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Requisitos de segurança no trabalho e sua influência na formação de preços de serviços de construção civil: estudo de caso em uma empresa petroquímica

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ANA MARIA FARHÁ ASSUNÇÃO

REQUISITOS DE SEGURANÇA NO TRABALHO E SUA INFLUÊNCIA NA FORMAÇÃO DE PREÇOS DE SERVIÇOS DE CONSTRUÇÃO CIVIL:

ESTUDO DE CASO EM UMA EMPRESA PETROQUÍMICA

Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado Profissional da Escola de Administração da Universidade Federal da Bahia, como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre em Administração.

Orientador: Prof. Dr. Paulo Henrique de Almeida

Salvador 2006

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Escola de Administração - UFBA

A 851 Assunção, Ana Maria Farhá

Requisitos de segurança no trabalho e sua influência na formação de preços de serviços de construção civil: estudo de caso em uma empresa petroquímica / Ana Maria Assunção. – 2006.

137 f.

Orientador: Prof. Dr.Paulo Henrique de Almeida.

Dissertação (mestrado profissional) – Universidade Federal da Bahia. Escola de Administração, 2006.

1. Segurança do trabalho - Bahia. 2. Construção civil – Medidas de segurança – Bahia. I. Almeida, Paulo Henrique de. II. Universidade Federal da Bahia. Escola de Administração. III. Título.

363.11 CDD 20. ed.

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ANA MARIA FARHÁ ASSUNÇÃO

REQUISITOS DE SEGURANÇA NO TRABALHO E SUA INFLUÊNCIA NA FORMAÇÃO DE PREÇOS DE SERVIÇOS DE CONSTRUÇÃO CIVIL:

ESTUDO DE CASO EM UMA EMPRESA PETROQUÍMICA

Dissertação para obtenção do grau de Mestre em Administração

Salvador, 28 de julho de 2006.

Banca Examinadora:

Paulo Henrique de Almeida _________________________________ Universidade Federal da Bahia

José Célio Silveira Andrade _________________________________ Universidade Federal da Bahia

José Geraldo Pacheco Filho _________________________________ Universidade Federal de Pernambuco

Eduardo Antonio Lima Costa _________________________________ Universidade Estadual de Feira de Santana

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AGRADECIMENTOS

Ao concluir este trabalho sinto sinceramente ser importante agradecer aos colegas de trabalho, amigos, familiares e professores. Neste momento, estas pessoas que em algum momento viabilizaram a realização desta dissertação, fazem parte de um conjunto de lembranças por vezes alegres, por vezes difíceis, porém marcadamente positivas.

Meu sincero agradecimento e reconhecimento a Fernando, Júlio, Naira, Lúcia, Carlito, Ana Serra, Moreira, Thadeu, Maurício, Marinho, Ana Rita, Cacá, Maria do Carmo, Vera, Isaias e Lena. Agradeço ao meu orientador Prof. Paulo Henrique pela paciência e persistência e ao Prof. José Célio pelo incentivo, amizade e compreensão.

Agradecimento muito especial para Ismar, Léo e Maria, pelo carinho, dedicação e compreensão sempre presentes em todas as horas e em todas as situações.

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O domínio da physis ou o reino da necessidade é rompido pela abertura do espaço humano do ethos no qual irão inscrever-se os costumes, os hábitos, as normas e os interditos, os valores e as ações.

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RESUMO

A transformação nas organizações na busca da excelência de gestão fez evoluir a gestão dos Sistemas de Saúde, Higiene e Segurança no Trabalho - SSHMA que passaram a atuar de forma sistêmica nas empresas envolvendo também os fornecedores de serviços contratados. A análise do que ocorre nos custos dos serviços contratados após a introdução dos requisitos de Saúde, Higiene e Segurança do Trabalho, e em paralelo à verificação dos benefícios e avanços obtidos nos níveis de redução de acidentes, torna-se relevante para as empresas contratantes na consolidação dos seus sistemas de SSHMA. Da mesma forma torna-se relevante para as empresas de construção civil contratadas, verificar em que medida um padrão de atuação em SSHMA, diferenciado em relação seu setor usual de atuação, influencia a competitividades destas empresas para atuar como fornecedoras no mercado do Pólo Petroquímico de Camaçari. Esta pesquisa verifica, no período de 2000 a 2004, numa empresa petroquímica situada no Pólo de Camaçari, ganhadora do Prêmio Pólo de Segurança por duas vezes neste período, o reflexo na ocorrência de acidentes e nos preços dos serviços de Construção Civil realizados, com a introdução de requisitos de segurança nos contratos.

Palavras-chave: Segurança do Trabalho - Bahia; Construção Civil - Bahia; Requisitos de SSHMA - Bahia; Pólo Petroquímico de Camaçari - Bahia; Segurança em Contratadas; Preços de construção civil – contratos; Preços de construção civil – Segurança do Trabalho.

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ABSTRACT

The transformations that the organizations have gone through in their search for excellent in management have fostered the evolution of Environment, Health and Safety systems (EH & S). The companies started using them in a more systematic way, encompassing also the suppliers of the contracted services. The analysis of the results of the contracted services after the introduction of the EH & S system and the resulting examination of the benefits and advances achieved in the accident reduction level have become relevant for the contracting companies to consolidate their EH & S systems. Similarly, it has become important for all the civil construction companies contracted to check to which extent a EH & S pattern, which stands out in its current performance sector, influences the competitiveness of these companies as suppliers in the market of the Camaçari Petrochemical Complex. This survey checks the reflexes of the occurrence of accidents and the prices of Civil Construction services in a petrochemical company located in Camaçari Complex, with the introduction of safety requirements in its contracts. This company was awarded the Petrochemical Safety Award twice, during the period from 2000 to 2004. Key words: Safety at Work, Bahia; Civil construction – Bahia – EH & S requirements – Bahia – Camaçari Petrochemical Complex – Bahia – Contractors’ safety – Civil Construction prices – contracts. Civil construction prices. Safety at Work

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SUMÁRIO

LISTAS DE FIGURAS ...11

LISTAS DE QUADROS ...12

LISTAS DE SIGLAS E ABREVIATURAS ...13

1. INTRODUÇÃO 1.1 Estrutura do Trabalho ...14

1.2 Objeto ...15

1.3 Delimitação do Universo da Pesquisa ...18

1.4 O Problema de Pesquisa ...18

1.5 Hipóteses...20

1.6 Objetivos ...20

1.7 Método de Abordagem ...21

2. REVISÃO DA LITERATURA 2.1 Evolução da segurança do Trabalho no Mundo...23

2.1.1 As Primeiras Manifestações Sociais vinculadas à Segurança do Trabalho... 23

2.1.2 A Segurança do Trabalho na Era Industrial ...28

2.2 Evolução da Segurança do Trabalho no Brasil ...29

2.3 A Segurança do Trabalho na Atualidade ...31

2.4 Os Custos da Não Segurança do Trabalho ...35

2.5 Metodologias de Avaliação do Custo do Acidente ...37

2.5.1 Custo Direto ou Segurado do Acidente do Trabalho...38

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2.6 O Setor da Construção Civil...43

2.6.1 O Setor da construção Civil: conceito, características e importância sócio- econômica ... 43

2.6.2 A Indústria da Construção Civil na Bahia – Evolução, Principais Características e Impactos Sócio-econômico ...48

2.6.3 Informações sobre as Empresas de Construção Civil que atuaram na DETEN ...50

2.7 Formação de Preços na Indústria da Construção Civil...51

2.8 Formação de Preços de Serviços de Construção Civil no Pólo Petroquímico de Camaçari ...63

3 A SEGURANÇA DO TRABALHO NO PÓLO PETROQUÍMICO DE CAMAÇARI E O PRÊMIO PÓLO DE SEGURANÇA INDUSTRIAL 3.1 Antecedentes ...66

3.2 O COFIC Conceito, Programas e Estrutura de Atuação...68

3.3 O Prêmio Pólo de Segurança Industrial...69

3.4 Gestão de Empresas Contratadas em Atendimento ao Elemento 14 do Guia COFIC do PPSSHMA ...71

3.5 A Empresa onde se Realizou o Estudo ...72

3.5.1 Estrutura Organizacional, Visão, Missão e Princípios ...73

3.5.2 O Processo de Contratação ...75

3.5.3 A Gestão de SSHMA na DETEN ...77

3.5.3.1 Programas de Análise e Prevenção de Riscos ...77

(10)

4. PESQUISA DE CAMPO

4.1 Desempenho da DETEN no PPSSHMA ...81

4.2 Serviços de Construção Civil Selecionados ...82

4.3 Preços dos Serviços Pesquisados em Salvador ...83

4.4 Preços dos Serviços Contratados pela DETEN ...84

4.5 Comparação de preços e sua relação com a introdução de requisitos de SSHMA ...84

4.6 Relação entre ocorrência de acidentes na DETEN e em serviços de Construção Civil ...90

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS E CONTRIBUIÇÕES ...92

6. REFERÊNCIAS ...95

(11)

LISTAS DE FIGURAS

Figura 1 Transição dos Princípios de Gestão do Taylorismo para Visão

Sistêmica ...31

Figura 2 Evolução dos modelos de Gestão de SSHMA ...32

Figura 3 Desempenho de segurança (acidentes x tempo) ... 32

Figura 4 Associação do Ciclo PDCA aos modelos de Gestão de SSHMA ...34

Figura 5 Ficha de Investigação de Acidentes ...41

Figura 6 Total de Acidentado no Pólo por ano ... 71

Figura 7 Organograma da DETEN e áreas envolvidas na contratação de serviços de construção civil... Figura 8 Modelo de Análise Sistemática de Causas ... Figura 9 Total de Acidentado no Pólo e na DETEN por ano ...79

Figura 10 A Comparação de preços de concreto magro ...85

Figura 10 B Comparação de preços de concreto estrutural ...86

Figura 10 C Comparação de preços de formas ...86

Figura 10 D Comparação de preços de armadura ...87

Figura 10 E Comparação de preços de escavação ...87

Figura 10 F Comparação de preços de demolição ...88

Figura 11 Total de acidentados na DETEN e em serviços de Construção ...90

Figura 12 Quantidade de acidentes registrados por empresa de construção civil na DETEN entre 1997 E 2005 ...89

(12)

LISTAS DE QUADROS

I Serviços Selecionados ...21

II Primeiras Legislações de Amparo ao Trabalhador ...27

III Evolução da Regulação da Segurança do Trabalho no Brasil ...30

IV Estimativas de Custos de Não Segurança em Países Desenvolvidos ...35

V Acidentes do Trabalho – Brasil – 2003 ...36

VI Evolução da Participação do Macrossetor da Construção na Economia Nacional ...45

VII Importância Econômica do Macrossetor da Construção na Economia Nacional ...46

VIII Participação da Produção de 2002 sobre a Renda, Salários e Emprego ...47

XIX Estrutura da Participação dos Tributos para cada R$1,00 na Produção do Macrossetor da Construção ... 47

X Peso do Macrossetor da Construção sobre no Emprego ...48

XI Macrossetor da Construção Civil na Bahia ...49

XII Características da MO do Macrossetor da Construção na RMS ...49

XIII Perfil das Empresas de Construção Civil na DETEN ...51

XIV Formação do BDI de acordo com diferentes Órgãos Públicos ...58

XV Composição do Custo Direto ...60

XVI Composição do BDI ...61

XVII Encargos Sociais – Taxas e Leis Sociais e Riscos do Trabalho ...62

XVIII Elementos Auditados pelo Prêmio Pólo de Segurança Industrial ...70

XIX Percentual de Conformidade obtido no PPSSHMA pela Deten ...82

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LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

ACP – ADMINISTRAÇÃO E CONTROLE DE PERDAS ASO – ATESTADO DE SAÚDE OCUPACIONAL BDI – BUDGET DIFFERENCE INCOME

BSI – BRITISH STANDARD INSTITUTION

CBIC – CÂMARA BRASILEIRA DA INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO COPEC – COMPLEXO PETROQUÍMICO DE CAMAÇARI

COFIC - COMITÊ DE FOMENTO INDUSTRIAL DE CAMAÇARI

CETREL – CENTRAL DE TRATAMENTO DE EFLUENTES (atualmente denominada Empresa de Proteção Ambiental)

DETEN – DETEN QUÍMICA S.A.

FAP – FATOR ACIDENTÁRIO PREVIDENCIÁRIO HSE – HEALTH AND SAFETY EXECUTIVE

ILO OSH – GUIDELINES ON OCCUPATIONAL SAFETY AND HEALTH MANAGEMENT SYSTEMS

ISO – INTERNATIONAL ORGANIZATION FOR STANDARDIZATION NSC – NATIONAL SAFETY COUNCIL

NR – NORMA REGULAMENTADORA NBR – NORMA BRASILEIRA

OHSAS - OCCUPATIONAL HEALTH AND SAFETY ASSESSMENT SERIES PPRA – PROGRAMA DE PREVENÇÃO DE RISCOS AMBIENTAIS

PCMSO – PROGRAMA DE CONTROLE MÉDICO DA SAÚDE OCUPACIONAL PCMAT – PROGRAMA DE CONTROLE DO MEIO AMBIENTE DO TRABALHO PDCA – P (PLAN), D (DO), C (CHECK), A (ACT)

PPSSHMA – Prêmio Pólo de Segurança, Saúde, Higiene e Meio Ambiente. SAT – SEGURO ACIDENTE DO TRABALHO

SINDUSCON – SINDICATO DAS INDUSTRIA DA CONSTRUÇÃO CIVIL SSHMA – SEGURANÇA, SAÚDE, HIGIENE E MEIO AMBIENTE

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1. INTRODUÇÃO

As condições de trabalho na Construção Civil sempre favoreceram a ocorrência de acidentes, tendo o setor assumido a liderança de ocorrências de registros durante muito tempo. Fatores como alta rotatividade e baixa qualificação da mão de obra, exposição a agentes físicos, químicos, biológicos e ergonômicos de forma intensiva, além da mobilidade do local de trabalho, sempre foram apontados como as principais causas deste cenário. Por outro lado, as práticas empresariais de atuação do setor não contemplam a prevenção, a qualificação nem a retenção da mão-de-obra. A adoção de ações mitigadoras de acidentes e práticas prevencionistas é vista ainda hoje como responsável pelo aumento de custo e para a baixa competitividade em preço nos processos de contratação de Serviços de Construção Civil. Tal fato levou a um conflito de interesses entre empresas de construção contratadas e empresas contratantes localizadas no Pólo Petroquímico de Camaçari, onde se localiza a DETEN QUÍMICA S. A., que adotaram de forma voluntária um protocolo de gestão de Segurança Saúde, Higiene e Meio Ambiente, denominado Prêmio Pólo de Segurança.

1.1 ESTRUTURA DO TRABALHO

Esse primeiro capítulo é formado pela apresentação do problema, justificativa do projeto, delimitação do universo da pesquisa, modelo de análise, formulação da hipótese, definição dos objetivos, métodos de abordagem e estrutura do trabalho.

(15)

O segundo capítulo faz a revisão teórica da evolução do conhecimento da Segurança no Trabalho. Apresenta custos da Não Segurança do Trabalho no Brasil, nos países desenvolvidos e no setor da Construção Civil. Também aborda os métodos de levantamento de custos dos acidentes mais utilizados por empresas no Brasil e no mundo. Em seguida caracteriza o setor e as empresas de Construção Civil do Brasil e do Estado da Bahia. Com o conhecimento do contexto de atuação destas empresas, são apresentadas informações sobre as que atuam na DETEN, finalizando com a apresentação do processo de formação de preço adotado pelo setor.

O terceiro capítulo aborda brevemente a atuação em rede das organizações e a estrutura comum de atuação das empresas na Segurança do Trabalho no Pólo Petroquímico de Camaçari, através do Comitê de Fomento Industrial de Camaçari – COFIC, e da premiação instituída por esta entidade: o Prêmio Pólo de Segurança Industrial. Descreve a DETEN, empresa onde se realizou a pesquisa, e os processos adotados para Contratação de Serviços, Gestão de Segurança do Trabalho, e, em particular, a gestão nas Empresas Contratadas dos requisitos de segurança a partir dos parâmetros propostos no Guia COFIC do Prêmio Pólo.

O quarto capítulo apresenta os resultados da pesquisa de campo referentes ao desempenho da DETEN no Prêmio Pólo; aos preços dos serviços de construção civil praticados em Salvador e nos contratos na DETEN; Períodos de introdução dos Requisitos de Segurança nos contratos e sua relação com: os preços nos contratos de construção civil e com a pontuação da DETEN no Prêmio Pólo, finalizando com uma análise qualitativa dos resultados obtidos.

O quinto capítulo corresponde à conclusão e às considerações finais da pesquisa.

1.2 O OBJETO

O Pólo Petroquímico de Camaçari teve sua implantação consolidada através da resolução nº2/70 do Conselho de Desenvolvimento Industrial – CDI, e a publicação pelo Governo do Estado da Bahia do Decreto nº. 22.146 de 20 de novembro de

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1970, que determinou a desapropriação de uma área de 233 km2 no Município de Camaçari para sua implantação (VIANA FILHO, 1984).

Na inauguração, 1978, em valores de 2005, estavam investidos no Pólo cerca de 3,7 bilhões de dólares (VIANA FILHO, 1984). Posteriormente, foi anunciado o Programa Nacional de Petroquímica para o período de 1987 a 1995 com investimentos equivalentes a US$900 milhões (COPEC, 1985), (SUDIC, 1992)1. Atualmente os

investimentos neste complexo, incluindo o complexo Ford e a empresa Monsanto, totalizam mais de U$ 10 bilhões (COFIC, 2005).

Nas duas primeiras fases os investimentos representaram 19,64 % e 8,89 % , respectivamente, do PIB do Estado o que dá uma dimensão da importância da implantação e ampliação deste empreendimento para a economia do Estado da Bahia (SEI, 2006).

Em virtude do processo de abertura da economia do país iniciado a partir do governo Collor, em 1990, e da estabilização da economia com a implantação do plano Real, em 1994, as empresas do Complexo Petroquímico de Camaçari – COPEC iniciaram a implantação de mudanças organizacionais na busca de ganhos de produtividade e competitividade.

Em razão destas mudanças estarem fortemente apoiadas em conceitos de Qualidade e Excelência em Gestão, os serviços contratados, e dentre eles os de construção civil, passaram a incorporar estes princípios, particularmente a partir da implantação das Normas do Sistema ISO, que possui como requisito a qualificação de fornecedores e a avaliação de desempenho dos contratos.

Dada a representatividade dos investimentos em construção realizados no Pólo Petroquímico, parte deles diretamente na infra-estrutura do complexo, parte na construção industrial, e levando-se em conta a evolução dos processos de gestão ocorrida nas empresas do COPEC, era de se esperar que tivesse ocorrido um correspondente avanço da capacitação tecnológica e ganhos de produtividade entre

_____________________________________________________________________________________________________- 1) Valores corrigidos pelo deflator do PIB Norte-Americano para 2006

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as empresas prestadoras de serviços de construção civil, que se refletissem nos preços dos serviços. Mais isto não ocorreu, mantendo-se as práticas gerenciais próprias do setor. Ainda não se consolidou a percepção que a adoção de melhores práticas gerenciais poderá propiciar oportunidades para as empresas que atuam neste mercado.

Para explicar este atraso tecnológico, os gestores das empresas fornecedoras destes serviços apontam, frequentemente, o impacto nos preços causado pela consolidação dos chamados Sistemas de Saúde, Segurança, Higiene e Meio Ambiente (SSHMA) por parte das empresas contratantes. Esse fator teria adquirido maior importância a partir de 1998, com a instituição do Prêmio Pólo de Segurança Industrial pelo Comitê de Fomento Industrial de Camaçari – COFIC.

O que motiva as empresas produtoras do Pólo Petroquímico de Camaçari a adotar os requisitos de SSHMA são fatores de ordem legal, de imagem e éticos. Elas estenderam a adoção destes requisitos aos seus contratos de forma unânime, apoiadas numa forte convicção empresarial de segurança como valor. Não houve, contudo, a correspondente avaliação do que vem ocorrendo com os preços dos serviços contratados.

As empresas construtoras que atuam no Pólo Petroquímico, por sua vez, adotam os requisitos de SSHMA, na maioria das vezes, sem motivação própria, apenas atendendo a requisitos contratuais demandados pelos contratos, como por exemplo, Atestados de Saúde Ocupacional - ASO, Programa de Controle Médico da Saúde Ocupacional – PCMSO e Programa de Controle do Meio Ambiente do Trabalho-PCMAT.

As atividades típicas destas empresas são as prestações de serviços nas Unidades Industriais, mais precisamente nas áreas de produção, executando bases de equipamentos (reatores, trocadores de calor, bombas, etc.), sistemas de drenagem de efluentes industriais e pavimentação, dentre outros. Justificam sua baixa produtividade pela impossibilidade de trabalhar de forma contínua para cumprir as exigências de segurança, entre as quais, por exemplo, a liberação de áreas para execução de serviços e emissão de Permissão de Trabalho.

(18)

Acreditamos que investigar mais profundamente este problema, poderá contribuir para, de um lado, propiciar informações que elevem o nível de conhecimento do tema e, de outro, contribuir para a manutenção destes requisitos de SSHMA tão importantes do ponto de vista social e também com informações para o setor de prestação de Serviços de Construção Civil.

1.3 DELIMITAÇÃO DO UNIVERSO DA PESQUISA

A pesquisa consistiu em um estudo de caso realizado na DETEN QUÌMICA S. A. entre os anos de 2000 e 2004, abrangendo de forma censitária a análise dos dados dos contratos de construção civil realizados no período para os tipos de serviços selecionados: escavação manual, lastro de concreto magro, armadura em aço CA-50, forma de chapa compensada resinada, concreto estrutural e demolição de concreto armado.

O período escolhido abrange a época de implantação da metodologia de auditoria de segurança através do Prêmio Pólo, até a fase onde esta metodologia já se encontrava consolidada na empresa, uma vez que obteve por duas vezes o 1º lugar na referida premiação, nos anos de 2002 e 2003.

1.4 O PROBLEMA DE PESQUISA

O eixo central desta pesquisa é avaliar em que medida os preços de um tipo de serviço contratado por uma empresa petroquímica, portanto intensiva em capital e tecnologia, estão sendo influenciados pela adoção obrigatória de exigências preventivas e adicionais de segurança, saúde, higiene e meio ambiente, por empresas prestadoras de serviço de construção civil, portanto, intensivas em mão de obra.

Este setor é predominantemente formado por pequenas empresas que sobrevivem num cenário de fortes alterações econômicas, que empregam predominantemente trabalhadores com baixa escolaridade e qualificação, e que são, ao mesmo tempo, e em boa parte, responsáveis pelas altas taxas de acidentes do trabalho que ocorrem no país.

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Alguns desafios precisaram ser vencidos: (1) a característica da indústria da construção civil, que executa serviços a partir de projetos específicos, o que torna o produto único e conduz a processos de formação de preços pouco abordados pelas áreas de marketing ou contabilidade de custos; (2) a limitada produção científica voltada para o objeto no âmbito das ciências sociais, excetuando-se os estudos relativos à Segurança do Trabalho; (3) o amplo leque de atuação das empresas construtoras.

As seguintes Questões de Pesquisa foram então propostas:

Qual o efeito nos preços obtido pelo fato da contratante comprar serviços pelo melhor preço, condicionados a processos de execução que previnam e controlem a ocorrência de acidentes ou doenças ocupacionais que possam implicar custos tangíveis e intangíveis mais elevados?

Qual o resultado no preço ofertado pela contratada, formulado a partir da decisão de fornecer o serviço sob condições impostas, que possam propiciar retorno na forma de lucro?

O que ocorre no momento em que estruturas organizacionais e contextos de atuação empresariais diversos se encontram em processos de contratação e fiscalização (posição da contratante), e de formulação do preço e execução do serviço (posição da contratada), com a tarefa adicional comum de atender a requisitos de Segurança, Saúde, Higiene e Meio Ambiente?

A revisão teórica para a presente pesquisa foi feita a partir de um conjunto de autores de reconhecida importância e abordou a formação e evolução da Segurança do Trabalho, em países da Europa, EUA e no Brasil, no contexto dos avanços científicos e sociais que deram origem a esta área do conhecimento, até o patamar atual de parte das ações de Responsabilidade Social adotadas por empresas e organizações empresariais. O objetivo foi apresentar o processo de formação dos Requisitos de Segurança, adotados pelo Prêmio Pólo, e exigidos nos processo de contratação.

(20)

Em seguida foi feita a caracterização do Setor da Construção Civil e da sua importância como ramo de atividade econômica, bem como a apresentação dos processos de produção e formação de preços adotados pelo setor, com o objetivo de contextualizar o universo de atuação das empresas contratadas.

Finalmente, tratou-se brevemente da abordagem dos processos de empresas atuando em rede, que levou à instituição do Prêmio Pólo de Segurança pelo COFIC.

1.5 HIPÓTESES

1.5.1 O atendimento dos requisitos de Segurança, Saúde, Higiene e Meio Ambiente – SSHMA, pelas empresas prestadoras de serviços de construção civil na DETEN QUÍMICA S.A. aumentou os preços de execução destes serviços. Assim, o conflito entre contratantes do Pólo e suas contratadas, pode ser explicado, em grande parte, pela elevação real dos custos dessas últimas.

1.5.2 Contudo, os ganhos com segurança, quando se leva em conta a redução de número de acidentes, podem reduzir os custos totais no longo prazo, com benefícios tangíveis e intangíveis para ambas as partes.

1.6 OBJETIVOS

1.6.1 Objetivo Geral:

Investigar a influência dos requisitos de SSHMA introduzidos após a criação do Prêmio Pólo instituído pelo COFIC, em Camaçari, na composição de preços de serviços de construção na DETEN QUÍMICA S. A. entre os anos de 2000 e 2004.

1.6.2 Objetivos Específicos:

a) Avaliar a evolução da pontuação da DETEN QUÍMICA S.A. no Prêmio Pólo de Segurança, no período de 2000 a 2004;

b) Avaliar a evolução da ocorrência de acidentes na DETEN QUÍMICA S.A., no período de 2000 a 2004

(21)

c) Levantar preços dos serviços de construção civil praticados na cidade de Salvador no período de 2000 a 2004;

d) Pesquisar preços de serviços de construção civil contratado pela DETEN QUÍMICA S. A no período de 2000 a 2004, previamente selecionados;

e) Levantar os períodos de introdução e reformulação dos requisitos de SSHMA nos contratos firmados no período de 2000 a 2004.

f) Verificar se os preços pesquisados aumentam, à medida que aumentam o atendimento aos requisitos de segurança relativos a contratadas na DETEN QUÍMICA S.A.

g) Verificar se há relação entre o aumento da pontuação da DETEN QUÌMICA S.A. no Prêmio Pólo de Segurança e os preços dos serviços de construção civil contratados.

1.7 MÉTODO DE ABORDAGEM

1.7.1 Observação direta extensiva por análise de conteúdo relativo a preços.

- Para se restringir o universo a ser pesquisado, e promover a equalização das informações, foi realizada uma prévia seleção dos serviços cujos preços unitários foram pesquisados conforme a Quadro I.

SERVIÇO UNIDADE

Escavação Manual m3

Lastro de Concreto magro m3

Armadura em aço CA-50 kg

Formas de maderit resinado m2

Concreto de 18 a 22 MPa (1) m3

Demolição de concreto armado m3

QUADRO I - SERVIÇOS SELECIONADOS PARA REALIZAR A PESQUISA DE PREÇOS UNITÁRIOS

- Foi construída uma curva de referência, formada por preços unitários dos serviços selecionados praticados na cidade de Salvador. A coleta destes preços ___________________________________________________________________

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unitários foi feita na base de dados da PINI Sistemas (1), para os meses e anos em que se processaram os contratos firmados pela DETEN, objeto das informações de preços estudados.

- A coleta dos preços unitários dos serviços selecionados e praticados na DETEN foi retirada a partir dos documentos dos Contratos celebrados no período estudado.

1.7.2 Observação direta extensiva por análise de conteúdo relativos à implantação de requisitos de SSHMA e pontuação da DETEN QUÌMICA no Prêmio Pólo de Segurança.

- A coleta das informações de implantação dos requisitos de SSHMA foi feita nos arquivos das Coordenações de Suprimentos e Segurança e Meio Ambiente DETEN, para o período estudado.

- A coleta das informações da pontuação obtida pela DETEN QUÌMICA no Prêmio Pólo de Segurança foi realizada nos arquivos da Coordenação de Segurança e Meio Ambiente da DETEN QUÌMICA, para o período estudado.

___________________________________________________________________

(1) PINI SISTEMAS é uma base de dados proveniente de pesquisa de preços de serviços de construção civil realizada pela Editora PINI, em todo o país e por região, sendo bastante difundida neste mercado.

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2. REVISÃO DA LITERATURA

2.1 EVOLUÇÃO DA SEGURANÇA DO TRABALHO NO MUNDO

2.1.1 As primeiras manifestações sociais vinculadas à Segurança no Trabalho (1)

Os primeiros registros de aspectos de saúde vinculados a atividades do trabalho são atribuídos a Hipócrates (460 a 377 AC), que observou a cólica provocada pelo chumbo no trabalho de extração de metais, e a Plínio (23-79 DC) enciclopedista médico romano, que identificou o envenenamento por mercúrio nos escravos que trabalhavam nas minas e pedreiras (GRAÇA, 2000).

Paracelso (1493 -1541) descreveu a mala metallorum, doença pulmonar que atingia mineiros da região de Schneeberg, situada entre a Saxônia e a Boêmia. Em 1556 é publicado o livro De Re Metallica, de autoria de Georg Bauer (1494 -1555), mais conhecido como Georgius Agrícola. Este livro trata da extração e fundição de metais preciosos e seu último capítulo trata dos acidentes do trabalho e das doenças que mais comumente ocorriam entre os mineiros (MENDES, 1995).

Em 1700, surge o livro De morbis artificum diatriba – “As Doenças do Trabalho”,

__________________________________________________________________________________________( (1)A partir deste ponto até o item 2.1.2, esse trecho do nosso trabalho é um resumo do texto do prof. Luís Graça.

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escrito pelo médico italiano Bernardino Ramazzini (1633 – 1714), considerado o pai da Medicina do Trabalho. A obra estabelece uma clara associação entre certas doenças e a ocupação ou atividade profissional: a cólica do chumbo nos pintores que utilizam o alvaiade, as perturbações dos esmaltadores que usam o antimônio, a intoxicação pelo mercúrio nos fabricantes de vidro (MENDES, 1995). No total este livro faz a descrição de 50 doenças adquiridas no desempenho de atividades específicas e sugere remédios para sua cura. Por mais de um século este trabalho foi a base para análise das doenças causadas pelo trabalho (AQUINO, 1996).

Na Grã-Bretanha destacam-se os trabalhos do cirurgião Percival Pott (1713-1788), que estabeleceu nexo causal entre o câncer de escroto e o trabalho de limpeza de chaminés. O Dr. Charles Tumer Thackrah (1795-1833) publicou o livro “Os Efeitos das Principais Artes, Ofícios e Profissões, bem como do Estado Civil e dos Hábitos de Vida, na Saúde e Longevidade, com Sugestões para a Eliminação de Muitas das Causas que Produzem Doença e Reduzem a Esperança de Vida”, em que relatava as péssimas condições de trabalho e de vida na cidade industrial de Leeds, chegando à conclusão de que estas eram as causas dos elevados índices de mortalidade e doença da cidade quando comparados a outros da mesma região (MENDES, 1995).

No início do Século XIX, e apenas nos países que sofriam os efeitos da revolução industrial, as ações voltadas para a Segurança no Trabalho se restringiam à reparação de danos provocados à saúde dos trabalhadores e sua integridade física, sendo restrita à ação de legisladores e profissionais médicos.

Em todo o caso, à intervenção do legislador social em pleno triunfo do Estado liberal também não é estranha a pressão dos segmentos da opinião pública mais esclarecidos e influentes, chocados com a revelação de uma nova classe de escravos, o proletariado, e sobretudo com a condição das mulheres e crianças nas mills (estabelecimentos fabris da indústria têxtil algodoeira com as primeiras máquinas movidas a energia hidráulica) do Nordeste da Inglaterra e nas minas de carvão do País de Gales. E, talvez mais do que chocada, preocupada com os novos riscos de epidemia e de propagação (potencialmente incontrolável) de doenças que a vizinhança das fábricas e dos dormitórios operários podia trazer às comunidades locais (GRAÇA, 2000, p.25).

(25)

Entre 1802 e 1833, o Parlamento inglês promulgou cinco leis sobre o trabalho fabril.

O ano de 1819 destaca-se na história do movimento operário inglês porque ocorrem as primeiras reivindicações políticas e sociais dos trabalhadores ingleses, nas manifestações de massa em Manchester.

Em 1825, foi abolida a proibição do direito de associação, surge a primeira onda grevista e aparecem as primeiras associações de defesa dos direitos dos operários ingleses a Grand Union of Spiners (1829), a National Association for the Protection of Labour (1830) e a Grand National Consolidated Trade Union (1834).

A regulamentação do dia de trabalho resultou do Factory Act of 1833, elaborado por uma comissão parlamentar que se reuniu cerca de 40 vezes, e ouviu inúmeros testemunhos, de peritos médicos, empregadores, encarregados e até crianças e adultos vítimas de acidentes de trabalho e estabeleceu que o dia normal de trabalho nas fábricas devia começar às cinco e meia da manhã e acabar às oito e meia da noite.

Neste período, os adolescentes não poderiam trabalhar mais de doze horas por dia exceto em certos casos especiais e previstos nesta lei. O emprego de menores abaixo dos nove anos ficava proibido. O trabalho de menores entre nove e treze anos ficava limitado a oito horas por dia; o trabalho noturno ficava proibido para todos os menores entre os treze e dezoito anos; os adolescentes passavam a ter, em cada dia, pelo menos hora e meia para as refeições.

"Estas minúcias, que regulam militarmente e ao som da sineta o período, os limites e as pausas de trabalho, não foram de modo algum o produto da fantasia parlamentar. Nasceram das circunstâncias e desenvolveram-se pouco a pouco, como leis naturais. Foi preciso uma longa luta social entre as classes, antes de serem formuladas, reconhecidas e promulgadas em nome do Estado" (MARX, apud GRAÇA, 2000, p.25)

Estes avanços legislativos só foram possíveis no contexto da reforma do sistema eleitoral, e de outras mudanças políticas que se operaram na Grã-Bretanha entre os anos de 1830 e 1840. Em 1847 é promulgado o Ten Hour Act, finalizando um processo de reivindicação de quase duas décadas conhecida como Ten Hour

(26)

Mouvement. Essa lei tornou-se possível graças à aliança da burguesia industrial com a classe operária, em oposição à aristocracia latifundiária. Em troca da jornada das dez horas de trabalho, os operários apoiaram os esforços dos representantes da indústria que queriam a abolição das taxas alfandegárias sobre os cereais, o que veio a ocorrer em 1846.

Em outros países os esforços para a instituição de leis definindo o trabalho de menores e carga horária de trabalho também evoluiu muito lentamente:

- Na França foi consagrada a lei das doze horas de trabalho diário após 1848.

- Em Londres, em 1864 foi fundada a Associação Internacional dos Trabalhadores. Seu primeiro congresso público, realizado em 1866 em Genebra, foi denominado 1ª Internacional, onde se iniciou a reivindicação para limite legal de oito horas para dia de trabalho.

- Em Berlim em 1890, na Conferência Internacional do Trabalho, vários países ocidentais reunidos tentaram regulamentar o trabalho infantil e criar um direito internacional do trabalho.

- Em Portugal, o Decreto de 10 de Fevereiro de 1891, disciplinou o trabalho de mulheres e de menores, limitou a 10 o número de horas de trabalho, fixou a idade mínima de admissão e proibiu certos trabalhos penosos ou perigosos nos estabelecimentos industriais.

- Nos EUA, em 1900, o Congresso dos proibiu o emprego de menores.

A evolução de algumas das legislações deste período na Europa, nos aspectos específicos da proteção da saúde do Trabalhador, está resumida no Quadro II a seguir.

(27)

LEGISLAÇÃO PERÍODO LOCAL DESCRIÇÃO OU CARACTERÍSTICAS

Health and Morals Apprentices Act

Inicio séc. XIX Inglaterra

Estabeleceu o máximo de 12 horas de trabalho diário, proibiu o trabalho noturno, ordenou a ventilação e a limpeza das paredes fabris duas vezes por ano e instituiu pela primeira vez a figura do inspetor do trabalho, exercida por clérigos e magistrados.

Factory Act 1833

e 1855

Inglaterra

Instituiu a figura do “Factory Inspectorate” com vista a controlar a idade mínima de admissão ao trabalho, atividade exercida por médicos. A partir de 1855, os

“industrial medical officers” passam a executar os

exames de admissão e análise de acidentes do trabalho.

Factory and

Workshop Act 1895

Reino Unido

Estabeleceu a obrigatoriedade de notificação de doenças profissionais e a realização de exames médicos periódicos para trabalhadores expostos a chumbo, fósforo e outras substâncias perigosas.

Workmen’s Compensation Act 1897 e 1906 Inglaterra

Estabeleceu a indenização por incapacidade nos casos de acidente do trabalho para algumas poucas ocupações, sendo generalizada em 1906, quanto às doenças profissionais causadas por antraz, chumbo, mercúrio, fósforo, arsênico dentre outras; que também passaram a ser objeto de reparação.

Lei de 9 de Abril de 1898 e Lei de 31 de Março de 1905 Fim do séc. XIX e início do séc. XX França

Promulgação das primeiras leis de proteção social dos trabalhadores, imputando ao empregador a

responsabilidade pela reparação dos acidentes de trabalho.

1906 Itália Realização do primeiro Congresso Internacional de Doenças no Trabalho.

QUADRO II – AS PRIMEIRAS LEGISLAÇÕES DE AMPARO AO TABALHADOR NO MUNDO

Baseado em Graça, 2000

Até o século XIX, havia a predominância da análise da conseqüência dos acidentes, com foco no tratamento das lesões pessoais já ocorridas. Não existiam nas organizações estruturas voltadas para acompanhamento e promoção da segurança e saúde no trabalho. O avanço registrado nesta área estava na melhoria da salubridade das instalações fabris, na redução da carga horária e na restrição ao trabalho para menores de 10 anos.

(28)

2.1.2 A Segurança do Trabalho na Era Industrial

Na primeira metade do séc. XX as estruturas de assistência e reparação se consolidam dentro das empresas. Através do Factories Order (Medical and Welfare Services), promulgado em 1940 no Reino Unido, as Indústrias passam a adotar a enfermagem do trabalho, serviço de primeiros socorros e assistência social no interior das organizações e em 1959, a Organização Internacional do Trabalho (OIT) publica sua 112ª Recomendação: a instituição dos serviços de saúde no trabalho, objetivando a prevenção dos acidentes de trabalho, das doenças profissionais e a reparação (médico-legal) dos riscos. Em 1962, esta mesma recomendação é adotada pela Comunidade Econômica Européia – CEE (GRAÇA, 2000).

Apesar destes eventos com a evolução da indústria siderúrgica, química e do petróleo, além do desenvolvimento da eletricidade, os riscos inerentes à atividade produtiva passaram a exigir a participação de engenheiros, além de médicos, na manutenção da integridade física das instalações e consequentemente dos empregados. Surge então uma nova abordagem, que passou a focar na análise das causas dos acidentes e introduziu o conceito de práticas de prevenção de ocorrências. Enquanto no século anterior, as ações eram apenas de interresse de legisladores e governos, nesta fase os empresários despertam para o aspecto econômico da prevenção.

Já em 1929, H. W. Heinrich, pesquisador norte-americano, analisando ocorrências de uma seguradora privada, criou a conhecida Pirâmide de Heirinch, ao concluir que de 300 acidentes, 29 tinham resultado em acidentes com lesões pessoais e destes apenas um seria de maior gravidade. Para Heirinch, uma lesão seria o resultado de uma seqüência de eventos que ocorreriam em uma ordem fixa e cronológica, com uma ocorrência desencadeando as demais. Portanto, se uma seqüência fosse interrompida com a eliminação de um evento, estaria impossibilitada a ocorrência da lesão (AQUINO, 1996).

Em 1969, Frank Bird, diretor de serviços de engenharia de uma companhia seguradora americana, com base na análise de 1.753.498 acidentes, abrangendo 21 diferentes grupos de indústrias que representavam mais de três bilhões de

(29)

homens-hora trabalhadas, concluiu que a maioria das ocorrências resultava em danos à propriedade, não estando relacionadas a acidentes com vítimas (BENITE, 2004).

O estudo realizado por Bird introduziu um novo conceito na área da segurança do trabalho denominado “Engenharia de Prevenção de Perdas”, vale dizer, a ação de prevenir todos os fatos negativos que distorcem um processo de trabalho, impedindo que se cumpra o programado, e que podem provocar danos às pessoas ou aos elementos materiais que se empregue (HENRIQUES, 1982).

2.2 A EVOLUÇÃO DA SEGURANÇA DO TRABALHO NO BRASIL

Ao observar-se a estrutura dos cursos de formação de profissionais de Engenharia de Segurança e a regulamentação da profissão, vê-se refletidas as duas fases da evolução da Segurança do Trabalho na Europa: a primeira, a voltada para a reparação de danos físicos, com atuação predominantemente da área médica; a segunda voltada para a prevenção e controle dos riscos, quando se inicia a atuação dos engenheiros especializados em Segurança do Trabalho.

Em 1960, o Curso Básico de Saúde Pública para Engenheiros com Especialização em Higiene Industrial, era ministrado pela Escola Nacional de Saúde Pública do Ministério da Saúde, com enfoque direcionado aos riscos inerentes ao trabalho e ao seu tratamento, não havendo a abordagem da análise ou gerenciamento de riscos. Em 1972, através da Portaria 3237/72, a especialização de Engenharia de Segurança passou para o Ministério do Trabalho e em 27 de novembro de 1985, foi sancionada a Lei nº. 7.410, regulamentada pelo Decreto nº. 92.530 de 9 de abril de 1986, que transferiu a especialização de Engenharia de Segurança para o sistema CONFEA/CREA, sendo o curso ministrado em Universidades, com nível de pós-graduação, sujeito a orientações do Ministério da Educação, e com uma abordagem voltada para Prevenção e Controle de Riscos (LOPES NETO, 2005). Em 1966 foi criada a Fundação Jorge Duprat Figueredo de Segurança e Medicina no Trabalho – FUNDACENTRO, centro especializado em estudos de Segurança do Trabalho que em 1974 foi vinculado ao Ministério do Trabalho. A evolução da regulação da Segurança do Trabalho no Brasil está apresentada no Quadro III.

(30)

LEGISLAÇÃO DATA DESCRIÇÃO OU CARACTERÍSTICAS

Lei nº. 3724 15/01/1919 Implantou a indenização obrigatória pela empresa das conseqüências do acidente do trabalho

Decreto Lei nº. 7036 10/11/1944 Substituiu a Lei anterior

Lei nº. 5316 14/09/1967 Integrou o seguro de acidentes do trabalho na Previdência Social Decreto nº. 61784 28/11/1967 Aprovou o novo Regulamento do Seguro de acidentes do trabalho. Portaria 3237/72 1972 A especialização da Engenharia de Segurança passa para o Ministério do

Trabalho

Lei nº. 6367 19/10/1976 Ampliou a cobertura do acidente do trabalho, eliminando a indenização global. Lei 6514 22/12/1977 Alterou o Cap. V, do Título II da CLT, relativo à Segurança do Trabalho. Portaria nº. 3214 do

MT

08/06/1978 Regulamentou as Normas Regulamentadoras do Cap. V, Título II da CLT, relativas à Segurança e Medicina do Trabalho.

Lei nº 7.410 27/11/1985 Transferida a Especialização de Engenharia de Segurança para o sistema CONFEA /CREA

Decreto 92.530 9/04/1986 Regulamentou a Lei nº 7.410

Lei nº. 8112 11/12/1990 Regulamentou os casos em que servidores públicos civis da União têm direito aos benefícios decorrentes de acidentes do trabalho.

Decreto. nº.158 do M. Rel. Exteriores

02/07/1991 Promulgou a Convenção nº. 160 da OIT sobre estatísticas do trabalho.

Lei nº. 8213 24/07/1991

Especificou os casos em que trabalhadores regidos pela CLT têm direito aos benefícios previdenciários decorrentes de acidentes do trabalho.

Decreto nº. 356 07/12/1991

Aprovou o regulamento da organização e do custeio da Seguridade Social e estabeleceu em 2% a contribuição para a FUNDACENTRO da receita do seguro de acidente do trabalho.

Decreto nº. 357 07/12/1991 Aprovou o regulamento dos benefícios da Previdência Social. Decreto nº. 611 21/07/1992 Deu nova redação ao regulamento da Previdência Social.

Decreto nº612 21/07/1992 Deu nova redação ao regulamento da organização e custeio da Seguridade Social Portaria nº. 4 do MT 04/07/1995 Aprovou novo texto da Norma Regulamentadora 18, específica para a Construção

Civil.

QUADRO III - EVOLUÇÃO DA REGULAÇÃO DA SEGURANÇA DO TRABALHO NO BRASIL Baseado em AQUINO, 1996 e LOPES NETO, 2005.

(31)

A legislação prevencionista está contida no Cap. V do Título II da CLT, enquanto que as leis específicas da Previdência Social abrangem a legislação reparatória (GOZZI, apud AQUINO, 1996).

2.3 A SEGURANÇA DO TRABALHO NA ATUALIDADE

Os modelos de gestão da Segurança do Trabalho evoluíram no mundo e no Brasil, acompanhando as mudanças causadas pela evolução tecnológica vinculada às atividades produtivas geradoras de risco e as decorrentes demandas sociais para promoção da saúde e segurança do trabalhador.

Benite (2004) apresenta uma interessante síntese dos princípios básicos aplicados na gestão a partir da transição do modelo taylorista para a abordagem sistêmica das organizações.

FIGURA 1 – Transição dos Princípios de Gestão do Taylorismo para Visão Sistêmica REDUCIONISMO

Todas as coisas podem ser decompostas em elementos fundamentais simples, que constituem unidades indivisíveis do todo. Os

fenômenos são explicados pela decomposição do todo, tanto quanto

possível, em partes mais simples, facilmente solucionáveis e explicáveis

(Chiavenato,1992).

E, posteriormente, a solução ou explicação do todo consiste na agregação das soluções

e explicação das partes.

EXPANCIONISMO

Todo fenômeno é parte de um fenômeno maior; assim, o desempenho de um sistema depende de como ele se relaciona

com um todo maior que o envolve e do qual faz parte.

O expansionismo admite que cada fenômeno seja constituído de partes, porém a sua ênfase reside na focalização

do todo.

PENSAMENTO ANALÍTICO Admite-se que, atingindo resultados positivos em cada processo, seriam obtidos resultados positivos na empresa

como um todo.

PENSAMENTO SINTÉTICO Os resultados positivos de uma

empresa são considerados provenientes das diversas interações existentes entre os

(32)

Da mesma forma, a estrutura de gerenciamento do processo acompanhou as mudanças organizacionais e provocou a substituição de um modelo reducionista e reativo, por um modelo sistêmico e pró-ativo, atualmente empregado no gerenciamento dos Sistemas de Segurança pelas empresas (BENITE, 2004).

Modelo Reativo Modelo Pró-Ativo

FIGURA 2 – EVOLUÇÃO DOS MODELOS DE GESTÃO DE SSHMA

Krause apud Benite (2004) afirma que as organizações apresentam três níveis de desempenho em Segurança e Saúde do Trabalho ao longo do tempo, como demonstrado na Figura 3. ACIDENTE INVESTIGAÇÃO ANÁLISE MEDIDAS DE CONTROLE DE SST IDENTIFICAÇÃO DE PERIGOS AVALIAÇÃO DE RISCOS MEDIDAS DE CONTROLE DE SST ACIDENTE I N V E S T I G A Ç Ã O

(33)

FIGURA 3 - DESEMPENHO DE SEGURANÇA (TAXA DE ACIDENTES X TEMPO)

O primeiro ocorre quando as organizações ainda se encontram no “Ciclo dos Acidentes”. Nesta condição, em resposta ao elevado números de ocorrência de acidentes, aumentam-se os controles e, em conseqüência, o desempenho de Segurança e Saúde no Trabalho melhora. Em seguida, os recursos são desviados para outras áreas, iniciando-se um novo período de crescimento do número de sinistros. Nesta condição, não são geradas melhorias contínuas de desempenho.

O ciclo seguinte é o “Patamar de Desempenho”: as organizações adotam práticas adequadas de Segurança e Saúde no Trabalho de forma contínua com o objetivo de reduzir suas taxas de acidentes. Apesar do esforço, a taxa média cai, porém se mantém no novo patamar.

O terceiro e último nível é o de “Melhoria Contínua de Desempenho”, em que as taxas de acidentes são reduzidas de forma constante e ininterrupta, não retornando aos níveis do ciclo anterior. Só atingem este nível as organizações que mantêm constância de propósitos, adoção de mecanismos sistêmicos de melhoria contínua e atuação pro ativa em Segurança e Saúde no Trabalho.

Os modernos modelos adotados para gestão da Segurança e Saúde no Trabalho têm como base o ciclo PDCA (Plan, Do, Check, Act), oriundo dos conceitos de

(34)

Planejamento : Estabelecimento da Política de

Saúde e Segurança do Trabalho. Identificação de perigos, avaliação e controle

de riscos. Objetivos e programas de Gestão. Exigências legais e normativas

Operação: Sistema de Documentação e controle de documentos e dados. Preparação e atendimento a emergências. Comunicação. Controle Operacional. Estrutura e responsabilidade. Treinamento Monitoramento: Medição e monitoramento

do desempenho. Controle e gestão de registros. Auditoria

Melhorias: Acidentes, incidentes, não conformidades, ações preventivas e

corretivas. Análise crítica pela Administração

P

D

C

A

Qualidade Total e são estruturados a partir da busca da melhoria contínua como apresentado na Figura 4.

São exemplos destes sistemas os modelos da BSI OHSAS 18001 (British Standard Institution, Occupational Health and Safety Assessment Series), ILO OSH (Guidelines on Occupational Safety and Health Management Systems) e ACP (Administração e Controle de Perdas)

Esta estrutura básica está contida nos requisitos do Prêmio Pólo de Segurança Industrial e também na Gestão de SSHMA (Segurança, Saúde, Higiene e Meio Ambiente) da DETEN Química S.A. como veremos mais detalhadamente no capítulo 3 a seguir.

FIGURA 4 – ASSOCIAÇÃO DO CICLO PDCA AOS MODELOS DE GESTÃO DE SSHMA

(35)

Por adotar a mesma estrutura das Normas ISO (International Organization for Standardization) voltadas para Qualidade do Produto (ISO 9001) e Gestão do Meio Ambiente (ISO 14000), a Gestão da Saúde e Segurança do Trabalho se faz, atualmente, de forma integrada a estes sistemas, dentro das organizações.

2.4 OS CUSTOS DA NÃO SEGURANÇA DO TRABALHO - AVALIAÇÕES REALIZADAS EM PAÍSES DESENVOLVIDOS, ESPECÍFICAS PARA O SETOR DA CONSTRUÇÃO CIVIL.

No exterior, os trabalhos realizados por agências especializadas, companhias seguradoras e pesquisadores dão conta de enormes somas que são despendidas por empresas, governos e por toda a sociedade na reparação dos danos provocados pela ocorrência de acidentes. A título ilustrativo, o QUADRO IV, apresenta informações quantitativas resultantes de pesquisas realizadas na Inglaterra, Alemanha e Estados Unidos.

PAÍS INFORMAÇÃO RESPONSÁVEL PELO

LEVANTAMENTO

Reino Unido

Custo global com acidentes do trabalho é estimado entre 5 a 10% do lucro bruto decorrente das vendas de todas as empresas britânicas, desconsiderando os acidentes onde só houve danos materiais.

HSE (Health and Safety Executive), órgão do governo responsável pela saúde e Segurança do Trabalho.

Estados Unidos

13.000 mortes por acidentes por ano. Dois milhões de feridos envolvendo afastamento de um ou mais dias. Prejuízos de 30 bilhões de dólares por ano.

NSC (National Safety Council) ONG Americana

Alemanha

Empresas gastaram aproximadamente 30,5 bilhões de euros na cobertura de seguros, pagos pela seguridade social por faltas ao trabalho.

Grundmann e Van Vuuren

Portugal

Nas 2.000 maiores empresas registraram-se perda de mais de 7,7 milhões de dias de trabalho, resultantes de doenças em um único ano (5,5% dos dias de trabalhados).

Grundmann e Van Vuuren

QUADRO IV - ESTIMATIVAS DE CUSTOS DE NÃO SEGURANÇA EM PAÍSES DESENVOLVIDOS Baseado em BENITE, 2004.

(36)

No Brasil, as informações de ocorrências de acidentes, divulgadas pelo Ministério da Previdência e Assistência Social do ano de 2003 e apresentadas no Quadro V, dão conta da magnitude do problema.

CLASSIFICAÇÃO DE ACORDO COM A LEGISLAÇÃO PREVIDENCIÁRIA DESCRIÇÃO QUANTIDADE (Casos)

Incapacidade Temporária Trabalhador fica afastado, até ser considerado apto para o trabalho.

337.602

Incapacidade permanente

Trabalhador fica incapacitado para exercer a atividade desempenhada quando da ocorrência do acidente. Pode ser total (aposentadoria por invalidez) ou parcial (apto para exercer outra atividade)

12.649

Simples assistência médica Trabalhador recebe atendimento médico e retorna ao trabalho.

60.120

Óbitos Falecimento em virtude de um acidente do trabalho

2.582

QUADRO V - ACIDENTES DO TRABALHO – BRASIL – 2003 Fonte: MPAS, 2003

O governo brasileiro gastou em 2003 R$ 8,2 bilhões em reabilitação e indenizações por acidentes e doenças do trabalho (MTE, 2005). Neste mesmo ano a Construção Civil respondeu por 7% dos acidentes no Brasil (MTE, 2005), portanto a cifra aproximada gasta com o setor corresponderia a R$ 574 milhões. Considerando que a participação no PIB nacional em 2003 foi de 7,23%, correspondendo a R$ 112 bilhões (IBGE, 2005), estes números indicam que os custos com as perdas por acidentes do trabalho na Construção Civil representaram 0,5% da riqueza gerada pelo setor.

(37)

2.5 METODOLOGIAS DE AVALIAÇÃO DO CUSTO DO ACIDENTE

A atuação das empresas no Brasil e no mundo tende a estar cada vez mais de acordo com o conceito de Responsabilidade Social.

O Instituto ETHOS, Organização Não Governamental brasileira, afirma que “uma empresa socialmente responsável é aquela que possui a capacidade de ouvir os interesses das diferentes partes (acionistas, funcionários, prestadores de serviço, fornecedores, consumidores, comunidade, governo e meio-ambiente) e conseguir incorporá-los no planejamento de suas atividades, buscando atender às demandas de todos e não apenas dos acionistas ou proprietários” (ETHOS, 2003).

Nessa nova perspectiva, a avaliação do custo de um acidente deve levar em conta os danos provocados à sociedade, à empresa, bem como ao empregado e sua família.

Do ponto de vista da sociedade, os custos decorrentes da ocorrência de elevado número de acidentes aumentam os encargos assumidos pela Previdência Social, o que, por sua vez, incrementa a parcela de recolhimentos dos contribuintes para cobrir estes encargos, aumentando as taxas previdenciárias e os impostos. Outro fato decorrente do elevado número de acidentes é a incorporação do custo dos acidentes ao preço do produto, prejudicando a economia do País.

Para a empresa, são muitos os custos que podem advir da ocorrência de acidentes.Enumera-se a seguir os mais previsíveis: tempo do trabalho perdido pelo acidentado; tempo do trabalho perdido pelos companheiros; tempo gasto para análise e prevenção dos acidentes; diminuição da produção pela interrupção do trabalho; diminuição momentânea da produtividade dos trabalhadores; não produção devido equipamento danificado; custo de máquina, material ou equipamento danificado; custo de reposição de peças ou de conserto; custo com primeiros socorros e despesas médicas; possibilidade de atraso na entrega do produto; aumento do preço do custo de produção (menor competitividade do produto); aumento da taxa de seguros; custos com treinamento de novos empregados;

(38)

contratação de novos empregados; desprestígio social; custos ambientais, conflitos com sindicatos, com a família do acidentado e com autoridades governamentais.

Para o empregado e seus familiares, a avaliação das perdas são mais difíceis de serem realizadas porque se situam em campos como integridade física e moral, qualidade de vida após o acidente, dentre outros fatores pessoais, além de serem de difícil reparação ou anulação dos seus efeitos.

2.5.1 Custo Direto ou Custo Segurado do Acidente do Trabalho

O Custo Segurado é obtido através do produto da taxa seguro acidente, pelo total da folha de salário contribuição dos empregados da empresa.

CS = Seguro de Acidente do trabalho (SAT) x Total da Folha de Salário Contribuição

A partir de 28/04/2004, através da Resolução nº. 1236 o Conselho Nacional de Previdência Social (CNPS), adotou nova metodologia para flexibilização das taxas de Seguro Acidentes do Trabalho (SAT), que também regulamentou o artigo 10 da Lei nº. 10.666 de 08/05/2003.

Esta metodologia define que a taxa SAT a ser paga por uma empresa poderá ser reduzida em até 50% ou majorada em até 100% de acordo com o desempenho em Segurança e Saúde no trabalho da empresa. Foi instituído o Fator Acidentário Previdenciário (FAP) que é composto de:

Coeficiente de Freqüência definido pela fórmula:

CF= [(B31 + B32 + B91 + B92 + B93) x 1000] / QMVE

Coeficiente de Gravidade definido pela fórmula:

(39)

Coeficiente de Custo definido pela fórmula:

CC = Valor pago (R$) pelo INSS / valor (R$) potencialmente arrecadado pelo INSS

Onde:

B31 = Auxílio doença previdenciário

B32 = Aposentadoria por invalidez previdenciária B91 = Auxílio doença acidentário

B92 = Aposentadoria por invalidez acidentária B93 = Pensão por morte acidentária

B94 = Auxílio acidente.

Valor pago pelo INSS = Soma dos rendimentos mensais dos benefícios / 30 dias x idade dos benefícios

Valor Potencial = Soma dos produtos mensais da respectiva massa salarial pela alíquota de SAT correlata

QMVE = Quantidade média de vínculos empregatícios

Com estas três coordenadas tridimensionais e para cada atividade do Cadastro Nacional de Atividades Econômicas - CNAE será definido o Fator Acidentário Previdenciário da empresa (OLIVEIRA, 2004).

2.5.2 Custo Indireto ou Não Segurado do Acidente do Trabalho

O custo não segurado dos acidentes é difícil de serem determinados e variam de empresa para empresa. Dentre os existentes serão apresentados a seguir dois métodos desenvolvidos por dois pesquisadores de reconhecida contribuição para a gestão da Segurança do Trabalho, o Dr. Heinrich e o Professor De Cicco, e ainda o Método da NSC, National Safety Council. (ABS, 2004)

(40)

a) Método de Heinrich

O Método de Heinrich avalia o custo indireto como sendo quatro vezes o custo direto. H. W. Heinrich estabeleceu esta relação em 1930, ao estudar a ocorrência dos acidentes e observar que cada dólar gasto com indenização e assistência às vítimas (custo segurado) do acidente, correspondia a quatro dólares de custo não segurado.

b) Método do Engenheiro Francesco De Cicco (DE CICCO, 1985).

Consiste no preenchimento a cada ocorrência de uma ficha padronizada apresentada a seguir (Figura 5), onde são identificados três componentes do custo total, conforme a fórmula:

C = C1 + C2 + C3 – I

Onde:

C = Custo efetivo dos acidentes

C1 = Custo correspondente ao tempo de afastamento (até os quinze primeiros dias),

em conseqüência de acidentes com lesão.

C2 = Custo referente aos reparos e reposição de máquinas, equipamentos e

materiais danificados (acidentes com danos a propriedade).

C3 = Custos complementares relativos às lesões (assistência médica e primeiros

socorros) e aos danos à propriedade (outros custos operacionais como os resultantes de paralisações, manutenção e lucros cessantes).

I = Indenizações e ressarcimentos recebidos através de seguro ou de terceiros (valor líquido)

(41)

FIGURA 5 – FICHA DE INVESTIGAÇÃO DE ACIDENTES FONTE: DE CICCO, 1985.

FICHA N.º ____/___ 2) FICHA DE COMUNICAÇÃO DE ACIDENTE

Acidente com lesão a)Recebida em ____/_____/_____

Acidente c/ dano a b)Unidade ____________________

propriedade c) Setor

2) LOCAL DO ACIDENTE 3) HORA DO ACIDENTE

__________h _________m 4) DATA DO ACIDENTE ______/_______/______

8) ACIDENTE COM LESÃO

a) Nome do acidentado: b) Matrícula:

c) Função:

d) Principais causas do acidente: e) Conseqüências do acidente: f) Salário por hora: R$

- Salário – R$

- Encargos sociais – R$ - Outros – R$

TOTAL 1 : R$ C1 g) Tempo de afastamento :

h) Custo relativo ao tempo de afastamento (até 15 primeiros dias): i) Observações:

7) ACIDENTES COM DANO À PROPRIEDADE

a) Máquina(s)/ Equipamento(s) danificado(s):___________________________________ b) Material(ais) danificado(s): _______________________________________________ c) Principais causas do acidente: ____________________________________________

_____________________________________________________________

d) Observações: __________________________________________________________ ________________________________________________________________________ e) Custo dos reparos ou reposições:

- Máquina(s) e Equipamento(s): R$ - Material (ais): R$

- TOTAL: 2 R$ C2

8) CUSTOS COMPLEMENTARES

a) Acidente com lesão:

- Assistência Médica – R$ - Primeiros Socorros – R$ - Outros – R$ b) Acidentes com danos à propriedade: - Outros custos operacionais – R$

c) Observações: ____________________________________________________________________

d) TOTAL 3 : R$ C3

9) CUSTO DO ACIDENTE R$ C= C1+C2+C3

10) INFORMANTES 11)RESPONSÁVEIS PELOPREENCHIMENTO

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c) Método do National Safety Council (NSC)

Consiste em se realizar um estudo preliminar dos acidentes ocorridos em uma empresa classificando-os em cinco categorias básicas

Classe A1: Acidentes com perda de tempo e com incapacidade parcial e permanente ou incapacidade total temporária;

Classe A2: Acidentes com perda de tempo, com incapacidade parcial e temporária, e casos de tratamento que requerem a atenção de um médico fora da empresa;

Classe A3: Acidentes sem perda de tempo, isto é, casos de tratamento que requerem só pronto socorro ou tratamento de ambulatório da empresa;

Classe A4: Acidentes sem lesões, com perdas materiais menores que um valor previamente estabelecido ou perda de menos de 8 horas de trabalho; e

Classe A5: Acidentes sem lesões e com perdas materiais iguais ou superiores ao valor estabelecido ou perda de oito ou mais horas de trabalho de um homem.

A partir deste levantamento, estabelece-se o custo médio para cada categoria de acidentes (A1 até A5), que pode ser utilizado exclusivamente na empresa onde foi efetuado o estudo, desde que na mesma não ocorram grandes modificações na sua estrutura física ou nos processos. Devem ser realizadas atualizações dos valores de salários e outras despesas avaliadas sempre que se registrem estas alterações.

Portanto, a estimativa de custo de acidentes de uma empresa que adote este método, poderá ser feita pela multiplicação do número de acidentes de cada categoria pelo respectivo custo médio. A soma desses produtos dará o custo não segurado total, nessa empresa, para o período de tempo em que se está efetuando a estimativa. O custo dos acidentes será a soma dessa parcela (custo não segurado total) com a do custo segurado.

(43)

2.6 O SETOR DA CONSTRUÇÃO CIVIL

2.6.1 O Setor da Construção Civil: Conceito, Característica e importância sócio-econômica.

O conceito de “indústria” é usado para agregar setores industriais que mantêm fortes relações de compra e venda, que abastecem um mercado, ou para agregar setores de mesma base tecnológica que atendem a mercados diversos (ERBER, 2005).

O conceito de “setor” é mesoeconômico porque se situa entre as análises da empresa (microeconomia) e a dos grandes agregados macroeconômicos. Tem como principais características a especialização, pois reúne empresas ou atividades econômicas que apresentam elementos comuns e a interdependência, visto que une processos que vão da produção da matéria prima à comercialização do seu bem final, formando uma “cadeia produtiva” na qual o elo mais fraco define a força do setor (ERBER, 2005).

As cadeias produtivas se originam da desintegração vertical e da necessidade de especialização técnica e social que ocorre mais intensamente a partir do aumento da interdependência dos agentes econômicos. Quando as cadeias produtivas se agrupam em blocos, onde as transações comerciais são mais intensas do que com outros setores, passam a integrar complexos industriais.

De forma simplificada a Construção Civil pode ser dividida em processo e produto O processo consiste nas diversas etapas de execução da uma obra ou serviço. O produto é o resultado final obtido ao final do processo (ROSSO, 1990). Para MESSENGUER (1990), no entanto, a Construção Civil abrange os processos de planejamento, projetos, materiais, execução, uso/manutenção, tendo como agentes intervenientes o promotor do empreendimento/obra, os projetistas, fabricantes, construtores, usuários/proprietários.

De acordo com a Câmara Brasileira da Indústria da Construção – CBIC o “Macrossetor da Construção Civil” é composto pelas atividades da Construção Civil (73,45%), pelas atividades industriais associadas à construção (que fornecem

Referências

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