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Substituição tributária no leite longa vida no estado de Mato Grosso do Sul - estudo de caso

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(1)Revista de Ciências Gerenciais Vol. XIII, Nº. 17, Ano 2009. Luzia Felix da Silva Centro Universitário de Campo Grande Unaes luziafs@terra.com.br. Hugo David Santana Universidade Anhanugera UNIDERP hugodavidsantanas201@gmail.com. SUBSTITUIÇÃO TRIBUTÁRIA NO LEITE LONGA VIDA NO ESTADO DE MATO GROSSO DO SUL ESTUDO DE CASO. RESUMO No Estado de Mato Grosso do Sul existe apenas uma empresa que produz o Leite Longa Vida a Saga Agroindustrial Ltda., cujo produto é tributado pelo regime da Substituição Tributária, o remetente da mercadoria tem que fazer a retenção e o recolhimento do ICMS dentro do prazo estipulado pelo fisco estadual, que não coincide com o prazo que a empresa concede a seus clientes, gerando uma diferença de 16 dias, entre o recolhimento do imposto e o recebimento de suas vendas, ocasionando um impacto negativo no fluxo de caixa da empresa. Quanto à forma de cálculo, em atendimento a legislação, a empresa é obrigada a fazer o cálculo de acordo com o valor da Pauta de Referência Fiscal, gerando um aumento na carga tributária do produto, independente o preço praticado pela empresa, que via de regra deveria ser à base de cálculo do ICMS. Palavras-Chave: ICMS; substituição tributária; leite longa vida; recolhimento; retenção; fisco; pauta de referência fiscal.. ABSTRACT There is only one company in Mato Grosso do Sul that makes Long Life Milk the Saga Agroindustrial Ltda., whose product is taxed by the tax substitution scheme, the sender of the goods have to do the withholding and payment of VAT within the time stipulated by the state tax, which does not coincide with the deadline the company gives to its customers, creating a gap of 16 days between the collection of tax and receipt of sales, causing a negative impact on cash flow of the company. About the calculation method, in attendance on legislation, the company is required to make the calculation according to the value of the Tax Reference Ruling by increasing the tax burden of the product, regardless of the price charged by the company, which should be for ICMS calculating basis. Keywords: ICMS; tax substitution; long-life milk; collection; retention; tax; tax reference ruling.. Anhanguera Educacional S.A. Correspondência/Contato Alameda Maria Tereza, 2000 Valinhos, São Paulo CEP 13.278-181 rc.ipade@unianhanguera.edu.br Coordenação Instituto de Pesquisas Aplicadas e Desenvolvimento Educacional - IPADE Informe Técnico Recebido em: 6/7/2009 Avaliado em: 18/8/2009 Publicação: 22 de setembro de 2009. 161.

(2) 162. Substituição tributária no leite longa vida no estado de Mato Grosso do Sul - estudo de caso. 1.. INTRODUÇÃO O Leite Longa Vida chegou ao Brasil em 1972 desde então só vem a crescer. Hoje representa 75% do leite líquido consumido no país, com presença em 87% nos lares brasileiros (ABLV – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE LEITE LONGA VIDA, 2007). No estado de Mato Grosso do Sul existe somente uma empresa que produz o Leite Longa Vida a Saga Agroindustrial Ltda. que está instalada na região norte do estado, inaugurada em 07 de agosto de 2003 trouxe inúmeros benefícios para o setor leiteiro da região como geração de empregos diretos e indiretos, investimentos, aumento do rebanho leiteiro e maiores recursos para o município de São Gabriel do Oeste.. 2.. TRIBUTAÇÃO - ICMS O ICMS é a grande fonte de receita e de competência dos Estados e do Distrito Federal e as alíquotas variam de cada Estado. Ele incide sobre a circulação de mercadorias, prestação de serviços de transporte interestadual ou intermunicipal, de comunicações e de energia elétrica, também sobre a entrada de mercadorias importadas e serviços prestados no exterior. Em substituição ao Imposto de Vendas e Consignações (IVC), o Imposto sobre Circulação de Mercadorias (ICM), foi criado em 1965, e após a reformulação da Constituição Federal de 1988, passou a se chamar Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS). ICMS é um imposto não-cumulativo, conforme previsto no art. 155, inciso I, letra “b”, da Constituição Federal de 1988. Art. 155. Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir: I impostos sobre: b) operações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestações de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação, ainda que as operações e as prestações se iniciem no exterior; § 2º O imposto previsto no inciso I, "b" atenderá ao seguinte: I será não cumulativo, compensando-se o que for devido em cada operação relativa à circulação de mercadorias ou prestação de serviços com o montante cobrado nas anteriores pelo mesmo ou outro Estado ou pelo Distrito Federal. (Brasil, 1988).. Então podemos entender, então, que é de competência do Estado, instituir, arrecadar e fiscalizar as operações e prestações tributadas pelo ICMS, que por sua vez, resulta basicamente em duas obrigações tributárias, principal e acessória. A obrigação tributária é definida no conforme do art. 113 do Código Tributário Nacional:. Revista de Ciências Gerenciais • Vol. XIII, Nº. 17, Ano 2009 • p. 161-173.

(3) Luzia Felix da Silva, Hugo David Santana. 163. Art. 113. A obrigação tributária é principal ou acessória. § 1º A obrigação principal surge com a ocorrência do fato gerador, tem por objeto o pagamento de tributo ou penalidade pecuniária e extingue-se juntamente com o crédito dela decorrente. § 2º A obrigação acessória decorre da legislação tributária e tem por objeto as prestações, positivas ou negativas, nela previstas no interesse da arrecadação ou da fiscalização dos tributos. § 3º A obrigação acessória, pelo simples fato da sua inobservância, converte-se em obrigação principal relativamente à penalidade pecuniária.. Dessa forma, como o próprio Código Tributário Nacional define a obrigação principal, de uma forma sintética, é a do pagamento do tributo e a obrigação acessória é uma obrigação tributária que não constitui um pagar, mas sim um fazer ou não-fazer determinado em lei que tem por objeto as prestações no interesse da arrecadação ou da fiscalização, entretanto, o não cumprimento, da obrigação acessória, gera uma obrigação pecuniária, convertendo-se em obrigação principal.. 2.1. ICMS no Estado de Mato Grosso do Sul Com fundamento no art. 155 da Constituição Federal, na Lei Complementar n° 87 de 13 de setembro de 1996 (a chamada “Lei Kandir”), e no art. 150 da Constituição Estadual, que dispõe sobre os tributos de competência do Estado de Mato Grosso do Sul – dentre eles o ICMS, nasceu à lei 1.810 de 22 de Dezembro de 1997, que por sua vez foi aprovado o Código Tributário do Estado do Mato Grosso do Sul. Através do Decreto n° 9.203 de 18 de setembro de 1998 foi aprovado o Regulamento do ICMS do Estado de Mato Grosso do Sul, que é uma consolidação de toda a legislação sobre o ICMS vigente no Estado. O Anexo XV ao Regulamento do ICMS, republicado pela resolução SEF n° 987, de 20 de abril de 1995, que define as obrigações acessórias a serem cumpridas pelos contribuintes do imposto; já o Anexo VIII ao Regulamento do ICMS dispõe sobre os prazos para o cumprimento das obrigações tributárias.. 2.2. Incidência do ICMS Em Mato Grosso do Sul, o art. 5° e o art. 13 da Lei 1.810/97 dispõe sobre a incidência e o momento da incidência do ICMS, vale observar que o ICMS, basicamente, incide nas operações: Art. 5º O Imposto sobre Operações relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação ICMS incide sobre: I - as operações relativas à circulação de mercadorias, inclusive o fornecimento de alimentação e bebidas em bares, restaurantes e estabelecimentos similares;. Revista de Ciências Gerenciais • Vol. XIII, Nº. 17, Ano 2009 • p. 161-173.

(4) 164. Substituição tributária no leite longa vida no estado de Mato Grosso do Sul - estudo de caso. Art. 13. O ICMS incide no momento: I - da saída de mercadoria de estabelecimento de contribuinte, ainda que para outro estabelecimento do mesmo titular;. Dessa forma entendemos que a lei ordinária dos Estados e do Distrito Federal é que vai definir o momento em que a hipótese de incidência será tida como concretizada. Pode ser o momento da entrada da mercadoria no estabelecimento comercial, industrial ou produtor, o momento da saída da mercadoria de qualquer um desses locais, o momento da emissão da nota fiscal; esses momentos identificam oficialmente, no espaço e no tempo, a ocorrência da operação mercantil.. 2.3. Base de Cálculo do ICMS No Estado de Mato Grosso do Sul o art. 18 da Lei 1.810/97 define os elementos que integram e os que não integram a base de cálculo do ICMS: Art. 18. Integra a base de cálculo do ICMS: I – o montante do próprio imposto, inclusive no caso de importação do exterior, constituindo o respectivo destaque mera indicação para fins de controle. II - o valor correspondente a: a) seguro, juro e demais importâncias pagas, recebidas ou debitadas, bem como bonificações e descontos concedidos sob condição, assim entendidos os condicionados a evento futuro e incerto; b) frete relativo a transporte intramunicipal, intermunicipal ou interestadual, caso seja efetuado pelo próprio remetente da mercadoria, ou por sua conta e ordem, e seja cobrado em separado; III - o montante do Imposto sobre Produtos Industrializados, na hipótese em que a operação configure fato gerador de ambos os impostos, e a mercadoria ou bem destinem-se ao consumo ou ativo fixo do adquirente, contribuinte ou não do imposto. SEÇÃO II DOS ELEMENTOS QUE NÃO INTEGRAM A BASE DE CÁLCULO DO ICMS Art. 19. Não integra a base de cálculo do ICMS: I - o montante do Imposto sobre Produtos Industrializados, quando a operação configure fato gerador de ambos os impostos e é realizada entre contribuintes com produto destinado a industrialização ou comercialização; II - o valor correspondente a juro, multa e atualização monetária, recebido pelo contribuinte, a título de mora, por inadimplência do seu cliente.. Podemos observar que a Base de Cálculo como regra geral, é o valor da operação ou da prestação.. 2.4. Alíquota do ICMS Como já vimos à alíquota pode variar de estado para estado. Em Mato Grosso do Sul, as alíquotas são definidas pelo art. 41 da Lei 1.810/97, variando de acordo com a operação, mercadoria etc., e a alíquota aplicável nas operações internas com o Leite Longa Vida é 17% e 12% nas operações interestaduais, conforme segue: Art. 41. As alíquotas do ICMS ficam fixadas em:. Revista de Ciências Gerenciais • Vol. XIII, Nº. 17, Ano 2009 • p. 161-173.

(5) Luzia Felix da Silva, Hugo David Santana. 165. I - doze por cento, nas operações e prestações interestaduais que destinem mercadorias e serviços de transporte e de comunicação a pessoas contribuintes do imposto; III - dezessete por cento, nas seguintes hipóteses: a) operações internas e nas de importação, ressalvado o disposto no inciso V;. Alíquota é o critério legal, normalmente expresso em percentagem (%), que, aplicado à base de cálculo, fornece a quantia devida, ou seja, a alíquota representa o fator aplicável à base de cálculo para obter o montante que o sujeito passivo (contribuinte) deve ao sujeito ativo (Estado).. 3.. SUBSTITUIÇÃO TRIBUTÁRIA O fisco em função de arrecadar tributos de forma eficaz, e como medida de política fiscal, haja vista a evolução da tecnologia e os mecanismos de controle através de elevados número de obrigações acessórias a serem cumpridas pelos contribuintes, cada vez mais se mune de ferramentas visando à simplificação, o controle da arrecadação e a fiscalização. Dentre os vários instrumentos para combater a sonegação, destaca-se o instituto da substituição tributária. O fisco opta por esta forma de arrecadação por ser mais eficiente e menos onerosa, pois em vez de fiscalizar diversos comércios varejistas distribuídos em todo o Brasil a fiscalização se concentra nas indústrias e nos distribuidores, que é o ponto inicial das operações mercantis. Esse instituto jurídico está legalmente ordenamento no art. 150, § 7° da Constituição Federal: Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: § 7º A lei poderá atribuir a sujeito passivo de obrigação tributária a condição de responsável pelo pagamento de imposto ou contribuição, cujo fato gerador deva ocorrer posteriormente, assegurada a imediata e preferencial restituição da quantia paga, caso não se realize o fato gerador presumido. (Brasil, 1988).. Podemos ver que é permitido conforme está na Constituição Federal, a obrigação do recolhimento de um tributo devido por outro contribuinte. E no art. 128 do Código Tributário Nacional: Art. 128. Sem prejuízo do disposto neste Capítulo, a lei pode atribuir de modo expresso a responsabilidade pelo crédito tributário a terceira pessoa, vinculada ao fato gerador da respectiva obrigação, excluindo a responsabilidade do contribuinte ou atribuindo-a a este em caráter supletivo do cumprimento total ou parcial da referida obrigação.. Dessa forma podemos entender que a lei transfere a obrigação fiscal do sujeito que pratica o fato gerador para outra pessoa.. Revista de Ciências Gerenciais • Vol. XIII, Nº. 17, Ano 2009 • p. 161-173.

(6) 166. Substituição tributária no leite longa vida no estado de Mato Grosso do Sul - estudo de caso. 3.1. Substituição Tributária no ICMS A Lei Complementar n° 87 de 13 de setembro de 1996 (“Lei Kandir”) prevê em seu art. 6°, especificamente para o ICMS, o fenômeno da substituição tributária, autorizada pela Constituição Federal, como vimos anteriormente. Art. 6º Lei estadual poderá atribuir a contribuinte do imposto ou a depositário a qualquer título a responsabilidade pelo seu pagamento, hipótese em que o contribuinte assumirá a condição de substituto tributário. § 1º A responsabilidade poderá ser atribuída em relação ao imposto incidente sobre uma ou mais operações ou prestações, sejam antecedentes, concomitantes ou subseqüentes, inclusive ao valor decorrente da diferença entre alíquotas interna e interestadual nas operações e prestações que destinem bens e serviços a consumidor final localizado em outro Estado, que seja contribuinte do imposto. § 2º A atribuição de responsabilidade dar-se-á em relação a mercadorias ou serviços previstos em lei de cada Estado.. A principal característica da substituição tributária é a retenção do imposto direto na fonte do seu fornecimento; indústrias e distribuidores que comercializem os produtos previstos na legislação de cada Estado sujeitam-se ao regime de substituição tributária. Nas operações interestaduais a sujeição é regulada por força de convênios e protocolos promulgados pelo Conselho Nacional de Política Fazendária (CONFAZ) de que o Estado tenha firmado o convênio ou protocolo com outro. Caso não tenha sido firmado nenhum convênio, o imposto deverá recolhido no primeiro posto fiscal de entrada no território estadual.. 3.2. Substituição Tributária no ICMS em Mato Grosso do Sul O Anexo III ao Regulamento do ICMS, que dispõe sobre todas as obrigações que devem ser observadas pelo contribuinte, dentro do Mato Grosso do Sul, em relação à substituição tributária no ICMS, assim como as mercadorias que se aplicam o regime de substituição tributária. A substituição tributária no ICMS do Leite Longa Vida em MS, por força do art. 49, § 1°, XVIII da lei 1.810 de 22 de dezembro de 1997, instituiu o regime de substituição tributária nas operações subseqüentes: Art. 49. Em relação ao remetente, industrial, atacadista ou distribuidor, localizado em outra unidade da Federação, a sujeição passiva por substituição tributária, quanto às operações ou prestações subseqüentes realizadas por contribuintes deste Estado, deve observar o disposto neste artigo. § 1º São sujeitos passivos por substituição tributária, desde que inscritos no Cadastro de Contribuintes do Estado, o industrial, inclusive o engarrafador de água, o importador e, observado o disposto no inciso III do artigo anterior, o atacadista ou o distribuidor, em relação às seguintes mercadorias: XVIII - leite;. E no Subanexo Único ao Anexo III do Regulamento do ICMS, define a margem de valor agregado ao Leite Longa Vida que é de 18%. Revista de Ciências Gerenciais • Vol. XIII, Nº. 17, Ano 2009 • p. 161-173.

(7) Luzia Felix da Silva, Hugo David Santana. 167. Verifica-se então que a substituição tributária é utilizada pelas Unidades Federadas no intuito de minimizar a sonegação do imposto, facilitando sua fiscalização. O instituto consiste em atribuir, a uma terceira pessoa, a responsabilidade pelo recolhimento e o pagamento do imposto antes mesmo da própria operação que constitui o fato gerador. O regime de substituição tributária consiste em recolher antecipadamente o imposto devido por uma operação subseqüente, encerrando a fase de tributação da mercadoria, internamente. Existem duas categorias de substituição tributária no ICMS; a substituição “para trás” ou “regressiva” em que acontece o fenômeno do diferimento, ou seja, a lei atribui ao adquirente de um determinado produto ou serviço, a responsabilidade pelo pagamento do tributo devido na operação anterior ou operações anteriores e a substituição tributária “para frente” ou “progressiva” onde a lei atribui a uma terceira pessoa (vendedor de um produto ou serviço) a obrigação do recolhimento do tributo devido pelo contribuinte substituído (comprador de um produto ou serviço), esta segunda categoria que corresponde ao nosso caso em questão.. 3.3. Aspectos Práticos Como já estudamos anteriormente a hipótese de incidência ou fato gerador, faz se mister neste momento a identificação da base de cálculo e a alíquota aplicável nas operações internas com substituição tributária no ICMS. Dessa forma para identificar a base de cálculo devemos observar o disposto no art. 3° do Anexo II ao Regulamento do ICMS: Art. 3º Para efeito da retenção e do recolhimento do ICMS pelo regime de substituição tributária, relativamente às operações subseqüentes, a base de cálculo é, sucessivamente: I - o preço final, máximo ou único, fixado por órgão público competente; II - o preço sugerido pelo fabricante ou importador e adotado, rotineiramente, pelos revendedores varejistas do respectivo produto, ou o preço marcado ou fixado pelo fabricante ou importador; III - o valor obtido pelo somatório das seguintes parcelas, observado o disposto no parágrafo único: a) o valor da operação própria realizada pelo substituto tributário ou pelo substituído intermediário, ou, se for o caso, pelo remetente não qualificado como substituto tributário; b) o montante dos valores de seguro, frete e outros encargos cobrados ou transferíveis aos adquirentes de mercadoria ou tomadores de serviço; c) a margem de valor agregado, inclusive lucro, relativa às operações subseqüentes, obtida mediante a aplicação do percentual previsto no Subanexo único a este Anexo para a respectiva mercadoria. Parágrafo único. No caso em que o valor correspondente à soma das parcelas a que se referem as alíneas a e b do inciso III seja igual ou inferior a oitenta por cento do valor resultante da aplicação da Pauta de Referência Fiscal, para a respectiva mercadoria, a base de cálculo é o valor resultante da aplicação da Pauta.. Revista de Ciências Gerenciais • Vol. XIII, Nº. 17, Ano 2009 • p. 161-173.

(8) 168. Substituição tributária no leite longa vida no estado de Mato Grosso do Sul - estudo de caso. E para identificar a alíquota aplicável observa-se o disposto no art. 10: Art. 10. Sobre a base de cálculo identificada nos termos da Seção I deste Capítulo (art. 3º a 9º) aplica-se a alíquota prevista para a operação interna com a respectiva mercadoria.. Assim podemos entender que numa operação com o Leite Longa Vida a base de cálculo é a somatória do valor da operação, mais o valor do frete, do seguro e outras despesas. A margem de valor agregado, que neste caso é de 18%, após a identificação da base de cálculo aplicar-se-á alíquota de 17%. Exemplo: Imaginaremos uma operação corriqueira da empresa em estudo, uma venda de Leite Longa Vida dentro do Estado de Mato Grosso do Sul: a) Preço normal de venda: R$ 100,00. b) Despesas acessórias: R$ 15,00. c) Base de cálculo do ICMS: 115,00. d) ICMS normal (R$ 115,00 x 17% alíquota interna): 19,55. e) Base de cálculo do ICMS Substituição Tributária (R$ 115,00 + 18% de Margem de valor Agregado: R$ 135,70. f) Valor do ICMS Substituição Tributária (R$ 135,70 x 17% - 19,55): 3,52. g) Valor total da nota fiscal (R$ 115,00 + R$ 3,52): 118,52.. 4.. CONSIDERAÇÕES A Substituição Tributária no ICMS tem despertado várias discussões entre os empresários e principalmente nas pessoas que atuam no campo do Direito Tributário no que diz respeito à questão da legalidade, devido essa forma de tributação cobrar o imposto antes mesmo que ocorra o fato gerador, sendo que o ICMS ocorre via de regra no memento da circulação da mercadoria, ou seja, na saída da mercadoria do estabelecimento ou da prestação do serviço. Não é o objetivo do presente trabalho a discussão exaustiva da questão da legalidade e legitimidade da Substituição Tributária no ICMS, mesmo porque já existe um posicionamento dos tribunais superiores pela legitimidade do instituto. Algumas empresas até conseguiram liminares deferidas contra a substituição tributária, mas posteriormente suspensas. A questão que iremos discutir é uma crítica ao Fisco quanto a operacionalização da Substituição Tributária pela empresa Saga Agroindustrial Ltda., tendo em vista que 88% de sua receita é com a venda de Leite Longa Vida dentro do Estado de Mato Grosso. Revista de Ciências Gerenciais • Vol. XIII, Nº. 17, Ano 2009 • p. 161-173.

(9) Luzia Felix da Silva, Hugo David Santana. 169. do Sul, e como já exposto anteriormente é responsável pela retenção e o pagamento do ICMS devido pelo adquirente da mercadoria (substituição tributária). A empresa recolhe mensalmente aos cofres do estado de Mato Grosso do Sul cerca de 63.800,00 (sessenta e três mil e oitocentos reais) a título de ICMS substituição tributária no dia do vencimento estipulado pela Secretaria de Estado de Fazenda – SEFAZ que é divulgado bimestralmente através de Resolução que vence juntamente com o ICMS normal, no 4º dia útil do mês subseqüente. Nas vendas que ocorrerem no dia 1º a empresa terá cerca de 33 dias para recolher e se a empresa vender no dia 30 terá cerca de 4 dias, podemos dizer então que o prazo médio para o recolhimento do ICMS Substituição Tributária no Estado de Mato Grosso do Sul é de 20 dias. Estudos com base nas informações contábeis da empresa apontam que o prazo médio de recebimento das vendas é de 36 dias, logo percebemos uma defasagem na ordem de 16 dias entre o recolhimento do ICMS Substituição Tributária pela empresa e o recebimento de suas vendas. Fica evidente então que a empresa tem a necessidade de capital de giro ampliada na ordem de 16 dias, em decorrência do descasamento do prazo médio de pagamento do ICMS - Substituição Tributária e o recebimento das vendas, impondo um custo financeiro, ao cumprimento de uma obrigação de ordem tributária. Para que a empresa possa colocar em equilíbrio seu caixa, terá que recorrer, para garantir a manutenção de sua estrutura física permanente e operacional, necessária para suas atividades, muitas vezes, a fontes externas de capital, através de empréstimos e financiamentos obtidos junto às instituições financeiras. Mesmo que a empresa tenha a sua situação financeira saudável não necessitando recorrer a terceiros para suprir seu caixa, no que diz respeito ao pagamento do ICMS Substituição Tributária, ainda sim representaria um custo para a empresa, o chamado “Custo de Oportunidade”, ou a seja, o custo de uma oportunidade renunciada, que a empresa poderia ter obtido a partir de uma alternativa de aplicação não escolhida, “corresponde ao retorno que a empresa obteria se aplicasse esses fundos em outra operação” (BRAGA, 1989, p. 129) em outras palavras a escolha de uma determinada alternativa que impede a empresa de gozar os benefícios que outras opções poderiam proporcionar. Outra questão que merece uma avaliação é quanto à forma de cálculo do ICMS Substituição Tributária, como mencionado anteriormente, o parágrafo único ao art. 3º do. Revista de Ciências Gerenciais • Vol. XIII, Nº. 17, Ano 2009 • p. 161-173.

(10) 170. Substituição tributária no leite longa vida no estado de Mato Grosso do Sul - estudo de caso. Anexo III ao Regulamento do ICMS de Mato Grosso do Sul diz que nos casos em que o valor da operação não atingir 80% do valor da Pauta de Referência Fiscal a base de cálculo do ICMS Substituição Tributária passa a ser o valor da Pauta. A Pauta de Referência Fiscal é divulgado pela Secretaria de Estado de Fazenda cujo valor é fixado levando-se em consideração o valor de mercado. Porém esse valor muitas vezes não reflete a realidade, na empresa Saga Agroindustrial Ltda. a maioria de suas operações não atinge o valor da Pauta de Referência Fiscal, e em vários casos não atinge nem os 80% do valor da Pauta, sendo assim obrigada fazer o cálculo aplicando o valor da Pauta, trazendo assim um aumento na carga tributária no leite longa vida. Vejamos o mesmo exemplo acima, supondo que o valor da Pauta de Referência Fiscal é de 160,00, perceba que o valor da operação (R$ 115,00) não atingiu os 80% do valor da Pauta (R$ 128,00): a) Preço normal de venda: 100,00. b) Despesas acessórias: 15,00. c) Base de cálculo do ICMS: 115,00. d) ICMS normal (R$ 115,00 x 17%): 19,55. e) Base de cálculo do ICMS Substituição Tributária (Valor da Pauta): 160,00. f) Valor do ICMS Substituição Tributária (R$ 160,00 x 17% - 19,55): 7,65. g) Valor total da nota fiscal (R$ 115,00 + R$ 7,65): 122,65.. 5.. CONSIDERAÇÕES FINAIS Há de se admitir a importância do regime da Substituição Tributária para o Estado de Mato Grosso do Sul quanto à simplificação da fiscalização e uma arrecadação segura, pode se dizer até mesmo uma arrecadação antecipada. Contudo para a empresa remetente da mercadoria, em nosso estudo específico a Saga Agroindustrial Ltda. existem algumas particularidades desse instituto que passa a ser alvo de críticas por parte dos empresários devido aos fatos que comentamos acima, o Estado como ente capaz de ditar normas sobre o ICMS acaba por prejudicar a empresa devido à política tributária voltada apenas para a arrecadação, esquecendo muitas vezes de trazer benefícios para a viabilidade do empreendimento.. Revista de Ciências Gerenciais • Vol. XIII, Nº. 17, Ano 2009 • p. 161-173.

(11) Luzia Felix da Silva, Hugo David Santana. 171. Podemos perceber que mesmo a empresa praticando suas vendas abaixo do valor esperado pelo fisco ele se resguarda no direito de arbitrar o valor da operação, aplicando normas para que o valor da base de cálculo ICMS não seja afetado, automaticamente não trazendo reflexos na arrecadação. Veja esse despautério do fisco como se a empresa tivesse interesse em vender com preço menor que o praticado no mercado, pois hoje, quem dita o valor pago ao leite produzido pela indústria é o mercado, ou como se a empresa estivesse interessada em sonegar o ICMS. Percebemos então que a intenção do fisco é garantir o recolhimento do imposto sem levar em consideração os problemas sazonais que afetam o mercado do leite. E nos casos de inadimplência, realidade na maioria dos empreendimentos brasileiros, pouco importa para o fisco se a empresa destinatária da mercadoria irá pagar o seu fornecedor, pois uma vez que a responsabilidade do cálculo e do pagamento do ICMS Substituição Tributária é do remetente da mercadoria.. 6.. CONCLUSÃO A solução em nosso ponto de vista que seria a mais moderada é a prorrogação no prazo de pagamento do ICMS devido por Substituição Tributária para que o caixa da empresa não seja afetado ou com menor impacto. Quanto à forma de cálculo, a base de cálculo do ICMS Substituição Tributária deve ser unicamente, independente do preço estipulado pela Pauta de Referência Fiscal, o valor da operação, tendo em vista que a base de cálculo do ICMS, via de regra, é o valor da operação. Assim visto, não aumentaria tanto o custo do Leite Longa Vida que hoje faz parte da alimentação da população sul-matogrossense alimento esse não supérfluo, mas sim essencial, pois seja qual for à forma de tributação o principal lesado é o consumidor.. REFERÊNCIAS ANEFAC – Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade. Pesquisa de Juros. Disponível em: <http://www.anefac.com.br/>. Acesso em: 07 out. 2007. BRAGA, ROBERTO. Fundamentos e técnicas de Administração Financeira. São Paulo: Atlas, 1989. BRASIL. Código Tributário Nacional. Lei n° 5.172, de 25 de outubro de 1966. Disponível em: <http://sijut.fazenda.gov.br/netahtml/sijut/SijutIntAsp/ATctn00.htm>. Acesso em: 14 jul. 2007. ______. Constituição (1988). Constituição da Republica Federativa do Brasil: promulgada em 05 de outubro de 1988. Disponível em: <http://sijut.fazenda.gov.br/netahtml/sijut/SijutIntAsp/ATConst00.htm>. Acesso em: 07 jul. 2007.. Revista de Ciências Gerenciais • Vol. XIII, Nº. 17, Ano 2009 • p. 161-173.

(12) 172. Substituição tributária no leite longa vida no estado de Mato Grosso do Sul - estudo de caso. BRASIL. Decreto n° 4.542, de 26 de dezembro de 2002. Disponível em: <http://sijut.fazenda.gov.br>. Acesso em 22 set. 2007. ______. Decreto n° 4.494, de 03 de dezembro de 2002. Disponível em: <http://sijut.fazenda.gov.br/netahtml/sijut/SijutIntAsp/ATRIOF00.htm>. Acesso em: 06 out. 2007. ______. Lei Complementar n° 87, de 13 de setembro de 1996. Disponível em: <http://www81.dataprev.gov.br/SISLEX/PAGINAS/43/1996/87.htm>. Acesso em: 14 jul. 2007. ______. Lei n° 9.311, de 24 de outubro de 1996. Disponível em: <http://sijut.fazenda.gov.br/netacgi>. Acesso em 06 out. 2007. ______. Lei n° 10.925, de 23 de julho de 2004. Disponível em: <http://sijut.fazenda.gov.br>. Acesso em 22 set. 2007. ______. Lei n° 11.051, de 29 de dezembro de 2004. Disponível em: <http://www.receita.fazenda.gov.br/PessoaJuridica/PisPasepCofins/IncidImunIsencoes.htm>.A cesso em: 22 set. 2007. ______. Código Tributário Nacional e Constituição Federal. 12. ed. São Paulo: Saraiva, 2006. HOJI, MASAKAZU. Administração Financeira: uma abordagem prática. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2004. LEITE LONGA VIDA. Associação Brasileira do Leite Longa Vida. Disponível em: <http://www.ablv.org.br>. Acesso em: 07 jul. 2007. MATO GROSSO DO SUL (Estado). Decreto n° 9.203, de 18 de setembro de 1998. Disponível em: <http://www.sefaz.ms.gov.br/ >. Acesso em: 14 jul. 2007. ______. Lei Estadual n° 1.810, de 22 de dezembro de 1997. Disponível em: <http://www.sefaz.ms.gov.br/ >. Acesso em: 14 jul. 2007. ______. Resolução n° 1.963, de 20 de junho de 2006. Disponível em: <http://www.sefaz.ms.gov.br/ >. Acesso em: 15 set. 2007. ______. Resolução n° 1.984, de 25 de agosto de 2006. Disponível em: <http://www.sefaz.ms.gov.br/ >. Acesso em: 15 set. 2007. ______. Resolução/SERC n° 2.007, de 30 de outubro de 2006. Disponível em: <http://www.sefaz.ms.gov.br/ >. Acesso em: 15 set. 2007. ______. Resolução n° 2.020, de 27 de dezembro de 2006. Disponível em: <http://www.sefaz.ms.gov.br/ >. Acesso em: 15 set. 2007. ______. Resolução n° 2.041, de 23 de fevereiro de 2007. Disponível em: <http://www.sefaz.ms.gov.br/ >. Acesso em: 15 set. 2007. ______. Resolução/SEF n° 2.054, de 25 de abril de 2007. Disponível em: <http://www.sefaz.ms.gov.br/ >. Acesso em: 15 set. 2007. ZDANOWICZ, José Eduardo. Fluxo de Caixa: uma decisão de planejamento e controle financeiro. 10. ed. Porto Alegre: Sagra Luzzato, 2004.. Revista de Ciências Gerenciais • Vol. XIII, Nº. 17, Ano 2009 • p. 161-173.

(13) Luzia Felix da Silva, Hugo David Santana. 173. Luzia Felix da Silva Graduação em Ciências Contábeis pela Faculdade de Campo Grande (2000) e mestrado em Desenvolvimento Local pela Universidade Católica Dom Bosco (2008). Atualmente é professora /coordenadora do Centro Universitário de Campo Grande e professora do curso de graduação - Faculdades Integradas de Rio Verde. Tem experiência na área de Administração, com ênfase em Ciências Contábeis, atuando principalmente nos seguintes temas: controle interno, auditoria, custos, contabilidade e estoques. Hugo David Santana Graduado em Administração pela Universidade Católica Dom Bosco (1994). Especialista em Contabilidade Gerencial pela UFMS 2000. Especialista em Contabilidade Gerencial, Auditoria e Controladora pela UNIDERP (2002) e mestrado em Desenvolvimento Local pela Universidade Católica Dom Bosco (2008). Atualmente é professor e Coordenador Faculdades Integradas de Rio Verde. Professsor da Universidade Anhanguera - UNIDERP, atuando principalmente nos seguintes temas: planejamento, controle, contabilidade pública, contabilidade e contabilidade gerencial, contador gerencial, gestão.. Revista de Ciências Gerenciais • Vol. XIII, Nº. 17, Ano 2009 • p. 161-173.

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