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Relatório Final de Estágio Profissional

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Academic year: 2021

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Reflexão e Comunicação –

Contributo para o Desenvolvimento

Profissional

Relatório de Estágio Profissional

Relatório de Estágio Profissional apresentado com vista à obtenção do 2º ciclo de Estudos conducente ao grau de Mestre em Ensino de Educação Física nos Ensinos Básico e Secundário ao abrigo do Decreto-lei nº 74/2006 de 24 de março e do Decreto-lei nº 43/2007 de 22 de fevereiro.

Orientador: Dr. Tiago Manuel Tavares de Sousa

César José Moreira Barros Porto, setembro de 2012

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II

Ficha de Catalogação

Barros, C. (2012). Reflexão e Comunicação – Contributo para o Desenvolvimento Profissional: Relatório de Estágio Profissional. Porto: C. Barros. Relatório de Estágio Profissional para a obtenção do grau de Mestre em Ensino de Educação Física nos Ensinos Básico e Secundário, apresentado à Faculdade de Desporto da Universidade do Porto.

PALAVRAS-CHAVE: EDUCAÇÃO FÍSICA, ENSINO-APRENDIZAGEM, ESTÁGIO PROFISSIONAL, RELAÇÃO PROFESSOR-ALUNO, REFLEXÃO.

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III

“Hoje aconteceu a nossa última aula com o nosso professor César Barros. Ao longo deste ano letivo conhecemos uma pessoa que nos mostrou que a Educação Física não é uma aula secante como as outras (…).

Nós não temos palavras para exprimir os nossos sentimentos por si. Desde o dia 21 de setembro que (…) tem demonstrado que é uma pessoa fantástica e (…) que entrou nas nossas vidas e vamos sempre lembrá-lo.

Vamo-nos lembrar daquela pessoa que comia bananas antes e depois das aulas de Educação Física. Da sua forma de estar, (…) da sua forma de agir e da sua forma de cantar e tocar guitarra.

Vamo-nos lembrar dos almoços fantásticos e divertidos, e da maneira como gosta de competir até mesmo quando está a comer.

Além de ser um professor é um grande amigo que queremos preservar e ter para toda a vida e vamos relembra-lo aos nossos filhos (se tivermos).

Nunca nos vamos esquecer do evento culminante, em que apesar dos vencedores, achamos que todos ficamos a ganhar não só experiência mas também companheirismo e cooperação, e claro que vamos guardar os equipamentos para mais tarde recordar. Nunca nos esqueceremos do vídeo que mostramos nessa altura e que o deixou comovido (apesar de conter as lágrimas).

(…) Adoramos o passeio organizado por si e pelos outros professores de Educação Física.

OBRIGADO POR TUDO O QUE FEZ POR NÓS! AGRADECEMOS DO FUNDO DO CORAÇÃO”

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V

DEDICATÓRIA

Dedico este relatório à minha FAMÍLIA, em especial ao meu pai, à minha mãe e à minha irmã, porque foram e são os pilares, não desta aventura, mas de toda a minha vida.

À gente que se cruzou comigo ao longo destes 24 anos de existência e que contribuiu para o processo (inacabado) de formação do meu ser.

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VII

AGRADECIMENTOS

Agradeço à minha FAMÍLIA por tudo o que me deu e continua a dar. Por todos os sacrifícios que fez para me proporcionar esta oportunidade. Um especial agradecimento ao meu pai, à minha mãe e à minha irmã! O que sou devo-o a eles.

Aos AMIGOS que me acompanharam durante este 2º ciclo de estudos (Ana C., Anabela, Joana M., Joana S., Paulinha, Rui, Sandra, Sylvia e Teresa) e aos AMIGOS para a vida que fiz durante o 1º ciclo de estudos e que SEMPRE me acompanharam em aventuras inesquecíveis (Baquetas, Bem, Gustavo, Meira, Pedro, Rebelo e Xinês).

Aos AMIGOS de outras histórias (Andreia Patrícia, Hélder, Lígia, Pedro Daniel, Rui, Wilson, aos Magníficos, aos Grandiosos e ao BDF).

Ao professor orientador da faculdade, Tiago Sousa, pela disponibilidade, apoio e partilha que me ofereceu e por todos os seus ensinamentos que partilhou ajudando-me em todas as fases deste caminho.

Ao professor cooperante, Fernando Vaz, por me ter dado a possibilidade de arriscar e por ter sido o exemplo que eu necessitava, tendo-me ajudado a moldar um pouco à sua imagem.

Ao meu núcleo de estágio, Berto, Felicia e Vítor, que por todo o companheirismo demonstrado durante este ano letivo se transformaram em verdadeiros amigos.

À Escola Básica 2,3 da Sobreira e aos seus intervenientes, principalmente aos professores do grupo de Educação Física que me acolheram e ajudaram a proporcionar esta rica experiência.

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VIII

Ao 9ºD, por terem sido únicos do primeiro ao último dia. Nunca vos esquecerei!

Ao 7ºD, por me terem “adotado” com facilidade e aos restantes alunos da escola, em particular ao PP1 e ao 9ºC por terem sido presenças constantes durante este ano letivo.

A todos aqueles que ao longo dos últimos anos foram treinados por mim. Vocês foram as primeiras cobaias deste processo.

A todos os amigos que conheci até hoje no balneário como jogador de FUTEBOL.

Por fim, deixo um agradecimento mais platónico a um conjunto de pessoas que involuntariamente me acompanhou durante a elaboração deste relatório: Damien Rice, James, Muse, Pearl Jam, Queen, Radiohead e Sigur

Rós.

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IX

ÍNDICE

GERAL

DEDICATÓRIA ... V AGRADECIMENTOS ... VII ÍNDICE GERAL ... IX ÍNDICE DE QUADROS ... XIII ÍNDICE DE ANEXOS ... XV RESUMO... XVII

ABSTRACT ... XIX

LISTA DE ABREVIATURAS ... XXI

1. INTRODUÇÃO ... 3

2. DIMENSÃO PESSOAL... 9

2.1. O Meu Percurso ... 9

2.2. Expectativas em relação ao Estágio Profissional ... 15

3. ENQUADRAMENTO DA PRÁTICA ... 25

3.1. Ensino: Dicotomia entre a Sorte e o Mérito ... 25

3.2. A Realidade de um País à Beira Mar ... 26

3.3. O Estágio Profissional do Ponto de Vista Legislativo ... 28

3.4. Uma Gota no Meio de um Imenso Mar ... 29

3.5. Sobreira, um túnel com necessidade de luz ... 32

3.6. A Importância do Planeamento ... 41

3.7. Conhecer, ensinar, aprender e reconhecer PRÓXIMO do 9ºD ... 43

3.8. A Motivação do Professor como catalisador do Empenho da Turma... 50

3.9. O Bom Professor ... 55

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X

3.11. Avaliação – um processo útil devido à sua complexidade ... 60

3.12. Modelos Instrucionais (Instrução Direta, Desenvolvimental, Educação Desportiva) ... 64

4. REALIZAÇÃO DA PRÁTICA PROFISSIONAL ... 69

4.1. Área 1: Organização e Gestão do Processo de Ensino e da Aprendizagem ... 69

4.1.1. Um Mundo por Descobrir: Necessidade de Adaptação ... 69

4.1.2. Planear para a ação ... 71

4.1.2.1 Planeamento (Anual, UT e Aula) ... 72

4.1.3. Aplicando a Teoria – Realização ... 76

4.1.3.1. A Selva de Aula ... 76

4.1.3.2. O Problema das Dispensas ... 79

4.1.3.3. A Gestão da Aula ... 84

4.1.3.3.1. Atrasos dos alunos ... 84

4.1.3.3.2. A utilização de “capitães” ... 85

4.1.3.3.3. Organização dos Alunos através de diferentes Níveis de Desempenho Motor ... 86

4.1.3.3.4. A Gestão dos Espaços ... 88

4.1.3.3.5. A Ativação Geral ... 89

4.1.3.4. A Importância da Instrução ... 90

4.1.3.5. A Necessidade de Ajustamento ... 91

4.1.3.6. A Competição como Fator Motivador para as Aulas de EF ... 94

4.1.3.7. Motivar os Alunos através da Utilização de novos materiais ... 95

4.1.3.8. Comunicação Professor-Aluno: A Proximidade como Base da Afetividade ... 97

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XI

4.1.3.10. Unidade Temática de Voleibol (9ºD) – Uma visão através do

Modelo de Educação Desportiva ... 104

4.1.3.11. Unidade Temática de Badminton (7ºD) – Um Modelo Híbrido ... 114

4.1.3.12. Estudo: “Hábitos de Higiene na Aula de Educação Física: o caso específico do duche” ... 121

4.1.4. Avaliar em Situação Real ... 148

4.2. Área 2 e 3: Participação na Escola e Relações com a comunidade .... 154

4.2.1. Ser Professor Fora de Aulas ... 154

4.2.1.1. Jogos de Futsal: professores vs alunos ... 155

4.2.1.2. Feira de S. Martinho ... 156

4.2.1.3. Dia da Dança ... 157

4.2.1.4. Mega atleta – Fase Escola ... 158

4.2.1.5. Encontro Nacional de Educação Moral Religiosa e Católica (EMRC) ... 159

4.2.1.6. Dia da Caminhada – 8º ano ... 160

4.2.1.7. Feira do Final de Ano Letivo ... 161

4.2.1.8. Restauração das balizas de Orientação ... 161

4.2.2. A Direção de Turma ... 162

4.2.3. O Desporto Escolar (DE) ... 164

4.2.4. O Corta-Mato Escolar ... 168

4.2.5. Atividade “Vídeo Games” ... 171

4.2.6. A Taça Coca-Cola ... 173

4.2.7. Futebol na Formação ... 179

4.2.8. Passeio à FADEUP e ao Estádio do Dragão ... 182

4.2.9. Vigilância do Teste Intermédio de Matemática ... 182

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XII

4.3.1. Licença para Estudar ... 185

4.3.2. A Importância de um Diário ... 191

4.3.3. Diferentes: um medo transformado em paixão ... 193

4.3.4. O Resultado do Processo ... 197

5. CONCLUSÃO E PERSPETIVAS DE FUTURO ... 201

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ... 205 7. ANEXOS ... XXV

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XIII

ÍNDICE

DE

QUADROS

Quadro 1 – Caraterização da amostra de acordo com o ano letivo. ... 127

Quadro 2 – Respostas à questão 3.2 “Porque não tomas banho depois das aulas de EF?”. ... 133

Quadro 3 – Outras razões apontadas à questão 3.2 “Porque não tomas banho depois das aulas de EF?”. ... 133

Quadro 4 – Respostas dos alunos à questão 3.5 “Que cuidados de higiene tens depois de uma aula de EF em que não tomas banho?”.Erro! Marcador não definido.

Quadro 5 – Percentagem dos alunos que tomam banho depois das aulas de EF de acordo com o seu ano letivo. ... 136

Quadro 6 – Respostas dos alunos do sexo masculino e feminino à questão 3.2 “Porque não tomas banho depois das aulas de EF?”. ... 136

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XV

ÍNDICE

DE

ANEXOS

7.1. - Anexo 1 – Inquérito utilizado no estudo “Hábitos de Higiene na Aula de Educação Física: o caso específico do duche” ... XXV

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XVII

RESUMO

O Estágio Profissional é a parte final do processo de formação que ocorre ao longo do 2º ciclo em Ensino de Educação Física nos Ensinos Básico e Secundário. Ao longo do mesmo, existe a possibilidade de colocar em prática todos os conhecimentos adquiridos até então.

Este processo decorreu na Escola Básica 2,3 de Sobreira, onde juntamente com o Carlos Pinto, Filipe Felicia e Vítor Queirós, constituímos o núcleo de estágio. O mesmo era permanentemente acompanhado pelo professor cooperante, Fernando Vaz, e pelo professor orientador, Tiago Sousa. Este documento está dividido em cinco capítulos. No primeiro capítulo encontra-se a “Introdução”. No segundo capítulo “Dimensão Pessoal” faço uma apresentação do meu percurso de vida e refiro as minhas expectativas, objetivos e receios para este Estágio Profissional. No terceiro capítulo realizo o

“Enquadramento da Prática Profissional” onde apresento teoricamente todas as

envolventes desta experiência. O quarto capítulo “Realização da Prática

Profissional” organiza-se segundo áreas, sendo a Área 1 – Organização e

Gestão do Ensino e da Aprendizagem, a Área 2 e 3 – Participação na Escola e Relações com a Comunidade e, por fim, a Área 4 – Desenvolvimento Profissional. Este capítulo está constantemente fundamentado pela reflexão das práticas que eu ia fazendo ao longo do Estágio Profissional no Diário de Bordo. É também apresentado neste capítulo o estudo: “Hábitos de Higiene na

Aula de Educação Física: o caso específico do duche”. Por fim, no quinto

capítulo “Conclusão e Perspetivas de Futuro” finalizo este relatório, considerando aquilo que o futuro me possa reservar.

Todos os momentos vividos nesta aventura foram envolvidos em constantes práticas reflexivas e numa relação próxima entre professor e alunos. Esses dois aspetos caraterizam e oferecem sabor a uma experiência inesquecível e que foi o mais pessoal possível.

PALAVRAS-CHAVE: EDUCAÇÃO FÍSICA, ENSINO-APRENDIZAGEM, ESTÁGIO PROFISSIONAL, RELAÇÃO PROFESSOR-ALUNO, REFLEXÃO.

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XIX

ABSTRACT

The Practicum Training is the final part of the training process that occurs during the Physical Education Teacher's Learning. Along the same, there is the possibility of putting into practice all the knowledge acquired so far.

This process resulted in EB 2,3 Sobreira, in a practicum training group formed with me, Carlos Pinto, Filipe Felicia and Vítor Queirós. The same was under permanently monitoring by the cooperating teacher, Fernando Vaz, and by the supervising teacher, Tiago Sousa.

This document is divided in five chapters. In the first chapter is "Introduction". In the second chapter "Personal Dimension" is made a presentation of my life course and i refer my expectations, goals and fears for this stage. In the third chapter I realize the "Professional Practice Framework" where I present the theory surrounding this experience. The fourth chapter "Professional Practice Implementation" is organized by areas, being: Area 1 - Teaching and Learning organization and management, Area 2 and 3 - Participation in School and Community connections, and finally, Area 4 - Professional development. This chapter is continuously supported by the reflections of the practices that I was doing in the logbook. It is also presented in this chapter the study: "Hygiene Habits in Physical Education Class: the case of

the shower”. Finally, in the fifth chapter "Conclusion and Future's Prospects" i

finalize this report, considering what the future may hold to me.

All the moments of this adventure were involved in constants reflexive practices and in a closer teacher-student relationship. These two aspects were fundamental to a personal unforgettable experience.

KEY WORDS: PHYSICAL EDUCATION, TEACHING AND LEARNING,

PRACTIUM TRAINING, TEACHER-STUDENT’ RELATIONSHIP,

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XXI

LISTA

DE

ABREVIATURAS

CEF – Cursos de Educação e Formação de Jovens DE – Desporto Escolar

DB – Diário de Bordo DT – Diretor(a) de Turma

EB 2,3 de Sobreira – Escola Básica do 2º e 3º ciclo de Sobreira EF – Educação Física

EP – Estágio Profissional FB – Feedback

GEF – Grupo de Educação Física

FADEUP – Faculdade de Desporto da Universidade do Porto MD – Modelo Desenvolvimental

MED - Modelo de Educação Desportiva MID – Modelo de Instrução Direta

NEE – Necessidades Educativas Especiais NE – Núcleo de Estágio

PC – Professor Cooperante PO – Professor Orientador UT – Unidade Temática

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1.

INTRODUÇÃO

O presente documento foi elaborado no âmbito da unidade curricular Estágio Profissional (EP) I e II, do 1º e 2º semestres do 2º ciclo de estudos, conducente ao grau de Mestre de Ensino de Educação Física nos Ensinos Básico e Secundário da Faculdade de Desporto da Universidade do Porto.

O Estágio Profissional decorreu na Escola Básica do 2º e 3º Ciclo da Sobreira situada no concelho de Paredes, distrito do Porto. O núcleo de estágio era formado por mais três elementos, Carlos Pinto, Filipe Felicia e Vítor Queirós, tendo o mesmo sido acompanhado pelo professor cooperante, Fernando Vaz e pelo professor orientador, Tiago Sousa.

O EP é a fase final do processo de formação legal do professor. Surge após um vasto leque de unidades curriculares teóricas que possibilitam a aquisição de pilares fundamentais (conhecimentos) para a realização das tarefas pedidas. Digo também que esta fase é “a fase final do processo de formação legal do professor”, porque de facto, o professor nunca estará perfeitamente formado. Existe uma necessidade óbvia de constante formação e desenvolvimento do professor de forma a dar resposta a todas as situações na realização da sua prática.

O EP surge como uma fase de integração do estudante-estagiário na realidade escolar através de uma prática de ensino supervisionada. Nesta fase, prevê-se que o estudante-estagiário possa acompanhar uma turma da escola, realizando todas as tarefas inerentes à mesma. Durante o ano letivo 2011/2012 tive o prazer de acompanhar o 9ºD, tendo esta sido a minha maior componente de experimentação. Tive também a possibilidade de durante o 3º período lecionar uma Unidade Temática à turma 7ºD, o que me trouxe ganhos extra ao longo desta fase de formação.

Pretende-se então que o estudante-estagiário possa desenvolver um conjunto de competências profissionais que o tornem num sujeito reflexivo, capaz de responder a cada situação. Para isso, decidi criar um Diário de Bordo que foi o meu acompanhante de todos os momentos vividos neste ano letivo. Foi o local onde escrevi as minhas mágoas e derrotas, o local onde repensei

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4

estratégias, onde atingi as primeiras e tão saborosas vitórias no processo de ensino-aprendizagem posto em prática. Foi o local onde me felicitei por boas estratégias e também onde me critiquei por outras menos conseguidas. Foi também lá que ia fazendo a momentos reflexões esporádicas do funcionamento da vida na escola. Lá fundamentei os meus planeamentos e avaliações. E também foi nesse local que descrevi atividades nas quais participei. Lá partilhei cada situação e momento vivido no EP. Através dele me fui tornando cada vez mais e mais reflexivo. A decisão de criar este Diário passou por mim. Não fui obrigado a fazê-lo, mas para quem estiver a ler este documento e esteja prestes a entrar no seu EP, um conselho: cria o teu Diário de Bordo. É trabalhoso, mas atingirás um estado de desenvolvimento profissional que sem o mesmo te escapará.

Quer-se que este relatório seja um documento, também ele reflexivo tendo em conta o caminho que se percorreu. De certa forma, pretende-se que este documento seja escrito em tons de reflexão final, onde procuro resumir o trabalho desenvolvido ao longo do EP e de que forma este contribuiu para o meu desenvolvimento profissional. Torna-se então óbvio que este é um documento pessoal, escrito na primeira pessoa, centrado nas minhas aprendizagens e nos momentos mais marcantes do EP. Torna-se então imperativo fundamentar as minhas opiniões com as reflexões realizadas no Diário de Bordo e também com outras realizadas no decorrer da elaboração deste relatório.

Durante o ano letivo, muitos foram os momentos marcantes e por tanto tornou-se um pouco complicado resumir tudo isso num documento. Ao longo do mesmo utilizo uma grande variedade desses momentos, e de certa forma me ia empolgando à medida que os ia expondo. Peço, então desculpa se nalguns momentos do relatório, me estendo demasiado na descrição e reflexão desse episódios, mas o prazer que tinha enquanto os relembrava impediu-me de ser mais sucinto. A linguagem que tento utilizar ao longo deste documento, não sendo brejeira, de forma a facilitar a comunicação, tenta criar uma relação próxima com o leitor, um pouco à imagem da relação que procurei manter com os alunos.

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5

Este documento está organizado em diferentes capítulos, sendo que o primeiro se refere à “Introdução”, onde são feitas breves considerações acerca do relatório de estágio.

No segundo capítulo “Dimensão Pessoal” faço uma apresentação do meu percurso de vida e refiro as minhas expectativas, objetivos e receios para este Estágio Profissional.

No terceiro capítulo realizo o “Enquadramento da Prática Profissional” onde apresento teoricamente todas as envolventes desta experiência. Reflito acerca do Ensino em Portugal, sem esquecer de o contextualizar à escola e à zona que me acolheu. Reflito também acerca do contexto legal e institucional do EP. Também aqui sublinho a importância do planeamento, da motivação do professor, das caraterísticas do bom professor, da reflexão e da avaliação. Ainda neste capítulo, sustento aquele que foi o maior guia de todo o meu desempenho, a busca por uma proximidade na relação entre o professor e os alunos.

O quarto capítulo “Realização da Prática Profissional” organiza-se segundo áreas, sendo a Área 1 – Organização e Gestão do Ensino e da Aprendizagem, a Área 2 e 3 – Participação na Escola e Relações com a Comunidade e, por fim, a Área 4 – Desenvolvimento Profissional. Neste capítulo faço uma retrospeção acerca de tudo o que foi concebido, planeado, realizado e avaliado ao longo do ano. Tudo isso é constantemente fundamentado pela reflexão das práticas que eu realizei ao longo do Estágio Profissional no Diário de Bordo. É também apresentado neste capítulo o estudo que desenvolvi sobre a temática “Hábitos de Higiene na Aula de Educação

Física: o caso específico do duche”, que era algo que me trastornava desde o

primeiro dia.

Por fim, no quinto capítulo “Conclusão e Perspetivas de Futuro” finalizo este relatório, tentando perspetivar os resultados deste processo e de que forma me poderão ser úteis no futuro.

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9

2.

DIMENSÃO

PESSOAL

2.1.OMEU PERCURSO

“se faz caminho ao andar”

(Antonio Machado1, s.d.)

A minha grande paixão é o Desporto. Suar através do esforço físico é um dos maiores prazeres que a vida me oferece. Apesar da minha prática desportiva federada não se ter iniciado muito cedo, digo isto com base na realidade atual, onde frequentemente se veem miúdos com 4 e 5 anos a entrar para as pré-escolas dos clubes, toda a minha infância foi passada com jogos de rua, onde correr, saltar e lançar faziam parte dos meus dias. Devo ter repetido tantas vezes essas ações, que agora sinto uma certa necessidade de as realizar, como se de um vício se tratasse.

Tal como muitas outras crianças nascidas numa zona rural, cheia de espaços amplos e com um vasto grupo de amigos, as atividades físicas e desportivas assumiram uma acentuada importância na minha infância, bem como realça Medeiros (2003). A mesma autora parece relatar a minha infância quando diz que as atividades físicas e desportivas são importantes no desenvolvimento pessoal e social das crianças jovens. Tive a sorte de poder crescer junto de imensas pessoas da mesma idade. Para interagirmos utilizávamos os jogos e com isso, saltar, pular e lançar tornaram-se parte integral do meu crescimento. Numa fase mais adiantada da minha adolescência, foi curioso ver grande parte dos meus amigos afastarem-se destes jogos desportivos, trocando-os por outros meios de socialização. No entanto eu continuei apaixonado pelo prazer que as mais diversas sensações desportivas me ofereciam. Ao longo deste período tive de ser capaz de partilhar com os meus amigos, tive de aprender a respeitar aqueles que eram mais velhos e quando me tornei mais velho, fui respeitado pelos mais novos. Ainda agora quando os mesmos amigos se juntam para uma partida de futebol,

1

Informação recolhida do site: http://blogs.utopia.org.br/poesialatina/cantares-antonio-machado/

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no campo onde sempre jogamos, aos poucos, miúdos mais novos se aproximam para ver o jogo e é curioso sentir que sou admirado por alguns. Esse sinal de respeito e admiração que as pessoas tinham por mim, mesmo quando eu era adolescente, fez de mim uma pessoa mais responsável e que deveria ponderar com mais profundidade nas ações antes de as tomar. Penso que todas estas situações contribuíram para a minha forma de “ser” professor. Sinto que sou capaz de agir com ponderação, merecer o respeito e admiração em mim depositados e sou capaz de confiar em quem confia em mim, para além de nunca evitar um ambiente mais divertido onde todos são capazes de ter o seu espaço e de aproveitar cada momento.

Por volta dos 7 anos comecei a jogar futebol no clube da terra (Futebol Clube Cete) ainda que de forma não federada, uma vez que a equipa apenas se organizava para disputar torneios de Verão. Mais tarde, surgiu a possibilidade de me federar e aos 9 anos fui para o Futebol Clube Penafiel. Como no 5º ano escolar fui estudar para a Escola Básica 2,3 de Paredes, e por ter mais facilidades de transporte, os meus pais decidiram colocar-me a jogar no União Sport Clube Paredes. Por lá passei vários anos, até que no escalão de Iniciados, decidi abandonar equivocamente a equipa, após num jogo ter entrado apenas nos últimos 15 minutos. Essa decisão foi tomada de forma precipitada, mas como nunca tinha idealizado seguir carreira profissional como jogador de Futebol, acabou por não ser um choque tremendo para mim. No entanto, o “bichinho” da bola continuou em mim e um ano após ter abandonado, com 14 anos, fui convidado a integrar a equipa sénior da minha localidade, na altura Associação Recreativa de Cete. Apesar da equipa não ser federada, por lá continuei vários anos, entre os quais houve uma alteração do nome da equipa (passando-se a chamar Centro Cultural de Cete). No meu último ano de júnior aceitei o convite para jogar, novamente como sénior numa equipa que disputava o campeonato amador de Paredes (União Cetense). Quando finalmente tive idade de sénior, e apesar de ter pouca experiência a nível federado, já tinha 4 anos de experiência nesse escalão e sempre a jogar. Isso fez-me crescer bastante a nível futebolístico, mas principalmente a nível social, uma vez que, no balneário, estava em contato frequente com colegas de

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equipa mais velhos, que tinham temas de conversa diferentes dos meus, o que me fez crescer um pouco precocemente em termos de mentalidade. Depois nos meus primeiros dois anos de sénior joguei na equipa Lusitano Clube Retorta que disputava o campeonato amador de Penafiel e onde eu já tinha responsabilidades de capitão. Depois disso voltei ao futebol federado, tendo regressado por dois anos ao clube da minha terra Futebol Clube de Cete disputando a 2ª divisão distrital da Associação de Futebol do Porto, onde mais uma vez enverguei a braçadeira no 2º ano. Este ano aceitei uma proposta mais séria, onde jogo no Sport Clube Nun’Álvares na Divisão de Honra do Porto, estando até ao momento a ser uma experiência positiva.

Ao longo de todo este percurso, como referi tive o privilégio de ser capitão em vários clubes. Essa é uma função que acarreta uma grande responsabilidade e que acrescentou algo à minha personalidade e posteriormente ao meu “ser” professor. A partilha, a superação, o sentido de justiça e de rigor, o cumprimento de regras, o espírito de grupo, a capacidade de ajuda são todas características de um jogador de futebol que normalmente se querem sublinhadas num capitão. Talvez por alguns dos meus treinadores identificarem algumas delas em mim fui escolhido. Essas características pessoais mantêm-se em mim e imagino-as naqueles que é o docente que eu pretendo ser.

Quanto ao meu percurso enquanto treinador, no ano 2007 fui treinador principal da seleção da freguesia de Cete no torneio de futebol de 5 sub-12 realizado pela câmara de Paredes. Em 2009 assumi o comando técnico da equipa de pré escolas do União Sport Clube de Paredes (“Os Laranjinhas”), cargo que abandonei neste início de ano letivo. Em 2010 conciliei as funções de treinador nos Laranjinhas, com o cargo de treinador adjunto no escalão de iniciados do Futebol Clube de Cete e, em Dezembro desse ano, assumi o comando dos juniores do Futebol Clube de Cete até ao final da época, tendo esta sido a experiência mais gratificante e desafiadora que eu já tive como responsável técnico, uma vez que era uma equipa com miúdos pouco mais novos que eu, alguns eram meus amigos (todos ficaram meus amigos), o clube passava imensas dificuldades e eu para além de treinador, era treinador

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adjunto, treinador de guarda-redes, preparador físico, diretor, roupeiro e massagista. Apesar de ter sido uma tarefa trabalhosa, agora que olho para trás sinto-me imensamente orgulhoso pelo que fui capaz de fazer, tanto a nível individual, como no coletivo, passando pelos aspetos desportivos e sem nunca esquecer o fundamental, a formação pessoal de cada jovem. Esta época tenho a função de treinador principal da equipa sub-10 do Sport Clube Nun’Álvares.

Liderança, gestão de indivíduos, capacidade de adaptação, criatividade entre muitas outras características são fundamentais para um treinador. Como tal, ao longo da minha experiência nessa função tive que as adquirir. Se no caso de algumas foi mais fácil por ter um potencial maior para elas, noutras como a capacidade de adaptação ou a gestão de indivíduos, tive a necessidade de me aprofundar nesses campos. Assim, grande parte daquilo que um professor necessita ser e ter, eu por intermédio do “ser” treinador já consegui atingir esses estados. É claro que muito mais ainda há para desenvolver, a formação é um processo contínuo, mas sinto que a base já estava cá e graças a isso, alguns problemas iniciais foram superados.

No que diz respeito a outras modalidades desportivas, apesar de já ter praticado inúmeras, umas num nível mais lúdico e outras num nível mais organizado (Voleibol, Basquetebol, Andebol, Futsal, Natação, Atletismo: velocidade e meio fundo, BTT, Bodyboard, Escalada, Squash, Ténis, Ténis de mesa, Natação, Kinball e Tiro ao Arco) não me federei em mais nenhuma para além do futebol.

Quanto ao percurso académico, após ter concluído o 4º ano de escolaridade na Escola das Lajes em Cete, estive, como já disse, entre o 5º e o 9º ano na Escola Básica 2,3 de Paredes. No 10º ano fui para a Escola Secundária de Paredes para o agrupamento científico-natural.

Durante este percurso escolar, convivi com diferentes professores, e tive bons e maus professores. O gosto é pessoal, e o facto de eu gostar de um professor não quer dizer que toda a minha turma tenha que gostar do mesmo. No entanto, no final de tudo isso, quando se recorda com calma os professores, vemos que alguns foram melhores do que outros. Porquê? Porque aprendemos mais com eles, porque algumas das suas frases nos ficaram na

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cabeça, porque as suas aulas eram diferentes das outras. Curiosamente a professora que mais me marcou foi a professora Célia Guedes de Matemática. Uma professora extremamente exigente (e tinha que ser assim), atenciosa e muito nossa amiga. Fui aluno dela durante 3 anos e só no 2º ano é que comecei a perceber as duas outras suas caraterísticas para além da exigência. Ainda agora dou por mim a pensar nalguns momentos passados com ela. As aulas dela eram sempre muito sérias e os alunos não tinham sequer tempo para estar parados, tamanha era a carga de exercícios, mas na final da aula, com o seu sentido de humor, dava-nos mais do que precisava de dar. Esta relação de proximidade, sempre me fascinou, uma vez que ela tinha a turma controlada e para além disso, fazia parte daquelas professoras que eram constantemente cumprimentadas, fora da escola, pelos alunos. Este foi o meu modelo a seguir, e grande parte das minhas atitudes nas aulas vai de encontro com aquilo que ela fez comigo.

Através da utilização deste modelo, quis manter uma proximidade envolvida em sentimentos de confiança e admiração mútuas, mais do que aquele autoritarismo que tantas vezes é imagem do professor. Como se percebe sou grande defensor deste esquema pedagógico, uma vez que através dele, é depositada nos alunos mais responsabilidade o que os torna mais sensíveis a certas situações de aprendizagem e desenvolvimento. Imagine-se por exemplo um aluno que tem a minha total confiança, num momento seu menos bom. Acredito que não terei de fazer muito para o repreender de forma a melhorar o seu comportamento, uma vez que não há maior sentimento de transformação do que aquele que se sente quando desiludimos alguém que de alguma forma é importante para nós.

Esse é outro sentimento que busco entre os alunos. O sentimento de importância que me tornará um possível pilar na formação e desenvolvimento pessoal de cada aluno com o qual interaja.

Quanto aos professores de Educação Física (EF), a verdade é que tive um maior número de más experiências do que de boas. Tive demasiado professores que nos deixavam fazer o que queriam, e isso agora repercute-se em aulas que eu não consigo lembrar, em professores que eu não consigo

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relembrar e em modalidades que eu não lembro praticar. Aquele professor de EF que mais notei, que se esforçou pelos seus alunos era curiosamente uma estagiária. Ainda bem que tive esta prova porque assim, não me permitirei tornar nos próximos anos num professor bem pior do que sou agora em ano de estágio. O ano de estágio não deve ser, na minha opinião, aquele ano em que um professor mais se deve esforçar. O esforço e responsabilidade devem estar presentes por todos os anos de prática do professor, esteja ele a ser observado ou não por um colega, ou um orientador, porque tudo o que ele faz, mesmo naquela aula que pode parecer a menos importante de todas, é observado pelos seus alunos.

Assim, após a conclusão do 12º ano, e devido às práticas desportivas que tive e não aos professores de EF, concorri à Faculdade de Desporto da Universidade do Porto (FADEUP) onde realizei a minha licenciatura em Ciências do Desporto na opção Treino Desporto - Futebol.

Uma das minhas grandes desilusões enquanto aluno licenciado na FADEUP, revela-se num problema que vivencio todos os sábados. Na hora do jogo da minha equipa de sub-10, para ir para o banco de suplentes, tenho que mostrar o meu cartão de diretor do clube! Não faz qualquer sentido, depois de me ter licenciado em Ciências do Desporto, no ramo de Futebol, onde tive um privilegiado contato com os Professores Vítor Frade e José Guilherme, não me ser dada sequer a equivalência ao nível 1 de treinador. Existem imensos treinadores, com os quais contacto no meu clube, que têm diploma de nível, mas que estão drasticamente a anos de luz da formação que eu tive. Vê-se pela forma como treinam, pela forma como lidam e falam com os jogadores, pela forma como estão no banco, pela forma como montam os exercícios, pela forma como instruem, pela forma como corrigem… No entanto, eles são treinadores de futebol (esses mesmo que colocam as equipas a correr à volta do campo durante 45 minutos sem qualquer critério) e eu sou um mero diretor do clube, dito “vogal”.

Após conclusão de Licenciatura, candidatei-me ao 2º Ciclo em Ensino de EF nos Ensinos Básico e Secundário e também ao 2º ciclo em Treino de Alto Rendimento Desportivo. Como só entrei na 1ª hipótese, decidi então aí de

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forma sublinhada formar-me como Professor de EF. Talvez devesse ter decidido mais cedo, mas a verdade é que optei por deixar as duas portas abertas até ao final. No caso de entrar nos dois mestrados, a escolha seria dificílima, mas teria de ser feita. Se entrasse só num mestrado, a partir daí apostaria forte na minha formação conduzida para essa função.

Adiei ao máximo essa decisão por, no fundo, me sentir mais seduzido pelo treino do que pela educação. Devido ao meu passado intimamente ligado ao futebol, sempre me interessou mais esse lado do profissional de Desporto. Até então a minha experiência na educação era nula e como tal tinha algum receio de não me sentir enquadrado nesse campo. No meu primeiro ano de licenciatura, na disciplina de Pedagogia Escolar tive a possibilidade de entrevistar um professor estagiário na escola Augusto Gomes. Dessa entrevista e das posteriores conversas com a Professora Paula Queirós (responsável da disciplina) entendi que muitos estagiários ao longo do Estágio Profissional percebem que afinal aquela profissão não é ideal para eles, acabando por desistir ou por terminar o ano com uma nota baixa.

Isso era exatamente aquilo que eu não queria que acontecesse comigo. Depois de todas as dificuldades que tive de ultrapassar ao longo de vários anos de escolaridade, uma má decisão poderia hipotecar as minhas possibilidades de vir a atingir o meu completo potencial enquanto profissional tal como a minha felicidade na exerção do mesmo.

2.2.EXPECTATIVAS EM RELAÇÃO AO ESTÁGIO PROFISSIONAL

O estágio pedagógico é o culminar de 5 anos de vivências, instruções e transmissão de conhecimentos, onde temos oportunidade de transformar toda essa informação aplicando-a na escola através da nossa turma e dos nossos alunos.

É, portanto, um momento sobre o qual criei grandes expectativas. Durante o último ano letivo, quando tentava imaginar como seria este estágio, dava por mim muitas vezes apavorado com esse “destino”. Muitas coisas me atormentavam. Em que escola ficarei? Quem serão os meus colegas de

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estágio? Quem será o meu Professor Orientador (PO)? Como será a minha turma? Será calma e interessada? Será indisciplinada? De que ano será? Terei de ensinar Dança, Ginástica ou Natação? Estarei à altura das minhas responsabilidades como professor? Estas eram algumas das questões que me

assombraram durante o último verão. Quando saíram as listas de colocação, apesar de não conhecer pessoalmente os meus colegas de estágio, fiquei agradado com os resultados uma vez que a Escola EB 2,3 da Sobreira tinha sido a minha primeira opção pela proximidade geográfica com a localidade onde moro (Cete). Depois com o decorrer das várias reuniões com o Professor Cooperante (PC) Fernando Vaz e com o restante Núcleo de Estágio (NE), fui acalmando à medida que ia percebendo melhor a realidade da Escola e o seu contexto.

O estágio é uma experiência riquíssima. Os estagiários, durante o mesmo, são simultaneamente professores e alunos e como reforça Cardoso (2009), esta situação provoca fragilidades resultantes da tensão entre a teoria e a prática. De certa forma, os estagiários vivem nesse período um momento extremamente sensível na sua formação. O facto de terem a função de professor simultaneamente com a realidade de continuarem como alunos de um curso torna este momento único. A necessidade de saber lidar com uma turma, mantendo o controlo e o respeito, e ao mesmo tempo pertencer a uma turma que por vezes esquece as dificuldades que o professor passa para ser ouvido, pode criar no estagiário uma sensação de inadaptação tanto numa situação como noutra. Assim, sublinha-se o papel dos auxiliares (PC e PO) para ajudarem-no a superar da melhor forma este período, aconselhando-o através das suas vastas experiências no campo. Hynes-Dusel (1999) refere que o PC é mesmo a figura central no processo de estágio, uma vez que os estagiários passam mais tempo com ele do que com qualquer outro formador.

O estágio é assim um momento onde vários fatores e variantes se cruzam conduzindo a um resultado muito pouco previsível. Como diz Cardoso (2009) os professores cooperantes e orientadores têm uma forte influência nos comportamentos dos estagiários, e apesar de esta influência ser mais verificada neste ano crítico da minha formação, a mesma autora diz que essa

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influência se prolonga nas decisões que os novos professores tomam mais tarde, durante a sua carreira profissional, o que sublinha sobremaneira a importância presente e futura do ano de estágio.

Reforça-se aqui também a importância do PC e do PO, uma vez que as suas diretrizes, ajudas e conselhos levarão a um caminho que será feito futuramente pelo agora estagiário, como professor. São por tanto duas personagens indispensáveis neste enredo.

Osunde (1996) estudou as perceções que os estagiários adquiriram através dos comportamentos e práticas do orientador e chegou à conclusão que os estagiários concordam que as suas experiências durante a prática tiveram uma influência poderosa no seu desenvolvimento profissional e que a personalidade dos orientadores é um fator decisivo na sua formação.

Apesar de reconhecer a importância destas influências recebidas, o estagiário não pode dispensar uma prática reflexiva. Segundo Goodfellow (2000), a prática reflexiva torna-se uma forma onde, não apenas os professores, mas também os estagiários se podem interrogar acerca das suas práticas, e dessa forma, criarem as suas próprias conceções de ensino. E por sua vez, as diferentes conceções de ensino e de desenvolvimento profissional sustentadas pelos estagiários podem influenciar o que eles consideram relevante e útil no processo de formação e a forma como analisam a sua prática e a dos outros.

Concordando com tudo isto, adotei desde o primeiro dia a estratégia de criação do “diário de bordo”, onde coloco lá todos os momentos que merecem reflexão da minha parte. Aos poucos tenho vindo a perceber que este documento é fundamental. Por vez, dou por mim a preencher uma qualquer situação no diário e apercebo-me que se não tivesse que o fazer, nunca mais pensaria naquilo que tinha acontecido. O facto de estar constantemente a ver no meu dia-a-dia que episódios podem caber nesse diário, tornam-me mais reflexivo, ainda antes do período exato da reflexão. Isto é, durante o dia, já estou a pensar formas de contornar certos problemas, ou como motivar ou criar aspetos pretendidos por mim mesmo. Da mesma forma, Albuquerque et al. (2005) referem que a prática, ao ser problematizada, desencadeia a ação

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reflexiva, procurando soluções lógicas para os problemas que a própria prática levanta.

Quem me conhece sabe que eu sou uma pessoa com umas caraterísticas especiais. Normalmente no meu dia-a-dia estou muito à vontade, gosto de brincar e utilizo o humor com grande frequência. Na minha vida social sou assim, mas também transporto esse “eu” para os meus treinos. Como tal, o mesmo acontece nas aulas. No entanto, tenho que ter sempre na ideia que não sou mais um aluno. E isso torna-se cada vez mais claro a cada dia que passa. Quando entrei para o estágio, ainda estava muito na pele de aluno, e como tal, a minha presença nas aulas bem como as minhas atitudes não eram as mais naturais, uma vez que tentava incorporar uma personagem mais séria, a personagem de professor. Com o passar do tempo, consegui conciliar o meu verdadeiro “eu” com a forma de estar de um professor. Digo conciliar, mas na verdade deveria dizer que me estava a adaptar. No fim de contas, todo este processo do EP é uma grande adaptação, onde limam-se uns pormenores, sublinham-se outros e apagam-se definitivamente uns restantes. Esta necessidade de mudança é traduzida pela afirmação que diz ”mudar é uma exigência imposta pelas leis da vida” (Bento, 2005), tal como eu, sinto que já não sou a mesma pessoa que era quando começou este ano letivo.

De acordo com isto, Cardoso (2009) diz que a formação de professores é um processo transformativo e não apenas uma forma de adquirir conhecimentos e habilidades. Também Graça (2001) refere que o conhecimento que o professor tem da disciplina que leciona interage com conhecimentos, convicções e crenças acerca da educação, do ensino e aprendizagem, acerca dos alunos e acerca dos contextos educativos.

Ambos os autores referem a importância da transformação do professor em formação através das experiências que se lhe vão acumulando ao longo desse processo. Essa transformação foi vivida em pleno por mim. Aquele professor estagiário, que lecionou as primeiras aulas, entre setembro e outubro, nada tem a ver com aquele que terminou o ano letivo em maio, apesar de o “pacote” ser exatamente o mesmo. Durante esse período, as experiências acumuladas tornaram-no num profissional completamente distinto, e não me

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refiro apenas ao desempenho nas aulas. Fora das aulas, através das mais diversas relações com a comunidade escolar, o meu desempenho foi-se modificando, fruto de um maior à-vontade sinónimo do passar do tempo, mas também devido a uma acumulação das experiências vividas.

Uma vez que o Professor Fernando deu ao NE, a liberdade de escolher a sua turma, eu optei pelo 9ºD. Trata-se de uma turma onde a maioria dos alunos eram desconhecidos do Professor Fernando. Assim, de forma a inteirar-me da situação, na reunião de conselho de turma foram-inteirar-me dadas as informações necessárias para que eu aguardasse calmamente as primeiras aulas. Nessas mesmas primeiras aulas, a turma mostrou ser bastante calma. Para mim o grande desafio para esta turma, fazendo uma análise das aulas que já lecionei, foi aumentar o interesse e a motivação para as aulas de EF, visto ser, uma turma composta maioritariamente por raparigas, com alguns alunos que se mostram um pouco desinteressados pelas modalidades lecionadas e pelo exercício físico.

Refiro o facto de em 27 alunos, somente 7 serem rapazes porque como Santos (2003) refere no seu estudo realizado nas Escolas Secundárias de Gondomar, os indivíduos do sexo masculino evidenciam níveis de motivação mais elevados relativamente às raparigas, sendo o fator motivacional PRAZER ter sido detetado como o mais importante.

Também espero que, no final do ano os alunos sintam que os influenciei, devido à forma como ajo com eles, nas aulas e fora delas, onde procuro estar o mais próximo possível de todos eles. Quanto aos resultados de aprendizagem, sinceramente, mais do que ver no final do ano letivo que os alunos sentem que aprenderam imensas coisas nas minhas aulas, gostava que as aprendizagens se verificassem mais na prática, isto é, nos seus hábitos a curto, a médio e se possível a longo prazo.

“Toda a arte de ensinar é apenas a arte de acordar a curiosidade natural nas mentes jovens, com o propósito de serem satisfeitas mais tardes” (Anatole

France, s.d.2).

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Frase retirada do site: http://www.ronaud.com/frases-pensamentos-citacoes-de/jacques-anatole-france no dia 4 de Julho de 2012.

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Foi com alguma expectativa que aguardei a lecionação das aulas de Ginástica e que aguardo as aulas de Natação, visto serem áreas nas quais não me sinto muito à vontade. Apesar de no 1º ano do 2º Ciclo de Estudos ter frequentado as disciplinas de Didática de Ginástica e Didática de Natação (modalidades que também frequentei nas disciplinas de Estudos Práticos do 1º ano da licenciatura), estas são modalidades com as quais não tinha grande experiência e por tanto tive de apostar muito mais na preparação dessas aulas, evitando assim qualquer problema.

Para isso, as minhas aulas de Natação foram antecedidas por aulas lecionadas por um colega de estágio e, assim, decidi assistir a todas essas sessões de forma a tentar evitar todos os erros que descobrisse, para além de adotar e desenvolver estratégias que considerasse oportunas. No final de todas as informações recolhidas, fiz ainda uma síntese de todo o material que me tinha sido fornecido na disciplina de Estudos Prático de Natação do 1º ciclo, e da disciplina de Didática de Natação do 2º ciclo. Essas informações foram fundamentais para o planeamento e organização dos conteúdos.

Para ginástica tive também a sorte de lecionar esta disciplina à minha turma, simultaneamente que um outro colega de estágio lecionava à sua. Assim, assistindo às aulas um do outro, podemos elaborar estratégias e perceber o que se poderia fazer, bem como aquilo que deveria ser evitado. Em termos de planeamento, utilizei tal como para a Natação, uma busca mais profunda, através dos documentos fornecidos no 1º e 2º ciclos acerca desta disciplina e como se tratou da primeira Unidade Temática ensinada, tive muito atento aos inúmeros conselhos que o PC Fernando Vaz nos forneceu.

Em relação às outras modalidades sentia-me mais à vontade, principalmente nas modalidades coletivas, devido às minhas experiências passadas.

Quanto à aplicação do Modelo de Educação Desportiva (MED), apliquei-o napliquei-o 2º períapliquei-odapliquei-o na Unidade Temática de Vapliquei-oleibapliquei-ol e apliquei-os resultadapliquei-os fapliquei-oram absolutamente positivos, principalmente em relação à assiduidade, pontualidade, participação e motivação dos alunos nas aulas.

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De uma forma geral, espero no final deste percurso ser capaz de olhar para trás e orgulhar-me daquilo que fiz. Vários erros já foram cometidos e percebidos e outros tantos ainda acabaram por passar despercebidamente ao longo deste estágio e ao longo da minha vida. Toda a gente passa por isto, mas nem todos são capazes de aprender, melhorar e de se superar.

Possuir um equilíbrio entre ambição e humildade é na minha opinião o segredo. Não me permitirei a estar satisfeito com o atingido, sempre que for possível atingir um patamar superior. Da mesma forma que não será por atingir um determinado posto que me recusarei a ouvir alguém ou a fazer outro qualquer ato que revele falta de humildade. Um professor deve ser capaz de o fazer. De ambicionar atingir um nível e estado profissional elevado, em termos de todas as capacidades indispensáveis para as suas funções, mas para o fazer, terá de ser humilde o suficiente para reconhecer em que aspetos e capacidades deve depositar uma maior percentagem do seu tempo para que assim, se consiga desenvolver. Depois, quando atingido esse estado é fundamental que o professor não se desleixe impossibilitando assim decréscimos das suas capacidades. Mantendo sempre a sua ambição para manter ou melhorar a sua performance, sem esquecer a humildade que o fez desenvolver-se com tanta eficácia e profundidade.

Quando entrei no estágio pensava estar preparado para tudo. Na 2ª semana percebi que estava totalmente enganado. Agora sinto-me capaz de ser professor. Mas, ser capaz ainda é pouco. Quero ir mais além. Quero ser relembrado pelos meus alunos com saudade e com um sorriso na cara.

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3.

ENQUADRAMENTO

DA

PRÁTICA

3.1.ENSINO:DICOTOMIA ENTRE A SORTE E O MÉRITO

O ensino em Portugal vive um momento peculiar. Face às enormes dificuldades económicas que o nosso país atravessa, o futuro não pode mais ser assegurado através de um caminho seguro. Aquela que até há vários anos atrás era vista como uma aposta segura, tornou-se agora uma aposta como todas as outras que são feitas nos jogos de sorte.

Quando aceitamos jogar um jogo desse tipo, pense-se no poker por exemplo, temos que ter perfeita noção de possuímos apenas uma pequena probabilidade de acabarmos vencedores. Sabemos que num jogo de sorte é verosímil que o final seja angustiante, triste e desolador. Mas mesmo assim existem inúmeras pessoas que continuam a jogar. Existem até uns poucos que conseguem viver apenas desses jogos. Será que nesses casos trata-se apenas de sorte? Alguns podem dizer que sim, mas há claro quem contrarie essa ideia. Nesses casos há possivelmente mais mérito do que sorte mas sem dúvida que por muito mérito que alguém tenha num desses jogos, sem sorte acabará desolado como a grande maioria. Esta eterna dicotomia entre a sorte e a habilidade compõe o universo deste jogo.

No ensino, acredito que a sorte tem muito menos importância do que nos jogos de sorte. Acredito que nesta área, alguém extremamente competente terá um futuro muito mais brilhante do que alguém favorecido pela sorte No entanto existem fatores que não nos são inerentes e que são fundamentais para a formação de cada um. A escola e o seu contexto, a nossa turma e colegas, os professores e respetivos critérios de avaliação, a empregabilidade do nosso curso, são aspetos que nos transcendem e que são fundamentais para o ensino. Depois, em relação ao mérito de cada um, aí começam-se a diferenciar os sujeitos. As aptidões, competências, capacidades ou habilidades são o resultado do potencial de cada indivíduo. É portanto previsível que se sublinhe o mérito que está associado ao resultado final deste longo e complexo

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processo que é o ensino, mas a verdade é que o potencial de um indivíduo difere sempre do contexto em que se encontra.

Sei que é de uma completa insensatez comparar o ensino a um jogo de sorte, mas de uma forma geral, pretendia apenas destacar dois fatores que são em ambos os contextos fulcrais, o mérito próprio e a sorte.

3.2.AREALIDADE DE UM PAÍS À BEIRA MAR

Existe no profissional uma clara necessidade de conhecer o que o rodeia e com que regras se rege. Assim, como estudante estagiário da disciplina de EF, sinto-me na obrigação de apresentar aqui o Sistema Educativo do nosso país.

Através da consulta de dados do Ministério de Educação3, percebe-se que o Sistema Educativo Português divide-se ao longo de 6 ciclos de ensino. A educação pré-escolar, o ensino básico, o ensino secundário, o ensino pós-secundário não superior, a educação e formação de jovens e adultos e o ensino superior.

A educação pré-escolar é facultativa e destinada para crianças entre os 3 anos e a entrada na escolaridade obrigatória. Os estabelecimentos podem ser públicos ou privados, sendo que os públicos são grátis.

O ensino básico inicia a obrigatoriedade da escola. É dividido por 3 ciclos. O 1º ciclo referente ao intervalo de anos entre o 1º e o 4º ano de escolaridade, o 2º ciclo referente ao 5º e 6º ano e o 3º ciclo composto pelo 7º, 8º e 9º ano de escolaridade. Os alunos têm normalmente entre 6 e 15 anos. As atividades físicas e desportivas são desde logo introduzidas no 1º ciclo através da área de expressão e educação físico-motora presente no currículo obrigatório e das áreas de enriquecimento curricular. O ensino básico público é gratuito e os alunos que terminam com sucesso o 3º ciclo recebem o diploma de ensino básico.

O ensino secundário alonga-se por mais 3 anos letivos (10º, 11º e 12º) e divide-se por diferentes tipos de cursos:

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 Curso científico-humanístico é vocacionado para o prosseguimento de estudos de nível superior;

 Cursos tecnológicos são dirigidos a alunos que desejam entrar no mercado de trabalho, permitindo também o prosseguimento de estudos em cursos tecnológicos especializados ou no ensino superior;

 Cursos artísticos especializados asseguram formação artística especializada nas áreas de artes visuais, audiovisuais, dança e musica e permitem a entrada no mundo do trabalho ou o prosseguimento de estudos em cursos pós-secundários não superiores ou, ainda, no ensino superior;

 Cursos profissionais proporcionam a entrada no mundo do trabalho, facultando também o prosseguimento de estudos em cursos pós-secundários não superiores ou no ensino superior.

No final do nível secundário os alunos estão sujeitos a uma avaliação sumativa interna. Para além disso os alunos dos cursos científico-humanísticos são também submetidos a uma avaliação sumativa externa, através da realização de exames nacionais, em determinadas disciplinas. Nesta fase de ensino os alunos tem de pagar uma pequena propina anual, e é também aqui completa a escolaridade obrigatória.

No ensino pós-secundário não superior existem cursos de especialização tecnológica que possibilitam uma formação especializada em diferentes áreas tecnológicas, permitindo a inserção no mercado de trabalho ou o prosseguimento de estudos de nível superior. A conclusão deste curso confere um diploma de especialização tecnológica e qualificação profissional de nível 4, podendo ainda dar acesso a um certificado de aptidão profissional.

A educação e formação de jovens e adultos é normalmente reconhecida como “novas oportunidades” para indivíduos que abandonaram ou estão em risco de abandonar a escola precocemente. É uma segunda hipótese também para quem não teve a oportunidade de frequentar a escola enquanto jovem, e para os que procuram a escola por razões profissionais ou de valorização pessoal. As diferentes modalidades de educação e formação de jovens e

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adultos permitem adquirir uma certificação escolar bem como o prosseguimento de nível pós-secundário não superior ou o ensino superior.

O ensino superior está estruturado com uma nova forma desde o processo de Bolonha. O grande objetivo desse processo visa que o ensino superior assegure uma sólida preparação científica, cultural, artística e tecnológica que habilite para o exercício de atividades profissionais e culturais e também para o desenvolvimento de capacidades de conceção, inovação e análise crítica. Este ensino em Portugal está dividido no ensino universitário e no ensino politécnico, podendo os mesmos ser administrados por instituições públicas, privadas e cooperativas. Os alunos que pretendem seguir este ensino devem concluir com êxito o ensino secundário ou alguma qualificação equivalente, realizar os exames de admissão e satisfazer os pré-requisitos exigidos para o curso. No ensino superior são conferidas as diferentes qualificações académicas: 1º ciclo (licenciado), 2º ciclo (mestre) e 3º ciclo (doutor). As propinas são fixadas pelas instituições do ensino superior, entre um valor mínimo e máximo, de acordo com o tipo de cursos.

3.3.OESTÁGIO PROFISSIONAL DO PONTO DE VISTA LEGISLATIVO

Este estágio resulta de uma ligação entre o 2º ciclo e o ensino básico e secundário tendo em vista a formação de professores de EF. O início da prática profissional do 2º Ciclo em Ensino de Educação Física da FADEUP decorre na forma de EP. O mesmo é composto por duas componentes, a Prática de Ensino Supervisionada e o respetivo Relatório de Estágio Profissional.

Através da consulta do Regulamento de Estágio4 percebe-se que a “estrutura e funcionamento do Estágio Profissional consideram os princípios

decorrentes das orientações legais nomeadamente as constantes do Decreto-lei nº 74/2006 de 24 de Março e o Decreto-Decreto-lei nº 43/2007 de 22 de Fevereiro e têm em conta o Regulamento Geral dos segundos Ciclos da UP, o

4 Documento interno “Regulamento da Unidade Curricular Estágio Profissional do Ciclo de

Estudos Conducente ao Grau de Mestre em Ensino de Educação Física nos Ensinos Básico e Secundário da FADEUP” elaborado pelo Professora Zélia Matos para o ano letivo 2011-2012.

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Regulamento geral dos segundos ciclos da FADEUP e o Regulamento do Curso de Mestrado em Ensino de Educação Física”.

Salienta-se que em nenhum dos decretos-lei referidos, se determina que cada aluno de mestrado, durante o estágio, deverá ter encarregue a si a docência total de uma turma. Assim, percebe-se que essa norma foi introduzida pelos órgãos responsáveis da FADEUP.

3.4.UMA GOTA NO MEIO DE UM IMENSO MAR

A minha particular experiência relata a entrada no 2º ciclo na FADEUP, após ter concluído o 1º ciclo de estudos na mesma instituição. O 2º ciclo de estudos pretende preparar os alunos de uma forma intrinsecamente direta para a realidade escolar.

Este ciclo está dividido em 4 semestres. O primeiro pretende fornecer fundamentação base aos alunos, tornando-os indivíduos conhecedores teóricos da realidade do ensino em Portugal. Disciplinas como Profissionalidade Pedagógica, Desenvolvimento Curricular, Gestão e Cultura Organizacional da Escola ou ainda Investigação em Educação ou Psicologia da Educação são portanto fundamentais para este objetivo, tornando-se pilares desta fase da formação.

No segundo semestre o aluno é colocado pela primeira vez em situações e fases distintas do processo ensino-aprendizagem. Através das disciplinas didáticas específicas, os alunos podem assistir, ser objetos ou ainda ser produtores do processo pedagógico. Enquanto nalgumas dessas disciplinas os alunos reconstroem entre eles aulas, como o caso de Didática Específica de Atletismo ou Futebol, noutras disciplinas como Didática Específica de Voleibol, ou Ginástica, os alunos são desde logo colocados em provas mais complexas dentro de uma adaptada realidade escolar. Refiro adaptada, apenas e só, pela curiosidade de todas as aulas serem lecionadas em grupo, o que apesar de facilitar esse processo é completamente fundamental para esta fase de desenvolvimento do aluno. Todas estas experiências foram fundamentadas

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com as riquíssimas passagens que a Professora Paula Botelho nos deliciou nas aulas de Didática Geral de Desporto.

Nos dois restantes semestres incide-se o Estágio Profissional. Segundo o documento de Normas Orientadoras de Estágio5, o EP tem como objetivo “a

integração na vida profissional de forma progressiva e orientada, em contexto real, desenvolvendo as competências profissionais que promovam nos futuros docentes um desempenho crítico e reflexivo, capaz de responder aos desafios e exigências da profissão”. Esta é a prova de fogo de toda esta formação e

sem dúvida que é aquela onde o aluno se desenvolve exponencialmente devido à constante experienciação do global contexto escolar. No EP cada indivíduo deverá prestar provas em quatro diferentes áreas de desempenho. A área 1 “Organização e Gestão de Ensino e da Aprendizagem” tem como objetivo “construir uma estratégia de intervenção, orientada por objetivos

pedagógicos, que respeite o conhecimento válido no ensino da Educação Física e conduza com eficácia pedagógica o processo de educação e formação do aluno na aula de EF”. Nas áreas 2 e 3 “Participação na Escola e Relações

com a Comunidade” o objetivo passa por “contribuir para a promoção do

sucesso educativo, no reforço do papel do professor de Educação Física na escola e na comunidade local, bem como da disciplina de Educação Física, através de uma intervenção contextualizada, cooperativa, responsável e inovador”. Por fim na área 4 pretende-se “perceber a necessidade do desenvolvimento profissional partindo da reflexão acerca das condições e do exercício da atividade, da experiencia, da investigação e de outros recursos de desenvolvimento profissional. Investigar a sua atividade em toda a sua abrangência (criar hábitos de investigação/reflexão/ação”.

Ainda de acordo com o referido documento3 Segundo o artigo 4º (Coordenação, Orientação e Organização do EP) do Regulamento de Estágio

“cada estagiário pertence a um núcleo de estágio de uma Escola cooperante” (Matos, 2011). O meu EP foi realizado na Escola EB 2,3 de Sobreira. Esta

5 Documento interno “Normas Orientadoras do Estágio Profissional do Ciclo de Estudos

Conducente ao Grau de Mestre em Ensino de Educação Física nos Ensinos Básico e Secundário da FADEUP” elaborado pela Professora Zélia Matos para o ano letivo 2011-2012.

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minha primeira opção deveu-se à proximidade desta escola com a minha residência. Este contexto escolar6 poderia ser novidade para alguns dos meus colegas de curso, devido ao afastamento dos grandes centros urbanos. É facilmente entendido que os alunos destes locais têm ideias e mentalidades diferentes daqueles que estudam por exemplo no centro do Porto. Acredito que os alunos com os quais interagi tenham menos perspetivas quanto às suas formações académicas, muito devido às dificuldades económicas que grande parte das famílias vivem.

Essas diferenças entre alunos devem-se na minha opinião a um diferente desenvolvimento vocacional. Salsinha (2011) refere que todos os indivíduos estão em constante desenvolvimento. À medida que estes se desenvolvem e conhecem o meio em que estão inseridos orientam o seu desenvolvimento nas áreas da sua vida, como por exemplo o desenvolvimento vocacional. Sousa (2008) define o desenvolvimento vocacional como “a direção

e o sentido que cada indivíduo confere à sua trajetória de vida no que concerne ao mundo da formação e do trabalho”. Salsinha (2011) sublinha que este

desenvolvimento ocorre em vários contextos, mas o familiar é sem dúvida o mais significativo. Depois vai mais além e enaltece a importância do estatuto socioeconómico, “as investigações neste domínio vêm transmitir a ideia de que

o nível cultural e socioeconómico dos pais tem influência na determinação vocacional dos filhos, sendo por isso, um indicador de sucesso, ou insucesso, dos mesmos”.

As diferenças entre alunos de zonas diferentes não ficam por aqui. Baseando-me agora apenas na minha curta experiência ao longo destes dois anos de formação, acredito que os alunos das zonas rurais sejam jovens mais genuínos. Digo isto com base na comparação entre os alunos com os quais convivi neste último ano letivo e aqueles com que me cruzei no 2º semestre desde ciclo de estudos. Ao longo do segundo semestre tive a oportunidade de leciona na Escola Básica 2,3 da Areosa, Escola Básica 2,3 Pêro Vaz de Caminha e Escola Básica 2,3 de Paranhos, onde os alunos, apesar de todas as

6

Este contexto é apresentado com pormenor no ponto 3.5. “Sobreira, um túnel com necessidade de luz”.

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