SOCIEDADE BRASILEIRA DE ORTOPEDIA E TRAUMATOLOGIA
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Artigo
original
Ensaio
clínico
randomizado
entre
ressecc¸ão
da
fileira
proximal
(carpectomia)
e
artrodese
dos
quatro
cantos
nos
pacientes
portadores
de
SNAC
no
estágio
II
夽
Marcio
Aurelio
Aita
∗,
Edison
Kenji
Nakano,
Henrique
de
Lazari
Schaffhausser,
Walter
Yoshinori
Fukushima
e
Edison
Noboru
Fujiki
FaculdadedeMedicinadoABC,DepartamentodeOrtopediaeTraumatologia,SantoAndré,SP,Brasil
informações
sobre
o
artigo
Históricodoartigo:
Recebidoem2desetembrode2015 Aceitoem29dejaneirode2016 On-lineem7dejunhode2016
Palavras-chave: Punho Dor
Ossoescafoide Artrodese
r
e
s
u
m
o
Objetivos:Compararosresultadosclínicosefuncionaisdospacientescomdiagnósticode ScaphoidNonUnionAdvancedColapse(SNAC),noestágioII,submetidosàressecc¸ãodafileira proximaldocarpoouàartrodesedosquatrocantos.
Método:Foramincluídosnoestudo27pacientes,commédiade37,52anos(18-59).Treze foramsubmetidosàcarpectomiaproximalnoGrupoAe14àartrodesedosquatrocantosno GrupoB.Oseguimentomédiofoide45a73meses.Foramavaliadososarcosdemovimento, ador,aforc¸adepreensãopalmar,oDisabilityArmShoulderHand(DASH)escoreeoretorno aotrabalho.
Resultados:NoGrupoAospacientesapresentaram68,5%doarcodemovimentonolado nãoafetadoenoGrupoB,58,01%.Naavaliac¸ãosubjetivadador(VAS),obtivemos2,3no GrupoAe2,9noGrupoB.Aforc¸adepreensãopalmarfoide78,67%noGrupoAdoladonão acometidoede65,42%noGrupoB.ODASHescorenoGrupoAfoi11enoGrupoB,13.Quanto aotrabalho,69,23%(9/13)dospacientesnoGrupoAe57,14%(8/14)noGrupoBretornaram aalgumaatividadelaboral.Ataxadecomplicac¸õesnoGrupoAfoide(1/13)enoGrupoB, de7,1%(1/14).
Conclusões:Osresultadosclínico-funcionaisestudadosnãoapresentamdiferenc¸as estatís-ticasparaosdoismétodosanalisados.
©2016SociedadeBrasileiradeOrtopediaeTraumatologia.PublicadoporElsevierEditora Ltda.Este ´eumartigoOpenAccesssobumalicenc¸aCCBY-NC-ND(http://
creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/4.0/).
夽
TrabalhodesenvolvidonoGrupodaMãoeMicrocirurgia,DepartamentodeOrtopediaeTraumatologia,FaculdadedeMedicinadoABC, SantoAndré,SP,Brasil.
∗ Autorparacorrespondência.
E-mail:marcioaita@me.com(M.A.Aita).
http://dx.doi.org/10.1016/j.rbo.2016.01.002
Randomized
clinical
trial
between
proximal
row
carpectomy
and
the
four-corner
fusion
for
patients
with
stage
II
SNAC
Keywords: Wrist Pain
Scaphoidbone Arthrodesis
a
b
s
t
r
a
c
t
Objective: TocomparetheoutcomesofpatientswithstageIISNACsubmittedtosurgical treatmentbyproximalrowcarpectomy(PRC)orfour-cornerfusion(FCF).
Method: Twenty-sevenpatientsaged18to59years(mean37.52years)wereincluded. Thir-teenpatientsunderwentPRCinGroupA,and14underwentFCFofthewristinGroupB. Evaluationsweremadebeforeandaftersurgerywithfollow-upbetween45and73months. Rangeofmotion(ROM);painassessmentwithavisualanalogscale(VAS);gripstrength; disabilityofthearm,shoulder,andhand(DASH);andreturntoworkwereevaluated. Results: GroupApatientshad68.5%andGroupBpatients,58.01%oftheROMofthe contra-lateralside.TheVASscorewas2.3inGroupAand2.9inGroupB.Gripstrengthwas78.67% and65.42%,respectively,relativetothesidenotaffected.TheDASHscorewas11forPRC and13forFCF.InGroupA,9/13(69.23%)andinGroupB,8/14(57.14%)patientsarecurrently working.Complicationsweresymptomaticosteoarthritisinthemid-carpaljointinGroup AandlooseningofascrewinGroupB.
Conclusion: Theclinicalandfunctionalresultsdonotpresentstatisticallysignificant diffe-rencesforbothanalyzedmethods.
©2016SociedadeBrasileiradeOrtopediaeTraumatologia.PublishedbyElsevierEditora Ltda.ThisisanopenaccessarticleundertheCCBY-NC-NDlicense(http://
creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/4.0/).
Introduc¸ão
A fratura do escafoide éuma lesão complexa, ade maior incidêncianosossosdocarpo,àsvezesnãoédiagnosticada eevolui com altos índicesde complicac¸ões, como a pseu-dartrose,anecrosedopoloproximaleatéaosteoartrosede todoopunho.Apseudartrose,quandonãotratada,gerauma sobrecarganoladoradialdocarpo,promoveadegenerac¸ãoda articulac¸ãoradioescafóidea,principalmentenoprocesso esti-loidedorádio,quelevaaumimpactolocal.Comaevoluc¸ão, ocorreodesgastenocontornodoescafoide,queacometea articulac¸ãoescafocapitatoecapitatossemilunar,queprovoca amigrac¸ãoproximaldocapitatoepromoveodesarranjodo carpo,1–3 descritocomo SNAC (ScaphoidNon UnionAdvanced
Colapse).Paraorientar otratamentodessadoenc¸a,adota-se aclassificac¸ãosegundoosestágiosdeWatsoneRyu1:
Osestágiosdeevoluc¸ãosãoassimdescritos:
1. Osteoartroseestiloescafóidea–SNACestágioI;
2. Osteoartrose estiloescafóidea+radioescafóidea – SNAC estágioII;
3. Osteoartroseradioescafóidea+lunocapitato–SNAC está-gioIII;
4. Osteoartroseradioescafóidea+lunocapitato+radiossemilunar –SNACestágioIV.
Nenhum estudo publicado concluiu qual é o melhor métododetratamentodessadoenc¸a,acarpectomiaea artro-desedosquatrocantossãoosmétodosmaisestudados.Essas pesquisas não mostram evidência científica,4–8 já que são
trabalhosretrospectivos, nãorandomizados equeagregam outras patologias degenerativas do carpo, como a osteo-artrose pós-traumática do punho, a moléstia de Kienböck e as lesões ligamentares crônicas do carpo SLAC (Scapho
LunateAdvancedColapse).Outrosestudosrandomizados9que
reuniramamesmapatologiaquenãooSNAC10tambémnão
sãoconclusivos.
Somenteospacientesqueapresentamadoenc¸ano está-gio II podem ser submetidos aos métodos cirúrgicos de salvac¸ão,2,11–13 que preservam algum grau de movimento,
comoacarpectomia14–18eaartrodesedosquatrocantos.1,19–21
OspacientesnoestágioIdevemsersubmetidosacirurgias reconstrutivas,comoacorrec¸ãodanãouniãodoescafoide3
e/ou estiloidectomia do rádio. Aqueles que apresentam alterac¸õesradiográficasdaarticulac¸ãolunocapitato(estágio III)nãopodemsersubmetidosacarpectomia,somentea artro-desesparciaisdopunho.11,19,22–24 OspacientesnoestágioIV
têmcomomelhoropc¸ãodetratamentocirurgiasdesalvac¸ão, comoaartrodesetotal,2,11,25ou,comoindicac¸ãocontraditória
ainda,aartroplastiatotaldopunho.26
Tanto na carpectomia18,27,28 quanto na artrodese dos
quatro cantos, 29 estudos apresentam resultados clínico--funcionaissatisfatórios emlongoprazo,com aproximada-mentedezanosdeseguimento.Masaindahádúvidassobre qual éo melhormétodode tratamento paraesses pacien-tesqueapresentamdor,perdadeforc¸adepreensãopalmare limitac¸ãodoarcodemovimentoparafazeratividadesdevida diáriaouprofissionais.Poressesmotivos,decidimosfazereste ensaioclínico.
Oobjetivodesteestudofoicompararosresultados clínico--funcionaisdospacientescomdiagnósticodeSNACnoestágio II1 submetidos ao tratamento cirúrgico pela ressecc¸ão da
fileiraproximaldocarpoouàartrodesedosquatrocantos.
Metodologia
Figura1–Examescomplementarespré-operatórios:a,RXnaposic¸ãoposteroanterior(PA)depunho;b,RXnaposic¸ãoperfil (P);c,Cortetomográficocoronaldessepunho.
daInstituic¸ão,comdiagnósticodeSNAC.Apenas27 apresen-tam oscritérios necessárioseforam incluídosno estudoe submetidos aoexame físico, àsradiografias simples poste-roanterior(PA)eperfil(P),àtomografiacomputadorizadaeà ressonânciamagnéticadopunhoacometido.
Oscritériosdeinclusãoestabelecidosforamospacientes adultosde 18 a60 anos, ambosos sexos,com diagnóstico clínicoe porimagem de SNAC (fig.1), no estágioII e que preencheramoTermodeConsentimentoVoluntário,Livree Esclarecidoeoprotocolodeconflitodeinteresses,conformeo ComitêdeÉticaemPesquisa.Ospacientescomdoenc¸as asso-ciadasnopunho,comoasdoenc¸asosteometabólicas,ouque foramsubmetidosaqualquerprocedimentocirúrgicoprévio, ou,ainda,quetivessemafecc¸õesqueacometeram bilateral-menteospunhosforamexcluídos.
Aavaliac¸ãofuncionalfoifeita porprofissionaisdoSetor deTerapiaOcupacionaldeMãodaInstituic¸ão,osquaisnão tiveramacessoàsinformac¸õesdogrupoaoqualopaciente pertencia.
Amensurac¸ãofuncionalfoi executadapela medida(em graus)dosarcosde movimentodopunho com goniômetro únicoeespecíficoepelamedidada forc¸ade preensão pal-maremquilograma-forc¸a(Kgf)comoaparelho(dinamômetro hidráulico)Jamar®.
AanáliseclínicadadorfoifeitacomaescalaVAS(Visual Analogue Scale) de zero até 10, para a avaliac¸ão subjetiva. Aavaliac¸ãoda qualidadevidafoi feita como Questionário DASH.13
Arandomizac¸ãofoifeitaporsorteio,commoeda:cara,o pacientefariaacarpectomia(fig.2);coroa,aartrodesedos qua-trocantos(fig.3).Portanto,ospacientesforamdivididosem doisgrupos,AeB.NogrupoA(facecaradamoeda)foram submetidos a ressecc¸ão da fileira proximal (tabela 1), com interposic¸ãodacápsuladorsaldocarpo.14–18
Técnica
operatória
da
carpectomia
proximal
Aviadeacessodorsaleoblíqua,comousodabasedosegundo metacarpoedaarticulac¸ãoradioulnardistal,foiamesmapara osdoisgrupos.
A abertura da cápsula dorsal foi transversa e única, com confecc¸ãode um retalho para contornar a cabec¸ado capitato.15,16
Nessemomento,foifeita acarpectomiaproximalcoma retiradadoescafoide,semilunarepiramidal.
Executaraestiloidectomiadorádio,denomáximo2mm, obrigatoriamente.
Fez-se,então,ainterposic¸ãodacápsuladorsal,comsutura doretalhonacápsulapalmar.Suturaram-seosplanoseapele. Fizeram-se radioscopia e radiografia pós-operatória do punhoparacontrolepós-cirúrgico.
Técnica
operatória
da
artrose
dos
quatro
cantos
OspacientesdogrupoB(tabela2)foramtratadospelatécnica deartrodesedosquatrocantos,fizeramduasartrotomias dor-sais,umaparaaressecc¸ãodoossoescafoideeaoutraparaa fixac¸ãodosquatrocantos.
Após a retirada do escafoide e o preparo do enxerto desse mesmo osso, foi feita a cruentizac¸ão dos quatro cantos.
Figura2–Aspectointraoperatóriodaressecc¸ãodafileiraproximaldocarpo.a,acessodorsaldopunho;b,ossosescafoide, semilunarepiramidalqueforamremovidos;c,confecc¸ãodoflapdacápsuladodorsaldopunhoquefoiusadopararevestir acabec¸adocapitato;d,planejamentodaviadeacessodopunho.
Tabela1–Distribuic¸ãoepidemiológicaeseguimentopós-operatóriodospacientessubmetidosacarpectomiaproximal (GrupoA)
Seguimento (meses)
Sexo Idade(anos) Identificac¸ão Retornotrabalho Ladodominante Ladoafetado
69 M 39 I Sim D D
68 M 28 II Não D E
74 M 39 III Sim D E
73 M 30 IV Sim D D
75 M 18 V Sim D E
76 M 52 VI Não D E
72 M 22 VII Sim D D
70 F 41 VIII Sim D D
74 M 30 IX Não D E
78 M 26 X Sim D E
75 M 23 XI Sim D E
77 M 38 XII Não D E
77 M 35 XIII Sim D D
Fonte:SAMEdoshospitais.
Estabilizaram-se os quatro ossos (semilunar, capitato, hamatoepiramidal)complacaespecial(carpalbutton® con-vencional da empresa SBI® ou botão carpal bloqueado da empresaBiotech®)eparafusos.15–17
Período
pós-operatório
dos
grupos
A
e
B
Paraconclusãodoprocedimentoforamfeitasaradioscopiae aradiografiadopunhocomointuitodechecaraposic¸ãodo implanteedosparafusos.
Confecc¸ãodetalagessadaparaopunho,quefoiremovida naprimeirasemanaapósacirurgia.
Ospacientesforamavaliadosantesdacirurgiae,depois, clínicaeradiograficamente,mensalmente.Até omomento, porém,sóosvaloresdopré-operatórioeatualforamusados paraanáliseestatística.Todosforamreabilitadospelosetor
deterapiaocupacionaldemãodaInstituic¸ão,comomesmo protocolo, desde a primeira semana da cirurgia, quando a imobilizac¸ãofoiremovida,atéaaltadosetor.
NoGrupoAforamincluídos13pacientes,commédiade 32,38anos,queforamsubmetidosàressecc¸ãodafileira proxi-maldocarpo(fig.2).
NoGrupoBforamincluídos14pacientes,commédiade 40,43anos,queforamsubmetidosàartrodesedosquatro can-tos(fig.3).
Oestudoestatísticoanalisouvariáveisparamétricas, usa-mosotestedeMann-Whitneyeotestedospostossinalizados de Wilcoxon eadotou-se onível designificância(p) de5% (0,05).Quandoobservadaumadiferenc¸aestatisticamente sig-nificantefoimarcadacomasterisco(*);equandoovalorda significânciacalculada(p)foiigualoumaiordoque5%(0,050), observou-seumadiferenc¸aestatisticamentenãosignificante enãofoimarcado.Paraasvariáveisnãoparamétricasusamos otesteexatodeFisher.
Tabela2–Distribuic¸ãoepidemiológicaeseguimentopós-operatóriodospacientessubmetidosàartrodesedosquatro cantos(GrupoB)
Seguimento (meses)
Sexo Idade(anos) Identificac¸ão Retornotrabalho Ladodominante Ladoafetado
77 M 56 I Sim D D
77 M 25 II Sim D E
81 M 40 III Sim D E
71 F 39 IV Não D E
75 F 30 V Sim D D
78 M 33 VI Sim D D
74 M 45 VII Não D D
76 M 34 VIII Sim D E
68 M 54 IX Não D E
69 M 48 X Sim D E
68 M 37 XI Não D D
78 M 36 XII Sim D D
70 M 48 XIII Sim D D
67 M 41 XIV Não D E
Tabela3–Resultadosclínicosefuncionais–Análise comparativaentreosgrupos
Parâmetros Carpectomia Artrodese
(GrupoA) (GrupoB)
Dor(VAS) 2,3 2,9
DASH 11 13
Forc¸a(kgf) 78,67% 65,42
ADM(◦) 68,50% 58,01%
Retornoaotrabalho 84,61% 64,30%
Complicac¸ões 7,69% 7,10%
VAS,VisualAnalogueScore;DASH,DisabilityArmShoulderHand;ADM, arcodemovimento.
%emrelac¸ão ao ladonormal paraForc¸a/ADM%do totalpara Retornoaotrabalho/Complicac¸ões
Resultados
OsvaloresdoGrupoAforamarcodemovimento68,50%eforc¸a depreensãopalmar78,67%,ambosdoladonãoafetado,eosdo GrupoB,submetidosàartrodesedosquatrocantos,foramde 58,01%deADMe65,42%deforc¸a.Aavaliac¸ãosubjetivadador apresentouvalorde2,3noGrupoAede2,9noGrupoB.Os valo-resdoDASHforamde11paraoGrupoAede13paraoGrupo B.Emrelac¸ão aoretornoaotrabalho,64,3% (9/14)e84,61% (11/13)dospacientesdosgruposAeB,respectivamente,fazem algumaatividadelaboral(tabelas3–5).
Acomplicac¸ãoencontradanoGrupoAfoide7,69%(1/13), paciente com diagnóstico de osteoartrose sintomática na articulac¸ãoradiocárpica(fig.4)quenecessitoudaartrodese totaldopunho,enoGrupoB,de7,1%(1/14),pacientecom diagnósticodepseudartrosedosquatrocantosesolturadeum dosparafusos.Essepacienteficousatisfeitocomoresultado funcionaldoseupunho(fig.5).
Tabela5–Resultadosestatísticosdasvariáveisnão paramétricas
Grupo Retornoaotrabalho Total
Sim Não
A 11 2 13
84,61 15,38 100,00
B 9 5 14
64,29 35,71 100,00
Total 20 7 27
74,07 25,93 100,00
Grupo Complicac¸ões Total
Sim Não
A 1 12 13
7,69 92,31 100,00
B 1 13 14
7,14 92,86 100,00
Total 2 25 27
7,41 92,59 100,00
p=0,695. p>0,999.
Discussão
ConcordamoscomMulfordeKrimmer:7,11 essessãoosdois
métodosmaisusadosnotratamentodoSNAC.Assim,ambos apresentamsuasvantagens.
Segundoosautores,4–7,18,19,29aartrodesedosquatrocantos
apresentacomovantagensemrelac¸ãoàressecc¸ãodafileira proximalamanutenc¸ãodaalturacarpaleapreservac¸ãoda articulac¸ãoradiossemilunare,comodesvantagens,necessita de uma maior curva de aprendizado, apresenta maiores
Tabela4–Resultadosestatísticosdasvariáveisparamétricas
Variável Grupo N Média Desvio-padrão Significância
(p)
Tempodeseguimento A 13 74 3,37 0,846
B 14 74,21 2,79
Idade A 13 32,38 9,39 0,039*
B 14 40,43 8,94
Dorpré-operatório A 13 7,54 2,50 0,645
B 14 8,21 1,81
Dorpós-operatório A 13 2,3 3,55 0,769
B 14 2,9 3,45
DASHpré-operatório A 13 99,62 24,46 0,331
B 14 91,71 18,00
DASHpós-operatório A 13 47,62 15,47 0,697
B 14 45,00 10,93
Forc¸apré-operatório A 13 40,38 17,11 0,827
B 14 40,64 19,88
Forc¸após-operatório A 13 78,5 18,89 0,145
B 14 56,0 11,69
ADMpré-operatório A 13 80,54 54,75 0,132
B 14 50,64 28,55
ADMpós-operatório A 13 108,85 36,29 0,593
B 14 118,36 39,76
Figura4–Examescomplementarespré-operatórioseaspectosintraoperatórios(complicac¸ão)dosegundoprocedimento paraacorrec¸ãodaosteoartroseradiocapitato.a,cortecoronaldeRNMdepunho;b,corteaxialdeRNMdepunho;c,imagem intraoperatóriadaosteoartrosenorádioedaintegridadedacartilagemdacabec¸adoossocapitato;d,cortesagitaldaRNM depunho;e,RXnaposic¸ãoposteroanterior(PA)depunho;f,RXnaposic¸ãoperfil(P)depunho–procedimentodeartrodese total.
índicesdecomplicac¸õescomousodeplacascirculares19–21e
umcustomaior.
Aressecc¸ãoda fileiraproximal,segundoImbriglia,18não
preservaaarticulac¸ãomediocárpica,podelevaràdegenerac¸ão dorádiooudacabec¸adocapitato.
Para protec¸ão do espac¸o articular radiocapitato, optou--se, neste estudo, pela interposic¸ão da cápsula dorsal do punho15,16 epelamobilidadearticularmaisprecoce,com a
remoc¸ãodaimobilizac¸ãoporumperíodonãomaiordoque uma semana.17 Entretanto, outros autores27,28 apresentam
resultados,emlongoprazo,dealterac¸õesradiográficas dege-nerativasnorádioou,aindamais,nacabec¸adocapitato,sem repercussãoclínica.Emnossoestudo,observou-seum paci-entedoGrupoAcomalterac¸ãoradiográficadafossasemilunar dorádio,comrepercussãoclínicaapósumanodacirurgia.
Nossoestudousouobotãocarpal®eoenxertoósseoem blocoparaaartrodesedosquatrocantos.Mantovannietal.19e
Merreletal.,20quetambémusaramplacascircularesemsuas
pesquisas,equesugerirammodificac¸õesnatécnica,comoo usodeenxertoemblocoretiradodoescafoideouda metá-fisedaextremidadedistaldorádio,apresentaramresultado superior,commenortaxadecomplicac¸ãodoqueadoestudo deKendalletal.21Nãoexistemdiferenc¸asestatísticas
signifi-cativasnosparâmetrosfuncionais,apósumoudezanos,de pós-operatóriodospacientessubmetidosàartrodesedos qua-trocantos.29Nestepresenteestudo,observou-seapenasum
casodepseudartrosedosquatrocantos,comsolturadeum parafusodobotãocarpal.
AoavaliaroarcodemovimentodoGrupoA(carpectomia), observam-se68,50%deADMemrelac¸ãoaoladocontralateral nesteestudo,64%noestudodeTomainoetal.,47%na
pes-quisadeWryicketal.,5 57%notrabalhodeCoheneKozin,6
61%notrabalhodeDidonnaetal.27e63%noestudode
Jeb-sonetal.28NoGrupoB,observamosumarcodemovimento
depunhode58,01%emcomparac¸ãocomoladonãoafetado ede41%noestudodeTomainoetal.,4de47%napesquisade
Wryicketal.,5de64%notrabalhodeCoheneKozin6ede46%
noestudodeKendalletal.21Nãoforamusadososdados
refe-rentesapronossupinac¸ãoporacreditarmosqueaarticulac¸ão radioulnardistalnãoéacometidanessapatologia,segundo essesautores1–3também.Quandocomparadososresultados
daforc¸adepreensãopalmardoGrupoAdesteestudocomos daliteratura,apresentaram-se78,67%doladonormale96% noestudodeTomainoetal.,4de94%napesquisadeWryick
etal.,5de71%notrabalhodeCoheneKozin,6de47%noensaio
deBisnetoetal.,9 de80% noestudodeImbriglia,18 de91%
notrabalhodeDidonnaetal.27ede83%noestudodeJebson
etal.28NoGrupoB,observamosovalorde65,42%doladonão
afetadonessespunhosede81%noestudodeTomainoetal.,4
de74%napesquisadeWryicketal.,5de79%notrabalhode
CoheneKozin,6de73%noensaiodeBisnetoetal.9ede56%
noestudodeKendalletal.21Nãohouvediferenc¸aestatística
significativaparaosresultadosclínico-funcionais.
Ataxa decomplicac¸ãoéde7,69%noGrupoAede7,1% no Grupo B e de 0% no estudo de Tomaino et al.,4 10%
no estudo de Jebson et al.,28 18% no trabalho de Didonna
et al.,27 0% no trabalho de Cohen e Kozin,6 11% na
pes-quisadeWryicketal.,5 62,5%noestudodeKendalletal.21
e3,7% no trabalho de Imbriglia.18 Adegenerac¸ão articular
radiocapitatoéfrequente7,27,28(12/26pacientesapósdezanos
de seguimento)e mostra-se assintomática na maioria dos pacientes,18masumpacientedesteestudo,adultoativo,que
retornouaotrabalho,evoluiumal,comdegenerac¸ão articu-larradiocapitato,7,12,18 efoi submetido aartrodese totaldo
punho.18,25 Emboranãotenhavalorestatísticosignificativo,
aindicac¸ãodacarpectomiaempacientesadultosjovensdeve serevitada.Observa-senoGrupoB,umainferioridadequando comparado comestudosqueusaram asplacascircularese umasemelhanc¸acomosestudosqueusaramfiosdeKirschner eparafusos,talvezpelamelhoriadométodoepelaseguranc¸a datécnica.7,12,19,20 Acomplicac¸ãoapuradanesteensaiofoia
pseudartrosedosquatrocantos,pacienteessequenãoquisser submetidoarevisãodoprocedimento,porqueficousatisfeito comoresultadoclínico-funcional.
Quantoaoretornoaotrabalho,háresultadosbem seme-lhantescomosestudoscitados.Retornaramasuasatividades laborais69,23%dospacientessubmetidosacarpectomianeste ensaio,86%notrabalhodeCoheneKozin,680%noestudode
Tomainoetal.4e57,14%nossubmetidosaartrodesedos
qua-trocantosnesteestudo,100%noestudodeTomainoetal.4e
86%noestudodeCoheneKozin.6
Nãohouvediferenc¸aestatísticaentreosgruposparaessa variável.Porém,acreditamosqueessesdadosacima apresen-taramvaloresobjetivosesubjetivose,assim,nãoconfiamos noresultadodavariávelretornoaotrabalho.
Quando comparados os dois métodos, observamos na literatura4–8,12 umaligeirasuperioridade emtodosos
parâ-metros funcionais analisados dos pacientes submetidos a carpectomia, àexcec¸ão doestudode CoheneKozin6 edo
ensaiodeBisnetoetal.,9commelhorresultadodaforc¸ade
preensãopalmarparaospacientessubmetidosaartrodesedos quatrocantos.
Nenhumartigopublicadoatéomomentoapresentatodos ospacientescomamesmapatologiainicialdeSNAC,queleva aosteoartrosedopunho.Amaioriadosestudosqueusaram aartrodesedosquatrocantosparaotratamentoda osteoar-trosedopunhonãouniformizouatécnicadeosteossíntese paraafixac¸ãodosquatrocantos(quemesclaousodefiosde Kirschner,parafusosdecompressãoouplacascirculares). Des-sestrabalhoscitados,háapenasumrandomizado,9que,ainda
sim,nãouniformizouapatologiainicialqueprogrideparao colapsocarpal.Existeumestudo10queincluiuapenas
paci-entescomSLACeapresentoumenortempodeinternac¸ãoe menortaxadecomplicac¸ãoemfavordacarpectomiaesugeriu esseprocedimentoparaosestágiosIeII.Oestudode Mul-fordetal.,7únicarevisãosistemáticade52artigos,também
sugereacarpectomiacomooprocedimentode menortaxa decomplicac¸ão,destacaaosteoartroseradiocapitato,que,na maioriadospacientes,éassintomática.
Poresses motivos, talvez ocorramalgumas divergências nosvaloresdasvariáveisestudadas,quandocomparadoscom osdonossoestudo.
Ambossãométodoscirúrgicosdesalvamento,apresentam limitac¸ões funcionais e sociais, com diminuic¸ão dos valo-resobtidosemtodos oscritériosanalisadosnesses punhos quandocomparadoscomoladonãoacometido.
artrodesetotaldopunho,apresentamosresultadossuperiores doDASHaosdoestudodeAndersoneAdams26ederetorno
aotrabalhodospacientesdoestudodeWeisseHastings.25
Quandocomparadosaoutrosprocedimentosdeartrodese parcialdopunho,comoafusãoradioescafossemilunar,que permiteamobilidadedopunhonaarticulac¸ãomediocárpica, osresultadosdestenossoestudotambémsãosuperioresaos doestudodeSaffar,22queapresentouovalorde57%daforc¸a
depreensãopalmar.Beyermannetal.23apresentaramDASH24
de25,7.Dimitriosetal.24 apresentarambonsresultadosem
seuestudoretrospectivodeartrodesedamediocárpica modi-ficada,emqueusaramenxertodeilíacoparamanteraaltura carpal,apresentaram consolidac¸ão de todos os casos, sem complicac¸ãocitada.
Conclusão
Ospacientes apresentarammelhoriaclínicaefuncionaldo punho, ganhodeforc¸ade preensãopalmar,diminuic¸ão da doremelhoriadaqualidadedevidaapósotratamentodessa doenc¸apelosdoismétodosaplicadosnesteensaio.
Os resultados clínico-funcionais não apresentam diferenc¸asestatísticasparaosdoismétodosestudados.
Conflitos
de
interesse
Osautoresdeclaramnãohaverconflitosdeinteresse.
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