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Correspondência diplomática de Fr. Bento de Santa Gertudes, João Pedro Ribeiro e Fr. Francisco de S. Luís (Conclusão)

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Academic year: 2021

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CORRESPONDÊNCIA DIPLOMÁTICA

(Continuação do tomo IV, pág. 295)

36

Carta do P. M. Fr. Francisco de S. Luis ao P. Fr. Bento M e u estimável a m i g o e Snr.:

A p e z a r dos elogios, com q u e a sua b o n d a d e m e q u e r h o n r a r e acre-ditar, não posso deixar d e confessar, q u e q u a n d o p e g o n a p e n a p a r a es-crever-lhe s o b r e m a t é r i a s diplomáticas, sinto em mim m e s m o h u m c e r t o p e j o e confusão, por m e ver t ã o i m p r o p r i o p a r a h u m a s e m e l h a n t e corres-p o n d ê n c i a , e quasi i n t e i r a m e n t e h o s corres-p e d e em matérias, d e q u e a corres-p e n a s te-n h o a mais leve t i te-n t u r a . N ã o d e v o c o m t u d o por isso te-n e g a r - m e a h u m exer-cício, d e q u e posso tirar u t i l i d a d e , e q u e todo h e em meu proveito.

C o m o q u e p o d e m o s d a r por a v e r i g u a d o o m o d o d e r e d u s i r as ka-l e n d a s d e Janeiro, t r a z e n d o s e m p r e os dias anteriores a eka-lka-las a o a n n o ou era a n t e c e d e n t e ; e n e s t e p o n t o ficou logo f o r m a d o o m e u juiso, q u a n d o vi as primeiras r e d u c ç o e n s d e F l o r e z e B e r g a n z a , q u e sem d u v i d a n ã o a d m i t t i r i ã o erro t ã o grosseiro.

A esta v e r d a d e n ã o m e fcs o b j e c ç ã o a l g u m a seria a d a t a d a Chro-niea C o m p l u t e n s e a p o n t a d a por João P e d r o , p o r q u e logo m e p e r s u a d i , e a i n d a agora estou p e r s u a d i d o , q u e o «intrante q u a r t a » se refere a o o u t r o m o d o d e contar q u e c o m e ç a v a o a n n o «novo sole», isto he, d e s d e o dia 25 d e D e z e m b r o , calculo q u e n ã o foi d e s c o n h e c i d o nas E s p a n h a s .

A d i f f e r e n ç a q u e se a c h a nos A n n a e s C o m p l u t e n s e s h e b e m digna d e reparo, por introduzir d u a s d a t a s ou eras diversas p a r a hum e o m e s m o

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facto, e immediatas h u m a a outra. Parece-me porem evidente, pelas ra-zoens q u e V. R.ma aponta, q u e Florez explicou mal esta especie de con-tradicção, e nisto convém o mesmo João Pedro. E discorrendo no modo com q u e se poderá satisfazer a esta antilogia, so m e lembra, q u e algum copista dos mesmos annaes, seguindo o calculo q u e principiava o anno em 2 5 de Dezembro, accrescentaria aquella verba, q u e nesse cazo não vinha a ser contraditória com a antecedente.

Pode ser mesmo q u e este copista julgasse a sua verba incluída im-plicitamente na primeira: p o r q u e suspeito q u e aquelle «die tertia», que nesta se acha, queria talves lembrar o dia terceira da era de 1104. H e v e r d a d e q u e em outros lugares achamos o mesmo facto da morte d e D. F e r n a n d o , designado na «feria tertia» com relação a terça feira ou dia da semana, mas não sei se «die tertia» quererá dizer o mesmo, visto que o p o d e m o s também referir ao terceiro dia da era seguinte.

Seja como quer q u e for (oprque conheço q u e esta minha conjectura h e demasiadamente alambicada) podemos dar por certo q u e o «intrante quarta» se dirige a abranger ambas as eras sem q u e d a q u i se siga argu-mento algum para o ponto principal das kalendas p o r q u e alias seria neces-sário provar q u e n'aquelles tempos se começava a dizer «intrante quarta» não d e s d e 25 mas desde 14 d e Dezembro.

Por outra parte, q u a n d o aquella segunda v e r b a dos Annaes Com-plutenses se não podesse absolutamente concordar com a primeira; sobe-jaria para resposta lembrarmo-nos d o diverso fado q u e experimentarão aquellas antigas chronicas, e d e q u e nos adverte o mesmo Florez no tom. 23, pag. 292, col. 1." e pag. 356, nos q u a e s lugares confessa serem as épocas das mesmas chronicas e annaes alteradas por copistas ignorantes, ou temerários, como se mostra pela época da morte de D. Vermudo (Ann. Complut.), e do mesmo D. F e r n a n d o (nos Ann. Toledanos) etc. etc.

Pelo q u e respeita ao § do Elucidário pai. Era pag. 409, estou pelo q u e V. R.ma diz, e, t a m b é m na copia q u e tirei do seu extrato do documento d e Arouca acho o Concelho em 7 dos idus d e Dezembro, era 1128 e as testemunhas d a d a s em 4 non. Januarii era 1129 (29), o q u e nada tem de inconciliável, ou contradictorio, nem para isso h e necessário recorrer as épocas ou cálculos exquisitos. Veremos c o m t u d o a nova copia q u e V. R.raa espera, e d e q u e eu dezejo o extracto q u a n d o seja possível mandar-mo.

Menos fácil acho decidir sobre a denominação do outro documento d e Gavino Froilaz, á vista do parallelo q u e V. R.m" fas entre as

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d a d e s doadas p o r elle ou por outro d o mesmo nome com a dulcíssima D. Onega (w), e as q u e menciona o m e s m o documento.

Estas p r o p r i e d a d e s m e p a r e c e t a m b é m serem as mesmas e idênticas, ao mesmo t e m p o q u e acho fortes as duvidas q u e V. R.ma oppoem a esta identidade, e principalmente á d e se n ã o declarar a circunstancia d e terem sido casadas, na noticia d e Arouca, s e n d o certo q u e parecia indispensável fazer-se alguma menção do m u t u o consentimento q u e elles se tinham d a d o p a r a a e n t r a d a em religião, ou p a r a se consagrarem a Deos sendo cazados. Mas q u e m p o d e em t a n t a antiguidade saber, ou ao menos conjecturar q u a l seja a v e r d a d e em tal ponto? (Este § refere-se a h u m a doação d e Gavino em q u e elle se dis casado cum dulcíssima sua D . Oneca).

Antes reflectindo m i u d a m e n t e nos documentos q u e V. R.m l m e aponta n o t o 1.° q u e em 1111 doarão aquelles dous consortes a o mosteiro as p r o p r i e d a d e s q u e tinhão c o m p r a d o em Mollites a astruario e fredi-zio (31); fazendo-se por consequência inútil a 2." doação que delias fas Oneca em a era 1138; 2.° q u e O n e c a e m 1127 doou t a m b é m a sua her-d a her-d e «in villa alvarenga in loco Carvaliales» a qual her-depois torna a apa-recer d o a d a no doe. d a era 1138 pela mesma senhora. A q u e fim estas doaçoens repetidas e, a o q u e parece, escusadas? E se estas doaçoens esta-vão feitas, como se revogarão depois p a r a se r e p a r t i r e m e n t r e os dous mosteiros? T e r i a e m t ã o lugar alguma especie d e reclamação? Mais. T a n t o na noticia como no testamento d e Cresconio fica na repartição d e Pen-d u r a Pen-d a «omnia herePen-ditate inter D u r i o et T a m i c a et in villa Alvarenga, in villa cavalliaris inter Pavia et monte muro, et in villa Cavalliones etc.» A q u e fim pois torna D . Oneca a doar em 1138 ao mesmo mosteiro a terra de alvarenga ipsa villa Carvaliales e a villa de Cavalliones? Por estas contas não vem Alvarenga e Carvaliales a ser doadas tres vezes a saber em 1127, n o testamento, e em 1138 etc. etc.

D o n d e m e p a r e c e ser b e m difficil entrar em miúdas averiguaçoens sobre pontos taes, q u e alem da sua muita antiguidade, se nos fazem indi-cifraveis pela ignorancia em q u e estamos dos usos daquellas idades, d a ordem e nexo com q u e os factos se suecedião, dos motivos q u e os occa-sionavão, das limitaçoens ou modos com q u e se fazião as doaçoens, d o direito q u e talves a elles ficavão conservando os q u e se dedicavão aos mosteiros etc. etc. etc.

Advirto q u e n ã o [ h a ] r e p u g n a n c i a em q u e o Gavino confesso do testamento d e Cresconio seja o m a r i d o d e Onega, pois q u e n ã o r e p u t o o

( 3 0 ) P M H , D C , TI. 5 0 5 . ( 3 1 ) P M H . D C , N . 5 0 5 .

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confessus necessariamente monge, visto que ali mesmo se qualificão alguns d e monges, e elle de confesso, o que sem duvida indica alguma differença, q u e entre huns e outros houvesse. Qual seria esta? Seria confessus o mes-m o q u e familiar, terceiro etc., o mesmo que nas mulheres se dizia Deo vota? João Pedro, que athequi tomava o confessus por monge, confessa agora q u e mudou d e sentimento á vista d o testamento d e Cresconio. Ha-verá acaso algum meio d e averiguar este p o n t o d e historia ou disciplina monastica? Poderemos g r a d u a r e classificar á vista d e documentos os di-versos modos com q u e os h o m e n s e mulheres se consagravão a Deos nos mosteiros, ou com d e p e n d e n c i a delles? Q u a n t a s cousas h a ainda q u e de-m a n d ã o severo exade-me e de-miúda indagação!

T o r n a n d o porem ao objecto, d e q u e m e desviei, e seja qual for o modo d e explicar o Ego Cavino etc. que se acha no fim da noticia; pare-ce-me indisputável o dever-se-lhe dar este nome, e n ã o outro, 1.° p o r q u e se verifica neste d o c u m e n t o o primeiro carácter das noticias, q u e aponta como mais generico D e Vaines tom. 2, pag. 133; 2.° p o r q u e sendo doação, n ã o deveria fazer-se memoria da m o r t e d o bispo, q u e t a n t o figurou em todo aquelle facto; 3." p o r q u e não ha testemunhas, nem confirmantes, nem rebora, como era usual em semelhantes documentos. Por outra p a r t e pa-rece q u e o «Requiescat in pace» era sem duvida o q u e terminava aquelle documento. E se o Gavino e Onega, que aparecem depois a confirmar erão os proprios doadores, p o r q u e n ã o lembra em todo o d o c u m e n t o a Onega? P o r q u e rasão confirmão so a p a r t e respectiva a Arouca, e n ã o tudo o q u e acima se divide e n t r e os dous mosteiros? T u d o isto (confesso) m e fas duvida, talves por não ter nestas matérias a extensão d e noticias q u e so se adquire com o uso d e revolver muitos e muitos documentos, e d e os c o m p a r a r e n t r e si.

Sem p e r t e n d e r i m p u g n a r o Sindea q u e d e c i f r o u João Pedro, advirto q u e o (3,a) por D n a pl. 7.a d e D e Vaines se acha entre as capitaes latinas, mas não e n t r e as gregas (como era necessário) q u e são as da divisão I I da mesma palavra. Mas n ã o admira q u e o notário entremisturasse algum caracter latino com os gregos d e q u e principalmente se sérvio.

João P e d r o tem estado muito atacado d e defluxo, e por t a n t o n ã o pode r e s p o n d e r sobre «Sisnando», e so m e fes a sua reflexão sobre con-fessus, que acima apontei, e a respeito da eseriptura de Berganza, que V. R.ma aponta, deo-me o papel incluso q u e vera (vai copiado n o fim desta carta).

E u certamente não sei dar voto nesta complicada matéria; e mesmo

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p a r a d a r a l g u m seria necessário instruir-me primeiro: mas v e n d o q u e B e d a c o m e ç a v a o a n n o em 25 d e M a r ç o (De Vaines t. 1, pag. 68) l e m b r o - m e q u e m e s m o s e g u n d o o seu calculo, a era d a I n c a r n a ç ã o p r e c e d i a a d a C i r c u n -cisão h u m a n n o inteiro, e q u e p o r consequência se a c h a m u i t o b e m redu-sida no d o c u m e n t o a era d a I n c a r n a ç ã o 1130 a d e C e s a r 1167, q u e h e a m e s m a q u e a d a C i r c u n c i s ã o 1129.

Contando-se p o r e m o a n n o d a C i r c u n c i s ã o d e s d e Janeiro ou 25 d e D e z e m b r o , vem a era d a I n c a r n a ç ã o a p r e c e d e r áquella nove mezes, ou 9 m e z e s e 7 dias, isto he, d e s d e 25 d e M a r ç o a t h e 25 d e D e z e m b r o ou 1.° d e Janeiro: e e m a m b o s estes casos fica b o a a r e d u c ç ã o d o d o c u m e n t o , s e n d o este l a v r a d o d e n t r o d a q u e l l e s 9 mezes, p o r q u e s o d a h i em d i a n t e a t h e 25 d e Março, h e q u e as d u a s eras se c o n f u n d e m . V. R.ma vera se eu digo nisto a l g u m a cousa.

Estrella, 24 d e D e z e m b r o d e 1803

T o d o seu

Fr. Francisco (A resposta vai a d i a n t e com d a t a d e 29 d e F e v e r e i r o d e 1804) (32). Copia do papel do D."r João Pedro Ribeiro incluso na carta antecedente.

A e s c r i p t u r a 142 d o a p p e n d i x d e B e r g a n z a a pag. 456 p o r fazer cor-r e s p o n d e cor-r o a n n o d a I n c a cor-r n a ç ã o 1130 a ecor-ra 1167 n ã o mostcor-ra q u e ella fosse l a v r a d a d e 25 d e M a r ç o p o r d i a n t e ; por q u a n t o se o calculo d e B e d a (hoje a i n d a actual d a c h a n c e l a r i a apostolica) fosse o q u e se usou n a E s p a n h a , so s e n d o a escriptura a n t e r i o r a 25 d e Março, h e q u e o a n n o d a I n c a r n a ç ã o 1130 c o r r e s p o n d e r i a a era 1167; por isso q u e seguindo a q u e l l e calculo o a n n o d a I n c a r n a ç ã o d e 1130 so a t h e 25 d e M a r ç o c o r r e s p o n d e a o d a Cir-cuncisão d e 1129, h i n d o dahi por d i a n t e coherentes.

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Resposta do P. Fr. Bento a este papelinho

R e s p o n d o 1.° P a r a o a n n o d a Circuncisão d e 1129 hir c o h e r e n t e com o anno d a I n c a r n a ç ã o d e 1130 d e s d e 25 d e M a r ç o por diante, h e preciso ou q u e o dito a n n o d a Circuncisão d e 1129 n o dito dia 25 d e M a r ç o passe p a r a 1130, ou q u e o d a I n c a r n a ç ã o d e 1130 n e s t e dia r e t r o c e d a p a r a 1129.

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2." O anno da Circuncisão principia no Janeiro posterior ao dia da Incarnação, e por consequência estes dons annos so concorrem com nú-meros iguaes desde o primeiro de Janeiro atlie 24 d e Março. Pelo con-trario o anno de era hispanica principia no Janeiro anterior ao dia da Incarnação e por consequência estes dons annos so concorrem com nú-meros iguaes desde 25 d e Março athe o ultimo de Dezembro.

3." Não tenho encontrado cousa q u e me explique o allegado calculo d e Beda: sei q u e elle calcula as idades do mundo, e q u e usou dos annos da Incarnação; penso q u e este uso he o q u e fas ao nosso cazo, e presumo q u e a sua concurrencia com a era hispanica procede na maneira seguinte:

Era d e Cezar Annos da Incarnação Janeiro 38 O Fevereiro 38 O

Março 25 38 1. Nesta proporção continua athe o fim d e Dezembro.

Janeiro 39 1. Nesta proporção continua athe 24 d e Março.

2. Assim continua athe o ultimo d e Março 25 39 D e z e m b r o .

Segundo esta conta differem as datas 37 annos, desde 25 de Março a t h e o fim d e Dezembro, e 38 desde o 1.° de Janeiro a t h e 24 de Março. Ora as datas da referida escriptura 142 do appendix de Berganza differem 37 annos: logo ella foi escripta desde 25 d e Março athe o ultimo de De-zembro.

4." Ao exposto segue-se, q u e para redusirmos a era hispanica ao a n n o da Incarnação, ou vice versa, havemos de acrescentar a este, ou diminuir aquella 37 annos, desde 25 d e Março t h e o ultimo d e Dezembro, e 38 desde o 1." d e Janeiro athe 24 d e Março. Berganza inclina-se para esta opinião, pois no tom. 2.°, pag. 60, paragr. 108, falando desta escriptura 142 dis q u e «por ella se viene en conocimiento cierto, de q u e el no No-tário usó dei c o m p u t o dei ano d e la Encarnacion, p u e s solo rebaxo 37 anos».

5." Contra esta opinião offerece o mesmo appendix de Berganza a escriptura 174: «facta Carta mense Januario anno Inçar. Domin. Jesu Christi 1232. Era 1271», escript. 182. «Sabbato a dos dias de Marzo an. Dom. 1274. Era 1313», escriptura 176: «Tertio die post festum beati

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An-d r e a e «ipostoli. Anuo Dom. 1236. Era 1274»; escript. 179: «Domingo 7 dias andados d e Septembro an. Dom. 1259. E r a 1297».

Se acaso estas escripturas datão todas da Incarnação, observa-se q u e nas d e Janeiro athe 24 de Março differem as datas 39 annos, e nas d e 25 d e Março por diante differem 38: assim não podião os notários fazer a sua conta senão na maneira seguinte:

Era d e H e s p a n h a Anno da Incarnação Janeiro 39 O Fevereiro 39 O

M a r ç o 25 39 1. Assim continua athe o fim de Dezembro.

Janeiro 40 1. Assim vai athe 24 d e Março. Março 25 40 2. etc.

E por esta conta vem o anno da Incarnação a ficar dentro do da Circuncisão.

Mas contra esta observação offerece o mesmo appendix a escriptura 173: «Facta carta mense Aprilis era 1270; Anno ab Incarnat. Dom. Nostri Jesu Christi 1231» com 39 de differença depois d e 25 de Março: porem lembra-me q u e talves o notário tomasse a Incarnação pela Paschoa, ou Natividade.

Berganza, suposto não diz n a d a q u a n d o fala desta escriptura a pag. 141, tom. 2, § 260, pelos antecedentes mostra ser desta opinião, pois a pág. 140, § 257 propoem tres escripturas todas d o mesmo notário, q u e datão «Facta carta mense Martio anno a b Incarnat. Dom. 1230 Era 1269», com o reinado d e D. F e r n a n d o ; e no § 259 diz, q u e estas datas se devem entender da Natividade, p o r q u e em Março de 1230 ainda era vivo D. Af-fonso, pai d e D. F e r n a n d o , o qual morreo a 24 d e Septembro d e 1130; e para prova tras outra escriptura d o mesmo notário com data do ultimo d e O u t u b r o anno da Incarnação 1231 era d e 1269, e reinado de D. Fer-nando.

Porem eu não acho aqui implicancia alguma, nem necessidade d e recorrer a época da Natividade, p o r q u e , segundo a observação e conta referida, n.° 5, o anno da Incarnação d e 1230 corresponde a era d e 1268 desde 25 de Março athe o fim de Dezembro, e a era de 1269 desde Janeiro athe 24 de Março, principiando a 25 o novo anno de 1291, correspondente à mesma era d e 1269.

Logo se Affonso 8.° d e Leão morreo a 24 de Septembro do anno da Incarnação de 1230 correspondente a era d e 1269, o notário das tres

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es-cripturas datadas de Março do anno da Incarnação de 1230, correspon dente a era de 1269 não cometteo erro algum em commemorar Fernando, nem h e preciso recorrer a época da Natividade, h u m a ves que suponha-mos estas escripturas feitas dentro dos primeiros 24 dias d e Março, antes pelo contrario aparecendo o mesmo notário a datar em Septembro do anno da Incarnação de 1231, com correspondência a mesma era d e 1269 (mostra q u e seguia a opinião exposta na mesma observação), produs hu-ma nova prova a seu favor.

6.° Esta mesma opinião, ou methodo de reduzir, foi proposto pelo Marquez de Mondejar, e sustentado pelo seu editor D. Gregorio Mayans, estabelecendo que o anno da Incarnação dista da era Hispanica 38, e o da Natividade 39 annos.

7.° Clama altamente contra elles o M. Florez na sua Demonst. Chro-nol. 2.° tom. da Espan. Sagrada, sustentando q u e unicamente se devem accrescentar, ou subtrahir 38 annos, para reduzir assim as datas da Nati-vidade como da Incarnação a Era Hespanhola, ou vice versa, e a pag. 185 aponta a escriptura, mencionada por Berganza no tom. 2, pag. 47, n. 82, e pag. 40, n. 71, allegadas pelo dito Mayans, e nota que em ambas houve erro, declarando que o appendix do dito Berganza contem varias escrip-turas com reducçoens erradas, sem declarar quaes sejão, nem dizer cousa

alguma sobre as q u e eu alego.

Finalmente eu não posso tomar partido nesta diversidade de opi-nioens e de cálculos, porque me faltão os conhecimentos chronologicos necessários para os avaliar, nem as deveis molas da minha cabeça me per-mitem entrar em combinaçoens tão complicadas. Noto sim q u e Flores não fas cazo das differentes épocas, reduzindo as da Incarnação e Natividade á da Circuncisão, e desprezando os tempos intermedios. T a m b é m não sei se Mayares (!) procede segundo a norma exposta n." 5, ou se fas retro-ceder a época da Incarnação á da era hispanica, desprezando os dous mezes e 24 dias intermedios, e levando a da Natividade ao dia da Cir-cuncisão. Noto mais q u e a diversidade de números nas reducçoens, apa-recendo ja 37 e 38 — 38 e 39 accusa invensivelmente diversidade de épocas e de methodos de calcular, e redusir. Advirto q u e não sei se Florez, nos seus exames chronologicos athendeo ao transtorno das letras dominicaes, produzido pela correcção gregoriana, devendo as datas ser examinadas se-gundo a ordem destas letras, e mais computos correntes no seu tempo (33).

(33) Segue-se a transcrição d e u m d o c u m e n t o d o cartório d e Arouca, q u e não publicamos por já vir nos P M H , D C , n . 9 3 1 . Aqui a n t e c e d e - o a s e g u i n t e e p i g r a f e :

Doa-ção que fes a Arouca (e Pendurada: à m a r g e m ) Onega Ermigiz, e que serve vara prova da contestação de que fala a carta acima. Cari. de Arouca, Gaveta 3.', m. 1.", n. 13.

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Carto do P. M. Fr. Francisco de S. Luís ao P. Fr. Bento de S.u Gertrudes N a m i n h a ultima carta lhe m a n d e i hum p a p e l d o a m i g o João P e d r o p a r a resolução d a d u v i d a q u e excita esta d a t a : «Anno Incarnat. 1130, era

1167», e m B e r g a n z a , escript. 142 (M).

Della d i z o m e s m o senhor q u e so s e n d o feita a n t e s d e 25 d e M a r ç o h e q u e se p o d i a o a n n o d a I n c a r n a ç ã o r e d u z i r áquella era p e l o calculo d e Beda.

Na mesma c a r t a indicava eu a primeira reflexão q u e em contrario disto m e occorreo, j u l g a n d o q u e elle se equivocava. P o r q u a n t o t e n d o eu lido q u e B e d a p r i n c i p i a v a o a n n o d a I n c a r n a ç ã o a 25 d e M a r ç o , d e d u z i a este principio q u e o seu anno se a d i a n t a v a a o nosso 9 mezes e 7 dias, h i n d o so c o h e r e n t e s d e s d e o 1." d e J a n e i r o a t h e o dia 25 d e Março; e n e s t e caso so s e n d o a e s c r i p t u r a posterior a 25 d e M a r ç o se p o d i a r e d u z i r o a n n o 1130 (aliás 1129) á era 1167.

Esta m e s m a reflexão lhe fis a elle: mas e n t ã o h e q u e s o u b e q u e B e d a c o n t a n d o n a v e r d a d e o a n n o d a I n c a r n a ç ã o d e 25 d e M a r ç o , so com-t u d o concom-ta a n n o s completos, e não correntes; de maneira que nos dizemos hum, ou dez, ou vinte de Christo, durante o curso destes annos, elle diz «0-9-19» (35), q u e h e o m e s m o q u e c o n t a r so 1, 10 ou 20 completos quando nos dizemos 2, 11 ou 21 correntes.

E s t a opinião q u e p a r a mim foi nova, e singular a a u t h o r i z o u elle com Segura, Norte Critico, author espanhol e raro, aonde a tinha achado, s e g u r a n d o - m e q u e era a i n d a hoje o m o d o d e c o m p u t a r d a chancellaria r o m a n a nas bulias.

S e n d o esta opinião cei ta (como por ora s u p o n h o ) fica t a m b é m claro, q u e adiantai idosse B e d a a o nosso a n n o 9 mezes e 7 dias por começar em 25 d e Março, mas a t r a z a n d o - s e aliás h u m a n n o inteiro, por contar so a n n o s completos, e n ã o correntes, se c o m p e n s a r m o s o a d i a n t a m e n t o com o atra-z a m e n t o , vem o a n n o d e B e d a a ficar r e a l m e n t e a t r a atra-z a d o d o nosso 3 me-zes m e n o s 7 dias, q u e h e q u a n t o vai d e J a n e i r o a 25 d e M a r ç o , concor-d a n concor-d o com nosco concor-d a h i p o r concor-diante. Logo a n n o concor-d a I n c a r n a ç ã o 1130 so p o concor-d e reduzir-se a era 1167, s u p o n d o - s e e n t e n d i d o pelo calculo d e Beda, e feito

( 3 4 ) À m a r g e m : A resposta a esta questão dos computos vai adiante em data de

7 de Março ( c a r t a n . 4 5 ) .

(10)

o documento antes do 25 d e Março. Porque neste caso o anno 1130 deve redusir-se a 1129 q u e realmente tem por era correspondente 1167.

Digo q u e s u p p o n h o por ora verdadeira esta opinião; porque a singu-laridade delia m e fas hesitar hum pouco. O mesmo Snr. João Pedro con-fessa não a ter a c h a d o expressa em author algum, o q u e fas admirar, ten-do-se tratado estas matérias por mãos tão hábeis, e sendo ainda hoje este o calculo da chancellaria romana.

C o m t u d o a nota q u e vem n o Nouveau Traité d e Diplomatique, tom. 5, pag. 321, not. (a), a confirma maravilhosamente, bem como outros al-guns argumentos q u e o mesmo João P e d r o m e tem communicado, e alal-guns poucos documentos, entre os quaes a celebre doação da Rainha D. Tereza ao bispo d o Porto D. Hugo, q u e data d e 14 das kalendas d e Maio, anno da Incarnação 1120, era 1158 (Arch. R., m. 12 d e foraes velhos, n.° 3.", foi. 75 v.°) f36) na qual, sendo a data posterior a Março, e sendo anno de Incarnação deveria este redusir-se a era 1159 por se adiantar aquelle anno ao nosso nos 9 mezes q u e vão d e 25 de Março a t h e Dezembro.

Isto he o q u e por ora me occorre a este respeito, desdisendo-me das reflexoens q u e fis na minha ultima carta, em q u a n t o não apparecerem boas razoens em contrario.

Agora remetto o p a p e l incluso, sobre o q u a l se p e d e com empenho ( q u a n d o poder ser) novo exame da inscripção do Castello de Payva, sem o qual se não pode dar hum passo na intelligencia do 2.° nonas, q u e ahi se designa.

A data [se] he assim como se pinta 1218 da era, o 2." non. em Do-mingo, so p o d e entender-se em 6 de Janeiro ou 2." post nonas, por ter essa era cyclo solar 13 e letra dominical F . E.

Se se ler 1223, supondo q u e o XV devão (!) ser XX, cahirá d o mesmo modo o 2." non. (por ser domingo) em 6 de Janeiro por ser o cyclo solar então 18, e a letra dominical F.

Se se ler era 1219 (suppondo falta de I), como esta era tem cyclo solar 14 et letra dominical D, cahirá o pridie non. em Domingo, e então sera o 2." non. synonimo de pridie non.

O mesmo succederá se entender-mos o X aspado, e em lugar de III -VII, p o r q u e a era 1247 tem por cyclo solar 14 e letra dominical d, e nesse caso cahe o pridie non. em Domingo, etc., etc.

(11)

Estas são as hypoteses q u e m e l e m b r a r ã o a vista dos caracteres da d a t a . L a vera d e seu vagar.

Sou, etc.

Estrella, 16 d e Janeiro d e 1804.

Fr. Francisco Copia do papel do D."' João Pedro Ribeiro incluso na carta acima

Q u a n d o copiei a inscripção q u e está no p e n e d o d o outeiro d o Cas-tello d e Paiva, pensei ler: (grav. 1).

N/ERA MCOA XV///JHCOAH^

DlEDOM/H/rv I) NS JANVAKCl ^

E x a m i n a n d o - a agora p a r a avaliar o uso e n t r e nos d e 2." Kal., 2." Non. 2." Id.: q u a n d o outros d o c u m e n t o s p r o v ã o significar pridie, este o contra-ria; p o r q u a n t o t e n d o por letras dominicaes este a n n o F . E., c a b e o Do-mingo a 6 e n ã o a 4 ou prid. non.. Se recorro a q u e o inchoante não de-termina a era, m a s o die dominico, e por tanto significa a vespora delle ou sabado, n a d a concluo pois o s a b a d o foi nas mesmas nonas, isto h e a 5. O c c o r r e m e se li m e n o s h u m a u n i d a d e d e v e n d o ler era 1219, q u e e m t ã o c a b e c e r t o n o pridie non. o Domingo, ou se, p o r principio d e anno, errou q u e m a dictou ou abrio.

Porem como s e m p r e d u v i d e i d o c a r a t h e r q u e li p a r a d e z e n a s q u e equivoca h u m X a s p a d o (bem q u e na era 1243 foi terça feira o p r i d i e non.) m e occorreo se seria o celebre oitenta d a inscripção em Flores, tom. 12, c a p . 3, § 67, p. m. 29; mas t a m b é m n a d a remediou. F i n a l m e n t e p a r e c e n -d o m e esta inscripção -d e n o t a r cheia celebre -d o Douro, m e fas l e m b r a r -d a outra q u e d e F e r r e r a s copiou M e r i n o a pag. 222 e 223 (em cuja linha 11 se d e v e ler com F e r r e r a s 1259 e n ã o 1258) e com Flores tom. 2, p. 1, c a p . 2, n.° 36, e q u e t a m b é m refere cheia extraordinaria d o [ D o u r o ] da era d e 1296 p a r a 1297; com esta m e c o m b i n a b e m o inchoante die Dominico por s a b a d o em q u e cahio o p r i d i e n o n a s da era 1297; mas como achar tal era no p e n e d o d o outeiro? C o m e f f e i t o p e d e novo exame, e por diversos olhos, e ja prevenidos, e m u i t o mais se f o r por h u n s q u e eu conheço, q u e não são capazes d e «Nuvem p r o J u n o n e amplecti».

(12)

39

Carla do P. M. Fr. Francisco de S. Luis Amigo e Senhor:

R e m e t t o as minhas reílexoens s o b r e cálculos d a I n c a r n a ç ã o , e sua c o r r e s p o n d ê n c i a com as eras. Se sou i m p e r t i n e n t e n i n g u é m m a n d o u ten-tar-me com diplomáticas. Vai o u t r o papel d o a m i g o João Pedro, q u e diz o m e s m o com menos extensão. F a r a juiso, e dirá o q u e p e n s o u , q u a n d o quizer, e p o d e r , sem violência, e sem incomodo, p r i n c i p a l m e n t e d a saúde.

Estrella, 4 d e F e v e r e i r o d e 1804.

Fr. Francisco

1." Proposição

O a n n o d a I n c a r n a ç ã o teve em diversas p a r t e s d a E u r o p a , dous prin-cípios, a m b o s distinctos, d o a n n o d a Circuncisão. H u n s c o n t a v ã o d e s d e 25 d e M a r ç o 9 m e z e s mais 7 dias antes d o a n n o da Circuncisão. O u t r o s con-t a v ã o d e s d e 25 d e M a r ç o , 3 mezes m e n o s 7 dias depois d o m e s m o anno. Os primeiros a d i a n t a v ã o 1 a n n o d o nosso, d e s d e M a r ç o a t h e D e z e m b r o , e contavão, por exemplo, o a n n o 1000 d e s d e 25 d e M a r ç o d o nosso a n n o 999. Os s e g u n d o s a t r a z a v ã o h u m a n n o a o nosso d e s d o 1." d e J a n e i r o a t h e 24 d e Março, e c o n t a v ã o 999 a t h e o nosso 24 d e M a r ç o d o a n n o 1000.

Prova-se 1." p e l a «Art d e verifier les dates» n a dissertação prelimi-nar sobre as d a t a s , p a r t 1, § 2.; 2." p o r Beveregio, Instit. Chronol., part. 2, c a p . 10, n." 3, pag. 174; 3." Segura, Nort. Critico, disc. 2.", § 4, n. 11, pag. 46 d a 1." edição; 4.° Scaccia, d e Iudiciis, 1. 2, c a p . 11, n. 1190 e 1195; 5." p o r d o c u m e n t o s q u e citão estes a u t h o r e s , etc.

2." Proposição

Nas H e s p a n h a s se d a t o u muitas vezes d o anno da Incarnação, o qual se n ã o d e v e e n t e n d e r idêntico com o d a Circuncisão, c o m o q u e r Flores.

Prova-se: 1." P o r q u e s e n d o o a n n o d a I n c a r n a ç ã o nas mais naçoens c o m e ç a d o a 25 d e Março, n ã o h e crivei q u e , a d o p t a n d o - s e na H e s p a n h a

(13)

o m e s m o vocábulo, se lhe desse huma accepção alhea da usual, e con-tradictoria com o q u e ella exprimia.

2." P o r q u e achando-se nos d o c u m e n t o s das H e s p a n h a s d a t a d a In-c a r n a ç ã o , e d a t a s d o NasIn-cimento, n ã o p o d e m o s e n t e n d e l a s i d ê n t i In-c a s a nosso arbítrio, e sem gravíssimos f u n d a m e n t o s . Alias com igual r a z ã o en-tenderíamos era por anno cio Nascimento, ou da Incarnação, e viceversa (como d e f a c t o p e r t e n d e r ã o alguns, e e n t r e elles Morales) c o n f u n d i n d o assim todos os princípios fixos d a nossa ehronologia, e d e i x a n d o p o r t a f r a n c a a q u a e s q u e r i n t e r p r e t a ç o e n s c o m m o d a s e arbitrarias.

3." P o r q u e o m o t i v o q u e t e v e F l o r e s p a r a a f f i r m a r aquella i d e n t i d a d e e n t r e os a n n o s d a I n c a r n a ç ã o e N a s c i m e n t o ou Circuncisão foi a necessi-d a necessi-d e necessi-d e r e s p o n necessi-d e r a M o n necessi-d e j a r e a M a y a n s , a p r o v e i t a n necessi-d o p a r a isso so aquelles d o c u m e n t o s e m o n u m e n t o s , q u e achou d a t a d o s d o a n n o d a In-c a r n a ç ã o d e s d e 25 d e M a r ç o em d i a n t e , q u e são p r e In-c i s a m e n t e os mezes, em q u e o a n n o d a Circuncisão e o d a I n c a r n a ç ã o d e v e m hir coherentes por h u m dos cálculos, e julgando so por isso q u e a m e s m a c o h e r e n c i a se devia a c h a r nos mezes a n t e c e d e n t e s ao dito 25 d e Março. M a s esta ima-g i n a d a coherencia, q u e d e f a c t o se n ã o acha, h e q u e aima-gora c o n s t i t u h e a nossa q u e s t ã o .

4.° P o r q u e h e sabido, e n ã o n e g a Flores, q u e ao m e n o s em a l g u m a p a r t e d a s H e s p a n h a s (no r e i n o d e Aragão) se distinguio o a n n o d a Incar-n a ç ã o d o da CircuIncar-ncisão (tom. 2, pag. 12 e 13 e pag. 126 e 127, f a l a Incar-n d o d o uso d e T a r r a g o n a ) . Se pois o c o m m e r c i o dos F r a n c e z e s foi b a s t a n t e p a r a ali introdusir (como elle diz) o a n n o d a I n c a r n a ç ã o c o m e ç a d o a 25 d e Março, com q u e f u n d a m e n t o se p o d e r á n e g a r o m e s m o d a s outras províncias das H e s p a n h a s , a o n d e t a m b é m h o u v e c o m m u n i c a ç ã o com os F r a n -cezes, e a o n d e c e r t a m e n t e a havia com T a r r a g o n a , e com o r e i n o d e Aragão?

5.° P o r q u e h e i g u a l m e n t e sabido, q u e a chancellaria r o m a n a usou d o a n n o da I n c a r n a ç ã o c o m e ç a d o a 25 d e Março, ja por h u m ja p o r o u t r o calculo, c o m o m o s t r ã o os d o c u m e n t o s e p r o v ã o a Art d e verifier les d a t e s no c i t a d o lugar, e os Nov. Diplom., tom. 5, pag. 321, n o t a (1). Q u e a d m i -r a ç ã o pois p o d e faze-r, q u e n a s H e s p a n h a s , a o n d e e-rão di-rigidas as let-ras dos Papas, se a d o p t a s s e o m e s m o m o d o d e c o n t a r ?

6." Por todos os d o c u m e n t o s q u e a d i a n t e a p o n t a m o s , e são todos q u a n t o s r e d u s e m a era com mais d e 38 a n n o s d e a b a t i m e n t o , ou menos. S e n d o pois certo, c o m o p a r e c e , q u e n a s H e s p a n h a s se a d o p t o u o com-p u t o d a I n c a r n a ç ã o diverso d o d a Circuncisão ou N a s c i m e n t o (com-pela 2." proposição): e s e n d o i g u a l m e n t e p r o v a d o (pela 1.°) (pie o a n n o d a

(14)

Inçar-nação teve dous princípios, ou 9 mezes antes de nos, ou tres mezes depois de nos, qual destes princípios seria o seguido nas Hespanhas?

Proposição 3."

Alguns notários das Hespanhas seguirão o calculo d e Beda ou Flo-rentino, que he o q u e começa a 25 de Março, 3 mezes menos 7 dias de-pois d o anno da Circuncisão.

1." documento, append. d e Berganza, escript. 174: «Facta Carta men-se Januar. an. Incarn. 1232 Era 1271». Á era 1271 devia corresponder o anno da Circuncisão 1233. Mas nesta data acha-se 1232, logo este anno atrazado ao nosso em Janeiro, deve-se entender d a t a d o pelo calculo d e Beda ou florentino.

2.° documento, ibid. escript. 182: «Sabbato a dos dias d e Março an. dom. 1274 era 1313». A esta era corresponde o a n n o da Circuncisão 1275, logo o atrazamento de huma u n i d a d e mostra seguido o calculo de Beda.

3." documento, Berganza, tom. 2, pag. 140, § 254: «Facta carta men-se Martio an. ab Incarn. dom. 1230 Era 1269». Neste achamos o mesmo atrazamento, e por consequência o mesmo calculo.

4." documento, Berganza, tom. 2, pág. 40, n.° 71, lembrado em Flo-res, Espanha Sagrada, t. 2, pág. 115: «An. da Incarn. 1120 Era 1159 In-dição 13». Á era 1159 corresponde o anno da Circuncisão 1121, e so o da Incarnação 1120 lhe p o d e corresponder pelo calculo de Beda ou florentino nos mezes de Janeiro, Fevereiro e Março a t h e 24. Logo nestes mezes, e por aquelle calculo, he q u e foi d a t a d o este documento. Parece, em con-trario disto, q u e a indicção 13 não convém ao anno da Circuncisão 1121, e q u e portanto aquelle anno 1120 se deve entender idêntico com o da Circuncisão porque nelle he q u e se verifica a indicção 13. Porem em lu-gar d e emendarmos o a n n o pela indicção (como faz Flores a respeito des-te documento) he muito mais natural emendar a indicção pelo anno; e em lugar de pôr era 1158 com h u m a u n i d a d e menos, pôr indicção 14 com h u m a u n i d a d e mais, principalmente sendo certo (como todos unani-memente confessão) q u e o cyclo das indicções se acha frequentíssimas vezes errado nos documentos. Além de q u e não necessitamos de emenda alguma; p o r q u e tomando-se a indicção desde Março ou Septembro (como muitos praticarão) h e manifesto q u e a mesma indicção 13 do anno 1120 durava athe Março ou Septembro do a n n o 1121, em q u e começa a indic-ção 14.

(15)

5." documento, liv. 1 da Chancellaria de D. Affonso 3 no Archivo Real: duas cartas do mesmo rei sobre a Moc. (37) datão d e 16 e 18 de Mar-ço da era 1293 an. dom. 1254. A era 1293 corresponde ao anno da Circun-cisão 1255. Logo o atrazamento de hum anno mostra o a n n o da Incarna-ção pelo calculo d e Beda ou florentino.

A estes documentos se devem a j u n t a r todos os mais que, d a t a n d o depois de 25 d e Março do anno da Incarnação, redusem a era com abati-mento so d e 38 annos; porque, desde aquelle dia em diante, concordão os annos da Incarnação e Circuncisão pelo calculo d e Beda, d e q u e athe-gora falíamos.

Proposição 4.a

Parece q u e também nas Hespanhas foi seguido por alguns notários o calculo d e Dionysio ou pisano, contando os annos da Incarnação desde 25 de Março 9 mezes e 7 dias antes de nos. Prova-se:

6.° documento, Berganza, appen. pág. 456, escript. 142, ias corres-p o n d e r o anno da Incarnação 1130 á era 1167. A esta era correscorres-ponde o anno da Circuncisão 1129. Logo o adiantamento de h u m anno prova q u e o documento foi feito depois d e 24 d e Março, e d a t a d o pelo calculo d e Dionysio; p o r q u e so este h e q u e daquelle dia em diante accrescenta 1 aos annos da Circuncisão, ou Nascimento.

7° documento. Hum concilio de Valhadolid (no Liv. Preto da Se de Coimbra) celebrado no a n n o da Incarnação 1144 í38) se diz corresponder ao 14 do pontificado de Innocencio 2." Este Papa foi eleito em Fevreiro de 1130, e faleceu em 24 de Septembro de 1143. O seu anno 14 não p o d e passar deste mesmo 1143. Logo so p o d e diser-se d e 1144, começando o anno 9 mezes e 7 dias antes do nosso, e sendo o Concílio celebrado de-pois de 24 de Março: visto q u e desde este dia em diante no anno da Cir-cuncisão 1143 ja se conta o da Incarnação 1144 pelo referido calculo d e Dionysio.

São estes dous os únicos documentos q u e tenho achado em prova

(37) Sic. N ã o s a b e m o s desenvolver esta a b r e v i a t u r a .

( 3 8 ) C . E R D B M A N N , Papsturkunden in Portugal, p n . 1 9 8 - 2 0 3 , n . 4 0 , d a t a d o d e •Setembro d e 1143.

(16)

272

LVSITANIA SACRA

do uso do calculo de Dionysio, aos quaes se podem ajuntar todos aquelles que datando desde o 1.0 de Janeiro athe

24

de :Março vão coherentes com

o da Circuncisão em abaterem 38 a era; porque de facto nestes tres mezes he que o calculo de Dionysio se identifica com o nosso anno commum. A data da escriptura 173 no app. de Berganza: «Facta carta mense Aprilis Era 1270 An. ab Incarn. 1231» não concorda com nenhum dos dous

calculos, nem tão pouco com o anno da Circuncisão: porque por este de-via ser anno 1233; pelo da Incarnação florentino também 1232 por ser de-pois de Março; e pelo da Incarnação pisano 123:3 pela mesma razão. Lo-go ou a data está errada; ou havemos de suppor o anno começado na

Pas-choa e não precisamente a 25 de Março: porque como a Paschoa de

1232

cahio a 11 de Abril so neste dia começaria o anno, podendo antes delle denominar-se 1231.

O M. Flores despreza esta lembrança de Berganza no seu tom. 2 da Hesp. Sag. a pag. 1.5, mas não tem razons convincentes. Esta data da Pas-choa foi usada em alguns paizes. O uso de afixar as notas do anno no cyrio paschal prova de algum modo que ella foi adoptada nas Hespanhas,

assim como do mesmo uso a derivarão os authores da Arte de verificar

as datas a respeito de França. Logo, diz Flores, usando-se ainda no seculo XIV essa ceremonia, também emtão devia o anno principiar na Paschoa. Nego a consequencia. Podia a data da Paschoa derivar-se daquelle uso,

e ser depois abolida para se dar mais regularidade e uniformidade ás da-tas, conservando-he todavia o uso, que desde emtão nada influía nellas. O mesmo uso do cyrio praticão ainda hoje os Cistercienses, e comtudo as

datas são por toda a parte uniformes.

Admittidas estas proposiçoens entendemos no seu sentido natural o vocabulo Incarnação em todos os documentos; salvamos e explicamos sem

violencia muitas datas, que alias deverião dizer-se erradas, e tiramos a

Mondejar, Mayan, e Flores da confusão em que se achão, e da contra-dição em que estão comsigo mesmos a respeito das datas de alguns docu-mentos.

Sub censura, etc.

Suppondo que o anno da Circuncisão differe

:38

annos exactos da

era, mostra-se nesta taboa a differença que ha entre a era e os annos da

Incarnação, como differentes do da Circuncisão e principiados em 25 de Março pelos dous calculos pisano e florentino. Logo depois dos primeiros tres annos pus os outros da era correspondentes aos documentos citados no meu papel, para se ver de huma vista d'olhos o c1ue nelle explico mais largamente.

(17)

Era de Cezar 39 40 41 (1) 1159 (2) i167 (3) 1270 (4) 1271 (5) 1269 (6) 1293 (7) 131.'3

CORRESPONDÊNCIA DIPLOMi, TICA

Annos da In -carnação p e I o calculo de Dio-nysio ou pis;mo desde o 1·.0 de Jan. athe 24 de Março 1 2 3 1121 1129 1232 1233 1231 1255 1275 Annos da In-carnação pelo calculo de Dio-nysio desde 25 de Março athe o fim de De-zembro 2 3 4 1122 1130 1233 1234 1232 1256 1276 Annos da In-carnação pelo calculo de Beda o u florentino desde o 1.0 de Jan. athe 24 de Março

o

1 2 1120 1128 1231 1232 1230 1254 1274

Copia do

papel

do

D."r João Pedro Ribeiro

273 Annos da In-carnação pelo mesmo de Beda desde 25 ·de Março athe o fim de Dez. 1 2 3 1121 1129 1232 1233 1231 1255 1275

sobre

o mesmo objecto,

e

remettido com o antecedente

O anno da Incarnação dyonisiano, ou pisano

,

e

o de Beda ou

Flo-rentino

,

posto que ambos principiem de

25

de Março

,

differem hum do

outro

em

hum anuo inteiro

em

que o de Beda se

atraza ao

de Dyonisio.

Sendo a causa que no calculo de Dyonisio se contão os annos correntes

de Jesu Christo

,

e

no de Beda so os completos. Dyonisio fas coincidir o

primeiro anno de J

esu

Christo com

754

da fundação de Roma;

4713

do

período juliano;

39

da era de Cezar. Pelo contrario Beda

assigna

com zero

este anno,

e quando Jesu Christo tem hum anno completo de idade

prin-cipia

o primeiro anno do seu computo. Assim:

Era 39 40 Fund. de Roma 754 755 Período jul. 4713 4714 Dvon. .1 2 Beda

o

1

Deste modo contando nos o anno da Circuncisão do 1.

0

de Janeiro

pelo calculo de Dyonisio, o anno da Incarnação pelo mesmo calculo anda

so coherente com aquelle athe

24

de Março, e

a

25

augmenta

huma

uni-dade sobre o da Circuncisão. Pelo contrario o anno da Incarnação de

Beda anda atrazado huma unidade ao nosso da Circuncisão athe

24

de

Março,

e

desde

25

do mesmo mez

athe

31

de Dezembro andão

coheren-tes. Assim actualmente a cancellaria romana conta

1803

athe

24

de Março

em que

principia o seu

anno

de

1804,

porque

segue

o calculo de Beda:

se seguisse

o de Dyonisio contaria nestes mezes

1804,

e

deste

2.5

de

Mar-ço

180.5.

(18)

Resta s a b e r q u a l dos dous c o m p u t o s se tem seguido em H e s p a n h a e P o r t u g a l p a r a o a n n o da Incarnação: B e r g a n z a e Morales s u p õ e m q u e o d e Dyonisio; o M a r q u e s d e M o n d e j a r e M a y a n s , q u e o d e Beda. [ F l o -res] (39), q u e não a d v e r t i o na diversidade d o s c o m p u t o s , c o m b a t e o a estes dous últimos, sem b e m e n t e n d e r q u a l era a sua opinião, e pela m e s m a ra-sâo d e n ã o advertir n a diversidade dos c o m p u t o s , a v a n ç o u o p a r a d o x o , alheio alias das suas luzes, q u e o a n n o da I n c a r n a ç ã o e N a s c i m e n t o sem-p r e sem-p r i n c i sem-p i a r ã o na H e s sem-p a n h a n o 1.° d e Janeiro, s u sem-p sem-p o n d o aquellas exsem-pres- expres-soens synonimas d e Circuncisão. Q u a n t a s p r o v a s colligio F l o r e s n o tom. 2 d a sua H e s p . S a g r a d a a este respeito f o r ã o a p u r a p e r d a ; pois m o s t r a n d o q u e todos os d o c u m e n t o s e m o n u m e n t o s , q u e d a t a v ã o d a I n c a r n a ç ã o des-d e 25 des-d e M a r ç o a t h e 31 des-d e D e z e m b r o hião c o h e r e n t e s com o a n n o des-d a Cir-cuncisão, e n ã o a u g m e n t a v ã o h u m a u n i d a d e , como d e v e r ã o , s e g u i n d o o c o m p u t o d e Dyonisio so p o d e m p r o v a r q u e p a r a o a n n o d a I n c a r n a ç ã o se n ã o a d m i t t i o tal c o m p u t o pelo q u a l aliás s e m p r e se regulou o a n n o d o N a s c i m e n t o e Circuncisão: p e d i n d o o m e s m o calculo d e B e d a aquella uni-f o r m i d a d e q u e encontrou Flores.

Pelo contrario encontrão-se d o c u m e n t o s q u e d a t o u a n t e s d e 25 d e M a r ç o pelo a n n o da I n c a r n a ç ã o com a t r a z a m e n t o d e h u m a u n i d a d e a o d a Circuncisão, o q u e so p o d e nascer d e se seguir o calculo d e Beda, e delles infiro q u e na H e s p a n h a e em Portugal, antes e depois d a Monar-chia, se seguiu sempre, ou quasi sempre, o calculo d e B e d a p a r a os annos d a Incarnação, alias p r i n c i p i a n d o s e m p r e a 25 d e Março: t o d o c o m o hoje se p r a t i c a p e l a chancellaria romana.

M u i t o t e m p o m e authorizei p a r a esta opinião so com as p r o v a s ti-r a d a s d e documentos, agoti-ra posso ja p ti-r o d u s i ti-r os seguintes authoti-res: Be-verigio, Instituiçoens Chronologicas, p a r t . 2 cap. 10, n.° 3.°, pág. 174. Se-gura, N o r t e critico, disc. 2.°, § 4, n.° 11, pág. 46 da 1." edicção. Scaccia, D e iudiciis, 1. 2.°, c a p . 11, n.° 1190 e 1195. Arte d e verificar as datas, na dissertação sobre as m e s m a s d a t a s p a r t . 1.*, § 2.

40

Resposta do V. Fr. Bento Ill.mo Snr. João P e d r o Ribeiro:

C o m o n ã o sei se o P. M. C o m p a n h e i r o a i n d a existe nessa Corte, vai esta em direitura com o r e s u l t a d o d o exame d a inscripção e nella vera

(19)

V. S. q u e o nó esta n o p r i m e i r o N d a p a l a v r a nonis lido por II. N ã o m e ficou d u v i d a nesta p a r t e , p o r q u e os vestígios d o c o r t e são b a s t a n t e sensí-veis, e assignado este dia temos s a b a d o (segundo V. S. informa), e con-c o r d a b e m con-com o «Incon-coante dia dominigo».

P a r a outra occasião direi a l g u m a cousa sobre a ultima reflexão s o b r e cálculos d a Incarnação, se tiver q u e .

Sou, etc.

P e n d u r a d a , 5 d e F e v r e i r o d e 1804.

Fr. Bento Com a c a r t a referida remetti a i n f o r m a ç ã o e copia seguinte:

N o c o u t o d e Villa M e a m ou E s c a m a r ã o d a c o m a r c a e b i s p a d o d e L a m e g o em h u m outeiro, sito n a c o n f l u ê n c i a dos rios Paiva e D o u r o , b a n h a d o a o n o r t e por este e a o p o e n t e p o r aquelle, d e n t r o d o destricto da f r e g u e z i a d e Varzia, q u e se e x t e n d e p e l o l a d o opposto j u n t o ao D o u r o , n o C o u t o d e P e n d u r a d a , c o m a r c a e b i s p a d o d o Porto, em h u m dos muitos p e n e d o s d o dito outeiro na face contra o D o u r o se a c h a g r a v a d a a seguinte

inscripção: (grav. 2).

^ )

mxtfkJMÁívJ

gv&saLSBvs y

/VI y VEON'S . ^ ^ ^

z

Este p e n e d o , a n t e s d e se lhe g r a v a r a inscripção tinha j u n t o a si h u m a ou d u a s cazas ou c h o u p a n a s , s e g u n d o mostrão os b u r a c o s d a s tra-ves d o t e l h a d o abertos nelle, e os regos q u e v ã o a p o n t a d o s n o alto e n o l a r g o d a m ã o direita, os q u a i s servirão d e desviar as á g u a s d a s c h u v a s p a r a n ã o escorrerem pelo p e n e d o abaixo: isto m e s m o mostra a p r i m e i r a regia a qual f a s c u r v a t u r a no sitio o n d e a c a b a o rego superior, signal

(20)

d e q u e o a b r i d o r se desviou delle, mas a p e z a r disso s e m p r e t o p a r ã o nelle as p a r t e s superiores dos d o u s «cc», a inferior d o s e g u n d o «c» e t o d o o «a» d a data, por c u j o motivo f i c a r ã o os ditos algarismos ou letras nas ditas p a r t e s com m e n o s p r o f u n d i d a d e e quasi extinctos: o m e s m o p r o v ã o o «TE» d a p a l a v r a incoante, escripto atravessadamente para fugir do rego d a p a r t e d a m ã o direita.

Estas inscrição foi a b e r t a n a p e d r a b r u t a d e q u a l i d a d e grossa sem p r e c e d e r o m e n o r p r e p a r o . Várias p a l a v r a s e letras a p e n a s c o n s e r v â o h u n s leves vestígios, m a s a p e z a r disso so fiquei com d u v i d a n o q u e vai circui-t a d o d e poncircui-tos, e com novo exame circui-talves se f a r a juiso, assim nescircui-ta parcircui-te, como sobre duas ou tres p a l a v r a s q u e v ã o d e m e n o s na 2." e 3." regras.

A d a t a mostra e v i d e n t e m e n t e o «X» simples ligado com o «V» sem se l h e p o d e r d a r outra interpretação, nem tem c a m p o p a r a mais algaris-mos, pois o intervalo e n t r e o «A» e o «XV» h e c a u s a d o pelo rego d e n t r o d o q u a l fica o «A».

F o i tirada esta copia aos 2 d e F e v r e i r o d e 1804.

O Sr. J o ã o P e d r o em h u m a d a s occasioens, q u e esteve neste Mosteiro, tirou h u m a copia q u e deixou na m ã o d o R.mo F r . Joze J o a q u i m d e Santa T h e r e z a , e h e concebida na m a n e i r a seguinte: (grav. 3).

U j

Hl ERA MLíWriljNCOAH

DlBpOMINICO \!HS IANVAR.II

M C E A AC VA DISSER / O

FA )HEO(/\£ A/IM DA VI

C WDS/LBVS

MWEO N fS

3

E m h u m g r a n d e p e n e d o n o sitio c h a m a d o Castello d e Paiva, cer-c a d o d o rio D o u r o e Paiva, e na f o z d e s t e último, f r e g u e z i a d e Varzea d o D o u r o b i s p a d o d o Porto.

(21)

41

Reflexão que foi sobre este papel communicada ao seu author

P a r e c e evidente q u e Flores não a d v e r t i o na d i f f e r e n ç a q u e h a e n t r e o calculo pisano, e o florentino ou d e Beda, e basta p a r a prova notar, q u e em p a r t e n e n h u m a se l e m b r a d e s t e ultimo.

Mas não posso p e r s u a d i r - m e q u e M o n d e j a r , e Mayans fizessem delle mais clara ideia, ou o quizessem mostrar estabelecido nas H e s p a n h a s , q u a n d o nos p r o p o e m o seu m e t h o d o d e redusir a era.

A exposição q u e fas o M. Flores d o Systema destes dous escriptores no tom. 2 da H e s p . Sag. in princip., e p a r t i c u l a r m e n t e n o n. 3, pag. 3, mostra bem q u a n t o elles estavão c o n f u n d i d o s a respeito d o anno d a In-c a r n a ç ã o e seus diversos prinIn-cípios.

Mas se quisermos supor Flores tão p r e o c u p a d o q u e nem soubesse expor os p e n s a m e n t o s dos authores q u e c o m b a t i a , ainda assim m e s m o os accusará o seu m o d o d e r e d u z i r a era, q u e h e em q u e consiste t o d a a substancia d a sua d o u t r i n a .

P o r q u a n t o , supõem elles q u e nos m e z e s d e Janeiro, Fevreiro, e Mar-ço se deve r e d u s i r a era com a b a t i m e n t o d e 38 annos, e d a h i em d i a n t e com o d e 39. Mas se elles conhecessem o calculo d e Beda, e o quizessem inculcar devião dizer pelo contrario, q u e nos 3 mezes primeiros d o a n n o se devia redusir a era com a b a t i m e n t o d e 39, e d a h i e m d i a n t e com o d e 38, p o r q u e d a h i em d i a n t e h e q u e o a n n o d a I n c a r n a ç ã o d e Beda con-c o r d a con-com o d a Circon-cuncon-cisão.

S u p p o e m mais q u e este c o m p u t o d a I n c a r n a ç ã o se estabeleceo nas H e s p a n h a s á m a n e i r a d a s o u t r a s naçoens depois q u e Dyonisio o introdusio. Logo q u a n d o falão d o anno da I n c a r n a ç ã o c o n f u n d e m - n o com o d e Dyo-nisio, e p a r e c e não terem ideia d e outro. Mas pelo d e Dyonisio d e v i ã o aba-ter-se á era 38 annos em Janeiro, Fevreiro. e Março, e dahi em d i a n t e so 37. logo estes a u t h o r e s com e f f e i t o nem tiverão claro c o n h e c i m e n t o dos dous princípios d o a n n o d a Incarnação, nem são coherentes com o syste-m a geral d e a b a t e r 38 annos precisos á era p a r a redusi-la a d a Circun-cisão.

Mostra-se p e l a seguinte tabella, c o m p a r a n d o com ella a opinião dos mesmos escriptores:

(22)

E r a A n . d a C i r o . ou N a s c . C a l c u l o d e C a l c u l o d e C a l c u l o d e C a l c u l o d e D y o n . d e s d e D y o i i . d e s d e B e d a d e s d e B e d a d e s d e J a u . a t h e M a r ç o a t h e J a n . a t h e M a r ç o a t h e M a r ç o D e z e m b r o M a r ç o D e z e m b r o 3 9 1 1 2 0 1 4 0 2 2 3 1 2 3 3 4 2 3 e t c . A b a t e n d o - s e : 3 8 3 8 3 7 3 9 3 8

Logo ao a n n o d a I n c a r n a ç ã o d e Dyonisio n u n c a se a b a t e m 39, mas so 38 e 37. E so a o d e B e d a se a b a t e m os 39 nos 9 primeiros m e z e s d o anno, e disto n u n c a M o n d e j a r e M a y a n s se lembrarão.

42

Carta do D."' João Pedro Ribeiro R.mo Snr. Fr. B e n t o d e Santa G e r t r u d e s :

Amigo e Senhor: Por intervalos t e n h o logrado saúde, e bem precisa m e tem sido p a r a ver se concluo o artigo das d a t a s , q u e h e talves o mais c o m p l i c a d o d o meu assumpto. T e m - s e t r a b a l h a d o em c o m u m acordo d o P. C o m p a n h e i r o , e p o r isso lhe n ã o sera suspeita a doutrina. P o r e m d a ultima p a r t e , q u e h e a critica das d a t a s , n ã o tera elle vista, p a r a ver se com e f f e i t o p e r c o a f a m a d e H a r d u i n o .

Agradeço a revista da inscripçâo, e conto com a sua leitura, a p e z a r d a n o v i d a d e d e N H S p a r a nonas, p e l o e s t r a n h o d e ter «H», pois «A» n ã o h e pela c o n f r o n t a ç ã o d e outros todos f e c h a d o s . Se n ã o sérvio p a r a exem-plificar 2.° nonas, serve p a r a ter h u m exemplo d e m a r c a r a t a r d e em data, q u e n ã o h e extranho, c o n t a n t o alguns d o c u m e n t o s h o r a 2.", 6.*, etc.

Lisboa, 13 d e F e v r e i r o

João Pedro Apostilha d o P. Fr. Bento n a m e s m a carta:

C a r t a dirigida a o P. M. C o m p a n h e i r o , e na q u e vai a d i a n t e d e 7 d e M a r ç o t o r n o a tocar este p o n t o

(23)

43

Carta do P. M. Fr. Francisco de S. Luis Amigo e Snr. d o coração:

Vi a sua resposta s o b r e o p e n e d o d e O u t e i r o , e inscripção delle, se-g u n d o a qual, t u d o se c o m p o e m , e n t e n d e n d o incoante die dominigo por s a b b a d o depois d e vesporas. João P e d r o nesse p a p e l d á o seu parecer: eu l e m b r o - m e q u e o «NHS» serão d o u s N N , a i n d a q u e o s e g u n d o p a r e c e mais H d o q u e N, etc. E m outra occasião escreverei mais d e vagar. P a r a con-f i r m a ç ã o d o a n n o c o m e ç a d o e n t r e nos em M a r ç o , serve o d o c u m e n t o d o c a r t o n o d e M o r e i r a em S. Vicente d e F o r a : «Facta K a r t u l a firmitatis pri-die idus Marzii i n q u o a n t e era 48'» (41).

Estrella, 15 d e F e v r e i r o d e 1804

Fr. Francisco Apostilla d o P. Fr. B e n t o n a m e s m a carta:

A 26 d e F e v r e i r o escrevi a o P. M. a pedir-lhe h u m a c e r t i d ã o da T o r r e d o T o m b o , e j u n t a m e n t e lhe disse q u e s e m p r e reputei dous N N os caratheres d a p a l a v r a Nonis, a vista d a i r r e g u l a r i d a d e com q u e o a b r i d o r cortava os N N , a p o n t a n d o - l h e em p r o v a o p r i m e i r o da inscripção, e n a carta d e 7 d e M a r ç o d e 1804 t o r n o a tocar este p o n t o (42).

40

Carta do P. Fr. Bento de Santa Gertrudes ao P. M. Fr. Francisco de S. Luis

T e n h o r e c e b i d o q u a t r o cartas d e V. R.ma, a p r i m e i r a d e 24 d e D e -z e m b r o d e 803 (42) com h u m a reflexão d o Snr. João P e d r o s o b r e o calculo d e Beda, m o t i v a d a p e l a d a t a d a escript. 142 d o a p p . d e Berganza; e ja remetti as m i n h a s observaçoens sobre este p o n t o , assim como a copia d o r e c o n h e c i m e n t o d e Arouca, q u e mostra o equivoco d o a u t h o r d o Eluci-dário, p a l a v r a Era (43).

(41) P M H , D C , n . 2 1 4 .

(42) P u b l i c a d a a q u i c o m o n. 4 6 . (42) P u b l i c a d a a q u i com o n . 3 6 .

(43) À m a r g e m : He o documento que vai no fim desta correspondência, c o p i a d o , d e f a c t o , d e p o i s d a c a r t a n . 49, m a s q u e nós n ã o t r a n s c r e v e m o s por já se a c h a r nos P M H , D C , n . 7 4 6 .

(24)

A 2.* d e 16 d e Janeiro d e 801 (M) com o u t r o p a p e l i n h o d o Sr. João P e d r o s o b r e a Inscripção d o p e n e d o ; e depois outra r e c o m e n d a ç ã o d o m e s m o senhor, por via d o R.""\ a o q u a l satisfis d i r e c t a m e n t e ; e c o m o V. R.m* persevera nessa corte, la p o d e ter visto a minha leitura, q u e p r e z u m o tira a d u v i d a .

A 3.* d e 4 d e F e v r e i r o (45), na q u a l V. R.m" r e d u z m a r a v i l h o s a m e n -t e a princípios as di-tas observaçoens sobre a q u e s -t ã o d e cálculos d a In-carnação, e por ora so posso d a r - l h e os p a r a b é n s d e ter ja e n c o n t r a d o en-t r e as b r e n h a s chronologicas o Snr. Fr. F r a n c i s c o d e S. Luis, p o r e m eu a i n d a n ã o tive a felicidade d e encontrar nessas veredas a Fr. Bento d e S." Gertrudes.

A 4.* d e 10 d o m e s m o F e v r e i r o (*6) com h u m a c e r t i d ã o da T o r r e d o T o m b o , na q u a l tinha o P. R e c e b e d o r o maior e m p e n h o , e p o r isso t a n t o mais a g r a d e c e o zelo e p r i m o r d e V. R .m\

P r i n c i p i a n d o agora pela 1.*, nella vejo, q u e estamos t ã o c o n c o r d e s e m k a l e n d a s q u e a t h e eu tive a m e s m a l e m b r a n ç a q u a n d o vi nos Annaes C o m p l u t e n s e s : «Era 1103 die tertia», mas reflecti, q u e p a r a o dia 3 ser relativo a o a n n o devia ter escripto era 1104, d i e 3", e por isso desprezei esta l e m b r a n ç a : c o m t u d o p o d e ser, q u e o a u t h o r dos Toledanos. e outros c o m o mais modernos, se servissem dos C o m p l u t e n s e s , e pozessem a m o r t e d e F e r n a n d o em 1102, f a z e n d o o dia 3.° relativo a era novi solis de 1103, p r i n c i p i a d a a 25 d e D e z e m b r o d a era civil d e 1102; e p o r esta m e s m a rasão o C h r o n . C o m p l u t . acautelasse o erro explicando o g e n u í n o sentido dos A n n a e s com o «Intrante 4.'».

Q u a n t o a G a v i n o f u n d o a principal rasão d o seu e s t a d o c o n j u g a l na i d e n t i d a d e das p r o p r i e d a d e s , a c o m p a n h a d a com a assignatura confirma-toria feita por elle, ja m o n g e d e s t e mosteiro d e P e n d u r a d a , na era d e 1127 C7), logo d e p o i s q u e celebrou o placito com sua esposa na era 1126 (48): m a s q u e m seguir esta opinião deve lansar a o rol d a s suspeiçoens o accrescento na noticia d e Arouca (49), e s u p o r q u e O n e g a viuva d o t o u a P e n d o r a d a em 1138 (M) u n i c a m e n t e a p a r t e q u e l h e pertencia nos b e n s d o a d o s a Arouca pelo t e s t a m e n t o d e seu m a r i d o , feito pelo bispo Cres-conio. (44) P u b l i c a d a a q u i c o m o n. 3 8 . (45) P u b l i c a d a a q u i c o m o n. 39. (46) E s t a c a r t a n ã o a p a r e c e n o nosso ins. (47) C f . s u p r a , n o t a 26. (48) C f . s u p r a , n o t a 2 5 . (49) P M H , D C , n . 8 9 8 . (50) C f . s u p r a , n o t a 2 7 .

(25)

F u n d o a opinião contraria na possivilidade cia existência d e dous Gavinos, ambos filhos d e Froilaz: Mas he preciso supor, q u e Gavino ca-sado esteve ausente desde 1126 athe 1137, deixando a sua mulher a fa-culdade de fazer doaçoens, ou fazendo-as esta por suspeitar, q u e elle não voltava.

Ora eu n ã o acho expedição q u e accuse esta ausência, pois a de To-ledo foi anterior a era d e 1126, e a 1* Crusada da Terra Santa foi pos-terior a era d e 1137 em q u e Onega figura so: assim lembrome de al-guma perigrinação, ou captiveiro em poder d e Mouros.

Supondo-se esta ausência melhor se concilião as dificuldades: por-q u e temos Gavino com sua mulher testando propriedades em Moines e Trepeço, t u d o em Arousa na era de 1111 (51), cujo effeito se deve enten-der por morte. E m 1126 aparece o placito (52), celebrado entre os dous consortes sobre as ditas propriedades, talves feito por motivo da dita au-sência para a perigrinação ou para a guerra. E m 1127 Onega Ermigiz, [ n a ] ausência d e seu marido, e talves na incerteza da sua volta, doa a Pen-durada bens em Alvarenga, comprados ou havidos juntamente com seu marido dos irmãos delle, e por isso seu c u n h a d o Gavino monge confirma em primeiro lugar: e pela mesma razão confirma Onega Ermigiz o tes-t a m e n tes-t o do c u n h a d o monge em 1136 (M). Depois d e 1136 volta Gavino cazado para a companhia d e sua espoza, e ambos confirmão o dito testa-mento d o monge na noticia (H), q u e anticipadamente se tinha feito, ou de proposito se fes para esta confirmação. Finalmente morre Gavino ca-sado, e sua mulher Onega doa a P e n d u r a d a Canellas, e Cavalhoens, sionando ou ratificando t u d o o mais q u e estava doado, e so esqueceu men-cionar Tropeço (55).

Para se dar algum valor a esta opinião h e preciso reflectir, q u e os bens, naquelles tempos se dividião igualmente pelos filhos, ficando sem-pre inteiros. V. g. Pedro possuhia h u m a quinta com 8 campos, e tinha 8 filhos: por sua morte não ficava cada hum dos filhos com seu campo, mas sim cada h u m ficava com a 8.a parte d e toda a quinta, dividindo-se cada h u m a destas 8 partes proporcionadamente pelos netos e bisnetos, segundo o seu numero; d e maneira q u e muitas vezes aparece a mesma proprie-dade, doada ou vendida por diversos sugeitos, e em differentes tempos.

T a m b é m os senhores territoriaes, alem das rendas ou toros sabidos, (51) P M H , D C , n . 5 0 5 .

(52) C f . s u p r a , n o t a 25. (53) C f . s u p r a , n o t a 26. (54) P M H , D C , n . 8 9 8 . (55) C f . s u p r a , n o t a 27.

(26)

recebião outros direitos, como serviços, e comedorias, q u e os pobres ea-zeiros satisfazião a patenteias infinitas: d o n d e ainda q u e h u m co-herdeiro doasse ou vendesse a sua parte, o comprador ou caseiro ficava obrigado a satisfazer as ditas comedorias, ou serviços aos outros herdeiros, q u a n d o hião ao cazal, nem era fácil izentar-se destes tributos, p o r q u e (como fica dito) esta parte doada ou vendida estava c o n f u n d i d a no todo d o cazal, e d a q u i vem as muitas cartas d e encomenda, ou defendimento, q u e nos ob-tivemos dos monarchas, contra os q u e exigião os ditos serviços, e comedo-rias, dos nossos cazeiros, destruhindo-os a titulo d e herdeiros.

Portanto podemos supor com f u n d a m e n t o , q u e Gavino monge con-firmou a doação d e sua cunhada Onega a P e n d u r a d a em 1127, por com-prehender bens, em q u e elle era coherdeiro, e vice versa Gavino casado doou e confirmou a Arouca não os direitos q u e lhe competião nas partes dos bens laicaes d e avoenga, doadas pelo seu irmão Gavino monge, mas também o seu quinhão das igrejas; e doou a Pendurada por si e por sua mulher as partes dos mesmos bens laicaes, q u e lhe erão proprios, havidos por herança, e acrescentados por compras a seus proprios irmãos, e a outros como se expressa nas mesmas doaçoens.

Isto suposto comparo o lagarto d e Arouca com o d e Lorvão (K) de D. Fernando, regeitado nas «Memorias criticas» do Snr. João Pedro Ri-beiro a pag. 83, pela única rasão d e ser longíssimo (!), advertindo q u e a pag. 142, nota 3.a, admite o dito senhor a confirmação delle por D. San-cho I, supondo q u e foi forjado antes desta confirmação.

Ora eu não acho sufficiente a rasão da longitude ou difusão, e tam-bém não admitto este documento como copia fiel da carta d e D. F e r n a n d o , p o r q u e vejo narrarem-se nella circunstancias succedidas na occasião da entrega ou apresentação da mesma carta; e também, sendo ella m a n d a d a fazer pelos proprios monges de Lorvão (como nella se expressa) h e incrí-vel, q u e elles se atrevessem a enchela d e louvores proprios, taes como jurar o rei, q u e os taes monges erão de Deos e dezinteressados, e q u e os achou melhores q u e todos os do seu reino, sendo igualmente imprópria a exege-ração da g r a n d e copia de mantimentos etc..

Porem tudo quanto se diz neste documento he propriissimo d e huma noticia posterior, feita por simples curiozidade, ou para o effeito da con-firmação de D. Sancho. Eu acho muita analogia entre estes dous documen-tos e não m e parece inverosímil, q u e os monges d e Lorvão, em lugar da carta de D. F e r n a n d o aprezentassem a de D. Sancho a noticia do facto (56) P u b l i c a d o n a \lonarchia Lusitana, I I (ed. d e 1690), p p . 534 ss.; e por F r . L e ã o d e S. T o m á s , lienedictina Lusitana, I ( C o i m b r a , 1644), p p . 3 2 7 ss.

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por ser mais circunstanciado, e mais honrosa para elles (pois como falava dos passados, ja os louvores n ã o erão proprios, nem as exegeraçoens ex-tranhaveis), o q u e nesta occasião a fizessem, acontecendo o mesmo em Arouca no caso gavinatico, e assim, a não lhe chamarmos doação, ao me-nos parece q u e lhe podemos conceder o n o m e e privilégios de confir-mação.

Contra isto lembra V. R"'*.: 1." A verificação do primeiro caracter das noticias. Respondo: se se verifica o primeiro caracter, falta-lhe o ter-ceiro, pois não se qualifica por noticia, nem tem a variação a p o n t a d a no fim do século XV, no lugar citado, pag. 133, e repetida a pag. 136.

2 ° Sendo doação não devia falar da morte d o bispo. Resposta: estas noticias históricas são bem próprias das doaçoens daquelles tempos.

3.° A falta d e testemunhas confirmantes a rovoração. Resposta: veja de Vaines, pai. «Usage d e subscription», pag. 331, e «Variation dans la firme», etc., pag. 334.

4.° O Requiescat in pace termina o documento. Resposta: estas de-precaçoens são próprias do tempo, e tanto fas terminar assim a exposição d o facto como d e outra q u a l q u e r forma.

5.° Devião os doadores Gavino e Onega figurar desde o principio. Resposta: como os bens são os mesmos, doados por Gavino monge, bastava q u e se exposesse a concessão ja feita para ser ampliada ou confirmada pelos dous consortes.

6.° C o n f i r m ã o so a parte respectiva a Arouca, e não t u d o o q u e se dividio entre os dous mosteiros. Resposta: Assim devia ser, p o r q u e o do-c u m e n t o pertendo-ce a Aroudo-ca (57); e n ã o mencionarão P e n d u r a d a , p o r q u e ja lhe tinhão d o a d o in totum alguns dos mesmos bens, e depois doarão o resto, isto he, das partes q u e lhes erão próprias.

F i n a l m e n t e notou mais V. R.m i com muita rasão a repetição d e doa-çoens das mesmas propriedades. Mas repare q u e as d e P e n d u r a d a diffe-rem h u m a s das outras, segundo mostro na exposição das mesmas, e su-posto a da viuva Onega d e 1138 concorda com a noticia d e Arouca, nas partes laicaes, podemos dizer q u e podia dispor da sua meação, ou p a r t e q u e lhe tocasse, em rasão d e esposa, a favor d e q u e m quizesse, quer fosse viuva do monge, ou d e seu irmão.

P o d e V. R.m l ver a carta d e Lorvão no 1." tom. das Chronicas por D u a r t e N u n e s de Leão, pag. 54, e note q u e d e Vaines sobre noticias ex-trajudiciaes attesta, q u e nos fins do século XI se traçavão com tantas

so-(57) Segue-se, riscada, a s e g u i n t e p a s s a g e m : e não tudo o que se dividio entre

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