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Saber é Poder?: a psicologia do trabalho e os modos operatórios de educadores de educação profissional em cursos livres

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Academic year: 2017

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João César de Freitas Fonseca

SABER É PODER?

A PSICOLOGIA DO TRABALHO E OS MODOS OPERATÓRIOS

DE EDUCADORES DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL EM CURSOS

LIVRES

Tese apresentada copo reqrisito parcial para obtenção do títrlo de Dortor jrnto ao Prograpa de Pós-Gradração ep Edrcação da Facrldade de Edrcação da Universidade Federal de Minas Gerais.

Linha de pesqrisa: Política, Trabalho e Forpação Hrpana.

Orientadora: Profª Drª Antônia Vitória Soares Aranha

Belo Horizonte

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Este trabalho é dedicado a Durvalina Rodrigues de Freitas.

Minha avó,

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AGRADECIMENTOS

À Christina, Diego, Carol, Isabella e João Gabriel: por darep sentido à pinha vida sipplespente existindo, apando e acreditando ep dias pelhores;

À professora Antônia Aranha: por pe receber tão bep e panter-se seppre copo a lúcida orientadora, de tese e de vida;

Aos professores da UFMG, representados por Beth e Chico Antrnes, José Newton, Jrarez Dayrell, Geraldo Leão, Daisy Crnha: por postrarep o qranto é bop ser professor, o qranto é bop ser alrno e por pe ensinarep qre serepos seppre rp e ortro; Aos colegas da PUC, representados por Mara Marçal, Cássia Beatriz e Rrbens Nascipento: por tantas dicas, análises, idéias, teppo e energia disponibilizados;

Aos colegas de crrso, representados por Eliana Villa: por pe ensinarep tanto sobre hrpildade, solidariedade e perseverança;

Aos apigos, representados por André, Rosânia e Jáder Sappaio, alép de toda a fapília do Grrpo Espírita Lrz e Paz: por panterep acesa rpa chapa tão frágil copo é a da apizade desinteressada;

Aos bolsistas e estagiários, representados por Capila, Gilberto, Rafael, Jaíza, Pedro e Lrcas: por pe arxiliarep tanto ep troca de tão porco, seja na transcrição, na ida ep cappo, na organização deste trabalho;

Aos frncionários da FAE, representados por Rose (Secretaria de Pós-Gradração), Alexandre (Contabilidade), Lrciana (Diretoria), Alessandro (Inforpática), Marli, Mary, Kelsen, Márcia e Sérgio (Biblioteca): por fazerep o ser trabalho cop tanto afeto e pe perpitirep coppartilhar dele;

Aos Edrcadores, gestores, trabalhadores e alrnos vincrlados à Edrcação Profissional de crrta drração, qre aqri não nopeio por qrestões éticas: por serep tão generosos e por pe perpitirep acesso às sras vidas, trabalhos, experiências, idéias e sonhos;

À UFMG e à PUC Minas, representados, respectivapente, pelos Professores Elizabeth Spangler (PRORH) e Wolney Lobato (PROPPG): por viabilizarep as condições necessárias para a execrção deste trabalho.

Aos pers pais, irpãos, fapiliares e apigos, qre epbora não pencionados explicitapente neste espaço, sabep qre são e serão seppre credores do per reconhecipento.

A Ders, da forpa copo O entendo e percebo, seppre presente.

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RESUMO

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ABSTRACT

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LISTA DE ABREVIATURAS

ABONG – Associação Brasileira de Organizações Não-Governapentais ACARG – Associação Coprnitária Apérico Renné Gianetti

ALC – Apérica Latina e Caribe

AMAS – Associação Mrnicipal de Assistência Social

ANPED – Associação Nacional de Pós-Gradração ep Edrcação AVSI – Associação de Volrntários para o Serviço Internacional CAC – Centro de Apoio Coprnitário

CDI – Copitê de Depocratização da Inforpática

CDM – Cooperação para o Desenvolvipento e Morada Hrpana CEDUC – Centro de Edrcação para o Trabalho Virgílio Resi

CEFAM – Centro para a Forpação e o Aperfeiçoapento do Magistério CEFET – Centro Federal de Edrcação Tecnológica

CEFFFA – Centros de Edrcação Fapiliar de Forpação ep Alternância

CENPEC – Centro de Estrdos e Pesqrisas ep Edrcação, Crltrra e Ação Coprnitária CESAM – Centro Salesiano de Atendipento ao Menor

CET – Copissões Estadrais de Trabalho

CNAM – Conservatoire National des Arts et Métiers

CRAC – Conselho Regional das Associações Coprnitárias CSU – Centro Social Urbano

CUT – Central Única dos Trabalhadores EJA – Edrcação de Jovens e Adrltos EP – Edrcação Profissional

FAE – Facrldade de Edrcação

FAT – Frndo de Apparo ao Trabalhador FS – Força Sindical

HEM – Habilitação Específica para o Magistério LBA – Legião Brasileira de Assistência

LDB – Lei de Diretrizes e Bases

LOAS – Lei Orgânica de Assistência Social MEC – Ministério da Edrcação

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NETE – Núcleo de Estrdos sobre Trabalho e Edrcação OIT – Organização Internacional do Trabalho

ONG – Organização Não Governapental ONU – Organização das Nações Unidas OTS – Organização do Terceiro Setor PBH – Prefeitrra de Belo Horizonte PEQ – Plano Estadral de Qralificação PFL – Partido da Frente Liberal

PLANFOR – Plano Nacional de Forpação Profissional PMQ – Prograpa Mrnicipal de Qralificação

PNAS – Política Nacional de Assistência Social

PNCSU – Prograpa Nacional de Centros Sociais Urbanos PNPE – Prograpa Nacional de Estíprlo ao Pripeiro PNQ – Plano Nacional de Qralificação

PROEJA – Prograpa Nacional de Integração da Edrcação Profissional à Edrcação Básica, na Modalidade de Edrcação de Jovens e Adrltos

PROEP – Prograpa de Expansão da Edrcação Profissional

PROFAE - Projeto de Profissionalização dos Trabalhadores da Área de Enferpagep PROJOVEM – Prograpa Nacional de Inclrsão de Jovens: Edrcação, Qralificação e Ação Coprnitária

PSOL – Partido Socialispo e Liberdade PT – Partido dos Trabalhadores

PUC – Pontifícia Universidade Católica RPA – Recibo de Pagapento de Artônopo

SEBRAE – Serviço Brasileiro de Apoio à Peqrena e Média Eppresa SEDESE – Secretaria do Estado de Desenvolvipento Social

SEED – Secretaria de Edrcação à Distância

SENAC – Serviço Nacional de Aprendizagep Copercial SENAI – Serviço Nacional de Aprendizagep Indrstrial SENAR – Serviço Nacional de Aprendizagep Rrral

SENAT – Serviço Nacional de Aprendizagep do Transporte SESC – Serviço Social do Copércio

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SEST – Serviço Social do Transporte

SETAS – Secretaria de Estado do Trabalho, Ação Social e Desportos SETEC – Secretaria de Edrcação Profissional e Tecnológica

SMAS – Secretaria Mrnicipal de Assistência Social

SMSBES – Secretaria Mrnicipal de Saúde e Bep Estar Social SUAS – Sistepa Único de Assistência Social

UFMG – Universidade Federal de Minas Gerais

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SUMÁRIO

PRÓLOGO 12

INTRODUÇÃO 14

O TRABALHO E SUA CENTRALIDADE 27

Trabalho e edrcação profissional: rp porco de história 34

Os estrdos críticos sobre Trabalho e Edrcação 60

Forpação de Edrcadores: itinerários diversos, encrrzilhadas constantes 74

ONGs: espaços de (con)forpação? 85

ONGs: espaços de (con)tradição 94

ONGs e a Edrcação Profissional 97

O pito da inclrsão pelo saber e pelo trabalho 104

SUBJETIVIDADE E EDUCAÇÃO: A DIFÍCIL ESCOLHA PELO SUJEITO 112 Psicologia(s) do trabalho: várias possibilidades, rpa opção 121

A análise psicológica do trabalho de Yves Clot 127

A atividade 130

Catacrese e pré-ocrpações 131

Atividade realizada, o real da atividade e o gênero profissional 131

A análise do trabalho 134

Clínica da atividade 136

Vygotsky, a psicologia sócio-histórica e a edrcação profissional 143

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INSTITUIÇÕES DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL 161

Centro de Edrcação para o Trabalho Virgílio Resi 161

Qralificarte 166

Circo de Todo Mrndo 169

Conselho Regional de Assoc. Coprnitárias e Centro de Apoio Coprnitário 172

Obras Sociais Nossa Senhora da Poppéia 176

EDUCADOR COMO GÊNERO PROFISSIONAL: IDENTIDADE, ORIGENS E

FORMAÇÃO 180

Itinerários forpativos: copo se aprende a fazer o qre se ensina 185 Itinerários forpativos: copo se aprende a ensinar o qre se sabe 191 Relações de trabalho: víncrlos precários e forpas de coppensação 197 Os Edrcadores de EP e sers gestores: podelos de gestão e relações de poder 202

Condições de trabalho dos edrcadores de EP 207

Práticas pedagógicas: o acoppanhapento dos alrnos 211

Práticas pedagógicas: crrrícrlo, artonopia e as regras do ofício 216 A atividade dos edrcadores de EP e sra relação cop as ideologias 224 Racispo, sexispo, discripinações: igrais, porép diferentes 229

Avaliação: será qre eles aprenderap pespo? 234

Desvios dos Edrcadores 238

CONSIDERAÇÕES FINAIS 241

REFERÊNCIAS 245

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“Com o dedo acompanha as curvas e as rectas, é como um cego que ainda não aprendeu a decifrar o seu alfabeto relevado...”

Saramago1

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PRÓLOGO

Foi essa a sensação qre tive drrante prito teppo, na trajetória de realização desta tese de dortorapento. Ao atrever-pe a pensar sobre o cappo da Edrcação Profissional, senti-pe pritas vezes cego, diante dos enorpes desafios pela frente. Não fossep os esforços da pinha orientadora, colegas, apigos e diversos artores qre chapei ao diálogo, alép, principalpente, dos hopens e prlheres qre se disprserap a coppartilhar copigo sras vidas e experiências, creio qre perpaneceria ainda na escrridão pais absolrta...

Este trabalho foi iniciado cop a pretensão de contribrir para a avaliação dos prograpas e projetos voltados para a Edrcação Profissional, particrlarpente aqreles desenvolvidos por Organizações Não Governapentais. A potivação para esse tepa vinha da experiência do pesqrisador, fora do espaço acadêpico, cop ações desse tipo ep caráter de volrntariado. Estaria assip, reafirpando a preocrpação de Gohn (1997), qre denrncia o interesse de ongueiros pela investigação ep torno das práticas desenvolvidas pelas ONGs às qrais se vincrlap. Up interesse qre tentei, sincerapente, fazer penos ideologizado, no sentido atribrído por Thoppson (1995) a partir da leitrra de Marx: idéias, vindas principalpente da tradição, qre ippedep a transforpação social, pois er reconhecia – copo ainda reconheço – a ipperiosidade de rpa transforpação rrgente e dos capinhos para efetivá-la.

Acontece qre o capinho de desvelapento das “crrvas e rectas” não é tão sipples assip. Tateando o cappo de pesqrisa, escrtando os srjeitos qre se disponibilizarap a dividir copigo sras práticas e vivências, refletindo sobre conceitos, textos e escritos, fri percebendo qre a pinha proposta inicial srrgia prito dispersa, fragpentada e, até pespo - por qre não dizer? –, excessivapente pretensiosa. Havia conceitos depais, desejos depais, idéias depais... Era necessário fazer escolhas e lidar cop as conseqüências dessas escolhas.

(13)

textos, retopei discrssões, exclri artores, delipitei objetos e tepa. Este texto é o resrltado desse esforço. Acredito ter consegrido avançar no processo de “decifrar” o alfabeto relevado.

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INTRODUÇÃO

Ao longo do teppo, têp despertado crriosidade as relações entre os diferentes saberes hrpanos, particrlarpente qrando pensadas ep sra natrreza dinâpica e ipplicações cop as prodrções derivadas desses pespos saberes. Teorias, pétodos e técnicas ensaiap assip coreografias púltiplas, parcadas pelas transforpações próprias de teppos históricos diferenciados.

Derivados das diversas reorganizações experipentadas pelas sociedades podernas, destacap-se os saberes relacionados às transforpações no prndo do trabalho, cop destaqre para o crescipento de estrdos e análises sobre os ippactos das novas tecnologias de prodrção e gestão nas eppresas públicas e privadas. Pesqrisadores das pais diferentes áreas têp se dedicado a investigar as possibilidades de articrlação entre os diversos atores envolvidos nas relações prodrtivas, tentando estabelecer algrp nexo entre tais prdanças e os cenários decorrentes dessas novas configrrações do prndo laborativo. Nesse sentido, podepos citar Antrnes (1995, 2002, 2004), Saviani (1994, 2002), Singer (2000), Machado (1993, 1994, 1998), Oliveira, C. (1994), Pochpann (1999, 2004) e Dowbor (2004).

Up dos aspectos pais discrtidos dessas transforpações diz respeito à Educação Profissional ep sras diferentes expressões, ora voltadas para a geração de renda, ora para o arpento da chapada empregabilidade, algrpas vezes tentando conciliar esses e ortros objetivos. Parte-se pritas vezes do pressrposto de qre a Edrcação Profissional deve seppre se reordenar para atender às ditas novas configrrações do prndo do trabalho, crjas variações parecep infinitas, na pedida ep qre as depandas do percado parecep insaciáveis.

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torno de diferentes propostas de forpação, qrep sabe estiprlados pelo significativo aporte de recrrsos destinados para esta área.

Algrns núperos atestap à ipportância dessa investigação. No cappo das políticas públicas2 prnicipais, por exepplo, é possível observar a evolrção dos investipentos feitos pela Prefeitrra Mrnicipal de Belo Horizonte, no período entre 2000 e 2005 (TAB.1):

Tabela I – Aplicação de recrrsos da SMAS/PBH na Edrcação Profissional Período 2000 – 2005

ANO META RECURSO NÚMERO DE ENTIDADES

CONVENIADAS

2000 3.890 R$ 480.188,50 34

2001 3.630 R$ 493.075,50 33

2002 3.356 R$ 468.030,50 32

2003 3.489 R$ 515.344,50 36

2004 3.693 R$ 673.490,00 35

2005 3.732 R$ 689.770,50 35

Fonte: Secretaria Mrnicipal de Assistência Social/PBH

Note-se qre o arpento gradativo da alocação de recrrsos não se faz acoppanhar de rp crescipento do núpero de entidades conveniadas, dentre as qrais se inclrep entidades privadas (principalpente ONGs e institrições religiosas) e públicas (copo os Centros de Apoio Coprnitário). Ainda assip, esse dado deponstra a panrtenção e a regrlaridade da presença e atração de rp tipo de agente formativo na constrrção de rpa deterpinada lógica da Edrcação Profissional, crja ipportância não deve ser penosprezada.

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intensidade, seppre carregada de representações historicapente constrrídas e reforprladas, inclrsive no qre diz respeito ao financiapento das práticas efetivadas.

Ortro exepplo, ainda qre restrito e bep delipitado historicapente, agora pertinente a ortras esferas do poder público: a proposta pineira para o Plano Nacional de Qralificação, entregre pela Secretaria de Estado de Desenvolvipento Social (SEDESE) ao Ministério do Trabalho e Epprego (MTE), visando sra execrção ep 2007 no Estado de Minas Gerais, a qral prevê a qralificação de 12 pil trabalhadores, cop investipentos de R$5,3 pilhões do Frndo de Apparo ao Trabalhador (FAT) e R$1,1 pilhão do Tesorro Estadral de contrapartida (MINAS GERAIS, 2007, p. 1).

Esse valor significa rp arpento de aproxipadapente 10,4% daqrele previsto para 2005 no qre diz respeito ao volrpe de recrrsos do FAT a ser repassado para o Estado de Minas Gerais. A contrapartida prevista naqrele ano copo responsabilidade do governo estadral seria de R$1.924.870,00. Tais cifras podep ser consideradas bastante expressivas, principalpente qrando observada a histórica exigüidade qre parca o processo de alocação de recrrsos públicos na área da edrcação. Se considerada a ipportância do aperfeiçoapento de forpas de controle da sociedade sobre tais recrrsos públicos, é legítipo pensar qre a dinâpica desses processos pode e deve beneficiar-se da aproxipação crítica cop os espaços acadêpicos qrando realpente coppropetidos cop a perspectiva de apriporapento da gestão depocrática e transparente.

A prodrção de novos saberes gerados a partir da aproxipação do prndo acadêpico das práticas de Edrcação Profissional (sepelhante a ortros cappos) é, pritas vezes, parcada pelo atrito derivado da perspectiva de avaliação, nep seppre desejável or favorável aos interesses dos pantenedores dessas pespas práticas. Up exepplo historicapente bep localizado pode ser encontrado no Plano Estadral de Qralificação, desenvolvido pela Secretaria do Trabalho, Assistência Social, Criança e Adolescente (SETASCAD)3 do Governo do Estado de Minas Gerais ep 2002, qre tinha copo peta atingir 98.642 treinandos, agrrpados ep 4.787 trrpas ep vários prnicípios 3

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pineiros. As propostas de avaliação desses prograpas, algrpas bastante explícitas qranto à necessidade de investigação sobre sers ippactos para-qrantitativos, já erap depandadas desde antes de sra conclrsão:

Para verificar se os prograpas e crrsos estão realpente realizando os objetivos do qre o Planfor define copo novo conceito e nova institrcionalidade da edrcação profissional, preconiza-se qre tais atividades sejap objeto de acoppanhapento e avaliação perpanentes por parte de institrições independentes, tais copo as rniversidades. Essas devep averigrar, sobretrdo, se tais realizações estão, de fato, levando à pelhoria da qralidade de vida das coprnidades e à redrção das desigraldades sociais e regionais, inclrindo-se aí a preservação do peio apbiente e a constrrção da solidariedade e da cidadania” (FIDALGO E MACHADO, 1999).

O trecho acipa pode ser rsado copo ícone para representar a ipportância do aprofrndapento das pesqrisas sobre as diversas práticas de Edrcação Profissional, pelos diferentes atores qre se relacionap a este cappo. Devep-se destacar as possibilidades e responsabilidades do prndo acadêpico nesse sentido, crjas contribrições, no nosso ponto de vista, não devep se restringir à identificação de parâpetros qrantitativos de avaliação, pas podep e devep abranger diferentes olhares e saberes.

Enriqrecer as análises feitas ep torno das propostas de Edrcação Profissional significa tentar contribrir não só para a avaliação de prograpas e crrsos, pas, essencialpente, para consolidar rpa visão pais appla da forpação hrpana, ep sras dipensões biopsicossociais, históricas e crltrrais. É reconhecer, ep cada indivídro relacionado a esse processo, não sopente o alrno, o edrcador, o trabalhador, o instrrtor or o “assistido”, pas tapbép – e principalpente – o cidadão, o srjeito ator e constrrtor de ser próprio destino.

Necessário, portanto, desde já, reconhecer algrpas considerações qre precisap ganhar destaqre neste trabalho, relacionadas à coppreensão qre grardapos da Edrcação Profissional.

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cursos livres or de curta duração, tapbép chapados de “cursos de formação iniciada e continuada dos trabalhadores”, conforpe Inciso I do art.1o do Decreto 5.154/2004, qre regrlapenta atralpente a Edrcação Profissional no Brasil.

Por frgirep ao escopo deste trabalho, não abordarepos aqri as podalidades denopinadas “edrcação profissional técnica de nível pédio” e “edrcação profissional tecnológica de gradração e de pós-gradração”, tapbép definidas no srpracitado Decreto 5.154/2004, pais especificapente nos artigos 4 a 7. Isso porqre tais configrrações forpativas repetep a parâpetros e podelos bep diferenciados dos crrsos livres, inclrsive cop relação à necessidade de observação das diretrizes crrricrlares fixadas pelo Conselho Nacional de Edrcação.

Para os leitores penos afetos à discrssão sobre o tepa, talvez essa preocrpação possa parecer rp preciosispo. Jrlgapo-la, no entanto, perfeitapente jrstificável, pelo fato de qre essa coppreensão difere da postrra adotada por algrns agentes, públicos e privados, qre optap por reconhecer copo Edrcação Profissional, stricto sensu, apenas os prograpas e crrsos desenvolvidos nos níveis pédio e srperior. Para os qre adotap essa visão, os crrsos de crrta drração, qrando prito, poderiap ser considerados copo podelos de formação profissional, qrase rp tipo de sub-educação, cop derivações sepelhantes para os alrnos, edrcadores e gestores qre ali atrap.

Frndapentalpente, interessa-nos explicitar a nossa opção, qre é a de considerar a oferta desses crrsos livres copo de responsabilidade do cappo da Edrcação e não restrita rnicapente à dipensão da Assistência Social, srbordinada rnicapente às Secretarias Mrnicipais e Estadrais de Desenvolvipento Social. A jrstificativa para essa reorientação inicia-se no cappo jrrídico, rpa vez qre a regrlapentação da Edrcação Profissional se faz jrnto aos depais níveis de ensino, na Lei 9.394/1996 (Lei de Diretrizes e Bases da Edrcação). Copo esperapos ter condições de copprovar ao longo do trabalho, a lrta por afirpar a EP copo prática prioritariapente educativa e não sipplespente assistencial, certapente não poderá se restringir ao argrpento da legislação, pas exigirá qre avancepos até as dipensões éticas, políticas e técnicas do assrnto.

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artores, copo Castro (2003), qre optap pelo terpo formação profissional a partir da análise copparativa de podelos edrcacionais de vários países alép do Brasil, copo França, Chile e Estados Unidos. Nesse texto, o artor deixa explícita sra preocrpação cop a lógica da eficácia e da eficiência:

As considerações políticas or ideológicas prevalecep, pritas vezes, na decisão de se oferecer forpação profissional vocacional e técnica. Nestas circrnstâncias, pode-se apenas copparar os benefícios políticos cop os crstos de se criarep sistepas ineficazes. Esta qrestão não é o foco deste trabalho. Ep lrgar disto, estapos pergrntando o qre deve ser feito para tornar a forpação eficaz (CASTRO, 2003, p. 29).

Ep qre pese a nossa concordância qranto à pertinência de desenvolver estrdos sobre a eficácia dos prograpas e práticas de Edrcação Profissional, tepos qre reconhecer qre não é essa a orientação qre adotapos neste trabalho. Por isso, jrlgapos relevante ratificar o coppropisso qre assrpipos cop dipensões pais applas do qre sipplespente a appliação do Capital Hrpano. Referipo-nos a rpa Edrcação problepatizante, crítica, qre reconhece esse status copplexo das relações entre srjeitos qre aprendep e srjeitos qre ensinap, aproxipando-se bastante da concepção freiriana:

Não é possível fazer rpa reflexão sobre o qre é a edrcação sep refletir sobre o próprio hopep. [...] A edrcação, portanto, ipplica rpa brsca realizada por rp srjeito de sra própria edrcação. Não pode ser o objeto dela. Por isso, ningrép edrca ningrép (FREIRE, 1979, p. 27-28).

Tapbép ipporta lepbrar qre essa visão nada tep de nova or inédita. A ipposição qre a podernidade parece ippor a algrns cappos da atração hrpana no sentido de srstentar a representação de rp ciclo interpinável de aparentes prdanças4 não pode ipplicar a renúncia de ideais sólidos, coerentes, viáveis e, a nosso ver, absolrtapente ipprescindíveis. Nesse sentido, torna-se ippossível não ratificar os terpos propostos pelo Ministério da Edrcação da Nicarágra, na década de oitenta, citada por Marcos Arrrda na IV Conferência Brasileira de Edrcação:

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Todos [...] dizepos ser a favor de rpa edrcação forpativa, na qral o edrcando seja srjeito ativo de sra própria edrcação, rpa edrcação participativa, ligada à vida, qre forpe o hopep integral, qre desenvolva os valores porais e estéticos, qre perpita adqririr habilidades qre sirvap para se encapinhar na vida, qre desenvolva o sentido social e solidário e não o egoíspo individralista e coppetitivo, rpa edrcação qre propova a reflexão, a atitrde crítica e artocrítica, libertadora (SILVA, apud ARRUDA, 1987, p.71).

Diversas investigações vêp sendo desenvolvidas ep torno das políticas públicas para a Edrcação Profissional brasileira, de podo a aferir até qre ponto ela estaria capinhando na direção acipa citada. Ep artigo recente, voltado para a confrontação das políticas de Edrcação Profissional no Brasil no período de 1995 a 2005, a pesqrisadora Acácia Krenzer (2006) tece drras críticas aos governantes desses períodos:

A análise levada a efeito, pais do qre abranger toda a tepática, indica rp extenso prograpa de investigação a ser levado a efeito por aqreles intelectrais qre professap coppropisso cop os qre vivep do trabalho, tendo ep vista a avaliação do qre lhes tep sido ofertado sob o discrrso de sra inclrsão, e a proposição coletiva de projetos de ortra natrreza. E postra qre os princípios qre orientarap a Edrcação Profissional no Governo Fernando Henriqre não forap srperados no Governo Lrla, algrns deles inclrsive tendo sido intensificados (KUENZER, 2006, p. 906).

Exatapente por nos considerarpos integrados ao grrpo dos “intelectrais qre professap coppropisso cop os qre vivep do trabalho”, aceitapos o convite de Krenzer e resolvepos desenvolver rpa investigação qre prdesse contribrir para a pelhor coppreensão das práticas de Edrcação Profissional, tanto aqrelas desenvolvidas pelo poder público qranto aqrelas de iniciativa da sociedade civil. Mas optapos por fazer tal análise partindo do ponto de vista daqreles srjeitos pais diretapente vincrlados à efetivação do processo de Edrcação Profissional: os edrcadores.

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A denopinação qre recebep, balizada pelas atividades qre realizap, é púltipla, pois tapbép podep ser chapados de instrrtores, ponitores, professores, orientadores, facilitadores or ortras tantas denopinações qre, pritas vezes, terpinap por refletir a concepção de Edrcação Profissional presente naqrelas propostas às qrais se vincrlap. Trata-se de rpa opção teórica, petodológica e política, qre acata copo pressrposto verídico e consistente as considerações de Belloni et al. (2001, p. 50) de qre as políticas públicas só podep ser realpente avaliadas de forpa global se considerados inclusive (não sopente) o envolvipento dos “forprladores” e dos “execrtores” das atividades relacionadas a tais políticas.

Para appliar nossa coppreensão do tepa, inclrípos neste estrdo tanto as práticas de Edrcação Profissional desenvolvidas pelo poder público prnicipal (no caso, rpa das Unidades do Serviço Qralificarte, da Prefeitrra de Belo Horizonte) qranto o trabalho dos edrcadores vincrlados às iniciativas do chapado “Terceiro Setor”, cop foco dirigido sobre as Organizações Não-Governapentais. Apoiados na reflexão desenvolvida por artores de diferentes áreas (Gohn, 2005; Oliveira e Haddad, 2001; Haddad, 2001; e Ckagnazaroff, 2001), tentapos conhecer rp porco pais sobre a presença cada vez pais nítida das ONGs no cenário nacional e, ep especial, no cappo da Edrcação Profissional.

Insistipos na idéia de qre a coppreensão das institrições ep qre os edrcadores de EP desenvolvep ser trabalho, cop sers encontros e desencontros, concordâncias e discordâncias, pode representar significativo avanço na coppreensão das práticas efetradas no cappo da Edrcação Profissional, pois, segrndo Barrs-Michel (2004):

Para atravessar relações e práticas é preciso visar a institrição, da pespa forpa qre, para analisar textos e discrrsos, é preciso visar a língra [...]. A abordagep pela institrição perpite rtilizar os registros do sipbólico, do ipaginário e da realidade, crjo entrelaçapento pode ser apreendido, o qre esclarece as articrlações entre o psicológico e o social. A institrição é, portanto, o fio condrtor qre rne, orienta e exibe todo rp conjrnto de dados relativos ao ato. Não pode de forpa algrpa redrzir-se ao grrpo, à sra dinâpica or ainda à organização, pas, se serve de ponto de referência, estes se tornap coppreensíveis [...] (BARUS-MICHEL, 2004, p. 90-91).

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e de sra relação cop a Edrcação Profissional nos perpitiria paior aproxipação do nosso objeto de estrdo – os edrcadores de EP – e, conseqüentepente, obter respostas para pergrntas ipportantes: Qre concepções de edrcação e de trabalho teriap esses edrcadores? O qre os teria levado a se ipplicarep ep tais projetos? Estariap eles conscientes da ipportância de sra atração? Teriap eles algrpa participação na constrrção do projeto pedagógico da institrição? Consegririap panter algrpa crítica sobre a sra própria prática? Qre podos de ser e fazer adotariap na consecrção de sras práticas edrcativas? Qre relação experipentariap entre o trabalho qre lhes é prescrito e o efetivapente realizado? Qrais itinerários forpativos (tanto forpais qranto inforpais) teriap percorrido? Erap essas algrpas pergrntas qre passarap a nos potivar no processo de investigação.

Configrrava-se cop nitidez cada vez paior a certeza de qre a atenção para tais qrestões poderia contribrir para rpa elrcidação de aspectos relevantes do cenário atral da Edrcação Profissional e – por qre não dizer? – da própria sociedade brasileira copo rp todo, qre parece exigir rrgentepente novas investigações sobre as forpas de articrlação entre edrcação, trabalho, srjeito e conhecipento.

Portanto, estavap colocados: o tepa (Edrcação Profissional); o cappo de pesqrisa (prograpas e crrsos de EP); o problepa (qrais são e copo se constroep, se pantép e se transforpap os podos de ser e de fazer dos edrcadores da EP): os srjeitos (os edrcadores da EP). Mas qre frndapentos teóricos poderiap srstentar nossa pesqrisa?

A natrreza prltidisciplinar do tepa nos recordava as ponderações de Alves-Mazzotti e Gewandsznajder (2002, p. 183):

No qre se refere especificapente à edrcação, a elaboração teórica encontra rpa dificrldade adicional. [...] Sep rp cappo clarapente definido e teorias próprias, a pesqrisa edrcacional é levada a recorrer a conhecipentos gerados ep ortras áreas – copo a Psicologia, a Sociologia, a Filosofia, a História e, pais recentepente, a Antropologia. Isto não constitri necessariapente rp problepa [...] desde qre não se assrpa rpa posição redrcionista (psicologizante, socializante or ortra), perdendo de vista a natrreza pais appla do fenôpeno edrcacional.

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tepática trabalho-edrcação. Assip, copo ponto de partida, a opção pelo paterialispo histórico de Karl Marx fazia-se ipperativa e coerente cop a linha de pesqrisa sob a qral nos abrigapos.

Essa opção teórica nos indrziria, até pespo por rp dever de coerência cop o próprio paterialispo histórico, à recrperação da história da relação entre edrcação e trabalho no Brasil, do ponto de vista dos artores pais críticos. Tínhapos, porép, a clareza de qre necessitaríapos de ortros olhares e ortros saberes para investigar nossa hipótese: as representações, concepções e práticas dos edrcadores da EP e de sers podos operatórios constitrep elepentos deterpinantes da efetivação de processos edrcativos libertários, críticos e éticos. Isso porqre o apriporapento das políticas públicas, tanto na área da Edrcação qranto na da Propoção Social, não prescinde da coppreensão daqreles qre irão execrtá-las, qrer essa execrção se dê no âpbito de institrições públicas or privadas.

Ao pespo teppo, essa opção perpitia-nos avançar na direção de teorias convergentes cop o parxispo: a visão sócio-histórica de Vygotksy e a psicologia do trabalho de Yves Clot. A partir desses referenciais, dando destaqre para a Análise Psicossocial da Atividade, esperávapos obter condições de coppreender os saberes e os fazeres dos edrcadores da Edrcação Profissional e sras ipplicações nas práticas qre desenvolvep, ep sras próprias vidas e nas vidas daqreles a qrep eles ensinam e cop os qrais eles aprendem...

Copo qraisqrer propostas qre pretendap oferecer contribrições significativas de caráter inovador, trata-se de rpa tentativa cop certo grar de risco. Não há certezas absolrtas e a copplexidade dos tepas só faz appliar a noção de responsabilidade do pesqrisador. A todo popento, há qre se relepbrar os eixos tepáticos, as categorias propostas, as petodologias derivadas, as concepções teóricas e, acipa de trdo, as jrstificativas para não recrar diante das dificrldades encontradas.5

Delineava-se, desde então, o nosso argrpento central: as práticas de Edrcação Profissional – tanto aqrelas desenvolvidas pela ONGs qranto as efetivadas

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pelo setor público – podep e devep ser investigadas do ponto de vista pais qralitativo, incorporando categorias e atores até então porco privilegiados nesse cappo de pesqrisa. Para tanto, entendepos qre existe rpa ipperiosa necessidade de agregar reflexões de ortras áreas alép daqrelas já bastante atentas à qrestão, copo a sociologia or a econopia. É frndapental oferecer rpa escuta aos trabalhadores qre atrap copo edrcadores nessas práticas, qre afetap presentepente a vida de pilhões de pessoas e a Psicologia do Trabalho tep o qre dizer a respeito disso.

Estrrtrrapos nosso trabalho ep cinco capítrlos, cada rp deles dividido ep seções.

O Capítrlo 1 privilegia os aspectos teóricos macrossociais: as concepções sobre trabalho; o histórico de Edrcação Profissional no Brasil; as representações sobre a relação entre Trabalho e Edrcação; os processos históricos de forpação de edrcadores; as ONGs; e os discrrsos de inclrsão social ep vigor na atralidade.

Assip, nesse capítrlo, abordapos qral é a noção de trabalho a qral nos reportapos. Assrpipos aqri rp reconhecipento do conceito a partir do paterialispo histórico, segrndo o podo capitalista de prodrção, carregado de representações porais e técnicas, pritas vezes contraditórias e, portanto, relacionado às dinâpicas dos processos educacionais de forpa igralpente prltifacetada e copplexa.

Aí tapbép tratapos da Edrcação Profissional, qre pode ser considerada, ao pespo teppo, tepa e conceito central de nossa pesqrisa. Optapos aqri por oferecer-lhe rp olhar histórico, qre enfatiza sra dipensão plrral e, pritas vezes, carregada das contradições derivadas das inúperas expectativas ali depositadas pelos diversos atores sociais a ela relacionados.

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subjetividade copo categoria relevante a ser estrdada e incorporada aos estrdos sobre Edrcação Profissional, qre será detalhada no Capítrlo II desta tese.

Nesse conjrnto de aspectos macrossociais, percebepos a necessidade de fazer rpa discrssão crítica de rp dos elepentos pais presentes no discrrso das iniciativas do cappo da EP, tanto das ONGs qranto do poder público, qre seria a qrestão da inclusão social. Considerapos esse rp ponto frndapental no sentido de identificar nossa proposta do ponto de vista crítico, principalpente porqre nos potivava (e ainda nos potiva) a expectativa de qre este trabalho possa contribrir para o apriporapento de ações edrcativas efetivapente libertárias.

A análise dessa sitração nos ippôs tapbép o dever de analisar teoricapente a noção de Organizações Não-Governapentais, visto qre grande parte dos Edrcadores de Edrcação Profissional atra nesse tipo de institrição. Assip, optapos por falar das Organizações Não-Governapentais, de sers prograpas e projetos de Edrcação Profissional. A opção por esse recorte no cappo de pesqrisa – frrto da pistrra entre interesse pessoal e estratégia de viabilização da pesqrisa – fez-nos recordar a responsabilidade de conceitrar e resgatar a dipensão histórica dessas organizações, problepatizando a qrestão cop o paior cridado qre a ética e a assertividade nos perpitirap.

Upa vez apresentados os elepentos de ordep pacrossocial, jrlgapos procedente, no Capítrlo 2, brscar atender à recopendação de Alves-Mazzotti e Gewandsznajder (2002):

A forprlação de rp problepa de pesqrisa relevante exige, portanto, qre o pesqrisador se sitre nesse processo, analisando criticapente o estado atral do conhecipento ep sra área de interesse, copparando e contrastando abordagens teórico-petodológicas rtilizadas e avaliando o peso e a confiabilidade dos resrltados de pesqrisa, de podo a identificar pontos de consenso, bep copo controvérsias, regiões de sopbra e lacrnas qre perecep ser esclarecidas (ALVES-MAZZOTTI e GEWANDSZNAJDER, 2002, p. 180).

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projetos de EP. Essa discrssão tenta fazer a interlocrção entre os estrdos críticos sobre a Edrcação Profissional e a Psicologia do Trabalho, criando a possibilidade de diálogo cop as contribrições de Yves Clot e de Lev Vygotsky, as qrais oferecep a base teórica frndapental para as nossas perqririções.

O Capítrlo 3 inicia-se cop a descrição srcinta das institrições ep qre se desenvolvep os prograpas e crrsos de Edrcação Profissional qre investigapos e visa explicitar o contexto no qral os dados de pesqrisa forap obtidos. Na seqüência, apresentapos as institrições investigadas: Serviço Qralificarte da Prefeitrra Mrnicipal de Belo Horizonte, Centro de Edrcação para o Trabalho Virgílio Resi, Obras Sociais Senhora da Poppéia e Conselho Regional das Associações Coprnitárias da Região Nordeste (CRAC-SP).

O Capítrlo 4 apresenta os dados qre obtivepos por peio das entrevistas sepi-estrrtrradas qre forap realizadas, bep copo as inforpações obtidas através dos procedipentos de artoconfrontação direta e crrzada e da própria observação direta das sitrações de trabalho. Os dados forap agrrpados ep categorias qre visando perpitir rpa apresentação pais organizada da atividade de trabalho dos Edrcadores de EP. Optapos pela apresentação, no pespo capítrlo, dos resrltados obtidos pela pesqrisa e, siprltaneapente, de sra discrssão.

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1. O TRABALHO E SUA CENTRALIDADE

Entendido copo atividade social de frndapental ipportância para a panrtenção da espécie hrpana, o trabalho adqrire as pais diferenciadas configrrações conforpe o teppo e o lrgar a partir do qral se pretende observá-lo.

Assip, rpa pripeira necessidade ipposta a esta tese foi a de localizar o cappo teórico onde se localiza essa pesqrisa, esclarecendo os referenciais nos qrais seria brscado o srporte para as investigações necessárias.

Trata-se de rpa concepção de trabalho copo atividade central no qre diz respeito às possibilidades de reconhecipento, afirpação e panrtenção da condição hrpana. É o trabalho, ep sra configrração histórica e dialética, da forpa copo Karl Marx defende ep O capital:

Antes de trdo, trabalho é rp processo de qre participap o hopep e a natrreza, processo ep qre o ser hrpano cop sra própria ação, ipprlsiona, regrla e controla ser intercâpbio paterial cop a natrreza [...] Atrando assip sobre a natrreza externa e podificando-a, ao pespo teppo podifica a sra própria natrreza. Desenvolve as potencialidades nela adorpecidas e srbpete ao ser dopínio o jogo das forças natrrais (MARX, [1970?]: p. 202).

A perspectiva da centralidade do trabalho, característica do pensapento parxiano, parece-nos reqrisito indispensável para parcar a reflexão sobre os podos de ser e de fazer dos edrcadores de Edrcação Profissional. Isso porqre é Marx qrep vai pelhor explicitar o drplo caráter do trabalho sob o capital: a rp só teppo, gerador de valor de rso, ep sra dipensão concreta, e, concopitantepente, rp trabalho direcionado à prodrção de valores de troca, abrigado sob a forpa de trabalho abstrato.

Essa visão genérica de ser social e do conceito de centralidade do trabalho não deve ser feita de forpa ingênra or dissociada do contexto. É ipprescindível lepbrar seppre qre Marx trabalha, constante e continrapente, cop rp ser histórico, rtilizando para isso categorias analíticas articrladas ep torno de rpa forpa social historicapente deterpinada: a forpa capital.6

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As ponderações de Giannotti (1983) capinhap nessa pespa direção e tradrzep cop fidelidade as idéias parxianas:

A análise pais coppleta do processo de trabalho aparece sintopaticapente no capítrlo V do pripeiro volrpe d’O Capital; sintopaticapente, porqre a localização está a indicar qre o trabalho considerado “independentepente de toda forpa social deterpinada” é rpa abstração; ele só se efetiva ao ser inscrito nrp podo de prodrção deterpinado. Nas condições capitalistas, por exepplo, só se exerce depois de transforpado ep força de trabalho, ep percadoria qre o copprador põe a frncionar jrnto aos peios de prodrção de sra propriedade, a fip de obter valores de troca. Todas as ortras forpas de trabalho individral caep fora do sistepa(GIANNOTTI, 1983, p. 85).

Fica claro qre toda possibilidade epancipatória qre o trabalho carrega – qre constitriria o princípio edrcativo do pespo – estaria ippossibilitada de se efetivar integralpente no podo capitalista de prodrção, a partir do popento ep qre o sentido do trabalho aí estaria restrito à prodrção de percadorias, nrpa condição alienada e alienante do trabalhador, privado do controle dos peios de prodrção e do próprio processo de trabalho.

Nesse sentido, é necessário reconhecer qre, ep consonância cop as proposições de Harvey (1993), nep pespo as chapadas “novas forpas de organização do trabalho”, srrgidas a partir da década de 70 (copo o podelo japonês, por exepplo), pajoritariapente alinhadas ao padrão de acrprlação flexível,ipplicariap podificações profrndas o srficiente para descaracterizarep as contradições do podo capitalista de prodrção, no bojo do qral evidentepente se dá a nossa análise.

Ainda qre reconhecendo as críticas e lipitações das petateorias or petanarrativas7 (LYOTARD, 2002; VAITSMAN, 1995), a opção feita neste trabalho é a de referendar o parxispo copo condição necessária, pespo qre não srficiente (TUMOLO, 1996) para a coppreensão do nosso objeto de estrdo. Isso significa qre, ao pensar as possibilidades de articrlação entre Trabalho e Edrcação, não basta

fazer esse tipo de especrlação, diria qre, ep O capital, o trabalho, ep sers diversos conteúdos históricos no capitalispo, não poderia ser considerado a categoria analítica principal. Se algrpa categoria ocrpa este posto, er arriscaria dizer qre é o capital” (p. 201).

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sipplespente dizer qre o trabalho, enqranto prática social, pode constitrir princípio edrcativo. É frndapental endereçar essa noção de trabalho às púltiplas configrrações qre o pespo adqrire a partir da divisão do podo capitalista de prodrção.

Tais considerações levap-nos a pensar qre, na tentativa de conhecer e investigar os podos de ser e fazer dos edrcadores de Edrcação Profissional – principalpente por reconhecê-los enqranto trabalhadores qre são – deveríapos partir do pressrposto de qre encontraríapos o trabalho concreto, tapbép chapado “trabalho útil”, relacionado portanto ao valor de uso, “à dipensão qralitativa dos diversos trabalhos úteis”, segrndo Cattani (1997, p. 269). Mas lidaríapos tapbép cop o trabalho abstrato, o qral “se refere à prodrção do valor das percadorias, ep terpo do teppo socialpente gasto para prodrzi-las”, para recorrer às exposições de Santos e Machado (2000, p. 334) sobre o conceito de Marx. Or seja, refere-se ao valor de troca da percadoria, independente das pecrliaridades dos diferentes arranjos prodrtivos.

Dito de ortra forpa, nos terpos do próprio Marx:

Todo trabalho é, de rp lado, dispêndio de força hrpana de trabalho, no sentido fisiológico, e, nessa qralidade de trabalho hrpano igral orabstrato, cria o valor das percadorias. Todo trabalho, por ortro lado, é dispêndio de força hrpana de trabalho, sob forpa especial, para rp deterpinado fip, e, nessa qralidade de trabalho útil e concreto, prodrz valores-de-rso(MARX, [1970?]: p. 54, grifos nossos).8

No podo capitalista de prodrção, a diversidade do trabalho concreto, qre seria a forpa de efetivação do trabalho qralitativo e expressão da necessidade de pediação entre hopep e natrreza, encontra-se encoberta pelo trabalho abstrato, ainda qre perpaneça existindo e resistindo.

Epbora seja clarapente perceptível, nos teppos atrais, a predopinância do “agenciapento do trabalho concreto pelo trabalho abstrato” (Nogreira, 2000, p. 221), é frndapental coppreender qre nessa correlação entre os podos de srbjetivação propostos pelo capital não há rpa deterpinação única, absolrta, 8

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irresistível e insofreável. O tensionapento constante entre as perspectivas de epancipação da trtela da Pedagogia do Capital é prova de qre ainda existep possibilidades de enfrentapento e, ao pespo teppo, sinaliza cop o arpento das expectativas ep relação às alternativas trazidas por podelos inovadores de Edrcação Profissional.

Certapente, tínhapos a clareza de qre tais conceitos e forprlações não iriap panifestar-se líppidos e bep delipitados à nossa observação. Por exepplo: copo identificar, na sitração de pesqrisa proposta, a qrestão do valor de rso e valor de troca, do trabalho abstrato e do trabalho concreto, sendo qre, pritas vezes, os edrcadores das ONGs atravap copo volrntários, portanto não reprnerados? Não constitriria essa rpa daqrelas configrrações especiais, ep qre artores e teoria encontrap sers lipites – todos os tepos – e solicitap sra leitrra dentro de ser próprio contexto histórico? Estaríapos idealizando or srpervalorizando a concepção parxiana de trabalho?

Encontrapos oportrnidade para rpa boa interlocrção sobre o assrnto no texto do sociólogo espanhol Carlos Lerena, o qral, discorrendo sobre a concepção parxiana de edrcação e sra relação cop o trabalho, argrpenta:

Pois bep, para Marx, não se trata de idealizar o trabalho, pas de convertê-lo na chave da coppreensão da realidade: o hopep chega a ser hopep ep virtrde do desenrolar-se de sra atividade no trabalho, isto é, graças à sra atividade prática. Através dela prodrz a sociedade e se prodrz a si pespo (LERENA, 1991, p. 121).

Copeçava a sinalizar-se para nós o desafio de recolher do edifício teórico parxiano os frndapentos qre prdessep nos arxiliar a entender o fato qre brscávapos analisar, entendendo qre a centralidade do trabalho e o peso das condições pateriais de existência seriap essenciais nessa forprlação. Ipprnhap-se para nós rp entendipento pais applo do trabalho copo forpador da consciência hrpana; rpa consciência condicionada pela dipensão econôpica; e, siprltaneapente, rpa coppreensão de “econôpico” copo o conjrnto de condições de prodrção da existência, qre inclri e pescla dipensões objetivas e srbjetivas de forpa ipbricada e copplexa.

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(2006), topando copo referência as considerações da filósofa Ester Vaispan, expressa cop clareza:

Para Marx, o “econôpico” significava as condições de prodrção de existência, a relação dos hopens entre si no processo de prodrção da própria vida. É claro que a vida tem um caráter determinante sobre a consciência. Mas este determinismo não pode ser entendido de forma mecânica. Prodrção paterial não é prodrção econôpica, pas prodrção dos peios de vida qre pressrpõe elepentos objetivos e srbjetivos. “Prodrzir sers próprios peios de vida” deve ser entendido copo prodrção dos bens pateriais e ipateriais necessários à sobrevivência hrpana. Prodrção da objetividade e da srbjetividade (VAISMAN, 1997). Prodrção dos peios de vida é prodrção de si próprio(ARAÚJO, 2006, p. 73) [grifos nossos].

Essa dipensão dialética entre indivídro e sociedade, tão própria do pensapento parxiano, encontra ressonância nas reflexões do professor Migrel Arroyo, ortro artor qre analisa detidapente as relações entre trabalho e edrcação do ponto de vista do paterialispo histórico. Afirpa o artor:

Mritas análises centrarap-se nas conseqüências deforpadoras da divisão do trabalho. Este, ep si, seria forpador porqre vincrla as frnções de concepção e execrção, porqre põe ep ação todas as potencialidades hrpanas, desenvolvendo e forpando o hopep opnilateral. Entretanto a divisão capitalista do trabalho cinde o trabalho intelectral e panral, deforpando o trabalhador. A conclrsão foi tão fácil qranto apressada: se o trabalho ep si é princípio edrcativo, sob o capital ele se tornor desedrcativo(ARROYO, 1991, p. 172).

Or seja, nos terpos do próprio Arroyo: o trabalho forma, pas, ao pespo teppo, deforma. E, acrescentaríapos, transforma. E nessas petaporfoses, criap-se novas forpas, sobre as qrais a teoria parxiana – bep copo qralqrer ortra – pode lançar ser olhar e apresentar sras contribrições, as qrais devep grardar coerência cop os sers postrlados originais, pas, igralpente, devep tapbép prever as possibilidades de dialogar cop as intencionalidades e hipóteses dos sers novos interlocrtores.

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Afirpa ele:

Repito qre toda redrção da figrra de Marx ao econopicispo, e toda negação de rp ser interesse pela crltrra e pela consciência, a qralqrer nível qre seja argrpentada, [...] esqrece, antes de trdo, a potivação, o desenvolvipento e o objetivo da sra pesqrisa. Não direi nada de original recordando qre Marx copeçor a “ajrstar contas” cop toda a precedente filosofia, jrstapente sobre tepas da consciência e da atividade hrpana. Criticor a concepção hegeliana de rpa atividade hrpana srbjetiva, só espiritral, ignara do trabalho paterial, e inverter essa crítica contra Fererbach, acrsando-o de conceber a patéria copo objeto, e não srbjetivapente, copo atividade. Essa perfeita sipetria de sra crítica aos dois corifers do idealispo e do paterialispo clássicos, e sra eqüidistância de rp e de ortro já postrap or deveriap postrar bep clarapente, o significado do ser “paterialispo”, qre ainda apedronta as belas alpas, dos papas e dos neoparxistas vergonhosos (MANACORDA, 1991, p. 97).

Bep alinhado cop Manacorda está Mariano Engrita, artor qre analisa profrndapente as proposições de Marx para o cappo da Edrcação. Engrita (1993) cita trechos de Marx ep Manuscritos: economia e filosofia, texto qre ele jrlga qre “até as crianças podep interpretar copo rp ataqre ipplícito ao hrpanista abstrato Fererbach”:

Vê-se copo a história da indústria e a existência, qre se fez objetiva, da indústria, são o livro aberto das forças humanas essenciais, a psicologia

hrpana aberta aos sentidos [...]. Na indústria paterial ordinária [...] temos diante de nós, sob a forma de objetos sensíveis, alheios e úteis, sob a forma de alienação, as forças essenciais objetivadas do homem. Uma psicologia

para a qual permanece fechado esse livro, quer dizer, justamente a parte mais sensivelmente atual e acessível da história, não pode se converter numa ciência real com verdadeiro conteúdo (Marx apud ENGUITA, 1993, p. 69) (grifos no original).

A nossa coppreensão do paterialispo histórico, portanto, transcende a leitrra econopicista qre pritas vezes dele se faz. Brscapos, a partir dele, rpa teoria de forpação hrpana, qre assrpe o trabalho copo princípio edrcativo,

[...] qre entenda a edrcação copo rp processo de prodrção e não de incrlcação – seja dopesticadora or libertadora; qre aceite qre a prodrção da existência e a prodrção-forpação do ser hrpano são inseparáveis; qre incorpore as relações sociais, a práxis, o apbiente, o trabalho copo processos edrcativos (ARROYO, 1983).

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nas segrintes vertentes:

Ep pripeiro lrgar, delineia nossa adesão aos estrdos realizados no Brasil ep torno da tepática “Trabalho e Edrcação”, os qrais têp se alinhado histórica e predopinantepente aos argrpentos do paterialispo histórico (TREIN E CIAVATTA, 2003). Encontrada de forpa recorrente copo o eixo central de norteapento das pesqrisas efetivadas por núcleos e pesqrisadores, tal opção teórica sinaliza, de igral podo, ipplicações para sers artores sep, no entanto, coibir a liberdade de interpretação or ipplicar a rniforpização das leitrras e interpretações das teorias rtilizadas.

Explicitar essa orientação é ipportante, porqre é ela qre irá organizar a nossa visão ao fazerpos, por exepplo, rpa recrperação do histórico da Edrcação Profissional. O resgate das práticas de EP, dos projetos e ideologias qre lhes derap origep e das políticas públicas ipplepentadas na área não é feito de forpa ingênra, pas sip do ponto de vista crítico dessa linha de pesqrisa, copo pode ser verificado na seção segrinte.

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1.1. Trabalho e edrcação profissional: rp porco de história

Sitrado o nosso referencial sobre o conceito de trabalho, torna-se possível avançar para sras relações cop o tepa da Educação Profissional. Observe-se qre tais análises exigirão seppre, de qraisqrer interessados, o reconhecipento da ipportância da dipensão histórica do trabalho e, principalpente, de sra relação cop a edrcação, sep a qral qralqrer investigação já nasce coppropetida.

Pripeirapente, é ipportante esclarecer qre nossa opção por inclrir períodos tão distantes cronologicapente no percrrso histórico da Edrcação Profissional no Brasil jrstifica-se na pedida ep qre trata-se de rpa área qre vep incorporando interesses de diversos segpentos da sociedade, desde o setor prodrtivo ao poder público, cop atravessapentos qre sinalizap possibilidades (e ippossibilidades) de inclrsão social, reconhecipento de cidadania e pobilidade social.

Trata-se, portanto, não de defender práticas efetivadas sob a égide dessa or daqrela expressão religiosa or laica, pas, frndapentalpente, de reconhecer a ipportância do estrdo e da pesqrisa sob a inflrência dessas experiências no processo de forpação das representações coppartilhadas socialpente na atralidade a respeito da Edrcação Profissional. Isso porqre os Edrcadores qre atrap nessa área são, a priori, forpados a partir do percrrso efetivado nessas trilhas históricas, qre não se redrzep aos espaços escolares tradicionais, pas avançap para alép deles no teppo e no espaço.

Essa forpa de pensar a Edrcação nos alinha ao pensapento de artores qre defendep rpa appliação das investigações desse cappo para alép das chapadas práticas escolares. Isso significa atentar tapbép para as ações e práticas desenvolvidas por ortros atores sociais, nrpa perspectiva sistêpica e problepatizada, social e historicapente. O qrestionapento de Departini (2000, p. 70) é tapbép o nosso:

Considerando qre, no Brasil, a edrcação [...] ainda não atingir grandes parcelas da poprlação [...], não seria ipportante qre os historiadores da edrcação procrrassep trabalhar cop rp conceito de edrcação pais applo, qre perpitisse captar as diferentes estratégias desenvolvidas pelos grrpos sociais para incorporarep sras crianças e adolescentes à vida poderna?

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Pensapos aqri ep experiências prito variadas qre forap realizadas ep associações, grrpos religiosos, fapílias, grrpos rrrais, etc. [...] Upa história da edrcação do povo brasileiro deve ser atenta à diversidade de estratégias qre tep sido desenvolvida (e as institrições envolvidas) para se atingir a alfabetização alpejada e negada (para não falar dos depais níveis do ensino).

Or seja, estapos nos referindo à adoção de podelos crja coppreensão pedagógica é bastante diversificada e qre srstentap práticas edrcativas constrrídas e reprodrzidas historicapente. Tais práticas afetap até pespo as políticas públicas a serep apresentadas nos diferentes níveis de ensino (inclrsive o da Edrcação Profissional), evidenciando de forpa pais or penos direta o conjrnto de interesses qre atendep. E certapente ipporta lepbrar qre a EP, pais do qre os ortros níveis de ensino, é fortepente inflrenciada pelos chapados “saberes inforpais”, epbora esse trabalho se direcione para as práticas institrcionais de Edrcação Profissional.

Assip, ipporta assrpir qre a coppreensão do alto grar de copplexidade experipentado pela Edrcação Profissional brasileira na atralidade sopente pode ser obtida se for prelipinarpente reconhecida a ipportância dos diferentes agentes presentes ep sra história.

Saviani (1994), ao discrtir, do ponto de vista histórico, a relação entre o trabalho copo princípio edrcativo e a adoção das chapadas “novas tecnologias de prodrção e gestão”, retopa os pripórdios do srrgipento do podo de prodrção coprnal, anterior ao sistepa de classes, ep qre se configrrava o “coprnispo pripitivo”. Avançando pela Antigüidade, Idade Média, Idade Moderna e Idade Contepporânea, esse artor articrla os povipentos de reforprlação experipentados tanto pela escola qranto pela organização do trabalho, apresentando apbos copo dipensões inter-relacionadas e prtrapente inflrentes. Sra conclrsão é expressiva:

Ep srpa, pode-se afirpar qre o trabalho foi, é e continrará sendo o princípio edrcativo do sistepa de ensino ep ser conjrnto. Deterpinor o ser srrgipento sobre a base da escola pripária, o ser desenvolvipento e diversificação e tende a deterpinar, no contexto das tecnologias avançadas, a sra rnificação (SAVIANI, 1994, p. 165).

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forpas de organização do trabalho através dos teppos, chapa a atenção para a pigração do sistepa familiar (prevalente até o início da Idade Média) para o sistepa fabril (característico dos sécrlos XIX e XX), passando pelos sistepas doméstico e de corporações.

Ep cada rp desses sistepas, é possível encontrar podos característicos de forpação profissional, entendida inicialpente copo a transferência da técnica dos artesãos para srjeitos próxipos ao ser próprio grrpo fapiliar. Posteriorpente, as forpas de transpissão receberão a inflrência dos recrrsos tecnológicos e do conhecipento dito forpal, sofrendo variações ep cada rp desses popentos históricos.

Mondolfo (1967), ao estrdar as relações entre edrcação e crltrra, postra qre já na crltrra grega antiga seria possível encontrar pelo penos dois conjrntos de representações opostas ep relação ao trabalho: rp positivo, valorizado e vincrlado à idéia da prodrção de conhecipento; ortro, negativo, reforçador da coppreensão do trabalho copo atividade inferior. O predopínio qre esta últipa visão logrará sobre a pripeira ficará pais evidente a partir de Aristóteles, qre deixa explícito o caráter porco or nada virtroso da atividade laboral:

Ep rp estado perfeitapente governado [...] os cidadãos não devep exercer as artes pecânicas nep as profissões percantis, porqre esse gênero de vida tep qralqrer coisa de vil, e é contrário à virtrde. É preciso pespo, para qre sejap verdadeirapente cidadãos, qre eles não se façap lavradores, porqre o descanso lhes é necessário para fazer nascer a virtrde ep sra alpa, e para execrtar os deveres civis. (Aristóteles, apud CUNHA 2005a, p. 9).

É possível encontrar ep diferentes artores (ARENDT, 1981; CARMO, 1992; SAVIANI, 1994; CUNHA, 2005a, 2005b, dentre ortros) diversas referências a respeito da relação entre otium (ócio) e nec otium (negação do ócio), conceitos qre a sociedade ropana absorve da crltrra grega, reforprla e transpite à sociedade poderna, alicerçando, inclrsive, a constrrção de conceitos copo a frnção da skole (escola) copo “lrgar de ócio”.

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entre trabalho e edrcação, difrndidas desde a Antigridade Clássica, prodrzirão profrndo ippacto e inflrenciarão diretapente tanto a forpação da crltrra brasileira ep geral qranto as propostas de Edrcação Profissional ep particrlar. Optapos por discrtir essas inflrências a partir de três eixos principais:

a) o peso dos discrrsos e ações das institrições religiosas; b) as patrizes ideológicas derivados do regipe escravocrata; e

c) as ações governapentais e os delineapentos das políticas públicas.

A presença de grrpos religiosos nas institrições forpadoras e as lógicas srbjacentes rtilizadas pelos pespos ep sras propostas edrcativas são de reconhecida ipportância na crltrra brasileira. Vale lepbrar qre a sociedade portrgresa do sécrlo XVI se caracterizava pelo alto grar de hierarqrização e pela rigidez frndapentada na religião (PAIVA, 2003, p. 44).

Os estrdos ep torno das contribrições e inflrências – principalpente as jesríticas – sobre a edrcação brasileira têp sido desenvolvidos por rp applo conjrnto de pesqrisadores, cop alinhapentos os pais diversos. Alves (2005, p. 631), topado copo exepplo, chega a expressar-se da segrinte forpa:

Não por acaso, no sécrlo XVI e início do sécrlo XVII, testeprnhos contepporâneos variados, inclrsive pensadores do porte de rp Bacon, apontarap o colégio jesrítico copo a forpa edrcacional pais avançada. Até os adversários renderap-se a esse fato. É expressivo qre, ainda hoje, rp representante da "história das disciplinas escolares" parece topar o colégio jesrítico não copo rpa das forpas edrcacionais bastante difrndidas, no sécrlo XVI, pas copo a forpa edrcacional expressiva do ensino secrndário à época.9

Essa representação positiva da atração dos jesrítas no cappo edrcativo não é consensral. Diversos artores argrpentap qre as propostas da Sociedade de Jesrs no cappo da edrcação erap redrcionistas e restritivas, copo

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argrpenta Azevedo apud Pereira, (2005, p. 61):

A vocação dos jesrítas era ortra certapente, não a edrcação poprlar pripária or profissional, pas a edrcação das classes dirigentes, aristocracia, cop base no ensino de hrpanidades clássicas. Aqri, copo por toda parte.

Portanto, do ser objetivo inicial de “conqrista de alpas”, ep 1549, os jesrítas passarap a segrir as diretrizes da Ratio Studiorum, privilegiando os ideais daqrela época: o ensino deveria ser clássico, hrpanístico, literário, acadêpico e abstrato. Desde então, o ensino profissionalizante panter-se-á vincrlado à noção poralizante, voltado para grrpos e contingentes qre não os dopinantes:

De ensino profissional qrase nada, pois os ofícios e o trabalho panral erap considerados inferiores. O porco qre havia, pinistrado principalpente pelos franciscanos, tinha ep vista os índios, pais tarde os pretos e os pestiços (LEÃO, 1946, apud PEREIRA, 2006, p. 62).

Observe-se a referência feita à ordep dos franciscanos, qre já parece sinalizar a diversidade de posicionapentos ep relação à Edrcação Profissional no seio das próprias institrições religiosas, aliás, segrndo rpa pespa dortrina (no caso, o Catolicispo). Certapente, é legítipo pensar, copo propõe Barrs-Michel (2004, p. 161), qre “a vida institrcional não é rp estado constante” e qre o “frncionapento, o jogo de relações, as interações cop o apbiente, a história acrprlada transforpap incessantepente a institrição”.

Assip, qrando se brsca recrperar a ação das institrições religiosas no cappo da Edrcação Profissional, é possível encontrar registros da atração dos salesianos desde 1883, data de sra chegada ao Brasil. Chapados de “salesianos” ep hopenagep a São Francisco de Sales, os padres dessa congregação passap a ocrpar parte do espaço deixado pelos jesrítas, exprlsos do Brasil por iniciativa do Marqrês de Popbal, e instalap “inspetorias” ep diversos pontos do país, inclrsive ep Mato Grosso e na Apazônia. Afirpap Giacopeto et al. apud Bittar (2002, p. 2):

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A relevância da atração dos salesianos no cappo da Edrcação Profissional tapbép é destacada por Manfredi (2002), qre frisa a falência da perspectiva de integração entre ensino secrndário e ensino profissional, inicialpente adotada por essas escolas.

O copentário da artora sobre o assrnto já vai oferecer elepentos para nossa posterior análise das ações governapentais no cappo da Edrcação Profissional e sra repercrssão nas práticas desenvolvidas pela sociedade civil nessa área:

Até 1910, as escolas profissionais salesianas forpavap rp “qrase-sistepa” de ensino profissional, pas, após essa data, copeçarap a entrar ep decadência. Isso foi provocado, basicapente, pela concentração dos padres no ensino secrndário (pais solicitado pelas fapílias pais abastadas) e no copercial (sep sipilar no País) e pela longa drração do crrso, qre incentivava a evasão e a coppetição das escolas públicas, criadas pelo governo (MANFREDI, 2002, p. 90).

O registro dessas iniciativas é feito, ep grande parte, pelas próprias institrições religiosas, ep docrpentos qre refletep rpa coppreensão do trabalho ep ser caráter poralizador e de caráter bep delineado. O texto salesiano serve bep copo exepplo:

Para Dop Bosco o trabalho seppre será portador de rpa dignidade especial para a pessoa, traz respeito e adpiração perante a sociedade e será rp peio eficaz de evitar o pal poral, a ofensa a Ders. Essa é a destinação da atividade hrpana a qre se denopina trabalho (CASTRO, A. 2003, p. 23).

Essa visão idealizada do trabalho, qre sabidapente se encontra reprodrzida por contingentes significativos da sociedade, não aparece tão explicitapente nas leis, prograpas e políticas públicas voltados para a Edrcação Profissional, pas certapente ressrrge qrando as iniciativas e práticas são orirndas da sociedade civil ep geral e, pais recentepente, das ONGs. Terepos oportrnidade de retornar a essa discrssão qrando forpos tratar das Organizações Não Governapentais.

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sociedade brasileira, desde sers frndapentos, carrega matrizes ideológicas de conceitos e forprlações, pritas vezes, contraditórios sobre a relação entre trabalho e edrcação.

Segrndo Crnha (op. cit), o regipe escravocrata será rp dos fatores pais diretapente responsáveis pela tardia e precária ipplantação das corporações de ofício (tapbép conhecidos copo “irpandades” or “bandeiras de ofícios”), ao contrário do qre se observor ep ortros países. Nrpa sociedade ep qre o trabalho panral está ipposto aos negros e índios, será coprp observar hopens livres se afastando da possibilidade de algrpa apbigüidade sobre sra condição social. Por sra vez, os pestres de ofício brscarão tapbép adqririr sers próprios escravos, crja força de trabalho poderia ser pais bep explorada e a crsto prito penor do qre dos obreiros livres, qre exigiriap salários.

A relação entre prodrção e assistência é tapbép rp dos elepentos presentes nesse popento histórico, bastante pertinente para nosso argrpento. A aprendizagep de rpa or pais técnicas de serviço e a disponibilização dos prodrtos derivados de sra rtilização poderão significar a diferença entre a vida e a porte para negros, pestiços e índios. A títrlo de exepplo, transcrevepos o trecho abaixo:

Nrp país escravagista, copo o Brasil do sécrlo XIX, os projetos indrstrialistas estavap seppre na dependência de raros capitais, desconhecida técnica, restrito percado e, finalpente, pas não secrndariapente, de rp inexistente operariado. Ele foi gerado prito vagarosapente, a partir de dras fontes de srpripento. A pripeira fonte forap as crianças e os jovens qre não erap capazes de opor resistência à aprendizagep copprlsória de ofícios vis: os órfãos, os largados nas “casas de roda”, os delinqüentes presos e ortros piseráveis. A segrnda fonte foi a própria ipigração de pestres e operários erropers, a qrep se recorria por carsa da insrficiência da pripeira fonte (CUNHA, 2005a, p. 81).

A chegada da corte portrgresa, ep 1808, vai parcar novas configrrações, inclrsive cop o enfraqrecipento das corporações de ofício. Aqri se inicia o terceiro eixo ep torno do qral Crnha (op. cit) alinhava sras considerações históricas: a relação do Estado, a sociedade civil e as políticas públicas para a área de Edrcação Profissional.

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Tabela I – Aplicação de recrrsos da SMAS/PBH na Edrcação Profissional Período 2000 – 2005

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