• Nenhum resultado encontrado

ENSAIO SOBRE A POSSE - CAPÍTULO IV

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "ENSAIO SOBRE A POSSE - CAPÍTULO IV"

Copied!
68
0
0

Texto

(1)

C A PITU LO I V

Fundam ento da protecção possessoria

§ 1 ° U T I L I D A D E D A Q U E S T Ã O . S U A R A Z Ã O D E S E R . D I V E R S A S T H E O R I A S A R E S P E I T O 1 . A q u e s tã o q u e v a m o s e s tu d a r , n o p r e s e n te c a p itu l não é p u r a m e n te e s c o la s tic a e, a o c o n tr a r io , te m g r a n d e u t i -lid a d e p r a t i c a (1); p o r q u e a s r e g r a s r e la tiv a s a o i n s t i t u t o p o s- se sso rio v a r ia r ã o c o m p le ta m e n te , de a c c o rd o co m o m o tiv o d e-te r m in a n e-te d o m e sm o . (2)

A s s im , s i os in te r d ic to s p o s s e s s o r io s tiv e r e m p o r fim , com o o e n s in a S avig-ny (3 ), a in te r d ic ç ã o d a v io lê n c ia c o n tr a a p e s s o a , d e v e m s e r c o n c e d id o s , ao c o n tr a r io do q u e d is p õ e o d ire ito r o m a n o , a o s m e ro s d e te n to r e s , c o m o o d e p o s itá r io , o lo c a ta rio , e t c . , d e s d e q u e , v io le n ta m e n te , lh e s s e ja a r r e b a t a -da a c o u s a q u e tê m em se u p o d e r; s i, p o ré m , ta e s in te r d ic to s se b a s e a r e m n a p r e s u m p ç ã o d a p r o p r ie d a d e , c o n fo rm e a lic ç ã o de M a re z o ll (4 ), d e v e m s e r n e g a d o s , ao in v e rs o a i n d a d o q u e e s ta tu e o m e s m o d ir e ito , a o s q u e fo re m r e c o n h e c id o s com o l a -drõ es e s a lte a d o r e s , v is to n ã o p o d e r e m f irm a r -s e em s im ilh a n - te p r e s u m p ç ã o , q u e , ju ris tantiun, deve ce d e r á v e rd a d e em c o n -tr a r io .

Ü. C o m o j á v im o s , b a s ta , p a r a h a v e r p o s s e , o f a c to d a p e s so a p r o c e d e r , in te n c i o n a lm e n te , em r e la ç ã o á c o u s a , com o

(1) Jhering, In lerd iclo s, cap. l.°, pap. 4.

(2) Wfii uiond, o/i. c il., pay . 8.

(3) Yidr. in fr a . nota lu.

(2)

17b

REVISTA DA

n o r m a lm e n te p r o c e d e o p r o p r ie tá r io , is to é , t e r a e x te rio r id a -d e ou v is ib ili-d a -d e -d a p r o p r ie -d a -d e (5 ), n ã o s e n -d o p r e c is o que a s u b m is s ã o d a c o u s a á s u a v o n ta d e se t e n h a o p e ra d o d e accor- do com a le i, c o m o s e d á com a p r o p r ie d a d e , e p o d e n d o até se l-o c o n tr a , c o m o n o c a so do la d r ã o e do s a lte a d o r . (6)

P o r q u e , p o is , a s le g is la ç õ e s d e to d o s o s p o v o s c u lto s pro -te g e m a p o s s e e a e le v a m á c a -te g o r ia de u m d ir e ito , c o m o o de-m o n s tr á de-m o s n o c a p itu lo a n t e r io r , p a r e c e n d o , a s s ide-m , c a h ir ede-m c o n tra d ic ç ã o , v isto p u n ir e m o f u r to e o r o u b o ? (7)

15. E ’ q u e s tã o m u ito c o n tro v e rtid a , so b re a q u al tê m sur-g id o v a r ia s th e o r i a s (8 ), q u e , á s im ilh a n ç a do q u e s e f a z , em d ir e ito c r im in a l, s o b re o f u n d a m e n to do d ir e ito de p u n ir , c la ssi-fic a re m o s em r e la tiv a s , a b s o lu ta s , m ix ta s e n e g a tiv a s : a s p ri-m e ir a s filia ri-m a p r o te c ç ã o p o s s e s s o r ia , n ã o á p r ó p r ia p o s s e , que ju l g a m per se, in c o n c e b ív e l, m a s a o u tr o s i n s t i t u t o s ju r íd ic o s ; a s s e g u n d a s , ao c o n tr a r io , affirm am q u e e lla é p r o te g i d a p o r si m e s m a , o u p o r s e r a v o n ta d e d a p e s s o a r e a liz a d a s o b re u m a co u -s a o u p o r q u e , p o r m e io d e -s ta , -se p r e -s ta , c o m o a p r o p r ie d a d e , á s a tis f a ç ã o d a s n e c e s s id a d e s h u m a n a s , fa z e n d o , a s s im , p a r t e do n o s s o p a trim o n io ; a s te r c e ir a s a d o p ta m f u n d a m e n to s d e duas o u m a is d e s s a s a n t e r io r e s ; a s q u a r ta s , fin a lm e n te , j u l g a m ser im p o s s iv e l, em d ir e ito r o m a n o , a so lu ç ã o do p r o b le m a . (9) 4 . S e g u n d o a s t h e o r i a s r e la tiv a s , a p ro te c ç ã o p o s s e s s o r f u n d a - s e : l? j N a in te r d ic ç ã o d a v io lê n c ia : a) P o r u m m o tiv o d e o rd e m p a r t i c u l a r , p o rq u e a o ffe n s á p o sse c o n s titu e u m d e lic to c o n t r a a p e s s o a do p o s s u id o r : c a

(5) Vide cap. 1.°, § 5.°.

(6) Ib id e m , § 3 ° , n. 2.

(7) Jhering. op. c it,, cap. 2.°, pag. 3; Ivuntze e F . Pollock, A p u l Jean Appleton, P rotcction Possessoire, pgs. 4 e 6.

Nem se responda, como Dalmau (op. c it., n. 236, pag. 265) que a posse é protegida, por ser um direito; pois cahiremos em um perfeito circulo vicio-so, visto termos affirmado, no capitulo anterior, que ella é um direito, por se r protegida (V ide cap. 3.°, § 4.°, ns. 5, 6 e 7).

(8) Vide Jhering, op cit., pag. 6 e Dalmau, op. c it., pag. 194.

(9) A classificarão que adoptámos é uma combinação da que é acceita por Jhering, que divide as theorias em absolutas e relativas (op. c it., pag. (6) p da que é exposta pnr Dalmau, quo as divide em philosophico-juridicas e historico-negativas, subdividindo as primeiras em relativas, absolutas e mixtas, e as segundas em meramente históricas e estrictamente negativas op. c it., pag. 194).

(3)

FACULDADK J,1VKK DE DlRKlTO

177 th e o ria de S a v ig n y (1 0 ), s e g u id a , e n tr e o u tr o s , p o r M o lito r (11), W a n - V e tte r (1 2 ), Z ie n o la c k i (13), K u n tz e (1 4 ), M a ttir o lo (15) B rin z , K ie r u lf f , R ie d m a te n e K o c h (16), j á te n d o s id o , a n -te rio rm e n -te , e s b o ç a d a p o r P o t h i e r (17); b) P o r u m m o tiv o de o rd e m p u b lic a - - p a r a q u e o p o s s u dor se n ã o f a ç a j u s t i ç a p e la s p r ó p r ia s m ã o s , in f r i n g in d o o p r i n -cipio de q u e só ao E s t a d o é q u e c o m p e te f a z e l- a (1 8 ): — c a d o u trin a d e R udorfT (1 9 ), a d o p t a d a p o r D e F i l i p p i s (2 0 ), L a u - ren t (21), R ic c i (22), S e r a f in i (2 3 ), W o d o n (2 4 ), E s c r ic h e e S ch m id t (2 5 ), b e m c o m o p e la s Pandectas Belgas (2 6 ); 2?) N o p r in c ip io de d ir e i to — que n in g u é m p ó d e j u r i d i c a -m ente v e n c e r a o u tr e -m , s i n ã o tiv e r -m o tiv o s p r e p o n d e r a n te s de um d ir e ito m e lh o r :— a s s im o p in a m T h i b a u t (27), R u g g i e r i

Deixamos do contemplai- as meramente históricas, por serem estas as que, encontrando difficuldades em averiguar qual o motivo philosophico-ju- ridico daprotecção possessoria (Dalmau. op. cit., n . 163, pag. 195) objecto unir,o do presente capitulo—se limitam a aventurar as razões históricas de seu apparecimento ein direito romano, questão que é completamente diffe- rente.

Existe ainda a classificação proposta por Giulio Capone, no Arcliivio Giuridico, vol 50, pag. 9 a 15, que deixamos de expor, por se não firmar em principio algum classificador.

(10) Op. cí7, . , § 6.«, pags. 33 e 34. (11) Oh. c it., n. 59, pags. 125

(12) Oj). cit , Ç 114, pags- 29-1 e T raité de la Posscssion, § 5 .“, pags. 32 a 30.

(13) A p u t Wan-AVetter su p ra , nota 3, pags. 294. (W) A p u t Appleton, op. Cí7.,cap. 2.°, pags. 17.

(15 D iritto G iudiciario C ivilc Ita lia n o , vol. 1.°, n. 271, pag. 252, quando trata dos interdictos recuperando:\ pois quanto aos retinendse, admitte a a presumpçào da propriedade (n. 254, pags. 230).

(10) A p u ! Dalmau, op. c it., n. 100, pags. 197.

(17) In tro d u ctio u G énèrale a u x ('o u tu m es, n. 118, pags. 43 e 44. (18) D ig., Liv., 50, Tit. 17, frg. 170. .

(19) Apu/. Jhering, op. c it., pags. 0 e 7. 120) Op. c it., liv. l.o, n. 20, pags. 19. (21) Op. c it., vol. 32, n. 205, pags. 274. (22) Op, c it., vol. n. 149, pags. 61 e 02. <23) Op. c it., vol. 5.", n. 48, pags. 199 e 200. (2-1) Op. c it., vol. 1.*, n. 39, pags. 56.

(25) A p u t Dalmau, op. cit., n. 182, pag. 210.

(20) Tomo 5 ", 2.°, n. 17, pag. 731 Esta opinião, já fôra, muito antes, exposta por De Reles, nos seus De In terd ictis P reludia, em que, definindo os interdictos, ensinava que elles eram concedidos •publiese tranquillitatis causá" e, cominentando essas palavras, dizia que o fim dos mesmos era im-pedir o uso das armas e sujeitar os litigantes á jurisdicção do pretor (Dal- mau, op. cit.., nota 47, a pag. 209), lição que foi ainda repetida por Huberus (Vide Baudry-Lacantinerie et A. Tissier, op. c it.. n. 209, pag. 126). Apesar disso, a theoria tem o nome de Rudorff, por ter sido elle quem melhor a ex- poz e defendeu.

(4)

178

REVISTA DA

(28), H u fe la n d e B o rn em an n (29), A rn d ts, L e is t, H asse, Koep- pe e SchafErath (30);

3?) N a r e g r a ju r íd ic a —quilibá pnvsiiniitiir bônus et justas donecprobelur contrariam— , cm v irtu d e da qual se deve adm ittir. até que se p ro v e o co n tra rio , que o p o ssu id o r, p odendo te r um d ireito á p o sse , te m , n a re a lid a d e , esse d ire ito : affirm am -n’o R ò d e r (31), A k r e n s (32), D el R o sso , N ip p e l e U nterholz- n e r (33);

4?) N a p ro p rie d ad e .

d) Como propriedade p resum ida, provável ou possivel: é a licção de M iih lem b ru ck (34), P o th ie r (35), T ro p lo n g (36), A u b ry et R a u (37), A c c a ria s (38), D alloz (39). M arezoll (40), P u g lie s e (41), D em olom be (42), B u o n a m ic i, P a g a n i , Scotti,

T a r tu f a r i e R o m a g n o si (43);

b) Como germ en da p ro p rie d a d e , p ro p rie d ad e incioiente ou p o te n c ia l: d o u trin a m G an s (44). T re n d e le n b u rg , Tha- den e T ig e rs tro e n (45);

c) Como um com plem ento necessário da protecção da p ro p rie d ad e : p ro fe ssa J h e rin g (46), seg u id o p o rW e rm o n d (47),

(28) O / j cit., vol. 6 “, §58, pag. 81 o §84, pag*. 1 ir».

(29) A pul Dalniau, op. cit , u 198, pag. 221.

(30) A put Giulio Capone, Archivio (ihiridico cit., pags 13 o II. (31) A put Jhet'icig, op. cil.. pag. 0.

(32) Itroit Naturct, cap. IV, S 1.°, pags. 321 o 322. (33) A put Dalniau, opcit., n. 200, pags. 22(>.

( 34) Apui Giulio Cajiono. no Archivio líiitridico, vol. 50, pag. 11- Na Doclrina P antlcclam m , tratando dos intordictos rcciípcrandir, clle segue a opinião do lludorlí (vol. 2.“, pags. 299).

(35) Introduction aux Continues, n. 40, pags. 737 o Traitê de la Possession, cap. 0.u, n. 82, pag. 291.

(36) De ia P rrscriplion, n. 225, pags. £65. (37) Op. cit., vol. 2.", S 477, pags. 108. (38) Op. cit., vol. 1 «, 11. 211, pags. 533.

(39) h ép erlu ire,\o i. :>G, oer!>. i^rescription Civil, n. 237, pags. 122. (40) Droit Prive ties Itumains, § 88, pags. 235.

(44) Op. cit , n. 46, pags. 225 e seguintes, (42) Code Napoleon, vol. 9.”, n. 48Ü, pags. 366. (43) A put Dalmau, op cil., n. 207, pags. 232 a 234. (44) Apiil Jhering. op. cit., pag. 6.

(45) A put Giulio Capone, no Archivio (fiuridico cit., pags, 14 e Dalniau,

op. cit., n s .2 l0 e 244, pags. 239a 241.

(46) Intordictos, pags. 42 a 197; Espirito do Direito Ttamano, vol. I. . § 71, pag, 352; Thcoria Simplificada cit., cap. V, pags. 113 a 449; Volontc

dans la possession, pags. 315 e 3:7.

(5)

FACULDADE LIVRE DE DIREITO

179

Cornil (48), S eg o v ia (49), C a rp e n tie r (50), H a u se r e R eu- lingr (51).

5 . D e accordo com as th e o ria s a b s o lu ta s, a p ro tec çã possessoria b asêa -se :

1?) N a v o n ta d e m a te ria lm e n te in c o rp o ra d a em um objecto: é o que e n s in a m G ans P u c h ta , B ru n s (52) W in d sc h e id (53) Randa, C a n ste in , R o tim a n , S ch m id t, U n g e r, B a g lia ti, B ari- netti e B e lla v ite (54);

2?) E m que a p o sse, com o a p ro p rie d a d e , serve ao des-tino u n iv e rsa l do p a trim o n io , is to é, á sa tisfa ç ã o das n ecessi-dades h u m a n a s p elas co u sas e p elo livre p o d er que so b re ellas exercemos; assim p e n sa m S ta h l (55), B u ch el. D e n sb u rg e Za- chariae (56);

3?) E m que, se g u n d o o D ig esto «omnis possessor, hoc ipso quod possessor est, plus juris babet quam ille qui non possidet» (57): é a opinião que, p o r u ltim o , foi d efe n d id a p o r B ru n s e que é preconizada p o r P a d e lle ti (58).

e.

M u ito s esc rip to re s ad o p tam os fu n d a m e n to s de duas ou m ais d as d o u trin a s in d ic ad a s (59), ch e g an d o a lg u n s a

(48) Op. cit., § 21, pags. 314 e 315.

(40) Codigo Argentino ('onimentado, nota 1.8GG ao art. 2.351, pags. 401. (50) Répertoire du Droit Civil Francais, vol. 30, verb. Possession, n. 7, pag. 815.

(51) Aput Dalmau, op. cit., n. 219, pags. 248. (52) Aput Jhering, Inlerdictos, pags. 6.

(53) Pandectas § 148, pags. 34 e 35.

(54) Aput Dalmau, op. cit., n. 243, pags. 271 e272. (55) Aput. Jhering, op. cit., pags. 6.

(56) Aput. Dalmau, op. cit., ns. 238 a 240, pags. 266 e 267. (57) Liv. 43, Tit. 17. frg. 2 .’.

(58) Jja Acção Possessoria no Direito Homaao e Moderno, resumo de Padelleti no Archivio Giuridico. vol. 15, pags. 40 a 50.

(59) E' assim que: Appleton (op. cit., cap. V, pags. 90 a 99) e Co- gliolo (Filosofia dei Diritto Privato, § 22, pags 200 a 201) seguem todas as theorias expostas, menos a da vontade; (Garsonnet op. cit., § CXXX, pags. 540 e 541) e Baudry-Lacantinerie et A. Tissier top cit., n. 211, pags. 127), - a da presumpçâo da propriedade e a de Rudorff; Namur (op. cit , § í8, pags. 119); Maynz (op. cit., § 80, pags. 629) e Pacifici Mazzoni (op. cit., n. 6, pags. 3)—a daquelle romanista e a da vontade; Lafayette (op cit., § 1.°, pags. 12 e 13) e Ribas (op. cit., § 2.°,pags. 4 a 9)—as de Savigny, Rudorff e aa presumpçâo da propriedade.

Galdi (op. cit. § 2.®, ns. 511 e 512, pags. 216 e § 3.°, n. 520, pags. 222), tratando do interdicto unde vi, adopta a theoria de Savigny e a de Ru-dorff. Quanto aos outros interdictos, não lhes apresenta fundamento

(6)

180

REVISTA DA

adoptal-os todos (60), formando esse eclectismo as chamadas

theorias m ixtas: outros julgam impossível descobrir-se, em

direito romano, qualquer fundamento philosophico-juridico á

protecção possessoria, constituindo essa neg*ativa as theorias

assim chamadas (61).

Deixamos, porém, de as expôr; porque, desde que ac-

ceitemos uma das supra expostas, e refutemos todas as

ou-tras, ficarão,

ipso facto

, combatidas estas duas ultimas (62).

7 . E ’ o

que

passamos

a fazer,

analysando

as

diversas

theorias indicadas e mostrando porque a de Jhering- nos

pa-rece a unica verdadeira.

gum em direito romano, limitando-se a refutar as doutrinas da presumpçâo da propriedade e de Gans (1 ide § 3 ° , n. 525, pags. 2*5). Elle admitte como fundamento destes interdictos em direito moderno, a presumpçâo da propriedade (n 528, pags 228), nào a admittindo, porém, em direito roma-no, por ser contraria á hvpothese de Niebuhr, que examinaremos adean- te, no § 13.°, n . 10.

(GO) Milone. aput Mazzoni, op. cit., pags. 7.

(01) a ’ vista de tantas opiniões divergentes e algumas até extrava gantes (um escriptor chegou a aífirmar que a protecção possessoria se basea em uma carta que, a 19 de setembro de 1873, o Im perador Gui-lherme dirigiu ao Bispo de Reinkens, como se vê em Dalmau, op. cil , pags. 192 e 316), aflirmam alguns escriptores que o problema é em direito roma-no, insolúvel, assemelhando-se ao da quadratura do circulo: taes sào Witte e Bekker (Vide Dalmau, op. cit., ns. 305 e 306, pags. 315 e 346).

Na ultima ediçào de suas Vandeclas, W indscheid concorda com Bekker, como se vê pelas seguintes palavras: «Per la soluzione delia ques-tione ulteriore—quale sia la ragione per cui il diritto romano ha accordato riconoscimento al fatto dei possesso come talp, le noslre fonti non ofro- no alcun punto d’appogio e non é lecito intrudere nel diritto romano quanto noi crediamo a ravviisare come fondamtnto delia tutela spettante al possesso. Questo punto di vista fa energicamente valere Bekker nel libro menzionato (cfr. Fiiv XVIII, p. 20 sg., Azzioni II, p. 28, 29, v dei resto anche Meischeider, p 51, sg.) edio ne riconosco volontieri la gius-

tezza. Perciò in qxiesta edizione ho omesso il cenno contenuto nel edi- zioni anteriori stdle numerose opinioni che sono state proposte relativa-mente al fondamento ginridico—filosofico delia tutela dei possesso.—(Nota

6 ao § 148, pags. 35).

(62) Como bem o diz Dalmau, provada a falsidade das partes, ipso

fa-cto ficará demonstrada a do todo (op. cit , n 235, p .g s. 261). Xâo se com-

prehendo, pois, como Appleton. cujo trabalho é aliás, tio preconizado por haudry-Lacantinerie et A. Tissier (op. cit., § IV, nota 2, pags. 125), depois de reproduzir a refutação esmagadora que Jhering faz das theo-rias de Savigny e Rudorff, concordando, quasi in totiim, com os argu-mentos do mesmo (Vide op. cit. pag. 24), todavia as adopta com a d e Jhering, como o mostramos em a nota 59 supra

Quanto a algumas das objecções feitas por Jhering á theoria de Savi-gny, elle confessa que «elles nous, écartent du système de S a vig n y» (op.

c it., pag. 24) e, quanto á doutrina de RudoríT, diz que «il semble bien que

(7)

FACULDADE U V RE DE DIREITO

181

§ 2 ?

TH EO RIA S DE SA V IG N Y E DE R U D O R FF

1 . Diz Savigny que, sendo a posse um puro facto, o

direi-to só a protege com o fidirei-to de reprimir um delicdirei-to contra a

pes-soa do possuidor, delicto proveniente da violência que lhe faz

quem o turba ou esbulha, sendo este o motivo porque, salvo o

precarium

, que resulta de uma injustiça, todos os outros inter-

dictos presuppõem um acto de violência contra o possuidor.

Transcrevamos suas próprias palavras :

« Como a posse, por si, não constitue um direito, a

perturbação que se lhe faz não é, em rigor, um acto

contrario ao direito ; para que se torne tal, é

necessá-rio que haja, ao mesmo tempo, violação da posse e de

um direito qualquer.

Ora, é o que se dá quando a perturbação trazida á

posse é o facto da violência, pois toda a violência é il-

legal, sendo que, contra essa illegalidade, é que é

dirigido o interdicto.

Todos os interdictos possessorios têm, pois, um

ponto commum : suppõem um acto que, por sua própria

fórma, é illeg a l.

Isto não soffre duvida quando se trata de actos de

verdadeira violência, actos essencialmente, e mais que

le Bas-Empire, â une époque oú la législation romaine possédait de;à sur la matière de la protection possessoire, un corps de doctrine complète-ment formé. Gaius iln s t., IV, 154) nous apprend que l’on peut impuné-ment expulser un individu qui possède v ic ia m ou precário á votre égard:

eirn qui a me vi, aut clam, aut precário possideto, impune dejicio». (Op# cit. pags. 24).

Nâo exporemos a theoria de Dalmau, porque só estudamos a questào em direito romano, ao passo que elle apresenta uma doutrina «indepen- diente de toda legislacion positiva, para que otro más experto construya sobre ella uma verdadeira teoria posesoria, realmente fllosofica» (op. cit., û. 315, pags. 357).

Elle, aliás, não tem iheoria alçum a propria ; mas adopta a de Jhering e extende-a a todos os direitos, dizendo que na posse se defende a

(8)

182

REVISTA DA

tr o s , c o n trá rio s ao d ire ito . E é esse o p o n to de v is ta em que se collocou o d ire ito ro m a n o em todos

os caso s em que concede in te r d ic to s p o sse sso rio s.

E ’ a s sim q u e , p o r ex e m p lo , o interdicttím de pre-cário não se b aseia, nem sobre um a convenção, nem so-b re u m a p r e te n d id a p re fe re n c ia que o a u c to r re iv in d i-c a ria a fav o r de seu d ire ito , m a s, u n ii-c a m e n te so b re — se r in ju s to , em si, a b u s a r d a b o a v o n ta d e de ou trem , ta n to q u a n to é in ju s to re c o rre r a v io lê n c ia p a ra se a p o d e ra r de u m a cousa, p o u c o im p o rta n d o que aquelle de quem ella é to m a d a , s e ja ou n ã o o seu p ro p rie

-tá rio .

E ’ p o r e s sa ra z ã o ta m b e m que ac h a m o s se m p re re-u n id o s, em re-u m a m e sm a fó rm re-u la , os tr e s m odos viciosos

de a d q u irir a p o sse — vitia pcssessionis.

S en d o , p o is, os in te r d ic to s p o sse sso rio s pro v o ca-dos p o r a c to s q u e, em s u a fó rm a , ferem o direito, c o m p re h e n d e -se p o rq u e a q u i a in d a , com o n a usucapião, a p o sse , fe ita a b s tra c ç ã o de to d a a b a se le g a l, póde tor» n a r-se a fo n te de v e rd a d e iro s d ire ito s .

Q u an d o o p r o p rie tá rio re iv in d ic a u m a co u sa, pou-co im p o r ta s a b e r pou-com o seu a d v e rsa rio se to r n o u delia p o sssu id o r, p o is que só o p rim e iro é que te m direito e x c lu siv o a e s s a p o s s e .

O m e sm o se d á n o in te r d ic to q u e te m p o r o b je cto a missio in possessioiiem : « Nec exigitur ut v i fecerit qui prohi- bnerit » (L e i 1“, § 3?, — Ne vis fiat ei qui in poss.).

E s te in te r d ic to n ã o é p o sse sso rio , p o is a viissio, em si m e sm a , n ã o te m . de m odo a lg u m , p o r effe ito con-f e r ir a p o sse : e lla só d á o d ire ito de d e te r a co u sa, e e s te d ire ito faz -se v a le r do m esm o m odo que o do pro-p r ie tá r io .

E , ao c o n tra rio , a q u e lle que só te m a p o sse da co u sa, n ã o te m só p o r isso o d ire ito de a d e te r, tendo, p o ré m , o d ir e ito de e x ig ir que n in g u é m o v io le n te . C aso a lg u e m o q u izesse faz er, é p o r um in te r d ic to

que

elle se p r o te g e r ia c o n tra a v io lê n c ia , e é o sim ples fa c to d a p o sse que lh e dá d ire ito a esse in te r d ic to .

(9)

FACULDADE LIVRE DE DIREITO

183

A q u i, p o is, com o a r e s p e ito d a u su c a p iã o , a p o sse se to r n a a c a u sa d e te r m in a n te de ce rto s d ire ito s » (1).

2

.

A o p in iã o de R u d o rff. b a s e a n d o a p ro te c ç ã o p o sse s- so ria em u m p rin c ip io de o rd em p u b lic a — a p ro h ib iç ã o d a ju s tiç a p o r p r ó p ria s m ã o s — , c o n c ilia -se p e rf e ita m e n te com a

de S a v ig n y , j á p o rq u e esse in te re s s e p u b lic o p ó d e co in c id ir com o in te r e s s e p riv a d o do p o s s u id o r, j á p o rq u e a tu r b a ç ã o e o e s b u lh o v io le n to s d a p o sse n e m se m p re tê m p o r fim faz er ju s tiç a p o r p r ó p ria s m ã o s com o o n ão tê m n a tir a d a illeg-al da

posse ciam aut precário (2).

O p ro p rio R u d o rff re c o n h e c e u a p ro c e d e n c ia d e ssa s r a -zões, pelo que ta c ita m e n te a b a n d o n o u su a o p in iã o , a d o p ta n d o

a de Savig-ny (3 ).

E is p o rq u e , n o p re s e n te p a r a g r a p h o , re u n im o s as d u as th e o ria s , lim ita n d o -n o s a a n a ly s a r a d e ste ro m a n c is ta .

3 . C om o n o l-o m o s tra J h e r in g (4), e lla é in a c c e ita v e l pelos s e g u in te s m o tiv o s :

1?) \ à o a b r a n g e c a s o s q u e d e v e r i a a b r a n -g e r , ta e s c o m o :

(1) Op. c it., § 2.«, pags. 9 a 11.

(2) Jhering, op. cit . pags. 7 e 8; Belhmann-Hollweg, na Posse de Sa- vigny, Appendice, pags. 583 e 584.

(3) Kis sua» palavras: « Belhmann-Hollweg, dans son jugement sur cet ouvrage (Jarb fu r h r itik . 1838, n. 35), a.joinle une obseivation

convaincan-te» iSavigny, Posse, Appendice, pags. 583).

Nào é menos convincente a observação deJ. Appleton, em a nota 57 ao § l.°d este capitulo, bem como a que ainda faz: « m l’on s’en tient à la pe- liode classique, sans faire porter son examen sur les derniers siècles de 1 Empire, où des consideialions de police et d'oidre public avaient fait édi- cter sur ce point des di>posiiions spéciales, on iema!t|uera que le d< faut de protection possessoiie d'un possesseur contre la personne àl'egaid de laquelle sa possession est vicieuse, se liouve proclamée par de nombreux textes. Et même dès une epoque très ancienne, la loi agraire de 643, im proprement appelée loi Thoria, contient, dans sa ligne 18, une phra?e lève Iatrice : elle accorde une action restituloire au titulaire d'une possessio ex puisé par violence, mais seulement si r\eqne vi, neque clam neque precario

possideret ab eo q ui eum ea possessione vi ejecerit. — Voyez aussi Ciceron, Pro Coecina, 8,22, 23; P ro Ttillio, 44; Gaius, IV, 154: E um q ui a me vi, a«t clam, n ut precario, possidet, im pune dejicio ; Paul, V. 6. § 7 : Qui vi, nui clam, a u t precario possidet ab adversario, im pune dejiciliir ; et

poul-ies meubles le fr. I, g l.°, Utrubi, 43, 31.» (Op. cit., pags. 27 e 28). (4) Op. c it., pags. 9 a 20 e 84 a 87.

(10)

184

REVISTA DA

A ) O s detentores alieno nomine, como os lo c a ta rio s, arren- d a ta rio s e d ep o sitá rio s, que não g o sam da p ro tecção possesso- r ia , em bora a co n servação da cousa que detêm p o r o u trem lhes te n h a sido tu rb a d a p o r um a v iolência in ju s ta , v iolência que, e n tre ta n to , é um a tte n ta d o c o n tra a p e rso n a lid a d e dos m esm os, com o o se ria c o n tra a do possuidor.

E is a re sp o sta de S av ig n y :

« D e duas u m a : ou esse d e te n to r e s tá de accordo com o v erd ad eiro p o ssu id o r, ou em op- p osição ao m esm o.

N o 1? caso elle não tem necessid ad e dos in- te rd ic to s , visto que os do p o ssu id o r lh e bastam ;

N o 2?, si elle quizesse in v o c ar os in terd icto s c o n tra a von tad e do p o ssu id o r, se ja c o n tra este , m esm o, se ja c o n tra um te rc e iro , não o poderia, p o rq u e, fazendo-o, c o n tra v iria as relações obri- g a to ria s sobre as quaes se b a se ia su a detenção e q ue cobrem co m p letam en te to d o s os seus in ter-esses » (S).

E s ta re sp o sta n ão satisfaz; po rq u e, si os in te rd ic to s foram in tro d u z id o s, não p o r ca u sa da posse, m as p a ra p ro te g e r a p e sso a c o n tra a vio lên cia, o d e te n to r a soffreu, e p o is, não deve, p a r a a re p rim ir, ficar n a d ep e n d en c ia do p o ssu id o r, quan-do a in ju s tiç a lh e foi pessoal.

O que é logico é que, si am bos foram , em su a p erso n a li-dade, lesados p ela violência, sejam am bos p ro te g id o s, como si um só o foi, só este o seja.

E ’ o que se dá com o in te rd ic to quod v i aut ciam: si o opus qtlod vi aut clamfactum lesa eg ualm ente os interesses do senho-rio e do a rre n d a ta senho-rio , são am bos p ro te g id o s (6).

O ra, si a tte n d e rm o s a que este in te rd ic to p resu p p õ e um d elicto —

jacto tno

dKUNQUKntis (7), in ju r ia m

comminisci

(8) — fac ilm e n te con clu irem o s que, si os ju risc o n su lto s ro m an o s

con-(5) Op. cit., § 6.*,pag. 40.

6) D ig., Liv. 43, Tit. 24, frg. 12. (7) Ibidem, frg. 3.*, pr.

(11)

FACULDADE LIVRE DE DIREITO

185

siderassem os in te rd ic to s p o ssesso rio s com o te n d e n te s a re p ri-m ir uri-m d elicto c o n tra a p esso a, n e c e ssa ria ri-m e n te os concede-riam ta m b em aos m eros d eten to res.

N ão p ro ce d e a re s p o s ta de S av ig n y — que elles não p re -cisam de u m a protecção In d ep e n d en te ; p o is, ta n to o p re-cisam , que o d ireito rom ano lhes concede as acliones fu r ti (9) e vi bo- norum raptoruvi (10).

S i o faz, é que reconhece a lesão aos d ireito s do m ero deten to r e a necessid ad e de lh e con ceder u m a p ro tec çã o im- m ediata.

E e s ta p ro tec çã o a b ra n g e , não só a lesão á p esso a, como o in te resse p a trim o n ia l do d e te n to r n a co n serv aç ão d a cousa : « Preterea habent fu r ti aclionem coloni, quamvis domini non sint, quia

IN T E R E S T E O R U M (11); llt E X SU B ST A N T IA M EA TO ablald CSSC pro-

ponatur... at i n t e r s i t m e a eam non auferri ( 1 2 ) .

A cc re sce que o p o ssu id o r p ó d e e s ta r a u s e n te e n a im possibilidade de v ir d efe n d er o d e te n to r, com o quando o sen h o -rio m óra em lo calid ad e d iffe ren te e, ás vezes, m u ito d ista n te da do in q u ilin o (13).

N ão é ta m b em sa tis fa c to ria a re sp o sta de S av ig n y , q u an -do diz q u e— si o p o ssu id o r e o d e te n to r não estiv erem de ac- cordo, este não p óde in v o c ar os in te rd ic to s , v isto e x o rb itar das relações o b rig a to ria s em que b aseia su a d e ten ç ão ;— p o r-quanto:

a) com e sta ex o rbitancia n ad a tem que ver o tu rb ad or; b) e sta hypothese se daria, p rincipalm ente, quando o lo-cador fosse expulso pelo lo c a ta rio ; ora, em ta l caso, este, que se fez p o ssu id o r, te m os in te rd ic to s (14).

B — . A deten ção de cousas extra commercitím e das pessoas incapazes de ser p o ssu id as e a que é fe ita p elas que não po-dem p o ssu ir.

(9) D ig., Liv. 47, Tit. 2.', frg. 14, 8 2.*, e frg. 85. (10) Ibidcm, Tit. 8.°, frg. 2.°, § 22.

(11) Dig., Liv. 47, Tit. 2.», frg. 11, § 2.1 (12) Ibidem , frg. 2.°, § 22.

(13) Wermond, op.

cit.

pag. 25. (14; Dig., Liv. 43, Tit. 16, frg. 12.

(12)

186

REVISTA DA

a) Cousas: como é corren te, não póde haver questão de posse e nem de p ro tecção p o sse sso ria d a s cousas extra corn- mercium.

O ra, esse p rin c ip io é in c o n ciliáv e l com a th e o ria de Sa- v ig n y ; p o rq u a n to , s i a posse é p ro te g id a p o r ca u sa d a vio-lê n cia fe ita á p esso a, pouco im p o rta a n a tu re z a da co u sa por

ella d e tid a p o r occasião da d ita violência, com o é com pleta-m en te in d ifferen te que upleta-m h o pleta-m icidio se te n h a dado perto de u m a ca sa ou de um cam po, ao pé de um carv alh o ou de u m a fa ia .

E ’ o que se dá c o m a actio injuriaram (15), em que se p resc in d e da q u alid ad e ju ríd ic a da co u sa:— que se im peça a alg u em de u sa r de u m a cousa p ró p ria ou de um a res publica (in publico lavare, ant in cavea publica sedere) ou de um a res communis omniüm (in mari piscari), — sem pre elle te rá a actio injuriarum.

T a m b e m o d e te n to r, au c to riza d o , de um locus publicus é p ro teg id o pelo p re to r c o m o in te rd ic to de loco publico fruendo (16).

N em se d ig a que o p o ssu id o r de u m a t o extra cotnmercium, em p o ssu in d o -a, com m ette u m a in ju s tiç a e e s ta não deve ser p ro teg id a; pois o m esm o se póde dizer do la d rã o e do saltea-dor, que, e n tre ta n to , gosam dos in te rd ic to s possessorios.

P o rq u e tin h a o pater fam ilias o in te rd ic to p ossessorio utrubi c o n tra quem re tin h a seus escravos e o não tin h a no caso da re te n ç ã o de seus filhos, devendo en tão re c o rre r a um in te rd

i-cto esp ecial— de liberis exhibendis et ducendis ?

b) Pessoas: Os escravos e os filhos-fam ilias são, em direi-to ro m an o , in c ap a ze s de p o ssu ir (17), p rin c ip io este que,

se-g u n d o S av ise-g n y ,

« re su lta e v id en te m e n te da r e g r a g e ra l, seg u n d o a qual o filhofam ilias n ão póde te r d ireito p atrim o -n ia l alg u m » (18).

(15) Ibidem , Liv. 47, Tit. 10, frg. 13, § 7.».

(161 Ibidem , Liv. 43, Tit. 9.“, frg. 1.*, pr. c frg. 2.''; Appleton, op. cit., pag. 20.

(17) Dig., Liv. 41, Tit. 2.», frg. 49, § 1.». (18; Op. cit., pags. 109.

(13)

FACULDADE LIVRE DE DIREITO

187

Como, p o re m , se c o n c ilia r essa ex plicação com su a dou-trin a— que, n a posse, não é o patrimonio que é p ro te g id o e, sim, a p esso a ? !

Si é do d elicto que nascem os in te rd ic to s p o sse sso rio s, não podemos rec u sal-o s ao filh o -fam ilias, com o lhe não recu sam o s a actio injüriarum e o in te rd ic to quod v i aut clan: «Suo nomine nvllam actionem habct, n i s i i n j ü r i a r u m e t q u o d v i a u t c l a m et

depositi et commodati (19).

2?)

Abrange oasos qne iifto deveria abranger:

é assim que concede os in te rd ic to s p o sse sso rio s ao la d rã o e ao salteador, q u an d o estes n ão g o sa m das acções c rim in a e s — actio furti e actio legis Aquiliae (20).

E p o r que m otivo ?

P o rq u e «Nemo d e i m p r o b i t a t e s u a consequitiir actionem (21);

por que s ó «babet actionem, s i h o n e s t a e x c a u s a i n t e r e s t » ( 2 2 ) .

O ra, e s ta m esm a razão d ev eria p rev a lec er p a ra os in te r d i-ctos p o ssesso rio s.

O u tra in c o h e re n c ia : S i ao m ala fidei possessor o p ro p rie tá -rio tir a r a co u sa c la n d e s tin a ou v io le n ta m e n te , ou si a d e s tru ir, aquelle n ão te rá c o n tra este n e n h u m a acção ex delicto: nem a condictio fu rtiv a , porque ella presum e a propriedade; nem a actio fu rti e a actio legis Aquiliae, como o vim os supra; de sorte que, prev alecen d o se sim p lesm en te de seu d ireito de p ro p rie dade, o p ro p rie tá rio re p e llirá q u alq u er dessas acções; e n tre ta n -to, si aqu elle in te n ta r um in te rd ic to p o sse sso rio , com o, no d i-reito ju s tin ia n e u , póde fazel-o, ta n to p a ra os m oveis, como p ara os im m oveis (desde que J u s tin ia n o collocou co m p le ta m e n -te n a m e sm a lin h a os in -te rd ic to s titi possidetis e utrubi), já não p o d erá o p ro p rie tá rio excepcionar com a su a p ro p rie d a d e , e a malae fidei possessio do a u c to r só se rá a g ita d a ta n to q u a n to a exceptio vitiosaepossessionis fôr fundada em relação a elle pro p rie-tário .

(19J D ig., Liv. 41, Tit. 7.», frg. 9.°.

(20) Ibidem , Liv. 47, Tit. 2.°, frg. 12, § 1 »; e frag. 76 § I.«- Liv. 9.°, Tit.

2.°, frgs. 10 e 36 e arg. do frg. 17, pr. (21) Ibidem , frg. 12, citado.

(14)

188

REVISTA DA

V ê-se, p o is, que o p o n to de v is ta de apreciação differe c o m p letam e n te nos dois casos: no p rim e iro , prevalece a con-sideração do delicto ; no seg u n d o , cousa m u ito d iversa.

3?)

ííilo se concilia com a incxistcncia de na­

tureza dclictuosa em quasi todos os intcrdictos

possesso rios.

Com effeito, an a ly sa n d o os d iffe ren te s inter-

dictos p o sse sso rio s, só em um — o unde v i (23) en co n trarem o s a ex iste n c ia d a n a tu re z a d elictu o sa de que fala S a v ig n y .

E lle p ro c u ra ju stific a l-a , q u a n to ao iuterdicttím de precário, dizendo :

« que é in ju sto , em si, a b u s a r da b o a v o n ta d e de ou-tre m , ta n to q u a n to é in ju s to re c o rre r á violên cia p a ra se a p o d e ra r de u m a c o u sa» (24).

A p ro ced er e s ta razão , d ev eríam o s ta m b em , como é in-tu itiv o , c h a m a r acções ex delicto á condictio ex muin-tuo e á adio commodati.

S i o in te rd ic to de precário p ó d e a s s u m ir um c a ra c te r de- lictu o so pelo dolo do p re c a ris ta (25), ta m b e m a acção de rei-v indicação o póde pelo dolo do p o s s u id o r ; com o, p o ré m , esta sim ples p o ssib ilid a d e não co n v e rte a reiv in d ica çã o em acção ex delicto, tam bem não converte o in terd icto de precário.

S e rá que a re c u sa de re s titu ir a p o sse co n terá necessari-am en te um dolus?

N ã o ; p o rq u a n to póde ac o n te ce r que, p o r exem plo, o her-deiro do p re c a ris ta ou o seu tu to r ou c u ra d o r, caso elle seja m enor ou in te rd ic to , não conheçam de m odo algum o precarium> ou que o p ro p rio p re c a ris ta te n h a , no in te rv a llo , sabido que elle é que é o v erd a d eiro p ro p rie tá rio do o b je cto e recuse a re sti-tu iç ã o do m e s m o ,— idcirco quia recepsti-tum est rei sua. precarium non esse (26).

(23J Este proprio interdicto perdeu, depois, o caracter de acção exde-

licto, como o diz Bruns (Dalmau, op. cit., n. 173, nota 35, pags. 200J,

(15)

FACULDADE LIVRE DE DIREITO

189

Q u an to ao in te rd ic to ntrübi, n a íó rm a que tin h a a n te s de Ju stin ian o , n ão p re s u p p u n h a vio lên cia a lg u m a ; pois p o d ia ser intentado, n ã o só c o n tra quem tin h a im m e d ia ta m e n te s u b tra - hido a posse ao a u c to r, com o c o n tra q u a lq u e r te rc e iro , m esm o o bona fidci possessor : a condição u n ic a era que o au c to r tiv esse possuido, p o r m ais te m p o que o reu , d u ra n te o a n n o a n te rio r, a partir do m o m e n to d a p ro p o s itu ra da a c ç ã o .

Que e s te in te rd ic to , bem com o o uti possidetis, n ão pre- suppõem v io lê n c ia a lg u m a , é o que re s u lta ev id e n te m e n te do motivo p o rq u e elles fo ra m in tro d u z id o s em d ire ito ro m a n o .

E il-o :

« T o d a s as vezes, diz U lp ia n o , que h a d eb a te sobre um a q u estão de p ro p rie d a d e , ou existe accordo e n tre as p a r te s so b re qual d elias te m a posse, ou n ã o . S i e xiste, tu d o é sim p les : aqu elle a quem a p o s s e é rec o n h e c id a é que g o s a rá das v a n ta g e n s a ella in h e re n te s , devendo a o u tra p a r te re p re s e n ta r o p ap e l de a u c to r n a acção de re iv in d ic a ç ã o .

Si h a , p o rém , d iscu ssão sobre o p o n to de se saber quem p o ssu e, p re te n d e n d o cada um a das p a rte s te r a po sse, ou e n tã o , si o d eb a te v ersa so b re u m im m o v e l, re- co rre r-se -á ao in te rd ic to uti possidetis » (27).

« T e m lo g a r, diz G aio , a concessão de um in te r -dicto retinenda possessionis, quand o, h av en d o um d eb a te so b re a p ro p rie d a d e , se te m , a n te s, de in d a g a r qual dos litig a n te s deve p o ssu ir e q u al deve re p re s e n ta r o pap el de a u c to r : d a h i os in te rd ic to s titi possidetis e utrtíbi.

C oncede-se o uti possidetis, q u an d o se tr a t a da posse de um fundo ou de casas ; o utrubi, p o rém , qu an d o se tr a t a d a posse de cousas m oveis » (2 8 ).

A s s im , p o is, se g u n d o estes te x to s, aos quaes poderem os a c crescen tar o u tro s, (29), os in te rd ic to s retinenda' não foram in -troduzidos p a r a re p rim ir v io lê n cia alg u m a, á qual nem de leve se

(27) Ibidem , Tit, 17, frg. 1.», § 3.°.

(28) Commentaries, Liv. 4 °, §§ 148 e 149.

(16)

190

RIÍVISTA DA

re fe re m , m a s, s im p le sm e n te , p a r a d e c id ir u m a controvérsia posses-sionis, com o p re lim in a r á acção de reiv in d icação , afim de de-te r m in a r quem n e s ta d ev ia fig u ra r com o reu e quem como a u c to r.

E ’ o que m a is te rm in a n te m e n te a in d a d e c la ra o mesmo U lp ia n o .

« O r e s u lta d o do d e b a te so b re a p o sse é so m e n te le-v a r o ju iz a d e c la ra r qu em p o ssu e : p o r ta n to , aquelle, c o n tra o q u al tiv e r sid o d a d a a d ec isã o n e s te d e b a te

so-b re a p o sse , d ev e rá r e p r e s e n ta r o p a p e l de a u c to r, quan-do p ro p u z e r a q u e s tã o de p ro p rie d a d e » . (30)

E p ó d e h a v e r controvérsia possessionis sem q u e h a ja de-lic to a lg u m .

A s s im , n o s diz J u lia n o , que a e n tr e g a d a p o sse p ó d e ser f e ita sub conditione, e d a h i elle c o n c lu e q u e, e m b o ra a co u sa te-n h a sid o e te-n tre g u e ao accipiete-ns, e s te , to d a v ia , só a d q u irirá a p o sse d a m e sm a n o d ia em que a c o n d içã o se r e a liz a r (31)

O ra , s u p p o n h a -s e que e n tre as p a r te s h a ja u m a q u estão so-b re e s s a re a liz a ç ã o : h a v e rá u m d e so-b a te so so-b re a p o sse , uma. con-trovérsia possessionis, e, e n tre ta n to , não h a v e rá vio lên cia e nem d e lic to a lg u m .

O m e sm o p ó d e d a r-se , q u a n d o , e n tre dois p re te n d e n te s a u m a h e r a n ç a , se t r a t a r de s a b e r quem p rim e iro to m o u posse do fundo h e r e d itá r io , ao q u al, p o r c a m in h o s d iffe re n te s, chegaram a m b o s ao m esm o te m p o : h a v e rá controvérsia possessionis, mas to d a p a c ific a , sem v io lê n c ia a lg u m a , e c p re c is a m e n te neste ex em p lo que U lp ia n o e G aio ac h a m o p o n to de p a r tid a na d isc u ssã o d e s te in te r d ic to .

D o u s co -p o ssu id o re s a c h a m -se em d esac co rd o so b re uma r e p a ra ç ã o a faz er n o p re d io e d eseja m p ro v o c a r u m a decisão ju -d ic ia ria , o q u e, co n fo rm e o C o -d ig o (32), fa rã o pelo u tipossi-detis.

(30) Dig., Liv. 41, Tit. 2 °, frg. 35. (31) Dig., Liv. 41, Tit. 2.», frg, 38, § 1.«. (32; Liv. 10, Tit. 3.» Const. 12.

(17)

FACULDADE LIVRE DE DIREITO

191

P a r a p ro v a r que n e s te s dous in te rd ic to s h a v io lê n cia, Sa- vigny in v o c a a fo rm u la dos m e sm o s : « v im fiere veto » (33).

E s te a rg u m e n to , p o ré m , é c o n tra p ro d u c e n te .

B a s ta , com effeito , c o m p a ra r e s ta f o rm u la com a d os in -te rd icto s q u e , nemine discrepan-te, tê m um c a r a c -te r p e n a l, v is to terem sid o e s ta b e le c id o s p a r a p u n ir um fa c to d e lic tu o so :— o quod vi aut ciam e o u n d ev i.

E is a f o rm u la do p rim e iro : «Qtlod v i aut clam f a c t u m e s t . . . restituas » (34).

E is a do s e g u n d o : « U ndevi illum d e jECIs t i aut fa m ília tua dEJECi t . . . judicium dabo » (35).

O m o d o p o r q u e o p r e to r se e x p rim e , n e s te s dois in te rd ic to s , usando do v e rb o no p a s s a d o , m o s tra , sem a m e n o r so m b ra de duvida, q u e elle quiz e x p rim ir u m a v io lê n c ia anterior aos mesmos-, e, e n tr e ta n to , n o utipossidetis e n o íitrubi elle se re fe re , ta m b e m , sem a m e n o r so m b ra de d u v id a , a u m a v io lê n c ia fu tu ra , pos-terior ao ed icto , q u an d o , firm ando-se nelle q u izer o au c to r levar a co u sa: «U ti nunc possidetis, q u o m i n u s i t a p o s s i d e t i s, v i m f i e r i v e t o . » « Utrubi hie homo de quo agitur, aptid quem majore parte hujus anni fu it, q u o m i n u s i s e u m d u c a t , vim fieri veto » (36).

E ’ o q u e se vê a in d a p e la m is sã o d a d a ao ju iz ou aos re- c u p e rad o res de e x a m in a r Ntlrn v ií fa c t a sit contra edict um pretoris (37) re fe rin d o -s e , p o r ta n t o , ao te m p o p o s te rio r ao e d ic to (3 8 ).

4?)

Silo im iteis os interdictos possessorios, con­

siderados como acçòes crim inacs especiaes,

a

t-te n ta s as q u e j á e x istia m e que era m m a is q u e suf& cient-tes : — p a ra a tu rb a ç ã o d a p o sse , o in te r d ic to quod v i aut ciam (39)

(33) Op. c it.. pag. 374, citando o Dig., Liv. 13, Tit. 31, frg. l.°p r. (34J Dig., Liv, 43. Tit. 24, 1'rag. 1.» pr. (35) Ibidem . Tit. 16, frg. 1.°, pr.

(36) Gaio,C om m entarios, Liv. 4.°, § 160,

(37 J Ibidem. § 141 : « An o liquid adversus prcetoris edilutn faclum sit,

vel an faclum no n sit quod is fieri ju s s it. »

(38J Vide ainda, no mesmo sentido, Ruggieri, op cit., vol. 1.» § 15, pag. 27 ; Appleton, op. c i t , 22, citando tambem Saleiües. Wermond, pags.

21 e 22.

(18)

192

RUVISTA DA

e a adio injuriarum (4 0 ); p a ra o esbulho, a actio fu r ti, que

no

d ireito a n tig o , se e x te n d ia m esm o aos im m oveis (41), e com- p reh e n d id a, ao m esm o tem p o , a su b trac çã o c la n d e stin a e a vio-le n ta (42) e p o d eria , sendo necessário , esten d er-se m esm o ao p re c a rista (43).

5?) T am b e m as

condictioiies

te n d e n te s á re stitu iç ã o da posse, e de que se o rig in a ra m os in te rd ic to s p o ssesso rio s, não se conciliam , como o en sin a B ru n s,c o m a th e o r ia d e S a v ig n y ; p o rq u a n to n ellas a posse ap p arece com o objecto e b ase da acção, in d e p e n d e n te m e n te de to d a a v iolência (44).

4 . R esu m in d o e in v e rten d o a ordem dos arg u m e n to s ex p o sto s, concluím os que a d o u trin a de S av ig n y a ttrib u e ao pre-to r a creação de acções ex-delicpre-to, o riu n d a s da violência, para a p ro tecção p o sse sso ria, quando :

1?) n as condictiones de que ellas se o rig in a ra m , não h a re-feren c ia a delicto ou violência a lg u m a (5?);

2?) eram co m p letam e n te d esn ec essa rias ao lado das acções j á ex iste n tes (4?).

3?) salvo em u m a , não h a , em to d a s as o u tra s, id e ia algu-m a de d elicto ou violên cia (3?);

4?) a b ra n g e casos que não d ev eria a b ra n g e r (2?), e, ao in v erso ,

5?) n ão a b ra n g e os que d ev e ria a b ra n g e r (1?) (45).

(40; Ibidem , Liv. 47, Tit. lo, frg. 13, §7.*.

(41) Gellius, XI, 18, § 13. T. „ „ M (42) Dig., Liv. 47, Tit. 8.°, frg. 1."; Gaio, Comm entanos, Liv. § 209. (43) Gellius, loco citato, comparado com o Dig., Liv. 47, Tit. 2.°, frgs.

GG, pr , e 67, pr.

(44) Da Acção Possessoria no Direito Romano e no Moderno, pags. 27 e seguintes, apud Jhering, op cit., pag. 19, nota 31.

Este ultimo ponto será convenientemente desenvolvido.

(45) São esses, em resumo, os argumentos de Jhering e que sâo repro-duzidos pelos outros escriptores. ccmo se pode ver em Dalmau, op. cií., ns. 166 a 179, pag. 196 a 207; Appleton, op. cit., pags. 18 a 29 ; Wermond, op.

cit., n. 6, pags. 16 a 26; Cornil, op. cit. §21, pag. 311. e 312, o Ruggien, op. cit.', vol. 1.°, §§ 12 a 20, pags. 23 a 33.

(19)

f a c u l d a d e

l i v r e

d e

d i r e i t o

193

§ a .

T H E O R I A D E T H I B A U T

1 . S e g u n d o T h ib a u t, a p o s s e é p ro te g id a , porque

«é um p rin c ip io d o m in a n te e necessário n a vida ra -cio n al— que n in g u é m póde v encer ju rid ic a m e n te a o u tr e m , si n ão tiv e r m otivos p re p o n d e ra n te s de um d ire ito m elh o r; d ah i re s u lta que este estad o de cou-sas, puramente de facto em si, se to r n a da m ais a lta im - p o rta n c ia ju r id ic a , p o r conduzir a e s ta r e g r a — que to d o o indiv id u o que exerce, de facto , um d ireito , deve ser m a n tid o n e s te estado de facto, até que um o u tro te n h a d em o n strad o te r um d ireito m e-lh o r» (1).

2 . E s ta th e o ria é e g u a lm e n te inacceitavel; p o r q u e :

I) si a posse é u m sim p les estad o de facto , não se ria p r e -ciso um d ire ito p re e m in e n te p a ra fazel-a d esap p a re cer; pois o estado de fac to nasce e p a s s a sem que o d ireito nelle to m e a menor p a rte .

E ’ um fa c to , exem plifica J h e rin g , que m in h a tilia p ro te g e o meu v izin h o c o n tra os raio s do sol; m as quem o p ro te g e rá , s i eu quizer a b a te l-a ?

P a r a um co m m ercian te é um facto te r u m a b o a fre g u e z ia , mas n in g u é m im p e d irá a um c o n c u rre n te de lh ’a tira r;

II) o lo c a ta rio , que é expulso p o r um te rc e iro sem d ire ito algum á co u sa, te m um direito melhor que este, v isto que seu estado de fac to re p o u sa so b re um a concessão o b rig a to ria da parte do v e rd a d eiro p ro p rie tá rio e, e n tre ta n to , n ão se lh e con-cedem os in te rd ic to s p o sse sso rio s, com o, si elle s u b tr a h ir a

(1) Syslcma das Pandectas, §§ 203 e 201, aput Jhering, op. cit., pag. 20

(20)

194 REVISTA DA

posse ao dejiciens ou a um herdeiro deste, não se lhe permitte provar que tem um direito melhor (2).

T H E O R IA D E R O D E R

1 . RÒder funda a protecção possessoria no princip segundo o qual — quilibet praesumitür justus, donec probetur

con

-

trarium.

(2) Ib id e m , pags. 20 a 22; Dalmau, op. cit., n s. 197 a 199 p ag s. 223 a 2 R uggieri op. c it., §§25 e 26, pags. 10 a 42; A ppleton, op c it., p a g . 30.

Como se póde v e r, nos p a ra g ra p h o s su p ra citados, R uggieri refu ta a d o u trin a de T h ib au t, repro d u zin d o , com p eq u en a v a rian te , os argum entos su p ra de J h e rin g .

Nào conclue, e n tre ta n to , como e ra força, pela falsidade com p leta d a mes-m a, mes-mas só p o r umes-m a falsidade parcia l: «Tutto questo ho detto non colla v ista di con dannare come dcl tutlo false in se le cose scritte d a q u esti autori; che an zi’ m odificate e m esse al loro posto vedrem o esser giustissim e. Mal il p rin c ip a le e rro re, in cui secondo me sono i m edesim i in co rsi, sta nello av e r p ro n u n ciato q ueste idee come p rin c ip a le od uniche n e lla spiegazione d elia difesa dei possesso» (P ag. 42).

Pois bem; no §58 elle ad o p ta d o u trin a id ên tica á de T h ib au t e náo a p re ­ sen ta q u alq u e r o utra id e ia prin cip al ou acc esso ria: «Dalle cose esposte a p - parisce che existono realm en te in te rd e tti effetti dei possesso e su a d ife sa . Ma clie non sono ta li rig u a rd ato il possesso per se e per v irtú sem plice dei m edessim o, privo com ’é di vero elem ento atto a g e n e r a re d ir itti. L ’efficacia, che il possesso p e r se solo non av rebbe, l’h a a v u ta d a ll’o p era an im atrice dei p re to re . 11 p re to re diè peso ad u n a ragione di c o n v e n ie n z a re la tiv a al, p o s­ sesso; qual si é non debbasi, a diritto non p r o v a to , c a ngia re un o st ato di fatto» (Pag. 81).

O bserva A ppleton que «l’objection d ’Jh e rin g se ra it fondée, si l'on pouvait d ire d ’une façon absolue que la possession est un fa it.

Mais il est im possible de raiso n n e r avec c ette rig u eu r; et, en presence des textes co n trad ic to ires que nous avons c ite ’s plu s h au t, et q u i considèrent la possession, ta n tô t com m e un droit, ta n tô t com m e un fait, il faut dire, soit que la possession e s t a la fois un d ro it et un fait, soit q u ’elle n ’est ni l’un ni l'a u tre , soit qu elle est l’un ou l’a u tre, suivant le p o in t de vue auquel on se place, m ais il est im possible de donner une reponse absolue. Il fa u d ra donc te n ir com pte, dans une certain e m esure, de l'idée de T h ib a u t.» (Op. cit., p a g s. 30 e 31).

E sta observação é, em todos os pontos, im procedente:

1.° Jh e rin g a rg u m en ta com as p a la v ra s do p ro p rio T hibaut, p a ra o quai a posse é um p u r o facto, como se vê su p ra, no n . 1 do p a ra g ra p h o , onde estâo su b lin h ad as as d ita s palavras;

2.° P o rq u e, mesmo que T h ib au t ad m ittisse que a posse é um direito , ain d a assim , su a th e o ria se ria in acceitav el, p o rq u e o locatario tem um d irei­ to e, e n tre ta n to , náo tem os in terd icto s possessorios;

3.° P o rq u e já deixam os d em onstrado: a) que a posse é um d ireito e só um d ireito (cap . 3.°); b) que é só a p p a re n te a contradicçào dos textos do di- fe ito rom ano ( Vide c a p . 3.°, § 3 .u, nota 27).

(21)

FACULDADE U V R E DE DIREITO 195

Diz elle, em virtude deste direito

«de que g o s a to d o o possuidor, é preciso adm ittir provi-soriam ente que toda relação exterior que elle se acha em fren te de uma pessoa ou de uma cousa e que póde ter por base e por causa um direito necessário a seu exer- c ic io , não subsiste tam bem na realidade, sinão em vir-tude desse direito e que, por consequencia, essa relação não é in justa.» (1)

2 . — E s ta theoria n ã o é verdadeira, porque :

a) não abrange o s detentores alieno nominey em cujo favor

milita o m esm o principio ;

b) e, ao contrario, abrange os m o lc e fidei possessores

,

que se

não podem nelle firmar ;

r) porque é da natureza do mesmo adm ittir-se a prova em contrario— donec probelur conirarimn— , ao passo que sim ilhante prova é excluida do possessorio ; (2)

d) porque o dito principio deve tambem applicar-se ao de- jiciens com relação ao dejeclus e, pois, como o dizem R uggieri

e Dalm au, não se explicam os interdictos recuperando? pos-

sessionis ( 3 ) .

(1> A p u t J h e r i n g , op cit , p a g . 22.

(2i Ibidem , p a g a . 22 e 23. Q u a n to á p r i m e i r a d e s s a s r a z õ e s — n à o a b r a n ­ ger o s detentores alieno 1101)11110—, d iz A p p le to n : « N o u s a d m e t t o n s p a r f a i ­

te m e n t le tùen fondé äe ce reproche * K» e n i r d a n l o , c o n t i n u a : « M a is q u e faut-il c o n c l u r e d e l á ? A'on pas que Vopinion de llo d er est in exa cte, m a is

q u e l l e e s t im puissante à tout exp liq u er dans le systèm e rom ain . (Op. cit., p a g s, 31).

O ra , J l i e r i n g s ô s e r e f e r e a o s y s t e m a r o m a n o , t a n t o q u e c o n c lu e s u a c r i ­ tica, d iz e n d o :

« N o u s s o m m e s p a r t i s d e l a s u p p o s i ti o n q u e R ô d e r a p r i s p o u r b a s e d e s a th é o rie la n otion scientifique habituelle ou rom aine d e l a p o s s e s s io n ; q u e celui q u i d a n s u n t r a i t é d e p h i l o s o p h i e d u d r o it v e u t e n é t a b l i r u n e a u tr e , le fa sse , je n e c o n t e s t e c e d r o i t à p e r s o n n e ; m a is a u m o in s q u ’il d is e a lo r s p o u rq u o i e t c o m m e n t il s ’é c a r t d u d r o it r o m a i n ; c ’e s t c e q u e R o d e r n ’a p o in t iait». (Op. cit.. , p a g . 23).

A c c r e s c e q u e A p p le to n c a h e e m p a l p a v e l c o n t r a d i c ç à o , p o is j â a c c e i to u a p r o c e d e n c i a c o m p l e t a e to ta l d a o b j e c ç i i o c o n t r a a t h e o r i a d e S a v ig n y . (Vide f>l>> c it., p a " s . 20 e 21), q u a n d o a r a z à o é a m e s m i s s i m a e m r a l a ç à o á d e R o d e r, isto é, a m b a s a s t h e o r i a s n à o a b r a n g e m c a s o s q u e d e v e r ia m a b r n g e r. Q u a n to á s e g u n d a r a z à o , d iz A p p le to n : < C e tte o b je c t io n n e m e p a r a i t p a s p e r e m p t o i r e . 11 y a d a n s l'o p in io n d e R o d e r , u n e id é e i n e x p r i m é e , m a is qui d é c o u lé d i r e c t e m e n t d u p r i n c i p e s u r le q u e l il s ’a p p u i e , e t q u i m e s e m b le ré p o n d re d u n e fa ç o n s a t i s f a i s a n t e à l’o b je c t io n d ’J h e r i n g . O u i. q u ic o n q u e exerce le s p r é r o g a t i v e s d ’u n t d r o i t , d o it ê t r e c o n s i d é r é c o m m e t i t u l a i r e d e ce R . F . - 1 3

(22)

1 %

RKVISTA DA

í í . P ó d e , p o is, a th e o ria dc R õ d e r se r ad m issív e l em p h ilo s o p h ia do d ire ito ; n u n c a , p o ré m , em d ire ito ro m a n o (4).

T H E O R I A D A P R E S U M P Ç Ã O D A P R O P R I E D A D E

1 . A g lo sa de A c c u rsio á le i 37, infine, de Judiciis adm it- tin d o , n o s in te r d ic to s p o sse sso rio s, a exceptio dominii, deu ori-g em á th e o ria — da p re su m p ç ã o d a p ro p rie d a d e n a p o sse , como fu n d a m e n to d a su a p ro te c ç ã o ju r id ic a (1), th e o ria que foi ac- c e ita p e la a n tig a e s c o la ita lia n a e fra n c e z a , com o o é ainda h o je p e la to r r e n te dos ju ris c o n s u lto s de am b o s e ste s os paizes e d a H e s p a n h a e p o r m u ito s d a A lle m a n h a (2).

2 . Diz J h e r in g que a ra z ã o p e la q u al S a v ig n y , n a 7? e d içã o , p a g s . 512, n ã o a d m itte e s ta th e o ria , é que o direito ro m a n o n ã o re c o n h e c e sim ilh a n te p re s u m p ç ã o .

E s t a ra z ã o , re v id a J h e r in g , n ã o é a c c e ita v e l ; p o is não se t r a t a a q u i de u m p re c e ito ju r id ic o p o sitiv o , m as de u m a

ques-droit jusqu'à co que le contraire soit prouvé contre lui. Mais <;n quelle forme doit, se faire cette preuve ? Celui qui prétend avoir un droit .--ur une chose detenue par autrui, doit faire valoir ce droit sous foi me d'aclion. Il ne lui est pas permis de modifier la situation que lui assigne la loi et de se prévaloir, an moyen d'une exception, d'un droit pretendu qu'une action inten-tée par lui aurait suffi à faire reconnaître.» (Op. cit., pag. 32).

Nâo é procedente esta razão :

a) Porque a regra de direito é que na propria acção proposta pelo auctor

é que o i eu póde provar a falsidade da pi esumpçào que milita a l'avor do mesmo auctor (Maynz, Droit Rom ain, vol. l.°, g GS.jjag. 575), ao passo que, nos interdictos propostos pelo possuidor, ninguém póde provar que llie falia o direito de propriedade, isto é, a presumpção de Rôder ;

b) Porque, nos interdictos, ao contrario do que affirma Appleton, o reu

poderia contestar as pretençôesdo auctor, "en déniant, soit l'existence des conditions requises dans le clief du demandeur, soit les faits que celui-ci lui reprochait, ou hicn en soutenant, de son coté, des faits qui, dans l'cspt'cc,

constituaient h ne k x c e p t i o ». (Op. cit., § 71 e nota 13, pag. 5‘JG) ;

c) Porque, mais uma vez, Appleton calie eni palpavel contradicçào ; po'.s

admitte que o interdicto de prccario é possessorio e concorda com Jheiing que, nelle, o yogans póde oppôr a exceptio proprictatis (Oj i. cit., pags. 07» ;

d) Porque, èm todos os interdictos possessorios, se admitte a exceptio vitiosae possessions ah adversa) io ( Vide cap. 2. •, § 9.‘, n 5 e nota 9).

(3) Dalmau, op. cit., n. 203, pag. 228. (4) Jhering, op. cit., pag. 23.

(.1) Ruggieri, op. c it., § 0.°, pags. 10 e 17.

(23)

EACULDADE I.1VRÉ DE DIREITO

197

tão le g is la tiv a , que n ã o foi m a is a m p la m e n te d ese n v o lv id a no d ireito r o m a n o , e p a r a a q u a l n ó s n o s p o d em o s s e rv ir de to d a a expressão, m e sm o d e s c o n h e c id a dos ro m a n o s, c o m ta n to que tra d u z a e x a c ta m e n te a c o u s a .

A ra z ã o , c o n tin u a elle, é q u e o le g is la d o r n ão te r i a m otivo algum p a r a e s ta b e le c e r s im ilh a n te p re su m p ç ã o , excepção á r e -g ra -g e ra l- que to d o o d ire ito deve se r p r o v a d o .

N ã o b a s ta , c o n c lú e , o fa c to e s ta tis tic o , se g u n d o o qual, na m a io ria dos c a so s, o p o ssu id o r é p r o p rie tá rio , do m esm o modo que a e s ta tis tic a d a m o rta lid a d e n ã o p ó d e e sta b e le c e r a p resu m p ç ão de que u m a p e s so a m o rre u com u m a c e r ta edade ou vive a in d a (3).

J í. S ão p ro c e d e n te s a s ra z õ e s de J h e r i n g , se n d o , p o rém , in fu n d a d a a c e n s u ra f e ita a S a v ig n y ; p o rq u e o m o tiv o que este a p re s e n ta , loco citato, n ã o é o de que fa la J h e r in g — n ão te r o d ire ito ro m a n o a d m ittid o e s ta p re su m p ç ã o — . m as os se

-g u in te s :

1?) e s ta th e o r ia n ã o te m b a s e ju r íd ic a , v isto que, no caso de sim p le s p o sse , n ã o se pó d e p re s u m ir a p ro p rie d a d e m ais a favor do p o s s u id o r do que a fav o r c!e q u a lq u e r te rc e ir o ;

2?) p o rq u e é i s s o o que re s u lta , si co m p ararm o s a sim p le s posse com a boiuc fidcipjtsesio, o n d e h a v e rd a d e ira p re su m p ç ã o que se p ó d e e lid ir p e la cxcpiio dominii, o que se n ã o d á n a p o s -se, on d e se n ã o a d m itte a exceptio v i tios cc possessionis ex persona tertii, te n d o a p resu m p ção , n a bona fidci possessio, su a base no titu lo le g a l, que n ã o e x iste n a sim p le s p o sse;

3?) p o rq u e e s ta p re su m p ç ã o se n ão c o n c ilia com a malac fidci possessio, que é. e n tre ta n to , verd ad eira posse e dá direito

aos in te rd ic to s ;

4?) p o rq u e se a c a b a ria com a d iffe re n ç a e iitre o p e tito rio e o p o sse sso rio , a qu al é e s se n c ia l em d ire ito ro m a n o . (4)

(3) Op. cit., pags. 24 e 25.

(24)

198

RI5VJSTA DA

§ 6 ?

T H E O R IA D E G A N S : - A P R O P R I E D A D E I N C I P I E N T E 1 . — S eg u n d o u m a das o p in iõ e s d e G a n s (1), o fundam en-to ju rid ic o da p ro tec çã o da posse e s tá em se r e s ta u m a pro-p ried a d e in c ipro-p ie n te ; pro-pois, desde que se pro-p ro lo n g u e pro-pelo lapro-pso de te m p o le g a l, conduz, m e d ia n te a p resc rip ção acquisitiva, á acq u isição d a p ro p rie d ad e : é, p o rta n to , a e s ta o rig em do

dom inio que o le g isla d o r visou p ro te g e r (2).

2 . — E s ta raisão é im p ro ced en te ; porque só conduz á u su c ap iã o a posse com ju s to titu lo e b ô a fé, ao passo que os in te rd ic to s po ssesso rio s são concedidos a todos os possuidores m esm o sem titu lo e sem b ô a fé, como o la d rã o (3).

3 .-—E ssa th eo ria, como bem o diz W erm ond, explica,

n ão a raz ão porque to d o o p o ssu id o r é p ro te g id o e tem os in -te rd ic to s, m as so m e n -te p o r que m otivo o possu id o r, que -tem ju s to titu lo e b ô a fé, é p ro teg id o de u m a m a n eira p a rtic u la

r-m e n te e n e rg ic a p e l a publicianct itt rein ctctio (4).

§ “ •

T H E O R I A D A V O N T A D E

S . —D e accordo com e s ta th e o ria , a posse é p rotegida, p o r se r um a c to da von tad e a p p lic a d a a u m a cousa ou nella in c o rp o ra d a , co n s titu in d o um d ire ito que deve ser p ro teg id o :

a) porque a vontade é, per se, um elem ento substancial que m erece p ro te c ç ã o (G ans) (1);

b) ou porque, sendo v o n tad e de u m a pesso a ju rid ic a m e n -te ca p az , é possível que se ja u m a v o n ta d e ju s ta , pro-tegendo«

(1) Elle adopta ainda a theoria da vontade (Vide § ].*, n. 5, 1.°,) (2) Vide Jhering, op. c i t pags. G. Dalmau, op. cit. nota l.'!7 ao n, 209. pags. 239 e 240.

(3) Jhering, op. cit., pags. 26. (1) Op. cit., pags. 30.

(25)

FACULDADE I,IVRE DE DIREITO

199

se, pois, n a posse, a p o ssib ilid a d e de d ire ito ou a capacidade ju rid ic a (P u c h ta ) (2);

c) ou porque a v o n ta d e deve ser p ro te g id a c o n tra to d a e q u alq u er v io lê n cia, v isto se r de su a essen c ia a lib e rd a d e absoluta, cujo rec o n h e c im e n to e realização co n stitu e m todo o sy stem a ju ríd ic o (B ru n s) (3);

d) ou finalm ente, porque, no E stad o todos os in d iv í-duos são eg u a es e n in g u m deve elevar-se acim a de o u tr e m . T o d a a v o n ta d e que, de facto , se rea liz a n a p osse, te m , como tal, e fe ita a b s tra ç ã o da ju s tiç a de seu objecto, um valor egual a de to d a o u tra v o n ta d e que quizer se ap o d e rar da cousa ; si, pois, u m a o u tra v o n ta d e iso la d a quizer se re a liz a r sobre a m esm a, e lla póde a p p e lla r p a r a a decisão dos org ão s d a ordem ju rid ica, e sta b e le c id o s pelo E s ta d o (W in d sch eid ) (4J.

2 . — E s t a th e o ria , em u ltim a an a ly se , con fu n d e-se com a de S av ig n y , com o, re sp o n d e n d o a P u c h ta , elle o diz com toda a razão (5); p o is ta n to vale d iz er que, n a posse, o le g isla d o r pro tege a p esso a do p o ssu id o r (S a v ig n y ), com o que p ro te g e a v o n ta d e d essa p esso a (th e o ria da v o n ta d e).

A ssim , p o is, c o n tra ella procedem , com eg u a l força, todas as objecções fe ita s á d o u trin a de S av ig n y (6).

3 . —E s tá , p o rém , s u je ita a in d a ás se g u in te s :

a) o d ireito , sob p en a de cah ir em contradicção, som en-te póde p ro en-te g e r a v o n ta d e , quado e s ta se m a n tiv e r d en tro dos lim ites que lh e são p o r elle tra ç a d o s, o que se n ão dá nos casos da injusta possessio ;

b) devem os d is tin g u ir a p erso n a lid a d e , que, a p e sa r das inju stiças co m m ettid a s, m erece sem pre p ro tec çã o ,— das re la -ções que e lla in ju s ta m e n te c o n s titu e e que não podem ser p ro teg id as : é assim que, em consideração da p erso n a lid a d e,

(2) Ibiilem, pags. 27. (3) 1 bidem, pags, 27 e 23. (4) Ibiilem, pags, 38. (5) 0/>. eit., pags. 43. (*í) Vide § 2.“

Referências

Documentos relacionados

O enfermeiro, como integrante da equipe multidisciplinar em saúde, possui respaldo ético legal e técnico cientifico para atuar junto ao paciente portador de feridas, da avaliação

A Variação dos Custos em Saúde nos Estados Unidos: Diferença entre os índices gerais de preços e índices de custos exclusivos da saúde; 3.. A variação dos Preços em

org.apache.myfaces.component.html.util.ExtensionsFilter  no web.xml:     &lt;filter&gt;

A maneira expositiva das manifestações patológicas evidencia a formação de fissuras devido a movimentação térmica das paredes, Figura 9, que não foram dimensionadas com

(soprados*), estandolizados ou modificados quimicamente por qualquer outro processo, com exclusão dos da posição 15.16; misturas ou preparações não alimentícias, de gorduras

Edson Teodoro Lobo.. Ti nha m outras r espost as que não estão vendo aqui. Todas pode m aj udar nas deci sões. Pr eci sa mos escl arecer as responsabili dades da

168 Impressões do Brazil no Século XX.. parceria com Elias Ayres do Amaral e Fausto Salles a Companhia Paulista de Tecidos de Malha, empresa produtora de caixas de papelão,

O Currículo Nacional do Ensino Básico - Competências Essenciais (2001:32) define o conceito de leitura como: «O processo interactivo entre o leitor e o texto em que