H Y C A N T H O N E E O X A M N I Q U I N E N O T R A T A M E N T O D E C R IA N Ç A S P O R T A D O R A S D E S. M A N S O N I*
D r a . M a r ia Z e lia R o u q u a y r o l; Y .M . A lm e id a ; E .G . O liv e ira ; Z . F . S ilv a ; V . A . M . P in to & J .E . A le n c a r *
O s a u to r e s a p r e s e n ta m r e s u lt a d o d e t r a t a m e n to c o m Hycanthone e c o m Oxamniqui-
ne e fe t u a d o e m g ru p o s d e 3 6 c r ia n ç a s d e 6 — 1 5 a n o s d e id a d e , p o r ta d o r a s d e S. mansoni, m a is u m g r u p o Controle (n ã o p o r t a d o r e s ) , d e ig u a l n ú m e r o p e r fa z e n d p o t o t a l d e 1 0 8 c ria n ç a s .
Os g r u p o s e ra m h o m o g ê n e o s q u a n t o à id a d e , p e s o , a lt u r a , c o n d iç õ e s c lín ic a s ( fo r m a in t e s t in a l m o d e r a d a ) e fa to r e s s ó c io -e c o n ô m ic o -s a n itá rio s . E r a m to d o s re s id e n te s n o
p e r í m e t r o ir r ig a d o d a C u rú -R e c u p e ra ç ã o , P e n te c o s te -C e a rá , e f ilh o s d e f u n c io n á r io s d o D N O C S .
F o i e fe t u a d o tr a t a m e n t o c o m H y c a n t h o n e ( 2 , 3 m / k g a 2 , 7 m g / k g ) m a is p la c e b o de O x a m n iq u in e ( G r u p o A ) , c o m O x a m n iq u in e ( 1 1 ,4 m g / k g a 2 0 m g /k g ) m a is p la c e b o d e H y c a n th o n e ( G r u p o B ) e p la c e b o d o s d o is m e d ic a m e n to s p a r a o g r u p o C o n t r o le ( G ru p o C ). F o r a m r e a liz a d o s e x a m e s d e s a n g u e (h e m o g ra m a , tra n s a m in a s e s e fo s fa ta s e s a lc a lin a s ), s u m á r io d e u r in a e c o p r o s c o p ia s ( H o f f m a n , K a t o q u a lit a t iv o e q u a n t it a t iv o ) . A p ó s t r a t a m e n to to d o s o s ca sos fic a r a m s o b o b s e rv a ç ã o d u r a n te 7 2 h o ra s e m a is s e g u im e n to c lí n ic o e la b o r a t o r ia l d u r a n te 4 m eses. E f e tu a d o s te s te d e t e d e c h i- q u a d r a d o to d o s o s
r e s u lta d o s sã o a p re s e n ta d o s e m ta b e la s e a s s im s u m a ria d o s :
1) H y c a n th o n e m o s t r o u e fic á c ia c o m p le t a a p r e s e n t a n d o 1 0 0 % c o m o í n d ic e d e c u ra . 2 ) O x a m n iq u in e a p r e s e n to u í n d ic e d e c u ra d e 8 0 % , s e n d o q u e o s 7 p a c ie n te s n ã o
c u ra d o s tiv e r a m s ig n ific a tiv a re d u ç ã o d o n ú m e r o d e o v o s v iá v e is ; d e ste s, a p ó s o 2 9 tr a t a m e n t o , p e r s is t ir a m a p e n a s 3 e lim in a n d o o v o s viáve is.
3 ) E f e it o s c o la te ra is d o tr a t a m e n t o c o m H y c a n th o n e fo r a m o s s e g u in te s : d o r lo c a l, fe b r e , n áu sea s, v ô m ito s , c e fa lé ia , t o n t u r a e s o n o lê n c ia .
4 ) O x a m n iq u in e q u a s e n ã o a f e t o u as c r ia n ç a s d o p o n t o d e v is ta d e e fe ito s c o la te ra is
d e m o n s trá v e is , te n d o a p r e s e n ta d o a lg u n s ca sos c o m fe b r e m o d e r a d a e tr a n s it ó r ia e u m c a s o c o m q u e ix a d e náu sea .
5 ) Testes d e fu n ç ã o h e p á tic a r e v e la ra m a lte ra ç õ e s leve s c o m a u m e n to d e T G O t a n t o n o
G r u p o H y c a n th o n e c o m o n o G r u p o O x a m n iq u in e (se m d ife r e n ç a e s ta tís tic a s ig n if ic a t iv a , in c lu s iv e p a r a o g r u p o C o n t r o le ) e a u m e n to d is c r e to d e T G P p a r a a m b o s
o s g ru p o s . N ã o h o u v e a u m e n to s ig n if ic a t iv o d a s fo s fa ta s e s p a r a n e n h u m a das a m o s tra s .
6 ) D a d a a d if ic u ld a d e d e e m p re g a r , p a r a to d a s a s c ria n ç a s , a d o s a g e m d e 2 0 m g / k g p o r se t r a t a r d e c á p s u la n ã o fr a c io n á v e l, su ge re -se a fo r m a fa rm a c ê u tic a e m x a r o p e n a
h ip ó te s e d e q u e c o m o a c ré s c im o d a s d o se s d e O x a m n iq u in e h a ja sign i f i c a t i vo a u m e n to d o ín d ic e d e c u ra . Q u e essa c o rr e ç ã o se ja e fe tu a d a p a r a le la m e n te a
c u id a d o s o s e x a m e s c o m p le m e n ta r e s a f i m d e se d e te c ta r a t o x ic id a d e a esse n /v e i.
* T r a b a lh o re a liz a d o s o b o s a u s p íc io d o D N O C S e d o C e n tr o d e C iê n c ia s d a S a ú d e d a U n iv e rs id a d e F ed e ra l d o C e ará (C o n v ê n io P G E -1 5 / 7 5 ) .
* * D o c e n te s d o D e p a r ta m e n to d e S a ú d e C o m u n it á r ia e d o D e p a r ta m e n to d e P a to lo g ia d o C e n tr o d e C iên cias da S a ú d e d a U n iv e r s id a d e F e d era l d o C e ará .
9 2 R ev. S oc. Bras. M e d . T r o p . V o l. X N P 2
INTRODUÇÃO
Baseado em algumas considerações form ula das por Katz6, onde questões básicas são por ele levantadas (toxicidade das drogas, dados comparativos entre as drogas, estudos retrospec tivos e prospectivos, etc.), fo i elaborado o presente trabalho com os seguintes objetivos:
a) Fornecer dados comparativos sobre o va lor terapêutico dos dois medicamentos atual mente empregados no combate à esquistosso- mose (Hycanthone e Oxamniquine).
b) Por em relevo as vantagens e as desvanta gens no emprego dos referidos medicamentos em crianças que representam o grupo mais exposto ao risco de infecção esquistossomótica em áreas endêmicas.
M A TE R IA L E MÉTODOS
No presente trabalho todas as crianças, filhas de funcionários do DNOCS residentes no perí metro irrigado de Curu-Recuperação-Ceará, es- tavam situadas na faixa etária de 6 a 15 anos de idade subdivididas em três grupos de 36, sendo dois de portadores de S. m a n s o n i e o outro
constituído de não portadores, perfazendo o total de 108 crianças.
Foram preenchidas fichas de fam ília com itens sobre condições sócio-econômico-sanitá- rias contendo as seguintes informações: ! proce
dência da fam ília, idade das crianças, seu peso e altura, qualidade da água, coleta de lixo, desti no de dejetos, renda da fam ília e tip o de habitação.
Obtendo-se anuência dos pais para iniciar mos o tratam ento das crianças, todos os fam ilia res foram informados da importância da partici pação ativa de cada membro na luta empreendi da contra a esquistossomose, bem como foram fornecidas informações sobre o tratam ento, demora e tipos de exames laboratoriais a que seriam submetidas as crianças para assim obter mos o máximo de cooperação e de rendimento no controle da endemia.
Antes da terapêutica contra S. m a n s o n i
iniciamos nosso trabalho examinando clinica mente com o máximo rigor todas as crianças que também foram tratadas com medicação polivalente contra as enteroparasitoses. Chama mos atenção para o fato de que todos os pacientes portavam a form a intestinal modera da.
Após homogeneização quanto à idade, altu ra, peso e condições clínicas, os grupos de portadores foram submetidos a sorteio aleatório
e tratados, em am bulatório, com Hycanthone via intramuscular (2,3 a 2,7 mg/kg) mais place- do de Oxamniquine (Grupo A ), Oxamniquine via oral (11,4 a 20 mg/kg) mais placebo de Hycanthone (Grupo B) e os não portadores foram tratados com placebo dos dois medica mentos (Grupo C).
A temperatura dos pacientes fo i tomada antes do tratam ento e após 6, 24 e 48 horas.
Após tratam ento os 3 grupos ficaram sob observação durante 72 horas.
Foram efetuadas coproscopias (métodos de Hoffman, Kato qualitativo e quantitativo e exames seriados em meio de MIF) antes do tratamento e após um, dois e quatro meses respectivamente.
Na avaliação dos possíveis efeitos tóxicos dos medicamentos, utilizou-se a dosagem de tranoaminases (Karmen, u K /m l) e fosfatases alcalinas (Bessey, Lowry e Brock — 45 a 210 m U/m l, faixa normal), bem como determ i nação de parâmetros hematológicos (hematime- tria, hematócrito e hemoglobina e leucometria), tais valores sendo mensurados, para todas as crianças, antes, 72 hs e 4 meses após o início do tratamento.
Para a avaliação estatística de significância entre diferenças de médias amostrais, utilizou-se o teste " t " de Student-Fisher. Considerando-se a grande variabilidade inter e intragrupos dos valores de transaminasemia, o que reduziria a validade do teste " t " , comprovamos a homoge neidade das diversas amostras, para essa variá vel, lançando mão da prova não-paramétrica do X2 (Chi-quadrado). Os níveis de significância adotados foram de 5%.
RESULTADOS E COMENTÁRIOS
V a riá v e is b á sica s (idade, peso e estatura). A
tabela 1, descreve as características dessas variá veis nos grupos estudados. A tabela 2 analisa as variáveis, segundo as suas médias, desvios pa drões, bem como os resultados do teste estatís tico, que não mostrou diferença significativa para as diversas comparações. Considerou-se, dessa form a, a homogeneidade entre as amos tras examinadas e, conseqüentemente, a valida de do estabelecimento de comparações.
T o x ic id a d e
T ra n s a m in a s e s e fo s fa ta s e s — O gráfico I e
M a r -A b r /7 6 R e v . S o c . Bras, M e d . T r o p . 9 3
como a am plitude de variação de cada um desses valores. Verifica-se, em relação às fosfata ses, que, em nenhum caso houve elevação dessa enzima (levar em conta os valores normais correspondentes a crianças). Já com respeito às transaminases, embora as médias correspondam a valores dentro do intervalo considerado nor mal, em algumas oportunidades o lim iar de normalidade fo i ultrapassado. A tabela 3 rela ciona os casos onde, pelo menos em uma ocasião, houve aumento de TGO ou TGP; constata-se que são 19 crianças, das quais 3 pertencendo ao controle, 8 ao grupo Hycantho ne e 8 ao grupo Oxamniquine.
Pode-se presumir que as alterações observa das no grupo controle sejam, pelo menos em parte, dependentes do estado de desnutrição crônica e infecções multiparasitárias a que estavam sujeitas essas crianças. Para os diversos
períodos de observação, o teste de (chi-qua-
drado) não mostrou heterogeneidade entre os grupos. Silva e cols.12 tratando 48 crianças fazem referência ao aumento das transaminases sendo 14 (35%) para TGO e 9 (17,5%) para TGP. Cunha e Cançado4 relatam elevação das transaminases, especialmente TGO, logo após o tratam ento com Hycanthonè.
Nosso estudo revelou discreto aumento das transaminases (TGO ou TGP), tanto em crian ças tratadas com Hycanthone como em crianças tratadas com Oxamniquine, registrando-se ape nas um único caso de elevação bastante acen tuada de TGO em um paciente tratado com Oxamniquine (tabela 5).
V a lo re s h e m a to ló g ic o s
A tabela 4 resume os achados obtidos com relação aos parâmetros hematológicos funda mentais. Leucocitose moderada, com regressão observada aos 4 meses, fo i vista em 11 pacien tes, sendo 7 do grupo Hycanthome e 4 do grupo Oxamniquine. Mais freqüente, embora também em grau moderado, fo i a tendência à leucopenia, principalmente no grupo Oxamni quine onde 11 crianças persistiram com cifras subnormais de leucócitos desde 72 hs até a última avaliação após o tratamento.
Com respeito à serie vermelha, não se desta cou nenhuma alteração digna de registro.
E f e ito s c o la te ra is — Os efeitos colaterais
mais comumente observados dentre as 36 crian ças que tomaram Hycanthone foram dor local em 23 pacientes (63,8%), náusea em 11 casos (30,5%) e febre (25%), assim distribuídos:
Apenas dor local (25%), náusea, vôm ito e dor local (13,7%), febre (11,1%), náusea e dor local (8,3%), febre e dor local (5,6%), cefaléia e dor local (5,6%), náusea, tontura, vôm ito e febre (5,6%), cefaléia, febre e dor local (5,6%), sonolência (5,6%), náusea e febre (2,8%). Vá rios autores1,7,8 fazem referência à dor local e náusea como efeitos colaterais mais comuns. Além disto, em nosso estudo, foram registrados estados febris de 37°C a 38°C em 5 casos e febre acima de 38°C em 4 pacientes.
Quanto às 36 crianças medicadas com Oxamniquine, apenas uma queixou-se de náusea
Efeitos colaterais (isolados ou associados) dentre 36 crianças tratadas com Hycanthone
EFEITOS CO LATERAIS N9 %
Dor local 9 i 25,0
Náusea, vôm ito e dor local 5 13,7
Febre 4 11,1
Náusea e dor local 3 8,3
Febre e dor local i
2
5,6Cefaléia e dor local 1 2 5,6
Náusea, tontura, vôm ito e febre 2 5,6
Cefaléia, tontura, febre e dor local 2 5,6
Sonolência 2 5,6
Náusea e febre 1 2,8
Nenhuma queixa 4 11.1
9 4 R e v . S o c . B ras. M e d . T r o p . V o l . X N P 2
T A B E LA 1
Variáveis básicas (Idade, peso, altura) determinadas entre 108 crianças submetidas a tratamento
Grupos Etários Número de Crianças
(Anos de Idade) Hycanthone Oxamniquine Controle
6 - 7 3 7 4
8 - 9 5 2 10
1 0 - 11 7 8 10
1 2 - 1 3 11 9 8
1 4 - 1 5 10 10 4
Total 36 36 36
Peso Número de Crianças
(Kg) Hycanthone Oxamniquine Controle
1 5 - 2 0 7 8 7
21 - 2 6 11 7 6
27 - 32 6 8 11
3 3 - 3 8 5 6 7
3 9 - 4 4 3 3 3
4 5 - 5 0 4 4 1
51 - 56 - 1
Total 36 36 36
Altura Número de Crianças
(m) Hycanthone Oxamniquine Controle
1 ,0 0 - 1,10 4 3 1
1,11 - 1,21 5 8 10
1 ,2 2 - 1,32 8 5 7
1 ,3 3 - 1 ,4 3 9 10 10
1 ,4 4 - 1 ,5 4 5 5 8
1 ,5 5 - 1 ,6 5 5 5 0
M a r - A b r / 7 6 R e v . S o c . B ras. M e d . T r o p . 9 5
G R Á F I C 0 l_
V A L O R E S M E D I O S E A M P L I T U D E D E V A R I A Ç Ã O D A S T R A N _
S A M I N A S E S E N T R E 1 0 8 C R I A N Ç A S T R A T A D A S C O M H Y C A N _
T H O N E E C O M O X A M N I Q U I N E
« X / m l 00
7 0
-A N T E S 7 í h t 4 f f l
H Y C A N T H O N E
A N T E S 7 2 h » 410
O X A M N I Q U I N E
A M P L I T U D E OE V A R I A Ç Ã O
A N T E S 7 2 h » 4 t n C O N T R O L E
A M P L I T U O E ,
( T O P )
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J. V A R I A Ç A O
8 0
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4 0 - -r r 7 _
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10-A N T E S ?2t>» 4 m A N T ÉS 72 hS 4 m A N TES 7 í h S 4 m
H Y C A N T H O N E O X A M N I Q U I N E C O N T R O L E
Tabela 2
Valores Médios das variáveis básicas (Idade, peso e altura) determinadas entre 108 crianças tratadas por Hycanthone e Oxamniquine
Grupos *
Variáveis Básicas
Idade** (Anos)
Peso** (kg)
A ltu ra ** (m)
Hycanthone 11,6± 2,5 29,3± 9,1 1,33± 0,17
Oxamniquine 11,2± 2,9 29,6+ 9,8 1,33± 0,17
Controle 10,3± 2,3 29,5± 8,8 1,32± 0,14
TA B E L A 3
Testes de Função Hepática em 72 crianças tratadas com Hycanthone e Oxamniquine e 36 do grupo controle
Grupos
Antes
TGO uK/m l
72 hs 4 meses Antes
TGP uK/m l
72 hs 4 meses
Fosfatases Alcalinas m ll/m l
Antes 72 hs 4 meses
Hycanthone Oxamniquine Controle
(*) 27,5± 11,5 30,0± 10,1 30,6± 7,9
23,5± 11,9 23,3± 11,1 19,0+ 8,0
18,7± 9,0 25 7± 12,8 12,9± 13,9
(*) 12,7± 7,6 14,2± 8,2 10,5± 4,8
16,6± 8,7 11,8± 9,7 10,5± 7,9
9,3± 6,8 8,4± 6,3 8,6± 4,7
(* 106,8± 36,4
99,3± 30,4 110,7± 28,0
81,4± 28,8 94,3± 38,1 94,2± 29,5
89,5+ 23,0 83,6± 26,3 74,5± 22,4
( * ) M é d ia ± d e s vio P a d rã o .
T A B E LA 4
Valores Hematológicos
G ru p o s
L e u c ó c ito s ( X 1 0 3 / m m 3 ) H e m á cia s ( X 1 0 6 / m m 3 ) H e m a tó c r ito (% ) H e m o g lo b in a (g% )
( * )
A n te s 7 2 hs 4 m eses
( * )
A n te s 7 2 hs 4 meses A n te s
( * )
7 2 hs 4 meses A n te s
( * )
7 2 hs 4 meses
H y c a n th o n e 6 , 7 ± 1 ,9 7 , 7 ± 2 ,1 6 , 2 ± 1 ,9 4 , 7 ± 0 , 6 4 , 6 ± 0 ,5 4 , 6 + 0 , 5 4 1 , 6 ± 3,1 4 1 , 1 ± 3 , 6 4 1 , 3 ± 3 ,6 1 3 , 7 ± 1 ,2 1 3 , 4 + 1 , 5 1 3 , 5 + 0 , 9
O x a m n iq u in e 6 , 4 ± 1 ,7 6 , 9 ± 1 ,9 6 , 0 ± 2 , 0 4 , 5 ± 0 , 7 4 , 7 ± 1 ,0 4 , 7 ± 2 , 3 4 0 , 5 ± 2 ,7 4 1 , 3 ± 3 , 5 4 2 ,1 ± 2 , 0 1 3 , 2 + 1 , 5 1 3 , 7 ± 1 ,2 1 3 , 6 ± 1 ,6
C o n tro le 6 , 5 ± 1 ,3 6 , 8 ± 2 , 0 6 , 3 ± 2 , 0 4 , 3 ± 1 ,5 4 , 6 ± 0 ,7 4 , 6 ± 0 , 4 3 6 , 9 ± 1 2 ,8 4 1 , 0 ± 3 ,2 4 1 , 1 + 3 , 2 1 3 , 4 ± 1 ,0 1 3 , 5 ± 1 ,3 1 3 , 6 ± 1,1
( * ) M é d i a ± D e s v io P a d rã o .
R
e
v
.
S
oc
.
B
ra
s
.
M
e
d
.
T
ro
p
.
V
o
l.
X
NP
M a r -A b r / 7 6 R e v. S o c . B ras. M e d . T r o p . 9 7
TA B E LA 5
Relação de 19 casos com alterações das transaminases dentre 108 crianças examinadas.
Pacientes Grupo
TGO (uK /m l) TGP (uK/m l)
Antes 72
hs 4 m Antes
72
hs 4 m
1 - E. S. B. Oxamniquine 61 51 78 8 9 13
2 - E. C. Oxamniquine 28 40 13 11 6 3
3 - L. C. R. Hycanthone 22 43 6 3 19 1
4 - J . L. S. Oxamniquine - 25 43 10 8 25 1
5 - J. L. S. Hycanthone 25 20 12 4 35 6
6 - T. C. F. Hycanthone 5 41 20 6 16 2
7 - J. T. P. Oxamniquine 28 24 46 18 16 22
8 - M. T. P. Hycanthone 43 43 29 25 25 18
9 - M. V. P. Hycanthone 47 43 12 8 32 6
10 - A. S. N. Hycanthone 51 39 42 18 18 22
11 - B. S. N. Oxamniquine 47 39 42 18 18 30
12 - M. C. S. N. Controle 44 21 46 16 11 18
1 3 - M. F, S. N. Controle 39 28 37 13 8 15
' 4 - I. 0. Oxamniquine 43 24 37 16 11 12
15 - L. O. Hycanthone 39 32 32 13 16 36
1 6 - J. I. O. Oxamniquine 31 39 20 22 18 18
17 - J. E. F. R. Controlè 20 51 61 16 16 9
18 - F. C. S. F. Oxamniquine 25 10 85 8 9 9
19 - M. C. O. Hycanthone 31 32 42 16 14 12
T A B E LA 6
Distribuição de ovos viáveis (por grama de fezes) de S. m a n s o n i entre
dois grupos de crianças tratadas por Hycanthone e por Oxamniquine
Ovos Viáveis
(P. grama) Grupo A (Hycanthone) Antes* Após
Grupo B (Oxamniquine)
Antes* Após
2 0 1- 200 31 0 29 6
2 0 0 1- 380 2 0 6 1
380 (— 500 0 0 0 0
500 H 740 1 0 0 0
740»- 920 1 0 0 0
9201- 1100 0 0 1 0
11001- 1280 0 0 0 0
12801- 1460 0 0 0 0
14601- 1640 0 0 0 0
16401- 1820 1 0 0 0
Total 36 0 36 7
Resultados do tratam ento com Oxamniquine em segundo esquema após 4 meses da primeira dose
TA B E L A 7
P a cie n te
Id a d e
(A n o s ) S e x o
(kg ) Peso à 1 ? dose
(kg ) Peso a 2? dose
D o ses a p lica da s (m g /k g )
E fe ito s
C o la te ra is N ú m e ro d e o vo s v iá v e is /g ra m a
R e d u ç ã o d e o vo s viáve is (% )
1? 2?
1? D ose
2 ? D o se
A n te s d o T r a ta m e n to
4 meses apó s 1? dose
3 m eses a p ó s 2? dose
A p ó s 1? D o se
A p ó s 2? D o se
M .A .R .P . 7 F 1 8 2 0 1 3 ,9 1 2 ,5 N e n h . N e n h . 3 2 2 2 3 0 9 2 , 7 1 0 0 ,0
S .H .J .S . 11 F 2 2 2 8 1 1 ,4 1 7 ,8 N e n h . N e n h . 2 9 9 2 7 6 23 7 ,7 9 1 , 7
M .T .P . 1 5 M 5 3 5 4 1 4 ,2 1 3 ,9 N e n h . N e n h . 2 0 7 2 3 0 8 8 , 9 1 0 0 ,0
J . I . O . 1 5 M 4 5 51 1 6 ,7 1 4 ,7 N e n h . N e n h . 1 1 5 2 3 2 3 8 0 , 0 0 , 0
N .C . 11 F 21 2 5 1 1 ,9 2 0 , 0 N e n h . N e n h . 7 2 2 3 0 6 8 ,1 1 0 0 ,0
F .L .J .S . 1 2 F 2 7 31 1 8 ,5 1 6,1 N e n h . N e n h . 2 3 2 3 2 3 0 , 0 0 , 0
M .C .L .S . 1 0 F 2 0 2 5 1 2 ,5 2 0 , 0 N e n h . N e n h . 2 3 2 3 2 0 0 . 0 1 0 0 ,0
T A B E LA 8
Valores do TGO e TGP do primeiro e do segundo tratamento com Oxamniquine
P a cie n te
T ra n s am in a se s ( T G O ) T ra n s am in a se s (T G P ) F o sfatases A lc a lin a s
P r im e iro T r a ta m e n to S e g u n d o
T r a ta m e n to P rim e iro T r a ta m e n t o
S e g u n d o
T r a ta m e n t o P r im e ir o T r a ta m e n t o
S e g u n d o T r a ta m e n to
A n te s A p ó s 7 2 h s A p ó s 4 m A n te s A p ó s 4 m A n te s A p ó s 7 2 h s A p ó s 4 m A n te s A p ó s 4 m A n te s A p ó s 7 2 h s A p ó s 4 m A n te s A p ó s 4 m
M .A .R .P . 2 5 3 2 3 2 3 3 1 7 2 0 1 6 1 3 1 8 3 1 0 2 8 0 5 6 3 4 5 6
S .H .J .S . 3 2 3 5 1 7 2 0 1 1 6 2 8 17 1 5 6 5 6 5 8 5 6 1 4 4 2
M .T .P . 4 7 2 8 2 4 2 4 3 2 2 1 6 4 1 2 2 3 1 0 0 9 2 6 6 2 4 4 2
J . I . O . 8 1 3 1 7 2 0 1 0 2 9 1 6 6 1 5 1 2 4 8 5 0 4 6 5 2 5 2
N .C . 2 2 21 2 0 3 7 3 9 11 1 2 1 2 3 8 0 6 0 6 0 3 6 5 4
F .L .J .S . 2 2 21 2 8 2 4 1 3 2 5 2 5 3 1 8 1 5 1 1 6 6 2 4 0 2 0 5 0
M .C .L .S . 4 4 21 2 7 2 9 2 5 1 6 11 6 1 5 6 6 6 4 0 9 2 1 8 5 0
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ê 5 registraram febre de 37 a 37,5°C e apenas 3 (8%) com febre de 38 a 38,5°C. Vários autores 3- s , io também fazem referência a este tipo de reação em maior ou menor intensidade.
No Grupo Controle foram registrados 1 caso de dor local e outro de cefaléia, tontura e vômito. Cinco crianças (14%) tiveram febre de 37 a 37,5°C e nenhuma acima de 37,5°C.
E fic á c ia — Dentre 36 crianças tratadas com
H y c a n t h o n e, na dosagem de 2,3 mg/kg a
2,7 mg/kg, todas apresentaram exame de fezes seriados (Ml F) negativos para S. m a n s o n i em
coproscopias realizadas no 19, 29 e 49 mês após o tratam ento. Todas as 36 crianças do grupo
C o n tr o le apresentaram resultados negativos
quanto à presença de S. m a n s o n i à 1?, 2?, e 4?
coproscopias realizadas.
Dentre 36 crianças tratadas com Oxamniqui- ne (cápsulas), na dosagem de 11,4 mg/kg a 20 mg/kg, sete (20%) continuaram a eliminar ovos viáveis em todas as coproscopias seriadas (M lF) realizadas no 19, 29 e 49 mês de seguimento.
Na impossibilidade de fracionarmos a cápsu la paradosagens mais consentâneas com o nosso desiderato de mantê-las entre 15 a 20 mg/kg, e não dispondo da form a em xarope, tivemos que efetuar a dosagem (em uma ou duas tomadas) levando em conta o peso da criança e o número de cápsulas a ingerir, tendo-se o cuidado de não ultrapassar a recomendação oficial de 20 mg/kg.
Na tabela 6 estão relacionados o número de ovos viáveis por grama de fezes e as freqüências relativas para cada classe antes e após o trata mento.
Evidencia-se que a maioria das crianças (31 do grupo Hycanthone e 29 para Oxamniquine) estava eliminando menos do que 200 ovos por grama de fezes antes do tratam ento. Nas classes de mais de 200 ovos vamos notar freqüência de 5 crianças para o grupo A (Hycanthone) e 7 para o grupo B (Oxamniquine) havendo, inclusi ve, um paciente no grupo A que eliminava entre 1640 a 1820 ovos viáveis por grama de fezes. Teste t efetuado entre os grupos não apresentou diferença estatística significante quanto à elim i nação de ovos antes do tratam ento.
O controle da cura efetuado durante 4 meses demonstrou que já a partir do 19 mês os exames se negativaram completamente no gru po tratado com Hycanthone. No grupo tratado com Oxamniquine, 7 crianças continuaram a eliminar ovos viáveis em todas as coproscopias seriadas realizadas no 19, 29 e 49 mês após o tratam ento específico.
Após 4 meses novo esquema fo i elaborado para as 8 crianças não curadas, pesando-se outra vez os pacientes e ministrando-lhes o medica mento em uma ou duas tomadas de acordo com o número de cápsulas.
Os resultados apresentados na tabela 7 indi cam claramente que houve redução apreciável do número de ovos viáveis após o 19 e o 29 tratam ento. Chama-se atenção para o fato de que a paciente S.H.J.S., que tom ou a menor fração (11,4 mg/kg), teve redução de ovos viáveis em apenas 7,7% após o 19 tratam ento, e que tendo-se-lhe aumentado a dose para 17,8, no 29 tratam ento (perm itindo o aumento por causa do novo peso da paciente), a redução neste novo esquema fo i de 91,7%.
Neste caso a orientação que nos ocorre para a melhoria da eficiência de Oxamniquine seria o de aumentar a dosagem e utilizar outra forma farmacêutica (xarope, por exemplo).
A outra paciente F.L.J.S., apesar de ter in g e rid o a lta dose no 19 tratamento (18,5 mg/kg) não apresentou redução nesta nem tão pouco no 29 esquema, permanecendo com índice de redução igual a 0,0%.
Uma explicação para este fato seria a da possível ocorrência de cepas resistentes ao medicamento, ou então por se tratar de infec ção mais recente.
Na tabela 8 se registram os valores de transaminases e fosfatases nesse grupo de pa cientes; nota-se que em apenas um caso houve elevação discreta de transaminase (TGP).
E m s u m a : Hycanthone revelou 100% de
eficácia pois nenhuma das 36 crianças tratadas continuou eliminando ovos viáveis após o trata mento (controle de cura ao 1 9,2 9 e 49 mês). Já a Oxamniquine revelou eficácia em 80% dentre 36 crianças tratadas em que 7 continuaram eliminando ovos viáveis após o tratam ento. Em um segundo esquema de tratam ento o índice de cura elevou-se a 92%. Pára o prim eiro tratamen to os nossos resultados são semelhantes ao de
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AGRADECIM ENTOS
Agradecemos a prestimosa colaboração do Dr. Danísio Dalton da Rocha Corrêa — Ex-Dire to r do Centro de Ciências da Saúde e do Dr. Anibal Santos — D iretor da SUCAM, que nos colocaram transporte à disposição bem como pelas sugestões por eles apresentadas.
Ao Dr. José H irton Dantas Carneiro — Assistente da D.A.P. — DNOCS, nossos sinceros agradecimentos pelo apoio concedido às nossas reivindicações relacionadas a pessoal auxiliar.
sem o qual não teria sido possível a execução do presente estudo.
Ao Dr. Roberto Alves Gurgel — Gerente do Perímetro Irrigado de Curu-Recuperação nossos efusivos agradecimentos pela colaboração irres trita em todas as fases do trabalho.
Nossa gratidão às fam ílias de Pentecoste pela solidariedade e propósito de nos ajudarem a atingir os objetivos na luta contra a esquistosso- mose.
S U M M A R Y
T h e a u t h o r s p r e s e n t t h e ir e x p e rie n c e in th e t r e a t m e n t o f c h ild r e n in f e c t e d w it h
S. mansoni u s in g H y c a n t h o n e ( 2 . 3 t o 2 . 7 m g / k g b o d y w e ig h t) a n d O x a m n iq u in e ca p s u le s ( 1 1 .4 t o 2 0 . 0 m g / k g b o d y w e ig h t ) ; a c o n t r o l g r o u p w a s g iv e n p la c e b o .
H y c a n th o n e c u r e d 1 0 0 % o f th e 3 6 c h ild r e n g iv e n th e d r u g ; O x a m n iq u in e c a p s u le s c u r e d 8 0 % o f th e 3 6 c h ild r e n t r e a te d a n d a c u r e r a te o f 9 2 % w as a c h ie v e d w i t h a s e c o n d o x a m n iq u in e t r e a t m e n t c o u rs e . S id e - e ffe c ts w e re m o s t f r e q u e n t ly o b s e rv e d 'w it h H y c a n t h o n e ; n o s ig n if ic a n t t iv e r te s t f u n c t io n a lt e r a t io n s w e re d e te c te d w it h b o t h d ru g s .
T h e a u th o r s s u g g e s t th e u se o f o x a m n iq u in e s y r u p f o r th e t r e a t m e n t o f c h ild r e n in o r d e r t o o b t a in b e t t e r r e s u lt s w i t h m o r e a d e q u a te d o sa ge s a c c o r d in g t o th e b o d y w e ig h t
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