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O projeto ideológico das telenovelas brasileiras: análise de conteúdo

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Academic year: 2017

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(1)

Anãlise de Conteudo

(2)

Anilise de CoriteGdo

ICLtIA RODRIGUES DE LIMA

Tese submetida como requisito parcial para a obtenção do grau de Mestre em Educação.

RIO DE JANEIRO Fundação Getülio Vargas

Instituto de Estudos Avançados em Educação Departamento de Filosofia

(3)

~ob~inho~-que vêem televi~ão.

Pa~a Célio e Valma - meu~ pai~ -que

a~~i~tem . ..

(4)

Ao~ P406~~~04~~ Vieto4 Vine~nt V~ii~~ Luiz Ant~

nio Rod4igu~~ d~ Cunh~, que apesar de me dizerem muito du rante todo um perlodo de primeiras buscas, não detiveram o monopólio da fala, nem falaram por só falar.

Ã~ P406~~~04~~ E~th~4 M~4i~ A4~nt~~ ~ M~4i~ Ãng!

i~ Vin~g4~ d~ Aim~id~: a primeira, orientadora nas desco -bertas primeiras e a segunda, no "6~d~ in" de todas as de mais.

à P406~~~04~ E4ik~ F4~nzi~k~ H~4d ~ ao P406~~~04

Joh~nn~~ V~n Tiibu4g, que me ofereceram informações tecni-cas, livros e muitas de suas tardes.

A Ma4f~n~ R~mo~ F~44~i4~ ~ Ann~ Luei~ P~~t4o,que

sugeriram, animaram e datilografaram.

Ao~ ~migo~ que ajudaram: uns, com valiosos palpi

tes e outros, sem eles.

(5)

o vulgo .6e.mp~e. .6e. de.,[xa le.va~ pe.la.6 a

pa~~ne,[a.6 e. pe.lo.6 ~e..6ul~ado.6".

Maquiavel, "0 Principe".

(6)

Pago

1. I NTRODUÇAO

...

" ,

...

,

..

,

..

,

...

, ... 1

1.1 .. A Televisão: o meio e a mensagem . . . 1

1.2 .. A mensagem e a anilise • .•••• ••• ..••••..•. 4

2. A CONSTRUÇAO DA ANÃLISE •..••.••.•.•

f...

7

2.1 .. Procedimentos Metodolõgicos

'f" f...

9

3. A MENSAGEM E A LINGUAGEt-1 • . . • . . . • . . • . . • . . . • . 14

3.1 - A simulação de intimidade .. , . . . 14

3.2 .. A explicação do real . . . , . . . . 34

3.3 .. Sincretização e homogeneização " . .•.••.•• 56 3.3.1 - Um intervalo comercial ••.. ,.. . . . • . . • ••• 69

4. A MENSAGEM E A IDEOLOGIA ..• ••. •...•••.. •..••... 85

4.1 .. A famll ia: uma casa IIchocantell e uma II gra _ na pretall • • • • • • • • • • • • • • , • • • • • • • • • • • , . . . 86

4.4.1 .. O bom patrão . . . , . . . 96

4.2 .. A Escola: IIvale mais quem sabe maisll • • • • • • 101 4.2.1 .. O empregado sãbio . . . 109

4.3-0svaloresmorais . . . , .. , . . . 114

4.3.1 .. O valor do estudo: Minerva x Mercurio.. 119

5. CONCLUSOE S . • . . • . . • . . . • . . . . • • • • , .. , . . . 122

6. BIBLIOGRAFIA • • . . . • . . . • . . . • . . . . • . . • • • . • . . , 125

7. ANl'..XO~ • _ • • • _ n - • • • n - _ • • n _ - • • • • • n _ • n _ • n • • • - • 1 iO

(7)

No presente trabalho, procede-se a uma . anãlise

de conteudo das mensagens correspondentes a telenovelas a

presentadas pela Rede Globo de Televisão - Canal 4 e pela

Fundação Centro Brasileiro de TV Educativa - Canal 2, no

Rio de Janeiro, no periodo compreendido entre junho e de

-zembro de 1980.

Em bases comparativas, examina-se o processo de

elaboração e transmissão das mensagens de uma Televisão E

ducativa e de uma Televisão não Educativa, bem como se pr~

cura detectar semelhanças ou diferenças entre os conteu

dos ideológicos transmitidos por ambas as modalidades de

mensagem. Uma anãlise da expressão televisiva fundamenta

a constituição e decomposição de um "corpus"de dados em

u-nidades de informações presentes nas mensagens, o reagrup~

mento dessas unidades e a interpretação, considerados dois

temas principais: Relações Sociais e Valores Morais. Des

creve-se a maneira como são tratados esses temas, observan

do-se a dimensão denotativa e chegando-se

ã

dimensão

cono-tativa como o nivel de transmissão dos conteudos ideológi-cos.

A anãlise vem mostrar que, a partir da forma de

expressa0 e atingindo os conteudos, ambas as modalidades de

mensagens se assemelham, tanto pelo mascaramento do mundo

real, como pela imposição de modelos de comportamentos e

de relacionamentos, sugerindo ao mesmo tempo uma atitude

de passividade diante do modelo de sociedade vigente.

(8)

Cette etude a pour objet 1 1ana1yse du contenu des messages repandus par des feui11etons diffuses par la IIRede

Globo de Televisão" - Cha;ne 4, par la IIFundação Centro Br~

si1eira de TV 'tducativea

- Cha;ne 2,

ã

Rio de Janeiro, dans

la periode comprise entre juin et decembre 1980.

L1auteur examine comparativement 1e processus d'~

1aboration et transmission des messages d1une Te1evision E

ducative et d1une Te1evision non tducative, ainsi qu ' i1 che~

che ã dece1er des ressemb1ances ou des differences entre 1es

contenus ideo1ogiques transmis par 1es deux moda1ites de

messages. ttant consideres deux sujets principaux: Rapports

Sociaux et Va1eurs Mora1es, une ana1yse de 1 'expression te-1evisue11e aportee le fondement pour la constitution et la decomposition d1un IIcorpusll de donnees en des unites d'in -formations presentes dans les messages, pour 1e regroupement

de ces unites et 1eur interpretation. On expose la façon

de traiter ces sujets, en observant la dimension denotative et la dimension connotative, bien que le niveau de transmis sion des contenus ideologiques.

A partir de la forme d'expression et des contenus,

11

analyse parvient ã montrer que les deux modalites de

mes-sages se ressemblent dans ce qu1ils deguisent le monde reel

et imposent des modeles de comportements et de relations

humaines, suggerant au meme temps une attitude llegard du modele de sociêtê en vigueur.

V I I I

passive a

(9)

1.1- A Televisão: o meio e a mensagem

o

interesse do presente trabalho foi o de proc~

der a uma anãlise de mensagens veiculadas pelo Televisão no

Brasil, mais particularmente no Estado do Rio de

Janei-ro, procedendo a uma reflexão sobre os aspectos que pudes-sem indicar na produção televisional sua dimensão ideolõgl ca.

Pretendeu-se examinar em bases comparativas, o

processo que caracteriza a produção da mensagem de uma Te

levisão Educativa e aquele de uma Televisão não Educativa,

de maneira a detectar semelhanças ou diferenças entre as

duas propostas. Pretendeu-se ainda, talvez mais ambiciosa

mente, detectar semelhanças ou diferenças entre os conteu-dos ideológicos das mensagens transmisslveis por uma Tele-visão Educativa e por uma TeleTele-visão não Educativa

Como poderia ser esse IIverll Televisão?

Primeiramente, não poderia ser uma anãlise que

i sol as s e a Te 1 e v i são d os de m a i s me d i aI, a d m i ti n do - s e a p r i ~

ri, que numa anãlise desse tipo correr-se-ia o risco de r~

duzir os resultados a uma descrição de metais, vãlvulas e

transistores, de inegãvel serventia, mas fastidiosa e

im-pertinente aos propósitos do trabalho.

r

possivel

verifi-lNeste trabalho alternam-se os termos media e mídia, meio e medium,

meio de informação e veiculo de comunicaçao, por serem de livre

(10)

car que a Televisão engloba as linguagens de outros

veicu-los de comunicaçio de massa, assim como tamb~m as

alimen-ta.

Em seguida, nao poderia ser uma anilise circuns

crita

ã

descrição de fatores componentes do processo de

comunicação, em geral,2 identificiveis no processo de comu

nicação televisiva. Compreender esses fatores leva, certa

mente, a compreender melhor aqueles pertinentes

ã

comuni-cação televisional. Sentiu-se, todavia, que o estudo

ana-litico dos fatores,isolados,não bastaria para perceber o sen

tido global do fen6meno televisivo, chegando, quando

mui-to, a focalizar aspectos formais do processo. Não existe

um grupo emissor, um p~blico receptor, um canal transmis

-sor em si mesmos e tampouco um código resultante de gera çao espontânea.

Por ~ltimo, nao poderia ser esse IIverll

Televisão

o considerar a mensagem simplesmente como forma literiria

ou artistica materializada atrav~s do vldeo. Uma anãlise

assim, se bem que beneficiasse a apreciaçao do as~ecto

ar-tistico dos modos de apresentação da mensagem televisiva e ate a revelação dos nexos entre esse aspecto artlstico e a

s o c i e d a de, p o d e r i a p r i v i "I e g ; a r u ma ií n ic a pa r t e deu m f e

n6meno que ~ complexo.

o

objeto escolhido para tratamento empirico fo

-ram as telenovela~ e essa escolha se deveu a tr~s razoes

principais. A primeira se estribou no fato de ser a

tele-novela um gêner'o cujas origens e preferências remontam aos

2Sobre os fatores da comunicação em ge~al,_ver o quadro utilizado por

Roman Jakobson em LingüZhtiea e eomu~eaçao. Cultrix, São Paulo,

(11)

primeiros tempos do rãdio no pais. 3 A segunda se impôs pe 10 fato de,que em toda a programação de Televisão as tele novelas tendem a ser o programa que detem os mais altos in dices de audiência, de acordo com pesquisas do Instituto Brasileiro de Opinião Publica e Estatistica. A tendência a deter os indices mais altos de audiência foi igualmente razão de se ter escolhido as telenovelas apresentadas pela Rede Globo de Televisão - Canal 4 do Rio de Janeiro, para caracterizarem, na pesquisa, as IImensagens de uma Televi-são não Educativa",

De acordo com os dados do IBOPE, no periodo compreendido entre junho a dezembro de 1980, correspondente ao levanta-mento do material de anãlise para o presente trabalho, as telenovelas da Rede Globo atingiram os maiores indices de audiência. Ao inicio do levantamento e ao final foram as seguintes as medias de audiência de Televisão não Educati-va, em relação a novelas:~

Junho/1980 Novela Agua Viva Chega Mais

Olhai os Lirios do Campo

Dona Xepa

Meu Pe de Laranja Lima O Todo Poderoso

A Viagem

Dezembro/1980 Coração Alado Plumas e Paetês As Três ~1ari as A Sucessora Cavalo Amarelo

Meu Pe de Laranja Lima Um Homem Especial Cara a Cara

Emissora Globo Globo Globo Globo Bandeirantes Bandeirantes Tupi Globo Globo Globo Globo Bandeirantes Bandeirantes Bandeirantes Bandeirantes Telespectadores 3.066 mil 2.830 mil 2.385 mil 514 mil 235 mi 1 235 mil

70 mil

3.600 mil 3.200 mi 1 2.120 mil 1.060 mi 1

452 mi 1 400 mi 1 351 mi 1 145 mil

3Sobre o rãdio e as radionovelas, ver Sergio Caparelli, Comunicação de

m~~a ~em m~~a. são Paulo, Cortez Editora, 1980; Decio Pignatari,Te

lenoveia, ~ção b~ileiha. In Melhores momentos - a telenovela bra

si1eira. Rio de Janeiro, Rio Grãfica, 1980, p. 243-4. -~Sobre audiência e pesquisas de audiência, ver Lúcia Leme, Audiência.

(12)

A terceira razao se deveu ao fato - que se supos

um reforço às anteriores - de serem as telenovelas aprese~

tações produzidas pelas prõprias emissoras.

o

Ilverll Televisão do presente trabalho pretendeu

ser um dirigir-se lIao que não é visto ll . Noutras palavras,

foi feito uma tentativa de examinar, nas mensagens televi-sivas, os seus conteudos não manifestos ou não explicitos.

1.2 - A mensagem e a anãlise

Lidar com o objeto da pesquisa, as telenovelas,

de modo a superar os limites do IIvisivel ll

ou manifesto, a

lém de exigir o crivo de uma fundamentação teõrica conte~

tual, implicou momentos ligados à orientação metodolõgica

e à coleta de dados objetivos. Foram momentos que se

in-terpenetraram e, possivelmente, por este motivo,alguns pr~

blemas conexos vieram a exigir soluções conexas.

Na anãlise empreendida procurou-se empregar as

propostas metodolõgicas de Verõn 5 e Kientz 6 .

Segundo Verõn, considerou-se que a ideologia é

um dos niveis de organização e significação de qualquer me~

sagem, até mesmo do discurso cientifico. A descoberta des

5VERON, Eliseo. Ideologia, eh~, ~omu~~ação. São Paulo,

Cul-trix, 1977: do mesmo autor, Ideologia Y ~omuni~ciôn de mahah: la ~e

mantizaciôn de la violencia poüti~a. In: Lenguage Ij ~omuni~aciÕn ~o cial. Buenos Aires, Nueva Vision, 1976.

6KIENTZ, Albert. Comu~~ação de mah~a - anáLL6e de ~on;teíido. Rio de

(13)

se nivel de significação se faz pela decomposição da mensa gem para o exame dos mecanismos de seleção e combinação que

dão lugar aos dois tipos bãsicos de relação entre signos:

a denotação e a conotação. Segundo Verõn, a conotação

e

o

IInivel de transmissão dos conteudos ideológicos ll . Nesse ca

so, a anãlise ideolõgica da mensagem televisiva seria a

descoberta de sua IIdimensão conotativa ll .

Assim considerando, a pesquisa efetuada consti

tuiu-se de um estudo das mensagens das telenovelas pelo que

elas simultaneamente podem denotar e conotar. Para tanto,

o primeiro alvo da investigação foi a linguagem com que e~

sas mensagens são IIgeradasll para se materializarem no

vi-deo. Noutras palavras, iniciou-se a anãlise da mensagem

pelo estudo das operações com as quais os emissores, isto

é, os produtores de Televisão, a puderam construir. Assim

foi que se atentou para a especificidade da construção da

mensagem pelo medium televisivo, ou seja, o repertõrio de

signos e o corpo de regras técnico-formais adotados pelo

medium, que pudessem definir como se selecionaram e se com binaram esses signos para formar e transmitir a mensagem.

Acreditouse que, pela análise da linguagem ca

-racterlstica da Televisão, que é a condição para que se

transmita a mensagem da telenovela, e pela descoberta da

dimensão conotativa dessa mensagem, que é o nlvel onde se

opera a ideologia, poder-se-ia tentar um aprofundamento

maior da anãlise de questões relacionadas a uma função po~

slvel da ideologia dos produtores da mensagem, a uma

fun-ç ã o de s ta te n d o e m v i s t a a que 1 a, e ou t r as que s t õ esq u e ta i s .

Encontrou-se em Kientz, ainda para solução de

problemas pertinentes a fundamentação metodolõgica e, pri~

cipalmente para solução daqueles ligados a coleta de dados

objetivos, a sugestão de se construir uma lIanãlise de con

(14)

5 e g u n do K i e n t z, c i ta n doS o 1 a Po o 1 e 1 em b r a n d o de alguma forma as considerações de Verôn, toda comunicação ~ p re s e n ta "um duplo a.6 pe.c.to: de. uma palLte., um a.6 pe.c.to 'lLe.plLe.

.6e.ntac.lonal, l.6to ~, a pe.lL.6onalldade., 0.6 e..6tado.6 a6e.tlvo.6

e. a lde.ologla do .6e.u autolL e.xplLlme.m-.6e. na c.omunlc.ação, me.!

mo

ã

.6ua lLe.ve.lla; pOIL outlLa palLte., um a.6pe.c.to ~n.6tlLume.n­

tal', o que. .61gnl61c.a que. e.la .6e.lLve. de. ln.6tlLume.nto palLa a

gllL .6oblLe. o 1Le.C.e.ptolL, de. me.lo palLa ln61ue.nc.lá-lo". 7 Ora, a

analise de conteudo aplicada

ã

mensagem de massa, como e o caso da mensagem televisiva, enfrenta serias dificuldades, na medida em que a mensagem corresponde a uma obra coleti

va Eis porque, seria

ar-riscado querer determinar, atraves da prôpria mensagem, a participação de cada um de todos quantos a produziram. To davia, consoante Kientz, a analise de conteudo da mensagem pode permitir "apulLalL c.om e.xatldão a.6 atltude..6, a.6 te.ndê.!!

c.la.6 e., e.m última análl.6e., o e..6pIlLlto que. c.alLac.te.lLlza o jo~

nal, a e.ml.6.6olLa de. lLádlo ou a lLe.de. de. te.le.vl.6ão".B

Assim, toca-se noutro aspecto do "ver" Televisão do presente trabalho, qual seja, o de ter assumido o prop~

sito de definir "tendências" em lugar de pretender definir uma "linguagem universal ll

da Televisão ou uma "leiturall

u n;voca da mensagem televisional.

(15)

2. A CONSTRUÇAO DA ANALISE

Para a coleta de dados objetivos, necessãrios ao

presente trabalho, alguns entraves tiveram que ser super!

dos. O primeiro deles ligou-se as caracteristicas do pr~

prio objeto de anãlise, tratado no fluxo de uma pesquisa

qualitativa.

Ora, a mensagem televisiva se transmite na forma

bãsica de som-mais-imagem. Nesse caso, a fixação geral de

todos os seus detalhes, visiveis e audiveis, torna-se

ine-xeqüivel, mormente se se pretender restringir o processo

de registro desses detalhes aos momentos em que se assiste

a uma apresentação pelo aparelho. A possibilidade de um

juizo critico exigiria, por sua vez, a possibilidade de rea

nãlise da forma de construção da mensagem considerada e i~

so quer dizer que, no caso de uma telenovela, a observação

dos conteudos da mensagem deve se estribar nao no empenho

psicolõgico de uma unica e simples fruição mas na vigilân-cia critica de vãrias decifrações.

A anãlise de conteudo, que, segundo Kientz,9 exi

ge que se passe pela anãlise do continente, uma vez que a

pergunta II por que canal ll

estã praticamente conjugada com

110 quell , formando uma so interrogação, IISÕ é aplicãvel as

mensagens dos canais que as conservam em duração, isto e,

os canais temporaisll

• Aplicada a mensagens televisivas, a

anãlise de conteudo exige, portanto, que tais mensagens t~

nham a necessãria materialidade para se prestarem as oper! ções de decomposição, medição e quantificação.

~a pesquisa que se desenvolveu, não se pôde con

tar com o equipamento e as técnicas de que jã dispõem al

guns privilegiados investigadores. Melhor dizendo, não se

teve acesso a um IIteleplayerll

ou a gravação em II

video-ta-pell

, o que possibilitaria, por exemplo, reassistir a apr~

sentação televisiva, fazer desfilar a imagem em câmara len ta, retroceder ou imobilizar, o que facilitaria as reanãli ses dos capitulos considerados.

(16)

Por outro lado, a leitura dos "scripts" não se

- . .

tornouposslvel no perlodo de tempo de que se dispôs para a

. .

investigação: cada capltulo de telenovela corresponde a cerca de vinte pãginas datilografadas e somente uma das que se relacionou, lI"f..gua Viva", por exemplo, representa-ria a leitura de três mil e duzentas pãginas.

Decidiuse, assim, por procedimentos alternati -vos e por vias mais econômicas e artesanais para obtenção dos dados objetivos que serviram ao trabalho, cuidando-se, todavia, para que esse limais econômico ll e lIar tesanal ll não

violentassem uma consciência metodológica que deve orien -tar qualquer tipo de indagações e de respostas. Nesse pr~

pósito, limitou-se o campo de anãlise a um numero de as-pectos apreenslveis pelos instrumentos de que pode dispor um investigador IIper iferico ll , num dizer de Miceli,loe

cui-dou-se para que a documentação constante de um IIcorpusll de dados tivessem o volume e a pertinência tais que não vies-sem a sufocar a intuição, a observação e os resultados.

(17)

2.1 - P~ocedimentos Metodo15gicos

A pesqui sa efetuada constou das segui ntes etapas: 1) constituição de um "corpus" sobre o qual incidiria a an! 1ise; 2) decomposição do "corpus" em unidades de informação; 3) reagrupamento das unidades em categorias; 4) tratamento quantitativo; 5) interpretação.

Para a constituição do "corpus"procedeu-se a uma tri plice seleção. Primeiramente, foram selecionadas as

telenove-las por redes emissoras, resultando no seguinte:

Telenovela Emissora

"1\gua Viva" Rede Globo - Canal 4 "Plumas e Paetês" Rede Globo - Canal 4 "João da Silva" FCBTVE-TVE - Canal 2 "A Conquista" FCBTVE-TVE - Canal 2

Em seguida, fez-se uma escolha no tocante ao nu mero de capitulos, por telenovela, que caracterizariam as mensagens "de uma Televisão Educativa" e "de uma Televisãú não Educativa". Restringida a coleta do material ao perio-do compreendiperio-do entre junho a dezembro de 1980, seguiu-se o metodo de "semana-composta",ll analisando-se,de cada teleno vela, um capitulo por semana, durante seis semanas, sendo:

1 a. semana - 19 capltulo - segunda-feira 2a. semana - 29 capltulo - terça-feira 3a. semana - 39 capltulo - quarta-feira 4a. semana - 49 capltulo - quinta-feira 5a. semana - 59 capltulo - sexta-feira 6a. semana - 69 capltulo - sãbado12

110 metodo de "semana composta" e definido como vãlido pelo Centro In

ternacional de Estudios Superiores de Periodismo para America Latina - CIESPAL. Um exemplo do emprego desse metodo encontra-se com Johan nes Van Ti 1 burg, em "O e6teJteôü.po V-L6UM da te1.ULOve1a. bfUÚ6ie.iJr..a.

eo

mo ~n6:thumen:to de edu~ação pekmanente. Tese de Mestrado apresentadãl

ã

Universidade Federal do Rio de Janeiro em 1975.

120 "69 capitulo", obviamente, só foi observado nas telenovelas que ti

(18)

~o intuito de conseguir uma materialização dos

dados, vale dizer, um registro das mensagens de maneira a

conservã-las "em duração",13 fez-se duas gravações simult~

neas, em fitas cassete, de cada capitulo, sendo numa o re

gistro do som ou "ãudio", e em outra, o registro duma des

crição da imagem ou "video" feita pela observadora.

Operada a primeira seleção, relativa a quais

no-velas e emissoras e a segunda, relativa a quais capitulos

e como os registrar, constituiu-se o material levantado de

um total de vinte e duas fitas cassete, ou seja, vinte e

d u a s g r a v a ç õ e s de .11 ã u d i o 11 e v i n t e e d u a s de 11 v i d e o 11 •

Uma terceira escolha foi necessãria, pertinente

agora a quais aspectos a serem retidos das gravações

obti-das. Noutros termos, foi preciso que se retivessem,do co~

junto de dados registrados em cada fita gravada, aqueles

que tivessem maior recorrência. Assim foi que se

conside-rou, do "ãudio ll , os diãlogos1 4 dos personagens e os interva

los entre os blocos de cenas, e, do IIvideo ll , os aspectos

que disseram respeitO aos cenãrios e aos enquadramentos,

Constituido o "corpusll, passou-se a sua

decom-posição, ou seja,

ã

anãlise propriamente dita. Nessa

eta-pa procedeu-se a um levanta~ento dos personagens postos em

cena em cada tel enovel a, conforme a observação restri ta aos

diálogos, que, de certo modo e já de antes, se impuseram

como unidades naturais do "corpus". A decomposição do

IIcorpusll em unidades correspondentes aos IIpersonagens" foi adotada pela vantagem de parecerem mais facilmente

locali-13Sobre mensagens lIem duração ll e IIcanais temporais", ver KIENTZ, Al-bert, op. cito p. 23.

140S diálogos extrõidos dos capitulos e considerados na análise sao

(19)

zãveis ou bem definidos mediante a apresentação de seus a-tributos e de açoes que realizam ou papéis sociais que cum-prem.

Simultaneamente

ã

decomposição do "corpus" em

nidades-personagens, fez-se a decomposição dessas mesmas

u-nidades em Ifa1as". Em outras palavras, para a

decomposi-ção do "corpus" constituldo, procurou-se definir como

uni-dades de base do discurso das telenovelas, aquelas que p~

dessem responder a duas questões, "quem diz?" e "0 que diz?", para se chegar a uma posslve1 resposta a outra mais

profun-da: lide que se diz?" A atividade especlfica dessa fase de

decomposição pode ser visua1isada no seguinte quadro.

Novela Diã10gos NQ de Personagens NQ de NQ de Falas

";li;gua Viva" 91 15 561

"P1umas e Paetes" 35 8 376

"João da Sil va 11 53 11 500

liA Conquista" 31 7 260

Total 210 41 1.697

Essa outra questão, dita mais funda, procurou-se

responder na etapa seguinte. Foi quando se fez o reagrup~

mento das unidades em categorias, ou seja, organizou-se as

unidades isoladas do "corpus" em grupos correspondentes a

cinco temas, repartidos, num segundo passo, em dois temas

mais amplos.

Levando-se em conta que a pesquisa em curso

deve-ria determinar as caracterlsticas da produção da mensagem

de uma "Te1evisão Educativa" e da mensagem de uma

"Te1evi-são não Educativa", bem como detectar uma semelhança ou

u-ma diferença entre os conteudos ideológicos de ambas as mo

dalidades de mensagens, procurou-se levar em conta, agora,

nessa etapa, que as "unidades-personagens" e as

(20)

formas de elaboração dessas modalidades de mensagens.

Os ci nco temas em que se agruparam as unidades pr~

sentes na mensagem correspondentes a telenovelas de uma Te-levisão Educativa ll e a telenovelas de uma IITeTe-levisão Não E-ducativa ll foram:

1 ) relações entre IIricos ll e IIpobres ll ;

2 ) relações entre IIpatrões ll e lIempregados;

3) relações entre IIpais ll , IIfilhosll e lIirmãosll

;

4 ) relações entre IIprofessores ll , lIalunos ll e

IICO-legas ll ;

5 ) relações entre IIhomens ll e IImulheres ll .

Esses cinco temas foram reunidos em dois unicos temas a sa-ber:

1) as relações sociais apresentadas pel a

IITelevi-sao Educativa ll e pela IITelevisão não

Educati-vali e,

2) Os valores morais apresentados pela IITelevisão

Educativall

e pela IITelevisão não Educativa ll .

Sobre a etapa referente ao tratamento quantitati-vo, hã que deixar claro que não se teve a preocupação de tra

balhar com estatlsticas que dissessem do numero exato ou pr~

ciso de vezes em que cada tema foi verificado, em que

nume-ro exato ou preciso de lIunidades-falasll

e por que numero e

xato ou preciso de lIunidades-personagens ll . Acreditou-se

que a exigência quantitativa de uma anãlise de conteudo não

implicaria, necessariamente, em que se atribuissem valores

num ê r i c o s a e 1 e'm e n tos das me n s a g e n s a n a 1 i s a das . P o r ta n to,

optou-se por uma quantificação traduzlvel na forma de pala-vras como IInuncall, IIraramentell, IIfreqüentemente ll , "sempre ll ,

o que parece de acordo com Berelson, citado por Kientz,15p~

(21)

ra quem lias resultados desse genero podem ser apropriados para certas pesquisas e esses termos devem ser reconheci -dos como tão 'quantitativos' quanto 37 ou 52%; sao apenas menos exatos e menos precisos".

Por outro lado, uma preocupaçao pelo cumprimento a exigência de quantificação esteve, em certa medida, pre-sente nas etapas iniciais de constituição do "corpus"de da

~os e da sua decomposição em unidades.

(22)

3. A MENSAGEM E A LINGUAGEM

Como se afirmou no item anterior, uma análise de conteudo exige que se passe pela análise do continente, ou seja, do suporte material da mensagem, ou seja ainda, do canal que a veicula de um emissor a um receptor atraves do espaço e do tempn.

Assim, as observações iniciais feitas na análise das telenovelas, antes mesmo da constituição do "corpus" já referido, foram dirigidas à linguagem caracterlstica da Televisão, vale dizer, do continente da mensagem da teleno vela.

r

preciso esclarecer que a palavra "linguagem" nao está aqui empregada na acepção de "palavras-frases-or! ções" tão simplesmente, mas de "expre,ssão". Nesse caso, d~

ve-se entender "linguagem" como a maneira peculiar como a mensagem televisional e expressa. E essa expressão envol ve a atuação em diversos sistemas de sinais, tais como sons, imagens, cores e ate palavras-frases-orações.

3.1 - A simulação de intimidade

Assistindo-se às telenovelas de TVN~6 uma pri -meira caracterlstica foi observada quanto aos ambientes ou aos cenários das estórias. As telenovelas da TVN

apresen-16A partir desse momento adotam-se na exposlçao as seguintes conven ções: "TVN" = Televisão não Educativa; "TVE" = Televisão Educativa;

(23)

tam ambientes ou cenãrios correspondentes a cômodos de ca-sa: salas, quartos, copas, cozinhas.

As duas telenovelas de TVN analisadas dão, à prl meira vista, a impressão de que as estórias privilegiam as salas, como se as vidas dos personagens fossem vividas so mente em salas. Noutras palavras, as telenovelas de TVN

têm muito de "casa".

Examinando-se mais detidamente esse aspecto, p~

de-se ter a impressão de que não são tanto as estórias e os personagens que privilegiam as salas mas as salas às es tórias e aos personagens. Veja-se, por exemplo, que as duas· telenovelas de TVN mostram as relações dos persona-gens que são donos de fãbrica, de concessionãria de motoci cletas, de agência de modas, com personagens que sao seus empregados, como em "Plumas e Paetês"; ou personagens que são donos de clinica medica, de "boutique", de "atelier", com personagens que são seus empregados, como em "Agua Vi va". Todavia, ambas as estórias se desenvolvem em cômodos de casas quase unicamente.

E nao e simplesmente a sala que aparece com in -sistência nas telenovelas de TVN. t a sala e o ambiente familiar, os membros da familia, o pai, a mãe, os filhos, enfim rostos familiares como neste exemplo:

"YafLa: LZdia, e.le. e..6 tã. e.m c.a.6a.

Lidia: Eu nao ac.fLe.dito!

-

...

LZdia: Calma, mamae. .

-

E.6 tã. tudo b e.m agofLa.

YafLa: EI e. c.he.gou, me.u Ve.U.6 do C êu . ..

Lidia: Calma, mãe.zinha. Olhe., o .6 e.u 6ilhinho qu~

fLido ja

.-

voltou ao lafL.

YafLa: A· , -L. me.u Ve.U.6 do C êu! ... Faz te.mpo que. e.l e.

c.he.gou?

LZdia: Um pouquinho. Tava e.xaU.6to e. 60i dOfLmifL.

(24)

Lld-i..a: rã., tã. ót-i..mo!"

lTVN.PP:I - 1 - 3/11/80).

A cena mostra a sala, como tambem mostra membros da faml1ia, rostos IIfamiliaresll

e uma fala coloquial dos personagens, demonstrada, por exemplo, em expressões como

11 mãe z i n h ali, 11 f i 1 h i n h 011 , 11 P ou qui n h o 11, 11 C o i ta d i n h o 11 • A s f a

-las dos personagens das telenove-las de TVN estão eivadas de expressões coloquiais ou de efeito sentimental que tam-bem traduzem a ideia de IIfamlliall

:

"Ne.l.6on: Entã.o. t o an-i..ve.n.6ã.n-i..o. Eu tava

que.n-ne.ndo 6aze.n uma 6e..6t-i..nha manav-i..lho.6a pfl.a. e.la" .

(TVN-AV - II - 46-24/7/80)

"L-i..g-i..a: Olha,.6e. voc~ pude..6.6e. dan uma pa.6.6adi..

-nha, uma pa.6.6ad-i..nha amanhã. de. no-i..te., v~

c~ -i..a dan tanta 60nça pna e.le..6, co-i..tad~

nho.6."

(TVN-AV - II - 49-24/7/80)

"Lu-i...6a: Que.no te. ve.n! dan uma e..6p-i..ad-i..nha ... Vo

c~ te.m um be.lo ponte., .6abia? vã. uma vi

nadinha.

AI ... "

(TVN-PP - V - 24-5/11/80)

"Re.be.ca": Al-i..! Ze.naide. . .. Ele..6 .6ao amiguinho.6. Eu

conhe.ço o longe. Lui.6 . .. "

(TVN-PP-I-8-1-3/11/80)

(25)

recep-tor da mensagem, simulando, assim uma comunicação real. Pa

ra simular esse contato, a familia e o espaço familiar p~

recem ser considerados como a situação receptiva

necessa-ria. Noutras palavras, as telenovelas fazem supor que são

dirigidas ao publico receptor como se este fosse composto

de pessoas intimas, como se as estórias se desenrolassem numa

ex-tensão do espaço onde cada uma delas está assistindo a

a-presentação.

Essa simulação de contato direto e intimo com ca da "individuo" que se supoe ser o telespectador, membro de

uma "familiall

, reunida na parte da casa onde está o apar~

1 h o de Te 1 e v i são, e o que r~ uni z S o d r e 1 7 d e no m i no u 11 p r o c e ~

so de individualização familiarizada ll

• Segundo o autor, um

efeito dessa simulação e presumivel: "o Jl.e.c.e.p:tOJl. Jl.e.c.e.be. a

me.n~age.m de. :te.vê c.omo algo 'na:tuJl.al' no ~n:te.Jl.~oJl. de. ~ua c.a

~a. Cae.m a~ e.ve.n:tua~~ baJl.Jl.e.~Jl.a~ ao~ 6e.nôme.no~ de. pJl.oje.ção

e. ~de.n:t~6~c.ação, de.~de. que. a me.n~age.m a:te.nda ã~ c.aJl.ac.:te.Jl.Z~

:t~c.a~ de.' na:tUJl.al~dad e.' do v e.Zc.ulo " . 18

A lIintimidadell

familiar, que Sodre afirma ser "~

ne.Jl.e.n:te. ã l~nguage.m do vZde.o", faz do apresentador ou do ~

nimador uma figura essencial

ã

mensagem. Essa figura,com

a "familiaridade" e lIintimidade" instaurada por sua imagem, gestos e fala, pontuando o programa ou criando um clima es

pecial de IIcon tato" com o telespectador, aparece claramen

te em produções como noticiários, documentários e "shows".

Nas telenovelas de TVN analisadas,a figura do

a-nimador, ou do apresentador, aparece sutilmente na pele de

alguns personagens, nalguns momentos da estória ou mesmo

durante todo o seu desenrolar. As vezes fazem que se crie

um clima de espera pelo que vai acontecer, como a

perso-17S0DRt, Muni z.

~ão 110 R'Ut.6~L

o

monopólio da 6ala- 5unção e. linguagem

Petrópolis, Vozes, 1978.

(26)

nagem IIVerocall

nesta cena:

"Ama.nda.: Ve.Jtoc.a., .6a.be. o que. e.u a.c.ho? Voc.ê pJte.c.i:

.6a. pe.n.6a.Jt um pouquinho na..6 c.oi.6a..6 que.

c.e. va.~ óa.la.Jt, e.hm?

V e.Jto c. a. : Eu? •••

Ama.nda.:

t,

ê

voc.ê, que.Jtida.!

Ve.Jtoc.a.: E pOJt quê?

VoJtinha.: É ••• Voc.ê não va.i a.bJtiJt a. boc.a. e.nqua.nto

e.le..6 e..6tive.Jte.m a.qui.

Ve.Jtoc.a.: Me.u. a.moJt, e.u. te.nho c.la..6.6e. e.m qua.lque.Jt

a.mbie.nte., viu? Ama.nda.:

Ve.Jtoc.a.:

N Ô.6 .6 a. b e.m 0.6, m a..6

pa.la.vJtã.o, tá.?

olha.. .. te. c.uida. c.om o

Tudo e.u. Se.mpJte. e.u! Que.m ~

v e., que. voc.e..6 .6ã.o un.6 a.njinho.6.

VOJtinha.: Nã.o, nô.6 não .6omo.6 un.6 a.njinho.6 nã.o,ma..6

a.dmita. que. voc.ê ê a. ma.i.6 de..6boc.a.da. a.qui

de.ntJto, nã.o

ê?

Ve.Jtoc.a.: Voc.ê.6 te.Jtã.o uma. .6UJtpJte..6a. c.omigo!"

(TVN-PP-I-3-3/11/80)

Ãs vezes IIpensa altoll

ou fala sozinho, apresen -tando explicações para certas ações próprias ou de outrem, como IIRebecall

nesta cena:

"Re.be.c.a.: (óa.la.ndo .6ozinha.J: Não .6e.i o que. há. de.

e.JtJta.do c.om e.le.. Eu de.v-La gO.6ta.Jt de.le..

Ele.

ê

óino, e.le.

ê

e.duc.a.do, e.le. ê ...

(pa.Jta. a. e.mpJte.ga.da.J: Voc.ê a.inda. não .6e. a.

c.O.6tumou .•• e.u óa.lo .6ozinha. me..6mo •.. É

e.duc.a.do ma..6 te.m a.lguma. c.oi.6a. ne.le. que.

nã.o me. a.gJta.da.. Ve.ve. .6e.Jt ... a.

pJte.potên-c.ia.! t i.6.6o. Enóim ••. já. 6ui pe.dida.

e.m c.a..6a.me.nto outJta. ve.z. Já.

ê

a.lguma. c.oi:

.6a.. (Ri.6o J

t. . .

AgoJta. ja. p0.6.60 mOJt

(27)

-mento ~ei~ veze~! ... Voeê jã pode a -p4e~enta4 um eU4~Zeulo bom, não

ê,

Reb! ea? ... "

(TVN-PP-IV-22-27/11/80)

Vezes outras apresenta uma s;ntese de açoes jã apresenta -das, ou "aponta" para outros personagens da estória como "Clarice" e "Heitor" nesta cena:

"Ma~y :

Cla~iee :

Cla4iee ê ~emp4e de uma i~~eve~ência ...

Culpa da Cele~te, aZo Ela me contou ta~

ta eoi~a ne~te~ ano~ todo~ ... Que a ou

t~a ea~ou-~e p~a ~e eob~i4 de jõia~ da

eabeça ao~ pê~ e 6ica~ de~6ilando p04

aZ de Madame F~agona~d. Que o 6alecido

a ob~igava a 6ica~ ~ãbado~ ã noite em

ca~a vendo 6ilme~ de video-ea~~ete na

televi~ão. E inglê~, ~em legenda, tipo

Cidadão Kane. Con~ide~ando que o

In-glê~ dela mal deve da~ p~a eomp~a~ eo~­ mêtico~ no Bloomi ngda1.e' ~ . .. e ainda a~­ ~im me~mo apontanao ... Olha! gente, eu

jã ouvi 6ala~ de a~~a~~inato po~ muito

meno~ do que i~~o!

Mã~eia: Eu aeho que i~~o

ê

um ab~u~do.

Heito4: Ah! E~euta aqui, eu pen~o que a LIgia,

eu 6ui ea~ado eom ela, a LIgia e uma pe~

~oa que leva qualque~ pe~~oa, qualque~

homem ã loucu~a, ela 6ala demai~,6ala P!

lo~ cotovelo~, que~ eonta de tudo, exige

~emp~e que ~e eomp~e 40upa~ boa~ e ca~a~,

~emp~e que~endo ~ai~, ~emp~e que

-~endo i~ a uma boate, que a gente pague

a~ conta~ de todo mundo, ago~a, ela e ~n

capaz de mata~ uma mo~ea. I~~o eu boto

a minha mão no 60go. t uma pe~~oa muito

legal" .

(28)

nas telenovelas de TVE os ambientes ou cena -rios parecem, i primeira vista, privilegiar a sala da esco

. .

la ou o espaço escolar.

Muitas cenas se dão em salas escolares definidas e tradicionais apresentando, nesse caso, as figuras tambem definidas e tradicionais do professor, dos alunos, dos co-legas, como neste exemplo:

" C a.Jtlo.6: P o Jt que e.6.6 a. v IJtg ula. el.d.ã. a.I, em P a.Jti.6 ?

Vona. Ma.Jtli: E.6te

ê

o .6egundo ~a..60 que

exa.mina.Jte-mo.6 hoje. Ante.6 de uma. expli~a.ção,

~o

-mo .6e óa.z uma. pa.U.6a. e o tom de voz e

ma.i.6 eleva.do, U.6a.-.6e, o bJtiga.toJtia.m ente

a. vIJtgula.. E.6~utem bem.

Pa.ulo: Voi.6 ponto.6! (Jti.6o.6)

Vona. Ma.Jtli: 'Pa.Jti.6, ~a.pita.l da. FJta.nça.,

ê

uma.

be-la. ~ida.de". 'A F Jta.nça. hom ena.g eia. Sa.n

-tO.6 Vumont, pa.i da. a.via.ção'.

EntendeJt-Jta.m?

Ma.Jt~i~nila.: P0.6.60 da.Jt um exemplo?

Vona. Ma.Jtli: Ma..6 ~la.Jto que .6im.

Ma.Jt~i.onila.: "Ve.6eja.mo.6 muita..6 óeli~ida.de.6 a. Vona. Ma.Jtli, vIngula., no.6.6O quenida. pnoóe.6.6o-na. .

Aluno.6: Ah! ...

Vona. Ma.nli: Muito obniga.da., Ma.n~ionila.. Bem,ma..6

a.nte.6 de tenmina.n, nô.6 temo.6 um ten~ei­

Jto ~a..60 de U.60 da. vIngula. no.6 ~ha.ma.men­

tO.6. Agona. me.6mo eu di.6.6e: 'Obniga.da.,

Ma.n~ionila.'. Então, em elevei um pou~o

o tom de voz e 6iz uma. pa.U.6a. que na.

e.6-~nita. .6e indi~a. obJtiga.tonia.mente pon

u-ma. vIngula.. Um outno exemplo: 'Ca.nlo.6,

vIngula., venha. ~ã.'.

Ca.nlo.6: Senhona. ...

(29)

Vona Ma~l~: Bem, ma~ vamo~ te~m~na~ o a~~unto de

ho j e. .. "

(TVE-JS-III-29-23-7-80)

Outras cenas jã nao se apresentam propriamenre em salas que se possam identificar como "escolares". Melhor dizendo, não aparecem salas. As imagens iluminadas sao a que1as correspondentes a um, dois ou três "alunos" ou a um "professor" ou "professora", ficando o "fundo" na sombra. Nesses casos, os personagens, em tomadas de "meio-c10se,,1\ desempenham os mesmos papêis daqueles demonstrados no exem p10 anterior, sem que se faça explicito o ambiente fisico escolar. Nem mesmo aparecem juntas as imagens de profes-sor-mais-a1unos, ou seja, de "grupo", como neste exemplo:

"JoJtge Lu~z: Ah! Jã. ~e~ c.omo

ê.,

PJtone~~oJt.

Eu vou c.omeçaJt a bJt~nc.ade~~a,

c.eJt-to?

PJt06e~~oJt RobeJtto: CeJtto!

JOJtge Lu~z:

t

pJta voc.ê, Paulo: O que

ê.,

o que

ê.? t um hã.b~l tJtabalhadoJt, tJtaba

-lha pOJt c.onta pJt5pJt~a e o ~eu 06Z

-c.~o ê. manual.

Paulo: Ve~xa eu pen~aJt. TJtabalhadoJt ... que 6az

poJt c.onta pJt5pJt~a ... um onZc.~o

ma-nual? .. Jã. ~e~! AJtte~ão!

PJt06e~~oJt RobeJtto: Mu~to bem, Paulo. Matou a

c.haJtada. O aJtte~ão tJtabalha c.om aJt

te~anato. E o aJtte~anato

ê.

o c.on

-19

(30)

junto de t~abalho~ neito~ pelo~ a~­ te~ão~. O a~te~anato depende da m~ té~ia p~ima en~ont~ada na ~egião.

Sônia. Legal! Ago~a é a minha vez. Bete, vê ~e

vo~ê adivinha. O que é, o que é? .. " (TVE-JS-I-10-7j7j80)

Outras vezes o cenãrio apresentado se identifica com o

am-biente IIfamiliar ll , com o IIcômodo da casa ll . Os personagens

nao são propriamente o professor e os alunos de uma IIclas

sell ou não desempenham papeis propriamente escolares na es toria:

"Dona Jo~ena: Não, não, po~ navo~. Se ela ~ou

-be~ que vo~ê~ e~tive~am aqui e eu

não a de~pe~tei, ela vai ni~a~ mu~

to zangada.

Paulo: Ma~ ... Ma~~ela não deve ~e~ de~pe~tada.

Vona Jo~ena: Ma~ eu não vou de~pe~tá-la. Ma~ eu

~Õ a~ho que vo~ê~ podem e~pe~a~ um

pou~o. Ela vai a~o~da~ no~malmen­

te.

P~one~~o~ Vemõ~tene~: ué, no~ temo~ algum tempo.

A ••• a ~enho~a tem ~ontinuado ~ua~

aula~, eu digo, pela Televi~ão?

Vona Jo~ena: Semp~e que po~~o, P~one~~o~. O ~e­

nho~ ~abe, ne~~a na~e, ~om a no~~a

menina no ho~pital, eu tinha que

e~ta~ lá e aqui ... pe~di alguma~

aula~ na Televi~ão, o que me

en-t~i~te~e um pou~o ...

P~one~~o~ Vemõ~tene~: Ah! ê pena, ~im.

Paulo: Ma~ então, po~ que a ~enho~a não ap~ovei­

ta, enquanto a Ma~~ela do~me?"

(TVE-AC-II-ll-lljllj80)

E Dona Josefa "aproveita", de fato, o tempo, e o diãlogo

(31)

"Vona. J0.6e.6a.: Eu .•. e.u hoje. 6-i.z c. ompJta..6 , .6a.be.m?

Te.m uma. l-i.qu-i.da.ção a.qu-i. pe.Jtto e. e.u

a.pJtove.ite.-i.. AgoJta., e.u pJte.c.-i..60

e..6-tuda.Jt Ma.te.mãt-i.c.a. pa.Jta. .6a.be.Jt.6e. e..6

tou c.ompJta.ndo c.e.Jtto ou .6 e. e..6tou .6e.n

do e.mbJtulha.da.. PJto6e..6.6oJt Ve.mõ.6te.ne..6: Cla.Jto •••

Vona. J0.6e.6a.: Lã, c.a.da. me.Jtc.a.doJtia. te.m um de..6c.onto

d-i.6e.Jte.nte.. Uma..6 têm um de..6c.onto de.

v-i.nte. poJt c.e.nto.

PJto6e..6.6oJt Ve.mõ.6te.ne..6: E d-i.ze.ndo v-i.nte. pOJt c.e.nto,

e.le..6 d-i.ze.m que. e.m c.a.da. c.e.m c.Jtuze.i.

-JtO.6, a. .6e.nhoJta. te.m v-i.nte. c.Jtuze.-i.JtO.6

de. de..6c.onto. Vona. J0.6e.6a.: Ah! ••• .6e.-i..

PJto6e..6.6oJt Ve.mõ.6te.ne..6: Se. a. .6e.nhoJta. c.ompJta..6.6e. uma.

me.Jtc.a.doJt-i.a. de. tJte.ze.nto.6 c.Jtuze.-i.JtO.6,

-i.a. te.Jt um a.ba.t-i.me.nto que. a. .6e.nhoJta.

não .6a.be. qua.l

e..

Va.mo.6 c.ha.ma.Jt de.

"x".

Pa.ulo: Ah! .6e.-i., PJto6e..6.6oJt! Ê um pJtoble.ma. de. Jte.

gJta. de. tJtê.6, não e.?"

(TVE-AC-II-12-lljllj80)

Pod611aparecer ambientes diferentes, tanto da sala

"esco-lar", quanto da sala "familiar". Serâ um escritório, como

neste exemplo, que mostra o "office-boy" e a secretâria:

"Alz-i.Jta.: Ah! e.ntJte.gou. Eu v-i. o Jte.c.-i.bo. O João de.

ve. te.Jt de.po.6-i.ta.do onte.m no ba.nc.o.

Mônic.a.: Bom, e.u vou e..6pe.Jta.Jt que. e.le. c.he.gue..

AlziJta.: ImpoJtta.-.6e..6e. e.u c.onc.lu-i.Jt o que. e..6ta.va.

e.xpl-i.c.a.ndo a. e..6.6e. c.a.be.ça. de. pa.u?

Môn-i.c.a.: Não. PJtO.6.6-i.ga..

AlziJta.: Ale.m de. 'lo"

,

, la. '

,

, lo.6" e. 'la..6 " U.6a.m-.6e.

(32)

ve.Jt-bo te./tmina e.m 'm' ... IIFize./tam o e.xe./tc.I

-c.io: óize./tam-no. E~tuda/tam a lição: e.~

tuda/tam-na. P/toc.uJtam o ~e.nho/t: p/tOc.u

/tam - no li •

Aló/te.do: E~~e.~ p/tonome.~ ~ao t/tabalho~o~ ...

Alzi/ta: t, ma~ u~ando-o~ di/te.ito, voc.~ e.~ta/tã me.

lho/tando a ~ua mane.iJta de. 6ala/t e. de.

e.~-c./te.ve./t. E a~~im e.~ta/tã ~e. c.omunic.ando me.

lho/t. Bom, ma~ vamo~ c.ontinua/t. U~a-~e.

'o', 'a', 'o~' e. 'a~' quando o ve.Jtbo te.Jt

mina e.m vogal. Ve.i-o, 6aço-o, c.oJtJt.igi-M,

e.~timo -a.

Al6/te.do: E quando ~e. e.mp/te.ga 'lo', 'ia', 'lo~' e.

'la~'?

Alzi/ta: Quavr.do o ve.Jtbo te.Jtmina ... "

(TVE-JS-IV-36-3l-7-80)

Ou sera um ambiente fora de qualquer sala, como nesta cena

ã

beira de uma piscina:

"Se./ta6ino: Oi<.. Olha aqui. O ~Uc.o de. la/tanja

não te.m. Só te.m de. uva.

Gil: Ah! Ma~ nao te.m impoJttânc.ia. Tã ótimo. O

bJtigada, tã? ObJtigada.

-Se.Jta6ino: E a ~ua agua.

NaiJt: Ob/tigada.

Se.Jta6ivr.o: At~ ioga!

Gil: Tã ge.ladivr.ha.

NaiJt: Ob/tigada. Tim-tim!

Gil: Tim-tim.

N ai/t: Como e.u ia dize.ndo, voc.~ ~ e. le.mbM da vr.o~~a úLtúna

e.xpUc.ação?

Gil: Uhm ... Eu me. le.mb/to ... EM ~obJte. OMÇO~ ~uboJtdinadM

adve.Jtb~ te.mpo~.

NaiJt: 1~~o

aI!

Eu que.Jtia que. voc.e. .•.

Gil: E voc.~ utudou?

NaiJt: E~tude.i at~ o ponto que. voc.e. e.~ivr.ou, vr.~? Nó~ óic.amo~

de. ve.Jt a ... te.Jtc.e.iJta ~~e. de. c.onjuvr.çõ~.

Gil: Uhm! A te.Jtc.e.iJta c.la~~e. de. c.ovr.juvr.çõe.~ e. a~ ia

(33)

tJto.Jt,

ê

o. do..6 c. ompo.Jto.ü v 0..6 .•• "

(TVE-AC-IV-21-27/11/30)

Um exame mai's detido nesses exemplos leva i

ob-servaçao de que, na verdade, as telenovelas de TVE não p~

recem privilegiar a escola ou o espaço escolar como "sala

de aula" propriamente dita. A escola e o espaço escolar

são entendidos muito mais nos papeis de professor e aluno

e tais papeis, segundo as telenovelas de TVE, são cumpri

-dos independentemente -dos cenãrios ou ambientes. Pode ser,

e e freqüentemente, a sala de aula, mas tambem pode ser o cômodo da casa, o escritório, a beira da piscina, a praia,

a lanchonete, como ate pode ser em cenãrio indefinido, co

mo num dos exemplos jã 'aqui referidos. O que as

telenove-las de TVE parecem pretender privilegiar e, na totalidade

dos diãlogos e falas analisados, a figura do personagem

professor, sempre disposto a ensinar, a figura do

persona-gem aluno, sempre disposto a apreender, e as relações

en-tre ambos. E com tal insistência são mostrados esses pe~

sonagens, e de tal modo são mostradas as suas relações,que

se supõe resumir suas vidas em ensinar ou aprender "li

-ções", dar ou receber "explicações sobre conteudos de mate rias escolares.

Se nas telenovelas de TVN estão presentes o

ambi-ente familiar, os membros da faml1ia, a fala coloquial,se~

vindo

ã

simulação de um contato direto e pessoal com o

pu-blico receptor, que supostamente recebe a mensagem num "es

paço" familiar, jã nas telenovelas da TVE estão presentes

a situação escolar, os personagens da escola e a fala ca

-racterlstica do ensino-aprendizagem, servindo

ã

simulação

de um contato direto e pessoal com o publico receptor, que

supostamente recebe a mensagem num espaço escolar. Como o

espaço escolar, consoante as telenovelas de TVE, não e

o-brigatoriamente o correspondente ao da sala de aula, e de

(34)

telenove-las de TVE nao seria propriamente a do receptor na escola, de que a telenovela pudesse ser uma extensão, mas a situa-çao de ensino-aprendizagem. Noutras palavras, as telenov~

las da TVE fazem supor que são dirigidas ao publico receE tor como se este fosse constituido de pessoas dispostas a aprender IIlições ll

e receber lIexplicaçõesll •

Por outro lado, a simulação de contato intimo com essa modalidade de publico receptor ê intentada, a seme-lhança das telenovelas de TVN, com a apresentação de persQ nagens de rostos, falas, gestos e ações que possam instau rar intimidade ou propiciar os fenômenos de projeção e

i

dentificação.

A figura do apresentador ou animador, encontra-se muito mais explicito nas telenovelas de TVE, fazendo crer que o clima de IIcontatoll

com o telespectador ê criado e r~

forçado muito mais pela atuação mais clara desses elemen tos.

o

apresentador, ou animador que aparece sempre em tomadas de meio-close, faz as vezes de um personagem-chave da telenovela de TVE, e a interpelação direta que ~

fetua ê, como diria Sodrê, um 'e.le.me.n.to óãtic.o"20 bem evi dente:

"Alô, amigo.6! Aqui e..6tamo.6 jun.tO.6 mai.6 uma ve.z

pa~a n.O.6.6a habitual ~e.vi.6ão. Ma.6 an.te..6 ~e.le.mb~a

mo.6 a to do.6 vo C. ê.6 ... "

(TVE-JS-I-1-7j7j80)

"Olã, amigo.6. Como

ê?

GO.6ta~am do capItulo de. hoje. de. João da Silva? Ap~e.n.de.mo.6 que. ê muito

.6 im pl e..6 . . . "

(TVE-JS-III-33-23j07j80)

"Amigo.6, o que. ê que. você.6 acham, e.hm?"

( TV E - A C·-I II .-1 9· 1 9/11 j 8 O )

(35)

"Alô, amigo.6! E.6tamo.6 aqui ma-i..6 uma vez c.om o

ob j eti v o de ti/z.a/z. a.6 .6 ua.6 dú. vi da.6 quanto •.. "

(TVE-AC-IV-30-5j12j80)

Nesses exemplos estã meridianamente clara a in-tenção de uma conversa lntima com o telespectador. O tom amistoso

e

traduzido em expressões como "amigos", "nês" ou "juntos", e o estabelecimento de contato se verifica no "alô", "olã" ou nos chamamentos.

Quase sempre a interpelação do apresentador se~

ve para se efetuar uma slntese dos assuntos jã tratados:

"E.6te noi o c.apltulo 70 de João da Silva. Ent/z.e

out/z.a.6 c.oi.6a.6, e g/z.aça.6 a c.uJz.-i.o.6idade de Vona Zu

leic.a, nic.amo.6 c.onhec.endo a loc.alização de

vã-Jz.-i.O.6 paI.6e.6 impo/z.tante.6 ent/z.e a.6 naçoe.6 do mun

-do. Voc.ê.6 não .6abiam divid-i./z. um nume/z.o dec.imal

pO/z. um out/z.O núme/z.o, .6abiam? Vona Ma/z.li deixou

o a.6.6unto bem c.la/z.o numa de .6ua.6 aula.6. Seu A/z.

tu/z. c.onni/z.mou ... "

(TVE-JS-III-26-l5j7j80)

" E.6 tudamo.6 no c.apltulo, hoje, o ut/z.O.6 a.6 pec.to.6

da Região NO/z.te: p/z.odução, meio.6 de t/z.an.6po/z.te,n~

va.6 atividade.6 ec.onômic.a.6, onde de.6tac.amo.6 a min~

/z.ação e a pec.uãJz.-i.a. Voc.ê ago/z.a deve .6e/z. c.apaz de

u.6a/z. a /z.eg/z.a de t/z.ê.6 p/z.a /z.e.6olve/z. p/z.oblema.6 dep~

c.entagen.6. Ap/z.endemo.6 ne.6.6e c.apltulo, que 0.6 no

me.6 de pe.6.6oa.6 no nic.hãJz.-i.o alnabêtic.o nigu/z.am na

o /z.d em ... "

(TVE-AC-II-13-lljll/80)

" Vef.Jta vez ef.Jtudamof.J af.J OflaÇÕe.f.J c.ompa/z.ativa.6,

que podem expJz.-i.mi/z. igualdade, f.JupeJz.-i.oJz.-i.dade ou i~

(36)

tem o ve~bo oeulto, ao eont~â~io da~ eon6o~mati

-va~, em que o ve~bo eo~tuma vi~ exp~e~~o. Em Ma

temâtiea, e~tudamo~ o~ núme~o~ ~elativo~: adição,

~ubt~ação. Em Hi~tô~ia, o no~~o tema noi o

lmpê-~io Napoleônieo e eu di~ia que e~gotamo~ o a~~un­

to, tanto~ n o~am o~ detalhe~ o n e~eeido~" .

(TVE-AC-IV-25-27jllj80)

Muitos casos hã em que sua atuação se faz com a finalidade

declarada de desfazer IIduvidasll

:

-

-" exi~tem aluno~ que ainda nao ~abem o que e ~aio e o que e diâmet~o de um eI~eulo. Ê muito n~

eil. Ma~ pode at~apalha~ aquele~ que e~tão ouvi~

do e~~a~ palav~a~ pela p~imei~a vez. Ê melho~ ex pliea~ bem novamente e~~e a~~unto. P~e~tem bem a

tenção. Voeê o eI~eulo na~ naee~ da~ moeda~,

no~ nundo~ do~ p~ato~ ... "

(TVE-JS-V-44-8j8/80)

"Aqui e~tou eu, novamente inte~Jtompendo a eonve~­

~a de no~~o~ amigo~. Ma~ vale a pena. POJtque ~~ gi~am alguma~ dúvida~ de Geog~ania. Vamo~ nala~

então da Região Sude~te, que ê a mai~ impoJttante

d o pa-<-~. ..,,,

(TVE-AC-V-27-5/l2/80)

" E~tamo~ aqui mai~ uma vez eom o objetivo de

tiJta~ a~ ~ua~ dúvida~ quanto ã mateJtia dada no~ eapltulo~ anteJtio~e~. Vamo~ dete~minaJt agoJta a

Jtevi~ão da~ OJtaçõe~ SuboJtdinada~ adveJtbiai~. Fiea

~am 6altando ... "

(TVE-AC-V-30-5j12/80)

(37)

façam os exerclcios escritos:

"AgoJta que. voc.e..6 apJte.nde.Jtam, 6açam, paJta gJtavaJt

de. uma ve.z pOJt toda.6 o .6e.gundo e.xe.Jtc.lc.io da pãg~

-na 47 do .6e.u livJto. E te.nho c.e.Jtte.za de. que. nao

e.xi.6tiJtão dú.vida.6 ne.m have.Jtã e.JtJtO.6."

(TVE-JS-I-15-7j7j80)

"No c.apltulo 7 O do .6 e.u livJto de. apoio, vo c.~.6

e.n-c.o ntJtaJtão to da.6 e..6.6 a.6 liç Õ e..6 b e.m e.x plic.ada.6 " .

(TVE-JS-II-26-15j7j80)

"No c.apltulo 75, do livJto de. apoio de. voc.~.6,

vo-c.~.6 e.nc.ontJtaJtão a.6 liçõe..6 mai.6 be.m de..6e.nvolvi da.6" .

(TVE-JS-III-33-23j7j80)

" e.nquanto vamo.6 apanhaJt o no.6.6O livJto e. e..6tu

daJt e..6.6e..6 a.6.6unto.6 c.om mai.6 vagaJt. Façam o me..6

mo e.ntão".

(TVE-AC-I-9-3jllj80)

"E.6pe.Jto que. e..6tude.m mai.6 e. e..6te.jam a6iado.6 no pJtÉ.

ximo c.apltulo. PJta i.6.6O é pJte.c.i.6o que. 6açam 0.6

e.xe.Jtc.lc.io.6 de. Ge.ogJta6ia, Mate.mãtic.a e. POJttugu~.6

na.6 pãgina.6 54, 59 e. 63 do volume. 3, do .6e.u

li-vJto de. apoio ... "

(TVE-AC-II-13-11jllj80)

"Até lã, te.nham um maioJt inte.Jte..6.6e. pe.lo .6e.u

li-VJto, poi.6 e.le. 0.6 ajudaJtã, e. muito, a c.ompJte.e.nde.Jt

e..6.6a.6 liçõe..6. 0.6 e.xe.Jtc.lc.io.6 Jte.6e.Jte.nte..6 ã.6 aula.6

de. hoje., de. POJttugu~.6, Mate.mâtic.a e. Ci~nc.ia.6,na.6

-

.

"

pag-tna.6 ...

(TVE-AC-III-19-19jllj80)

"Ma.6 i.6.6O não ba.6ta, na ve.Jtdade.. Tanto a.6.6im que.

(38)

(TVE-AC-IV-25-27j11j80)

t de se supor, pelos exemplos mostrados, que o ~

presentador ou animador, alem das funções explicitas de promover uma sintese dos assuntos jã tratados, desfazer du vidas enquanto estes se estejam tratando e chamar a aten ção para a importância de se consultar o livro e fazer e xercicios escritos, tem principalmente uma função imp1ici-ta de atribuir importância maior às lições no livro, mais bem desenvolvidas "ai do que na própria telenovela e a es tas servindo de suporte ou "apoio" indispensâve1 à compr~

ensao das "lições" e "explicações". Por outro lado, tra-tando os receptores, supostamente dispostos a receber "li ções" e "explicações", com intimidade e simpatia, o apr~

sentador conc1ama a que receptores se juntem a outros tam bem "amigos", para que, em "grupo", seja mais segura a com preensão dos assuntos tratados:

"Con.6ui,te.m, di....6c.u,tam e. .6obJte.,tudo, e..6,tude.m e.m gJt~

po. Voc.ê.6 ve.Jtão que. e. mai....6 6ãc.i...i e. mui...,to mai....6

ag Jtadã v e.i" •

(TVE-JS-II-26-15j7j80)

"E ou,tJta c.oi....6a: nao e..6que.ç.am, .6 e.mpJte., de.

e..6,tu-daJt c.om mai....6 um, doi....6, ,tJtê.6 c.oie.ga.6. Não c.U.6,ta

nada e.xpe.Jti...me.n,taJt".

(TVE-JS-III-33-23j7j80)

Esse apelo para a consulta aos livros, a feitura de exerci c i o s e o e s tu do" c o m o u t r o s c o 1 e g a Sll e f r e q

ü

e n tem e n t e o b se.!: vado em falas de personagens professores nas telenovelas de TVE. Isso talvez confirme a hipótese de que a figu~ do apresentador ou animador se incorpore na figura dos "profe~

sores" caracterizados pelas telenovelas:

"Soni...a: A ge.n,te. pode. daJt ou,tJta i...n,te.JtpJte.,taç.ão.

(39)

Sônia: Pa~a o auto~ ba~ta apena~ o b~ilho do~ o

lho~ da pe~~oa amada ...

Dona Dulee: Muito bem, Sõnia. Olha, ~ua inte~

-p~etação eompleta e ~e~ume a do Jo~ge Lu~

iz e da Bete. Viu eomo ê nãeil? Ba~ta l~

eom atenção, p~oeu~ando bem a ~elação

en-t~e a~ palav~a~. E p~oeu~e voeê também

out~a~ t~ova~ e tente inte~p~etã-la~ eom

um e o i e g a" .

(TVE-JS-I-2-7/7/80)

"Ve~a Regina: E~~a ~epetição noi boa.

P~one~~o~ Jai~o: t, eu ae~edito que tenha ~ido

boa. Ma~ ~e voee e ~eu~ eolega~, todo~

voee~, qui~e~em ap~ende~ melho~ e~~e a~

-~unto,

ê

bom que leiam eom muita atenção

o item 2 do eapltulo 68. a~~im não ha

ve~ã mai~ d~vida~".

(TVE-JS-I-12-7/7/80)

"Aln~edo: E quando ~e emp~ega I lo I , I ia I , I lo~ I e

I la.6 I ?

Alzi~a: Quando o ve~bo te~mina em '~', '~' ou 'Z', que ~e ti~am ante~ de eoloea~ o p~onome.

Amã-ia, nazê-Ia, eo~~igI-lo~, pô-lo, ama

mo-ia, 6izemo-la.

Al6~edo:

E

e~qui~ito! ...

Alzi~a: Coneo~do. Ma~ e~te ~ltimo ea~o

ê

poueo

mum. E ~ó

ê

u~ado na linguagem e~e~ita.

t p~eei~o ~abe~ u~a~ em eada oea~iã.o a lin

guagem ap~op~iada. Bom,6iea melho~ voee

óaze~ o~ exe~eleio.6 do .6eu liv~o, quando

vpeê tive~ tempo, p~a g~ava~ bem o que a

p~endeu" .

(TVE-JS-IV-36-31/7/80)

(40)

de maneira sutil, por alguns personagens, às vezes durante quase todo o desenrolar da telenovela.

r

o caso, por exem plo, de personagens que estão sempre criando um tom de hu-mor ou um clima de expectativa, propicio portanto à chama~

da de atenção do publico receptor:

"Seu An6il56io: Ah! e~ta noite, ~ob a luz da~ e~

t~ela~, imita~ei o~ ba~do~ medievai~, pe~6~

mando o a~ c.om v e~~ o~ imo~tai~... I Ac.o~da,

patativa, vem c.anta~! ~elemb~a a~ linda noi

te~ que lá vão! ...

Ma~ia Cla~a: Ah! Feliz do povo que tem um Seu An 6il56io".

(TVE-JS-II-2l-15/7/80)

"Paulo: Vizem que a~ alemãe~ ~ão muito bonita~ ...

Vona Ma~li: A~ alemãe~? Veja lá c.omo voc.e e~c.~e

ve~ia no 6eminino plu~al. Alemã~ não tem 'e' ante~ do '~'.

Paulo: Me~mo ~em e~~e 'e', alemã~ ~ao uma~ uva~!

Ma~c.ionila: UHm! E a g~aça, a beleza e o veneno

da mo~ena b~a~ilei~a? Não valem nada?

Out~o~ aluno~: Vale!

(TVE-JS-II-25-l5/7/80)

"Ca~lo~: Apa~elho~ dom~~tic.o~ tamb~m, não ~,

Vo-na Ma~li?

Vona Ma~li: Sim. Apa~elho~ dom~~tic.o~ também.

Bem, muito bem, podem volta~ ao~ ~eu~

luga~e~ ... Bem, n5~ tivemo~ a~~im uma

aula bem inte~e~~ante ~ob~e imã~, e va

mo~ ago~a pa~~a~ pa~a a no~~a aula de

Mate.mátic.a.

Ma~c.ionila: A-a-ai!

Todo~: I~u~to)

Ma~c.ionila: Meu são Benedito! Ai! Vona Ma~li!

Vona Ma~li: Ma~ o que 6oi, c.~iatu~a? Fale! Fale!

Referências

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