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Efeitos de programa de treinamento concorrente na autonomia funcional, na capacidade funcional, na qualidade de vida e no metabolismo ósseo em mulheres idosas

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CRISTIANO ANDRADE QUINTÃO COELHO ROCHA

EFEITOS DE UM PROGRAMA DE TREINAMENTO

CONCORRENTE NA AUTONOMIA FUNCIONAL, NA

CAPACIDADE FUNCIONAL, NA QUALIDADE DE VIDA E NO

METABOLISMO ÓSSEO EM MULHERES IDOSAS

UNIVERSIDADE DE TRÁS-OS-MONTES E ALTO DOURO

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II

CRISTIANO ANDRADE QUINTÃO COELHO ROCHA

EFEITOS DE UM PROGRAMA DE TREINAMENTO

CONCORRENTE NA AUTONOMIA FUNCIONAL, NA

CAPACIDADE FUNCIONAL, NA QUALIDADE DE VIDA E NO

METABOLISMO ÓSSEO EM MULHERES IDOSAS

Orientadores:

Prof. Dr. Estélio Henrique Martin Dantas

Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO), Brasil

Prof.ª Dra. Maria Helena Rodrigues Moreira

Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), Portugal

UTAD Vila Real – 2016

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III

FICHA CATALOGRÁFICA

Rocha, Cristiano Andrade Quintão Coelho

Efeitos de programa de treinamento concorrente na autonomia funcional, na capacidade funcional, na qualidade de vida e no metabolismo ósseo em mulheres idosas / Cristiano Andrade Quintão Coelho Rocha. Vila Real, 2016.

Orientadores: Prof. Dr. Estélio Henrique Martin Dantas Prof. Dra. Maria Helena Rodrigues Moreira

Dissertação (Doutoramento) Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro

PALAVRAS-CHAVE: Idosos, Treinamento Concorrente, Autonomia Funcional, Capacidade Funcional, Qualidade de Vida e Metabolismo Ósseo.

KEY WORDS: Elderly, Concurrent Training, Functional Autonomy, Functional Capacity, Quality of Life and Bone Metabolism.

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IV

Este trabalho foi expressamente elaborado como dissertação original para efeito de obtenção do grau de Doutor em Ciências do Desporto, de acordo com o disposto no Decreto-Lei 107/2008, de 25 de junho.

(5)

V

Dedico este trabalho a minha amiga e incentivadora esposa, principal pilar de minha tese. Aos meus pais, que sempre apoiaram todos os momentos e decisões de minha vida. Ao meu filho

“Enzo” fruto de um amor verdadeiro,

que enche meu coração de coragem, alegria e paz.

(6)

VI

AGRADECIMENTOS

Agradeço esses proveitosos anos de minha vida primeiramente a Deus pela sabedoria em mim colocada, pois devido a esta valiosa qualidade, conquistei a maturidade, seriedade e serenidade necessária para o estudo e a determinação, pois com ela tive a certeza de que todos os esforços realizados ao longo desta jornada foram suficientes para a superação de vários obstáculos e a conquista de um objetivo maior em minha vida.

Aos meus companheiros e amigos de estudo, em particular, Guilherme Tucher e Jairo Antônio da Paixão, pelas conversas e discussões científicas, contribuindo para minha formação profissional.

Aos Doutores que conheci nas disciplinas do curso, na certeza de que foram importantes para a ampliação e transformação dos meus conhecimentos. À minha orientadora e professora Dra. Maria Helena Moreira, que através de sua orientação precisa e segura, permitiu a sabedoria durante a construção deste estudo.

E com admiração e respeito ao meu Orientador Prof. Dr. Estélio Henrique Martin Dantas, que na sua humildade e simplicidade, se mostra um desbravador de conhecimentos com muita competência e grandiosidade, sendo que estas foram determinantes para orientar, discutir e sanar as minhas dúvidas, contribuindo de forma maciça para a construção do conhecimento científico.

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VII ÍNDICE GERAL AGRADECIMENTOS...VI ÍNDICE GERAL...VII ÍNDICE DE FIGURAS...IX ÍNDICE DE QUADROS...X LISTA DE ABREVIATURAS...XIII RESUMO...XV ABSTRACT...XVII 1 – INTRODUÇÃO GERAL...1 1.1. Introdução...2 1.2. Apresentação do problema...3 1.3. Organização da tese...4 1.4. Objetivos...4 2 – REVISÃO DE LITERATURA...5 2.1. Enquadramento...6

2.2. Epidemiologia e estudo demográfico...8

2.3. Alterações fisiológicas do processo de envelhecimento...10

2.3.1. Alterações antropométricas no idoso...10

2.3.2. Alterações músculo-esqueléticas no idoso...11

2.3.3. Alterações do tecido ósseo no idoso...11

2.4. Autonomia funcional...12

2.5. Capacidade funcional...14

2.6. Qualidade de vida...16

2.7. Metabolismo ósseo...17

2.7.1. Células do tecido ósseo...17

2.7.2. Marcadores bioquímicos...19

2.8. Exercício físico e promoção da saúde...20

2.8.1. Treinamento concorrente...22

3 – METODOLOGIA...24

3.1. Caracterização da amostra...26

3.2. Materiais utilizados...27

3.3. Tarefas, procedimentos e protocolos...27

(8)

VIII

3.3.2. Treinamento concorrente (TC)...28

3.3.3. Avaliação antropométrica...30

3.3.4. Avaliação da autonomia funcional...31

3.3.5. Avaliação da capacidade funcional...32

3.3.6. Avaliação da qualidade de vida...33

3.3.7. Avaliação do metabolismo ósseo...33

3.3.8. Avaliação dos níveis de atividade física habitual...34

3.4. Procedimentos estatísticos...35

4 – APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS...37

5 – DISCUSSÃO DOS RESULTADOS...50

6 – CONCLUSÕES GERAIS...69

7 – REFERÊNCIAS...72

Referências...73

8 – ANEXOS...88

8.1. Anexo A: Aprovação pelo Comitê de Ética...89

8.2. Anexo B: Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE)...90

8.3. Anexo C: Escala das Atividades da Vida Diária (Katz)...93

8.4. Anexo D: Escala das Atividades Instrumentais da Vida Diária (Lawton) ...94

8.5. Anexo E: Questionário de qualidade de vida WHOQOL-OLD...95

8.6. Anexo F: Avaliação dos Níveis de Atividade Física Habitual (IPAQ)..98

8.7. Anexo G: Anamnese...103

8.8. Anexo H: Declarações...104

8.9. Anexo I: Publicações Científicas...106

8.10. Anexo J: Protocolo dos testes de autonomia funcional (GDLAM)..108

(9)

IX

ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 2.1 Manutenção da capacidade funcional durante o curso da vida...14 Figura 3.1 Recrutamento e seleção da amostra...26 Figura 3.2 Realização do teste de caminhar 10 metros: (a) fase inicial e (b)

fase final (Dantas,Vale e Pernanbuco 2004)...108

Figura 3.3 Realização do teste de levantar-se da posição sentada: (a) fase

inicial e (b) fase final (Dantas, Vale e Pernambuco, 2004)……….108

Figura 3.4 Realização do teste de levantar-se da posição decúbito ventral: (a)

fase inicial e (b) fase final (Dantas, Vale e Pernambuco, 2004)………109

Figura 3.5 Realização do teste de levantar-se da cadeira e locomover-se pela

casa: (a) fase inicial e (b) fase final (Dantas, Vale e Pernambuco, 2004)……110

Figura 3.6 Realização do teste de vestir e tirar a camiseta: (a) fase inicial, (b, c

(10)

X

ÍNDICE DE QUADROS

Quadro 2.1 Indicadores de redução da capacidade funcional adaptado...15 Quadro 2.2 Marcadores bioquímicos do metabolismo ósseo...20 Quadro 2.3 Benefícios da vida ativa...21 Quadro 2.4 Prescrição de exercícios para indivíduos que apresentam pelo

menos uma fator de risco de fratura osteoporótica e indivíduos com osteoporose (ACSM)...23

Quadro 3.1 Valores padrão de avaliação da autonomia funcional do protocolo

GDLAM (Vale, 2005)………..32

Quadro 4.1 Estatística descritiva da idade, dos dados antropométricos e da

atividade física habitual no início do estudo (n=51). Análise da normalidade das variáveis consideradas...38

Quadro 4.2 Estatística descritiva e análise da normalidade do marcador

bioquímico deoxipiridinolina das idosas no início do estudo (n=51)………..…39

Quadro 4.3 Valores de pré-teste e de pós-teste das variáveis antropométricas

nos dois grupos analisados e comparação dos valores médios de pré-teste exibidos pelos mesmos………..39

Quadro 4.4 Análise da normalidade das variáveis antropométricas das idosas

no grupo de treinamento concorrente (n=25)……….40

Quadro 4.5 Análise da normalidade das variáveis antropométricas das idosas

no grupo de controlo (n=26)………..40

Quadro 4.6 Comparações intragrupos e intergrupos das variáveis

antropométricas das idosas nos dois grupos analisados (valores de significância p dos testes de hipóteses)……….41

Quadro 4.7 Comparação das taxas de modificação (%) das variáveis antropométricas entre o grupo de treino concorrente (GTC) e o grupo de controlo (GC)………....41

Quadro 4.8 Valores de pré-teste e de pós-teste dos testes de autonomia

funcional (GDLAM) nos dois grupos analisados e comparação dos valores médios de pré-teste exibidos pelos mesmos……….42

(11)

XI

Quadro 4.9 Comparações intragrupos e intergrupos dos testes de autonomia

funcional do protocolo do GDLAM das idosas nos dois grupos analisados (valores de significância p dos testes de hipóteses)………..43

Quadro 4.10 Comparação das taxas de modificação (%) dos testes de autonomia funcional (GDLAM) entre o grupo de treinamento concorrente (GTC) e o grupo de controlo (GC)……….44

Quadro 4.11 Valores de pré-teste e de pós-teste das escalas de capacidade

funcional (Lawton e Katz) nos dois grupos analisados e comparação dos valores médios de pré-teste exibidos pelos mesmos……….44

Quadro 4.12 Comparações intragrupos e intergrupos das escalas de

capacidade funcional de Lawton e Katz das idosas nos dois grupos analisados (valores de significância p dos testes de hipóteses)………..45

Quadro 4.13

capacidade funcional (Lawton e Katz) entre o grupo de treinamento concorrente (GTC) e o grupo de controlo (GC)………..46

Quadro 4.14 Valores de pré-teste e de pós-teste do questionário de qualidade

de vida (WHOQOL-OLD) nos dois grupos analisados e comparação dos valores médios de pré-teste exibidos pelos mesmos……….46

Quadro 4.15 Comparações intragrupos e intergrupos da qualidade de vida do

questionário WHOQOL-OLD das idosas nos dois grupos analisados (valores de significância p dos testes de hipóteses)………...47

Quadro 4.16 Comparação das taxas de modificação (%) dos domínios do questionário de qualidade de vida (WHOQOL-OLD) entre o grupo de treino concorrente (GTC) e o grupo de controlo (GC)………..48

Quadro 4.17 Valores de pré-teste e de pós-teste marcador bioquímico

deoxipiridinolina (DPD) nos dois grupos analisados e comparação dos valores médios de pré-teste exibidos pelos mesmos………..48

Quadro 4.18 Comparações intragrupos e intergrupos do marcador bioquímico

deoxipiridinolina (DPD) das idosas nos dois grupos analisados (valores de significância p dos testes de hipóteses)………...49

(12)

XII

Quadro 4.19 Comparação das taxas de modificação () do marcador

bioquímico deoxipiridinolina (DPD) entre o grupo de treino concorrente (GTC) e o grupo de controlo (GC)………49

Quadro 4.20 Marcadores bioquímicos do metabolismo ósseo e exercício

(13)

XIII

LISTA DE ABREVIATURAS

ABVD Atividades Básicas da Vida Diária

ADL Activities of Daily Living

AF Autonomia funcional

AIVD Atividades instrumentais da vida diária

AVD Atividades da vida diária

IF Incapacidade funcional

bpm Batimentos por minuto

Ca²+ Cálcio

CF Capacidade funcional

C10m Caminhar 10 metros

DMO Densidade mineral óssea DPD Deoxipiridinolina

PYD Piridinolina

E Estatura

FAMINAS Faculdade de Minas

FCM Frequência cardíaca máxima

FCR Frequência cardíaca de reserva

FM Força muscular

GTC Grupo de Treinamento concorrente

GC Grupo controle

GDLAM Grupo de Desenvolvimento Latino-Americano da

Maturidade

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

IFA Idosas fisicamente ativas ISS Idosas sedentárias saudáveis IMC Índice de massa corporal

IPA-Q Questionário Internacional de Atividade Física

kg Quilogramas

m Metros

C10m Caminhar 10 metros

(14)

XIV

LPDV Levantar da posição decúbito ventral

LPS Levantar da posição sentada

IG Índice de GDLAM

MEC Matriz óssea

MET Medida de equivalente metabólico

mmol Milimol

MO Metabolismo ósseo

nmol Nanomol

OMS Organização Mundial de Saúde

MC Massa corporal

PSF Programa de Saúde da Família

PTC Programa de treinamento concorrente

PTH Paratormona QV Qualidade de vida RC Resistência cardiovascular seg Segundos TC Treinamento concorrente TH Terapia hormonal VTC Vestir e tirar a camiseta

WHO World Health Organization

WHOQOL-OLD World Health Organization Quality of Life Group-Old QVG Qualidade de vida geral

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XV

RESUMO

TítuIo: Efeitos de um Programa de Treinamento Concorrente na Autonomia

Funcional, na Capacidade Funcional, na Qualidade de Vida e no Metabolismo Ósseo em Mulheres Idosas.

Autor: Cristiano Andrade Quintão Coelho Rocha

O envelhecimento é um processo natural e contínuo no qual ocorrem modificações fisiológicas no organismo humano. Algumas dessas alterações estão relacionadas com a capacidade do idoso em desempenhar as atividades do cotidiano, sendo elas básicas, instrumentais ou funcionais, podendo repercutir na qualidade de vida dessa população. Uma das consequências dessa incapacidade se manifesta no tecido ósseo pela dificuldade de controle metabólico. Dessa forma, é de suma importância que o geronte incorpore em seu modo e estilo de vida, a prática regular de exercícios físico. O objetivo do presente estudo foi verificar os efeitos de um programa de treinamento concorrente sobre a autonomia funcional, a capacidade funcional, a qualidade de vida e o metabolismo ósseo de mulheres idosas. As voluntárias da pesquisa passaram inicialmente por uma anamnese, tiveram seu peso corporal, altura e IMC aferidos, responderam ao questionário de qualidade de vida (WHOQOL-OLD), realizaram os testes de avaliação da autonomia funcional (GDLAM), passaram pela avaliação da capacidade funcional (KATZ/LAWTON) e tiveram suas urinas coletadas para análise como fator indicador do metabolismo ósseo (marcador bioquímico). A amostra foi composta por 51 idosas, residentes no município de Muriaé (MG), voluntárias, distribuídas em dois grupos, um grupo treinamento concorrente (GTC=25), com média de idade de 69,44±6,82 anos e um grupo controle (GC=26) com média de idade de 68,30±6,34 anos. Em relação à autonomia funcional no pré-teste, foi observado um valor fraco em todos os testes, tanto no GTC quanto no GC, com exceção dos testes de LPS e LCLC para ambos os grupos (regular). Após a intervenção, o GTC continuou com um valor fraco apenas no teste C10m; regular nos testes LPDV, VTC e IG e bom nos testes LPS e LCLC.O GC se mostrou com um valor fraco em todos os testes. Os resultados mostraram que o GTC no pós-teste apresentou melhores resultados em todas as variáveis da autonomia funcional (p<0,05) em relação ao GC. Na avaliação intragrupos no GTC, mostrou diferenças estatisticamente significativas também em todos os testes de autonomia funcional (p<0,05). Os resultados da capacidade funcional de Lawton mostraram que na comparação intragrupos o GTC apresentou diferenças estatisticamente significativas (p=0,007), porém na escala de capacidade funcional de Katz, não houve diferenças estatisticamente significativas (p=0,317). O GC mostrou alterações estatisticamente significativas somente na escala de capacidade funcional de Katz (p=0,000), aumentando o grau de dependência pela média da pontuação. Na comparação intergrupos (Katz), nota-se uma diferença estatisticamente satisfatória entre os dois grupos (p=0,000), onde o GTC ficou mais independente por meio do aumento da pontuação e o GC ficou menos independente, diminuindo a pontuação na

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XVI

escala. Os resultados do questionário de qualidade de vida – WHOQOL-OLD mostraram que na comparação intragrupos o GTC apresentou diferenças estatisticamente significativas nos domínios 2, 3 e na QVG, porém GC mostrou alterações significativas em todos os domínios e na QVG, através da diminuição da qualidade de vida. Na comparação intergrupos, na fase de pós-teste, pode-se perceber que o GTC apresentou uma diferença estatisticamente satisfatória em todos os domínios e na QVG (p<0,05), quando comparado ao GC. Em relação ao marcador bioquímico deoxipiridinolina – DPD, os resultados mostraram redução na concentração sanguínea de DPD no GTC quando feita a comparação intragrupos (p=0,007) e melhora das variáveis, peso corporal, IMC e DPD entre o GTC e GC no pós-teste (p=0,000). Conclui-se com esse estudo que praticantes de um programa de treinamento concorrente puderam apresentar uma melhora da autonomia e capacidade funcional; da qualidade de vida e da saúde óssea. Porém, mais estudos com populações maiores e com outras variedades de exercícios físicos se tornam necessários para confirmar a redução dos marcadores de reabsorção óssea na população de idosos.

Palavras-chave: Idosos, Treinamento Concorrente, Autonomia Funcional,

(17)

XVII

ABSTRACT

Title: Effects of a Program of Concurrent Training in Functional Autonomy, in

Functional Capacity, in Quality of Life and on Bone Metabolism in Elderly Women.

Author: Cristiano Andrade Quintão Coelho Rocha

Aging is a natural and continuous process involving physiological modifications in the human organism. Some of these changes are related to the ability of the elderly to perform activities of daily living, whether basic, instrumental or functional, and may have an adverse effect on the quality of life of this population. One of the consequences of this incapacity manifests itself in the difficulty to control bone metabolism. Thus, it is important for the elderly to incorporate regular physical exercise into their daily routine. The aim of the present study was to determine the effects of a concurrent training program on functional autonomy, functional capacity, quality of life and bone metabolism of elderly postmenopausal women. The volunteers were initially submitted to anamnesis, had their weight, height and BMI measured, responded to the quality of life questionnaire (WHOQOL-OLD), underwent functional autonomy tests (GDLAM), were assessed for functional capacity (KATZ/LAWTON) and provided urine samples for analysis as an indicating factor of bone metabolism (biochemical marker). The sample selection criteria, tasks, materials, procedures, protocols, instruments and statistical methods were in accordance with the aims of the study. The sample was composed of 51 elderly individuals from Muriaé, Minas Gerais state, Brazil, allocated to two groups, a concurrent training group (CTG=25), with mean age of 69,44±6,82 years and a control group (CG=26) with mean age of 68.,30±6,34 years. In relation to functional autonomy in the pretest, a weak score was exhibited in all the tests, in both the CTG and CG, except for the RSP and LCAH test in the CG (regular). After intervention, the CTG continued poor value only in the W10m; regular in the RVDP, DUS and GI tests and good in the tests RSP and LCAH. The CG showed a weak value in all tests. The results showed that the GTC at posttest showed better results in all variables of functional autonomy (p<0.05) compared

to CG. Intragroup assessment in the CTG showed statistically significant

differences also in all functional autonomy tests (p<0,05). Intragroup results of the Lawton functional capacity scale revealed that the CTG exhibited statistically significant differences, but the Katz functional capacity scale showed no statistically significant differences (p=0,007), but on the scale of functional ability to Katz, there was no statistically significant difference (p=0,317). The CG showed statistically significant changes only in the functional capacity scale Katz (p=0,000), increasing the degree of dependence by the

average score. Intergroup comparison (Katz) reveals a statistical difference

between the two groups (p=0.000), where the CTG was more independent, evidenced by the higher score, while the CG became less independent, with a lower score on the scale. The results of the quality of life questionnaire (WHOQOL-OLD) showed that the CTG exhibited statistically significant differences in domains 2 and 3 and in GQL, but the CG showed significant

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XVIII

changes in all the domains and in GQL, evidenced by the decrease in quality of life. Intergroup comparison of the posttest phase demonstrated that the CTG exhibited a statistical difference in all the domains and in GQL (p<0,05), when compared to the CG. With respect to the biochemical marker deoxypyridinoline – DPD, intragroup results showed a reduction in the blood concentration of DPD in the CTG (p=0,007) and an improvement in body weight, BMI and DPD between the CTG and CG in the posttest (0=0,000). The present study found that individuals enrolled in a concurrent training program exhibited increased functional autonomy and capacity, quality of life and bone health. However, more studies with larger populations and with different exercises are needed to confirm the decrease in bone resorption in elderly individuals.

Key-words: Elderly, Concurrent Training, Functional Autonomy, Functional

(19)

1 – INTRODUÇÃO GERAL

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2

1.1. INTRODUÇÃO

Na literatura científica existem numerosos estudos que associam o processo de envelhecimento a temáticas como a autonomia funcional (AF) (Alencar, Vale e Dantas, 2011; Amorin e Dantas, 2002; Dantas e Vale, 2004; Leal et al., 2009; Vale, 2005), a qualidade de vida (QV) (Farquar, 1995; Fleck, Chachamovich, e Trentini, 2003; Leal, et al., 2009; Pernambuco et al., 2012; World Health Organization Quality of Life Group, 1998), o metabolismo ósseo (MO) (Cadore, Brentano e Kruel, 2005; Kemmler et al., 2002; Meyer e Warnke, 2003; Monteiro, Gabriel, Sousa, Abrantes e Moreira, 2011; Vicent e Braith, 2002; Ochoa-Matínez et al.,2015), a força muscular (FM) (Eyigor, Karapolat e Durmaz, 2007; Goto et al., 2004; Kraemer et al., 2002; Marques e Saavedra, 2011; Pereira et al., 2007), a resistência cardiovascular (RC) (Costa, Pereira, Calixto, Abdalla e Rosa, 2010; Heckman e McKelvie, 2008; Meyer e Warnke, 2003; Moreira, Gabriel e Faria, 2011) e a capacidade funcional (CF) (Andreotti e Okuma, 1999; Evans e Campbell, 1993; Gonzaga, Barros, Lisboa, Barbieri e Gobbi, 2011; Matsudo, Matsudo e Barros Neto, 2001).

Em virtude das diversas alterações biológicas e funcionais no organismo do idoso, decorrentes da senescência, como a diminuição dos níveis de FM, se faz necessário à utilização de diferentes metodologias de treinamento, dentre elas o treinamento concorrente (TC), que é a modalidade no qual o exercício de força e o cardiovascular são realizados na mesma sessão de treinamento, (Cruz et al., 2012; Dantas, Viana, Cader, Fernandes Filho e Perez, 2008; Rosa, Dantas e Melo, 2011).

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3

1.2. APRESENTAÇÃO DO PROBLEMA

Verificando o conteúdo abordado nas linhas iniciais deste estudo, sustentando a importância do TC durante o processo de envelhecimento humano, surge então um problema evidente: quais serão os efeitos de um programa de TC sobre a AF, a CF, a QV e o MO em mulheres idosas?

Estudos recentes apontam que as mulheres que permanecem fisicamente ativas terão um envelhecimento mais saudável, em comparação com as que não praticam exercício físico, manifestando estas últimas uma maior probabilidade de manifestação de diversas patologias, associadas nomeadamente ao MO (Benedetti, Borges, Petroski e Gonçalves, 2008; Salvador, Forindo, Reis e Costa, 2009; World Health Organization, 2003). A prática de exercício físico é uma das principais estratégias para a prevenção de doenças crónicas como osteoporose, diabetes mellitus tipo 2, hipertensão arterial, doença das artérias coronárias e obesidade (World Health Organization, 2003).

O envelhecimento humano é um processo natural da vida, porém não ocorre de forma homogénea com todos os indivíduos. Baseado no princípio da individualidade biológica, cada idosa é um ser único que, ao longo da sua trajetória de vida, foi influenciada por eventos de natureza fisiológica, patológica, psicológica, social, cultural e económica (Diogo, Ceolim e Cintra, 2000), que se repercutem na sua QV.

Sendo assim, o desenvolvimento e a aplicação de programas de exercício físico envolvendo as qualidades físicas, FM e resistência muscular e orientados para as necessidades específicas da população idosa são de suma importância, não somente pelo aspecto físico, mas também pela interação social, independência funcional e formação integral do praticante.

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4

1.3. ORGANIZAÇÃO DA TESE

A presente tese de doutoramento é constituída por 8 capítulos, iniciando-se (capítulo 1) com a apresentação do problema, dos objetivos e a exposição da pesquisa que foi realizada no âmbito do envelhecimento, funcionalidade biológica, MO e capacidade neuromuscular.

O segundo capítulo descreve o enquadramento e a revisão de literatura sobre as variáveis de estudo em questão, seguido do terceiro

capítulo que explica os métodos utilizados na pesquisa.

Os capítulos 4 e 5, onde são apresentados os resultados e a discussão, embasados em estudos afins, sendo que no capítulo 6 são apresentadas as conclusões gerais do trabalho.

No capítulo 7 são apresentadas as referências bibliográficas que serviram de embasamento teórico para a realização desta dissertação de doutoramento. Por último, no capítulo 8 são apresentados os anexos.

1.4. OBJETIVOS

1. Caracterizar o perfil antropométrico e metabolismo ósseo em mulheres idosas que compõem a amostra;

2. Avaliar a autonomia funcional, a capacidade funcional e a qualidade de vida em mulheres idosas;

3. Avaliar os efeitos do treinamento concorrente sobre a autonomia funcional em mulheres idosas;

4. Mensurar os efeitos do treinamento concorrente sobre a capacidade funcional em mulheres idosas;

5. Identificar os efeitos os treinamento concorrente sobre a qualidade de vida em mulheres idosas;

6. Verificar os efeitos do treinamento concorrente sobre o metabolismo ósseo (marcador bioquímico) em mulheres idosas.

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2.1. Enquadramento

O envelhecimento humano é reconhecido como um processo natural que apresenta várias dimensões, através de uma diversidade de particularidades distintas de cada indivíduo e entre indivíduos, sendo reforçado pela abrangência de características relacionadas ao genótipo e ao fenótipo dos sujeitos. Não é simplesmente o passar do tempo, mas as manifestações de eventos biológicos que ocorrem ao longo da vida e que geram “uma perda progressiva das capacidades fisiológicas, culminando fatalmente na morte” (Robergs e Roberts, 2002, p. 362). Portanto, “é um processo biológico normal, em que todos os organismos multicelulares sofrem alterações com o tempo”.

O aumento da expectativa de vida ocorrido ao longo dos últimos anos é um dos grandes fenômenos que vem acontecendo no mundo, podendo ser agregado a alguns fatores como: a melhoria do saneamento público, o controle das doenças infecto-contagiosas, o avanço obtido na medicina e tecnologia, o aumento da oferta mundial de alimentos, entre outros fatores, permitindo assim um gradual e progressivo envelhecimento da população (Dantas, Pereira, Aragão e Ota, 2002). Como consequência desses avanços, é cada vez maior o número de pessoas pertencentes à terceira idade, principalmente nos países mais desenvolvidos (Organização Mundial de Saúde, 2004).

A redução da capacidade para desempenhar as atividades físicas durante a vida é uma consequência das condições de trabalho e dos costumes e hábitos de vida diários, podendo ter impacto na AF e na QV do indivíduo.

As grandiosas alterações fisiológicas no idoso dão-se principalmente pela redução da FM, acarretando uma deterioração da mobilidade e da CF do indivíduo que está envelhecendo, tornando o geronte dependente de um cuidador, dificultando a busca por uma melhoria da QV (World Health Organization, 2004). A menor mobilidade e autonomia induzem ao sedentarismo e à dependência dos idosos em relação a outras pessoas.

A perda da AF induz a um estilo de vida fisicamente inativo, podendo ser um fator determinante para a incapacidade do idoso em realizar as atividades da vida diária das (AVD), acarretando, como consequências dessa inatividade,

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alterações fisiológicas que os deixam vulneráveis às patologias, limitando a sua mobilidade e AF. Para isso se faz necessário que o senescente permaneça, ao longo de toda sua vida, o mais autónomo e ativo possível, sendo a AF entendida pela capacidade para executar as AVD e cognitivas (Dantas, Vale e Pernambuco, 2004).

Embora o conceito de CF seja bastante complexo, abrange outras variáveis como os de deficiência, incapacidade, desvantagem, bem como os de autonomia, independência, atividades instrumentais, sociais e cognitivas, podendo o idoso em duas funções ser mais ou menos capaz (Jette e Branch, 1985). A incapacidade funcional (IF) define-se pela presença de dificuldade no desempenho de certos gestos e de certas atividades da vida cotidiana ou mesmo pela impossibilidade de executá-las (Grimley-Evans, 1984).

Com a diminuição da CF do idoso as modificações e os problemas começam a surgir. Desta forma, a relação desta variável está associada à manutenção da AF, da independência e dos fatores cognitivos e psicológicos, relacionando-se também com a memória e a atenção.

A busca pela QV tem sido uma constante na maioria das propostas sociais modernas, sendo que o alcance da longevidade e saúde está se tornando motivo de grande preocupação para muitos indivíduos da nossa sociedade. A QV é “a percepção do indivíduo de sua posição na vida, no contexto da cultura e no sistema de valores nos quais ele vive, em relação aos seus objetivos, expectativas, padrões e preocupações” (World Health Organization Quality of Life Group, 1998, p. 1570).

A população mundial está cada vez mais envelhecida e sedentária (Organização Mundial de Saúde, 2004), sendo que aproximadamente 70% desta se encontra fisicamente inativa. Evidencia-se, então, a importância de garantir aos idosos não só uma sobrevida maior, mas também uma adequada

QV (Fleck, et al., 2003).

Outro fator importante acerca do envelhecimento está relacionado ao tecido ósseo, pois também sofre modificações metabólicas ativas, através de um processo contínuo de renovação e remodelação. Esta atividade é consequência, em sua maior parte, da atividade de dois tipos celulares

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principais, caraterísticos do tecido ósseo: os osteoblastos, que fazem a formação da matriz óssea (MEC) e os osteoclastos, células responsáveis pela reabsorção óssea (Takayanagi, 2005).

A utilização de métodos e técnicas laboratoriais para a avaliação do MO de uma maneira confiável, rápida e prática tem sido um objetivo e há muito tempo almejado pelos pesquisadores que atuam nesta área (Vieira, 1999). Desta forma, a utilização de marcadores bioquímicos do MO é fundamental para a verificação da formação e degradação da MEC.

2.2. Epidemiologia e estudo demográfico

Segundo a síntese de indicadores sociais (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, 2011), a população brasileira representa o quadro dos dez países com maior população de idosos em proporções absolutas a nível mundial, sendo que a expectativa de vida aumentou em 25,4 anos, de 1960 a 2010, ao passar de média de 48 para 73,4 anos. Por cada cem jovens, havia 25 idosos no país, o número de brasileiros maiores de 60 anos era de 17,6 milhões em 2004, o que significa que 9,7% da população brasileira era formada por idosos.

No ano de 2030, estudos demográficos indicam que o Brasil deverá ser a quarta população mais idosa do mundo, sendo maior apenas na China, Índia e Estados Unidos, o que implica um custo maior para o país. No ano de 2050 as estimativas apontam um contingente de, aproximadamente, 1,9 bilhões de pessoas idosas no mundo, onde a expectativa de vida nos países desenvolvidos será de cerca de 87,5 anos para os homens e 92,5 anos para as mulheres (contra 70,6 e 78,4 anos em 1998) e, nos países em desenvolvimento, será de 82 anos para homens e 86 anos para mulheres (Wong & Carvalho, 2006).

A proporção de idosos é projetada para aumentar, em aproximadamente até 75%, no ano 2020, representando 13% da população total, sendo desta forma, maior preocupação para as entidades não governamentais, para as

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9

instituições científicas e logicamente para o governo (United States Census Bureau, 2007). São considerados idosos (World Health Organization, 1998) as pessoas com idade igual ou superior a 65 anos, todavia essa idade foi diminuída em alguns anos em certos países em desenvolvimento, entre eles, o Brasil, cuja idade deve ser igual ou superior a 60 anos. Segundo Rabelo, Bottaro e Dantas (2003), em 1980 existiam no Brasil sete milhões de pessoas com mais de 60 anos, correspondendo a 6% da população. Em 1991, do total de habitantes, 7,4% estavam acima dos 60 anos e estima-se que, no ano de 2020, 32 milhões de brasileiros revelem mais de 60 anos.

Algumas formas de envelhecimento levam em consideração as características intrínsecas e extrínsecas do indivíduo, podendo ser classificadas da seguinte forma (Antônio e Rauchbach, 2005):

a) Biológicas: compreendem as alterações corporais propriamente ditas, incluindo fatores orgânicos e funcionais. Estão associadas a fatores ambientais determinam as diferenças entre os indivíduos com a mesma idade.

b) Psicológicas: estão relacionadas com a capacidade adaptativa de um indivíduo diante das tarefas do dia-a-dia. Têm relação aos estados emocionais e à percepção subjetiva do seu envelhecimento em comparação com os seus pares da mesma idade.

c) Sociais: fazem parte de um grupo, de uma educação e de uma história vivida que determina o modo de como os indivíduos interagem na sociedade.

d) Funcionais: definidas pela capacidade de realizar as AVD

independentemente, incluindo as atividades de deslocamento, de autocuidado, sono adequado e participação em atividades ocupacionais e recreativas.

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2.3. Alterações fisiológicas do processo de envelhecimento

Durante o processo de senescência muitas alterações fisiológicas ocorrem de forma natural no organismo do idoso, sendo essas observações importantes para a prescrição e para a prática do exercício físico. As modificações estruturais, cognitivas, funcionais, sociais e físicas do organismo humano, advindas com o passar da idade, trazem consigo grandes dificuldades e limitações para a realização de tarefas simples do cotidiano.

2.3.1. Alterações antropométricas no idoso

Diversas mudanças ocorrem nas dimensões corporais do idoso, principalmente na estatura (E), na massa corporal (MC), nos perímetros corporais e na composição corporal. Com o passar dos anos, a E é diminuída, devido à sobrecarga de compressão que incide na coluna vertebral, levando ao estreitamento dos discos intervertebrais e ao aumento da cifose torácica.

Evidencia-se também a elevação da massa corporal (MC) que, aproximadamente a partir dos 35 anos de idade, aumenta nos dois géneros, estabilizando em torno dos 70 anos e declinando posteriormente até aos 80 anos (Matsudo, 2002). Após os 70 anos de idade, inicia-se geralmente uma redução da MC total, associada à perda de massa muscular e de massa óssea e ao aumento da massa gorda. Essa condição diminui a taxa metabólica basal, influenciando de forma adversa os níveis de adiposidade total e central do idoso.

O índice de massa corporal (IMC) constitui um parâmetro antropométrico muito utilizado na classificação dos níveis de adiposidade e que evidencia uma relação importante com várias doenças associadas ao processo de envelhecimento. Assim, valores acima da normalidade (IMC>24,9 kg/m²) relacionam-se com o incremento da mortalidade por doença cardiovascular, determinados tipos de cancro e diabetes do tipo 2, enquanto índices abaixo da normalidade (IMC<18,5 Kg/m²) têm relação com o aumento da mortalidade por doenças respiratórias e infeciosas (Matsudo, 2002).

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11

Sendo assim, o exercício físico pode proporcionar um impacto significativo no total de calorias metabolizadas, especialmente nos indivíduos idosos, através da elevação da taxa metabólica basal, auxiliando no controle da MC.

2.3.2. Alterações músculo-esqueléticas no idoso

O sistema neuromuscular no homem atinge sua maturação plena entre os 25 e os 30 anos de idade. Entre a 3ª e 4ª décadas a força máxima permanece estável ou com reduções pouco significativas. Em torno dos 60 anos, é observada uma redução da força máxima muscular entre 30 a 40%, o que corresponde a uma perda de força de cerca de 6% por década dos 35 aos 50 anos de idade e, a partir daí, 10% por década (Nóbrega et al., 1999).

Para Pehme, Alev, Kaasik e Seene (2004), a sarcopenia é caracterizada pelo decréscimo da massa muscular e da função muscular, resultando numa redução gradual, lenta e seletiva das fibras musculares. Esta atrofia muscular, que leva a um processo de desenervação das fibras musculares, apresenta esse efeito mais acentuado nas fibras de contração rápida, ou seja, do tipo II (Newton et al., 2002). A área de secção transversa das fibras do tipo II é significativamente menor nos membros inferiores do que nos membros superiores, principalmente nas mulheres, refletindo diferenças no padrão de atividades dos referidos membros (Matsudo, 2002). Este fator foi associado, em ambos os sexos, a chances de três a quatro vezes maiores de incapacidade física, independente da idade, gênero, raça, nível socioeconômico, doenças crônicas e hábitos de saúde, interferindo diretamente na vida do geronte.

2.3.3. Alterações do tecido ósseo no idoso

Durante a infância e nos primeiros anos da vida adulta a massa óssea aumenta, atingindo um pico por volta dos 25 a 30 anos. Perto de 10% do esqueleto está continuamente ativo, em processo de remodelação. Após a

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menopausa, devido à redução dos estrógenos, algumas mulheres passam a perder massa óssea acima de 1% ao ano, sendo que algumas chegam a perder 5% e, no final de cinco anos, estão com perda superior a 25%. O estado de carência estrogênica persiste até 40 anos após a menopausa (fato que justifica o uso de estrógenos em pacientes mais idosas), acrescentando-se um hiperparatireoidismo secundário, por menor absorção de cálcio e vitamina D na pós-menopausa tardia (Garnero, Marton e Delmas, 1999). Normalmente a reabsorção óssea promovida pelos osteoclastos ocorre primeiro, seguida por uma atividade acoplada, apesar de bem mais lenta, da linhagem que forma osso novo, osteoblástica (Canalis, 1966). Se os osteoblastos “falham” nesta fase, uma perda progressiva do ciclo de renovação se estabelece, podendo dar origem a osteopenia ou osteoporose.

A degeneração da massa óssea e da FM, mais pronunciada nas mulheres, aumenta o risco de queda e de fratura osteoporótica, limitando a AF e a QV (Ballard et al., 2003; Bassett, Schneider e Huntington, 2004; Lanza, Towse, Caldwell, Wigmore e Kent-Braun, 2003; Narici, Maganaris, Reeves e Capodaglio, 2003).

2.4. Autonomia Funcional

A AF, segundo Cader et al. (2006), é um dos aspectos atualmente mais relevantes em relação à saúde, à aptidão física e à QV. Está intimamente relacionada aos efeitos do envelhecimento, superando a idade cronológica, podendo ser a autonomia definida em três aspectos (Grupo de Desenvolvimento Latino Americano para a Maturidade, 2004): 1) AUTONOMIA DE AÇÃO, referindo-se à noção de independência física; 2) AUTONOMIA DE VONTADE,

referindo-se a possibilidade de autodeterminação e 3) AUTONOMIA DE

PENSAMENTOS, que permite ao indivíduo julgar qualquer situação.

O controle postural diminui com o avançar da idade e a deterioração ocorre em vários sistemas do corpo humano, podendo gerar anormalidades da marcha e instabilidade postural (Tainaka, Takizawa, Katamoto e Aoki, 2009). O

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desequilíbrio postural pode afetar (Aslan, Cavlak, Yagci e Akdag, 2008) a capacidade de execução das AVD, amplia o risco de queda e limita a mobilidade. As quedas podem ser uma consequência de desequilíbrio das dificuldades de locomoção, resultando frequentemente em fraturas e resultando em 70% das mortes acidentais em pessoas com 75 ou mais anos de idade (Fuller, 2000).

A conservação da AF de idosos parece ter relação com o tipo e padrão de atividade física executada no decorrer da vida. Algumas décadas passadas existiam pessoas mais ativas em seu cotidiano, porém com o avanço no processo de industrialização e o êxodo rural, houve mudanças nos hábitos de vida da população, devido a menor necessidade de realizar esforços físicos.

O nível de funcionalidade do idoso pode ser classificado em cinco etapas, a seguir descrito (Spirduso, 1995):

1. Fisicamente Dependente: indivíduo que não consegue realizar algumas ou

todas as atividades básicas da vida diária (ABVD) e que é dependente de outros para se alimentar e para outras funções básicas.

2. Fisicamente Frágel: indivíduo que pode realizar as ABVD, mas não

consegue realizar algumas ou nenhumas atividades necessárias para viver de forma autónoma, como fazer compras, lavar e limpar a casa.

3. Fisicamente Independente: indivíduo que vive independentemente,

usualmente sem sintomas de doenças crónicas, mas com reduzido nível de saúde e de condição física.

4. Fisicamente Condicionado: indivíduo que se exercita pelo menos duas a

três vezes por semana, com objetivos de melhoria da saúde e/ou por prazer e bem-estar.

5. Atleta de Elite: indivíduo que treina quase diariamente e compete na sua

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2.5. Capacidade funcional

O conceito de CF pode ser entendido como o potencial que os idosos apresentam para decidir e atuar em suas vidas de forma independente (Naranjo, Estrada, Jimenéz e Rivero, 2001). Diferentemente, a IF é geralmente avaliada por meio de relato de dificuldade ou necessidade de ajuda para realizar as atividades de vida diária (Freedman, Martin e Schoeni, 2002).

A CF pode ser considerada como um valor referencial para que o idoso possa viver independente, estando articulada à capacidade de realizar as atividades físicas e cognitivas necessárias à execução das atividades básicas e instrumentais como tomar banho, vestir-se, realizar a sua higiene pessoal, transferir-se, alimentar-se, preparar as suas refeições, saber gerir o dinheiro e usar a medicação, arrumar a casa, fazer compras, usar transporte coletivo e o telefone e caminhar certa distância (Souza e Iglesias, 2002). A dimensão motora constitui um pilar essencial a um envelhecimento com melhor QV. Dessa forma, a perda ou a redução dessa dimensão gera maior dependência funcional, institucionalização e risco de fratura osteoporótica.

A Figura 2.1 evidencia a manutenção da CF durante o decorrer da vida.

Figura 2.1 – Manutenção da capacidade funcional durante o curso da vida (Kalache e Kickbush, 1997)

A CF (Baumann, 1994) está ligada a vários aspectos, relacionados a indicadores de redução da CF que podem influenciar a autonomia e a QV dos indivíduos, podendo esses indicadores ser analisados no Quadro 2.1.

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Quadro 2.1 – Indicadores de redução da capacidade funcional (Adaptado de Baumann, 1994).

INDICADORES TENDÊNCIA

ASPECTOSANTROPOMÉTRICOS

Massa magra (entre10 e 12%) 

Massa gorda 

Estatura 

Comprimento do tronco 

Perímetro dos membros inferiores 

Densidade mineral óssea 

ASPECTOS REFERENTES ÀS CAPACIDADES MOTORAS

Força 

Flexibilidade 

Coordenação motora 

Tempo de reação, tempo de movimento e velocidade de deslocamento 

Agilidade 

Capacidade aeróbica 

ASPECTOS MORFO-FUNCIONAIS

Pulso de oxigênio

Frequência Cardíaca Máxima Espessura do ventrículo esquerdo Válvula tricúspide e/ou mitral Colesterol    regurgitação 

A conservação da capacidade em desempenhar as ABVD são elementos básicos para o prolongamento do tempo de independência funcional e, consequentemente para a manutenção da CF do idoso.

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2.6. Qualidade de vida

De acordo com Nahas (2006), o conceito de QV é complexo e não deve ser interpretado de forma dicotómica (ter ou não ter QV). O autor ainda menciona que a QV é resultante da inter-relação de fatores que modelam e diferenciam o dia-a-dia dos indivíduos, sob os aspectos das percepções, relacionamentos e pelas situações vivenciadas. Menciona ainda que essa variável pode ser o resultado de um conjunto de parâmetros individuais, socioculturais e ambientais que caracterizam as condições em que o ser humano, uma comunidade ou uma nação vive.

O aumento das oportunidades de vida está associado ao conceito de

QV, que é a percepção do indivíduo de sua posição na vida, no contexto

cultural e de valores em que se insere e em relação aos seus objetivos, expetativas, padrões e preocupações (World Health Organization Quality of Life Group, 1998). Devido aos avanços e transformações demográficas surgidas no último século, constata-se a presença de uma população cada vez mais envelhecida, sendo necessário garantir aos idosos não somente que tenham uma maior sobrevida, mas também uma adequada QV (Fleck, et al., 2003). Fundamentado neste argumento, a necessidade e importância da prática de exercício físico pode ser um dos fatores imprescindíveis para a melhoria da QV essencialmente nesta população.

Para melhor compreensão da QV é preciso entender o impacto das seis áreas distintas das dimensões de bem-estar (wellness) direcionadas para indivíduos idosos e a seguir apresentadas, sendo descrito o significado de cada uma delas, de acordo com Armbruster e Gladwin (2011).

1. Física – focaliza a manutenção física independente e a QV por meio da participação regular na prática de atividade física e na adoção de um estilo de vida saudável.

2. Emocional – enfatiza a percepção e a aceitação dos próprios sentimentos e emoções.

3. Intelectual – encoraja a utilização da mente para a aquisição de conhecimento, para o aumento da criatividade e para uma melhor

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17 apreciação de si e dos outros.

4. Espiritual – procura objetivo e significado na vida, reavaliando os valores e a ética.

5. Social – mantém e nutre relacionamentos saudáveis e a harmonia entre os familiares e com os outros.

6. Vocacional – estabelece e realiza interesses pessoais e progride por meio de encontrar significado em atividades voluntárias com a comunidade.

2.7. Metabolismo ósseo

O tecido ósseo, que constitui uma forma muito especializada de tecido conjuntivo, desempenha funções vitais nos organismos dos seres vertebrados superiores, dentre elas servir de suporte para músculos, tendões e tecidos moles, proteção da medula espinhal e medula óssea e armazenamento de íons de cálcio e fósforo (Dias, Costa, Viegas, Alves e Pires, 2005).

Uma das principais funções do sistema esquelético é fornecer suporte às origens e inserções dos músculos, ligamentos e tendões necessários à locomoção, além de providenciar proteção a estas mesmas estruturas. Essa função torna-se possível pelo fato deste complexo tecido vivo possuir uma

MEC mineralizada, o que lhe confere o grau de rigidez e resistência

necessárias, preservando, por outro lado, um determinado grau de elasticidade. Essa combinação de uma matriz orgânica impregnada por cristais inorgânicos de hidroxiapatite suporta elevadas forças de compressão (Kempsen, 1980).

2.7.1. Células do tecido ósseo

A fração celular do tecido ósseo é composta por quatro tipos diferentes de células: os osteoblastos, os osteoclastos, as células de revestimento do

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tecido ósseo (“bone liming cells”) localizadas ao nível das superfícies do tecido ósseo e os osteócitos que se encontram na MEC mineralizada.

Os OSTEOBLASTOS são as células responsáveis pela produção da MEC

orgânica, o osteóide (Marks e Odgren, 2002). A sua ultraestrutura apresenta a morfologia característica das células com função de síntese proteica. Produzem e segregam o colágeno tipo I, necessário localmente para o processo de mineralização óssea. Os osteoblastos são também considerados como as células responsáveis pela regulação do processo de mineralização da

MEC, apesar deste mecanismo não se encontrar ainda totalmente esclarecido.

Durante a formação da MEC óssea, 10% a 15% dos osteoblastos são incorporados na MEC óssea recém formada, passando a denominar-se de

OSTEÓCITOS. No entanto, estas células correspondem a osteoblastos na sua

máxima diferenciação celular (Buckwalter, Glimcher, Cooper e Recker, 1995) englobados na MEC óssea e que são responsáveis pela sua manutenção. Os osteócitos e as células de revestimento do tecido ósseo formam uma vasta rede de conexões entre células (sistema membranoso osteocítico) que possui duas grandes funções. A primeira destas funções é a da regulação do fluxo do Ca²+ (cálcio) no sentido da sua deposição na MEC óssea ou da passagem deste íon para a corrente sanguínea. Esta função deve-se à sensibilidade dos osteócitos à paratormona (PTH), hormona paratiroideia, em que a ligação desta aos osteócitos promove o processo da osteólise osteocítica, com a passagem do cálcio da fase mineral para o fluído extracelular e o aumento quase imediato da calcemia (concentração de cálcio ionizado no sangue), antes de qualquer possível atuação dos osteoclastos no sentido da degradação da MEC óssea. A segunda grande função é a da transmissão de sinais elétricos através do tecido ósseo, em que o stress e a tensão sobre os tecidos ósseos promovidos pelas atividades diárias induzem alterações estruturais nestes e, consequentemente, potenciais de energia na MEC óssea. Esta atividade elétrica é essencial na manutenção do equilíbrio da remodelação do tecido ósseo, essencialmente nas áreas sujeitas a maior stress ou tensão (Nijweide et al., 2002).

As CÉLULAS DE REVESTIMENTO DO TECIDO ÓSSEO (“bone lining cells”) tem

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fase de formação do tecido ósseo está completa numa determinada zona do sistema esquelético. Devido ao fato destas células se encontrarem numa fase de inatividade (Marks e Odgren, 2002), possuem escassas organelas citoplasmáticas, pensando-se serem precursores dos osteoblastos.

Os OSTEOCLASTOS são células que apresentam como função a

reabsorção do tecido ósseo, em áreas de remodelação ativa, pela degradação enzimática da matriz proteica e dissolução ácida dos minerais da MEC óssea (Eurell e Sickle, 1998).

2.7.2. Marcadores bioquímicos

A finalidade da utilização da deoxipiridinolina (DPD) é fazer a avaliação da reabsorção óssea. O tecido ósseo é resultado do equilíbrio de um processo constante de degradação ou reabsorção (mediada pelos osteoclastos) e reconstrução (mediada pelos osteoblastos). Uma vez depositado no osso, as fibras de colágeno ligam-se formando polímeros estáveis (crosslinks). Esta polimerização propicia o aparecimento de formas próprias de aminoácidos, específicas das moléculas de colágeno e elastina polimerizadas. Dois destes aminoácidos específicos são a piridinolina (PYD) e a DPD, e sua formação aumenta a estabilidade do processo. A PYD é principalmente encontrada em cartilagens, com pequena formação ao nível ósseo. A DPD é tipicamente encontrada em colagénio ósseo e dentina, e desta forma possui um excelente potencial como marcador de perda óssea. A DPD é libertada do colágeno maduro quando a MEC é degradada pelos osteoclastos e não é reutilizada durante o processo de síntese seguinte. As duas moléculas podem apresentar-se na urina sob a forma livre (cerca de 40%) e ligada a peptídeos (cerca de 60%) (Vieira, 1999). Ambos marcadores bioquímicos atuam no MO fazendo a função de reabsorção óssea, como pode ser observado no Quadro 2.2.

A dieta parece não influenciar nos níveis de PYD e DPD. Níveis elevados são encontrados na osteoporose, Doença de Paget, metástases ósseas, hiperparatireoidismo primário e hipertireoidismo. Níveis baixos podem

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ser encontrados no hipotireoidismo, sendo que uma redução de 30% ou mais sobre o valor basal indica sucesso da TH, (Rauch, Georg e Stabrey, 2002).

Vários marcadores bioquímicos de MO são ilustrados no Quadro 2.2.

Quadro 2.2 – Marcadores bioquímicos do metabolismo ósseo (Vieira, 1999).

FORMAÇÃO

Fosfatase Alcalina Óssea e/ou Total (soro) Osteocalcina (soro)

Propeptídeos do Colagénio Tipo 1 (soro)

REABSORÇÃO

Hidroxiprolina (urina)

Interligados do Colagénio (cross-links) (urina) Piridinolinas Totais

Piridinolina e/ou Deoxipiridinolina Livre N-telopeptídeo (NTX)

C- telopeptídeo (CTX)

Fosfatase Ácida Tartarato-Resistente (soro)

2.8. Exercício físico e promoção da saúde

Além de combater o sedentarismo, a prática regular de exercício físico contribui para a manutenção da aptidão física do idoso, seja no foco voltado à saúde como nas capacidades funcionais. Porém, devido às alterações fisiológicas naturais, é necessária a adequação do exercício físico às necessidades específicas do indivíduo. Programas regulares de exercício físico são capazes de provocar modificações no sistema osteomioarticular através da maior velocidade de execução e alteração na forma de realização do movimento. Contudo, existem os riscos impostos à saúde (American College of Sposts Medicine, 2011) que devem ser respeitados de acordo com as limitações de cada um juntamente com os sintomas existentes, como dores, falta de ar e cansaço. Esses cuidados podem ser tomados de acordo com a adequação apropriada da intensidade, volume, frequência, tempo de recuperação e escolha dos exercícios, bem como na seleção de locais seguros de prática e de vestuário apropriado.

É de suma importância que o geronte incorpore, em seu modo e estilo de vida, hábitos saudáveis através de informações e conteúdos que

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modifiquem suas atitudes que promovam a sua saúde física, mental, emocional, social e espiritual. Por isto, profissionais da saúde, gestores públicos e outros devem envolver-se de modo efetivo na construção de projetos, que atinjam a meta de uma população idosa cada vez mais ativa e saudável (Franchi e Montenegro Júnior, 2005).

A World Health Organization (2003) acrescenta que ao adotar-se um estilo de vida saudável, com a inclusão de alguns hábitos como caminhar, andar de bicicleta, dançar ou praticar algum desporto, pode-se alcançar os benefícios da vida ativa, conforme ilustrado no Quadro 2.3.

Quadro 2.3 – Benefícios da vida ativa (WHO, 2003) BENEFÍCIOS DA VIDA ATIVA

 Reduz o risco de morte prematura.

 Reduz o risco de morte por doença ou ataque cardíaco.

 Reduz em 50% o risco de desenvolver doença cardíaca e cancro do cólon.

 Reduz em 50% o risco de desenvolver diabetes do tipo II.

 Ajuda a prevenir/reduzir a hipertensão arterial (afeta um quinto da população adulta do mundo).

 Ajuda a prevenir/reduzir a osteoporose em mulheres, reduzindo em 50% o risco de fratura da anca.

 Reduz o risco de desenvolver dores lombares.

 Promove o bem-estar psicológico, reduz o stress, a ansiedade, a depressão e a solidão.

 Ajuda a prevenir ou a controlar os riscos de conduta, especialmente em crianças e jovens, como o fumo, o álcool ou o uso de outras substâncias, a dieta inadequada ou a violência.

 Ajuda a controlar o peso e diminui o risco de obesidade em 50%.

 Ajuda a construir e a manter os ossos, músculos e articulações saudáveis e melhora o vigor de pessoas com incapacidades crónicas.

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2.8.1. Treinamento Concorrente

O TC refere-se a um programa que combina o treino da força e o treino cardiovascular, na mesma sessão de treino ou num mesmo período de tempo.

O desempenho do sistema cardiovascular durante o processo de envelhecimento, principalmente na fase da velhice, já passou por grandes modificações na sua morfologia (aumento da espessura ventricular, enfraquecimento do miocárdio, diminuição do diâmetro dos vasos sanguíneos, redução do tamanho e peso do coração, menor poder de complacência vascular e de dilatação dos vasos sanguíneos) e em sua funcionalidade (redução do volume de ejeção e débito cardíaco, elevação dos níveis de pressão arterial, redução na atividade elétrica cardíaca, menor perfusão sanguínea). O mesmo ocorre com o desempenho musculoesquelético que, com o passar dos anos, sofre grande degeneração das fibras musculares (principalmente após os 60 anos de idade), ocasionando, perda do equilíbrio e de coordenação motora. Suportados nessas informações, evidências científicas têm demonstrado o benefício do complemento do treino de força para melhorar o desempenho da resistência muscular (Hoff, Gran e Hengerud, 2002). O TC realizado de forma regular leva a adaptações específicas no organismo tendo como fatores determinantes a duração, a frequência, a intensidade e a progressão do treino. Dessa forma, as adaptações fisiológicas cardiovasculares serão específicas para o treino físico que envolva as qualidades físicas força e resistência muscular.

A prescrição de exercício físico para idosos, especialmente mulheres, deve atender à fragilidade óssea habitualmente evidenciada por esta população (redução dos níveis de estrogénio). Quando essa perda ocorre de forma mais intensa pode levar a uma síndrome osteometabólica, conhecida como osteoporose. O Quadro 2.4 apresenta as orientações de exercício, definidas pelo American College of Sports Medicine (2010) para pessoas com osteoporose e para aquelas que, não revelando esta condição óssea, exibem pelo menos um fator de risco de fratura osteoporótica.

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Quadro 2.4 – Prescrição de exercícios para indivíduos que apresentam pelo menos um fator

de risco de fratura osteoporótica e indivíduos com osteoporose (ACSM, 2010).

PELO MENOS UM FATOR DE RISCO DE FRATURA OSTEOPORÓTICA

OSTEOPOROSE

TRABALHO CARDIOVASCULAR

Suporte ativo do peso corporal relevante (forças reativas ao apoio)

Suporte ativo do peso corporal deve ser tolerado

Alto impacto não tolerado

Intensidade moderada

Intensidade moderada a vigorosa

(40% a 89% da FC Reserva)

 (40% a 59% da FC Reserva)

Algumas pessoas poderão tolerar intensidades até 70% da FC Reserva

Trabalho cardiovascular realizado 3 a 5 dias/semana

Exposição à luz solar importante para a síntese de vitamina D (absorção intestinal do cálcio)

30 a 60 minutos

TRABALHO DE FORÇA MUSCULAR

60% - 70% de 1RM (8-12 repetições) a 80% - 90% de 1 RM (5-6 repetições)

60% a 80% de 1 RM (8-12 repetições)

Não efetuar movimentos explosivos

Evitar elevadas forças compressivas sobre a coluna

Valorizar a aplicação da carga sobre o eixo maior do osso

 2 a 3 dias/semana

 30 a 60 minutos por sessão

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24

3 – METODOLOGIA

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25

O presente estudo constou de três tipos de variáveis distintas. A variável independente foi o programa de treinamento concorrente (PTC), envolvendo duas qualidades físicas preponderantes, força e resistência cardiovascular. As variáveis dependentes incluíram a AF, a CF, a QV e a DPD. As variáveis intervenientes (resultantes de fatores externos e relacionados com a própria pessoa, podendo influenciar os resultados finais), não foram consideradas como critérios de exclusão.

De acordo com os critérios de inclusão, tivemos as seguintes condições: 1. Mulheres com idade igual ou superior a 60 anos.

2. Ausência de prática de exercício a pelo menos 3 meses (Lemmer et al., 2000).

3. Não utilização de medicamentos suscetíveis de interferirem na condição óssea (glicocorticoides, imunossupressores, anticonvulsivantes, corticotropina) e na condição cardiovascular (betabloqueadores e antiarrítmicos), afetando a capacidade de realização do exercício de forma vigorosa.

4. Ausência de patologias ou disfunções musculoesqueléticas que pudessem interferir com o desempenho nos testes físicos e no exercício ou viessem a ser agravados pela sua execução.

5. Todas as participantes no estudo foram alvo de uma avaliação clínica prévia ao programa de intervenção, sendo a mesma conduzida por um médico do Programa de Saúde da Família (PSF), da cidade local.

Todas as participantes foram orientadas a não modificarem os seus hábitos alimentares e ao grupo experimental foi exigida uma taxa de assiduidade de pelo menos 50%.

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26 Recrutamento

Avaliação inicial e randomização (n= 85)

Alocado para o grupo de controlo (n= 35)

Perda para o seguimento (n= 2) Não compareceram nas

avaliações (n= 2) Analisados (n= 26) Excluídos da análise (n= 7) Outliers (n= 7)

Figura 3.1 – Recrutamento e seleção da amostra.

3.1. Caracterização da amostra

A amostra foi constituída por mulheres idosas com idade igual ou superior a 60 anos, todas elas residentes no Município de Muriaé, Estado de Minas Gerais. As participantes eram voluntárias e foram divididas de forma aleatória, por meio de uma randomização por sorteio, em dois grupos: grupo de treinamento concorrente (GTC) e grupo de controlo (GC). A este último foi solicitada a manutenção dos níveis de atividade física habitual.

A investigação foi desenvolvida no âmbito do projeto “Saúde e Qualidade de Vida de Idosos”, vinculado à Faculdade de Minas (FAMINAS), campus

Alocado para o grupo experimental (n= 50)

Intervenção descontinuada (n= 10) Questões pessoais/familiares (n= 2)

Problemas médicos alheios à intervenção (n= 6)

Outras razões (n= 2)

Analisados (n= 25)

Excluídos da análise (n= 15)

Retirado com frequência < 50% (n= 7) Outliers (n= 8)

Alocação

Seguimento

(45)

27

Muriaé/MG. A divulgação do projeto foi realizada por meio de folders, panfletos e palestras de orientação.

As voluntárias da pesquisa passaram inicialmente por uma anamnese (Anexo G), tiveram sua MC, E e IMC avaliados e responderam ao questionário de apreciação da QV (WHOQOL-OLD). Realizaram também os testes de avaliação da AF do protocolo do Grupo de Desenvolvimento Latino-Americano para a Maturidade (GDLAM) e da CF (Katz/Lawton) e tiveram suas urinas coletadas para análise, para apreciação do MO (marcador bioquímico). A caraterização dos níveis de atividade física habitual foi realizada mediante a aplicação do Questionário Internacional de Atividade Física (IPAQ).

3.2. Materiais utilizados

Foram utilizados os seguintes materiais: halteres (Barabani, São Paulo, Brasil); aparelhos de musculação (Physicus, Auriflama, Brasil); colchões (Cepall, São José do Rio Preto, Brasil); cronômetro (C510-B/Oregon, Curitiba, Brasil); fita métrica metálica (Sanny, São Bernardo do Campo, Brasil); steps Pac/Eva de 14 centímetros de altura (Terra Fitness, Santo André, Brasil); cadeira plástica Parati de 50 centímetros de altura, sem apoio de braços (Proplast, São Paulo, Brasil); cones tipo pirulito (Ecosinal, São Paulo, Brasil); balança mecânica (Filizola, São Paulo, Brasil); estadiómetro (Filizola, São Paulo, Brasil); monitor cardíaco FT1TRA (Polar, Rio de Janeiro, Brasil) e coletores de urina 24 horas (J Prolab, São José dos Pinhais, Brasil).

3.3. Tarefas, procedimentos e protocolos

3.3.1. Comitê de Ética

O presente trabalho atendeu as normas para a realização de pesquisa em seres humanos, Resolução 196/96, do Conselho Nacional de Saúde de 10/10/1996 (Brasil, 1996) e à Declaração de Helsinki (WMA, 2013). O estudo

Imagem

Figura 2.1 – Manutenção da capacidade funcional durante o curso da vida (Kalache e  Kickbush, 1997)
Figura 3.1 – Recrutamento e seleção da amostra.
Figura  3.2  –  Realização  do  teste  de  caminhar  10  metros:  (a)  fase  inicial  e  (b)  fase  final                               (Dantas,Vale e Pernanbuco 2004)
Figura  3.3 – Realização do teste de levantar-se da posição sentada: (a) fase inicial e (b) fase  final (Dantas, Vale e Pernambuco, 2004)
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Referências

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