Versão 1. Aplicação Inicial - Ano I
Estudo Sistematizado da Doutrina Espírita
Roteiro de Estudo – A Doutrina Espírita em mim
Objetivo geral: refletir sobre a reforma íntima. Objetivos específicos:
estimular a reflexão acerca da transformação proposta no Evangelho de Jesus; refletir o quanto a transformação moral passa pelo autoconhecimento;
pensar o quanto a DE pode me ajudar nesta transformação, passando pelo auto perdão, pelo auto amor e pela caridade consigo mesmo;
refletir o quanto o encontro comigo mesmo me leva ao encontro com o outro.
INTRODUÇÃO
Sensibilizar os alunos para o tema, estimulando-os a refletir sobre os motivos que os fazem se aprofundar no estudo da Doutrina Espírita.
SUBSÍDIOS
O projeto do Espiritismo para a humanidade é a construção do homem de bem. Sim construção – esforço, suor, trabalho, coragem!!!! O homem de bem não está pronto, é trabalho intransferível e pessoal.
Conforme nos afirma Haroldo Dutra, quando Jesus nasce na manjedoura, Ele nos ensina que não é de onde se começa que define quem você é e sim para onde você vai. É o objetivo do teu espírito imortal que define a nossa grandeza espiritual. Jesus nos dá a lição de que com pouquíssimos recursos é possível começar na terra um trabalho de renovação de todos os corações.
O que define o homem de bem não é o que ele faz, mas COMO faz: pode ser um senador ou um gari. Como conduz a sua tarefa, como se comporta.
No ESE, encontraremos elencadas algumas características do homem de bem. O homem de bem é o que cumpre a lei de justiça, de amor e caridade em sua maior pureza. (...) Tem fé em Deus, em sua bondade, em sua justiça e em sua sabedoria; (...) Tem fé
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no futuro(...) É bom, humano e benevolente (...) É indulgente para com as fraquezas alheias (...) Estuda as suas próprias imperfeições e trabalha em combatê-las (...) 1
Mas qual o meio prático e mais eficaz que tem o homem de se melhorar nesta vida e resistir à atração do mal, indaga o Codificador aos espíritos, na Q.919. E a resposta dos espíritos é objetiva e direta: “um sábio da antiguidade vo-lo disse: Conhece-te a ti mesmo.”2
Podemos pois considerar que a construção do homem de bem passa pelo autoconhecimento. Passa por olhar para dentro, num mundo onde o homem se encontra preso às exterioridades.
No mundo da pós-modernidade, o homem está voltado para o ambiente externo, para o mundo exterior. Voltar-se a si, ao seu mundo interior e iniciar o processo de autoconhecimento é o nosso grande desafio!
“O mundo pós-moderno, é o mundo da impermanência. ¨O impermanente roubou lugar dos valores permanentes e não conseguimos ficar conosco e com nossos semelhantes. A permanência, paradoxalmente, acaba sendo a incapacidade de permanecer com a vida e sermos responsáveis pela mesma”. (pág.55)3
“A sociedade pós-moderna irá favorecer o surgimento de um hedonismo socializado pela mídia e, de certa forma, respondida pela própria sociedade como sintoma “sociedade espetáculo”. (pág. 57) 3
“O mal-estar pós-moderno é visível e trivial, expressado na linguagem do cotidiano do trabalho compulsivo, muitas vezes vendido como se fosse “lazer” ou “ócio criativo”, que gera estresse, a perversão, a depressão, a obesidade, o tédio. (pág. 57) 3
“Como podemos perceber, esta realidade que vivemos torna cada vez mais banal a vida e nos atira numa relação individualista e potencialmente destrutiva. Uma realidade que é um campo fértil para o estimulo e a manutenção de comportamentos compulsivos e destrutivos.” (Pág. 59) 3
“Realidade essa que provoca sintomas e conflitos de ordem complexa que aumentam cada vez mais a alienação e a dissociação do ser humano. (pág.60) 3
(...) O ser humano se vê perdido no meio de tanta informação. Sem discernimento, ele, inseguro, agarra-se a amontoar coisas e cuidar do ego e deixando de lado o seu desenvolvimento integral. (pág. 60) 3
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“O resultado é que o indivíduo se entrega a viver apenas o presente e o prazer, o consumo e ao individualismo. As pessoas se encontram perdidas, completamente atropeladas pela “correria da vida”, num lugar onde não há tempo para o encontro verdadeiro, para o entendimento e para a paz. (pág.61) 3
“Queremos trazer uma nova concepção de pensar o homem e sua psicologia, na qual qualquer aspecto da vida se torna o lugar da intimidade. E diante de um mundo tão acelerado e desprovido de compaixão, frente a uma onda de movimentos caóticos e superficiais, possamos recuperar a noção de que a vida tem sentido. Um sentido e uma intimidade na relação entre o transitório e o transpessoal, entre o pessoal e o impessoal, entre o individual e o coletivo, entre o interno e o externo, entre consciência e o inconsciente. Um lugar onde a vida não seja excluída da totalidade dos eventos e significados da experiência”. (pág. 64) 3
“É justamente dentro desta proposta que Joanna de Ângelis nos convida a reconhecer o nosso ser profundo e nos abrirmos para esse universo pleno da conquista interior num diálogo criativo com a vida”. (pág. 65) 3
“ A ideia é então é nos reconhecermos como Espíritos imortais, realizando o caminho profundo para dentro de nós mesmos, a fim de conquistarmos esse reino interior.
Como nos colocou Jesus, o reino de Deus está dentro de cada um e Cristo é a figura do Homem Integral. Jung acertadamente afirmou que “Cristo é o homem interior ao qual se chega pelo caminho do autoconhecimento.
Joanna de Ângelis nos afirma que Jesus é o perene momento em que o Rei Solar mergulhou nas sombras terrestres, a fim de que nunca mais houvesse trevas na humanidade, possibilitando uma perfeita identificação entre a criatura e o seu Criador, para todo o sempre. A benfeitora nos coloca que Ele implantou o seu reino no país das almas, inaugurando a era da renúncia aos bens terrenos.” (pág. 67) 3
“Coloca-nos a benfeitora, Jesus desejava a todos os indivíduos a mesma posição que conseguiu, tendo o Pai como exemplo e foco a ser conquistado. Propôs que ninguém se satisfaça com o já conseguido, mas cresça, busque e se entregue ao esforço constante de libertação, acendendo no rumo da Grande Luz”. (pág. 68) 3
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Ao final de L.E., na conclusão o autor formaliza a proposta da Doutrina para a transformação moral da humanidade:
Por meio do Espiritismo a humanidade deve entrar numa nova fase, a do progresso moral, que é sua consequência inevitável. (...) o desenvolvimento dessas ideias apresenta 3 períodos distintos: primeiro, o da curiosidade, provocada pela singularidade que os fenômenos produzem; segundo, o do raciocínio e da filosofia; terceiro, o da aplicação e das consequências. O período da curiosidade já passou, pois dura pouco tempo e, uma vez satisfeita, muda de objeto. O mesmo não acontece com o que se dirige ao pensamento sério e o raciocínio. O segundo período já começou e o terceiro o seguirá inevitavelmente. (Kardec)4
“Neste ponto se encontra a parte delicada da nossa reflexão quando desejamos ser algo que percebemos não ser. Almejamos uma conduta que não temos. Idealizamos um comportamento que ainda não é uma conquista. Perante esta dificuldade ou perante a visão da impossibilidade de atender nosso desejo quando identificamos estas possíveis inadequações interiores, corremos o grave risco de tentarmos fugir de nós mesmos, sem nos aprofundarmos no que realmente somos e, conforme ensinou Joanna, criarmos outros problemas, construindo verdadeiros obstáculos à transformação moral. (pág. 369)5
“ A transformação moral não é um processo de de nossos defeitos, pois isto seria apenas um desgaste de energia”. (pág. 380) Não é um processo de fuga dos nossos defeitos, muito menos de construções exteriores. (pág.384). Não é um processo de identificação exterior ou “assimilação” de virtudes. (pág.386) 5
“O movimento de transformação, numa compreensão dinâmica, tem como passo primordial a auto aceitação, mesmo que isso inicialmente nos cause um embaraço, como se este ‘aceitar’ fosse uma forma de acomodação ou conivência.
Quando alguém efetivamente capaz de aceitar como se encontra e acolher suas imperfeições, por este simples gesto, se verdadeiro, já iniciou o desenvolvimento da mais importante virtude que se opões ao ego adoecido: a humildade.
Como é possível amar alguém – a mais meritória de todas as virtudes – se primeiro não aprender a aceita-lo como é? Então questionamos: seria possível alguém
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aceitar outra pessoa sem que seja capaz de fazer isso consigo próprio? Seria possível fazer um envolvimento emocional com o outro, o qual eu desconheço?
Por tudo isso concluímos que quando nos aceitamos indistintamente, somos capazes de aceitar os outros. E aceitando os outros, conseguimos compreender, ser indulgentes, misericordiosos e capazes de perdoar. E o que é o amor, o sentimento por excelência, senão a vivência de todas estas virtudes? Basta aceitar-se verdadeiramente”. (pág.390) 5
Encontramos em Paulo de Tarso um exemplo de quem fez esta transformação moral em sua vida.
“Quem era Paulo de Tarso? Um fariseu fanático, obstinado perseguidor de cristãos e da nascente doutrina cristã? Ou um ser predestinado por determinação divina, que recebeu a dádiva da aparição de Jesus, em gloriosa visão às portas da cidade de Damasco, convertendo-se ao Cristianismo? Corajoso, intrépido e sincero que, arrependido de uma postura radical que culminou no apedrejamento de Estêvão – o primeiro mártir do Cristianismo –, humildemente empreendeu acelerada revisão de conceitos e atendeu ao chamado de Jesus. Entre perseguições, enfermidades, zombarias, desilusões, deserções de companheiros, pedradas, açoites e encarceramentos, transformou sua vida num exemplo de trabalho através de dezenas de anos de luta, empenhado em abrir igrejas cristãs e dar-lhes assistência. Em algum ponto da vida todos recebemos um chamado do Cristo. Que temos feito?” 6
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
1. KARDEC, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo. Tradução de Guillon Ribeiro, 2ª ed. Rio de Janeiro: FEB, XXX. Capítulo 17 (pág. 225)
2. ______________. O Livro dos Espíritos. Tradução de Guillon Ribeiro. 93ª ed. Rio de Janeiro: FEB, 2013. Questão 919 (pág. 408)
3. FRANCO, Divaldo. Refletindo a Alma – a psicologia espírita de Joanna de Ângelis.1ª ed. Salvador: Alvorada, 2011 (cap.3)
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4. KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. Tradução de Guillon Ribeiro. 93ª ed. Rio de Janeiro: FEB, 2013. Conclusão – item VII (pág. 469)
5. FRANCO, Divaldo. Refletindo a Alma – a psicologia espírita de Joanna de Ângelis.1ª ed. Salvador: Alvorada, 2011 (cap.15)
6. XAVIER, Francisco Cândido. Paulo e Estêvão. Disponível