Eventos adversos no transporte do doente crítico: Percepção dos enfermeiros de um hospital central
Texto
(2) 1. INTRODUÇÃO TEÓRICA. ansiedade, que poderão contribuir para. O transporte intra-hospitalar do doente crítico é um procedimento frequente, embora represente um risco adicional devido a, por vezes, não ser mantido o mesmo grau de vigilância e o nível de intervenção. e. o. equipamento. especializado disponível na unidade de origem.. Este. justifica-se. pela. o agravamento da situação clínica. De notar que a maioria das ocorrências durante o transporte são questões relacionadas. com. organização. do. mesmo e dos profissionais de saúde (61%), em contraste com a menor incidência de problemas técnicos.(5) O. transporte. do. doente. quando. necessidade de recorrer a meios de. planeado. tratamento. experientes e com o equipamento. e. diagnostico. não. e. realizado. por. equipas. disponíveis na unidade onde o doente. adequado,. está internado.. adversos e mais sucesso.(6). O doente crítico é “aquele que por. Com. disfunção ou falência multiorgânica,. preventiva das complicações inerentes. necessita de meios avançados de. ao transporte do doente crítico, é. monitorização e terapêutica”(p.9).(1). recomendado. Existem múltiplos eventos que podem alterar a situação clínica do doente, já por si só, crítica. Estes vão desde a instabilidade do doente, passando pela numerosa terapêutica, monitorização necessária, e ainda, pela complexidade dos. exames. complementares. de. o. terá. menos. objetivo. de. a. eventos. uma. cultura. organização. de. equipas dedicadas ao transporte, com formação específica e treino regular, assim como, a implementação de programas auditoria. de do. acompanhamento transporte. do. e. doente. crítico.(1,7) Esta problemática constitui o ponto de. diagnóstico. Evans e Winslow referem. partida. que 53% dos doentes críticos sujeitos a. evidenciando a perceção dos eventos. intra-hospitalar apresentam alterações. adversos durante o transporte dos. significativas. doentes críticos.. da. saturação. transcutânea, frequência cardíaca e pressão arterial.(2) A alta incidência de eventos adversos no transporte intrahospitalar do doente crítico é uma realidade.(3,4). para. Assim. o. presente. sendo,. estudo,. definimos. como. objetivos: •. Analisar. enfermeiros. a em. perceção. dos. relação. aos. eventos adversos no transporte do No doente consciente o seu transporte poderá causar um aumento do stress e. doente crítico, ao nível intra e interhospitalar..
(3) •. Identificar. frequentes. os. eventos. (perceção). ao. mais. escala de likert que variava entre 1. nível. (menos frequente) e 5 (mais frequente), pretendendo avaliar a frequência da. intra e inter-hospitalar. •. Relacionar. a. perceção. de. perceção dos eventos adversos.. eventos adversos com a idade,. O. anos na profissão e frequência de. enfermeiros da Unidade de Medicina. cursos.. Intensiva do Hospital. Esta Unidade é. questionário. foi. aplicado. aos. Para dar cumprimento aos objetivos e. formada pela Urgência Polivalente,. permitir a compreensão do fenómeno. Unidade. em questão, optamos por um estudo de. Polivalente e Unidade de Cuidados. natureza quantitativa.. Intermédios. Foram incluídos no estudo. de. Cuidados. Intensivos. 59 sujeitos. 2. METODOLOGIA O estudo realizado é de natureza quantitativa, correlacional, descritivo e. 3. ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS. transversal. Como forma de seleção da. Após. amostra. de. verificamos na amostra, uma média de. amostragem por conveniência. Este. idades de 31.8 anos, um tempo médio,. tipo de amostragem permite a obtenção. na profissão de 9,1 e de permanência. de uma amostra não probabilística,. no serviço de 4,8 anos.. através da utilização de um grupo de. A análise dos resultados revela uma. utilizamos. o. método. indivíduos que esteja disponível.. (8). a. aplicação. do. questionário. maior perceção de eventos adversos. dependente. no transporte inter-hospitalar ( =3,6;. ponderada como o fenómeno que se. s=0,551) quando comparado com o. pretende estudar, definimo-la como os. transporte. eventos adversos percecionados no. s=0,475). O transporte inter-hospitalar. transporte, intra e inter-hospitalar, do. tem necessidade de meios técnicos e. doente crítico.. humanos. Sendo. a. variável. Como forma de operacionalização do estudo, optamos pela construção de um questionário, constituído por uma caracterização. sócio. profissional. intra-hospitalar. ( =3,2;. especializados.. É. um. momento de maior instabilidade e vulnerabilidade complicações. e são. em. que. muitas. as vezes. imprevisíveis.(9). (Idade, Anos Profissão e Frequência de. No. transporte. inter-hospitalar. Cursos - Trauma, Suporte Básico,. eventos adversos mais frequentemente. Imediato e Avançado de Vida) e uma. percecionados. foram. a. Falta. os. de.
(4) Fornecimento s=0,955),. Oxigénio. Falha. Ventilação (. do. ( =3,95;. Equipamento. =3,92; s=0,915), e Falha. 4. CONCLUSÃO A perceção do Enfermeiro pode ser condicionada. por. fatores. como. o. no Equipamento de Monitorização (. contexto, a gravidade e o impacto dos. =3,81; s=0,900).. eventos adversos. No entanto, os. No transporte intra-hospitalar foram. resultados revelam a necessidade de. percecionados com maior frequência a. criar. Falha no Fornecimento Oxigénio (. forma. =3,83;. do. eventos. O bom senso clínico e a. =3,83;. análise do risco/benefício são critérios. s=0,985), seguindo-se a Falha no. para decidir o transporte. Fanara,. Equipamento Monitorização (. Manzon, Barbot, Desmettre e Capellier. s=1,101). e. a. Falha. Equipamento de Ventilação (. =3,75;. estratégias de. preventivas. prevenir. a. mesmos. s=0,993). Verificando-se a perceção. referem. dos mesmos eventos adversos que no. organização. transporte inter-hospitalar, no entanto. importantes,. percecionados em menor frequência.. sobre o prognóstico da pessoa em. Para evitar estes efeitos adversos,. que. esses. como. são. preparação passos. e. muito. apresentando. impacto. situação crítica a curto/médio prazo.(10). alguns princípios deverão ser tidos em. Assim,. conta. A existência de uma fonte de. relações significativas entre a perceção. oxigénio suplementar e um insuflador. dos eventos adversos e a idade, anos. manual são algumas das medidas. na profissão e a frequência dos cursos,. imprescindíveis. considera-se. para. evitar. Através do recurso a testes não não. se. verificaram. relações com significado estatístico (p>0.05) entre os eventos adversos percecionados e as variáveis socio profissionais. por. não. que. se. verificarem. um. maior. investimento nas fases de decisão,. complicações.(6). paramétricos,. e. estudadas,. nem. a. formação em cursos. A experiência. planificação e efetivação, associada a uma boa articulação entre as equipas e a avaliação do transporte, através de momentos reflexivos, é fundamental para a diminuição da probabilidade de ocorrência. de. eventos. adversos. durante o transporte do doente crítico.. formação. são. Durante a realização deste trabalho de. sucesso. das. investigação. transferências e na diminuição dos. dificuldades. eventos adversos.(9). reduzido. número. científicos. publicados. profissional importantes. e. a no. temática.. deparamo-nos relacionadas. Pelo. que,. de. com. com. trabalhos. acerca dado. o. desta a. sua.
(5) importância e o impacto que pode ter. 3. Damm, C., Vandelet, P., Petit, J.,. recomenda-se. e. Richard, C., Veber, B., Bonmarchand,. publicação de mais trabalhos científicos. G. & Dureuil, B. (2004). Complications. acerca da temática. Pois assim, através. Durant le transport intrahospitalier de. do cruzamento e discussão dos vários. maladies. resultados será possível a diminuição. Elsevier SAS.. dos. eventos. transporte. a. realização. adversos. do. durante. o. crítico. e. doente. consequentemente. a. melhoria. dos. cuidados.. 4.. critiques. Zuchelo. &. de. reanimation.. Chiavone. (2009).. Intrahospital transport of patients on invasive ventilation: cardiorespiratory repercussions. and. adverse. events.. S.Paulo, acedido a 25 de Outubro 2011 em. 5. AGRADECIMENTOS. http://dx.doi.org/10.1590/S1806-. 37132009000400011. A. todos. os. que. diretamente. ou. indiretamente ajudaram na realização deste. artigo,. aos. colegas. que. colaboraram participando no estudo, ao Enfermeiro Especialista Sérgio Branco por todo o apoio e à orientadora – Professora Doutora Ana Frias, pelo seu. 5.. Beckmann,. U.,. Gillies,. D.,. Berenholtz, S., Wu, A. & Pronovost, P., (2004). Incidents relating to the intrahospital transfer of critically ill patients An analysis of the reports submitted to the Australian Incident Monitoring Study in Intensive Care. Intensive Care Med.. apoio e disponibilidade.. 30:1579–1585. 6. Rua, F. (1999) – Oxigenação durante 6. REFERÊNCIAS. o. transporte. 1. Sociedade Portuguesa de Cuidados. Revista. Intensivos. Intensiva. n.º 1.. (2008).. &. Ordem. Transportes. dos de. Médicos pacientes. críticos: recomendações 2008. Lisboa: Centro Editor Livreiro da Ordem dos Médicos.. 7.. do. doente. Portuguesa. Intensive. Care. ventilado.. de. Society. Medicina. (2002).. Guidelines for the Transport of the Critically Ill Adult. London, acedido a 23 de. Outubro. de. 2011em. 2. Evans, A. & Winslow, E.: (2002). http://www.ics.ac.uk/intensive_. Oxygen Saturation and Hemodynamic. careprofessional/standards_and_guideli. Response in Critically Ill, Mechanically. nes /transport_of_the_critically_ill_2002. Ventilated Adults During Intrahospital Transport,” American Journal of Critical Care. 4(1): 106-111.. 8. Beaud, J. (2003). A Amostragem. In: B. Gauthier. Investigação Social: da problemática à colheita de dados..
(6) (3.ªed.), cap. 8, pp. 201–231). Loures: Lusociência. 9. Martins R. & Martins J. (2010). Vivências. dos. transferências doentes. enfermeiros. inter-hospitalares. críticos.. Revista. nas dos de. Enfermagem Referência, III, n.º 2. 10. Fanara, B.,Manzon, C., Barbot, O.,Desmettre, T. & Capellier, G. (2010). Recommendations for the intra-hospital transport of critically ill patients. BioMed Central..
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