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A dança dos blocos, empresários, políticos e técnicos: condicionantes da dinâmica de colaboração Interorganizacional do carnaval de Salvador.

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Academic year: 2017

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in t e r or ga n iz a cion a l do ca r n a v a l de Sa lv a dor

A D

ANÇA DOS

B

LOCOS

, E

MPRESÁRIOS

, P

OLÍTICOS

E

T

ÉCNICOS

:

CONDICIONANTES DA DINÂMICA DE

COLABORAÇÃO INTERORGANIZACIONAL DO CARNAVAL

DE

S

ALVADOR1

Sa n dr o Ca br a l* D a le Kr a n e* * Fa gn e r D a n t a s* * *

Resumo

A

o analisar a evolução dos pr ocessos de colaboração ent r e ent idades públicas e pr ivadas no planej am ent o e operação do Car naval de Salvador, dent r o de um a per spect iva hist ór ica, pr opom os alguns fat or es que aj udam a explicar a dinâm ica de colaboração int er or ganiza-cional em m egaevent os. Pr ocessos int erat ivos envolvendo difer ent es agências t or naram - se fundam ent ais na m edida em que o event o cr esceu em t am anho, diver sidade e com plexidade. Para t ant o, sob o pont o de vist a t eór ico, ut ilizam os as lent es das t eor ias de colaboração int er or-ganizacional e, sob o pont o de vist a em pír ico, ut ilizam os um a abor dagem qualit at iva por m eio de análise docum ent al e ent r evist as em pr ofundidade j unt o a 13 at or es r elevant es. Nossas análises apont am que os pr ocessos colaborat ivos para a or ganização do Car naval de Salvador est ão r elacionados com o alinham ent o polít ico ent r e as esferas m unicipal e est adual, com o grau de cent ralidade ocupado por alguns at or es no pr ocesso, com a pr esença de um cor po t écnico det ent or do know - how do event o e com elem ent os de nat ur eza inst r um ent al e sim bólica.

Pa la v r a s- ch a v e : Colaboração int er or ganizacional. Megaevent os. Car naval. Salvador.

The Dance of “Blocos”, Entrepreneurs, Politicians and Technicians:

interorganizational collaboration dynamics of the carnival in Salvador

Abstract

U

sing t he Car nival of Salvador as an exam ple, in t his paper w e pr opose som e explanat ions for t he int er or ganizat ional collaborat ion of m ega- event s. Collaborat ive pract ices involving differ ent public and pr ivat e or ganizat ions ar e cr ucial, given t he evolut ion of Car nival in Salvador in t er m s of it s size, diver sit y and com plexit y. We view it t hr ough t he lenses of t he int er- or ganizat ional collaborat ion t heor ies as our m ain t heor et ical fram ew or k. A qualit at ive appr oach using docum ent ar y analysis and in- dept h int er view s w it h 13 r elevant act or s is used. Our r esult s suggest t hat t he collaborat ive pr ocesses ar e r elat ed t o t he alignm ent bet w een local and sub- nat ional gover nm ent s, t o t he degr ee of cent ralit y of som e key act or s, t o t he pr esence of a specialized t echnical st aff, w ho have t he appr opr iat e know- how for or ganizing and operat ing t he event , and t o t he pr esence of sym bolic and inst r um ent al t opics.

Ke y w or ds: I nt er or ganizat ional collaborat ion. Mega- event s. Car nival. Salvador.

1 Os aut or es agr adecem a um par ecer ist a anônim o e aos edit or es, José Ant ônio Gom es de Pinho e

Ber nar do Buar que de Holanda, por suas valiosas cont r ibuições; ao CNPq pelo supor t e fi nanceir o à pesquisa; e aos diver sos ent r evist ados que cont r ibuír am par a a r ealização dest e t r abalho. Er r os e om issões são de nossa int eir a r esponsabilidade.

* Dout or em Adm inist r ação pela Escola de Adm inist r ação da Univer sidade Feder al da Bahia – EAUFBA

Pr ofessor de Oper ações e Est r at égia da EAUFBA, Salvador / BA/ Br asil. Ender eço: Av. Reit or Miguel Cal-m on, s/ n, 3.andar . Salvador / BA. CEP: 41110- 903. E- Cal-m ail: scabr al@ufba.br

* * Dout or em Ciência Polít ica pela Univer sidade de Minnesot a, Kayser Chair Pr ofessor , School of Public

Adm inist r at ion da Univer sit y of Nebr aska, Om aha/ NE/ EUA. E- m ail: dkr ane@unom aha.edu

* * * Mest r e em Adm in ist r ação pela EAUFBA. An alist a de Plan ej am en t o e Desen v olv im en t o Ur

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Introdução

I

ndependent e das preferências est ét icas, m usicais e art íst icas de cada indivíduo, não se pode negar que o Car naval de Salvador ocupa posição de dest aque no cenár io m undial de m anifest ações cult urais. At raindo cent enas de m ilhar es de pessoas durant e seis dias, o event o baiano, caract er izado por seus t r ios elét r icos, é igual-m ent e r esponsável pelo lançaigual-m ent o de diver sos ar t ist as locais e pela consolidação de um a indúst r ia de ent r et enim ent o que ar t icula am pla cadeia de for necim ent o de pr onunciada im por t ância, t ant o para a dinam ização da econom ia local com o para a pr ópr ia cult ura baiana. Com efeit o, Dant as dos Reis ( 2000) lem bra que o Car naval de Salvador, além de pr om over a celebração da t ransgr essão em seus m ais diver sos aspect os, t am bém , r efor ça o sent im ent o de per t encim ent o à cult ura local, com im por-t anpor-t es consequências para a afi rm ação da idenpor-t idade culpor-t ural do povo baiano. Tem - se, assim , um caso bast ant e peculiar de ext er nalidades posit ivas geradas a par t ir de um event o de grandes pr opor ções.

No ent ant o, o processo de planej am ent o e operação de um m egaevent o revest e-- se de com plexidade, na m edida em que dem anda a ar t iculação de um a m ir íade de at or es gover nam ent ais e não- gover nam ent ais. No pr im eir o gr upo, fi guram or gani-zações r esponsáveis pelos ser viços de or ganização do event o, segurança, gest ão do t rânsit o, saúde, vigilância sanit ária, organização do t ransport e, lim peza, ordenam ent o do uso do solo, j uizado de m enores, dent re out ras agências governam ent ais. O segun-do gr upo é com post o por em pr esár ios segun-do set or de ent r et enim ent o r esponsáveis por blocos e cam ar ot es, m úsicos, associações de classe e sindicat os, ent idades cult urais e car navalescas, concessionár ios de ener gia elét r ica, r epr esent ant es dos set or es ho-t eleir os, apenas para ciho-t ar alguns. Ser ia de se esperar que as inho-t erações exisho-t enho-t es não fossem isent as de confl it os e de episódios de com plet a não- cooperação na m edida em que os at or es possuem agendas dist int as, não rar o, desalinhadas ent r e si. Com efeit o, disput as polít icas ent r e agências est aduais e ent idades m unicipais poder iam em er gir na or ganização do event o ao pont o de inviabilizá- lo.

No ent ant o, a obser vação da r ealidade r evela que a sit uação habit ual de falt a de colaboração int er or ganizacional não se obser va plenam ent e no Car naval de Sal-vador. Ao cont r ár io, or ganizações que confl it am e não cooperam em suas at ividades r egular es, t endem a t rabalhar de for m a pact uada para r ealizar o planej am ent o e as at ividades do Car naval, com o, por exem plo, as Polícias Civil e Milit ar ou as agências de saúde est aduais e m unicipais. Evident em ent e, as pr át icas de gest ão r elacionadas ao Car naval de Salvador não sur giram de for m a int em pest iva, sendo, na ver dade, decor r ent es de um pr ocesso hist ór ico m ar cado por er r os e acer t os, avanços e r e-t r ocessos ao longo do e-t em po. Assim , no pr esene-t e e-t rabalho ine-t ene-t am os com pr eender os fat or es que aj udam a explicar a dinâm ica de colaboração int er or ganizacional em m egaevent os com o o Car naval de Salvador.

Para at ingir o obj et ivo pr opost o, em pr egam os, sob o pr ism a analít ico, as t eor ias de colaboração int er or ganizacional no set or público, por m eio das quais se podem com pr eender os fat or es est im ulador es e im pedit ivos do pr ocesso colaborat ivo, assim com o o papel de lideranças na dinâm ica de cooperação e das r edes de gover nança em m eio a am bient es m ar cados por um a sér ie de font es de t ensões ( ANSELL; GASH, 2008; PROVAN; KENNI S, 2008; SAZ- CARRANZA; OSPI NA, 2011) . Usando t ais lent es, recorrem os a um a pesquisa de cam po de cunho qualit at ivo, na qual, por m eio de ent re-vist as em profundidade j unt o a 10 at ores part icipant es no processo de planej am ent o e operacionalização do Car naval de Salvador, e de análise docum ent al ut ilizando font es pr im ár ias e secundár ias, discut im os a evolução hist ór ica da colaboração r elacionada ao event o. Nesse sent ido, t rabalhos pr évios focalizando a gest ão e a econom ia do Car naval sot er opolit ano são invocados para aj udar a const r uir o panoram a do event o ( LOI OLA; MI GUEZ, 2009; MI GUEZ; LOI OLA, 2011) .

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in t e r or ga n iz a cion a l do ca r n a v a l de Sa lv a dor

present es nas agendas governam ent ais, além de verifi car a aderência das t eorias de colaboração int erorganizacional num cont ext o pouco usual, porém , não m enos relevant e.

O t rabalho est á est rut urado da seguint e form a. Na próxim a seção, abordam os os principais aspect os t eóricos do processo de colaboração int erorganizacional. Na sequên-cia, apresent am os as font es de dados e a est rut ura m et odológica de nossa invest igação. Post eriorm ent e, descrevem os a gênese e a evolução do processo de colaboração para a organização do Carnaval de Salvador, com preendendo o período ent re 1986 e 2011. Em seguida, ao discut ir os fat ores que infl uenciam a dinâm ica de colaboração, ofere-cem os quat ro proposições que aj udam a explicar os aspect os relacionados ao processo de colaboração para o planej am ent o e operação de m egaevent os, t ais com o o Carnaval de Salvador. A últ im a seção é dedicada às conclusões do t rabalho.

Colaboração Interorganizacional: aspectos teóricos

O aum ent o das dem andas dos cidadãos vem im pondo um a sér ie de desafi os aos agent es gover nam ent ais em função do incr em ent o da com plexidade associada à pr ovisão dos ser viços e dos pr ópr ios cust os cor r elat os, sobr et udo em m eio a um cenár io m ar cado por r est r ições or çam ent ár ias. Diant e das lim it ações gover nam ent ais para a viabilização de bens e ser viços de int er esse público de for m a isolada, pr át icas colaborat ivas envolvendo difer ent es agências gover nam ent ais, at or es pr ivados e en-t idades ligadas ao en-t er ceir o seen-t or en-t êm sur gido com o alen-t er naen-t iva em diver sas localida-des do m undo. Confor m e ar gum ent am Cabral, Krane e Dant as ( 2011) , as m udanças engendradas a par t ir da com binação de diver sos at or es para pr ovisão de ser viços públicos, além de t ur var as fr ont eiras que dist inguem a esfera pública gover nam ent al da esfera pr ivada, t am bém cont r ibuem para a descent ralização e para a t ransfer ência das polít icas públicas para além das est r ut uras cent ralizadas t radicionais.

Tal qual no m undo em pír ico, a em er são de ar ranj os colaborat ivos im põe desa-fi os t eór icos aos pesquisador es debr uçados na t em át ica das polít icas públicas. Adesa-fi nal, ur ge com pr eender quais fat or es levam os at or es a colaborar ent r e si ( ALTER; HAGE, 1993) , em m eio a um pr ocesso cuj os dilem as da ação colet iva t razem possibilidades de cooperação e confl it o ( OLSON, 1999) , sobret udo em cont ext os nos quais indivíduos e or ganizações at uam de for m a int er dependent e e t om am decisões volt adas ao at en-dim ent o de suas dem andas de cur t o prazo, não rar o levando a r esult ados colet ivos sub- ót im os ( OSTROM, 2005) .

Ainda que se t enha obser vado um a ext ensiva pr odução r elacionada à t em át ica da colaboração ao longo das últ im as décadas ( OSTROM, 1990; RI NG; VAN DER VEN, 1994; BI NGHAM; O’LEARY, 2008) , com o de hábit o no m undo acadêm ico, ainda não há um consenso sobr e um a defi nição a r espeit o do conceit o de colaboração int er or-ganizacional. Nesse diapasão, Krane e Lu ( 2010) ident ifi caram que o signifi cado de colaboração var ia de acor do com as pr efer ências e as disciplinas de or igem de cada aut or, podendo ser t ipifi cada com o pr ocesso, com o um r elacionam ent o or ient ado a um a fi nalidade, com o caract er íst ica de um a r ede, com o o r esult ado de um pr ocesso int erat ivo ou com o am bos, processo e arranj o inst it ucional. Dent re as várias defi nições exist ent es, Kir k, Nabat chi e Balogh ( 2012) ofer ecem um a defi nição de gover nança colaborat iva que vai além da m era r elação ent r e o gest or público e out ras agências governam ent ais. Para eles, a governança colaborat iva abrange o processo e a est rut ura da decisão de polít ica pública, envolvendo pessoas que agem de for m a const r ut iva at ravés das fr ont eiras ent r e gover nos, agências e out ras esferas cívicas, de m aneira a at ender a um pr opósit o que não ser ia at endido sem o pr ocesso int erat ivo.

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conhecim ent o ent r e as par t es, que j unt as m oldam os incent ivos e as r est r ições para a par t icipação. Em paralelo, t em - se o desenho inst it ucional que cir cunda o pr ocesso colaborat ivo com post o pelas r egras de par t icipação, condições de inclusão de at or es, além de aspect os ligados à responsabilização dos agent es e t ransparência do processo colaborat ivo. Um t er ceir o com ponent e r elevant e é a pr esença de lider ança facilit ador a para que as diver sas par t es int er essadas possam se com pr om et er com a colaboração int er or ganizacional. Esses t r ês com ponent es alim ent am o pr ocesso colabor at ivo em si, dent r o do qual se obser va um ciclo iniciado por diálogos pr esenciais que, por sua vez, est im ulam a const rução da confi ança m út ua necessária ao com prom et im ent o dos diversos st akeholders com o processo de colaboração e ao ent endim ent o com part ilhado das m issões, dos pr oblem as e dos valor es em com um , os quais levam às pequenas vit ór ias int er m ediár ias capazes de r efor çar o ciclo do pr ocesso de cooperação, at é que se obt enha o r esult ado fi nal decor r ent e da gover nança colaborat iva.

A gover nança de m últ iplas or ganizações engaj adas em pr ocessos colaborat ivos é r ealizada nor m alm ent e em am bient e de r ede. A r ede, nesse caso, ser ia vit al para a obt enção de r esult ados im possíveis de ser em obt idos por m eio da ação individual. Pr ovan e Kenis ( 2008) pont uam que as r edes de cooperação podem assum ir for m at os dist int os com m aior ou m enor grau de cent ralização. De um lado, há est rut uras em que os m em br os da r ede colaboram sem a pr esença de um a ent idade apt a a gover nar as r elações. Com decisões t om adas de for m a com par t ilhada, t ais r edes se caract er izam pela int ensa part icipação de seus m em bros, dependendo quase que exclusivam ent e do envolvim ent o e do com pr om et im ent o dos com ponent es da r ede que, nesse caso, não apr esent a pr onunciadas assim et r ias de poder, ainda que seus com ponent es possuam diferent es caract eríst icas. Em alguns casos, no ent ant o, as disfunções de um am bient e descent ralizado suscit am a coor denação explícit a de um at or da r ede por m eio de um a est r ut ura cent ralizada, a exem plo de cadeias de pr odução da indúst r ia aut om ot iva com plexas, lideradas por um a ent idade cent ral em m eio a um ar ranj o cent r o- radial, no qual um a or ganização âncora r ealiza os esfor ços de or quest ração das at ividades ( SANTOS; CROCCO; LEMOS, 2002) ou de r edes de pesquisa e desenvolvim ent o de equipam ent os m ilit ar es e sist em as de defesa nacional, coor denadas por ór gãos de pesquisas gover nam ent ais ( OUDOT, 2008) .

Em m eio às for m as polar es de gover nança de r edes, Pr ovan e Kennis ( 2008) apr esent am o conceit o de or ganizações adm inist rat ivas independent es volt adas à go-ver nança das r edes. Nesse caso, em bora os m em br os da r ede t enham a possibilidade de int eragir ent r e si, a est r ut ura cent ralizada per m it e um a m elhor coor denação dos esfor ços, at enuando os esfor ços adver sos de est r ut uras com par t ilhadas. A liderança de t ais or ganizações pode ser apont ada pelos pr ópr ios m em br os ou por at or es gover-nam ent ais ext er nos int er essados nos r esult ados posit ivos da r ede ( SAZ- CARRANZA; OSPI NA, 2011) . Em bora as escolhas para a adoção de um a ou out ra for m a para gover nança de r ede possam se dar por pr efer ências ou exper iência pr évias de seus m em br os, a exist ência de m enor es níveis de confi ança ent r e os m em br os da r ede, o m aior núm er o de par t icipant es, a m aior diver gência de pr efer ências ent r e os par t ici-pant es e um a m aior necessidade de com pet ências específi cas para o ger enciam ent o de redes são fat ores que levam a um a m aior chance de est rut uras cent ralizadas serem m ais efet ivas. No caso de est r ut uras adm inist rat ivas volt adas explicit am ent e à gest ão de r edes de colaboração, sua efi cácia ser á m aior quando o nível de confi ança ent r e os par t icipant es apr esent a m oderada int ensidade, quando a or ganização puder ser m onit orada por seus m em bros, quando o núm ero de part icipant es for elevado, quando o consenso em r elação aos obj et ivos for de m oderado a alt o e quando se necessit a de alt a capacit ação para lidar com a ar t iculação j unt o a at or es int er nos e ext er nos, com o for m a de assegurar a legit im idade e a longevidade da r ede ( PROVAN; KENNI S, 2008) .

Conflitos e tensões em redes de colaboração interorganizacional

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aspirações, m et as dist int as e caract eríst icas organizacionais diversas ( SAZ- CARRANZA; OSPI NA, 2011) . As font es de t ensão em r edes de colaboração incluem os dilem as: efi ciência ver sus inclusão, legit im idade int er na ver sus legit im idade ext er na, fl exibi-lidade ver sus est abiexibi-lidade ( PROVAN; KENNI S, 2008) e unidade ver sus diver sidade ( SAZ- CARRANZA; OSPI NA, 2011) .

Além de im por em desafi os ao pr ocesso colaborat ivo, as font es de confl it o, r ela-cionadas acim a, am eaçam a efet ividade da r ede com o um t odo. Assim , cabe analisar cada um desses aspect os em par t icular com o for m a de pr over inst r um ent os t eór icos aos gest or es e pesquisador es int er essados na t em át ica de colaboração int er or ganiza-cional. Pr im eiram ent e, são pat ent es as t ensões ent r e efi ciência, m edida pelo núm er o de pr odut os em r elação aos insum os em pr egados, e inclusão dos diver sos at or es no pr ocesso decisór io da r ede, na m edida em que um a par t icipação m ais abrangent e pode dim inuir a velocidade e com pr om et er o foco das decisões t om adas, ainda que pot encialm ent e aum ent e o com pr om et im ent o dos par t icipant es ( PROVAN; KENNI S, 2008) . Por out ro lado, um a m enor confi ança ent re os agent es de um a rede, decorrent e de sua exclusão no pr ocesso de decisór io, pode com pr om et er a dinâm ica do pr ocesso colaborat ivo e, logo, os r esult ados da r ede de colaboração ( ANSELL; GASH, 2008) .

Em segundo lugar, as redes de colaboração int erorganizacionais podem enfrent ar o dilem a ent r e a busca de aceit ação ent r e os m em br os da r ede ( legit im idade int er na) e o r econhecim ent o por par t e de at or es ext er nos ao ar ranj o ( legit im idade ext er na) . Com efeit o, ao at ender as dem andas int er nas de seus m em br os, um a r ede pode com -pr om et er sua im agem perant e à par cela im por t ant e da opinião pública, por exem plo, caso os vet or es de pr efer ências sej am dist int os. Por out r o lado, caso haj a assim et r ia de poder ent re os com ponent es da rede, sua legit im idade int erna e ext erna pode est ar em xeque, sobr et udo, quando há diver gência nos obj et ivos do gr upo dom inant e, dos dem ais gr upos int er nos e do am bient e ext er no, com pr om et endo, além do pr ocesso de colaboração em si, a pr ópr ia efi cácia da r ede. Dest ar t e, a efi cácia envolve ações que equilibr em as dem andas int er nas e ext er nas, com o for m a de benefi ciar a r ede com um t odo ( HUMAN; PROVAN, 2000) .

Adicionalm ent e, Pr ovan e Kennis ( 2008) cham am a at enção para o t r ade- off ent r e fl exibilidade e est abilidade. De um lado, um a r ede m ais fl exível e com r egras e códigos de condut as m enos r ígidos per m it e um a m aior adapt abilidade aos desafi os ext er nos ( DYER, 1997) . No que t ange a ser viços públicos, r edes colaborat ivas podem , por exem plo, cont or nar as diver sas r est r ições inst it ucionais e bur ocr át icas exist ent es, coordenando os esforços de várias agências com o form a de responder a um a dem anda lat ent e, especialm ent e quando est ão envolvidas quest ões em er genciais que afet am por ções r epr esent at ivas da população ( AGRANOFF; MCGUI RE, 2001) . Por out r o lado, dent r o de um a per spect iva de longo prazo, a est abilidade e a sust ent abilidade da r ede pr ecisam ser levadas em consideração, na m edida em que são cr uciais para a pr ovisão de r espost as aos diver sos st akeholder s exist ent es no ent or no da r ede e para a pr ópr ia efi ciência ger encial da r ede ao longo do t em po. Assim , dado que a busca por est abilidade pode enr ij ecer as est r ut uras adm inist rat ivas da r ede, m inando sua fl exibilidade, o equilíbr io ent r e essas duas dim ensões não é t r ivial, fazendo com que um a ou out ra ver t ent e acabe pr evalecendo ( PROVAN; KENNI S, 2008) .

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ran-j o colaborat ivo e das or ganizações que a com põem ( UZZI , 1997) . Em seu t ur no, a excessiva diver sidade pode fazer com que sej a difícil encont rar um pont o com um de int er esse capaz de alavancar o pr ocesso colaborat ivo int er or ganizacional.

Dados e Método

No int uit o de com pr eender a evolução das pr át icas colaborat ivas para a or gani-zação do Car naval de Salvador, em pr egam os um a análise em inent em ent e qualit at iva de car át er explorat ór io, r ecom endada para sit uações em que se desej a obt er um a m elhor com pr eensão de um a sit uação pouco est udada ( BABBI E, 2010) .

Nessa linha, nos valem os de 10 ent r evist as em pr ofundidade j unt o a at or es par t icipant es do planej am ent o do Car naval, alguns deles m em br os de um a or ganiza-ção ext er na volt ada a fom ent ar as discussões e est im ular a colaboraganiza-ção das par t es int er essadas no sucesso do event o: o Conselho Municipal do Car naval ( COMCAR) . Mais especifi cam ent e, ut ilizam os ent r ev ist as sem iest r ut uradas cont endo quest ões pr eviam ent e for m uladas a par t ir das t eor ias de colaboração int er or ganizacional, sem , necessar iam ent e, t er seguido o r ot eir o em sua plenit ude, de for m a a capt urar novas dim ensões em er gent es a par t ir do pr ocesso de int eração com os ent r evist ados. O r ot eir o, em nosso caso, ser viu com o dir ecionador dos diálogos. As ent r evist as foram conduzidas ent r e m aio de 2011 e m aio de 2012, sendo que cada ent r evist a dur ou ent r e 60 e 160 m in, t ot alizando m ais de 17 horas de diálogo. Algum as das ent r evist as foram gravadas e t ranscr it as, j á out ras, para evit ar const rangim ent os por par t e dos r espondent es, não foram gravadas. Nesse últ im o caso, além de t om ar not a durant e as conver sações, o r esponsável por esse t ipo de ent r evist a confeccionou r elat ór ios det alhados im ediat am ent e após a r ealização da int eração com o ent r ev ist ado. O Quadr o 1 m ost ra os perfi s dos ent r evist ados e seu r espect ivo t em po de exper iência no pr ocesso de planej am ent o do Car naval.

Qu a dr o 1 - D e scr içã o da s En t r e v ist a s Re a liz a da s

Fu n çã o

Te m po de e n v olv im e n t o e m qu e st õe s liga da s a o

Ca r n a v a l de Sa lv a dor

D a t a da e n t r e v ist a

D u r a çã o da e n t r e v ist a

Vice- Pr efeit o ( 2009- 2012) e Coor denador- Geral dos Car navais de 2010 e 2011

3 anos ( 2009- 2011) 15/ 05/ 2011 90 m in.

Músico e Dir et or de Fest as Popular es da Em pr esa Municipal de Tur ism o ( SALTUR)

7 anos ( 2005- 2011) 30/ 06/ 2011 60 m in.

Ger ent e de Car naval da SALTUR 25 anos ( 1986- 2011) 06/ 07/ 2011 90 m in.

Chefe da Casa Civil e

Repr esent ant e do Gov. do Est ado na Coor d. Execut iva do Car naval ( 2012)

1ano ( 2012) 03/ 10/ 2011 60 m in.

Pr esident e da SALTUR e Repr esent ant e do Município na Coor d. Execut iva do Car naval ( 2012) .

3 anos ( 2009- 2011) 11/ 10/ 2011 90 m in.

Repr esent ant e da Polícia Milit ar no Planej am ent o do Car naval

17 anos ( 1994- 2011) 26/ 10/ 2011 90 m in.

Dir et ora de Tr ânsit o da

Em pr esa Municipal de Tr ânsit o e Transpor t e ( TRANSALVADOR)

8 anos ( 2005- 2012) 24/ 01/ 2012 80 m in.

Dir et or da APA ( Associação dos Pr odut or es de Axé)

27 anos ( 1985- 2012) 27/ 01/ 2012 60 m in.

Dir igent e de Bloco- Afr o 38 anos ( 1974- 2012) 22/ 08/ 2012 70 m in.

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in t e r or ga n iz a cion a l do ca r n a v a l de Sa lv a dor

Font e: dados da pesquisa.

Os relat órios das ent revist as foram em seguida analisados pelos t rês aut ores do t rabalho, os quais prom overam a codifi cação e rot ulação das principais cat egorias e conceit os present es nos depoim ent os. Tal procedim ent o faz- se necessário para que sej a possível descobrir padrões de consist ência nos dados colet ados ( MYERS, 2009) . Em função do quest ionário ( disponível se requisit ado pelo leit or) t er sido const ruído a part ir das t eorias de colaboração, com o era de se esperar, dim ensões ligadas a con-fl it os, t ensões, incent ivos para a colaboração, por exem plo, em ergiram na análise de cont eúdo. No ent ant o, as análises dos t ext os revelaram dim ensões não present es nas t eorias analisadas previam ent e, a exem plo dos fat ores sim bólicos para a cooperação e do com prom et im ent o para o sucesso do event o, dem onst rando novas nuances do processo colaborat ivo que em ergem a part ir da análise dos dados ( GLASER; STRAUSS, 1967) .

Adicionalm ent e, foram analisados docum ent os ofi ciais, relat órios int ernos e at as de reuniões do planej am ent o e operação do Carnaval. Todos os dados colet ados por m eio de diferent es font es foram t riangulados de acordo com as recom endações de Myers ( 2009) . Nat uralm ent e, visões confl it ant es e coincident es dos fenôm enos sociais invest i-gados em ergiram durant e o processo de confront o das diferent es font es de inform ação.

Colaboração no Carnaval de Salvador

Na pr esent e seção, apr esent am os dois aspect os da evolução do Car naval de Salvador que vêm m oldando o pr ocesso colaborat ivo que hoj e per m it e, ent r e cr ít icas e elogios, a r ealização do event o. Em um pr im eir o m om ent o, ser á apr esent ado, em br eve panoram a, o hist ór ico da fest a em si, do seu sur gim ent o com o sucedâneo do ent rudo port uguês, passando pelo redim ensionam ent o ocasionado pela criação do t rio elét r ico, para, por fi m , lançar um olhar m ais det alhado sobr e a dinâm ica da fest a nos 25 anos que com põem o per íodo exam inado ( 1986- 2011) . Em um segundo m om ent o, um aspect o específi co dessa evolução ser á aqui dest acado. Trat a- se da evolução dos m odelos de gest ão e ar ranj os colaborat ivos que foram sendo for m ados em r espost a às m udanças que ocor r eram ao longo da exist ência do event o durant e o per íodo cor-r espondent e ao nosso cor-r ecocor-r t e t em pocor-ral.

Carnaval de Salvador: evolução

Tendo suas raízes ligadas ao ent r udo lusit ano, a or igem do Car naval baiano t em sido explorada por diversos est udiosos ( RI SÉRI O, 1981; GÓES, 1982; MENEZES, 1994; MI GUEZ, 1996; MOURA, 2001; DI AS, 2002) . Das br incadeiras, por vezes violent as, m ar cadas pelo lançam ent o de água, lam a e bolas de cera com cont eúdos dos m ais diver sos m at izes, aos desfi les das sociedades Car navalescas e dos bailes em am bien-t es fechados à ar isbien-t ocracia local, ao r ebien-t or no das fesbien-t ividades para o espaço público, o Car naval de Salvador t em se r econfi gurado ao longo do t em po.

A segunda m et ade do século XX t rar á novas r econfi gurações da fest a. Essas r econfi gurações decor r eram de quat r o grandes m udanças ocor r idas ent r e a década

Coor d. da Sec. Municipal de Ser v. Públicos e Pr evenção à Violência ( SESP) e Repr es. da SESP na Or g. dos Car navais de 2008 a 2012; e

Chefe de Set or / SESP e Par t icipant e na Or g. dos Car navais de 2008 a 2012

5 anos ( 2008- 2012) 25/ 04/ 2012 160 m in.

Dir igent e de Bloco de Sam ba 20 anos ( 1992- 2012) 14/ 09/ 2012 30 m in.

Cr onist a do Car naval de Salvador 46 anos ( 1964- 2012) 18/ 09/ 2012 150 m in.

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de 1950 e os anos 2000, t endo com o divisor de águas a década de 1980. Assim , em 1950, é cr iado por Adolfo Nascim ent o ( Dodô) e Osm ar Macedo ( Osm ar ) o que vir ia a ser o m aior sím bolo do Carnaval de Salvador: o t rio elét rico. Desconst ruindo, de um a só t acada, o dist anciam ent o ent r e palco e plat eia, a geografi a fi xa dos salões e o cont r ole hierárquico dos part icipant es, a popularização do t rio elét rico esvaziaria os t radicionais clubes Car navalescos ( MI GUEZ, 1996; MI GUEZ; LOI OLA, 2011) , r edem ocrat izando a fest a por m eio da cent ralidade do papel da r ua no event o ( DI AS, 2002) . O segundo elem ent o que r efor çar á t ant o o papel da r ua, j á pot encializado pelo t r io elét r ico, m as pr incipalm ent e a popular ização e a at rat ividade do Car naval, ser á a “ r eafr icanização” da fest a ( RI SÉRI O, 1993) . Fenôm eno ocor r ido na década de 1970, o aut or descr eve a ascensão dos blocos Car navalescos de m at r iz afr icana e o sucessos dos afoxés na at ração t ant o da m aior ia negra da cidade, quant o de visit ant es que se encant avam com essa m ar ca dist int iva do Car naval de Salvador.

Em m eio a esse pr ocesso de dem ocrat ização e popular ização do Car naval de r ua de Salvador, cham a- se at enção para os pr im eir os m ovim ent os de m er cant ilização m ais int ensa da fest a, a par t ir das opor t unidades com er ciais aber t as pelo t r io elét r ico ( MENEZES, 1994) . Cur iosam ent e, pot encialidades det ect adas não t ant o por Dodô e Osm ar, icônicos pais da ideia, m as por Or lando Cam pos, cr iador do Tr io Elét r ico Tapaj ós, adapt ado para ser usado inclusive em com ícios polít icos ( MI GUEZ, 1996) , abr e- se espaço para a t er ceira m udança, qual sej a, a em er são dos blocos de t r io que, a par t ir da década de 1980, passam a pr edom inar sobr e os blocos independen-t es. Com efeiindependen-t o, após aquele m om enindependen-t o de clara pr eponder ância do espaço da r ua, local de r edes secundár ias que abr iam m ão das individualidades hom ogeneizant es em favor da generalidade het er ogênea, o bloco de t r io conduz um novo m ovim ent o em favor de r edes pr im ár ias r eest ilizadas, j á que, ao fechar o espaço ocupado por seus int egrant es com um a cor da, descont r ói, em um m ovim ent o inver so aos dos pr im eir os t r ios independent es, a geografi a fi xa dos clubes, r econst r uindo, por t ant o, um a segr egação, agora “ m óvel”. O quar t o m ovim ent o, que, na ver dade, r efor ça as confi gurações cent radas nos ar t ist as sobr e os t r ios, é caract er izado pela assunção de espaços privados ao longo dos circuit os da fest a: os cam arot es. Tais espaços, ao t em po em que cont r ibuíram para o deslocam ent o geogr áfi co do Car naval de Salvador – do cent r o da cidade ao cir cuit o lit or âneo localizado na Or la Bar ra- Ondina que, por suas caract er íst icas, é m ais at rat ivo à com er cialização dos cam ar ot es –, r essignifi cam a r elação ent r e palco e plat eia, cr iando um a nova audiência de alt o poder aquisit ivo e, não rar o, desconect ada com o event o em si, em função do leque de ser viços disponi-bilizados por esses espaços. Por exem plo, há cam ar ot es que ofer ecem , além de visão pr ivilegiada ao event o, um a gam a de opções de ent r et enim ent o e confor t o, desde alim ent ação e bebidas de alt o padr ão, passando por ser viços de m assot erapia, salões de beleza e dancet er ias, sendo fr equent ados por m orador es locais e t ur ist as de alt o poder aquisit ivo ou por convidados dos diver sos pat r ocinador es do event o.

Ao longo de seis dias de fest a, o event o at rai em seus t r ês cir cuit os ( Bar ra-- Ondina, Cam po Grande e Pelour inho) m ais de 650.000 pessoas por dia ( MI GUEZ; LOI OLA, 2011) , gerando um volum e de negócios de R$ 500 m ilhões ( I NFOCULTURA, 2007) . Ainda que o m odelo vigent e do Car naval de Salvador t enha confer ido dividen-dos m at er iais ao Est ado em função das opor t unidades de negócios e de em pr egos gerados para o at endim ent o das necessidades do event o e que o for m at o at ual t enha sido decisivo para o aum ent o da visibilidade de diver sos ar t ist as baianos, a j ulgar pela pr oj eção nacional e int er nacional de pr ofi ssionais locais or iundos do Car naval sot er opolit ano, pairam diver sos quest ionam ent os em r elação a sua confi guração e ao for m at o de par t icipação popular.

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dos blocos e pelos pat rocinadores privados int eressados na vinculação de suas m arcas j unt o a ar t ist as de r enom e, pode- se ar gum ent ar o cont r ár io: o m odelo at ual at ende aos anseios de par t e signifi cat iva da população, a j ulgar pelo expr essivo núm er o de pessoas locais que cont inuam a pr est igiar o event o nas r uas da cidade. Nesse sent ido, um a m inor ia de pagant es, ao viabilizar o fi nanciam ent o dos ar t ist as que a m aior ia das pessoas est á int er essada em ver, garant e a sust ent abilidade fi nanceira do Car naval. Evident em ent e, o volum e de r ecur sos fi nanceir os m ovim ent ados ao longo do Car naval cont r ibuiu para a for m ação de coalizões de at or es públicos e pr ivados in-t er essados em per pein-t uar seus ganhos m onein-t ár ios e políin-t icos. A defesa das posições conquist adas com vist as à m anut enção do st at us quo ou a busca de novas opor t uni-dades de ganhos passa por um a m aior infl uência no desenho e na operacionalização do event o. Sucede que, por envolver um a m ir íade de st akeholder s públicos e pr ivados com vet or es de pr efer ências dist int os, a or ganização de um event o das pr opor ções do Car naval de Salvador não é t r ivial, r equer endo ar ranj os de colaboração int er or ga-nizacional, discut idos adiant e.

Organização e operação do carnaval de Salvador (1986-2011)

Além dos ar t ist as e dos foliões, a operacionalização do Car naval de Salvador r equer a pr esença de um a sér ie de ser viços públicos de apoio, t ais com o segurança pública, or ganização dos desfi les, saúde, vigilância sanit ár ia, lim peza pública, ilum i-nação especial, t ranspor t e colet ivo, or ganização do t r ânsit o de veículos, or ganização da at uação de vendedor es am bulant es, j uizados de m enor es, r egulam ent ação para uso e cont r ole do solo, apenas para cit ar alguns. Em bora a fest a sej a r ealizada no m unicípio de Salvador, em função do volum e de r ecur sos necessár ios e da visibilidade polít ica- inst it ucional conferida pelo event o, o gover no do Est ado da Bahia sem pre t eve um papel pr eponderant e na or ganização do Car naval de Salvador.

Apesar do Car naval, enquant o m anifest ação pública e colet iva, t er sem pr e dem andado algum t ipo de or denam ent o por par t e das aut or idades inst it uídas, é fat o que a gam a de com pet ências sob a r esponsabilidade dessa aut or idade foi cr escendo pr opor cionalm ent e à com plexidade da pr ópr ia fest a. Ant es do int enso apelo com er cial que passou a t er o Car naval nos anos 1980, as at r ibuições do poder público at é ent ão eram m uit o r eduzidas, com o m ost ra a fala de um dos nossos ent r evist ados:

O que o car naval da Bahia t inha nessa época ( década de 1960 e 1970) era a const a-t ação do poder público de que a obr igação dele era decorar a cidade. Decorar e zelar pela segurança. O r est o o povo fazia. O povo espont aneam ent e cr iava um car naval onde a est r ela era o pr ópr io folião. ( Cr onist a do Car naval de Salvador ) .

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Na gest ão Lídice da Mat a ( 1992- 1996) , confor m e dem onst ram nossas ent r e-vist as j unt o a at or es r elevant es, obser vam - se algum as t ransfor m ações na gest ão do event o, dent r e elas a per enização da gest ão do Car naval, por m eio da cr iação da Casa do Car naval, um espaço fi xo para a cent ralização de r ecur sos m at er iais e hum anos volt ados à r ealização da fest a. Nest e im óvel, especialm ent e alugado para essa função, funcionavam , além do seu núcleo t écnico, do Conselho Municipal do Car naval e da Coor denação Execut iva do Car naval ( am bas cr iadas pela Lei Or gânica) , a Com issão Especial do Car naval, t am bém cr iada em 1993, for m ada por nove r epr esent ant es do Poder Público m unicipal, que r espondiam pelos ór gãos m unicipais dir et am ent e vincu-lados à gest ão da fest a. Nesse per íodo, ver ifi cou- se a dem ocrat ização das discussões em t or no da fest a, com a r ealização dos Sem inár ios do Car naval e a valor ização do Conselho Municipal do Car naval ( COMCAR) . Além disso, a falt a do apoio explícit o do Governo do Est ado, com andado por Ant ônio Carlos Magalhães, suscit ou a necessidade de capt ação pr ivada de r ecur sos para o Car naval. Nesse per íodo, paradoxalm ent e sob a bat ut a de um a fr ent e de esquer da, inicia- se a r egulam ent ação do uso publicit ár io dos espaços da cidade visando à com ercialização de cot as de pat rocínio, especialm ent e por par t e de cer vej ar ias. Além disso, com o cr escim ent o da com plexidade do event o e com o aum ent o na quant idade de blocos de t r io e de out ras ent idades car navalescas, são est abelecidas, no âm bit o do COMCAR, r egulam ent ações para os desfi les, visando confer ir um m elhor or denam ent o à fest a, fr ut o das pr essões engendradas por em -pr esár ios, -pr om ot or es e Car navalescos no sent ido de um a m aior -pr ofi ssionalização do Car naval.

Os dois m andat os do gover no de Ant ônio I m bassahy ( 1994- 1996/ 1996- 2000) , que sim bolizam o r et or no da hegem onia de Ant ônio Car los Magalhães em Salvador, após as eleições seguidas de t r ês pr efeit os de oposição, t rar ão t am bém algum as m u-danças no m odelo de gest ão do Car naval de Salvador. A pr incipal delas é a com plet a desconsideração do papel do Conselho Municipal do Car naval, no m om ent o em que o prefeit o I m bassahy se aut onom eia coordenador diret o do Carnaval. Out ra caract eríst ica que cham ou at enção foi a cent ralidade da em pr esa m unicipal de t ur ism o na gest ão do car naval sob o com ando de Eliana Dum et , um sinal inequívoco da pr eocupação m unicipal com a at ração de t ur ist as. Em paralelo, t endo diver sos ar t ist as baianos j á consagrados no cenár io nacional ( Daniela Mer cur y, I vet e Sangalo, Car linhos Br ow n, Olodum , Asa de Águia, Mar gar et e Menezes, Net inho, Chiclet e com Banana, apenas para cit ar alguns) e com a expor t ação do m odelo baiano para out ras cidades brasilei-ras at ravés dos car navais fora de época, as m icar et as, o Car naval de Salvador passa a ocupar ainda m ais espaço na m ídia, t endo com o consequência a at ração de m ais pessoas ao event o sot er opolit ano. A cent ralização da gest ão, ao t em po em que per-m it ia uper-m a ar t iculação coper-m per-m enor es fr icções ent r e or ganisper-m os per-m unicipais e est aduais, ger ou algum as insat isfações na classe ar t íst ica, sobr et udo no que t ange ao cor t e no pagam ent o de ar t ist as do Car naval por m eio de dinheir o público, o qual dever ia ser cober t o por m eio de pat r ocínios capt ados pela pr odução do ar t ist a ou por m eio de cont ribuições dos consum idores do bloco, afet ando evident em ent e art ist as com m enor pot encial de capt ação, not adam ent e ar t ist as em er gent es e de est ilo m usical dist int o dos padr ões com er ciais.

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foram im plant adas, dent r e elas a ofi cialização do Gr upo de Trabalho de Gover nança I nst it ucional do Car naval e a pr om ulgação do Est at ut o das Fest as Popular es, o qual defi ne r egras para inst alação física, para concessão de licenças para as at ividades r elacionadas ao event o, bem com o r ecom endações àqueles que pr oduzem o cont eúdo da fest a. Sob o pont o de vist a operacional, foi inst it uída a Cent ral do Car naval, um a espécie de cent r o de operações, na qual r epr esent ant es do gover no e da pr efeit ura se r eúnem de for m a per ene durant e o event o para discut ir os pr oblem as obser vados. Nesse caso, confor m e pode ser apr eendido de nossas incur sões no cam po, é pr onun-ciada a cent ralidade da Polícia Milit ar na condução das paut as de discussões.

Um a vez r ealizada a descr ição dos aspect os r elacionados à or ganização do Car naval de Salvador, dedicam os a pr óxim a seção à discussão dos fat or es que podem explicar a dinâm ica de colaboração na or ganização do m egaevent o.

Discussão: fatores determinantes

no processo colaborativo de megaeventos

A par t ir do confr ont o ent r e os dados colhidos em nossas análises em pír icas e as pr eviam ent e discut idas t eor ias sobr e colaboração int er or ganizacional, apr esent am os um conj unt o de elem ent os que per m it em expandir o conhecim ent o exist ent e sobr e os fat or es que podem est im ular ou im pedir a dinâm ica de cooperação ent r e difer en-t es aen-t or es públicos e pr ivados na or ganização de m egaevenen-t os com o o Car naval de Salvador. De for m a sint ét ica, o alinham ent o ent r e os poder es execut ivo m unicipal e est adual, a cent ralidade de det er m inados at or es nas decisões, os laços de confi ança desenvolvidos ao longo do t em po ent r e com ponent es do quadr o t écnico, assim com o aspect os de nat ur eza sim bólica aj udam a com pr eender o pr ocesso colaborat ivo.

Alinhamento político

No cont ext o brasileir o, o alinham ent o ent r e pr efeit os e gover nador es aj uda a explicar por que alguns m unicípios r ecebem m aior es t ransfer ências fi nanceiras e apoio inst it ucional em seus pr oj et os ( FERREI RA; BUGARI N, 2007) , sendo m uit as vezes um a est rat égia racional para obt enção daquilo que não se conseguir ia obt er por m eio de r ecur sos pr ópr ios ( ARRETCHE et al., 2006) . Por out r o lado, são fr equent es os r elat os de que quando gr upos polít ico- par t idár ios ant agônicos ocupam posições dist int as nos planos m unicipal e est adual, a colaboração int er or ganizacional é com pr om et ida, não rar o, inviabilizando ações que benefi ciar iam a sociedade de for m a m ais am pla.

A exem plo de out r os m egaevent os, com o Copa do Mundo de Fut ebol ou Olim pí-adas, os dividendos polít icos decorrent es do sucesso ( ou do insucesso do oponent e) na organização do Carnaval de Salvador criam incent ivos para a ocupação de um a posição de dest aque na or ganização do event o. Engendra- se, assim , um a font e pot encial de confl it os, sobr et udo quando pr oj et os polít icos com agendas difer ent es disput am o poder. Há o t em or que o “ oponent e” capit alize as ext er nalidades posit ivas do event o, m esm o sem t er r ealizado esfor ços para t al, confor m e ilust rado por um ent r evist ado:

...é nor m al que exist a a vaidade e que haj a disput a para ser o “ pai da cr iança ( ...) desde que aquele que quer ser o “ pai da cr iança” haj a com o t al e não apenas dê a sugest ão e, na hora de im plem ent á- la, fi que “ de cam ar ot e”, assist indo os out r os ( ...) Não cabe ao governo do est ado querer usurpar a prim azia do m unicípio na organização da fest a. ( ...) é necessár io que sej a r econhecida t am bém a im por t ância da par t ici-pação do gover no do est ado. ( Repr esent ant e do gover no do Est ado na coor denação execut iva do Car naval 2011) .

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t r io, blocos afr o, cam ar ot es, gr upos de ar t ist as independent es, foliões int er essados em seguir o m odelo at ual, foliões m ais afeit os a um car naval sem os t r ios, frações da sociedade civil cont r ár ia ao event o em seu bair r o, apenas para cit ar alguns pont os dissonant es. Na linha do dilem a est abilidade ver sus fl exibilidade em am bient es cola-borat ivos, m encionado por Pr ovan e Kennis ( 2008) , t écnicos com lar ga exper iência no pr ocesso de planej am ent o e operação do Car naval r econhecem os lim it es para o envolvim ent o de par celas m ais am plas da sociedade no pr ocesso de planej am ent o do event o: “ Dem ocracia dem ais at rapalha ( ...) não discut im os com associações de m orador es nossas decisões, pois at rapalhar ia o pr ocesso.” ( Pr ofi ssional ent r evist ado que t er á a ident ifi cação pr eser vada) .

No ent ant o, em que pese as r ecom endações t eór icas acer ca da im por t ância da t ranspar ência nas decisões ( ANSELL; GASH, 2008) , assim com o as pr essões por par t e da sociedade para um a m aior dem ocrat ização nas decisões r elacionadas à gest ão do Carnaval e a efet iva part icipação de t odas as part es int eressadas, a análise hist órica do pr ocesso de planej am ent o e operação do Car naval de Salvador m ost ra que est r ut uras m ais descent ralizadas e plurais se deram som ent e em m om ent os de desalinham ent o ent r e gover nos est aduais e m unicipais. Nas palavras de um dos ent r evist ados: “ a falt a do apoio explícit o do Gover no do Est ado levou à necessidade de novos par ceir os ( ...) o conselho t am bém poder ia ser vir a esse pr opósit o” ( Gest or da SALTUR) . Ou sej a, a busca por m aior pluralidade por m eio de novos par ceir os é encarada com o subst it ut a ao alinham ent o polít ico com esferas super ior es de gover no.

Reclam ações por falt a de envolvim ent o de at or es r elevant es e por um a m aior pluralidade nas discussões na for m at ação de m egaevent os ocor r em , t am bém , no Rio de Janeir o, palco da Copa do Mundo de 2014 e das Olim píadas de 2016, em que os gover nos est aduais e m unicipais dem onst ram - se bast ant e alinhados ( VAI NER, 2010) . Sit uações sem elhant es de ausência de r eduzida pluralidade nas decisões são levant a-das por Hall ( 2011) , ao discut ir os Jogos Olím picos de Sydney r ealizados em 2000 e o Grande Pr êm io da Aust r ália de Fór m ula 1. Logo, ao que apar ent a, os clam or es por m aior pluralidade vão além do Car naval de Salvador.

Dest a for m a, t em - se a seguint e pr oposição:

Pr oposição 1: A busca por est r ut ur as colabor at ivas par a a pr ovisão de m ega-event os t ende a ser m aior quando o r esponsável pela or ganização do ega-event o, por exem plo, gest or m unicipal, não est á alinhado polit icam ent e com níveis super ior es de gover no, est adual ou feder al.

Centralidade nas decisões e credibilidade dos

arranjos colaborativos

Ainda que o processo de colaboração int erorganizacional possa ocorrer por m eio de r edes de cooperação em que os at or es par t icipem int ensam ent e, assim et r ias de infor m ação e de poder ent r e os m em br os podem com pr om et er os r esult ados gerados pelo pr ocesso colaborat ivo ( ANSELL; GASH, 2008; PROVAN; KENNI S, 2008) , em que pese o r econhecim ent o de que a diver sidade dos com ponent es de um ar ranj o colabo-rat ivo sej a par t e fundam ent al de seu sucesso ( OSPI NA; FOLDY, 2010) . Sucede que, em m eio ao univer so de at or es par t icipant es do esfor ço de colaboração visando ao at endim ent o de um a fi nalidade específi ca, é inevit ável que alguns st akeholder s se so-br eponham a out r os, sej a de for m a consensual ou de for m a coer cit iva, sej a em função do r econhecim ent o de sua im por t ância pelos dem ais m em br os para a obt enção dos r esult ados da r ede ou por sua capacidade de se fazer ouvir ( HUMAN; PROVAN, 2000) .

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espaço pode colaborar para a eclosão da violência ( MELO; MELO, 2007) . Em t odas as ent revist as realizadas, a PM fi gurou com o um dos elem ent os chave para a organização do event o, na m edida em que suas r ecom endações t écnicas em pr ol da segurança do event o t endem a ser seguidas na m aior par t e das vezes, m uit o em função de sua legit im idade perant e aos dem ais st akeholder s:

A Polícia Milit ar baiana é r efer ência em cont r ole de m ult idões no país ( ...) Decisões de segurança são incont est áveis ( ...) a PM baiana j á t em um a exper iência acum ulada que a faz ser r espeit ada. ( Coor denador dos Car navais de 2009 e 2010) ;

A PM é um dos ór gãos est rat égicos sem os quais não há car naval ( ...) com eçam a planej ar o pr óxim o car naval na quar t a- feira de cinzas. ( Dir et or de Fest as Popular es da em pr esa m unicipal de t ur ism o - SALTUR) ;

Vet am os a pr opost a de disper são dos t r ios no Lar go dos Afl it os, pois não havia condi-ções t écnicas. ( Repr esent ant e da Polícia Milit ar no Planej am ent o do Car naval) .

Os produt ores de cont eúdo, not adam ent e art ist as que possuem o cont role sobre blocos de t r ios e cam ar ot es, apr esent am , igualm ent e, alt o grau de cent ralidade nas decisões. Com efeit o, em m eio a um m odelo de event o que pr ior iza a at ração de t ur is-t as e a divulgação da cidade e das fesis-t ividades por m eio de is-t ransm issões ao vivo para t elespect ador es, sit uados em out r os est ados e em out r os países, é evident e que as preocupações para com o principal produt o a ser dem onst rado pelo m odelo do Carnaval de Salvador, o art ist a, ganhem relevância. Afi nal, segundo um de nossos ent revist ados ligados aos pr odut or es de cont eúdo, “ ar t ist as t endem a t er par t icipação r elevant e. Por exem plo, a banda “Asa de Águia” at rai t ur ist as e consum idor es do pr odut o Car naval”. Por sua capacidade de ar t iculação, grandes ar t ist as podem infl uenciar, t am bém , nas decisões colegiadas t om adas no âm bit o do Conselho Municipal do Car naval, por m eio da conquist a de apoio dos diver sos m em br os que com põem a or ganism o colaborat i-vo. A est r ut ura anacr ônica de for m ação do Conselho Municipal do Car naval pr opicia decisões favor áveis aos at or es com m aior capacidade de ar t iculação est rat égica e/ ou m aior poder econôm ico, confor m e os r elat os abaixo:

( ...) desde que se cr iou essa coisa de Conselho do Car naval que o pessoal de t r io nunca se afast ou, sem pr e t iveram o cont r ole ( ...) eles sem pr e t iveram esse cont r o-le, at é por que nós do lado de cá nunca nos int er essam os por isso ( ...) por que t em cadeiras no conselho que não m ais se j ust ifi ca, né? Repr esent ant e dos bar raqueir os? Repr esent ant e dos cr onist as car navalescos? ( ...) Repr esent ant e dos feirant es? ( ...) Tem gent e que vai lá só para fazer o coefi cient e para vot ação de quem t em int er esse. ( Dir igent e de Bloco- Afr o) .

( ...) os grandes poder osos com m ais grana, m ais poder, m ais apoio público, m ais int er fer ência no poder. Result ado: os blocos de t r io passam a m andar no car naval de Salvador ( ...) Ent ão, o que é que o Conselho passa a fazer ? Ele passa a t er m ão de fer r o para coor denar esse m odelo. ( Cr onist a do Car naval de Salvador )

(14)

ent r e pr incipais ar t ist as e PM é em blem at izado pela t r oca de am abilidades e hom ena-gens de par t e a par t e. De igual sor t e, t ais r elações t am bém ocor r em ent r e polít icos e ar t ist as, a exem plo das loas t ecidas a polít icos do alt o de seus t r ios.

( ...) por um a quest ão de escala, t ant o blocos com o cam ar ot es de m aior por t e t êm um a r elação m ais dir et a nesse pr ocesso de or ganização, por que envolve um m aior deslocam ent o de pessoas e m at er iais e, por t ant o, pr ecisam de est rat égias pr ópr ias, m uit as vezes acer t adas dir et am ent e com a PM ou com a or ganização do car naval. ( Repr esent ant e da Polícia Milit ar no Planej am ent o do Car naval) .

A exist ência de acor dos fechados por alguns at or es fora do espaço de colabo-ração inst it ucionalizado gera desconfi anças nos dem ais at or es envolvidos, m inando a efet ividade do pr ocesso colaborat ivo com o um t odo ( ANSELL; GASH, 2008) . Con-vém r essalt ar que o papel de dest aque dos pr incipais det ent or es de cont eúdo e dos or ganism os de segurança pública é obser vado em out r os m egaevent os espor t ivos e cult urais, a exem plo das exigências para a or ganização da Copa do Mundo de Fut ebol. Assim , t em - se a seguint e pr oposição.

Pr oposição 2: Det ent or es de cont eúdo com for t e apelo m idiát ico e em pr esár ios, por t er em acesso a canais especiais par a o at endim ent o de suas dem andas, podem com pr om et er a cr edibilidade e a efet ividade dos ar r anj os colabor at ivos for m ados par a a pr ovisão de m egaevent os

O papel da confiança entre os componentes do corpo técnico

A confi ança m út ua ent re os at ores envolvidos no processo colaborat ivo é a chave para ar ranj os bem - sucedidos ( ANSELL; GASH, 2008) . A const r ução da confi ança é facilit ada quando os at or es possuem visões de m undo par ecidas ( PROVAN; KENNI S, 2008) , r equer endo, no ent ant o, a edifi cação de um am bient e em que os at or es con-fi am uns nos out r os. I sso r equer int erações r epet idas, por m eio das quais as par t es podem infer ir o com por t am ent o esperado do indivíduo ou da ent idade com quem se est á t ransacionando ( DYER, 1997) .

O Car naval de Salvador abrange pr ocessos de negociações, acor dos e t ensões que ocor r em de for m a sist em át ica, ou sej a, anualm ent e. Nesse caso, os pont os diver-gent es necessit am ser resolvidos, ou acom odados, ant es do início da fest ividade, e, em cada novo event o a ser planej ado e discut ido, os acor dos pr eviam ent e est abelecidos podem ser r evist os e r enegociados ( CABRAL, KRANE; DANTAS, 2011) .

A const ant e r ot at iv idade de dir igent es de agências públicas, nor m alm ent e apont ados ao sabor de afi nidades polít icas com o gr upo à fr ent e do poder execut ivo em t ela, poder ia dim inuir a fr equência das int erações ent r e os indivíduos ao pont o de com pr om et er a const r ução do clim a de confi ança necessár io ao sucesso do event o. Ent r et ant o, nossas análises em pír icas m ost ram a exist ência de um conj unt o de fun-cionários est áveis que est ão lot ados nas diversas agências governam ent ais envolvidas e que possuem um conhecim ent o bast ant e apr ofundado acer ca do funcionam ent o do event o. Dest a for m a, ao at enuar os efeit os adver sos da descent ralização das est r u-t uras de gover nança colaborau-t iva ( PROVAN; KENNI S, 2008) , a pr esença de u-t écnicos per enes além de m it igar os efeit os da r ot at ividade nos escalões super ior es cont r ibui para a blindagem das decisões de or dem t écnica, m inim izado, por ém não ext inguin-do, desm andos polít icos e pleit os aut oint er essados de out r os at or es. Com o for m a de r esolver diver sos pr oblem as que se apr esent am com fr equência, os pr ópr ios agent es t écnicos com unicam - se dir et am ent e, cont or nando as r est r ições bur ocr át icas for m ais. A lar ga exper iência desses pr ofi ssionais confer e a eles legit im idade ext er na e int er na, fazendo com que est es, em m uit os casos, sej am m ais ouvidos ( e r espeit ados) que seus super ior es hier ár quicos:

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in t e r or ga n iz a cion a l do ca r n a v a l de Sa lv a dor

...é o t écnico que pensa o car naval com ant ecedência ( ...) t em aquele t écnico que sabe qual a t am pa que t em que ser aber t a para evit ar enchent e, o que t em que ser r et irado para o t r io não bat er quando faz a cur va ( ...) o conhecim ent o acum ulado dos t écnicos é fundam ent al. ( Dir et or da Associação dos Pr odut or es de Axé Music) .

Os confl it os de or dem t écnica par ecem est ar cir cunscr it os às at ividades de operação do Car naval, as quais são nor m alm ent e r esolvidas, acom odadas ou solene-m ent e ignoradas pelos pr ópr ios agent es de casolene-m po, a exesolene-m plo das cont endas ent r e vigilância sanit ár ia e ór gãos r esponsáveis pela licença dos am bulant es, fi scais dos pont os de t áxi e for ças de segurança pública, dent r e out ras t ensões que com pr ovam que a or ganização de um event o dessas pr opor ções t raz em seu boj o cont or nos de com plexidade. Assim :

Pr oposição 3: A pr esença de um cor po t écnico est ável e det ent or da m em ór ia da or ganização do m egaevent o m it iga o efeit o adver so da alt er nância de poder e de event uais inst abilidades polít icas.

A complementariedade entre instrumentalidade e

fatores simbólicos

Pr át icas colaborat ivas na pr ovisão de ser viços públicos t êm sido dissem inadas com o alt ernat ivas a arranj os com pet it ivos last reados em prát icas de m ercado ( HUDSON

et al., 1999) . Ent ret ant o, a diversidade de at ores envolvidos em arranj os colaborat ivos

t ende a est im ular a cr iação de t ensões, sobr et udo quando consensos pr ecisam ser at ingidos ( SAZ- CARRANZA; OSPI NA, 2011) . Mais especifi cam ent e, as disput as ent r e m em br os de um a r ede são esperadas quando os com ponent es do ar ranj o possuem : diferent es obj et ivos, diferent es cult uras organizacionais, m odos de operação dist int os, assim et r ias de poder e vár ios fór uns de decisão ( O´ LEARY; VI J, 2012) .

Ver ifi ca- se que t odas as condições acim a est ão pr esent es na or ganização do Carnaval de Salvador. Afi nal, há m últ iplos at ores com agendas confl it ant es ( por exem -plo, blocos de t r io consolidados e blocos- afr o e afoxés sem apoio m idiát ico) , disput as polít icas ent r e agências m unicipais e est aduais e, at é m esm o, ent idades sob o m esm o com ando que não apr esent am hist ór ico de colaboração no r est ant e do ano, a exem plo das polícias m ilit ar e civil, apenas para cit ar alguns. Ent r et ant o, sur pr eendent em ent e, em que pese alguns inconvenient es iner ent es ao event o e r eclam ações r elacionadas à gover nança defi cient e do Car naval ( MI GUEZ; LOI OLA, 2011) , obser va- se que, ao fi nal, o event o t ranscor r e, j á que t ur ist as são at raídos, pessoas se diver t em , níveis de efi ciência em alguns ser viços públicos, não ver ifi cados em out ras épocas do ano, são obser vados e que algum t ipo de colaboração ent r e agências gover nam ent ais acon-t ece, fr uacon-t o das pequenas viacon-t ór ias inacon-t er m ediár ias obacon-t idas em pr ocessos inacon-t eraacon-t ivos de cooperação ( ANSELL; GASH, 2008) .

Duas dim ensões com plem ent ar es aj udam a explicar esse fenôm eno da cola-boração. A pr im eira delas é de nat ur eza inst r um ent al, um a vez que o insucesso do event o pode t razer consequências indesej áveis aos polít icos e gest ores de alt o escalão envolvidos, t al o nível de exposição m idiát ica do Car naval de Salvador. Nas palavras de um ent r evist ado: “ um fracasso est r ondoso ser ia um a m or t e polít ica” ( Dir et or de Fest as Popular es da Em pr esa Municipal de Tur ism o - SALTUR) . Um event o sem a ocor r ência de m or t es, com m últ iplos visit ant es, incluindo pessoas com apelo m idiát i-co, pode cont r ibuir decisivam ent e para o aum ent o da popular idade dos gover nant es. I ncent ivos pecuniár ios a funcionár ios públicos envolvidos na operacionalização do Car naval de Salvador aj udam a explicar a r elat iva per for m ance do event o. No caso da Polícia Milit ar, por exem plo, as grat ifi cações r elacionadas ao t rabalho no Car naval giram em t or no de 20% do salár io m ensal, confor m e pesquisa de cam po. Além disso, sanções são facilm ent e em pr egadas: “ ... se não apar ecer para t rabalhar não ganha”

( Dir et ora de Tr ânsit o da Em pr esa Municipal de Tr ânsit o e Transpor t e) .

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ent ant o, a visibilidade conferida pelo event o parece est im ular a part icipação: “ o event o é t ão am plo e t raz t ant a visibilidade que t odos quer em est ar pr esent es. E na m edida em que t odos quer em par t icipar, fi ca m ais fácil se negociar, dialogar...” ( Pr esident e da SALTUR) . Além disso, pôde ser capt urado, em nossas análises, a pr esença de um sent im ent o de or gulho em r elação ao event o, na m edida em que o Car naval é um a das m ais for t es for m as de r epr esent ação e de afi r m ação da ident idade sot er opolit ana, m uit as vezes unindo at or es com posições ant agônicas:

...m esm o com t odas as br igas e int er esses diver gent es, os agent es envolvidos “ en-golem sapo” e fazem o que for pr eciso para r ealizar a fest a, inclusive t rabalhar j unt o. ( Dir et or de Fest as Popular es da em pr esa m unicipal de t ur ism o - SALTUR) .

O espír it o do car naval faz com que os caras se conver sem ( ...) ninguém quer que dê er rado. ( Dir et or da Associação dos Pr odut or es de Axé Music) .

Todo m undo t em seus obj et ivos, seus cam inhos, m as t odos querem fazer um Carnaval da Bahia bonit o. ( ...) Mas. o que som a é o colet ivo. é o car naval com o um t odo ( ...) m as se não t iver o m ínim o de com pr eensão, se cada um só olhar o seu lado não fun-ciona. ( ...) Por que se cada um não der a sua par cela para o car naval seguir, pr ej udica t odo m undo. ( Dir igent e de Bloco- Afr o) .

Pr esum e- se que o que leva um a ent idade a par t icipar do car naval é o am or ao car-naval, por que ela gost a de br incar. ( ...) Br incar, fi car feliz, cant ar e dançar. Se você pode ganhar dinheir o com isso, m elhor. Cont ant o que esse seu ‘ganhar dinheir o’ não faça com que as consequências sej am nefast as para a m aior ia dos car navalescos. ( ...) Quem disse que car naval é só fr uição de m úsica e loucura? Car naval é um est ado de espír it o car navalesco. ( Cr onist a do Car naval de Salvador ) .

Diant e disso em er ge nossa quar t a e últ im a pr oposição:

Proposição 4: A com binação de m ecanism os inst rum ent ais e sim bólicos cont ribui par a o pr ocesso de colabor ação int er or ganizacional no planej am ent o e na oper ação de m egaevent os

Conclusões

At raindo m ais de dois m ilhões de pessoas ao longo de seis dias de fest a, o Car naval de Salvador est á ent r e os pr incipais event os ar t íst icos- cult urais do m undo. Confor m e obser vam os ao longo da pesquisa, a or ganização do event o envolve um sem - núm er o de ent idades pr ivadas e de agências gover nam ent ais que at uam de for m a int er dependent e, visando à pr eparação da fest ividade. Ao longo dos últ im os anos, foram obser vadas diver sas t ent at ivas no sent ido de pr om over est r ut uras de gover nança que incluíssem os anseios das diver sas par t es int er essadas ( cidadãos, ar t ist as, t ur ist as, agências gover nam ent ais e em pr esár ios) , culm inando na em er-são de or ganism os inst it ucionalizados volt ados à est r ut uração e encam inham ent o das discussões r elacionadas ao event o por m eio da at uação colaborat iva dos vár ios

st akeholder s envolvidos.

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in t e r or ga n iz a cion a l do ca r n a v a l de Sa lv a dor

nossas análises sugerem que o carnaval de Salvador aparent a ser algo bast ant e crít ico, a pont o de não se t olerar a possibilidade de falhas m aior es. Talvez, isso explique as razões pelas quais esfor ços consider áveis são em pr eendidos para que se const r uam alguns consensos m esm o ent r e par t es m uit o ant ípodas.

A falt a de dados pr ecisos sobr e a evolução do núm er o de foliões ao longo das duas últ im as décadas é um aspect o lim it ant e do t rabalho. Sob o pont o de vist a m et o-dológico, pode- se clam ar a ausência de ent r evist as j unt o a alguns at or es, t ais com o associações de m orador es do ent or no dos cir cuit os do Car naval e r epr esent ant es dos vendedor es am bulant es. No ent ant o, ainda que r econheçam os que um m aior núm er o de ent r evist as é sem pr e desej ável, deve- se levar em consideração que o pr esent e t rabalho apr esent a um ext ensivo t rabalho de cam po, incluindo 1030 m inut os de en-t r evisen-t as j unen-t o a um a m ir íade de aen-t or es r elevanen-t es com per specen-t ivas basen-t anen-t e diver-sas, sendo que as r espost as obt idas aj udam a desenhar um quadr o consist ent e da evolução do event o e sobr e os efeit os da colaboração int er or ganizacional no pr ocesso de ger enciam ent o do Car naval de Salvador.

O ar t igo possibilit a avançar na r efl exão r elacionada aos m ecanism os que per-m it eper-m a superação ou a acoper-m odação de diver gências de int er esses e super posição de agendas pr ópr ias por m eio da at ividade colaborat iva. Fut ur os t rabalhos sobr e o t em a podem apr ofundar algum as das quest ões suscit adas ao longo dest e ar t igo com o, por exem plo, a im port ância de burocracias profi ssionalizadas no processo colaborat ivo ou, ainda, o int er- relacionam ent o ent re incent ivos explícit os e im plícit os no planej am ent o e na operacionalização de out ros m egaevent os cult urais, esport ivos, cívicos ou religiosos.

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