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Duas mulheres negras, uma história de resistência

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Academic year: 2021

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DUAS MULHERES NEGRAS, UMA HISTÓRIA DE RESISTÊNCIA

Patrícia de Morais Fernandes1 Evandro Santos2

RESUMO

O presente artigo propõe uma análise reflexiva sobre o cotidiano de duas mulheres negras, de gerações diferentes e de origem rural que, por meio da oralidade, revivem e repassam o histórico de seu passado e das dificuldades vividas para conseguirem sobreviver no lugar de origem. A subjetividade pode ser considerada de extrema relevância nas relações vividas e no contexto histórico criado por elas. Este estudo pretende, utilizando a metodologia da História Oral, expressar a história dessas duas gerações que se relacionam e convivem em ambiente comum.

Palavras-chave: História das mulheres. Memória. História Oral.

1 Discente do Curso de Especialização em História e Cultura Africana e Afro-Brasileira, Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), Centro de Ensino Superior do Seridó (CERES), Campus de Caicó, Departamento de História (DHC). Email: patriciamofer@yahoo.com.br.

2 Professor da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), Centro de Ensino Superior do Seridó (CERES), Campus de Caicó, Departamento de História (DHC). Email: evansantos.hist@gmail.com.

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1 INTRODUÇÃO

Desde muito criança, mulheres aprendem a ter uma referência, um espelho a ser seguido e começam, assim, a construírem sua identidade, seus heróis, aquilo que desejam para seu futuro. Seria muito importante buscar entre seus iguais a relação de admiração, respeito, tolerância e aprendizado para que se diminuíssem os conflitos e as disputas de poder que se mostram desiguais no decorrer dos anos. As mulheres, cada vez mais, têm avançado na luta pela consolidação de seus direitos e na garantia efetiva de ocupação de espaços, antes negados. Pesquisar sobre mulheres que não fizeram nada de extraordinário, mas que em seu tempo nos deram e dão lição de coragem, força, determinação, resistência, entre tantos outros adjetivos, é de grande valia para o historiador.

Queremos dar importância àquelas que ajudaram a construir nosso espaço com suor, lágrimas e sangue. Que essas mulheres possam ter suas vidas tiradas como lição. Estes estudos são relevantes para construir debates, cada vez mais legítimos, sobre as diversas experiências de mulheres negras contemporâneas de nossa região e de nosso país. Um estudo que transcreva as memórias dessas protagonistas vai colaborar para a história das mulheres negras e, especialmente, de origem rural, em nosso país.

Este trabalho objetiva compartilhar esses relatos para contribuir com tantos outros estudos que tratam de experiências de gênero e geração. Ampliar as possibilidades de desconstruir o rótulo da fragilidade feminina e das relações de poder constituídas na sociedade. Possibilitar o reconhecimento da mulher como protagonista de sua história e contadora das histórias vividas podem criar uma relação de respeito e aumentar o protagonismo feminino e o registro dos desafios de gênero feminino no Brasil, dessas e de tantas outras mulheres por elas representadas. De acordo com Sueli Carneiro:

O esforço pela afirmação de identidade e de reconhecimento social representou para o conjunto das mulheres negras, destituído de capital social, uma luta histórica que possibilitou que as ações dessas mulheres do passado e do presente (especialmente as primeiras) pudessem ecoar de tal forma a ultrapassarem as barreiras da exclusão. (CARNEIRO, 2003, p.129).

Durante as entrevistas realizadas com as duas mulheres negras, de origem rural e cidadãs humildes da cidade de São João do Sabugi, uma característica foi comum nas falas: a ênfase permanente das dificuldades enfrentadas, da dura, trabalhosa e triste realidade enfrentada por ambas, que se traduz nessa luta histórica contra os mais diversos tipos de exclusão:

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As pesquisadoras feministas assinalaram muito cedo que o estudo das mulheres acrescentaria não só novos temas como também iria impor uma reavaliação crítica das premissas e critérios do trabalho científico existente. “Aprendemos”, escreviam três historiadoras feministas, “que inscrever as mulheres na história implica necessariamente a redefinição e o alargamento das noções tradicionais do que é historicamente importante, para incluir tanto a experiência pessoal e subjetiva quanto as atividades públicas e políticas. Não é exagerado dizer que por mais hesitante que sejam os princípios reais de hoje, tal metodologia implica não só em uma nova história das mulheres, mas em uma nova história”. (SCOTT, 1989, p. 03 e 04)

Pesquisar as memórias femininas em tempos distintos nos obriga a repensar a economia, a política, as relações afetivas, a cultura, através de uma visão histórica mais cotidiana, diferente da tradicional. Essa abordagem possibilita uma valorização das experiências e contribui para a inserção de novos temas a serem estudados, antes, fora de cogitação no mundo acadêmico.

Se a memória coletiva familiar tende à transmissão de uma visão desproblematizadora do passado, esta visão pode ser criticamente questionada através do exercício reflexivo que acompanha a consciência geracional. Também por força desta relação crítica com a memória, a consciência geracional favorece o crescimento da consciência de si como uma pessoa separada e única. Mas esta singularidade – para repetir – é medida em função do tempo histórico e de suas mudanças encarnadas pelas diferentes gerações de famílias. Assim a consciência geracional envolve deliberadamente a assunção de continuidades e descontinuidades intergeracionais e a possibilidade de arranjá-las reflexivamente junto às bases do processamento do tempo biográfico. Em outras palavras: consciência geracional é uma poderosa ferramenta para converter as diferenças entre gerações em bases de reconhecimento de si. (FEIXA; LECCARDI, 2010, p. 194).

Uma diferença de vinte e cinco anos entre a idade de duas mulheres negras, de mesma classe social e: D. Carminha e Neném, que viveram no mesmo lugar, partilharam de problemas parecidos, mas que, no entanto, se reconhecem de forma tão diferentes, nos revela o quanto as mudanças e as rupturas podem interferir nessa consciência de identidade. Esse tempo coloca em discussão atitudes diante de temas como o planejamento familiar e a violência contra mulheres. É nítido o pensamento crítico se tornando mais presente com o passar do tempo. Tal mudança pode ser flagrada graças às fontes orais, conforme observa Alessandro Portelli:

O único e precioso elemento que as fontes orais têm sobre o historiador, e que nenhuma outra fonte possui em medida igual, é a subjetividade do expositor. Fontes orais contam-nos não apenas o que o povo fez, mas o queria fazer, o que acreditava estar fazendo e o que agora pensa que fez. Testemunho oral é apenas um recurso potencial até que pesquisas o chamem

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para existência. A condição para existência da fonte escrita é a emissão; para fontes orais é a transmissão. (PORTELLI, 1997, p.31).

A pesquisa se torna muito mais relevante quando as expositoras demonstram orgulho de seu testemunho, se emocionam com lembranças guardadas e que hora podem ser partilhadas. Transferem o desejo do que pretendiam realizar ao mesmo tempo em que reconhecem os erros cometidos e os fracassos. Permitem-se uma reflexão, mesmo que talvez involuntária, sobre suas identidades como mulheres, negras, do campo, pobres e guerreiras resistentes. O falar dá uma importância singular a essas protagonistas desse estudo.

E a subjetividade entra na discussão. O historiador passa a ser responsável pela história e a historiografia representa o seu momento de lembrar, sopesadas algumas armadilhas da memória. O historiador recria o fato histórico, precisa reconstruir da melhor forma possível. Com História Oral estará, além do mais, criando as fontes, com a ajuda de quem vivenciou e narrou. Pois bem, no espaço que me destinam estou refletindo sobre os desvãos da narrativa, sobre os elementos da subjetividade que compõem esta narrativa do outro. Tratando-se de assunto árido no âmbito da abstração, pretendo intercalar com a empiria da pesquisa que desenvolvo através da metodologia da História Oral. (CONSTANTINO, 2006, p.64).

Sabemos que em uma entrevista o pesquisado só diz o que é de seu interesse, pode: omitir, inventar versões, aumentar ou diminuir participações, no entanto, quando se trata de memórias, em especial, de subjetividade, essa oralidade vem enriquecida de histórias que podem se desdobrar em tantos outros trabalhos que são infinitas as possibilidades. São tantas informações valiosas que é de uma responsabilidade desmedida o trabalho do pesquisador.

Nos dias atuais, cada vez mais se tem acesso aos acontecimentos em todo o mundo de forma instantânea. A tecnologia, através das redes sociais e demais instrumentos, permite um acompanhamento constante e efetivo sobre tudo que o ser humano produz: sua cultura. As mudanças e permanências, os avanços e retrocessos, a criação e aplicação de leis e descumprimentos das mesmas, a inclusão e exclusão sociais. As mulheres, mesmo sendo maioria, em muitos lugares, estão ainda longe de terem seus direitos de igualdade de gênero garantidos e efetivados como cidadãs.

São infinitas e incansáveis as lutas travadas no cotidiano dessa categoria que tem a resistência moral, social, cultural, trabalhista, sentimental, religiosa e ideológica como bandeira de vida. Muitas morreram na defesa de seus direitos, na opressão machista de seus carrascos e, em especial, no anonimato, sem terem suas histórias “resgatadas”, conhecidas e reconhecidas, sem um desabafo, sem mesmo a consciência de sua importância para com os seus e com o mundo. Sufocadas pela ausência do conhecimento, pelas regras sociais

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inquestionáveis de seu tempo, pelo abandono da família, essas que nasceram meninas são obrigadas, precocemente, a se tornarem guerreiras na luta pela sobrevivência.

Refletir a partir das histórias de D. Carminha e Neném que ainda não foram escritas, mas que tiveram início em tempos distintos, pode ser uma oportunidade de olhar com outros olhos o que está tão perto e, ao mesmo tempo, tão distante das práticas que se conhece. Os maiores desafios, as dores, as oportunidades, as ameaças, os medos. São lembranças que fazem mal, porque carregam fantasmas de sofrimento mas, no entanto, a possibilidade de exorcizar o passado e tirar as lições devem ajudar às protagonistas dessas gerações, que possuem muitas experiências, a oferecerem como exemplo e muita sabedoria a serem repassadas a quem interessar aprender e delas desfrutar.

Deve-se fazer um destaque especial para alguns elementos comuns a estas histórias: a origem rural, o trabalho para sobrevivência, as relações afetivas, a maternidade, o lazer, o comportamento da sociedade e a fé. Esses aspectos podem ser referenciais para demonstrar possíveis mudanças e argumentos que levem à formação de opiniões a respeito desse estudo. As duas mulheres cujas memórias aparecerem neste artigo são as seguintes: a primeira é Maria do Carmo Elizeu dos Santos, 72 anos, conhecida como Carminha de “Pata Choca” (em cidade pequena é comum, quase um sobrenome, a mulher ser conhecida pela referência a seu pai ou marido. No caso de Carminha “Pata Choca” é o companheiro). Mora na cidade de São João do Sabugi, nasceu no sítio Riacho de Fora, em dezembro de 1943. A segunda é Francinete Maria dos Santos, 47 anos, vinda de uma família de seis irmãos vivos. Fica claro, nas conversas, que o que mais marcou os 46 anos (nasceu em 18 de março de 1970) de vida de Neném de Chico Ferreira foi o árduo trabalho que passou em toda sua história. Lembra que nasceu na rua, mas viveu muitos anos no sítio com o pai, a mãe e os irmãos.

O trabalho está dividido em duas partes distintas, cada uma delas dedicada a uma das entrevistadas, nas quais se mostram as vivências relatadas de forma a valorizar suas experiências individuais e sociais. Nas considerações finais, fazemos algumas comparações que possam evidenciar as semelhanças e diferenças, possíveis avanços ou retrocessos surgidos em suas colocações e o olhar da pesquisadora a respeito do trabalho realizado.

2 AS MEMÓRIAS SE TORNAM REGISTROS DE EXPERIÊNCIAS

A cidade de São João do Sabugi tem uma população de 5.939 habitantes (IBGE - 2011) e uma emancipação política relativamente recente (datada de 23 de dezembro de 1948). A cultura interiorana muito arraigada aos costumes rurais deixa a grande maioria da

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população com histórias bem parecidas. No entanto, relatos acadêmicos de mulheres negras e sem posição social de destaque são bem raros na região e no país.

Dona Carminha, 72 anos, muito conhecida nessa cidade por sua história de vida, se surpreendeu ao ser procurada para contar suas memórias. Só ficou à vontade quando, depois de muita conversa, sentiu que poderia falar do que ela desejasse, porque o interesse da pesquisa era mostrar o que havia acontecido em sua vida, o que teria marcado seu passado como mulher, negra e de origem rural, especialmente em sua juventude, entre os quinze e trinta anos que ocorreram entre 1958 e 1978. Os relatos nos levaram a priorizar suas experiências no trabalho, na relação familiar, no lazer e na formação escolar. Depois de concluído o primeiro encontro, convidou para voltar a sua casa quantas vezes fosse preciso (foram mais dois encontros, após esse primeiro) e sempre falando com muita naturalidade, o que possibilita uma certa confiança no que está sendo dito.

Dona Carminha mora em uma casa bem simples, de um bairro de São João do Sabugi, com seu esposo e um neto menor de idade que cuida. Durante muitos anos viveu de mudar de casa, pela dificuldade de pagar aluguel. Segundo ela, a casa, que ganhou depois de muita luta, inclusive na justiça, conquista de um programa de governo, há uns dez anos atrás (por volta de 2006) considera a melhor coisa de sua vida e não sai de lá de jeito nenhum, pretende morrer exatamente onde está, na casa que adquiriu.

Uma mulher muito ativa, ainda é responsável pelas tarefas de casa: cozinha, lava, faz compras no mercado, cuida de um neto que mora com ela e, quando falamos sobre sua cor, reage, surpreendentemente, com certa ironia dizendo que não é negra, mesmo se auto declarando o tempo todo como negra e velha que não desiste.

De uma família de quatro irmãos, se emocionou muito ao falar, segundo ela, do seu sofrimento, desde muito cedo. Começou a trabalhar na terra, com agricultura: plantando algodão e outros produtos para o consumo da família, limpando mato, colhendo, pilando milho e arroz, carregando água de longe para casa na cabeça, carregando lenha para cozinhar, ajudando ao pai e a mãe. Trabalhava em tarefas que exigia muita força, normalmente, tarefas de homens, mas em roça, trabalha todo mundo. Conta que em seu tempo tudo era muito mais difícil, a comida era pouca e se passava por muita necessidade. O pouco que tinha era do que se plantava no sítio. Em ano de seca havia muita fome e todos precisavam trabalhar para ajudar.

Quando o assunto foi oportunidade de estudar, essa mulher resgata a história da professora que morava na cidade, mas passava de segunda a sexta lecionando para as crianças, na comunidade em que ela vivia (Grupo Escolar do Riacho de Fora). Conta que

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Dona Terezinha (a professora) era muito dedicada e as crianças tinham essa oportunidade de aprender, mesmo com as dificuldades daquele tempo. Poucos anos se passaram e a professora deixou de ensinar e os estudos dela pararam por aí.

O lazer de seu tempo era muito diferente, diz ela, tinha os forrós nos sítios e a juventude se divertia de forma simples apenas dançando, sem energia, sem luxo, mas com muita alegria.

Teve quinze filhos, sendo treze meninas e dois meninos, morreram cinco meninas e os outros estão criados. O primeiro foi aos quinze anos de idade, quando sua mãe exigiu que ela doasse a filha ou tinha que ir embora, expulsa de casa. Doou a criança, mas se arrependeu e mandou buscar com cinco dias e, ao voltar para casa, enfrentou a mãe dizendo: “a senhora teve quatro filhas, cada um é de um pai diferente e a senhora não deu nenhuma, tem que me aceitar com minha filha”. A mãe permitiu por um tempo, mas depois foi definitivamente embora da casa da mãe e teve o apoio do pai que ajudou a mantê-la numa casa na cidade (zona urbana), onde passou a viver e enfrentar outros problemas.

Na cidade, passou a fazer o que fosse necessário para dar de comer aos seus filhos. Jamais pensou em roubar ou fazer qualquer outra coisa errada, por isso, lembra que recebeu ajuda de conhecidos, vizinhos, pessoas boas que colaboravam, principalmente, com comida e roupa usada. Com os olhos lacrimejando, conta que muitas vezes, os filhos iam dormir com fome, ou comiam um pouco de farinha e açúcar e a mãe pedia que não contassem a ninguém. Foi nessa época que lavava roupa para fora, quando aparecia, para ganhar o sustento. Lavava muita roupa nos lajeiros, quando chovia, nos poços dos rios, mas era muito difícil viver de lavar roupa.

O apoio do pai foi muito importante, ele que pagava o aluguel da casinha onde morava e sempre que podia trazia alguma coisa do sítio para comer. Mas, foi também quando veio para a cidade que conheceu o marido que está com ela até hoje. Demonstra uma forte inquietação, reclama repetidamente do arrependimento de ter passado a viver com “esse homem”.

Nesse momento da entrevista D Carminha chega a se alterar várias vezes, a voz muda de tom, é enfática ao dizer que apanhou muito, todos os dias, de formas diferentes, com faca, foice, pedaço de pau. Mostra as cicatrizes no pescoço quando seu companheiro tentou enforcá-la com um pedaço de fio. Ao beber (ingerir bebidas alcoólicas ao ponto de se embriagar), chegava em casa e ia quebrar coisas, bater na esposa e tentar expulsá-la de casa. Confessa que se defendia como podia e precisa resistir até hoje, mas não abandona seu lar

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conquistado com muito sofrimento, muitas vezes, era necessário empurrar, correr, entre outras atitudes, para fugir de seu agressor.

Lembra, com orgulho, que cuidou da mãe, em seus braços, por três anos antes dela morrer. Mesmo na juventude tendo sido abandonada pela mãe, não guardou rancor. O cuidado com idosos ou qualquer outra pessoa que passe por problemas de saúde sempre é prioridade. Cuidou também de sua sogra até a hora de sua morte. Nos dois casos, mais uma vez, a força física e a solidariedade precisavam estar em primeiro plano. Tinha que dividir seu tempo entre o cuidado com os filhos, o trabalho doméstico e de ganho e os cuidados com os idosos necessitados.

De todos os filhos que botou no mundo, segundo sua fala, cada um seguiu seu caminho. Alguns estudaram e vivem bem melhor que os outros que não quiseram estudar e passam por mais dificuldades. Moram todos fora, quando podem vêm visitar a mãe. Repete algumas vezes como que quisesse ressaltar que a história dos filhos já é bem diferente da dela porque tiveram mais apoio e os cuidados que foram negados a ela.

Hoje aposentada pelo INSS - Instituto Nacional do Seguro Social, como agricultora, conta, com uma nítida revolta, que perdeu dez anos de aposentadoria porque o sindicato não a considerava segurada especial da zona rural por ela ter vindo morar na rua, mesmo tendo vivido toda a vida com atividades do campo. Lembra que outros, na mesma condição que ela, conseguia a aposentadoria e ela não. Em cidades interioranas com atividades tipicamente rurais ainda existe essa grande discussão política acerca de direitos, seguridade especial e obrigatoriedade da contribuição sindical. Não cabe nesse estudo, fazermos julgamento de valores acerca do que é mencionado, portanto, fica aqui a citação sobre o assunto, e apenas isso.

Diz, com muita propriedade, que nunca passou nada bom. Quando se questiona sobre os filhos, se não são bons para ela, ressalta que “foi loucura, grande loucura e maior loucura viver com seu companheiro que muito a humilha, bateu demais e não a respeita”. É no aspecto familiar que essa mulher de setenta e dois anos de idade demonstra maior sofrimento pela violência sofrida, vinda do companheiro. Considera que até hoje sofre humilhações dentro de casa, que gostaria de viver só, mas, como o marido não sai de casa ela não pensa na possibilidade de perder o direito de sua propriedade (maior sonho realizado). Ressalta que é honesto afirmar que mesmo sendo um homem que a maltrata muito, seu marido “bota as coisas dentro de casa”, se referindo a parceria nas economias domésticas. “Ele não deixa faltar alimento, toda semana faz as compras e traz, disso não posso reclamar”.

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Dona Carminha tem um grande orgulho de ter conquistado sua aposentaria e consequentemente, sua independência financeira.

***

Francinete Maria dos Santos (conhecida como Neném de Chico Ferreira), 47 anos, traz a tradição interiorana de ser conhecida por uma referência masculina, nesse caso, seu pai, Chico Ferreira. Quando soube da pesquisa com duas mulheres, sendo ela, possivelmente, uma delas, ficou lisonjeada e emocionada. Logo aceitou o convite de falar sobre suas memórias e nos três encontros ficou sempre bem à vontade. Mesmo seu tempo sendo o agora, evidenciamos que o trabalho busca refletir sobre as experiências vividas em sua juventude, especialmente entre 1985 e 2005 (quando ela tinha entre quinze e trinta e cinco anos).

Vinda de uma família de seis irmãos vivos fica claro nas conversas que o que mais marcou os 46 anos (nasceu em 18 de março de 1970) de vida de Neném de Chico Ferreira foi o árduo trabalho que passou em toda sua história. Lembra que nasceu na rua, mas morou muitos anos no sítio com o pai, a mãe e os irmãos. Fala com emoção de ter trabalhado botando água na rua com um jumento, prática comum na cidade de São João do Sabugi quando não existia água encanada nas residências e os moradores compravam essas cargas d’agua levadas das cacimbas do Rio Sabugi.

Essa mulher relata que uma das passagens mais marcantes de sua história foi testemunhar os pais, especialmente a mãe, começar a frequentar lugares para ouvir música (nessa época usava-se a “radiola” e discos de vinis) e beber, a partir desses encontros com os amigos começou uma triste história de dependência química do álcool.

Além do trabalho para tirar o sustento precisava cuidar do pai e da mãe que eram alcoólatras e exigiam vigilância constante. Por ser a mais velha da família era responsável pela casa e pelos irmãos menores. Essa carga de responsabilidade era grande e corria muitos riscos pulando cercas de arame e de pedra com as trouxas de redes que levavam do sítio para rua até chegar na casa do avô, dormir e voltar cedinho para mesma luta diária no sítio.

No ano de 1988 para 1989 toda família foi morar na cidade de Caicó e por volta de 1990 a tia (esposa do avô) veio a falecer ficando na responsabilidade de Neném cuidar do avô idoso e doente (a caduquice e esclerose cada vez mais avançada), durante seis anos. Não suportando mais o trabalho, ela foi embora para São Paulo e a mãe ficou nos cuidados do avô.

Em São Paulo conheceu o pai de sua filha, engravidou e, aos trinta anos, deu a luz a essa filha que é única. Mas o relacionamento não deu certo e separaram. Sua mãe foi para

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cuidar do resguardo, no entanto, não se adaptou com a mudança, se estressou e precisaram voltar porque o pai tinha ficado e estava doente, precisando da esposa e da filha.

Apesar de ter tido sérios problemas com o alcoolismo na família, Neném nunca caiu no vício nem da bebida e nem do cigarro. Lembra que se divertiam muito nos forrós dos sítios, mas faz questão de destacar que era tudo muito mais saudável que hoje. Ela diz que hoje, existe muita droga e perdição e que os tempos mudaram muito.

Neném conta com muita discrição sobre a passagem em que um de seus irmãos se envolveu com drogas e chegou a ser preso. Toda a assistência jurídica e apoio que ele precisou ficou sobre sua responsabilidade. Lembra que deu muitas viagens para resolver os assuntos pendentes na própria penitenciária de Caicó (Pereirão). O tempo médio de reclusão do irmão foi por volta de um ano, mas, pareceu muito mais pelo constrangimento, medo, vergonha de lidar com essa circunstância delicada. No entanto, valeu muito a pena porque conseguiu o dinheiro necessário para ajudar a libertar o irmão e considera uma grande lição para toda família ter passado por isso.

Relata que começou a dançar aos oito anos de idade, o pai não prendia, ela e os irmãos participavam de tudo que acontecia nos arredores dos sítios e na rua. Tinham muitas dificuldades, mas se divertia muito nas festas porque sabiam se divertir só com danças, namoros e sem os perigos de hoje, referindo-se as drogas, prostituição e violência.

Neném ingressou nos estudos quando criança, mas por muitos anos abandonou a sala de aula (mais ou menos entre 1987 e 2009 ficou sem estudar) quando foi morar na cidade de Caicó/RN, e como muitos, retornou depois para o programa EJA - Educação de Jovens e Adultos para terminar o Fundamental II e Ensino Médio (concluiu em 2014). Conta com certa nostalgia e saudade de seu tempo na escola primária, onde aprendia e se divertia com os colegas. Tudo era muito simples, mas era o suficiente para ter a chance de aprender. Pretende realizar o sonho de frequentar uma universidade e pensa em fazer o ENEM – Exame Nacional do Ensino Médio, mas tem medo da redação porque tem dificuldades em escrever.

É questionado se ela sofreu algum tipo de preconceito por ser negra e pobre, ela responde, rapidamente, que não, todos eram tratados por igual, ninguém sabia quem tinha mais ou menos condição financeira ou de raça diferente. As brincadeiras de correr, andar em cima dos muros da escola, as poucas casas ao redor, a merenda, os funcionários, tudo era muito especial. Guarda na memória que usava uma bolsa simples, de pano, doada pelo governo do Estado do Rio grande do Norte na época José Agripino.

Sempre participou da Igreja Católica indo às missas, procissões, novenas e outros eventos. Outra coisa que faz questão de dizer é que é sócia do Sindicato de Trabalhadores

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Rurais de São João do Sabugi/RN há onze anos. Acompanha os movimentos sociais sempre através de reuniões e outros eventos, ficando por dentro de tudo que diz respeito a sua categoria. Como mulher, é no sindicato que aprendemos mais sobre nossos direitos e deveres.

Quando o assunto é maternidade Neném dá um exemplo de planejamento e decisão. Conta que sempre soube que queria ser mãe, mas se chegasse aos trinta e não tivesse casado seria uma produção independente. Aos vinte e nove anos ela se encontrava morando em São Paulo como já relatado, conheceu um rapaz e ela, conscientemente (não usava nenhum método contraceptivo) engravidou para realizar seus planos e sonho de ser mãe. Na época o seu parceiro também queria o bebê e assim nasceu a filha através de uma cesariana (outro sonho era ter seu filho normal, mas não foi possível). O relacionamento não deu certo, mas ela enfatiza bem que jamais foi agredida, pelo contrário, ele sempre a tratou muito bem e ficaram amigos e até hoje mantém contato. Essa menina, hoje com dezessete anos é a grande razão de sua vida, a sua realização como mulher.

Até hoje vende frutas e verduras, no entanto, esse ofício já foi bem mais árduo, quando vendia laranja ou pipoca no carrinho em porta de circos e pelas ruas sem calçamento das redondezas. Mesmo tendo sua casa alugada, ela ainda cuida dos pais na venda de frutas e verduras e tem muito orgulho de ajudar.

A vida dessa mulher negra que resiste a todos os problemas e adversidades contemporâneos pode ser um exemplo de coragem e persistência. Mostra-se uma mulher alegre, cheia de vida, de uma grande Fé. Apesar da situação econômica desfavorável, ela sabe o que precisa, não depende de ninguém, muito pelo contrário, está sempre ajudando seus pais e irmãos. Aos 47 anos ainda está cheia de objetivos na vida, animada e ciente de suas qualidades e de suas dificuldades.

3 CONCLUSÃO

Estamos vivendo, no Brasil e no Mundo, momentos de extrema violência contra o ser humano e em especial contra grupos vulneráveis à discriminação, preconceito e exclusão. As causas, sejam elas: políticas, econômicas, sociais, sexuais e raciais, devem ser combatidas por meio de inserção de debates no espaço acadêmico, dando visibilidade aos problemas enfrentados, às leis que punam os agressores e às mudança de atitude e comportamento. Sabemos que a discussão sobre gênero vem crescendo e cada vez mais precisamos lutar e estabelecer efetivamente garantias de direitos e igualdade para todos.

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É notória a constante violação dos direitos humanos nos lares, nas famílias, onde a mulher e as crianças são, muitas vezes, brutalmente espancadas, estupradas, assediadas sexualmente, impedidas de estudar, exploradas em trabalhos pesados, passando fome e com a liberdade restrita (cárcere privado). Existe uma multidão de anônimas fazendo história, mas jamais serão ouvidas, reconhecidas como protagonistas geradoras de riqueza e cultura de nosso povo. Torna-se inaceitável ser conivente com tantos crimes, ser omisso, se manter na inércia, quando tantas são vítimas.

Queremos fazer aqui o registro de como duas mulheres de uma mesma camada social, pertencentes ao mesmo lugar, com uma origem comum, podem seguir caminhos diferentes. Mas também destacar o quanto foram esquecidas, silenciadas no seu cotidiano social, político, econômico e nas relações familiares.

As principais semelhanças que encontramos nas memórias dessas duas mulheres estão relacionadas ao trabalho braçal enfrentado desde muito cedo, em que é bastante expressiva a lembrança que retrata o sofrimento ao botar água em jumento, levando latas cheias e pesadas na cabeça. Até finais dos anos oitenta, na cidade de São João do Sabugi, não havia água encanada nas residências e uma prática bem comum era buscar água nas cacimbas feitas no leito do Rio Sabugi e carregar em barris, usando o jumento, em latas ou outros depósitos. Esta função era sempre da mulher ou jovens (muitas vezes, crianças). Lavar a roupa de casa ou de ganho (quando a pessoa recebe pra lavar a roupa de outras pessoas) também era, e ainda continua sendo, comum. É importante considerar que essas atividades sempre foram de muita exploração da mulher em situação de pobreza extrema que se vê obrigada a fazer o que aparece para não suprir as necessidades básicas da família. Nas areias do rio, muitas se encontravam do nascer ao pôr-do-sol par dar conta das enormes “trouxas” de roupa suja, alimentadas apenas com um café e bolachas.

A sobrecarga de trabalho ainda é muito ampliada quando essas mulheres são sempre as escolhidas para o cuidado com os doentes, idosos e acamados em seu entorno familiar. Era fácil encontrar jovens mulheres que deixavam de estudar para cuidar de um avô/avó, de outra mulher de “resguardo” ou com criança pequena, da casa de um parente para que ele pudesse trabalhar fora. Nesse estudo estes relatos são muito enaltecidos quando se conta, com certa dose de orgulho e satisfação, terem sido “escolhidas” para cuidar de um idoso ou outro até a hora de sua morte. Mesmo tendo passado por humilhações por parte dessas pessoas, na hora da doença, da necessidade de caridade, o perdão está à frente a ponto de se anular ou adiar seus sonhos em nome do outro. Parece estar ligado ao instinto materno que nasce com essas mulheres, as quais se sentem felizes em poder contribuir.

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Outro aspecto bastante semelhante entre essas duas histórias é a questão que envolve o alcoolismo. De formas diferentes, mas com a mesma causa, está a violência sofrida quando algum membro da família é vítima dessa doença antiga que traz infinitos desajustes nas relações. Segundo Dona Carminha, ela apanhava quase todos os dias de seu marido, escapou várias vezes da morte, passou e ainda passa por momentos de dor e sofrimento trazidos com o vício do alcoolismo. Da mesma forma, Neném guarda na memória as vezes em que “apartou” as brigas entre a mãe e o pai, os vexames por causa das “cachaças” da mãe, o envolvimento do irmão com o mundo das drogas. Cabe aqui uma breve consideração sobre o álcool atingindo cada vez mais cedo os jovens e sendo uma porta aberta para as drogas mais pesadas. Encontram-se problemas cada vez maiores relacionados ao uso de álcool pelos jovens de todos os gêneros e classes sociais.

Agora partindo para verificar as diferenças encontradas nas duas histórias relatadas e que demonstram não só a luta pela sobrevivência, mas também atitudes diferenciadas desde muito cedo. A sexualidade, o controle de natalidade, o planejamento familiar e a importância dada à educação e a realização de vida, parecem os assuntos mais diferenciados nos contextos estudados.

A primeira protagonista praticamente não fala sobre sexualidade, desejo, relação homem e mulher. Trata apenas como uma “loucura” o envolvimento com homens e os namoros até serem gerados os filhos. Não fala de amor, desejo, atração física ou qualquer forma de encontro com seu parceiro, é como que existissem sequelas que não devem nem ser ditas. Já a segunda mulher, de uma geração mais consciente, retrata uma excelente convivência com os parceiros que teve durante a vida. Fala do gostar, respeitar e “quando não dá certo, fica a amizade”, sem aparentes traumas.

Uma foi mãe aos quinze anos, fruto de uma gravidez que gerou sérios problemas, inclusive de precisar doar sua filha pela não aceitação em casa. Tendo passado por quinze gestações, criou dez filhos com dificuldades que ela acredita precisar esquecer. Usa a palavra sorte para dizer que muitas pessoas “boas” ajudaram com comida, roupa usada, trabalho, entre outras coisas para conseguir o pouco que tinha. Em um lugar onde todos se conhecem, passa a existir vínculos de solidariedade e apoio aos que mais necessitam. No entanto, devemos considerar a ausência de políticas públicas efetivas e eficientes que possibilitem um desenvolvimento com equidade de gênero e geração.

Aquela segunda mulher da qual nos reportamos, teve apenas uma filha, no tempo planejado, conforme os sonhos que ela idealizava.

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Como esses dois relatos se diferenciam quanto à valorização da educação e dos estudos. Uma estudou pouco e a outra chegou a terminar o Ensino Médio, depois de adulta, e ainda sonha com a faculdade. A primeira relata que os filhos que quiseram, estudaram. Fala com orgulho dos que moram fora e fizeram faculdade e têm seus “empregos bons”. É como se os filhos pertencessem a um mundo diferente do dela. Já a segunda, com a filha ainda adolescente, acompanha cada passo dela com o cuidado que sabe ser necessário para um bom desempenho escolar. Aos quarenta e sete anos, Neném é cheia de planos futuros. D. Carminha, idosa, tem uma revolta latente.

O aprendizado que essas duas mulheres têm a repassar é infinito. Estamos tendo a oportunidade de conhecer um pouco de suas histórias sofridas, mas o mais importante é refletir criticamente sobre a condição feminina no nosso espaço. Como podemos diminuir o abismo social, ajudar na luta por garantias de direito à saúde, educação, moradia, lazer, segurança e trabalho digno. Essas mulheres negras, pobres e de origem rural são exemplos de exclusão histórica e cabe a nós, pesquisadores e multiplicadores do saber, sairmos da zona de conforto do mundo acadêmico para sermos militantes na busca por uma sociedade mais inclusiva, justa e livre de preconceito e discriminação, especialmente de raça e gênero.

Promover ações que tornem visíveis as pessoas comuns, convocando-as a uma consciência transformadora, já está sendo contemplado neste trabalho, quando envolvemos essas protagonistas e as levamos a relembrar o que passaram, a refletirem sobre o que poderia ter sido diferente em suas vidas, e a estimulá-las a possíveis mudança de atitude diante das novas oportunidades que surgem.

FONTES

Proibida a publicação no todo ou em parte; permitida a citação. Permitida a cópia. A citação deve ser textual, com indicação de fonte conforme abaixo.

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