Notícia: “Fisipe produz fibra de carbono”
Publicado em 2010-11-20Telma Roque
A Fisipe - Fibras Sintéticas de Portugal, S.A., situada no Lavradio, no Barreiro, vai inaugurar, no dia 10, uma unidade destinada à produção de fibra de carbono, muito mais leve e resistente do que o aço. É mais um passo para se afirmar no mercado mundial.
"Acredito que este é o caminho. A saída para a Fisipe", adianta ao JN João Manuel Dotti, administrador da empresa, argumentando que "o futuro está na fibra de carbono" e que, num mercado competitivo, não apostar na inovação e na tecnologia é perder terreno para a concorrência.
Há muito que a Fisipe apostou nas fibras especiais para conquistar novos mercados. Depois das fibras tintas (com a coloração escolhida pelos clientes), das fibras a imitar peles de animais, ou impermeáveis à água, a empresa aposta agora no desenvolvimento de um precursor para a produção de fibra de carbono.
É quase um "fato à medida" para o cliente, uma vez que o resultado final será aquele que o cliente desejar", explica João Dotti, acrescentando que o investimento rondou os cinco milhões de euros e que a Fisipe já exporta 99% da sua produção e que, desde 2005, já foram contratados mais 76 funcionários. A empresa dá emprego a 330 pessoas. Os Estados Unidos da América são o principal cliente da Fisipe, mas a empresa vende para países tão diversos como o México, Marrocos, Paquistão, China ou Índia. Com a fibra de carbono espera, não só reforçar a sua posição enquanto grande produtor europeu, como chegar a novos mercados, entrando em países que estão em grande desenvolvimento como é o caso do Brasil. Em Portugal, espera sobretudo ter retorno financeiro na área da energia eólica e na indústria aeronáutica.
A fibra de carbono será cada vez mais aplicada na indústria. Para a Fisipe é uma manobra de antecipação. "Pás de geradores eólicos, plataformas de petróleo, construção
Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro Departamento de Economia, Sociologia e Gestão
Licenciatura em Gestão 3ºano/2ºsemestre
Unidade curricular: Inovação e Gestão da Mudança Docentes: Carla Marques e José Portela
Discente: Daniela Duarte, n.º 34085
23/04/2012 Ano lectivo 2011/2012
civil e para componentes da indústria automóvel, retirando peso aos automóveis e reduzindo consumos", esclarece.
A Aksa, na Turquia, a Montefibra, em Itália, e a Dralon, na Alemanha, são as grandes concorrentes da empresa de fibras portuguesa, criada em 1973, no seio do grupo da CUF para fornecer fibra à indústria têxtil portuguesa.
A Fisipe passou por períodos muito conturbados, tanto políticos, como económicos. Esteve praticamente falida, mas tem vindo a crescer desde 2005.
Análise da notícia
A notícia fala-nos de uma nova unidade fabril da empresa “Fisipe” e que se destina à produção de fibra de carbono que é mais resistente e leve do que o aço e que fá entrou no mercado incluída em diversos materiais e com as mais diversas aplicações. O que nos leva à pergunta: o que é a fibra de carbono? De acordo com Luiz Ricardo dos Santos, a fibra de carbono é “um compósito filamentoso, obtido a partir de vários tipos de materiais compostos de carbono através da decomposição térmica também conhecida como pirólise, contendo pequenas quantidades de materiais inseridos em sua estrutura, como resinas por exemplo. Em virtude de sua resistência e baixa densidade é utilizada na fabricação naves espaciais, na indústria, de automóveis, e em equipamentos empregados em técnicas eletroanalíticas.”1
A empresa
A Fisipe inova no sentido de conquistar novos mercados e fabricar novas fibras que vão desde fibras com a coloração que o cliente quer, entre outras. A empresa teve um grande investimento e exporta quase a totalidade de toda a sua produção. A cultura organizacional da empresa direccionada para a inovação e a criatividade, leva a que a Fisipe seja uma empresa muito dinâmica e preparada para enfrentar os desafios do mercado em que se insere. Tem uma filosofia que consiste na partilha da sua cultura de inovação com os seus clientes o que possibilita a constituição de parcerias com eles e a conquista de benefícios mútuos.
Apesar de, tal como a notícia refere, a empresa ter passado por algumas dificuldades, tanto a nível político como a nível económico, a Fisipe é uma empresa que aposta na inovação o que lhe permitiu chegar ao lugar onde está hoje. Com o uso deste tipo de material que é mais resistente do que os que já existem no mercado, a Fisipe chegou mais longe do que outras empresas e com mais sucesso para tornar a vida da população mais facilitada, protegendo ainda o ambiente na medida em que a fibra de carbono dura mais do que o próprio aço.
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Ver http://www.infoescola.com/quimica/fibra-de-carbono/
A inovação
Esta inovação é uma inovação incremental2, dado que se apoia na melhoria da fabricação da própria fibra e que substitui o aço e proporciona novas utilizações e formas de ser utilizada, é também considerada uma inovação de produto, de acordo com a definição do Manual de Oslo a inovação de produto é “a introdução de um bem ou serviço novo ou significativamente melhorado no que concerne a suas características ou usos previstos. Incluem-se melhoramentos significativos em especificações técnicas, componentes e materiais, softwares incorporados, facilidade de uso ou outras características funcionais”, pois a notícia refere novas formas de uso da fibra de carbono assim como várias aplicações que este tipo de fibra tem.
Com o apoio da tecnologia melhora-se a fibra que já tem e transforma-se para outros tipos de fibras, ou seja é uma inovação tecnológica no produto, pois resulta da alteração dos processos tecnológicos. Segundo Jorge Azevedo de Castro (1999, página 14) citando Katinski, diz que ‘“o carácter cumulativo da técnica, que garante a coexistência de procedimentos multimilenares não alterados pela inovação da “tecnologia de ponta”’, i.e., apesar da nova tecnologia que vai surgindo praticamente todos os dias a técnica usada nos anos 50 continua a ser aplicada e é a base para as fibras de carbono que surgem e cada vez mais têm novas aplicações.
O produto descrito na notícia, a fibra de carbono, encontra-se na fase de maturidade do ciclo de vida do produto, esta fase caracteriza-se por se dar uma “estabilização das vendas, através da diminuição do ritmo de crescimento ou até de ligeiros declínios”3
. Também se “intensificam-se fortemente os níveis concorrenciais entre as empresas, visíveis nas frequentes guerras de preço e publicidade.”4
, as empresas e os seus concorrentes tentam, nesta fase consolidar as suas quotas de mercado (Freire (2000), página 219) .
Com a fibra de carbono a empresa tenta aplicar a teoria do “kaisen”, pois tenta produzir diferentes tipos de fibras de maneira a que conseguir conquistar novos mercados. Existe uma melhoria contínua e a fibra de carbono tem cada vez mais aplicações na indústria. As aplicações desta fibra vão desde pás para geradores eólicos, componentes para a indústria automóvel, por forma a retirar peso aos automóveis e reduzir consumos, entre outras aplicações.
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Retirado dos slides fornecidos pela professora e disponíveis para download em http://side.utad.pt/cursos/gestao/disciplinas/979/documentos/downloads# e http://side.utad.pt/cursos/gestao/disciplinas/2987/documentos/downloads# 3 Retirado de http://www.infopedia.pt/$ciclo-de-vida-do-produto 4 Retirado de http://www.knoow.net/cienceconempr/gestao/ciclovidaproduto.htm 3
Esta fibra em carbono é tem vantagens pois é mais leve do que outros materiais e como não sofre corrosão é mais prático usá-la em vez de outros materiais que mais cedo ou mais tarde sofrem corrosão e oxidam. Este tipo de fibra começou a ser produzido no ano de 1950 e desde esse ano tem vindo a sofrer diversas transformações que possibilitam novos usos, novas formas de produzir essa fibra e um conhecimento melhor sobre esse tipo de material o que ajuda na pesquisa de novas fibras mais resistentes, mais leves e duradouras que antes não existiam. Um dos principais compostos deste tipo de fibra é a celulose (cerca de 90 a 91% da fibra de carbono), o algodão, o linho e o cânhamo são por isso fontes excelente de carbono, no entanto há materiais sintéticos e naturais que são mais viáveis e que têm um custo mais baixo. Os clientes são também uma fonte de inovação, sendo por isso que esta empresa aposta nisto para melhorar os seus produtos e assim inovar.
Em suma, qualquer inovação deve ter uma aplicação que torne a vida das pessoas mais fácil e que permita com que se possam fazer coisas mais rápidas e melhores, mas tendo sempre em conta o meio ambiente, pois agora as preocupações com o meio ambiente e a inovação de produtos e serviços para tornar a vida das pessoas melhor e mais fácil andam sempre de mãos dadas. As pessoas procuram serviços que facilitem a sua vida, mas, cada vez mais procuram que estes não prejudiquem o ambiente e esta inovação é um desses exemplos que facilitam a vida das pessoas pois tem usos muito diversificados e protege o ambiente.
Fibra de carbono (posicionada do canto inferior esquerdo ao canto superior direito) comparada com um fio de cabelo.
Fontes consultadas: Notícia: http://www.jn.pt/paginainicial/pais/concelho.aspx?Distrito=Set%FAbal&Concelho=Barreiro&O ption=Interior&content_id=1715106 Imagem: http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Cfaser_haarrp.jpg Informações adicionais referidas no texto:
http://www.fisipe.pt/gca/?id=4
http://utad1112igm.wikispaces.com/Gloss%C3%A1rio%2C+de+A+a+Z
http://www.infoescola.com/quimica/fibra-de-carbono/
Castro, Jorge Azevedo de, (1999), “Invento & inovação tecnológica – produtos & patentes na construção”, Annablume, página 14
Slides fornecidos pela professora e disponibilizados em
http://side.utad.pt/cursos/gestao/disciplinas/979/documentos/downloads# e http://side.utad.pt/cursos/gestao/disciplinas/2987/documentos/downloads# http://www.infopedia.pt/$ciclo-de-vida-do-produto http://www.knoow.net/cienceconempr/gestao/ciclovidaproduto.htm http://www.finep.gov.br/imprensa/sala_imprensa/oslo2.pdf 5