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Artigo
original
Reprodutibilidade
das
classificac¸ões
de
Tronzo
e
AO
para
fraturas
transtrocanterianas
夽
Carlos
Augusto
Mattos,
Alexandre
Atsushi
Koza
Jesus,
Michelle
dos
Santos
Floter,
Luccas
Franco
Bettencourt
Nunes
∗,
Bárbara
de
Baptista
Sanches
e
José
Luís
Amim
Zabeu
HospitaleMaternidadeCelsoPierro,PontifíciaUniversidadeCatólicadeCampinas(PUC-Campinas),Campinas,SP,Brasil
informações
sobre
o
artigo
Históricodoartigo:
Recebidoem6deagostode2014 Aceitoem23desetembrode2014
On-lineem22dejaneirode2015
Palavras-chave:
Fraturasdoquadril Fraturasdocolo femoral/classificac¸ão Reprodutibilidadedostestes
r
e
s
u
m
o
Objetivo:Analisarareprodutibilidadedasclassificac¸õesAOedeTronzoparafraturas
trans-trocanterianas.
Método:Estudo transversal que analisou a concordância entre duas leituras feitas por
11 observadores,intraobservadoreseinterobservadores.A análisedasvariac¸õesusouo métodoestatísticoKappa.
Resultados: Verificou-se concordância moderada para a classificac¸ão AO enquanto a
classificac¸ãoTronzomostrouconcordâncialeve.
Conclusão:Otrabalhoevidencioumaiorreprodutibilidadedaclassificac¸ãoAO/Asifintere
intraobservadorparaas fraturas transtrocanterianasdefêmur, oquetemrelac¸ãocom o aumento da predominância de concordância com a experiência dos observadores. Aclassificac¸ãoAO/Asifsemdivisãoemsubgruposmostrou-se,assimcomodescritona lite-ratura,aceitaparaousoclíniconasfraturastranstrocanterianasdefêmur.Noentanto,não mostrouconcordânciaabsoluta,umavezqueseuníveldeconcordânciaéapenasmoderado, massuperiorquandocomparadacomaclassificac¸ãoTronzo.
©2014SociedadeBrasileiradeOrtopediaeTraumatologia.PublicadoporElsevierEditora Ltda.Todososdireitosreservados.
Reproducibility
of
the
Tronzo
and
AO
classifications
for
transtrochanteric
fractures
Keywords:
Hipfractures Femoralneck
fractures/classification Testreproducibility
a
b
s
t
r
a
c
t
Objective:ToanalyzethereproducibilityoftheTronzoandAOclassificationsfor
transtro-chantericfractures.
Method:Thiswasacross-sectionalstudyinwhichtheintraobserverandinterobserver
con-cordancebetweentworeadingsmadeby11observerswasanalyzed.Theanalysisofthe variationsusedthekappastatisticalmethod.
夽
TrabalhofeitonoServic¸odeOrtopediaeTraumatologia,HospitaleMaternidadeCelsoPierro(PUC-Campinas),Campinas,SP,Brasil.
∗ Autorparacorrespondência.
E-mails:luccasnunes37@gmail.com,luccasnunes@hotmail.com(L.F.B.Nunes). http://dx.doi.org/10.1016/j.rbo.2014.09.009
Results: ModerateconcordancewasfoundinrelationtotheAOclassification,whileslight concordancewasfoundfortheTronzoclassification.
Conclusion: ThisstudyfoundthattheAO/Asifclassificationfortranstrochantericpresented
greaterintraandinterobserverreproducibilityandthatgreaterconcordancewas correla-tedwithgreaterexperienceoftheobservers.Withoutdivisionintosubgroups,theAO/Asif classificationwasshown,asdescribedintheliterature,tobeacceptableforclinicalusein relationtotranstrochantericfracturesofthefemur,althoughitdidnotshowabsolute con-cordance,giventhatitsconcordancelevelwasonlymoderate.Nonetheless,itsconcordance wasbetterthanthatoftheTronzoclassification.
©2014SociedadeBrasileiradeOrtopediaeTraumatologia.PublishedbyElsevierEditora Ltda.Allrightsreserved.
Introduc¸ão
Afraturatranstrocanterianaéextracapsularesecaracteriza porocorrernaáreaentreopequenoeograndetrocânterno fêmur.1Essaáreadofêmurépredominantementeesponjosa
evascularizada.
Pacientesidososestãomaisvulneráveisaessetipode fra-turadevidoàsuafragilidadeóssea.Nessespacientesaqueda daprópriaalturaéummecanismorelativamentecomum.1,2
Emlevantamentosde1941a1971,citadosporDeLee,3é
menci-onadoquepacientescomfraturastranstrocanterianassãoem médiadeza12anosmaisvelhosdoquepacientescomfratura docolodofêmur,queéintracapsular,commédiaentre66e 76anos. Menciona-se,ainda, predomíniodosexofeminino sobreomasculinonarazãode2:1a8:1.
Afraturatranstrocanterianatambémacometeosjovens, sobretudopormeiodomecanismodetraumadealtaenergia.1
Aincidênciadessasfraturasestáaumentando, assimcomo oscustosenvolvidosnoseutratamento.NoBrasil,em levan-tamento feito pelo Ministério da Saúde, constatou-se que 90% dos recursos destinados a doenc¸as ortopédicas são consumidos por nove doenc¸as, entre elas a fratura transtrocanteriana.4
Outroproblemaenfrentadoé queumterc¸odos pacien-tesmorrenoprimeiroanoapósalesãoeaproximadamente 50%dospacientestornam-seincapazesdecaminharsozinhos ousubirescadase20%necessitamdecuidadosdomiciliares permanentes.5
Oprincipalmétodoparadeterminardemaneiraprecisao diagnóstico dessafratura éaradiografia,porém o encurta-mentodomembroeoposicionamentoemrotac¸ãoexterna sãoimportantesachadosclínicosquecorroboramessetipo delesão.6Otratamentoécirúrgico,usam-seplacascom
para-fusodeslizante,hastescefalomedularesouplacasdeângulo fixo,comvistasàreabilitac¸ãodopacienteomaisrapidamente possível.6
Hádiversasclassificac¸õesparafraturas transtrocanteria-nas.Entretanto,asprincipaiscaracterísticasdeumsistema declassificac¸ãoéquecontenhainformac¸ãoválidaqueajude a descrever as características da fratura, como topografia, configurac¸ão da fratura, grau de estabilidade e gravidade. Outra característica éauxiliar no planejamento da osteos-síntese, assim como prever o prognóstico após a síntese definitiva,comobjetivodeconseguirumareduc¸ãoprimária
Figura1–Classificac¸ãoTronzo.
estáveleanatômica.2,7 Tambéméimportantequequalquer
sistema de classificac¸ão seja reprodutível entre diferentes observadoresetambémpelomesmoobservadorem diferen-tesocasiões.7
Aclassificac¸ãodeTronzo8paraafratura
transtrocanteri-anafoi criada em1974eéumadas maisusadasatéhoje. Baseada na classificac¸ão de Boyd eGriffin,9 que
classifica-ram as fraturas de acordo com a possibilidade de obtere manter areduc¸ão (quatrotipos, I-estável emduas partes, II- instável cominutiva, III- instável oblíqua reversa e IV-intertrocanteriana-subtrocanterianacomdoisplanosde fra-tura).Evans,7tambémem1949,classificouasfraturasapóso
Tronzo8(fig.1)modificouaclassificac¸ãodeBoydeGriffin,9
oqueresultouemcincotipos.Essaclassificac¸ãoébastante usadaatualmente.
Aclassificac¸ãoAO(ArbeitgemeinshaftfürOsteossynthese fragen)10,11foiinicialmentecriadaporMülleretal.10nadécada
de1980eperiodicamentevemsofrendoatualizac¸ões,como intuitodepadronizaraclassificac¸ãodasfraturaspara abran-gênciamundial,pormeio deumsistemadelocalizac¸ãodo ossoedetipodeacometimento(letraenúmero),de modo queum código alfanumérico permita que o profissionaljá saibaoqueaconteceu,oquefacilitaacomunicac¸ãoentreos servic¸osortopédicos.Porissoéamaisusadanostrabalhos atuais.Nessecaso,asfraturatrocanterianascorrespondemao código31-A.Elassãosubdivididasemtrêsgruposbaseados naobliquidadedalinhadefraturaenograudeacometimento (fragmentac¸ãoóssea).11
O grupo 1 apresenta a linha de fratura com início em qualquerregiãodograndetrocantereseestendeatéacima ouabaixo dopequeno trocanter. Há apenasdois fragmen-tos,apresenta-seocórtexmedialfraturadoemapenasuma localizac¸ão.Sãofraturasestáveisapósreduc¸ãoefixac¸ão,por
apresentar bom contato entre os fragmentos e sem perda óssea.Opequenotrocanterestáintacto.11
Nogrupo2asfraturassãomultifragmentadas,otrac¸ode fraturainicia-selateralmentenograndetrocanteresegueà cortical mediale afratura em duas partes. Há, então, um terceirofragmento,queéopequenotrocanter.Dessegrupo, apenasafraturadosubgrupoA2.1éconsideradaestável,por apresentaresseterceirofragmentopequenoeogrande tro-canterintacto.3
O grupo 3apresenta o trac¸o defratura queatravessa a regiãointertrocantérica, acimadopequenotrocanter medi-almenteeabaixodacristadovastolateralnaregiãolateral, acometeambasascorticais,temacaracterísticada obliqui-dadereversa.3
Essaclassificac¸ão aindafaz umadivisãodosgruposem trêssubgrupos, masnestetrabalhoserãousadosapenasos grupos31-A1,31-A2e31-A3(fig.2),umavezquefraturasdo mesmosubgrupoapresentamcomportamentobiomecânico semelhante.
Oobjetivodesteestudoéavaliarareprodutibilidadedas classificac¸õesAO/AsifsemdivisãoemsubgruposedeTronzo
Tabela1–Classificac¸õesdaforc¸adeconcordância segundoocoeficienteKappa
CoeficienteKappa Forc¸adaconcordância
Menosdezero Pobre
0,00-0,20 Desprezível
0,21-0,40 Leve
0,41-0,60 Moderada
0,61-0,80 Grande
0,81-1,00 Quaseperfeita
para fraturas transtrocanterianas, por meio da análise da concordânciaentreduasleiturasfeitasporobservadoresem diferentesestágiosdeformac¸ão.
Materiais
e
métodos
Foram selecionadas 50 radiografias nasincidências em AP (anteroposterior)eemperfilpré-operatóriasdepacientescom diagnósticodefraturatranstrocanterianadefêmur,ocorridas entrejaneiroedezembrode2012,emindivíduos esqueletica-mentemaduros(acimade20anos).
Pacientesportadores depatologiaspréviasemmembros quepudessemmodificaraanatomianormal,comofraturas préviasnaregiãocoxofemoral, másformac¸ões,infecc¸ões e tumoresósseosforamexcluídosdaselec¸ãodecasos.Apartir dessesdados foi formulado questionáriode múltipla esco-lhapara classificar as fraturas segundo AO(31.A1, 31.A2 e 31.A3,semossubgruposdecadadivisão)(tabela1),esegundo aclassificac¸ãodeTronzo(1973),8(tabela2),eassinalou-seo
espac¸ocorrespondenteabaixodecadafigura.Paracadacoluna apenasumarespostadeveriaserassinalada.
Escolhidos11 médicos,dosquaistrês residentesdo pri-meiroano,trêsresidentesdoterceiroanodeumprogramade residênciamédicaemortopedia etraumatologia,dois orto-pedistastituladoscom atécincoanosdeexperiênciaetrês ortopedistastituladoscommaisdecincoanosde experiên-cia,identificadossequencialmentecomosnúmerosde1a11. Todososavaliadorestrabalhamnomesmoservic¸ode orto-pediadehospitalreferênciaemtrauma.Foifeitarevisãodas
Tabela2–ÍndicedeKappa,erropadrãoeconcordância entreasduasleiturasemdoismomentosdistintospara classificac¸ãoAO
Comparac¸ãoentreasleituras Kappa Ep Concordância
O1AxO1B 0,71 0,09 Grande
O2AxO2B 0,48 0,12 Moderada
O3AxO3B 0,13 0,11 Desprezível
O4AxO4B 0,77 0,08 Grande
O5AxO5B 0,65 0,10 Grande
O6AxO6B 0,24 0,08 Leve
O7AxO7B 0,71 0,10 Grande
O8AxO8B 0,41 0,11 Moderada
O9AxO9B 0,43 0,10 Moderada
O10AxO10B 0,71 0,09 Grande
O11AxO11B 0,64 0,10 Grande
O1aO11,observadores;A,primeiraleitura;B,segundaleitura;Ep, erropadrão.
classificac¸õesqueenvolveutodososparticipantesdeforma individualizada,antesdaaplicac¸ãodoquestionário.
Asradiografiasforamanalisadas deforma independente esemcontatoentreosavaliadores,emcondic¸ões idênticas portodososobservadores.Nãohouvelimitedetempopara responderaoquestionário.
Após um mês, os mesmos observadores avaliaram as mesmasradiografias,semqualquerciênciadasrespostas assi-naladas previamente,tampouco sobreos dadosdosoutros avaliadores.Nenhumdosobservadoresteveacessoaosdados referentesaotratamentocirúrgicodecadafratura.
Foifeitoestudotransversal,comaanálisedasvariac¸ões intraeinterobservadorcomousodométodoestatísticode Kappa,queavaliaaconcordânciaentreobservadorespormeio de análisepareada ecomparadaaproporc¸ão observadade concordânciaentreosobservadores(Po)eintraobservadores. Seusvalorespodemvariarderesultadomenordoque0(pobre) a1(quaseperfeito).
Resultados
Os observadoresanalisaram50 radiografiaspré-operatórias emAPeperfildefraturatranstrocanterianadefêmure cate-gorizaramasfraturassegundoasclassificac¸õesAOeTronzo. Cadaobservadorfezduasanálisescomdiferenc¸adeummês semconhecimentodosresultadosanterioresesemcontato préviocomosdemaisobservadores.Osresultadosforam ana-lisadospormeio dométodoKappaeosresultadosdaforc¸a deconcordânciaintraeinterobservadorforamsubdivididos emseisníveis.OsvaloresdoíndiceKappamenoresdoque0 foramclassificadoscomoforc¸adeconcordânciapobre, valo-resde0a0,2comodesprezíveis,0,21a0,40comoleves,0,41 a0,60comomoderados,0,61a0,80comograndese0,81a1,0 comoquaseperfeitos.
A apresentac¸ãodo índiceKappa,o erropadrão (Ep)ea concordânciaentreasduasleiturasfeitaspelos11 observado-resemdoismomentosdistintosparaaclassificac¸ãoAO/Asif (tabela2)evidenciouvariac¸ãodoerropadrão(Ep)entre0,9a 1,2eoíndiceKappavarioude0,13a0,77,compredomíniono grupodeforc¸adeconcordânciamoderadaagrande(fig.3).
Aapresentac¸ão doíndiceKappa,oerropadrãoea con-cordânciaentreasduasleiturasfeitaspelos11observadores emdoismomentos distintosparaaclassificac¸ãode Tronzo (tabela3)evidenciaramEpde0,08a0,09eíndiceKappade0,22 a0,59.Doisobservadoresnãopuderamserincluídosdevidoà grandeassimetriadosdadosnosdoismomentosdistintosde
Kappa-classificação AO
Tabela3–ÍndicedeKappa,erropadrãoeconcordância entreasduasleiturasemdoismomentosdistintospara aclassificac¸ãodeTronzo
Comparac¸ãoentreasleituras Kappa Ep Concordância
O1AxO1B 0,26 0,08 Leve
O2AxO2B 0,59 0,09 Moderada
O3AxO3B – – NA
O4AxO4B 0,55 0,08 Moderada
O5AxO5B 0,5 0,08 Moderada
O6AxO6B 0,24 0,08 Leve
O7AxO7B 0,51 0,08 Moderada
O8AxO8B 0,22 0,08 Leve
O9AxO9B – – NA
O10AxO10B 0,35 0,08 Leve
O11AxO11B 0,26 0,08 Leve
O1aO11,observadores;A,primeiraleitura;B,segundaleitura;Ep, erropadrão;NA,nãoaplicáveldevidoàassimetriadosdados.
coleta.Aforc¸adeconcordânciapredominoudelevea mode-radaparaaclassificac¸ãoTronzo(fig.4).
AanálisedoíndiceKappanaprimeira esegundaleitura paraasclassificac¸õesAOedeTronzo,feita interobservado-resemdoismomentosdistintos,mostrouerropadrão(Ep)de 0,03comíndiceKappa0,53paraaclassificac¸ãoAOe eviden-ciouconcordânciamoderada.Emcontrapartidaaclassificac¸ão TronzoevidenciouíndiceKappa0,36eerropadrãode0,03com concordânciarazoável.
Foramfeitastambémaanáliseeacomparac¸ãopormeio domesmométodoestatístico,querelacionouos observado-resdeacordocomcargoseexperiência(tabela4).Naanálise daclassificac¸ãoAOverificaram-seíndiceKappae concordân-ciaelevadanosobservadoresmaisexperientescommaisde cincoanosdeformadosesujeitoscommenosdecincoanos deformado.Houveumdeclínionosobservadoresresidentes (tabela4).
Foifeita amesma análise doíndiceKappa,erropadrão e predominância de concordância de acordo com cargo e experiênciadosobservadoresparaaclassificac¸ãoTronzo, evi-denciadanatabela5.
Discussão
Qualquersistemadeclassificac¸ãodefraturastemcomo obje-tivosguiarotratamento,auxiliarnoplanejamentocirúrgicoe
Kappa-classificação tronzo
Figura4– Variac¸ãodoíndiceKappainterobservadornouso daclassificac¸ãoTronzo.
Tabela4–Classificac¸ãoAO,cargo,índiceKappa,erro padrãoeconcordância
Cargo Comparac¸ão
entreas leituras
Kappa Ep Concordância
C>5a O1AxO1B 0,71 0,09 Grande
C>5a O11AxO11B 0,64 0,1 Grande
C>5a O7AxO7B 0,71 0,1 Grande
C<5a O4AxO4B 0,77 0,08 Grande
C<5a O5AxO5B 0,65 0,1 Grande
R3 O10AxO10B 0,71 0,09 Grande
R3 O2AxO2B 0,48 0,12 Moderada
R3 O8AxO8B 0,41 0,11 Moderada
R1 O9AxO9B 0,43 0,1 Moderada
R1 O6AxO6B 0,24 0,08 Leve
R1 O3AxO3B 0,13 0,11 Desprezível
C>5a,chefemaisde5anosdeformado;C<5a,chefecommenos de5anosdeformado;R3,residentedoterceiroano;R1,residente doprimeiroano;O1aO11,observadores;A,primeiraleitura;B, segundaleitura;Ep,erropadrão.
teracapacidadedeserreproduzidocomelevadaconcordância pordiferentesobservadoresemdiversassituac¸ões.Osistema estatístico Kappa tem a capacidade de transmitir numeri-camentearealcapacidadedossistemasdeclassificac¸ãode fraturas.
Schipper et al.12 estudaram o sistema de classificac¸ão
AOdefraturatranstrocanterianadefêmurcom20raios-Xe analisadapor15observadores.Comaclassificac¸ãoAOcom subgruposfoirelatadoumvalormédiodoíndiceKappa intra-observadorde0,48einterobservadorde0,33.Paraosistema AOsemsubgrupos,osvaloresdeKappaforam0,78para intra-observadore0,67parainterobservador.Umestudoanterior comcincopacientescomfraturatranstrocanterianadefemur
Tabela5–Análisedaclassificac¸ãoTronzoemrelac¸ãoà experiênciadosobservadores
Cargo Comparac¸ão
entreas leituras
Kappa Ep Concordância
C>5a O1AxO1B 0,26 0,08 Leve
C>5a O11AxO11B 0,26 0,08 Leve
C>5a O7AxO7B 0,51 0,08 Moderada
C<5a O4AxO4B 0,55 0,08 Moderada
C<5a O5AxO5B 0,5 0,08 Moderada
R3 O10AxO10B 0,35 0,08 Leve
R3 O2AxO2B 0,59 0,09 Moderada
R3 O8AxO8B 0,22 0,08 Leve
R1 O9AxO9B – – NA
R1 O6AxO6B 0,24 0,08 Leve
R1 O3AxO3B – – NA
R1 O3AxO3B 0,13 0,11 Desprezível
também concluiu queo usoda classificac¸ão AOera pouco confiável.13
Neweyetal.14 relataram queosistemaalfanuméricoda
classificac¸ão AOera desnecessariamente complicado eseu usonapráticaclínicaficouaquém,colaboroupoucoparao planejamentocirúgico.
ParaPervezetal.2 osresultadosobtidosemseusestudo
confirmam a inaceitabilidade tanto para o sistema de classificac¸ãoAO/Asifquantoparaosistemadeclassificac¸ão Jensen.
No entanto, quando se tratava do uso da classificac¸ão AO/Asifdivididaemapenastrês grupos(31A1,31A2,31A3), tornou-seaceitável.Paraaquelesqueachamaterminologia alfanuméricaconfusa,Pervezetal.2 recomendamqueesses
trêsgrupossejamdenominadoscomotrocantéricaestável(31 A1),trocantéricainstável(31A2)etranstrocantéricacomtrac¸o reverso(31A3).
Van Embden et al.,15 em seu estudo que comparou a
classificac¸ãoAO/Asifeaclassificac¸ãodeJensen,encontraram confiabilidadepobreparaaclassificac¸ãoAOemoderada con-fiabilidadeparausodaclassificac¸ãodeJenseneconcluíram quehavianecessidadedacriac¸ãodeumanovaclassificac¸ãoou aperfeic¸oamentodasclassificac¸õesjáexistentesparamelhor categorizac¸ãoepropostadetratamento.
Nãoforamencontradosnaliteraturaartigosque analisas-semareprodutibilidadedaclassificac¸ãoTronzo.
Verificamos índice Kappa médio intraobservador para classificac¸ãoAOde0,53(0,13-0,71)compredominânciade con-cordânciademoderadaagrande.Hágrandedesigualdadena análiseemrelac¸ão aocargoe experiênciadoobservador e predominaconcordânciaelevadanosprofissionaisjá titula-doscomíndiceKappa0,696(0,64-0,77)eerropadrãode0,8a 1.Nomomentoemqueanalisamososresidentes,sejaR1e R3hádeclínionaconcordânciacomíndiceKappamédiode 0,4(0,13-0,71)compredominânciadeconcordâncialeveeerro padrãode0,8a1,2.
NaanálisedoíndiceKappamédiointraobservadorparaa classificac¸ãoTronzofoide0,31compredominânciade concor-dânciadeleveamoderada.Emcontrapartida,emrelac¸ãoao sistemaAO/Asif,quandocomparamosocargoea experiên-ciadosobservadores,verificamosíndiceKappade0,416para osobservadoresjátituladoscompredominânciade concor-dânciamoderadaeíndiceKappade0,23paraosobservadores menos experientes. Dentro do grupo dos observadores menosexperientes,valeressaltarqueosdadoscolhidospor doisdelesnosistemaTronzonãopuderamserincluídosna análisedevidoàgrandeassimetriadosdadosdeumaleitura paraoutra.
Conclusão
Verificamospredominânciadeconcordânciaelevadadouso da classificac¸ão AO/Asif em relac¸ão à classificac¸ão Tronzo tantointraquantointerobservador.Constatamostambémque em ambasas classificac¸ões há concordância mais elevada pelosobservadoresmaisexperientes(médicostitulados)em relac¸ãoaosmenosexperientes(residentes).
ApredominânciadeconcordâncianosistemaAO/Asifsem divisãoporsubgruposfoiapenasmoderada,compatívelcom asanálisesdostrabalhosencontradosnaliteratura.Nocasoda classificac¸ãoTronzofoiencontradaconcordânciade predomi-nâncialeve.Aclassificac¸ãoAO/Asifcaracteriza-seporseruma classificac¸ãoaceitávelnapráticaclínica,porémnãoéperfeita, temmaiorconcordâncianosobservadoresmaisexperientes.
Conflitos
de
interesse
Osautoresdeclaramnãohaverconflitosdeinteresse.
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s
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