• Nenhum resultado encontrado

Carlo José Napolitano Clodoaldo Meneguello Cardoso. PRECONCEITO NÃO É LEGAL: a intolerância e a lei

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Carlo José Napolitano Clodoaldo Meneguello Cardoso. PRECONCEITO NÃO É LEGAL: a intolerância e a lei"

Copied!
16
0
0

Texto

(1)

Carlo José Napolitano

Clodoaldo Meneguello Cardoso

PRECONCEITO NÃO É LEGAL:

a intolerância e a lei

(2)

APRESENTAÇÃO

O preconceito é uma idéia ou uma opinião negativa sobre um grupo de pessoas ou sobre determinado assunto, formada de modo precipitado, sem conhecimento profundo e reflexão necessária. O preconceito leva à discriminação, à exclusão e à violência.

A discriminação é o tratamento desigual às pessoas com direitos iguais, negando a elas as mesmas oportunidades. Uma discriminação pode ser sofrida por minorias étnicas, religiosas, grupos de tradições nacionais e culturais. Muitas vezes também é dirigida a idosos, mulheres, pessoas pobres, deficientes e de diferentes orientações sexuais. O pensamento preconceituoso e as atitudes de discriminação revelam e acentuam as desigualdades entre as pessoas. E, por isso, combater o preconceito e a discriminação é ajudar a construir uma sociedade democrática e igualitária, em que a felicidade coletiva seja uma realidade possível.

A Constituição Federal, a lei máxima em nosso país, afirma que todos somos iguais perante a lei, não sendo admitidos preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade, ou quaisquer outras formas de discrimina-ção.

Também existem princípios éticos para prevenir a discriminação. A Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948) dispõe que “toda pes-soa tem todos os direitos e liberdades (...), sem distinção alguma de raça, cor, sexo, idioma, religião, opinião política ou de qualquer outra índole, origem nacional ou social, posição econômica, nascimento ou qualquer outra condição.”

A Declaração de Princípios sobre a Tolerância (1995) define o sig-nificado de tolerância como respeito, aceitação e apreço da riqueza

e da diversidade das culturas de nosso mundo, de nossos modos de

(3)

Bauru, abril de 2007. Carlo José Napolitano Clodoaldo Meneguello Cardoso humanos. E é também não tolerar a injustiça social.

Portanto, em seu significado profundo e atual, tolerância é

acei-tar a diversidade e combater todas as formas de opressão e de de-sigualdades sociais. Em síntese, tolerância é a atitude de solidarie-dade entre indivíduos, grupos, povos, nações e, também, dos seres

hu-manos para com a natureza em geral.

Acreditando que a educação seja um instrumento fundamental para prevenir a intolerância, o preconceito e a discriminação, o Núcleo Pela Tolerância, do Depto. de Ciências Humanas, da FAAC/Unesp-Bauru, o Ser-viço Social do Comércio/Sesc-Bauru e a Secretaria Municipal da Cultura de Bauru apresentam esta cartilha como um instrumento educativo para estimular reflexões e debates, entre os jovens, sobre algumas formas de intolerância e sobre o tratamento dado pela legislação brasileira a essas condutas.

A cartilha PRECONCEITO NÃO É LEGAL: A INTOLERÂNCIA E A

LEI faz parte do projeto CONVIVÊNCIA NA DIVERSIDADE coordenado pelo Núcleo Pela Tolerância, na qualidade de centro associado ao LEI – Labo-ratório de Estudos da Intolerância, FFLCH-USP, no projeto “INTOLERÂNCIA”, aprovado no Programa “Instituto do Milênio” do CNPq.

(4)

Preconceito Social

Esta é uma cena bastante comum no dia-a-dia. Há muitas crianças e adolescentes pobres fora da escola que têm que batalhar para ajudar a família. Porém, muita gente pensa que estes adolescentes estão nas ruas por vagabundagem e já têm tendência natural à criminalidade. Isso é um terrível preconceito social!

Para muitos a sociedade é dividida em a “turma do bem” e a “turma do mal”; os honestos e os criminosos. E que os pobres quase sempre são criminosos.

A “criminalização da pobreza” é um tipo de preconceito social muito forte no Brasil e é alimentado por programas de TV, jornais, revistas e por muitos adultos.

(5)

A LEI E A INTOLERÂNCIA

“Constituem objetivos fundamentais da República Federa-tiva do Brasil: I - Construir uma sociedade livre, justa e soli-dária; II - Garantir o desenvolvimento nacional; III - Erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais; IV - Promover o bem de todos, sem pre-conceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer ou-tras formas de discriminação”. (Constituição Federal/art. 3o.) “A criança e o adolescente têm o direito à educação, visando ao pleno desenvolvimento de sua pessoa, preparo para o exercício da cidadania e qualificação para o trabalho...” (ECA/ art.53)

A Lei 7716/89 define os preconceitos como crime e deter-mina como punição prisão de 1 a 3 anos, multa e indeniza-ção por danos morais.

Mais de cinco milhões de jovens entre 5 e 17 anos trabalham no Brasil Fonte: IBGE 64% dos assassinos de menores não são condenados Fonte: Comissão de Justiça e Paz da Arquidiocese de São Paulo

(6)

Preconceito Étnico-Racial

Uma outra forma bem comum de expressão de intole-rância é o preconceito racial e que na sociedade brasileira está relacionada quase sempre à cor da pele da pessoa.

Muita gente, por ser negro, é discriminado quando ten-ta conseguir vaga no mercado de trabalho. Anúncios como: “procura-se moça ou rapaz de boa aparência”, na verdade servem de mecanismo para não aceitar pessoas “diferen-tes” no ambiente de trabalho.

(7)

Declaração sobre a Raça e os Preconceitos Raciais “TODOS OS INDIVÍDUOS E TODOS OS GRUPOS TÊM O DIREITO DE SER DIFERENTES.” (art. 1.2)

A LEI E A INTOLERÂNCIA

Diz a Constituição Federal de 1988, em seu artigo 4º que a República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações internacionais pelos seguintes princípios: VIII – repúdio

ao racismo;

O artigo 5º da Constituição dispõe que a prática de racismo constitui crime inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de reclusão;

A lei 7.716/89, em seu artigo 20, menciona que praticar,

induzir ou incitar a discriminação ou preconceito de raça,

cor, etnia, religião ou procedência nacional está sujeito a uma pena de reclusão de um a três anos, além de paga-mento de multa.

A lei prevê que o crime de racismo é inafiançável, não sendo possível o pagamento de fiança para livrar-se da pena; é imprescritível, não há prazo para a punição do infrator, podendo ocorrer a qualquer tempo.

(8)

Preconceito Estético ou

“Bullying”

A palavra inglesa “bullying” pode ser compreendida como uma brincadeira maldosa praticada de forma repetitiva e intencional por crianças e adolescentes no ambiente esco-lar, com o intuito de amedrontar, difamar, discriminar e ex-cluir colegas. Apelidos que zombam de aspectos físicos, empurrões, tapas e ofensas se enquadram no conceito. As vítimas sentem angústia, vergonha, exclusão e sensação de impotência. O “BULLYING” É UMA FORMA VIOLENTA DE INTOLERÂNCIA.

(9)

A LEI E A INTOLERÂNCIA

Não há no Brasil lei específica em relação à prática do “bullying”, mas podem ser aplicadas sanções genéricas pre-vistas na legislação.

A criança ou adolescente que pratica o “bullying” comete uma infração prevista no ECA - Estatuto da Criança e do Adolescente. O infrator pode ser punido com medidas só-cio-educativas

Também prevê o Decreto-lei 2848/40 (Código Penal, o ar-tigo 140) que a ofensa pode ser punida com prisão de um a seis meses ou multa.

9

Preconceito não é Legal

Em pesquisa realizada em 11 escolas na cidade do Rio de Janeiro, em 2002, com aproximadamente seis mil alunos

de quinta a oitava séries, constatou-se que 40,5% desses alunos admitiram ter estado diretamente envolvidos em

atos de Bullying.

(10)

Preconceito em Relação à

Sexualidade

A intolerância quanto à orientação sexual é manifesta-da por atos conhecidos como homofobia, que podem ser insultos verbais, como chamar o homossexual de “bichinha”, “viadinho”, “sapatão”, “boiola” e outros.

As piadas sobre homossexuais quase sempre revelam ati-tude de preconceito.

A TV já divulgou, no Brasil, agressões bárbaras contra homossexuais, algumas provocando até a morte, por parte de grupos de jovens com mentalidade machista e, portanto, conservadora.

(11)

A LEI E A INTOLERÂNCIA

A Constituição Federal estabeleceu a igualdade entre homens e mulheres proibindo qualquer discriminação baseada em sexo ou em orientação sexual e prega a liberdade das pessoas, de ambos os sexos, agirem como quiserem em relação ao seu comportamento sexual. Sob o ponto de vista penal, a homofobia pode constituir um crime, prevendo o código penal uma pena de detenção de três meses a um ano, além de multa para quem cometer esses atos.

Se houver violência física, o agressor também responderá pela agressão e a pena pode ser de até oito anos de cadeia, em determinados casos.

Preconceito não é Legal

Dinamarca, Holanda, Noruega, Espanha, Bélgica, Suécia, Suíça, Rei-no Unido, França e Alemanha legalizaram a união civil entre pessoas do mesmo sexo. Além desses países europeus, alguns estados norte-americanos também têm legislação específica sobre o tema.

FSP, 25/03/2007

Todos os seres humanos têm direito à autonomia e à autodeterminação no exercício da sexualidade, que inclui o direito ao prazer físico, sexual e emocional, o direito à li-berdade na orientação sexual, o direito à informação e edu-cação sobre a sexualidade e o direito à atenção da saúde sexual e reprodutiva para a manutenção do bem-estar físi-co, mental e social.

(12)

Intolerância Religiosa

Na história da humanidade, muitos genocídios e guerras foram justificadas em nome de crença religiosa, algumas vezes ocultando interesses econômicos e políticos de dominação.

Ainda hoje, em todo mundo, milhões de pessoas sofrem discriminação e violência devido à intolerância religiosa de outros grupos.

No Brasil também presenciamos ou temos notícias de atos de intolerância entre as diversas correntes religiosas. A primeira condição para a tolerância e o diálogo entre as religiões é a aceitação de que existem muitas formas culturais éticas de expressar a crença em um Deus e que, por isso, nenhuma delas pode se colocar como a única verdadeira.

(13)

13

Preconceito não é Legal

O artigo 5º da Constituição Federal dispõe que é inviolável a liberdade de consciência e de crença e que ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou política

A lei determina uma pena de reclusão de um a três anos, além de multa para os crimes relacionados ao preconceito religioso.

Se o crime for cometido por intermédio dos meios de comunicação social ou publicação de qualquer natureza a pena aumenta para dois a cinco anos de reclusão, além da multa. Poderá ocorrer também a proibição das respectivas transmissões radiofônicas ou televisivas.

A LEI E A INTOLERÂNCIA

“As divergências de opinião não devem significar hostilida-de.”

“Como a abelha que colhe o mel de diversas flores, a pes-soa sábia aceita a essência das diversas escrituras e vê so-mente o bem em todas as reli-giões.”

(14)

DISCRIMINAÇÃO CONTRA A MULHER

Uma das mais antigas e cruéis formas de discriminação é contra a mulher.

As histórias de muitas culturas mostram claramente como os homens organizaram a vida familiar e social do ponto de vista masculino e negaram à mulher a convivência igualitá-ria.

Também no Brasil a mulher foi – e muitas vezes ainda é - vítima da discriminação e da violência.

A cultura machista vê a mulher como objeto de prazer, dona de casa, mãe e responsável pela criação dos filhos.

A mulher é um ser humano integral com suas próprias potencialidades.

(15)

Preconceito não é Legal

A LEI E A INTOLERÂNCIA

A Constituição Federal não admite discriminação entre homens e mulheres. (art. 5º)

A lei também prevê regras para evitar a discriminação, como também para proporcionar a participação das mulheres nos atos em sociedade. (art.7º)

Exemplo: É proíbido que ocorra diferença no pagamento de salários entre homens e mulheres que exerçam a mesma função

As mulheres recebem, em alguns casos, trinta por cento a menos que os homens,

exercendo a mesma função. 15% das mulheres brasileiras

sofrem violência doméstica.

(Data Senado)

Brasil

“A discriminação contra a mulher, porque nega ou limita sua igualdade de direitos com o homem, é fundamentalmente injusta e constitui uma ofensa à dignidade humana”.

Declaração sobre a Eliminação da Discriminação contra a Mulher, ONU, 1967

(16)

Programa: CONVIVÊNCIA NA DIVERSIDADE

www.faac.unesp.br/extensao/convdiversidade

PRECONCEITO NÃO É LEGAL: A INTOLERÂNCIA E A LEI

(cartilha)

Instituições parceiras

Núcleo pela Tolerância/Depto. Ciências Humanas/FAAC/Unesp-Bauru Serviço Social do Comércio - SESC - Bauru

Secretaria Municipal da Cultura/Prefeitura Municipal de Bauru

Direitos reservados à

UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação

Av. Luiz Edmundo CArrijo Coube, 14-01 17033-360 - Bauru - SP Tel: (14) 31036064 - Fax: (14) 31036051 Equipe de Elaboração Pesquisa Criação Artística Diagramação Redação e Organização

Graziele Cristina Guimarães Nilson Batista Jr.

Jean Maurício Morales Paula Maria Prado Carlo José Napolitano

Referências

Documentos relacionados

Processo de se examinar, em conjunto, os recursos disponíveis para verificar quais são as forças e as fraquezas da organização.

XLII - a prática do racismo constitui crime inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos termos da lei;. O importante aqui é lembrar que o crime de

Trazei todos os dízimos à casa do tesouro, para que haja mantimento na minha casa, e depois fazei prova de mim nisto, diz o SENHOR dos Exércitos, se eu não vos abrir as janelas

Mas ao levar em consideração o seu regime de dedicação exclusiva, com jornadas que excedem em muito as 40 horas semanais de atividade de um trabalhador comum, hora noturna não

Considerando que, na Educação Infantil, as aprendizagens e o desenvolvimento das crianças têm como eixos estruturantes as interações e as brincadeiras [...] A organização

Deus não vai perguntar quantas pessoas você atraiu para a igreja.... mas vai perguntar como você influenciou o Mundo à

De fato, a aplicação das propriedades da regra variável aos estudos lingüísticos além da fonologia não constitui assunto tranqüilo, seja porque a variável passa a ser

Se a Mangueira expandiu seu domínio na área do samba para ser sinônimo de melhor projeto social do País, citada como exemplo para o mundo pela Organização das Nações Unidas,