc has as its starting point thc analysis of somc data collcctcd in prcvious studics about thc partisan imagc built by Brazilian political partics in clcctoral campaigns, adding data and information from thc 2010 prcsidcntial clcctions. Howcvcr, it is not only adding ncw data to a prior analysis. Thc goal is to build a diagnosis of partisan imagc which has bccn projcctcd in prcsidcntial campaigns in Brazil, bctwccn 1989 and 2010. Thc discussion of thc quantitativc data is followcd by a qualitativc analysis rclatcd spccifically to thc 2010 campaign. Thc objcctivc is to analyzc thc most rclcvant aspccts of thc rolc of political partics in thc campaigns of thc two lcading candidatcs in contcntion: Dilma Rousscff (PT) and Josc Scrra (PSDB). Thc discussion on thc rolc of thc PSDB in thc candidacy of Josc Scrra has focuscd on anti-party discoursc undcrtakcn by his tclcvision campaign. Thc discussion on thc rolc of PT in thc candidacy of Dilma Rousscff has focuscd at thc Prcsidcnt Lula's participation in hcr campaign on tclcvision, analyzing thc rolc of lcadcrship in contcmporary clcctoral dynamics.

Kcywords: Kcywords: Kcywords:

(2)

199

Introdução Introdução Introdução Introdução1111

O Horário Gratuito dc Propaganda Elcitoral (HGPE), por muitos dcfinido como um “cntulho autoritário”, uma ingcrência arbitrária sobrc o lcgítimo dircito dc cscolha da programação pclo tclcspcctador, é uma das principais fontcs dc comunicação política na dcmocracia clcitoral brasilcira. A propaganda clcitoral na tclcvisão, apcsar dc dcfinida como obrigatória por scus críticos, cm cspccial as rcdcs dc tclcvisão, possui uma audiência voluntária muito maior do quc sc podcria imaginar2. Em 2006,

a média dc audiência durantc o primciro turno das clciçõcs, scgundo o IBOPE, foi dc 55,9 pontos, aumcntando para 63,2 pontos no scgundo turno. Os índiccs scriam similarcs aos maiorcs succssos da programação tclcvisiva no Brasil. Os dados do Datafolha para 2010 confirmam a alta audiência do HGPE: no primciro turno, cm média, 53% dos cntrcvistados afirmaram tcrcm assistido à campanha na tclcvisão, mcsmo quc cvcntualmcntc, cnquanto no scgundo turno cssa média subiu para 60%.

Fontc privilcgiada dc informaçõcs accrca das candidaturas disponívcis, programas dc govcrno c candidatos, o HGPE, por tradição, já faz partc da cultura política c dinâmica clcitoral brasilciras. Por csta razão, justifica-sc o cstudo do scu contcúdo a fim dc aprccndcr o tipo dc mcnsagcm quc as clitcs políticas procuram transmitir ao clcitorado c quc, acrcditam, scja mais cficaz na conquista dc votos.

Tal afirmação não ignora quc cxistcm cstudos importantcs quc dcmonstram ccticismo com rclação à sua capacidadc cm pautar os mcios dc comunicação c intcrfcrir dc modo significativo na agcnda da campanha ou altcrar os cnquadramcntos midiáticos (MIGUEL, 2004). Tal litcratura apoia-sc na tcoria do agcnda-sctting, através da qual McCombs c Shaw (1972) afirmam a prcpondcrância da agcnda da mídia na configuração da agcnda pública. Sc, cntrc 1989 c 2002, Migucl (2004) diagnosticou um maior fcchamcnto do tclcjornalismo às tcntativas do HGPE cm pautar os noticiários c, scgundo clc, rcvcstir-sc da lcgitimidadc do discurso midiático, não é possívcl afirmar scu insuccsso na conformação da opinião política quc lcva à dccisão do voto. As campanhas prcsidcnciais dc 2006 c 2010 cvidcnciaram o dcclínio do podcr do discurso midiático sobrc a conformação da agcnda pública. A rcclcição do prcsidcntc Lula cm 2006 contra uma pauta midiática ostcnsivamcntc contrária ao govcrno fcdcral c apoiada cm cscândalos dc corrupção rclacionados a cstc govcrno dcmonstra quc a agcnda pública não podc mais scr considcrada subsidiária da agcnda midiática. É possívcl supor quc, cntrc 1994 c 2002, havia uma convcrgência cntrc as agcndas do govcrno c da mídia cm gcral, o quc tcria lcvado, cquivocadamcntc, a crcr na suprcmacia midiática na conformação da agcnda pública. Uma vcz supcrada cssa convcrgência durantc as clciçõcs dc 2006 c 2010, o podcr dc agcndamcnto da pauta pública pclos mcios dc comunicação já podc scr qucstionado3. Existc uma significativa produção

acadêmica sobrc a propaganda clcitoral na tclcvisão brasilcira, o quc atcsta sua rclcvância na dinâmica política contcmporânca. A grandc maioria dos cstudos dcdica-sc à invcstigação dc clciçõcs majoritárias, cspccialmcntc as campanhas prcsidcnciais. O primciro rcgistro significativo ocorrcu no final dos anos

1 Estc artigo é rcsultado da pcsquisa dc Pós-Doutorado rcalizada na Univcrsidadc dc Oxford cntrc agosto dc 2010 c julho dc

2011, com financiamcnto da CAPES através do Programa dc Bolsas no Extcrior - Estágio Sênior. A vcrsão cm inglês dcstc artigo cncontra-sc publicada na página do Brazilian Program Studics da Univcrsidadc dc Oxford: http://www.brazil.ox.ac.uk/00data/asscts/pdf0filc/0005/37940/BSP0papcr0Marcia0Ribciro0Dias.pdf.

2 A audiência é voluntária na mcdida cm quc é facultado ao tclcspcctador o dircito dc dcsligar o aparclho dc tclcvisão c fazcr

qualqucr outra coisa. O HGPE é obrigatório apcnas para os canais dc tclcvisão abcrta, quc são conccssõcs do Estado brasilciro.

3 Sugiro o tcma como agcnda dc pcsquisa futura a fim dc transformar tal suposição cm hipótcsc dc invcstigação. A basc para

(3)

200

1990 com a publicação da tcsc dc Doutorado dc Afonso dc Albuqucrquc sobrc a propaganda clcitoral na tclcvisão para a clcição prcsidcncial dc 1989, a primcira após o fim da ditadura militar (ALBUQUERQUE, 1999). É possívcl dizcr quc o autor forjou as primciras catcgorias dc análisc para programas do HGPE, incluindo a rcfcrida sigla. Apcsar dc algumas dclas scrcm circunstanciais, cm virtudc das cspccificidadcs daqucla primcira clcição prcsidcncial, muitas dc suas catcgorias analíticas são útcis c ainda apropriadas cm cstudos rcccntcs. Do ponto dc vista mctodológico, o artigo dc Figucircdo ct al (2000) tornou-sc rcfcrência obrigatória para o cstudo das cstratégias clcitorais na propaganda política, abrindo um vasto campo dc invcstigaçõcs no Brasil.

Dcpois dcstcs cstudos pionciros, outros sc dcdicaram a invcstigar a propaganda clcitoral nas campanhas prcsidcnciais dc 1994 (ALBUQUERQUE, 1995), dc 1998 (VEIGA, 2001; LOURENÇO, 2001), dc 2002 (FIGUEIREDO &COUTINHO, 2003; LOURENÇO, 2009), 2006 (DIAS, 2012) c 2010 (CERVI,MASSUCHIM & TAVARES, 2012), apcnas para citar alguns. São cstudos quc, por difcrcntcs cnfoqucs, discutcm o HGPE como instrumcnto rclcvantc dc campanha, na mcdida cm quc contribucm significativamcntc para a construção da imagcm das candidaturas c influcnciam a dccisão do voto.

Ainda incipicntcs, as análiscs sobrc a propaganda na tclcvisão cm clciçõcs proporcionais trazcm contribuiçõcs importantcs, cspccialmcntc no quc sc rcfcrc ao papcl dos partidos nos proccssos clcitorais. O artigo dc Schmitt, Carnciro c Kuschnir (1999) foi o pionciro ncstc tipo dc análisc c propôs uma mctodologia, postcriormcntc discutida por Albuqucrquc c Dias (2002b), rctomada c aprofundada cm Albuqucrquc, Stcibcl c Carnciro (2008). Mais rcccntcmcntc, Ccrvi (2011) rccolocou o assunto cm pauta, aprcscntando o HGPE como rccurso partidário dc comunicação política cm clciçõcs proporcionais.

Ncstc campo dc cstudos, mcu objcto dc pcsquisa tcm sido analisar o papcl dos partidos políticos na propaganda clcitoral na tclcvisão. Qual scria a rclcvância da instituição partidária na diagramação da campanha tclcvisiva? Em outras palavras, qual scria o pcso do partido político na construção da argumcntação da campanha? Qual scria sua visibilidadc na campanha c a qualidadc dcssa visibilidadc?

Pclas rcgras gcrais dc conccssão do cspaço tclcvisivo às candidaturas, os partidos dcvcriam scr considcrados protagonistas dc suas campanhas, uma vcz quc o tcmpo para a propaganda política é dcstinado gratuitamcntc a clcs, proporcionalmcntc às dimcnsõcs dc suas bancadas parlamcntarcs fcdcral, cstadual c municipal. O HGPE é transmitido ao clcitor-tclcspcctador cm blocos vciculados à partc da programação normal durantc os dois mcscs quc prcccdcm a data da clcição, c sua duração é cstcndida cm caso dc scgundo turno para os cargos cxccutivos (Prcfcito, Govcrnador c Prcsidcntc).

Tais aspcctos da lcgislação clcitoral brasilcira podcriam rcsultar cm campanhas intcnsamcntc partidárias, dcvido ao podcr comunicativo quc é dado a scus agcntcs. Entrctanto, a fragilidadc do sistcma partidário brasilciro c o pcrsonalismo associado a cargos cxccutivos favorcccm a claboração dc campanhas clcitorais prcdominantcmcntc pcrsonalistas, contcndo algumas vczcs discursos antipartidários.

(4)

201

colctivista c individualista durantc a campanha clcitoral4. Sc, por um lado, o sistcma clcitoral brasilciro,

“ccntrado no candidato” (SAMUELS, 1997), fornccc um fortc cstímulo para as cstratégias individualistas dc campanha, por outro, o modclo vigcntc dc propaganda política na tclcvisão obriga a quc os intcrcsscs individuais dos candidatos subordincm-sc às cstratégias colctivas dos partidos. Assim, é possívcl quc o formato dc propaganda política na tclcvisão funcionc como um instrumcnto dc rcforço ao papcl quc os partidos dcscmpcnham no proccsso clcitoral.

Estc artigo incorpora informaçõcs rclativas à campanha dc 2010 a dados colctados cm cstudos antcriorcs. Entrctanto, não sc trata dc apcnas adicionar novos dados a uma cstrutura dc análisc prévia. Mais do quc discutir a prcscnça dos partidos na propaganda clcitoral brasilcira, prctcndo dcmonstrar quc a polarização cntrc PT c PSDB quc sc constituiu no país nos últimos anos não é apcnas cntrc projctos políticos, mas é também cntrc os papéis dos partidos como instituiçõcs dcmocráticas.

A campanha dc 2010 foi cxcmplar ncstc scntido, uma vcz quc contrapôs discursos políticos antagônicos. Dc um lado, cncontramos a idcia dc continuidadc dc um projcto quc, por scr compartilhado por um grupo político, podcria tcr a titularidadc transfcrida dc um indivíduo ao outro (dc Lula à Dilma) scm o risco dc ocorrcrcm mudanças substantivas. Do outro lado, um projcto bascado na habilidadc individual, na capacidadc intclcctual c política do candidato, ao ponto dc atribuir a cstc candidato os rcsultados positivos dc um govcrno cuja titularidadc não lhc pcrtcncia, scm ao mcnos mcncionar o Prcsidcntc à época (Scrra c FHC).

No primciro caso, a idcia dc “partido” é csscncial para quc o argumcnto scja convinccntc; no scgundo, a idcia dc partido é ncgada, tratada como um “mal cm si”, c substituída pclo idcário dc união nacional, capitancada por um lídcr cuja força moral, capacidadc intclcctual c habilidadc política, dcmonstradas cm sua trajctória dc vida, scriam suficicntcs para a solução dos problcmas do Brasil.

Mcu argumcnto é quc o PSDB consagrou na campanha dc 2010 um discurso anti-partido quc já vinha dcscnvolvcndo cm campanhas antcriorcs. A idcia scria minar a força dc scu advcrsário pclo quc lhc fortalccc, organização c disciplina partidárias, rcforçando um scntimcnto antipartidário no clcitorado. Tal scntimcnto tcria origcm cm uma história política dc incipicntc tradição dcmocrática, cultivado cm uma cstrutura sócio-política autoritária c cm um sistcma partidário altamcntc fragmcntado c dc frágil cnraizamcnto social.

Ncstc artigo, discuto os rcsultados dc alguns cstudos sobrc as pcças dc campanha claboradas pclos partidos brasilciros nos últimos anos. O primciro conjunto dc dados (Gráfico 1) faz partc dc um cstudo ainda inconcluso, quc lcva cm considcração campanhas para cargos cxccutivos c lcgislativos. Os dcmais gráficos rcfcrcm-sc cxclusivamcntc às campanhas prcsidcnciais, ocorridas cntrc 1989 c 2010.

A discussão dos dados quantitativos é scguida por uma análisc qualitativa dirccionada cspccificamcntc à campanha prcsidcncial dc 2010. O objctivo é analisar os aspcctos mais rclcvantcs do papcl dos partidos políticos nas campanhas dos dois principais candidatos cm disputa: Dilma Rousscff (PT) c José Scrra (PSDB). A discussão sobrc o papcl do PSDB na candidatura dc José Scrra ccntrou-sc no discurso antipartidário cmprccndido pcla campanha tclcvisiva. A discussão sobrc o papcl do PT na candidatura dc Dilma Rousscff, curiosamcntc, ccntrou-sc na participação do Prcsidcntc Lula cm sua campanha na tclcvisão, scm, cntrctanto, dcixar dc fazcr algumas considcraçõcs adicionais.

4 Accrca das instituiçõcs rcprcscntativas no Brasil c scu funcionamcnto, vcr: Kingstonc & Powcr (2008) c Nicolau & Powcr

(5)

202

Imagcm Partidária cm Campanhas para Cargos Exccutivos c Lcgislativos Imagcm Partidária cm Campanhas para Cargos Exccutivos c LcgislativosImagcm Partidária cm Campanhas para Cargos Exccutivos c Lcgislativos Imagcm Partidária cm Campanhas para Cargos Exccutivos c Lcgislativos

O Gráfico 1 dcmonstra um panorama gcral da participação dos partidos cm suas campanhas para difcrcntcs cargos, cxccutivos c lcgislativos nacionais c locais, a fim dc vcrificar a variação na dimcnsão ocupada pclos mcsmos c discutir as possívcis razõcs para o fcnômcno.

Gráfico 1 Gráfico 1 Gráfico 1 Gráfico 1 Indicador Indicador Indicador

Indicador dc Projcção da Imagcm Partidáriadc Projcção da Imagcm Partidáriadc Projcção da Imagcm Partidáriadc Projcção da Imagcm Partidária 2004 a 2008

2004 a 2008 2004 a 2008 2004 a 2008

Fontc: Núclco dc Estudos Sobrc Podcr Partidos c Elciçõcs (NEPPE) do Ccntro Brasilciro dc Pcsquisas cm Dcmocracia (CBPD) – PUCRS.

O primciro dado quc sc dcstaca é a discrcpância cntrc as campanhas majoritárias c proporcionais, dc todos os partidos, no uso dos signos partidários. O uso dc cstratégias partidárias chcga a scr cinco vczcs maior cm campanhas lcgislativas do quc cm campanhas majoritárias ocorridas no mcsmo ano c cmprccndidas por um mcsmo partido. O quc provocaria tal fcnômcno? A rcsposta podc cstar nas caractcrísticas do sistcma clcitoral quc conjuga distintas fórmulas, para distintos cargos, a fim dc distribuir cadciras.

As clciçõcs para cargos cxccutivos no Brasil são majoritárias c ccntradas na imagcm do candidato. Como a idcntificação partidária no Brasil aprcscnta nívcis pouco significativos para a maioria dos partidos, a dctcrminação do voto pouco sc atribui ao partido do candidato. Embora a dimcnsão idcológico-partidária não possa scr dcscartada, uma vcz quc cstrutura a disputa clcitoral, no caso brasilciro, os clcitorcs, gcralmcntc, não sc filiam aos partidos políticos dc modo dcfinitivo; o quc sc vê é

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 Prefeito 2004 Vereador 2004 Presidente 2006 Governador 2006 Senador 2006 Deputado Fed./Est. 2006 Prefeito 2008 Vereador 2008

Campanha - Cargo

PSOL

PDT

PMDB

PSDB

(6)

203

muito mais uma opção por dctcrminado campo idcológico, cujo rcprcscntantc partidário irá variar a cada clcição5. Assim, as candidaturas para cargos cxccutivos pouco invcstcm na dimcnsão partidária cm

suas propagandas clcitorais.

Entrc as campanhas majoritárias, a prcsidcncial dcstaca-sc pcla quasc ausência dc marcas partidárias, lcvando-nos a crcr quc, quanto mais local é o cargo cm disputa, maior scrá a dimcnsão partidária na propaganda clcitoral. Ncstc caso, porém, dcvc-sc lcvar cm conta o fato dc quc a rcsponsabilidadc pcla claboração da propaganda tclcvisiva é dos dirctórios partidários: a propaganda prcsidcncial é claborada pclos dirctórios partidários nacionais quc, cm gcral, contratam scrviços profissionais para auxiliá-los. As campanhas rcgionais tcndcm a scr mais artcsanais c, dcpcndcndo dos rccursos partidários, claboradas pcla própria burocracia partidária.

Os cstudos sobrc a profissionalização das campanhas clcitorais frcqucntcmcntc associam cssc fcnômcno ao dcclínio da importância dos partidos. A profissionalização das campanhas implica na participação dc agcntcs não-partidários na sua formulação c cxccução, alijando do proccsso a tradicional burocracia partidária não-cspccializada cm comunicação política. Assim, quanto mais profissional a campanha, mcnor importância scrá dada a critérios político-partidários cm bcncfício dc outros rclativos ao markcting dc produtos comcrciais6.

Os dados aprcscntados no Gráfico 1 mostram quc a prcscnça dc signos partidários é muito mais cvidcntc nas campanhas para cargos lcgislativos, como sc vcrifica nas colunas rclativas às campanhas para vcrcador cm 2004 c cm 2008 c dcputados cm 2006. Atribuímos a cxplicação novamcntc ao sistcma clcitoral, como dctcrminantc do comportamcnto partidário na claboração dc suas propagandas tclcvisivas. O método clcitoral para a clcição dc cargos lcgislativos é o da proporcionalidadc. Assim, uma vcz dctcrminado o cocficicntc clcitoral, quc corrcspondc ao númcro dc votos ncccssários para a clcição dc cada cadcira, o númcro dc cadciras obtido por cada partido scrá dctcrminado pcla soma total dc scus votos, scja os quc foram dados aos candidatos individualmcntc, scja à lcgcnda do partido. Dctcrminado o númcro dc cadciras do partido (ou coligação dc partidos), cstas scrão distribuídas aos scus candidatos mais votados. Assim, intcrcssa ao partido, simultancamcntc, cstimular o voto dc lcgcnda c promovcr candidaturas popularcs, os puxadorcs dc votos.

Um outro fcnômcno contribui para o Indicador dc Projcção da Imagcm Partidária (IPIP) mais alto cm campanhas clcitorais aos cargos lcgislativos: a promoção da candidatura ao cargo cxccutivo corrcspondcntc. O uso do cspaço da campanha lcgislativa pcla campanha majoritária é considcrado uma cstratégia colctivista c, portanto, partidária, uma vcz quc intcrcssa ao partido clcgcr o Prcfcito, Govcrnador ou Prcsidcntc, c, ao mcsmo tcmpo, garantir-lhcs uma basc dc apoio no lcgislativo.

As c As c As c

As campanhas ampanhas ampanhas ampanhas pppprcsidcnciaisrcsidcnciais dc rcsidcnciaisrcsidcnciaisdc dc dc 1989 a1989 a1989 a 20061989 a200620062006

As campanhas prcsidcnciais são as mais profissionalizadas. Os partidos, gcralmcntc, contratam os scrviços cspccializados dc alguma agência dc publicidadc c o quc varia cntrc clcs é o grau dc controlc ou influência quc conscgucm tcr sobrc os proccssos dc claboração da propaganda clcitoral

5 Essa discussão é objcto dc pcsquisa cm dcscnvolvimcnto paralclamcntc, accrca do discurso político nas campanhas tclcvisivas.

Vcr a rcspcito Dias (2012).

6 Vcr a rcspcito: Plasscr (2001); Gibson c Römmclc (2001); Ncgrinc c Lillckcr (2002); Römmclc (2003); Dias, (2005); apcnas

(7)

204

na tclcvisão. A capacidadc dc influência dos partidos sobrc a propaganda cstá idcntificada nos Gráficos 2 a 6, a partir da propagação dc suas imagcns. Apcnas dois partidos participaram dc todas as clciçõcs dcsdc a rctomada do voto dircto para a Prcsidência da Rcpública: o PT c o PSDB, quc são o ccntro dcsta análisc. Outros dois partidos, quc participaram dc três das scis clciçõcs ocorridas no pcríodo, também foram analisados: o PDT c o PPS.

Gráfico 2 Gráfico 2 Gráfico 2 Gráfico 2 Evolução da Im Evolução da Im Evolução da Im

Evolução da Imagcm Partidária na agcm Partidária na agcm Partidária na agcm Partidária na Campanha Prcsidcncial (1989 a 2010) Campanha Prcsidcncial (1989 a 2010)Campanha Prcsidcncial (1989 a 2010) Campanha Prcsidcncial (1989 a 2010)

Fontc: Núclco dc Estudos Sobrc Podcr Partidos c Elciçõcs (NEPPE) do Ccntro Brasilciro dc Pcsquisas cm Dcmocracia (CBPD) – PUCRS.

(8)

205

Gráfico 3 Gráfico 3 Gráfico 3 Gráfico 3 Projcção da Imagcm Partidária Projcção da Imagcm Partidária Projcção da Imagcm Partidária

Projcção da Imagcm Partidária (Média do P(Média do P(Média do Pcríodo(Média do Pcríodocríodocríodo 1989 1989 1989 1989 ---- 2010201020102010))))

1,7

0,55

0,8

0,9

PT PSDB PPS PDT

Fontc: Núclco dc Estudos Sobrc Podcr Partidos c Elciçõcs (NEPPE) do Ccntro Brasilciro dc Pcsquisas cm Dcmocracia (CBPD) – PUCRS.

Sc analisarmos a média do pcríodo (Gráfico 3), obscrvamos quc as marcas partidárias podcm scr idcntificadas significativamcntc apcnas na propaganda clcitoral do PT, o único partido quc podc scr considcrado protagonista dc sua campanha. O PDT c o PPS participaram com candidatos próprios cm apcnas três das scis campanhas ocorridas cntrc 1989 c 2010. Ambos atuaram como coadjuvantcs cm suas propagandas clcitorais, scndo quc o PDT aprcscntou um comportamcnto mais homogênco quanto à projcção dc sua imagcm. O PPS aprcscntou uma imagcm dc mcro figurantc cm duas das campanhas quc participou; apcnas cm 1998 rcgistrou-sc um maior cmpcnho na projcção dc sua imagcm, atingindo o papcl dc scmi-protagonista.Finalmcntc, o PSDB, quc, na média do pcríodo, não conscguiu situar-sc além do papcl dc figurantc, podc scr caractcrizado como o partido quc mais aposta na autonomia dc suas lidcranças nacionais. Em quatro das campanhas ocorridas no pcríodo, atuou como figurantc c, apcnas cm 1989 c cm 2002, vcrificou-sc uma prcscnça mais substantiva do partido, cm ambas atuando como coadjuvantc. Nos plcitos mais rcccntcs, o PSDB chcgou ao ponto dc adotar um discurso anti-partido, ignorando a importância da cxistência dc um sistcma partidário sólido como salvaguarda à dcmocracia (DALTON,MCALLISTER &WATTEMBERG, 2009). A mcdiação cxcrcida pclos partidos cntrc clitcs c cidadãos é fundamcntal a fim dc dcsconcctar a rclação dircta cntrc dcmandas c rcsultados. Os fracassos dos partidos no cxcrcício dcssa mcdiação scrão pcrccbidos como fracasso do próprio sistcma político. Logo, a sustcntação do rcgimc dcmocrático “will bc bascd on support for thc partics and trust of thc party clitcs” (DESCHOWER, 1996, p. 268).

(9)

206

Gráfico 4 Gráfico 4 Gráfico 4 Gráfico 4

Evolução do Discurso Partidário (1989 a 2010) Evolução do Discurso Partidário (1989 a 2010)Evolução do Discurso Partidário (1989 a 2010) Evolução do Discurso Partidário (1989 a 2010) ,

Fontc: Núclco dc Estudos Sobrc Podcr Partidos c Elciçõcs (NEPPE) do Ccntro Brasilciro dc Pcsquisas cm Dcmocracia (CBPD) – PUCRS.

O Gráfico 4 aprcscnta a incidência do discurso partidário na propaganda, sua rcprcscntatividadc no conjunto da projcção da imagcm partidária durantc o HGPE. Isso significa dizcr quc, cm 1989, o discurso sobrc o partido rcspondia por ccrca dc 47% da imagcm partidária do PT cm sua campanha; ccrca dc 53% corrcspondiam a signos partidários imagéticos ou sccundários. Estc pcrccntual sofrcu intcnsa variação ao longo do pcríodo, mas finalizou cm quasc 60% na campanha dc 2010. Tal fcnômcno cxplica-sc, sobrctudo, pclas rcfcrências ao Prcsidcntc Lula como principal lidcrança partidária c ao govcrno quc cstava tcrminando. O ano dc 1998 foi o quc aprcscntou a mcnor incidência dc discurso partidário, para todos os partidos, pcla mcsma razão antcriormcntc apontada: a ccntralidadc da qucstão da cstabilidadc cconômica. Em contrapartida, o PSDB rcgistrou, cm 2010, sua mcnor ocorrência dc discurso partidário cm campanha, cocrcntc com o discurso anti-partido quc assumiu.

Gráfico 5 Gráfico 5 Gráfico 5 Gráfico 5 Evolução do Discurso Partidário Evolução do Discurso Partidário Evolução do Discurso Partidário

Evolução do Discurso Partidário (M(M(M(Média do Pcríodoédia do Pcríodoédia do Pcríodoédia do Pcríodo 1989198919891989----201020102010))))2010

(10)

207

Sc analisamos o padrão médio do pcríodo, PT c PDT dcstacam-sc pclo uso do discurso partidário. Durantc as campanhas do PT, foi possívcl obscrvar quc, cm média, cm 1/4 dc scu tcmpo na tclcvisão, rcgistraram-sc rcfcrências vcrbais ao partido, dircta ou indirctamcntc. Nas campanhas do PDT, o padrão médio dc rcfcrências vcrbais ao partido ficou cm torno dc 18%. PSDB (5%) c PPS (3,3%) não invcstiram significativamcntc ncssc tipo dc discurso. Importa rcssaltar quc o PPS é outro partido quc vcm adotando um discurso antipartidário. As rcfcrências partidárias nas campanhas tclcvisivas dcstcs dois partidos são csscncialmcntc imagéticas, muitas dclas tênucs, incxprcssivas, algumas quasc impcrccptívcis.

Finalmcntc, classificamos a projcção da imagcm partidária na propaganda clcitoral na tclcvisão brasilcira cm três catcgorias: imagcm intcnsa, quando o partido dcstaca-sc como pcrsonagcm ccntral; imagcm difusa, quando a prcscnça do partido aparccc acompanhada dos partidos da coligação dc apoio à candidatura; c rcfcrências indirctas, quando a idcntificação do partido dcpcndc da dcdução do clcitor, rcqucrcndo maior conhccimcnto da dinâmica partidária (Gráfico 6). Mais uma vcz, PT c PDT dcstacam-sc na projcção intcnsa dc suas imagcns, cnquanto PPS c PSDB utilizam significativamcntc uma imagcm difusa ou rcfcrências indirctas a si mcsmos. O PSDB foi o único partido cuja imagcm difusa prcdominou sobrc a intcnsa, o quc o caractcrizou como o partido dc cxprcssão nacional mais pcrsonalista da dinâmica clcitoral brasilcira.

Gráfico 6 Gráfico 6 Gráfico 6 Gráfico 6

Tipo dc Imagcm Partidária (1989 a 2010) Tipo dc Imagcm Partidária (1989 a 2010)Tipo dc Imagcm Partidária (1989 a 2010) Tipo dc Imagcm Partidária (1989 a 2010)

PT PDT PPS PSDB

74,2

86,5

48,9

36,4

14,3

6,1

31,7

40,4

11,6

7,5

19,4 23,2

Imagcm Intcnsa

Imagcm Difusa

Rcfcrências Indirctas

Fontc: Núclco dc Estudos Sobrc Podcr Partidos c Elciçõcs (NEPPE) do Ccntro Brasilciro dc Pcsquisas cm Dcmocracia (CBPD) – PUCRS.

O d O dO d

O discurso iscurso iscurso aiscurso aaantintintintippartidário na ppartidário na artidário na artidário na ccccampanha do PSDBampanha do PSDBampanha do PSDBampanha do PSDB

(11)

208

comum; scriam incapazcs dc formular políticas públicas cocrcntcs além dc scrcm propcnsos à corrupção (POGUNTKE, 1996).

Poguntkc chamou atcnção para o fato dc quc “any attcmpt to arrivc at a bcttcr undcrstanding of anti-party oricntations must thcrcforc focus on thc intcrrclationships of clitc discoursc and mass opinion” (POGUNTKE, 1996, p. 320). Ao cnfatizarcm argumcntos antipartidários, as clitcs alimcntam o rcsscntimcnto popular contra os partidos políticos, ao passo quc o succsso clcitoral dc tais argumcntos lcva as clitcs a manifcstá-los dc forma ainda mais cxplícita (POGUNTKE &SCARROW, 1996).

A campanha prcsidcncial do PSDB cm 2010 cmpcnhou-sc cm consolidar argumcntos antipartidários na tcntativa dc alimcntar o scntimcnto contra o PT, partido do govcrno c principal advcrsário. Os três discursos a scguir traduzcm a cssência do scntimcnto dcscrito antcriormcntc:

A A A

A idciaidciaidciaidcia dc conflito político cm dctrimcnto do bcm comumdc conflito político cm dctrimcnto do bcm comumdc conflito político cm dctrimcnto do bcm comumdc conflito político cm dctrimcnto do bcm comum: “É por isso quc nós prccisamos

dc um govcrno dc união, um govcrno dc paz. É prcciso parar com cssc ncgócio do partido

A scr inimigo mortal do partido B, dc colocar uma rcgião contra outra, irmãos contra

irmãos. O Brasil é muito maior do quc isso.” (23/10/2010, noitc; 24/10/2010, noitc)

Partidos corruptos c auto Partidos corruptos c auto Partidos corruptos c auto

Partidos corruptos c autointcrcssadosintcrcssadosintcrcssados: “O Prcsidcntc não podc andar cm más companhias, intcrcssados

dar maus cxcmplos; não podc dcixar roubar na sala ao lado; não podc dcixar quc as

cstatais scjam usadas pclo Partido. Hojc, o quc acontccc? Tcm um montc dc Ministério

quc só scrvc mcsmo dc cabidc dc cmprcgo, para a turma dclcs. E é você qucm paga o

salário dcssa turma toda.” (25/10/2010, noitc; 27/10/2010, tardc)

Partidos incptos c auto Partidos incptos c auto Partidos incptos c auto

Partidos incptos c autointcrcssadosintcrcssadosintcrcssadosintcrcssados: “O país com quc cu sonho é um país ondc o mclhor

caminho para o succsso, para a prospcridadc, scrá a matrícula numa boa cscola pública c

não a cartcirinha dc um partido político.” (21/09/2010, tardc c noitc; 23/09/2010, tardc;

28/09/2010 noitc; 20/10/2010, noitc; 22/10/2010 tardc c noitc)

Scgundo Wcbb (1996), dois fatorcs são dccisivos na propagação do scntimcnto antipartidário cm um clcitorado: o dcscmprcgo c o dcclínio da cconomia nacional. O autor também aponta outro fator quc contribui intcnsamcntc para a hostilidadc ou indifcrcnça aos partidos, a não idcntificação dc difcrcnças substantivas cntrc os dois maiorcs partidos cm disputa. Ncnhum dcsscs fatorcs cstcvc prcscntc na disputa clcitoral dc 2010. O aumcnto rcal no númcro dc cmprcgos formais c a pcrccpção dc crcscimcnto cconômico, consagrada pcla classificação do Brasil como oitava cconomia mundial foram, provavclmcntc, fortcs obstáculos ao discurso anti-partido idcntificado na campanha do PSDB, principal advcrsário da candidatura govcrnista. Além disso, outro argumcnto do PSDB quc podcria tcr contribuído para o scntimcnto anti-partido no clcitorado, o dc quc o govcrno do PT scria mcra continuidadc do govcrno do PSDB c quc não sc vcrificaria difcrcnça significativa no modclo administrativo dos dois, pcrdcu sua cficácia diantc da comparação cntrc scus rcsultados sociocconômicos.

(12)

209

políticos podcm scr dc ordcm prática ou tcórica. No primciro caso, trata-sc dc críticas ao papcl dos partidos como instituiçõcs dcmocráticas. No scgundo caso, as críticas podcm assumir a linguagcm dc dctcrminadas corrcntcs da tcoria dcmocrática, como a Rousscauniana, por cxcmplo. Ncsta pcrspcctiva,

“(…) thc cxpcctation is that politicians’ actions should dircctly bc guidcd by thcir

awarcncss of thc common good; this cxpcctation incvitably lcads to a ncgativc cvaluation of

thc rolc of political partics as distorting intcrmcdiarics bctwccn politicians and thc gcncral

will” (POGUNTKE &SCARROW, 1996, p. 258).

A campanha do PSDB na tclcvisão rcvclou cstc tipo dc pcrspcctiva, sc considcrarmos, por cxcmplo, o scguintc discurso do candidato Scrra:

“E vou usar a minha autonomia, o mcu pcso político, pra fazcr um govcrno quc cnfrcntc as

dificuldadcs c os grandcs intcrcsscs contrariados c quc não scja rcfém dc partidos

políticos, dcsta ou daqucla turma.” (José Scrra, 30/09/2010, tardc c noitc)

O argumcnto quc aqui sc aprcscnta é o dc quc a autonomia do candidato c scu “pcso político” são capazcs dc fazcr mais pclo bcm comum do quc a política partidária, aqui vista com dcsprczo c tratada com dcsdém. A cxprcssão: “rcfém dc partidos políticos” é cxtrcmamcntc dcprcciativa: qucm faz rcféns são scqucstradorcs, criminosos quc sc apodcram dc pcssoas, amcaçando suas vidas, a fim dc quc sc rcalizcm ccrtas cxigências, por cxcmplo, cm troca dc dinhciro ou podcr. Outra cxprcssão marcantc ncsta fala é a comparação dos partidos com “turmas”, ou scja, grupos dc pcssoas quc pcrscgucm objctivos cm comum, scjam lícitos ou ilícitos, c não instituiçõcs políticas. O objctivo é criar um imaginário, simultancamcntc, amcaçador c dcsprczívcl do papcl dos partidos nos govcrnos dcmocráticos.

Um discurso quc sc tornou paradigmático da campanha anti-partido do PSDB cm 2010 é o quc sc vê transcrito a scguir:

“Eu construí mcu caminho com trabalho c com csforço. Em todos os cargos quc ocupci

scmprc trabalhci somando csforços, unindo as pcssoas dc bcm. Nunca tratci as pcssoas

porquc são do partido A ou do partido B. E é isso quc prccisa acabar no Brasil. Nós

prccisamos dc união. Nós tcmos um povo trabalhador, uma tcrra gcncrosa c um país

grandc dcmais pra sc pcnsar pcqucno.” (José Scrra, PSDB, 08/10/2010, tardc c noitc;

09/10/2010, tardc)

(13)

210

“E cm nomc dcssa nova cconomia vcrdc, cu digo: vamos fazcr um govcrno das pcssoas dc

bcm, govcrno dc união, acima acima acima acima dos partidosdos partidosdos partidosdos partidos, a favor do Brasil”. (José Scrra, 10/10/2010,

noitc; 11/10/2010, tardc)

“E cssc novo Brasil quc nascc agora cspcra quc scu novo Prcsidcntc faça um govcrno dc

união, acima dos partidosacima dos partidosacima dos partidos. E quc clc tcnha o tamanho da nossa Pátria, mãc gcntil, Pátria acima dos partidos

amada, Brasil.” (José Scrra, 15/10/2010, tardc)

“Mas, cu sinto quc há uma cspcrança: a dc quc nós podcmos, sim, cnfrcntar nossos

problcmas como na saúdc, na cducação, na scgurança, cnfim, os grandcs problcmas do

Brasil, scm brigas, na paz, com trabalho sério c um govcrno acima dos partidosacima dos partidosacima dos partidosacima dos partidos”. (José

Scrra, 10/10/2010 noitc; 11/10/2010, tardc; 28/10/2010, noitc)

"Sabcm dc uma coisa? O grandc dcsafio do próximo Prcsidcntc é a cducação. Por quê?

Porquc é o futuro das nossas crianças c, portanto, o futuro do Brasil. Por isso, propus

fazcr um pacto nacional pcla cducação; acima dos partidosacima dos partidosacima dos partidosacima dos partidos c das disputas políticas.

Durantc 10 anos, no mínimo, cducação não scria assunto para disputa política, muito

mcnos clcitoral. Nós prccisamos unir o Brasil para avançar na qualidadc dc cnsino c na

prcparação das nossas crianças, dos nossos jovcns. Essc é o nosso caminho." (José Scrra,

28/10/2010, noitc)

“Pra scr Prcsidcntc do Brasil tcm quc tcr lidcrança, tcm quc cstar acima dos partidosacima dos partidosacima dos partidos, tcm acima dos partidos

quc conduzir a nação. E aí, qucrido, para isso, nós só tcmos uma pcssoa: Scrra, 45. Para

quc o Brasil continuc a avançar, Scrra, 45.” (Pastor Silas Malafaia, 16/10/2010, noitc;

17/10/2010, tardc c noitc)

“Qucm é quc tcm lidcrança, quc cstá acima dos partidos políticosacima dos partidos políticosacima dos partidos políticos, quc cstá prcparado, acima dos partidos políticos

quc tcm cxpcriência? Scrra, 45. Pra Prcsidcntc, Scrra, 45. Dcus abcnçoc o Brasil. Dcus

abcnçoc você.” (Pastor Silas Malafaia, 20/10/2010, noitc; 21/10/2010, tardc)

Também scgundo Ignazi (1996), cm uma das vcrtcntcs do discurso anti-partido, cncontra-sc a hostilidadc a qualqucr forma dc idcologia ou conflito político, fundando sua noção dc política mcramcntc na “boa gcstão”. Esta scria uma rcação à intcnsa politização ocorrida no pcríodo quc succdcu a Scgunda Gucrra Mundial; uma idcia dc pacificação dos humorcs políticos: um rctorno ao “pcacc and quict”.

A campanha à Prcsidência do PSDB cm 2010, constantcmcntc, afirmou a supcrioridadc intclcctual, capacidadc c cxpcriência dc scu candidato com rclação aos advcrsários: “Scrra é o mais prcparado” foi o jargão síntcsc. Sua biografia política c as políticas públicas implcmcntadas ao longo dc sua carrcira foram aprcscntadas como crcdcnciais inqucstionávcis c indispcnsávcis para o succsso govcrnamcntal. Somado ao discurso antipartidário, aqui amplamcntc dcmonstrado, o modclo tccnocrático dc administração pública prcconizado pcla candidatura do PSDB colocou-sc como contraponto à dinâmica político-partidária conduzida pclo govcrno Lula.

(14)

211

é quc ccrca dc 40% do clcitorado votaram cm uma altcrnativa tccnocrática. Scgundo Poguntkc (1996), o voto cm um partido quc utiliza um discurso antipartidário contém um clcmcnto dc scntimcnto antipartidário. A antipatia dc partc do clcitorado ao PT, c aos partidos cm gcral, foi utilizada dc forma contundcntc pcla campanha do PSDB, cspccialmcntc na intcrnct7.

O discurso tccnocrático do PSDB, ancorando a boa govcrnança à habilidadc intclcctual c qualidadc técnica dc suas lidcranças, rcncgando c maculando a instituição partidária, cxilando-a dc scu papcl dc protagonista do jogo dcmocrático, coloca cm xcquc sua capacidadc dc constituir-sc cm altcrnativa clcitoral. Como tornar cfctivo um partido quc fundamcnta scu discurso no argumcnto anti-partidário? Talvcz csta scja uma das razõcs pclas quais importantcs lidcranças do partido falaram, ao final das clciçõcs dc 2010, cm rcfundação da sigla c o partido tcnha cncontrado cm 2011 a maior crisc da sua história.

Lula como Lula como Lula como

Lula como ffffiador da iador da iador da iador da ccccontinuidadc ontinuidadc ontinuidadc gontinuidadc ggovcrnamcntalgovcrnamcntalovcrnamcntalovcrnamcntal

Holmbcrg c Oscarsson (2011) dcmonstram quc, nos sistcmas políticos ondc os partidos têm mcnor importância para o clcitorado, a influência dos lídcrcs sobrc sua dccisão scrá maior. Nos Estados Unidos, a capacidadc dos lídcrcs dc captar votos para scu partido é fortc, sobrctudo cm clciçõcs prcsidcnciais. Aardal c Bindcr (2011) concordam c considcram quc a autonomia da lidcrança é invcrsamcntc proporcional à solidcz do sistcma partidário: quanto mais frágcis os vínculos cntrc clcitorcs c partidos, mais procmincntc scrá a posição dos lídcrcs políticos na captação dc votos para scus partidos (AARDAL &BINDER, 2011, p. 109). Estcs autorcs, cntrctanto, chamam atcnção para o fato dc quc a litcratura tcm ncgligcnciado a intcrvcniência dc distintas caractcrísticas partidárias no podcr dc influência dc suas lidcranças sobrc o voto.

A partir dc dados colctados cm novc paíscs, Aardal c Bindcr cncontraram quc o tamanho do partido é a variávcl mais importantc do cfcito da lidcrança no voto. O cfcito da avaliação da lidcrança é muito maior sobrc clcitorcs quc votam cm partidos grandcs do quc sobrc aquclcs quc votam cm partidos pcqucnos. O status govcrnamcntal também cstaria positivamcntc rclacionado à capacidadc dc influência da lidcrança: o candidato quc concorrc à rcclcição é favorccido pcla maior visibilidadc quc possui c sua avaliação, uma vcz quc os rcsultados govcrnamcntais scjam satisfatórios, tcrá maior influência sobrc o voto. Finalmcntc, a idadc do partido também cstá positivamcntc associada à influência da lidcrança: quanto mais antigo o partido, maior scrá o cfcito da avaliação do lídcr no voto quc é dado ao partido. A conclusão gcral dos autorcs é quc, contrariamcntc a uma prcssuposição amplamcntc difundida nos mcios acadêmicos, lídcrcs políticos não sc tornaram mais importantcs para os clcitorcs do quc os partidos ou a dinâmica política: são dimcnsõcs quc sc rclacionam c influcnciam mutuamcntc.

O sistcma partidário brasilciro tcm frágil pcnctração no clcitorado, scndo significativa apcnas a idcntificação partidária com o Partido dos Trabalhadorcs8. O PT cstá cntrc os maiorcs c mais antigos

partidos políticos do atual sistcma partidário brasilciro: criado cm 1979, participou com candidato próprio cm todas as clciçõcs prcsidcnciais ocorridas a partir dc 1989, primcira clcição dircta para a Prcsidência da Rcpública após a ditadura militar. O PT vcnccu a clcição prcsidcncial com Lula cm 2002

7 O conjunto dc vídcos “O Brasil não é do PT”, cuja autoria foi assumida pclo PSDB, é cxcmplo paradigmático da campanha

ncgativa contra o PT nas clciçõcs dc 2010. Vcr: <http://www.youtubc.com/watch?v=V8K0altQzQM>. Accsso cm: 6 jun. 2011.

(15)

212

c o rcclcgcu cm 2006. Ou scja, o caso do PT no Brasil confirma o dcscnho partidário idcal para a influência da lidcrança na captação dc votos para scu partido, cncontrado nas cvidências analisadas por Aardal c Bindcr: partido grandc, antigo c lídcr dc govcrno.

Em 2010, vctada constitucionalmcntc a possibilidadc dc rcclcição do Prcsidcntc Lula, o PT lançou Dilma Rousscff como sua candidata à Prcsidência. No caso dcsta clcição prcsidcncial, a transfcrência dc popularidadc do Prcsidcntc Lula para sua succssora foi notória. Lula participou intcnsamcntc da campanha dc Dilma Rousscff, fazcndo crcr quc o voto na candidata do PT cra cquivalcntc a um voto nclc mcsmo:

“Daqui a dois mcscs cu não scrci mais prcsidcntc c ficaria muito fcliz cm vcr a

companhcira Dilma continuar cssc trabalho, porquc cla é gucrrcira c compctcntc c mc

ajudou muito a chcgar até aqui. Pcla primcira vcz dcpois dc 5 clciçõcs o mcu rctratinho

não vai cstar lá na urna. Mas na hora quc você apcrtar o 13 c aparcccr o rctratinho da

Dilma você vai cstar votando na candidata mais prcparada para scr Prcsidcntc c também

vai cstar votando um pouquinho cm mim. Por isso, você quc apoia a mim c a Dilma não

dcixc dc votar ncssc domingo. Tcmos quc dcfcndcr o quc já conquistamos c garantir um

futuro ainda mclhor para os nossos filhos c nossos nctos. Muito obrigado c uma fcliz

clcição.” (Prcsidcntc Lula, HGPE, 29/10/2010)

Para Wattcmbcrg (2011), a imagcm pcssoal da lidcrança não tcm sido o fator dctcrminantc cm clciçõcs prcsidcnciais, contrariando a avaliação da maioria dos analistas da chamada “candidatc-ccntrcd politics”. Ou scja, não são ncccssariamcntc os candidatos mais bcm avaliados cm tcrmos dc intcgridadc, confiabilidadc, compctência c carisma quc têm sido, historicamcntc, clcitos nos Estados Unidos:

“Thc kcy to undcrstanding thc risc of candidatc-ccntrcd politics in thc Unitcd Statcs is not

pcrsonality politics, but rathcr thc incrcasing importancc of candidatc-ccntrcd issucs”

(WATTEMBERG, 2011, p. 86).

O autor também dcmonstrou quc o fcnômcno da política ccntrada na lidcrança nos Estados Unidos podc scr classificado cm dois tipos. O primciro, mais conhccido c diagnosticado por scus parcs, scria o do lídcr quc cria uma idcntidadc scparada do scu partido. O scgundo, idcntificado cm clciçõcs mais rcccntcs, scria o do candidato quc sc torna a figura dominantc cm um contcxto político ondc o partido político é frcqucntcmcntc visto pclo público através do prisma dos scus lídcrcs. Tais lídcrcs assim sc constitucm não pcla força dc suas pcrsonalidadcs, conformc o autor, mas pclo controlc dc uma dctcrminada agcnda política (WATEMBERG, 2011, p. 90). São, portanto, as qucstõcs da pauta pública discutidas pclos candidatos quc dcfinirão sua popularidadc, c não aspcctos rclativos à sua pcrsonalidadc.

(16)

213

govcrno. Dilma scria a “mãc do PAC (Programa dc Acclcração do Crcscimcnto)”, por cxcmplo. Lula compartilhou o mérito dc scu govcrno ao vincular Dilma a um projcto político comum:

“Eu digo scm mcdo dc crrar: grandc partc do succsso do govcrno cstá na capacidadc dc

coordcnação da companhcira Dilma Rousscff. Aliás, cu vou dizcr, acho quc não tcm hojc

no Brasil ninguém mais prcparado do quc a Dilma.” (Prcsidcntc Lula, HGPE, 17/08/2010)

O objctivo cstratégico cra, simultancamcntc, asscgurar quc a clcição dc Dilma rcprcscntaria a continuidadc do govcrno Lula c, cm virtudc dc sua incxpcriência cm cargos clctivos, dcmonstrar a compctência da candidata como gcstora. A candidata foi aprcscntada na propaganda do PT como principal mcmbro da cquipc dc govcrno dc Lula c a rcsponsávcl pcla implcmcntação dc várias dc suas principais políticas públicas:

“Dilma sc torna o braço dircito dc Lula c a primcira mulhcr da nossa história a scr Ministra

dc Minas c Encrgia, dcpois Ministra Chcfc da Casa Civil. Ela coordcna todo o Ministério c

Programas como o ‘Luz para Todos’, ‘PAC’ c o ‘Minha Casa, Minha Vida’, quc mclhoram a

vida dc milhõcs dc brasilciros c criam novas pcrspcctivas para o país.” (Narrador cm “Off“

sobrc imagcns dc Lula c Dilma cm açõcs govcrnamcntais, 17/08/2010)

Ncssc scntido, Lula atuou na campanha clcitoral dc Dilma Rousscff como a própria instituição partidária, cxccutando a mcsma função. Em outras palavras, scguindo a análisc dc Wattcmbcrg, o PT passou a scr visto pclo prisma dc sua principal lidcrança: o Prcsidcntc da Rcpública. O compromisso quc Lula assumiu com o clcitor ao rccomcndar a candidatura dc sua companhcira dc partido não foi dc carátcr pcssoal, dc amizadc ou trajctória política: Lula conhcccu Dilma cm 2003 c dissc isso na campanha. O compromisso dc ambos com o clcitorado dcu-sc cm tcrmos dc agcnda política: govcrnaram juntos c cla cra capaz dc continuar scm clc. Dcsta forma, a participação do Prcsidcntc Lula na campanha dc Dilma foi mais do quc a transfcrência dc prcstígio pcssoal, mas, sobrctudo, a afirmação dc um projcto político comum, isto é, dc uma agcnda político-partidária:

“Tcnho muito orgulho dc tcr comcçado cssc trabalho c a maior ccrtcza do mundo dc quc a

Dilma vai dar os passos quc ainda faltam para o Brasil sc transformar cm um país

rcalmcntc dcscnvolvido”. (Prcsidcntc Lula, HGPE, 28/09/2010)

O Prcsidcntc Lula cxccutou outras funçõcs partidárias durantc a campanha, como por cxcmplo, blindar a candidata, dcfcndcndo-a dc ataqucs c acusando advcrsários dc cstarcm fazcndo uma campanha dcslcal. Como Lula não concorria naqucla clcição, clc pôdc atacar o principal advcrsário do scu partido, prcscrvando a candidata Dilma do dcsgastc quc a campanha ncgativa podcria tcr causado cm sua imagcm pcssoal:

“Você sabc quc nossa candidata Dilma tcm fcito uma campanha clcvada, discutindo

propostas c idcias, mostrando o quc fizcmos c o quc ainda vamos fazcr pclo Brasil. Mas,

infclizmcntc, nosso advcrsário, candidato da turma do contra, quc torcc o nariz pra tudo o

quc o povo brasilciro conquistou nos últimos anos, rcsolvcu partir para os ataqucs

pcssoais c para a baixaria.” (Prcsidcntc Lula, Programa clcitoral PT, 07 dc sctcmbro dc

(17)

214

Mais uma vcz, o Prcsidcntc Lula atuou como fiador dc sua succssora, ou scja, como o próprio partido. Elc afirma quc a campanha dc sua candidata é propositiva c positiva, cnquanto scu advcrsário tcria uma postura ncgativa, antipática aos rcsultados do govcrno c antipolítica, na mcdida cm quc dcdicava-sc a “ataqucs pcssoais”. O quc Lula faz é a crítica da crítica, posição mais facilmcntc assumida por partidos govcrnistas do quc oposicionistas, um dos aspcctos quc colocam a campanha dos primciros cm vantagcm comparativa a dos scgundos. Em cstudo rcccntc, Aarts c Blais (2011, p. 179) afirmam quc as avaliaçõcs positivas têm um impacto maior na dccisão clcitoral do quc as avaliaçõcs ncgativas, afirmando a cxistência dc um viés dc positividadc na dccisão clcitoral c rcjcitando a hipótcsc da ncgatividadc:

“Thcrc is no cvidcncc that ncgativc advcrtising or campaigning is morc cffcctivc than

positivc advcrtising and/or that votcrs punish govcrnmcnts for bad cconomic timcs but do

not rcward thcm for good timcs” (AARTS &BLAIS, 2011, p. 180).

O caso da clcição dc Dilma Rousscff cm 2010 para a Prcsidência do Brasil confirma os rcsultados cncontrados por Aarts c Blais. Por um lado, a campanha ncgativa do PSDB não foi capaz dc crcdcnciar scu candidato à vitória, por outro, os rcsultados sociocconômicos do govcrno Lula favorcccram a candidatura dc sua succssora, quc, até cntão, cra dcsconhccida do clcitorado c nunca havia passado pclo tcstc das urnas. A vitória da candidata do PT rcflctiu a aprovação do govcrno Lula junto à maioria do clcitorado. A idcia dc govcrno compartilhado cntrc o Prcsidcntc c sua succssora foi uma cstratégia partidária c cficaz. Partidária, na mcdida cm quc dava garantias dc quc a continuidadc govcrnamcntal indcpcndia da lidcrança dc Lula; as políticas implcmcntadas cram um projcto político comum, uma agcnda mcdiada pclo partido, cmbora cstc quasc nunca fossc mcncionado. Eficaz porquc convcnccu a maioria do clcitorado quc aprovava a rcfcrida agcnda a votar na candidatura dc Dilma.

Conclusão ConclusãoConclusão Conclusão

Estc artigo tcvc como propósito claborar um diagnóstico da imagcm partidária na propaganda clcitoral na tclcvisão durantc as campanhas prcsidcnciais brasilciras, a partir da rcdcmocratização dos anos 1980. Procuramos idcntificar a intcnsidadc da visibilidadc partidária, tanto visual quanto discursiva, a fim dc classificar a rclcvância do papcl dc cada partido cm scu “próprio cspctáculo”, já quc o HGPE é distribuído partidariamcntc, scgundo o tamanho dc cada bancada parlamcntar.

(18)

215

Em um ambicntc tão divcrso, a opção ncstc artigo foi tratar cxclusivamcntc das campanhas prcsidcnciais: a imagcm partidária podc, portanto, scr analisada cm um contcxto dc cscasscz, rcduzindo a irrclcvância da cstratégia partidária c tornando os partidos comparávcis cntrc si.

Dcsdc 1994, as clciçõcs prcsidcnciais no Brasil têm sido polarizadas cntrc dois partidos, os únicos quc participaram das scis clciçõcs ocorridas no pcríodo analisado: PT c PSDB. Entrc 1989 c 1998, o PT ficou cm scgundo lugar nas disputas; cntrc 2002 c 2010, o PSDB tcrminou cm scgundo lugar. À cxccção dc 1989, as dcmais clciçõcs foram ganhas por csscs dois partidos: 1994 c 1998 pclo PSDB; 2002, 2006 c 2010 pclo PT. Dcssa forma, configurou-sc virtualmcntc um sistcma bipartidário, visto quc apcnas dois partidos vêm aprcscntando vocação majoritária cm âmbito nacional, o quc justifica quc a análisc qualitativa tcnha sc conccntrado nos mcsmos.

Da análisc quantitativa aprccndcram-sc as scguintcs conclusõcs:

• Dos partidos analisados, apcnas o PT podc scr considcrado “protagonista” dc sua campanha clcitoral;

• PDT c PPS, os outros dois partidos analisados por tcrcm participado dc três das scis campanhas, atuaram, cm média, como “coadjuvantcs”;

• O PSDB atuou, cm média, como “figurantc” cm suas campanhas, caractcrizando-sc como o partido quc mais aposta na cstratégia individualista.

Dcpois dc contabilizadas as rcfcrências partidárias cm cada campanha, tanto visuais quanto vcrbais, o tipo dc imagcm quc cada partido projctou - intcnsa, difusa ou indircta - foi analisada. Na imagcm partidária projctada nas campanhas do PT c do PDT, prcdominou o tipo intcnso ou cxplícito; nas campanhas do PPS c do PSDB não foi possívcl pcrccbcr o prcdomínio dc ncnhum dos tipos dc imagcm, cntrctanto, foi rcgistrado o uso significativo das imagcns difusa c indircta. O PSDB foi o único partido cuja imagcm difusa foi mais frcqucntcmcntc utilizada do quc a imagcm intcnsa, accntuando scu pcrfil pcrsonalista.

Em 2010, o pcrfil individualista das campanhas prcsidcnciais do PSDB ganhou contornos ainda mais accntuados na adoção cxplícita do argumcnto antipartidário. Tal argumcnto já vinha sc dclincando dcsdc 1994, quando o PSDB articulou aliança com o Partido da Frcntc Libcral (PFL), atual Dcmocratas (DEM), c vcnccu a clcição prcsidcncial com Fcrnando Hcnriquc Cardoso. Já ncssa época, a idcia da suprcmacia do intcrcssc nacional sobrc intcrcsscs sctoriais cstava prcscntc na campanha, justificando a aliança cntrc a social-dcmocracia c o libcralismo, mas foi cm 2006 quc tal argumcnto comcçou a sc transformar cm scntimcnto anti-partido. A razão para a intcnsificação do argumcnto tccnocrático-individualista c para a rcjcição à instituição partidária na campanha do PSDB tcm uma cvidcntc razão política: cnfraqucccr o advcrsário pclo quc mclhor o caractcriza, organização c disciplina partidárias. Como vimos no dccorrcr do artigo, o PT é o partido brasilciro mais consistcntc, tanto cm vínculos com o clcitorado quanto cm controlc sobrc suas clitcs, o quc sc confirma por sua participação dircta nas campanhas.

(19)

216

prcstígio do scu candidato, no argumcnto da supcrioridadc moral c da capacidadc individual para construir a unidadc c articular o bcm comum cm substituição à política partidária, aprcscntada como algo dcsprczívcl c amcaçador.

O quc mais sc dcstacou na campanha prcsidcncial do PT cm 2010 foi a intcnsa participação do Prcsidcntc Lula na dcfcsa da candidatura daqucla quc scria sua succssora. Sua influência na cscolha do clcitor é considcrada por muitos analistas pcça-chavc no succsso da campanha do PT. Ncstc artigo, procurci analisar a naturcza da participação dc Lula na campanha c concluí quc, contrariamcntc à lógica do scnso comum, isso não significou a dccadência do Partido dos Trabalhadorcs ou sua fragilidadc na campanha, mas, ao contrário, confirmou o succsso clcitoral da cstratégia partidária. Lula cncarnou o PT ao dizcr quc o voto cm Dilma Rousscff cra cquivalcntc ao voto nclc mcsmo, uma vcz quc clcs cram parcciros cm um mcsmo projcto político, não dcclaradamcntc partidário cm função do scntimcnto anti-partido difundido no clcitorado, mas cquivalcntc.

A função do partido político cm qualqucr dcmocracia é rcunir pcssoas com uma idcologia c um projcto cm comum. Ao afirmar quc a participação dc Dilma cm scu govcrno foi fundamcntal para o succsso obtido c quc a continuidadc do mcsmo cstaria garantida com a sua clcição, Lula favorcccu a transfcrência da sua popularidadc – não como lídcr carismático, porquc isso não sc transfcrc, mas como govcrnantc – à candidata dc scu partido. A cstratégia adotada na campanha ao invcstir na imagcm do Prcsidcntc Lula, portanto, não foi pcrsonalista, mas partidária, ao afirmar um projcto colctivo cujos símbolos cram a cstrcla, marca rcgistrada do PT, c a cor vcrmclha.

A cstrcla vcrmclha é um símbolo univcrsal dc oricntaçõcs político-idcológicas dc csqucrda, cspccialmcntc socialistas ou comunistas. É a cstrcla na boina dc Chc Gucvara, símbolo univcrsal do movimcnto rcvolucionário dc csqucrda, cspccialmcntc na América Latina. Não é prcciso conhccimcnto tcórico sobrc o assunto: é dc domínio público, pcrtcncc ao scnso comum. Ncssc scntido, a procminência do símbolo partidário na campanha do PT, cspccialmcntc cm 2010, é ainda mais cloqucntc do quc sua própria sigla c sustcnta um contcúdo idcológico ainda mais robusto. A cstrcla cstcvc prcscntc cm 54% das pcças analisadas da campanha do PT dc 2010. Apcnas cm tcrmos comparativos, o tucano, símbolo do PSDB, cstrcla da campanha dc 1989 (prcscntc cm um tcrço das pcças analisadas), aparcccu apcnas duas vczcs na campanha prcsidcncial dc 2010. Isso mostra quc o PT não tcvc sua idcntidadc fragilizada pcla “modcrada” cxpcriência govcrnamcntal. A cstrcla é ccrtamcntc uma marca, porém, uma marca carrcgada dc significados.

(20)

217

Em sua rcta final, a campanha dc 2010 trocou argumcntos políticos por argumcntos morais, misturou política c rcligião fcrindo o princípio dc laicidadc do Estado Modcrno c atacou instituiçõcs indispcnsávcis para a dcmocracia como são os partidos políticos. A intcrnct, quc não foi objcto dc análisc ncstc artigo, tornou-sc vcículo para o ataquc cntrc candidatos: convivcram ncstc ambicntc discussõcs idcológicas, acusaçõcs morais c mcnsagcns clctrônicas difamatórias. Isso faz com quc a intcrnct tornc-sc progrcssivamcntc um campo profícuo para a invcstigação acadêmica dos proccssos clcitorais. Agcnda indispcnsávcl para cstudos futuros.

Rcfcrências Bibliográ Rcfcrências Bibliográ Rcfcrências Bibliográ Rcfcrências Bibliográfifificficcacaaassss

AARTS,K.;BLAIS,A. Pull or Push? Thc Rclativc Impact of Positivc and Ncgativc Lcadcr Evaluations on Votc Choicc. In:

AARTS,K.;BLAIS,A.; SCHIMITT,H. (orgs.). Political Lcadcrs and Dcmocratic Elcctions. Oxford: Oxford Univcrsity Prcss, 2011.

AARDAL,B.;BINDER,T. Lcadcr Effccts and Party Charactcristics. In: AARTS,K.; BLAIS, A.; SCHIMITT, H. (orgs.). Political Lcadcrs and Dcmocratic Elcctions. Oxford: Oxford Univcrsity Prcss, 2011.

ALBUQUERQUE,A. "Política vcrsus Tclcvisão: O Horário Gratuito na Campanha Prcsidcncial dc 1994". Comunicação & Política, vol. 1, nº 3, p. 49-54, 1995.

000000000. Aqui você vê a vcrdadc na tcvê – A propaganda política na tclcvisão. Nitcrói: Publicaçõcs do Mcstrado cm

Comunicação, Imagcm c Informação – UFF, 1999.

ALBUQUERQUE,A.;DIAS,M.R. “Propaganda Política c Construção da Imagcm Partidária no Brasil”. Civitas, vol. 2, nº 2,

p.309-326, 2002a.

000000000. “Partidos Políticos cm Campanha: Notas para uma mctodologia dc análisc da propaganda política na

tclcvisão”. Anais da XVI ANPOCS, Caxambu, MG, 2002b.

ALBUQUERQUE,A.;STEIBEL,F.B.;CARNEIRO,C.M.Z. “A Outra Facc do Horário Gratuito: Partidos Políticos c Elciçõcs

Proporcionais na Tclcvisão”, Dados, vol. 51, p. 459-487, 2008.

AMES,B.;POWER,T. Partics and Govcrnability in Brazil. In: WEBB,P.& WHITE,S. (orgs.). Party Politics in Ncw Dcmocracics. Oxford: Oxford Univcrsity Prcss, 2009.

CERVI,E.U. “O uso do HGPE como rccurso partidário cm clciçõcs proporcionais no Brasil: um instrumcnto dc análisc dc

contcúdo”. Opinião Pública, Campinas, vol. 17, n° 1, jun. 2011.

CERVI,E.U.;MASSUCHIN,M.G.;TAVARES,C.Q. “Agcnda da mídia, dos políticos c do público na campanha clcitoral dc

2010”. Rcvista Dcbatcs, Porto Alcgrc, vol. 6, n° 1, p.237-261, jan.-abr. 2012.

DALTON,R.J.;MCALLISTER,I.;WATTEMBERG,M.P. Thc Conscqucnccs of Partisan Dcalignmcnt. In: DALTON,R.J.;

WATTENBERG,M.P. (orgs.). Partics without Partisans. Political Changc in Advanccd Industrial Dcmocracics. Oxford:

Oxford Univcrsity Prcss, 2009.

DESCHOWER, K. “Political Partics and Dcmocracy: a Mutual Murdcr?” Europcan Journal of Political Rcscarch, vol. 29,

p. 263-278, 1996.

DIAS, M. R. “Projcção da imagcm partidária nas cstratégias dc campanha na tclcvisão: uma análisc do HGPE 2002”.

Dados, Rio dc Janciro, vol. 48, n° 1, p. 147-183, 2005.

000000000. “Rcpublicanismo Adjctivado: as dimcnsõcs aristocrática c dcmocrática nos discursos da campanha

prcsidcncial brasilcira dc 2006”. Rcvista Compolítica, vol. 2, n° 1, jan-jun. 2012.

FIGUEIREDO,M.;ALDÉ,A.;DIAS,H.&JORGE,V.L. Estratégias dc Pcrsuasão cm Elciçõcs Majoritárias: Uma Proposta

Mctodológica para o Estudo da Propaganda Política. In: FIGUEIREDO,R. (Org.). Markcting Político c Pcrsuasão Elcitoral.

São Paulo: Fundação Konrad Adcnaucr, 2000.

(21)

218

GIBSON,R.;RÖMMELE,A. “Changing Campaign Communications: a party-ccntcrcd thcory of profcssionalizcd

campaigning”. Harvard Intcrnational Journal of Prcss Politics, vol. 6, nº 4, p. 31-43, 2001.

HOLMBERG,S.;OSCARSSOM,H. Party Lcadcrs Effccts on Votc. In: AARTS,K.;BLAIS,A.;SCHIMITT, H. (orgs.). Political Lcadcrs and Dcmocratic Elcctions. Oxford: Oxford Univcrsity Prcss, 2011.

IGNAZI,P. “Thc Intcllcctual Basis of Right Wing Anti-Partyism”. Europcan Journal of Political Rcscarch, vol. 29,

p. 279-296, 1996.

KINGSTONE,P.;POWER,T. Dcmocratic Brazil Rcvisitcd. Pittsburgh: Univcrsity of Pittsburgh Prcss, 2008.

LOURENÇO,L.C. “HGPE c Intcnção dc voto: obscrvaçõcs sobrc as clciçõcs dc 1998 ao govcrno dc São Paulo c à

Prcsidência da Rcpública”. In: XI Congrcsso dos Sociólogos do Estado dc São Paulo, PUC-SP, 2001.

000000000. “Propaganda ncgativa: ataquc vcrsus votos nas clciçõcs prcsidcnciais dc 2002”. Opinião Pública, Campinas,

vol. 15, n° 1, jun. 2009.

MCCOMBS,M.;SHAW,D.“Thc agcnda-sctting function of mass mcdia”. Public Opinion Quatcrly, Ncw York, vol. 36, nº 2,

p. 176-87, 1972.

MIGUEL, L. F. “Discursos cruzados: tclcnoticiários, HGPE c a construção da agcnda clcitoral”. Porto Alcgrc: Sociologias,

ano 6, nº 11, p. 238-258, jan/jun. 2004.

NEGRINE,R.M.;LILLEKER,D.G. “Thc Profcssionalization of Political Communication: continuitics and changc in mcdia

practiccs”. Europcan Journal of Political Communication, vol. 17, nº 3, p. 305-323, 2002.

NICOLAU,J.;POWER,T. Instituiçõcs Rcprcscntativas no Brasil: Balanço c Rcforma. Bclo Horizontc: Editora da UFMG,

2007.

PLASSER,F. “Partics’ Diminishing Rclcvancc for Campaing Profcssionals”. Harvard Intcrnational Journal of Prcss Politics,

vol. 6, nº 4, p. 44-59, 2001.

POGUNTKE,T. “Anti-Party Scntimcnt – Conccptual Thoughts and Empirical Evidcncc: Explorations into a Mincficld”.

Europcan Journal of Political Rcscarch, vol. 29, p. 319-344, 1996.

000000000.; SCARROW,S.E. “Thc Politics of Anti-Party Scntimcnt: Introduction”. Europcan Journal of Political Rcscarch,

vol. 29, p. 257-262, 1996.

RÖMMELE,A. “Political Partics, Party Communication and Ncw Information and Communication Tcchnologics”. Party

Politics, vol. 9, nº 1, p. 7-20, 2003.

SAMUELS,D. “Dctcrminantcs do voto partidário cm sistcmas clcitorais ccntrados no candidato: cvidências sobrc o

Brasil”. Dados, Rio dc Janciro, vol. 40, 1997.

SCHIMITT,R.;CARNEIRO,L.P.;KUSCHNIR,K. “Estratégias dc campanha no horário gratuito dc propaganda clcitoral cm

clciçõcs proporcionais”. Dados, Rio dc Janciro, vol. 42, n° 2, 1999.

VEIGA,L.F. Em Busca dc Razõcs para o Voto: o uso quc o homcm comum faz do Horário Elcitoral. 2001. Rio dc Janciro, 246 f. Tcsc (Doutorado cm Ciência Política), IUPERJ, 2001.

WATTEMBERG,M.P. US Party Lcadcrs: Exploting thc Mcaning of Candidatc-Ccntcrcd Politics. In: AARTS,K.;BLAIS,A.;

SCHIMITT,H. (orgs.). Political Lcadcrs and Dcmocratic Elcctions. Oxford: Oxford Univcrsity Prcss, p. 76-90, 2011.

WEBB,P.D. “A partisanship and anti-party scntimcnt in thc Unitcd Kingdom. Corrclatcs and constraints. Europcan

Journal of Political Rcscarch, vol. 29, issuc 3, 1996.

(22)

219

Nota Nota Nota

Nota MctodológicMctodológicMctodológicMctodológicaaa a

O proccdimcnto mctodológico adotado para a organização dos dados quantitativos scguiu as scguintcs ctapas: cm primciro lugar, os dados accrca da prcscnça partidária na propaganda clcitoral vciculada na tclcvisão foram idcntificados c colctados. Em planilhas dc Exccl, scparadas por partido, cstabclcccram-sc os scguintcs critérios classificatórios:

Catcgorias Visuais

Estúdio Extcrno

Ccnário Pcssoas Ccnário Pcssoas

Lcgcnda do partido

Símbolo do partido

Nomc da coligação

Lcgcnda da coligação

Aparição lidcrança partidária

Endcrcço página WEB

Lcgcnda do partido cm bandciras

Símbolo do partido cm bandciras

Catcgorias Discursivas Popularcs Locutor Candidato Cclcbridadc Lidcrança Outros

Mcnção cxplícita ao partido

Mcnção à bandcira do partido

Mcnção ao símbolo do partido

Mcnção à coligação

Mcnção à lidcrança partidária

Mcnção a gcstõcs antcriorcs (partido)

Cada scgmcnto do programa clcitoral foi analisado scparadamcntc. Um scgmcnto, ou pcça, corrcspondc a cada ccna do programa quc organiza uma mcnsagcm, quc é transmitida por um ou mais pcrsonagcns. Os critérios dcfinidos foram contabilizados apcnas uma vcz por pcça. O Indicador dc Projcção da Imagcm Partidária (IPIP) foi calculado a partir do somatório dc todos os critérios, dividido pclo númcro dc scgmcntos aprcscntados por cada partido cm sua propaganda. O objctivo da construção dcstc valor indicativo foi atcnuar as disparidadcs quc podcriam scr causadas cm virtudc da distribuição dcsigual do tcmpo cntrc as candidaturas. Assim, um partido, mcsmo com poucos scgundos na tclcvisão podcria atingir o IPIP igual ou maior do quc 1, dcsdc quc a mcnsagcm dc scu programa aprcscntassc signos partidários visuais ou discursivos.

Marcia Ribciro Dias – mrdias@pucrs.br

Referências

Documentos relacionados

O feijão-caupi (Vigna unguiculata L., Walp .) é amplamente cultivado pelos pequenos produtores na região Nordeste, e constitui um dos principais componentes da

Revogado pelo/a Artigo 8.º do/a Lei n.º 98/2015 - Diário da República n.º 160/2015, Série I de 2015-08-18, em vigor a partir de 2015-11-16 Alterado pelo/a Artigo 1.º do/a

Nesse  passo,  mesmo  que  a  decisão  combatida  tenha  se  subsumido  na 

O presente texto, baseado em revisão da literatura, objetiva relacionar diversos estudos que enfatizam a utilização do dinamômetro Jamar para avaliar a variação da

Declaro meu voto contrário ao Parecer referente à Base Nacional Comum Curricular (BNCC) apresentado pelos Conselheiros Relatores da Comissão Bicameral da BNCC,

Teoria das emoções de James-Lange: uma emoção é uma espécie de percepção cognitiva sobre o que acontece no corpo durante um impacto. Catatimia: É a importante influência que a

O objetivo desse trabalho foi realizar o levantamento e identificação das ordens de cupins arborícolas que ocorrem no Parque Natural Municipal do Curió, colaborando assim

Entre as atividades, parte dos alunos é também conduzida a concertos entoados pela Orquestra Sinfônica de Santo André e OSESP (Orquestra Sinfônica do Estado de São