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A energia renovável na matriz energética brasileira

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Academic year: 2017

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(1)

Paulo Sergio Capriglione

A Energia Renovável na Matriz Energética

Brasileira

São Paulo

(2)
(3)

A ENERGIA RENOVÁVEL NA MATRIZ ENERGÉTICA BRASILEIRA

Dissertação apresentada à Escola de

Economia de São Paulo da Fundação

Getúlio Vargas – FGV-EESP, como

requisito para obtenção do título de Mestre

em Finanças e Economia Empresarial.

Orientador: Prof. Dr. Alexandre Lahóz

Mendonça de Barros

(4)
(5)

A ENERGIA RENOVÁVEL NA MATRIZ ENERGÉTICA BRASILEIRA

Dissertação apresentada à Escola de

Economia da Fundação Getúlio

Vargas (FGV/EESP) como requisito

para obtenção do título de Mestre em

Finanças e Economia Empresarial.

Data de aprovação:

___/___/_____

Banca Examinadora:

Prof. Dr. Alexandre Lahóz Mendonça

de Barros (Orientador)

FGV-EAESP

Prof. Dr. Paulo Furquim de Azevedo

FGV-EAESP

(6)

Capriglione, Paulo Sergio.

A Energia Renovável na Matriz Energética Brasileira / Paulo Sergio

Capriglione. - 2007.

107 f.

Orientador: Alexandre Lahóz Mendonça de Barros.

Dissertação (mestrado) - Escola de Economia de São Paulo.

1. Energia -Brasil. 2. Política energética - Brasil. 3. Produto interno bruto -

Brasil. I. Barros, Alexandre Lahóz Mendonça de. II. Dissertação (mestrado) -

Escola de Economia de São Paulo. III. Título.

(7)
(8)

AGRADECIMENTOS

Para a realização deste trabalho devo muito a algumas pessoas e

instituições, por diferentes razões, e eu gostaria de agradecer

especialmente:

Ao meu orientador, Prof. Dr. Alexandre Lahóz Mendonça de Barros, por

compartilhar comigo o tema desta pesquisa, sendo um interlocutor disposto

a oferecer estímulos e, principalmente, a percorrer novos caminhos, ouvir

com interesse e ânimo todas as questões, dúvidas e problemas que surgiam

durante o processo de reflexão. Por ser um interlocutor paciente e generoso

e pela coragem de ousar trabalhar com novas idéias e conceitos, correndo

os riscos inerentes a esta atitude. Por sua amizade, principalmente.

À Profa. Dra. Márcia Azanha de Moraes e ao Prof. Dr. Paulo Furquim de

Azevedo, que me ofereceram, também durante a apresentação, muitas

sugestões, exemplos e críticas fundamentais à reelaboração e aprumo da

abordagem que eu vinha fazendo de meu tema. Por suas instigantes

argüições na Banca.

Ao Prof. Alexandre Chibebe Nicolella, pelas importantes orientações nos

preocedimentos econométricos e no tratamento dos dados utilizados neste

trabalho.

À minha família, por todo apoio, carinho e amor, especialmente à minha

esposa, Nancy, e aos meus filhos, Mariane e Renato, por suportarem

pacientemente os extensos fins de semana que passei distante da vida

familiar durante dois anos. No entanto, são eles mesmos a razão disto tudo,

e é a eles que ofereço a minha conquista.

Ao Banco Itaú BBA S.A., que financiou durante 24 meses meu curso.

(9)

ÍNDICE

LISTA

DE

TABELAS...vi

LISTA

DE

FIGURAS...vii

SUMÁRIO...viii

ABSTRACT...ix

I.

INTRODUÇÃO ... 10

II.

REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ... 14

II.I.

CONCEITOS DE ENERGIA ... 14

II.II.

RECURSOS NATURAIS E CRESCIMENTO ECONÔMICO... 18

II.II.I.

RECURSOS NATURAIS... 18

II.II.II.

CRESCIMENTO ECONÔMICO... 21

II.III.

INTENSIDADE ENERGÉTICA... 27

II.IV.

ELASTICIDADE ENERGIA/PIB... 31

II.V.

CURVA DE KUZNETS ... 33

III.

MATRIZES ENERGÉTICAS ... 35

III.I.

ANÁLISE DA MATRIZ ENERGÉTICA BRASILEIRA ... 35

III.II.

ENERGIA RENOVÁVEL NA MATRIZ ENERGÉTICA DE

OUTROS PAÍSES ... 39

III.II.I.

MATRIZ ENERGÉTICA DO JAPÃO ... 42

III.II.II.

MATRIZ ENERGÉTICA DO CANADÁ... 43

IV.

ANÁLISE DOS DADOS ... 45

IV.I.

DISTRIBUIÇÃO DAS FONTES ENERGÈTICAS... 47

IV.II.

CÁLCULO DA INTENSIDADE ENERGÉTICA ... 48

IV.II.I.

INTENSIDADE ENERGÉTICA POR FONTE ... 51

IV.III.

ANÁLISE ECONOMÉTRICA ... 58

IV.III.I.

REVISÃO DAS TÉCNICAS ECONOMÉTRICAS... 58

IV.III.I.I.TESTE DE RAÍZ UNITÁRIA... 59

IV.III.I.II.TESTE DE JOHANSEN PARA COINTEGRAÇÃO... 60

IV.III.I.III.VARIÁVEL INSTRUMENTAL ... 60

IV.III.II.MODELO DE REGRESSÃO ... 61

IV.III.II.I.CARACTERÍSTICAS DAS VARIÁVEIS DE INTERESSE ... 62

V.CONCLUSÃO ... 69

BIBLIOGRAFIA ... 71

APÊNDICE A – EQUIVALÊNCIAS DE UNIDADES... 73

APENDICE B – PIB E OFERTA INTERNA DE ENERGIA... 73

(10)

LISTA DE TABELAS

1 Variação da intensidade energética

IE/IE para algumas regiões de 81 a 91...29

2 Geração Hidrelétrica no mundo em 2002...44

3 Teste de raiz unitária para as variáveis de interesse...65

4 Valores da OIE brasileira desde 1940...74

(11)

LISTA DE FIGURAS

1 Evolução dos recursos renováveis com o estoque...21

2 Participação dos principais energéticos na matriz brasileira ao longo do tempo...35

3 Evolução das principais fontes energéticas nos países da OECD...41

4 Participação das fontes energéticas na matriz japonesa...43

5 Evolução da matriz energética canadense...43

6 Participação das fontes renováveis e não renováveis na matriz brasileira desde 1940...47

7

IE/IE para as fontes renováveis e variação da energia renovável desde 1945...48

8

IE/IE para fontes não renováveis e variação da energia não renovável desde 1945...49

9

IE/IE para OIE total e variação da OIE desde 1945...49

10 Intensidade energética do Brasil, em tEP/mil R$ de 2005...50

11 Índice de intensidade energética, considerando o valor da IE em 1945 igual a 100...51

12 Intensidade energética do Petróleo, em tEP/mil R$ de 2005...52

13 Intensidade energética do Carvão Mineral e seus derivados, em tEP/mil R$ de 2005...53

14 Intensidade energética do Urânio e Derivados, em tEP/mil R$ de 2005...54

15 Intensidade energética Hidráulica e Eletricidade, em tEP/mil R$ de 2005...54

16 Intensidade energética da Lenha e Carvão Vegetal, em tEP/mil R$ de 2005...56

17 Intensidade energética da Cana-de-açúcar e Derivados, em tEP/mil R$ de 2005...57

18 Intensidade energética de outras fontes renováveis, em tEP/1000 R$ de 2005 ...58

19 OIE das fontes renováveis (a) e não renováveis desde 1940...62

20 Série de tempo do PIB a partir de 1970...63

21 Série de tempo para OIE das fontes renováveis a partir de 1970...63

22 Série de tempo para OIE das fontes não-renováveis a partir de 1970...64

(12)

SUMÁRIO

No Brasil, a participação das fontes renováveis na matriz energética

sempre foi muito alta. Este arranjo torna o Brasil um caso único, quando

comparado com outros países de porte econômico e renda média

equivalentes às suas e permite prever que esta opção de planejamento

energético, iniciada na década de 50, trará vantagens comparativas que

poderão vir a beneficiá-lo no longo prazo.

Esta constatação motivou a elaboração deste trabalho, cujo objetivo

principal é avaliar a evolução da energia renovável na matriz energética

brasileira desde 1940, comparando-a com a de outros países. Uma das

ferramentas utilizadas para entender a influência da energia renovável na

matriz energética brasileira foi a elaboração de um modelo de regressão

entre a demanda anual de energia e o Produto Interno Bruto neste período.

Os resultados obtidos permitiram mapear estes impactos, bem como

determinar a relação de causalidade entre as variáveis de interesse. Como

subproduto desta análise, calculou-se a elasticidade energia - PIB, que

trouxe algumas conclusões interessantes e importantes para a definição dos

parâmetros com vistas a subsidiar as previsões de investimento de longo

(13)

ABSTRACT

The share of renewable energy in the Brazilian Energy Matrix has

always been at high level. This approach makes Brazil a particular case in

the world for a country with its economic figures, like GDP per capita and

economic structure. This level of renewable energy in the energy matrix,

caused by an option of the government energy policy in the 50’s, would bring

to Brazil comparative advantages and benefits in the long run. This single

position has caused the development of this work, whose main objective is to

evaluate the renewable energy in the Brazilian energy matrix since 1940,

comparing it with those of other countries. Also to understand the influence of

the renewable energy we developed a regression model between annual

energy demand and GDP. The results obtained with the use of this model

allowed us to map the impacts of this policy and have a good comprehension

of the causality between those variables. Also, the calculation of energy-GDP

elasticity brought some important conclusion, like the definition of certain

(14)

I. INTRODUÇÃO

Jean Baptiste Say, ilustre economista afirmou: "As riquezas naturais

são inesgotáveis e não constituem objeto das ciências econômicas". A

própria ciência econômica mostrou o quanto a afirmação de Say estava

errada. Os economistas clássicos definiam os recursos naturais como uma

fonte inesgotável de fatores de produção, o que levou a um crescimento

econômico, baseado no desperdício e em emissões de poluentes físicos,

químicos e biológicos no meio ambiente.

Desde o final do século XVIII, quando o reverendo Thomas Robert

Malthus escreveu o conhecido ensaio sobre crescimento da população e

produção de alimentos, os economistas vêm se preocupando com a

necessidade de que os recursos despendidos para o desenvolvimento

econômico de hoje não comprometa o desenvolvimento econômico das

gerações futuras. Malthus acreditava que em algum momento da História, os

recursos naturais necessários para satisfazer as necessidades do homem

não seriam suficientes. A Revolução Industrial trouxe mudanças tecnológicas

radicais e crescente ocupação da superfície pelo Homem; a partir de então

se verificou que os modos de produção adotados estavam consumindo os

recursos de maneira desenfreada e as previsões para a existência do próprio

Homem tornaram-se sombrias.

A partir da década de 60 iniciaram-se vários debates sobre este tema,

que foram crescendo em importância. Nesta atmosfera nasceu o Clube de

Roma, em 1968, congregando cientistas, economistas e altos funcionários

governamentais. Este grupo foi criado com a finalidade de interpretar o que

foi denominado, sob uma perspectiva ecológica, “sistema global”. O aumento

dos preços do petróleo, o aumento da crise da dívida internacional nos

países emergentes, o desequilíbrios fiscais e a diminuição da produtividade

com o aumento dos salários reais, na década de 70, geraram expectativas

negativas de longo prazo, quanto ao aumento da entropia e ao declínio das

reservas naturais disponíveis (Nordhaus, 1992), deixando sempre a

(15)

1972 foi apresentado um estudo denominado

The Limits to Growth

,

desenvolvido por Donella Meadows e outros e patrocinado pelo Clube de

Roma. Este trabalho é reconhecido atualmente como um marco nos debates

sobre a importância do desenvolvimento de uma economia sustentável. O

conceito de uma economia sustentável é muito importante e representa a

própria essência do estudo da economia, como definiu o economista inglês

Lionel Robbins: "A economia é a ciência que estuda as formas de

comportamento humano resultantes da relação existente entre as ilimitadas

necessidades a satisfazer e os recursos que, embora escassos, se prestam

a usos alternativos".

Os debates sobre o desenvolvimento mundial embasado em uma

economia sustentável começaram a se tornar mais freqüentes, ao mesmo

tempo em que cientistas começavam a chamar a atenção sobre os efeitos

causados, na atmosfera terrestre, pelos gases provenientes, principalmente,

da queima de combustíveis fósseis. O principal efeito é popularmente

conhecido como efeito estufa. Uma das atitudes tomadas para criar

restrições na emissão de gases e diminuir o efeito estufa foi a criação do

Protocolo de Kyoto, cuja assinatura dos países participantes foi conseguida

após várias rodadas de negociações internacionais.

Após a assinatura do protocolo de Kyoto, em agosto de 1992, um

novo ciclo mundial de encontros para discutir o desenvolvimento sustentável

iniciou-se com o

World Summit on Sustainable Development

e continuou

através de uma nova rodada no

Brasília Regional Conference on Renewable

Energy

, em 2003. Este ciclo diferiu dos anteriores pela forma como foram

concluídos, pois através deles foi definida quantitativamente, incluindo datas

limite para implantação, a necessidade de expansão do uso das fontes

renováveis no mundo e o aumento do percentual de energia produzida pelas

fontes renováveis.

Historicamente, a participação das fontes renováveis na matriz

energética da grande maioria dos países é muito pequena, situando-se na

(16)

renováveis sempre foi muito alta e ainda hoje apresenta uma matriz

energética com característica única para um país de seu porte econômico e

renda média. A participação da energia renovável na matriz energética

brasileira, atualmente, é muito maior que em outros países com porte

econômico similar. Entretanto, parece inevitável que no Brasil a médio e

longo prazo haja uma maior dependência dos combustíveis fósseis

(particularmente do gás natural), uma vez que novos aproveitamentos de

energia renovável, em especial a hidrelétrica pelo potencial natural brasileiro,

vão necessitando de maiores investimentos para serem implantados.

O objetivo deste trabalho consiste em avaliar a evolução da energia

renovável na matriz energética brasileira. Para atingir este objetivo foi feita

no item II uma revisão bibliográfica da teoria que envolve os conceitos de

energia, com ênfase na Primeira e na Segunda Lei da Termodinâmica, de

recursos naturais, de crescimento econômico e de intensidade energética.

Em particular, para o crescimento econômico foi pesquisada a influência da

entropia no crescimento dos países e procurou-se justificar, com o auxílio da

equação geral do crescimento que esta fonte de recursos não representa

limitação, pois a fonte primária da entropia consumida pelos países é o sol e

enquanto ele emitir seus raios em direção à Terra, haverá disponibilidade de

consumo do recurso entropia. No item III, foi feita uma revisão histórica dos

principais aspectos da matriz energética brasileira e mundial, com o objetivo

de descrever e entender a participação das principais fontes renováveis na

matriz energética. Para auxiliar o entendimento da elevada participação das

fontes renováveis na matriz energética brasileira buscou-se comparações

com as matrizes de outros países. Após uma seleção foram escolhidos o

Canadá e o Japão, por serem países com alto consumo energético, mas

disponibilidades de recursos naturais e políticas energéticas diferentes.

Finalmente, no item IV foi feita uma análise econométrica dos dados

referentes à oferta interna de energia no Brasil desde 1945 e ao Produto

Interno Bruto para determinar a elasticidade Energia PIB. Utilizando o

método dos Mínimos Quadrados Ordinários foram feitas algumas regressões

entre estas duas variáveis, oferta interna de energia e produto interno bruto.

(17)

regressões, ora tendo a energia como variável dependente e o PIB como

variável independente, ora a energia como variável independente e o PIB

como variável dependente. Nos modelos de regressão foram feitos testes de

raiz unitária e testes de cointegração de Johansen. Para evitar o viés de

omissão, em função da característica da relação entre energia e PIB foi

utilizado o método da variável instrumental que é um método de estimação

que permite reconhecer a presença da variável não-observada. Além da

determinação do modelo económétrico que permitisse regredir a Oferta

interna de energia com o PIB foi feita uma análise para determinar qual a

relação de causalidade entre elas, utilizando o método da Causalidade de

Granger. Os resultados encontrados foram bastante satisfatórios e estão em

(18)

II. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

II.I. CONCEITOS DE ENERGIA

Energia se refere ao potencial inerente de um sistema para realizar

uma ação ou executar um trabalho. Apesar de todos nós termos um

sentimento do que é energia, é muito difícil elaborar uma definição precisa

para ela. Na verdade a Física aceita a energia como conceito primitivo, sem

definição, ou seja, apenas caracterizando-a. A conversibilidade é uma

característica fundamental da energia, para que possa ser adequadamente

utilizada. Sob certas circunstâncias, determinada forma de energia pode se

transformar em outra, possibilitando seu uso mais adequado e eficiente às

necessidades e disponibilidades do momento, logicamente em função da

tecnologia disponível. Uma medida usual de energia para estudos

econômicos é a tonelada equivalente de petróleo (tEP)

1

.

Considerando as fontes de energia atualmente consumidas pela

sociedade estas podem ser classificadas em dois tipos: fontes primárias,

originadas de processos fundamentais da natureza, como a energia

proveniente da irradiação solar, a energia nuclear, proveniente dos núcleos

dos átomos ou a energia gravitacional; e as fontes secundárias, derivadas

das primeiras, representando apenas transformações e/ou diferentes formas

daquelas, tais como a energia da biomassa, cuja origem é a energia solar,

das marés, cuja origem primeira é gravitacional devida ao movimento entre

terra e lua e a energia geotérmica, cuja origem vem das altas temperaturas

existentes no interior da Terra. Sob a ótica física a energia se manifesta sob

diversas formas, dentre as quais podemos destacar:

radiação;

química;

nuclear

térmica

mecânica

elétrica

(19)

magnética

elástica

Outra forma de classificar as fontes energéticas é com relação à

categoria dos recursos naturais que as originam. Desta forma, as fontes

podem ser classificadas em renováveis (eólica, solar, geotérmica, hidráulica

e biomassa) e as não-renováveis (petróleo, carvão mineral e atômica).

Em termos mundiais, segundo a

Energy Information Association

(EIA),

órgão do governo dos Estados Unidos, a geração primária de energia foi de

421 bilhões de MBTU, ou 10,61x10

9

tEP. A geração primária, também em

2003, nos países da

Organisation for Economic Co-operation and

Development

(OECD) foi de 5,90x10

9

tEP. Para situar o Brasil neste

contexto, a demanda brasileira, neste mesmo ano, foi de 0,20 x10

9

tEP, ou

1,89% da demanda mundial.

Os sistemas

2

trocam energia uns com os outros transformando a

energia de uma fonte em outro tipo de energia que pode ser utilizado pelo

homem. Por exemplo, a energia irradiada pelo sol que é transformada em

energia química. Esta energia, depois de transformada é utilizada pela

sociedade sob diversas formas; porém, na sua totalidade, os processos de

conversão e transferência de energia são governados por duas leis

fundamentais: a Primeira e a Segunda Lei da Termodinâmica. A Primeira Lei

da Termodinâmica é em essência a lei de conservação de massa e energia,

que estabelece uma mudança necessariamente qualitativa entre massa e

energia, não podendo haver nem criação e nem destruição da mesma

(Georgescu-Roegen,1999). Pela Primeira Lei da Termodinâmica, o balanço

energético de um sistema genérico pode ser resumido através da igualdade,

na qual a energia útil obtida de um sistema é igual à energia consumida pelo

sistema, deduzidas as perdas ocorridas neste sistema. Outra definição

importante é a da eficiência mecânica no uso da energia de um determinado

sistema, que é dada pela razão entre a energia útil obtida do sistema e a

2

Definição utilizada por Georgescu-Roegen (1999): um sistema é um conjunto de elementos

(20)

energia consumida pelo mesmo.

Para discorrer sobre a Segunda Lei da Termodinâmica (SLT) vamos

utilizar as definições de Georgescu-Roegen (1999) e o exemplo da

combustão em um pedaço de carvão. Antes do início da queima, toda

energia química está livre no sentido de estar disponível para ser utilizada e

realizar algum tipo de trabalho. A energia livre liberada na reação é a

máxima quantidade de energia que pode realizar trabalho útil. Durante o

processo de queima, contudo, a energia vai perdendo sua qualidade de

aproveitamento, de forma que ao final da combustão ela se dissipa

completamente no meio ambiente, tornando-se energia dispersa, isto é,

energia numa forma tal que não pode ser mais utilizada para o mesmo

propósito.

Ainda segundo Georgescu-Roegen (1999), para analisar a SLT é

necessário definir um conceito mais amplo da variável entropia, que pode ser

vista como um índice da quantidade relativa de energia dissipada em uma

determinada estrutura isolada, ou mais precisamente, quão uniforme a

energia está distribuída nesta estrutura. Em outras palavras, alta entropia

significa uma estrutura na qual grande parte ou toda a energia encontra-se

dispersa e baixa entropia significa uma estrutura na qual grande parte ou

toda energia está livre.

O fato comum que envolve a interpretação da SLT diz que o calor

sempre flui do corpo mais quente para o corpo mais frio e jamais em sentido

contrario, cujo enunciado generalizado é que a entropia do universo (ou de

uma estrutura isolada) aumenta constantemente e irreversivelmente.

Atualmente, este conceito é interpretado como a transformação de ordem

em desordem. A idéia vem da observação que a energia livre é uma

estrutura ordenada, enquanto que energia dispersa é caótica e distribuída

desordenadamente. Georgescu-Roegen (1999) trata da irreversibilidade dos

processos entrópicos com bastante detalhe no seu livro. O interesse dos

economistas na irreversibilidade dos processos entrópicos é que se estes

(21)

recursos na vida humana, uma vez que os recursos naturais poderiam ser

utilizados tantas vezes quantas necessárias, até o infinito, e a humanidade

simplesmente se preocuparia em utilizar com maior ou menor velocidade os

estoques existentes. Outra questão de interesse, porém de natureza mais

geral, diz respeito a uma fraqueza humana, ou mais especificamente à

dificuldade do ser humano em admitir suas limitações para entender o

tempo, o espaço, a matéria e a energia. Por conta desta fraqueza é que,

mesmo que ninguém consiga sustentar ser possível aquecer uma caldeira

apenas com cinzas de carvão, o que seria contrário à SLT, de tempos em

tempos alguém busca provar que é possível com auxílio de algum

equipamento engenhoso retornar alta entropia para a condição de baixa

entropia. Ou seja, o homem está sempre disposto a acreditar que deve

existir alguma forma de energia que permita auto-gerar potência

perpetuamente. Em um processo econômico, insumos com baixa entropia

são transformados em produtos com alta entropia. Este é o limite imposto

pela física. A ciência econômica deve incorporar essa limitação.

Georgescu-Roegen (1999) ainda analisa o conceito de negentropia,

introduzido por Schrödinger (1943) para explicar que um sistema vivo

exporta entropia para manter sua própria entropia em nível baixo, ou seja, é

a perda de entropia de um sistema causada pelo maior fluxo de saída de

entropia que de entrada. Um exemplo na termodinâmica é dado pela troca

de calor entre um sistema com temperatura (frio) menor que outro (quente)

através de um sistema intermediário, que interliga os dois sistemas. Neste

caso, o sistema de interligação estará em equilíbrio, pois emite tanta energia

quanto recebe. Porém, como em termodinâmica, uma das definições de

entropia diz que esta é dada pela quantidade de calor, dividida pela

temperatura do meio, o fluxo de entropia que entra no sistema intermediário

vinda do sistema quente será menor que o fluxo de entropia que sai do

sistema intermediário e vai para o sistema frio. Ou seja, no sistema

intermediário há uma perda líquida de entropia, embora a quantidade total de

(22)

II.II. RECURSOS NATURAIS E CRESCIMENTO

ECONÔMICO

Ao considerarmos a interface da economia com o meio ambiente, o

processo econômico tem seu inicio através das atividades de extração de

recursos naturais. Portanto, a revisão deste trabalho será iniciada pelas

definições que envolvem os recursos naturais e, em seguida, as que

envolvem crescimento econômico.

II.II.I. RECURSOS NATURAIS

A questão econômica fundamental que envolve o consumo de

recursos naturais diz respeito ao consumo das fontes de baixo custo de

aproveitamento, ou seja, é a taxa com a qual as fontes de baixo custo serão

exauridas ao longo do tempo.

Os recursos naturais são normalmente categorizados como

renováveis ou não-renováveis (exauríveis). Os recursos renováveis se

auto-regeneram, ou seja, são repostos pela natureza (energia solar, eólica,

hidroelétrica, biomassa e outras). Recursos não-renováveis são aqueles que,

depois de esgotados não podem mais ser produzidos (combustíveis fósseis,

urânio enriquecido, carvão mineral, gás natural e outros). Os recursos

não-renováveis têm sua quantidade total disponível na natureza limitada, logo

qualquer utilização num certo período de tempo significará que haverá

menos deste recurso disponível para próximos períodos. Contudo, a

distinção entre exauríveis e renováveis pode se confundir, uma vez que

recursos renováveis podem ser exauridos, se não forem gerenciados de

maneira sustentável. Por vezes, um recurso pode ter algumas características

de recursos renováveis e outras de exauríveis, como por exemplo, o solo.

Como recursos naturais utilizados na produção podem-se destacar o

(23)

qualquer forma de energia natural que se encontra no espaço sideral. Neste

estudo será analisado o uso da energia renovável na produção.

A base da teoria econômica para os recursos não renováveis foi

formulada por Gray (1914) e Hotelling (1931). Estas análises foram

desenvolvidas, em um determinado contexto histórico, no qual os recursos

mundiais exauríveis (florestas, minerais e outros, renováveis e não

renováveis) estariam sendo extraídos rapidamente e vendidos a preços

relativamente baixos.

Uma fonte renovável, segundo Weil (2005), é aquela que pode ser

reabastecida por processos naturais e pode ser utilizada repetidamente.

Algumas fontes renováveis não são afetadas pela quantidade utilizada num

determinado período de tempo. O exemplo mais simples é a luz solar. A

quantidade de luz solar disponível a cada ano é aproximadamente a mesma

e a quantidade usada em qualquer ano não afeta a quantidade disponível

nos anos futuros. Para outras fontes renováveis a situação é mais complexa;

por exemplo, com relação às plantas e animais, embora esses recursos

possam regenerar-se, a quantidade de recursos disponíveis depende do

consumo passado e a velocidade com a qual se realiza a regeneração

depende do uso. Se for utilizado mais do que o possível a fonte pode ser

extinta.

Gordon (1954) foi o primeiro a formular de forma compreensiva as

regras para a utilização dos recursos renováveis ao longo do tempo. Em

seus estudos, utilizou a atividade da pesca e considerou seus recursos sob

duas condições distintas: uma que considerou o acesso livre aos recursos e

outra com os recursos sob propriedade exclusiva. Em suas conclusões

mostrou que sob a condição de acesso livre, os recursos poderiam se

exaurir até chegar próximo à extinção. Gordon (1954) mostrou, também, que

para os recursos renováveis, a decisão, de qual quantidade ótima deve ser

considerada é independente de quando utilizá-la, pois se os recursos não

forem consumidos, seu estoque aumenta naturalmente. Com o passar do

(24)

aumentará a taxa potencial de sua utilização.

Para ilustrar o processo que ocorre com as fontes renováveis,

pode-se construir uma relação matemática simples. Define-pode-se

St

como o estoque

de recursos no início do período

t

,

Ht

é a quantidade de determinado recurso

consumido no período

t

e

Gt

é a quantidade que cresce no período

t

. A

variação no estoque de um período para o outro será a diferença entre a

quantidade que aumenta e a quantidade consumida. Isto é:

t t 1 t t t

S

S

+

S

G

H

=

=

O aumento dos recursos é uma função de duas variáveis: do estoque

existente do recurso S e da capacidade de regeneração do meio ambiente. A

capacidade máxima é definida como a maior quantidade do recurso que

pode existir na natureza caso nunca tenha sido consumido. Se o estoque do

recurso é igual à capacidade máxima existente no meio ambiente, então não

haverá crescimento do estoque. Se o nível de estoque de recursos tem

valores próximos à capacidade máxima do meio ambiente, menores

quantidades de estoque significarão maiores taxas de crescimento. Por outro

lado, se o estoque é baixo, então um segundo fator deve ser considerado, o

tempo para regeneração, ou seja, o estoque só voltará a crescer se o tempo

com baixo consumo for longo o suficiente para permitir que o estoque volte à

máxima taxa de consumo sustentável. Esta situação ocorre no uso dos

aqüíferos subterrâneos.

A figura 1 mostra uma curva em forma de arco que representa o

crescimento de um recurso renovável como função de seu estoque. A forma

exata da curva depende do tipo de recurso considerado.

O pico da curva

S*

representa a máxima taxa de consumo

sustentável, que é a maior quantidade de recursos que pode ser utilizado

num período sem diminuir a quantidade de recursos disponíveis para uso

(25)

G

(T a x a de c re sc im e nt o do re c urso e m t )

M á x im a t a x a de c onsum o sust e nt á ve l

S

(e st oque do re c urso)

S*

Ca pa c ida de

(e st oque ót im o)

m á x im a

Figura 1: Evolução dos recursos renováveis com o estoque

Em resumo, para um recurso que ainda não foi utilizado, o estoque

será igual à capacidade máxima. Se o recurso for consumido com a taxa

máxima sustentável, o estoque diminuirá temporariamente antes de

estabilizar no ponto de estoque ótimo

S*

. Contudo, se a utilização do recurso

for maior que a taxa máxima sustentável por um grande período o estoque

cairá abaixo de

S*

e poderá atingir zero. Uma vez que o estoque cai abaixo

de

S*

, o estoque não poderá ser recuperado, simplesmente, reduzindo a

utilização à taxa máxima sustentável, é necessária uma utilização menor que

esta até que atinja novamente o ponto ótimo.

II.II.II. CRESCIMENTO ECONÔMICO

O crescimento econômico no longo prazo é função da acumulação

dos fatores e do aumento da produtividade dos mesmos. O produto real,

Y

é

resultado da combinação dos seguintes fatores de produção: trabalho,

L

,

que é constituído de uma parcela da população, conhecida como

economicamente mobilizável; capital,

K,

que compreende o conjunto de

riquezas acumuladas pela sociedade, das quais a população

economicamente ativa se utiliza para o exercício das atividades de

(26)

recursos naturais,

R

e progresso tecnológico,

A.

A busca do equilíbrio entre os fatores de produção acima é uma

condição essencial para a manutenção do desenvolvimento econômico da

forma como conhecemos hoje. Caso contrário, os caminhos traçados podem

levar a uma rota de colisão com a natureza. A disponibilidade das reservas

naturais, renováveis ou não, não depende apenas dos níveis e das

dimensões de suas ocorrências, mas também de sua interação com os

demais fatores de produção, notadamente do nível de capacitação

tecnológica. Por outro lado, o nível de conhecimento e a racionalização do

uso, é que permitem utilizar as reservas naturais corretamente e viabilizar

seu efetivo aproveitamento na produção. O crescimento econômico utiliza-se

dos recursos naturais, no processo de geração de riquezas. Os recursos

naturais, por representarem um fator de produção limitado, assim como os

demais fatores, devem ser utilizados com maior produtividade, sem

sobrecarregar sua capacidade de utilização como fonte de geração de novos

recursos. O processo de desenvolvimento econômico deve se sustentar

numa utilização racional dos recursos, ou seja, que se tornem mais

duradouros e saudáveis nas relações entre a natureza fonte destes recursos

e as necessidades do homem.

Para estudar os efeitos dos recursos naturais no produto de um país

faremos uma análise simplificada, conforme proposto por Nordhaus (1992).

Utilizaremos o modelo geral para uma economia fechada, que é uma

extensão do modelo neoclássico tradicional de crescimento. Para determinar

Y

corrigido para todas as externalidades envolvidas no processo econômico

utilizaremos a função

G

, que corrige o produto interno bruto,

X

e as

externalidades,

P

. O produto real corrigido será

Y=G(X,P)

Seja

F

uma função de produção clássica, suave (infinitamente

diferenciável) e com retornos constantes de escala, na qual todos os fatores

possuem produtos marginais positivos (primeiras derivadas parciais do

(27)

decrescentes (segundas derivadas parciais do produto com relação aos

fatores de produção negativas) podemos reescrever a função G, como.

Y=G(X,P)=F(L,R,T,K,A)

Neste modelo, os fatores de produção são fluxos tais que,

L

representa o fluxo de trabalho, que é proporcional à população

economicamente ativa,

R

é o fluxo de recursos naturais, incluindo os

renováveis e os não-renováveis,

T

é o fluxo de terras do país,

K

é o serviço

do capital, proporcional ao estoque de capital e

A

representa o nível de

tecnologia. Sem perda da generalidade,

Y

pode ser convenientemente

reescrito na forma de uma função de produção do tipo Cobb-Douglas

generalizada, ou seja, uma função potencia, onde os expoentes são as

elasticidades do produto com relação aos fatores de produção. Teremos

então o produto Y

a b c d

Y=A*L *R *T *K

(I)

Onde, num determinado período

t

de tempo, os expoentes que

representam a participação de cada respectivo fator de produção no produto

são funções das proporções dos fatores de produção:

Y

L

a

a(L,R,T,K,t)

*

L

Y

=

=

Y R

b

b(L,R,T,K,t)

*

R Y

=

=

=

=

Y

T

c

c(L,R,T,K,t)

*

T

Y

=

=

Y K

d

d(L,R,T,K,t)

*

K

Y

Este modelo geral, que inclui os recursos naturais, pode ser simulado,

para uma economia fechada, com auxílio de técnicas de solução de

equações diferenciais, por exemplo, para calcular o efeito da diminuição de

um determinado fator no crescimento de longo prazo de um país. Uma

(28)

algumas simplificações na equação geral, que facilitam o tratamento

matemático e permitem de forma analítica avaliar a importância do fator de

produção no processo histórico de crescimento. Nordhaus utiliza este

modelo para realizar simulações, estima a limitação dos diversos recursos

naturais, como minerais, energia, efeito estufa e outros, no crescimento

econômico e apresenta os resultados individuais.

Um resultado interessante mostrado por Nordhaus (1992) é a

limitação que o recurso entropia poderia introduzir no crescimento mundial.

Em seu trabalho, Nordhaus afirma que “Uma das maiores preocupações

daqueles que estudam a ecologia e a sustentabilidade diz respeito às

implicações da termodinâmica na atividade econômica”. Nordhaus utiliza-se

dos conceitos de entropia e negentropia de Georgescu-Roegen (1999), para

quem a entropia é o termo técnico da termodinâmica que designa a medida

da energia não-disponível de um sistema fechado, enquanto que a

negentropia é a medida da energia disponível de um sistema fechado. Para

Georgescu-Roegen:

[O]ur whole economic life feeds on low entropy

, to wit, cloth, lumber,

china, copper, etc., all of which are highly ordered [i.e., negentropic]

structures…. Even with a constant population and a constant flow per capita

of mined sources, mankind’s dowry will ultimately be exhausted if the career

of the human species is not brought to an end earlier by other factors.”

3

Para Nordhaus (1992), utilizando a abordagem de Georgescu-Roegen

um sistema pode ser representado através do modelo geral de crescimento

para cálculo do produto, com alguns ajustes:

t t t t t, t t

Y

=

min[F(L ,R ,T ,K A ), O ]

η

onde,

Ot

é o consumo humano de negentropia e é razão fixa

consumo-produção de negentropia. Esta equação mostra que o aumento da

entropia (ou a diminuição da negentropia) no processo produtivo é um

(29)

atributo essencial da atividade econômica. A equação do balanço da

negentropia para um determinado sistema na superfície da terra é definida

como:

t t 1 t t t

N

=

N

+ − θ

I

O

(II)

Seja

Nt

o estoque inicial de negentropia,

It

o fluxo líquido de entrada

de negentropia proveniente da energia solar e

t

o fator de perda

4

. Pela SLT,

em um sistema fechado a negentropia, medida por

Nt

,

deve diminuir ao

longo do tempo.

Para estimar as limitações ao crescimento impostas pela entropia,

Nordhaus considerou uma economia sem externalidades, e utilizou a

equação (II) acima, sem fazer ajustes, pois esta já inclui as restrições

tecnológicas para as diversas atividades da economia (conversão e

extração). A equação (II) não adiciona nenhuma restrição na atividade

econômica e, portanto mostra que virtualmente todo estoque de negentropia

está contido nas fontes apropriadas de recursos e a restrição ao crescimento

causada pela entropia já está contida nas próprias fontes de energia.

Qualquer correção adicional será dupla contagem. O próprio

Georgescu-Roegen (1999) argüiu que o fluxo de negentropia é enorme relativamente

aos recursos renováveis e não renováveis atualmente utilizados pelo homem

(em exaustão e em estoque). Como o fluxo de energia solar é tão maior que

as outras grandezas envolvidas, Nordhaus (1992) conclui que enquanto a

energia solar chegar à superfície terrestre a limitação ao crescimento

econômico pelo aumento de entropia será zero.

Uma vez que a entropia não representa limitação ao crescimento

econômico, uma análise importante a ser feita é entender a substituição dos

fatores de produção no longo prazo, através da recordação de alguns

conceitos. Como já foi dito, em economias competitivas há uma tendência

4

A quantidade perdida de negentropia na economia atual é muito grande, por exemplo, para voar de

avião por aproximadamente 400 km, um passageiro necessita de um trabalho equivalente a 2.800 J,

enquanto o avião gasta o equivalente a 240 milhões J em combustível, por passageiro.

(30)

dos mercados que envolvem os fatores de produção de equilibrarem-se no

longo prazo. Esta noção de equilíbrio de mercado, nos mercados de fator,

tem duas abordagens. A primeira é puramente descritiva e diz respeito ao

equilíbrio de mercado, onde oferta e demanda se igualam. A segunda, de

natureza teórica, é relacionada ao mecanismo causal que se supõe ser o

gerador do equilíbrio, pois na abordagem neoclássica, equilíbrio de mercado

significa também, que oferta e demanda por fatores se equilibram no longo

prazo e a demanda por fatores de produção vai se adaptar à dotação de

recursos produtivos.

O sentido da relação de causalidade entre eles é dado partindo dos

recursos produtivos e chegando à demanda por eles, sendo o primeiro, a

variável independente e o segundo a variável de ajuste ou dependente.

Sob a ótica da teoria neoclássica, o mecanismo básico que é visto em

economias competitivas é o assim chamado princípio da substituição (tanto

na produção, quanto no consumo). A idéia básica é a de que, sob condições

competitivas, qualquer aumento exógeno na dotação disponível de qualquer

fator de produção vai levar no longo prazo a um aumento na demanda por

este fator. Uma explicação para esta idéia, diz respeito a maior

disponibilidade daquele fator em relação à demanda inicial por ele, levando a

uma redução no seu preço em relação aos preços dos demais fatores de

produção. A queda resultante no preço relativo daquele fator terá então o

duplo efeito de



tornar mais baratos: os métodos de produção que usam

aquele fator mais intensivamente (levando à substituição na produção) e o

preço final de bens e serviços, em cuja produção aquele fator é usado em

alta proporção (levando à substituição no consumo).

O efeito deste mecanismo de substituição por uma ou ambas as rotas

acima mencionadas é aumentar a demanda pelo fator de produção cuja

dotação tenha aumentado, uma vez que mudanças apropriadas vão tornar

lucrativo usar este fator mais intensivamente na produção, tanto pela via da

substituição direta (na produção), quanto pela via da substituição indireta de

(31)

aumento na demanda por bens mais intensivos no fator que ficou mais

barato, gerando um aumento na demanda derivada por este fator. Contudo,

para que o mecanismo acima descrito opere no sentido postulado pelos

neoclássicos, as funções de demanda por fatores têm que ser

negativamente inclinadas.

II.III. INTENSIDADE

ENERGÉTICA

Quando se pretende comparar os padrões de vida em diferentes

países, utiliza-se o Produto Interno Bruto per capita (PIB/capita), que resulta

da divisão em um determinado ano do valor do PIB pela população do país.

A renda per capita é um indicador do crescimento e do desenvolvimento de

um país. Em 2003 o Brasil ocupava a posição número 67 no ranking de

países. Em termos de consumo energético total, o Brasil é o maior

consumidor de energia da América Latina..

Quando se estuda o recurso energia, a intensidade energética,

IE

é

um dos indicadores mais utilizados para comparações econômicas. A

IE

é

calculada através da relação entre energia,

E

e

PIB

, ou seja, a

IE

mede a

relação entre consumo de energia de um país e o crescimento do seu

PIB

.

Este índice dimensiona a eficiência do uso da energia na criação de riqueza.

Há uma vasta literatura sobre o assunto, especialmente em se tratando de

análises econométricas relativas a impactos macroeconômicos decorrentes

de choques nos preços da energia. Da definição de intensidade energética

tem-se

=

E

IE

PIB

A IE é usualmente expressa em tEP por mil dólares americanos de

PIB

para um dado ano de referência. Da definição da intensidade energética

podemos obter as mudanças percentuais como segue:

(32)

IE

E

PIB

IE

E

PIB

=

(III)

A tabulação dos valores da

IE

através de séries temporais de longo

prazo, segundo Goldemberg (2003), mostra que ela não é constante. Em

particular esta é uma das constatações deste trabalho para a matriz

energética brasileira, pois reflete os efeitos combinados de mudanças na

estrutura do

PIB

, assim como mudanças na combinação das fontes de

energia e na eficiência de seus usos. Neste caso é útil relacionar a energia e

o PIB pela equação:

E

k PIB

γ

=

Onde

γ

é a elasticidade de renda do consumo de energia e k é uma

constante.

logE

= γ

logk

+ γ

logPIB

E

PIB

E

PIB

= γ

E

E

PIB

PIB

γ =

Para a maior parte das nações verifica-se que a intensidade

energética tende a declinar ao longo do tempo. Há uma série de

interpretações possíveis para a causa desse declínio: os modelos

paramétricos se concentram nas modificações da eficiência energética

intra-setorial (Tolmasquim, 2000); nos modelos de insumo-produto, verificam-se

as modificações estruturais, bem como aquelas ocorridas na estrutura da

demanda final; e os modelos econométricos testam a relação entre o uso de

energia e a produção (Stern, 1993).

A tabela 1 abaixo relaciona alguns valores das mudanças percentuais

(33)

E/E

PIB/PIB

IE/IE

Elasticidade

Sul da Ásia

6,5

5,2

1,3

1,25

Leste da Ásia

7,7

6,6

1,1

1,17

América Latina

2,9

1,8

1,1

1,61

África

4,1

2,7

1,4

1,52

OECD

1,4

3,7

-2,3

0,38

Fonte: Energy in Developing Countries- Asectorial Analysis, OECD/IEA, Paris (1994)

Tabela 1: Variação da intensidade energética

IE/IE para algumas regiões de 1981 a 1991

Deve-se notar que o conjunto de países formados pela OECD foi a

única região em que a variação de

IE/IE

foi negativa no período

considerado. Nota-se ainda que o indicador intensidade energética abrange

o desempenho econômico do setor industrial e o impacto da substituição

energética e tecnológica sobre o consumo de energia deste setor. Em países

como o Brasil, com parque industrial constituído por indústrias maduras,

quando este não se altera em sua estrutura, a análise prospectiva da

intensidade energética é bastante influenciada pelo baixo valor unitário

médio da produção. Para ter uma maior eficiência energética em termos

econômicos, deve-se ter não apenas ganhos tecnológicos no consumo de

energia, mas também alterações de caráter monetário e econômico, pois

existe um limite tecnológico para redução da intensidade energética. Além

deste limite, é fundamental considerar a inserção do país na divisão

internacional do trabalho, uma vez que, para o atual desenvolvimento

tecnológico, a infra-estrutura energética mundial disponível torna-se

insustentável no longo prazo, se expandidos ao nível de todas as nações,

pois continua sendo baseada em processos produtivos intensivos em

energia.

O impacto do crescimento econômico é atenuado pela diminuição da

intensidade energética ocasionada pelos efeitos combinados das mudanças

econômicas estruturais, do progresso tecnológico e dos aumentos nos

preços da energia

Os dados obtidos para realização da análise econométrica deste

trabalho são provenientes do Balanço Energético Nacional (BEN). Os dados

(34)

disponibilizada para ser transformada, distribuída e consumida nos diversos

processos produtivos. A menos de ajustes estatísticos, a soma do consumo

final em todos os setores econômicos, com as perdas na distribuição e

armazenagem e com as perdas nos processos de transformação deve ser

igual à OIE.

A contabilização das diferentes formas de energia se dá com a

utilização de fatores de conversão, que levam em consideração a

capacidade de liberação de calor, de cada combustível, quando da sua

combustão completa (conceito de poder calorífico).

5

Na matriz energética brasileira o uso eficiente da energia nunca foi

fator prioritário. Aumentar a eficiência com que a energia é utilizada ou

promover a eficiência energética, ou a conservação da energia deve ser

sempre um objetivo a ser alcançado. Existem várias possibilidades para

aumentar a eficiência na utilização das fontes primárias de energia,

conforme Goldemberg (2003):

Potencial teórico

representa o que se pode atingir com base

em considerações termodinâmicas nas quais os serviços

decorrentes do uso de energia não são reduzidos, mas a

demanda por energia e as perdas são minimizadas por meio do

processo de substituição, reutilização de materiais, calor e

perdas;

Potencial técnico

representa economias de energia que

resultam do uso das tecnologias mais eficientes do ponto de

vista energético, as quais são comercialmente disponíveis, sem

levar em conta considerações econômicas;

5

Quantidade de calor, em kcal, que desprende 1 kg ou 1Nm³ de combustível, quando da sua

combustão completa. Os combustíveis que originam H

2

O nos produtos da combustão têm um poder

calorífico superior (PCS) e um poder calorífico inferior (PCI). Tanto o PCS quanto o PCI são calculados

em base seca, ou seja, com 0% de umidade. Para evaporar a H

2

O formada é consumida parte do

(35)

Potencial de mercado

é o que se espera obter dadas as

condições de contorno, tais como o preço da energia, as

preferências dos consumidores e as políticas públicas;

Potencial econômico

representa a economia de energia que

seria obtida se todas as adaptações e substituições fossem

feitas utilizando as tecnologias mais eficientes e que fazem

sentido econômico com os preços de energia a mercado. O

potencial econômico implica um mercado que funcione bem

com competição entre novos investimentos no suprimento e

demanda de energia e total disponibilidade de informações

necessárias para a tomada de decisão;

Potencial Social

representa a economia de energia se as

externalidades, tais como os custos dos danos causados ou

evitados na saúde, poluição do ar e outros impactos ecológicos

fossem levados em conta.

II.IV. ELASTICIDADE

ENERGIA/PIB

Economistas de todo o mundo dedicam parte de seu tempo

analisando o impacto que os preços do petróleo e de outros energéticos

possam causar na atividade econômica. Para correlacionar o uso da energia

e a atividade econômica, diversos estudos foram realizados, mas as

explicações para esta correlação divergem entre os economistas. Diversos

argumentos mostram que esta correlação pode não ser tão direta, quanto

possa induzir nossa intuição sobre o assunto (Cleveland,1999). Durante as

décadas de 70 e 80, quando ocorreram os choques do petróleo, o aumento

da escassez de energia não gerou uma redução tão flagrante da atividade

econômica. Indo além, estas situações estimularam substituições e

mudanças tecnológicas que, de certa forma, dissociaram o uso da energia

do crescimento do PIB. A negação de uma relação determinista entre

(36)

desenvolvimento, tem sido advogada por vários autores (BERRAH, 1983,

TOLMASQUIM, 1993),

Como conseqüência, aceitando-se que esta relação pode não ser

direta, o país pode adotar um modelo de desenvolvimento menos intensivo

em energia. Esta diretriz é mais importante para os países em

desenvolvimento, aonde qualquer hipótese de desenvolvimento, conduz

necessariamente a um aumento do consumo de energia, em função da forte

dinâmica demográfica e do baixo nível de renda geral da população.

Alguns autores entre eles MARTIN (1988) demonstraram que a

associação entre intensidade energética e PIB é conseqüência do tipo de

industrialização adotada para promover o crescimento e o desenvolvimento

de um país. Desta forma, uma industrialização baseada em indústrias

pesadas, intensivas em energia (energo-intensivas) levará fatalmente a um

aumento da intensidade energética. Atualmente, os países em

desenvolvimento enfrentam uma situação de maior dificuldade para crescer,

que os países hoje desenvolvidos enfrentaram no passado. Os mesmos

recursos utilizados para o crescimento dos países desenvolvidos, quando

empregados hoje pelos países em desenvolvimento, não serão suficientes

e/ou, custarão bem mais caro, pois há uma relativa configuração de

escassez de recursos em relação ao passado.

Uma análise histórica das relações entre energia e crescimento

econômico mostra, para os países desenvolvidos, uma evolução das

elasticidades, crescentes no início, as elasticidades atingem um ponto de

saturação, para depois decrescerem, ou seja, baixas elasticidades no início,

atingem valores compreendidos entre 1,5 e 2 durante os primeiros anos de

industrialização, para em seguida cair para um valor próximo da unidade,

decrescendo progressivamente.

A questão emergente seria a de identificar o quão forte é a relação

entre energia e produção econômica. Indo além, determinar qual o potencial

para que modificações estruturais, tecnológicas e institucionais os dissocie.

(37)

material na produção de bens e serviços, além da usual intensidade

energética.

Esse indicador paralelo de intensidade da economia material, e que

não será objeto de estudo deste trabalho, é calculado a partir da quantidade

de material necessário à produção de uma unidade monetária do PIB. Na

verdade, busca-se através da desmaterialização, saber qual a redução

absoluta ou relativa na quantidade de materiais empregados e a quantidade

de resíduos gerados na produção de uma unidade de produção econômica

que é possível de se atingir. Pode se atribuir este processo evolucionário à

maturação das economias ou ao crescimento da renda das populações

(Ayres, 1989). Tem-se observado, nos países desenvolvidos, que na medida

em que a renda cresce, as preferências dos consumidores tendem a

transferir-se para o consumo de serviços. Na produção de serviços a

quantidade de material empregado é naturalmente inferior, quando

comparado à maior parte dos bens produzidos. De fato, à medida que uma

economia cresce as necessidades por bens de infra-estrutura do tipo pontes,

estradas de ferro, construção de indústrias pesadas, decrescem reduzindo o

consumo de aço, cimento e outros materiais de indústrias de base. Ademais,

há a melhoria de eficiência do uso de materiais e a substituição por materiais

mais baratos,

II.V.

CURVA DE KUZNETS

Seguindo a linha do raciocínio abordado na seção anterior, chega-se

à curva conhecida como Curva de Kuznets Ambiental (CKA), um indicador

de sustentabilidade ambiental amplamente utilizado, que teve origem na

teoria do economista Simon Kuznets, em 1955. Kuznets desenhou a curva

do nível de desigualdade social para países desenvolvidos em função da

renda per capita e chegou a um perfil de “U” invertido, uma vez que a

desigualdade, conforme teorizado por Kuznets, inicialmente aumenta e

passa a diminuir após um determinado estágio de desenvolvimento. Análises

(38)

não só para desigualdade, como também para outros processos como a

exaustão de recursos, para alguns processos de poluição e

desflorestamento. Ainda, a CKA tem sido largamente usada como indicador

de sustentabilidade (Banco Mundial, 1992).

As explicações usualmente utilizadas para a dissociação entre o

consumo de energia e o crescimento utilizando a teoria de Kuznets provem

da constatação que nos estágios iniciais de desenvolvimento (renda per

capita baixa), o consumo de recursos (que inclui energia) é baixo. Neste

estágio a economia é tradicionalmente baseada na agricultura e o índice de

mecanização é baixo. Com o aumento subseqüente da industrialização há

um incremento da demanda de insumos materiais para a construção da

infra-estrutura básica. Com o estabelecimento do desenvolvimento, as

necessidades por infra-estrutura básica diminuem à medida com que cresce

a demanda por serviços, menos material-intensivos. Há quem argumente

(Bernardini, Galli,1993) inclusive, que a CKA se verifica não somente para os

diferentes estágios de desenvolvimento de uma nação, mas também entre

países, denotando diferenças no nível de desenvolvimento econômico

destes países. Em outras palavras, países localizados na parte crescente da

curva estariam em estágios mais atrasados de desenvolvimento do que

aqueles que se situam na parte decrescente da curva.

Apesar de muitos resultados empíricos demonstrarem que a teoria de

Kuznets é válida, ainda há severas críticas a sua utilização. Dados coletados

entre 1966 e 1990 (Cleveland, 1999) mostraram que a maioria dos países

desenvolvidos de fato dissociou o consumo do crescimento entre 1966 e

1984, mas no final da década de 80 tornaram a mostrar a associação entre

energia e crescimento, apresentando intensidades energéticas que crescem

com o PIB. O resultado seria uma curva em N e não mais um U invertido,

Imagem

Figura 1: Evolução dos recursos renováveis com o estoque
Tabela 1: Variação da intensidade energética  ∆IE/IE para algumas regiões de 1981 a 1991
Figura 2: Participação dos principais energéticos na matriz brasileira ao longo do tempo
Figura 3: Evolução das principais fontes energéticas nos países da OECD
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Referências

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