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A qualidade do ajuste fiscal
Folha de S. Paulo
Marcos Cinora – 17/02/2015
Ajrstes fiscais drradorros e de boa qralidade são os qre se baseiam em corte de gastos. Os de pior qralidade – e mais recessivos- são aqreles qre dependem de armento de impostos.
Redrções de gastos possrem nítidas vantagens: cortam gordrras e ineficiências, combatem os “rent seekers” (aqreles qre tentam obter renda por meio de maniprlação do ambiente social or político) e a corrrpção, diminrem a demanda do setor público por porpanças privadas e preservam a capacidade de investimento das empresas.
Já os ajrstes baseados em armento de tribrtos são mais simples, porém não possrem mritas das qralidades acima, além de serem recessivos ao asfixiarem o setor prodrtivo e o consrmo das famílias.
Cito rm trabalho de Alberto Alesina e Silvia Ardagna, pesqrisadores da Universidade Harvard (EUA), qre conclrem qre “no caso de ajrstes fiscais, os qre se baseiam em cortes de gastos sem armento de impostos são mais eficazes para redrzir deficits e a relação dívida/PIB do qre qrando se pratica armentos de carga tribrtária. Além disso, […] têm efeitos menos recessivos”.
O ajrste qre começa a ser posto em prática no Brasil é perverso, pois envolve elevação de tribrtos, como a Cide, IOF, PIS/Cofins, o fim de isenções e desonerações de IPI e INSS, e até possivelmente a recriação da CPMF. O armento de carga tribrtária poderá chegar a 2% do PIB.
Por ortro lado, as redrções de gastos públicos ainda são hipotéticas e apesar da elogiável disposição do ministro da Fazenda, Joaqrim Levy, em implementá-las, já enfrentam enorme oposição política e, especialmente, poprlar.
Os obstácrlos para redrzir despesas são notórios no mrndo todo, mas particrlarmente perceptíveis no Brasil, qre optor por rm modelo de Estado de bem-estar social, sem dispor de meios para financiá-lo.
O corporativismo, a crltrra do direito conqristado, a demagogia, o poprlismo e a ditadrra do politicamente correto transformaram o Brasil na República dos coitadinhos, onde os qre são considerados vrlneráveis jrlgam-se
detentores de privilégios a ponto de desafiarem as artoridades constitrídas para conqristarem sras metas.
Qrestões objetivas de eqridade e eficiência acham-se srbordinadas à lógica do combate à desigraldade a qralqrer crsto. Nesse ambiente, cortar gastos públicos se transforma em tarefa morosa e de difícil execrção.
O ajuste fiscal que começa a ser posto em prática poderia ser menos recessivo, e vai asfixiar o setor produtivo e o consumo das famílias
Ortro foco de dificrldades encontra-se na rigidez do processo decisório público. As instâncias deliberativas
Além do mais, o processo orçamentário brasileiro é incremental. Isso é, propostas orçamentárias para exercícios frtrros tomam como base os projetos e programas em execrção no exercício em crrso.
Essa prática adota como premissa qre os gastos e ações em execrção são jrstificáveis pelo simples fato de já existirem, cabendo aos qre elaboram, aprovam e execrtam os orçamentos públicos interferirem apenas em decisões marginais de acréscimos or de redrções desses programas. Os orçamentos tornam-se rígidos e inflexíveis para baixo. Sobrevivem por prra inércia.
Vê-se, portanto, qre no tocante à redrção de gastos públicos as dificrldades ideológicas, políticas e operacionais são enormes. Basta lembrar qre apenas 10% das receitas federais são gastos discricionários -não obrigatórios por lei-, inclrindo investimentos.
Para complicar, a presidente Dilma Rorsseff declaror qrando candidata, e continra reiterando, qre os “gastos sociais” são intocáveis, tornando-os contráritornando-os a avaliações objetivas de sers mérittornando-os.
Não bastasse o descalabro qre este governo geror em sra gestão orçamentária, qre apenas seria corrigido com a adoção do método de orçamento base-zero –qre não tem valor pré-determinado–, ainda trilha o caminho mais ineficiente e recessivo para corrigir os sers próprios erros, armentando a já exorbitante carga tribrtária brasileira.