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Por Dentro do Arco Real (maçonaria) - Richard Sandbach

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Academic year: 2021

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Richard S. E. Sandbach

Por Dentro do

Arco Real

Incluindo os discursos proferidos

durante as reuniões anuais das

Províncias de Northamptonshire e

Huntingdonshire durante o período

de 1978 a 1990, quando o autor era

o Mui Excelente Superintendente

Provincial.

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Madras Editora Ltda.

Dedicado a Clifford Ellam Jones, M.B.E. — Past Deputy G. Superintendent e Basil Reginald Dixon — Past Second Pr. G. Principal Northamptonshire e Huntingdonshire com afeto e gratidão por seu incentivo, apoio e companheirismo.

Agradecimentos

Meus sinceros agradecimentos e reconhecimento àqueles a seguir mencionados pela autorização que me foi dada para reproduzir docu mentos e trechos neste livro. A Comissão de Assuntos Gerais, pela autorização para a reprodução de trechos do "Freemasonry and Christianity, Towards a Theology for Inter -Faith Dialogue" e do "We Believe in God". Ao Rt. Ver. William Westwood, Lorde Bispo de Peterborough, pela autorização para citar parte de uma carta de muita ajuda que me enviou.

Índice

Introdução e Explanação ... 11 1. A Igreja e a Franco-Maçonaria (1988) ... 15

2. "Nossos Ditos Mui Excelentes Irmãos e Companheiros" 25

3. O Candidato (1978) ... 37 4. A Suprema Ordem (1979) ... 39

5. A História dos Forasteiros (ou Sobrestantes) (1980)...43

6. Um Momento para ser Lembrado (1981)... 49 7. "O Antigo Brinde" (1982) ... 53

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8. "Companheiros" (1983) ... ...57

9. "Velado em Alegorias" (1984) ... 61

10. "Se a Franco-Maçonaria não é uma Religião..."

(1985)..65

11. Construindo para o Futuro (1986) ... 71

12. Compatibilidade (1987) ... 91

13. O Caso dos Críticos (1988) ... 97

14. "Amor Fraternal, Ajuda..." (1989) ... 103

15. "... e Verdade" (1990) ... 109

16. "Da Babilônia, Mui Excelente" ... 115

Palavras Finais ... 131

Apêndice A — "O que é a Franco-Maçonaria" — folheto publicado pela Grande Loja Unida da Inglaterra 133 Apêndice B — Trecho de Franco-Maçonaria e Cristianismo (1987).... 136

Apêndice C — "O Relacionamento entre a Franco-Maçonaria e a Religião" — Adotado pela Grande Loja Unida em 12 de setembro de 1962, e afirmada em 9 de dezembro de 1981..137

Apêndice D — "A Franco-Maçonaria e a Religião" — folheto publicado pela Grande Loja Unida da Inglaterra ... 138

Índice das Ilustrações Figura 1: Lorde Blaney, Primeiro Grande Principal ou Grão-Mestre Zorobabe... 175

Figura 2: O Campo dos Israelitas ... 76

Figura 3: Brasão da Grande Loja (Antigos) e Brasão da Grande Loja Unida da Inglaterra... 77

Figura 4: Estandartes: Reuben (homem), Judá (leão), Efraim (boi), Dan (águia)... 77

Figura 5: Estandartes das 12 Tribos dos Israelitas... ... 78 e 79

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Figura 6: Página de Abertura da Barker Bible .... 80

Figura 7: Tábua de Delinear de Oxford ... 81

Figura 8: Capítulo do Arco Real ... 82

Figura 9: Avental de Companheiro... 83

Figura 10: Antigo Avental com o "T" sobre o "H" ... 83

Figura 11: Um Modelo de Arco Real ... 83

Figura 12: Um Pedestal ... 83

Figura 13: Um Antigo Certificado ... 84

Figura 14: Antigo Modelo de um Domo ... 85

Figura 15: Implementos ... 85

Figura 16: Rev. dr. George Oliver ... 86

Figura 17: Grandes Estandartes Escoceses ... 87

Figura 18: Aventais Antigos ... 88

Figura 19: Jóia do Principal, do século XVIII ... 88

Figura 20: Jóia do Arco Real Escocês, de 1868 .. 88

Figura 21: Medalhas do Arco Real ... 89

Figura 22: Sala Capitular em Bristol ... 90

Introdução e Explanação

Este é um livro dedicado, principalmente, aos maçons que ingressaram em algum Capítulo e, assim, tornaram-se Companheiros do Arco Real. Por incluir discursos pronunciados anualmente durante o período de 1978 a 1990, são abordados comentários sobre as posturas das Igrejas em relação à Maçonaria e da Maçonaria em relação à religião. Não é minha intenção, nesse âmbito, criar qualquer controvérsia ou mesmo tentar modificar as opiniões de qualquer crítico da Maçonaria, mas fazer o máximo para ajudar os Companheiros do Arco Real a esclarecer os seus conceitos sobre a Ordem e entender o que os críticos dizem e, tanto quanto possível, as razões daquilo que dizem. O livro tem como alvo o povo

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maçônico; caso algum leitor seja um opositor ou um crítico da Maçonaria, espero que veja essa obra como clara, sóbria e cuidadosa exposição de uma visão contrária à sua, e das críticas levantadas contra a Arte nos últimos anos; no entanto, não espero, nem estou tentando, alterar suas convicções.

Embora Laurence Dermott tenha chamado o Santo Arco Real de "a raiz, o coração e a medula da Maçonaria", não será antes de alguém já ter se tornado Membro por algum tempo que a verdade inserida nessa declaração se tornará aparente — e, ainda, para alguns, isso jamais acontecerá. Não posso dizer ter pensado profundamente sobre a Ordem antes de me tornar dirigente de uma Província do Arco Real em 1978, em cujo âmbito eu deveria dirigir-me aos Companheiros da Província de Northamptonshire e Huntingdonshire durante a Convenção Anual. Ao pensar sobre o que poderia dizer de construtivo, considerei abordar, seriamente, a credibilidade da Ordem.

Naquela época, a resposta típica à pergunta "Por que eu deveria ingressar em um Capítulo?" era: "Porque ele é um complemento do Terceiro Grau, e desvenda os Segredos Perdidos". Isso nunca soou muito convincente, e menos ainda ao pensarmos com seriedade sobre a Ordem. O título da Ordem, "Suprema Ordem do Santo Arco Real", parecia dar um bom ponto de partida e, ao pensar sobre isso, era levado a crer que, de fato, existia muito mais a ser ponderado; porém, será que os Companheiros sentiriam que valeria a pena ouvir tais palavras? Algumas experiências (e, para dizer a verdade, bastante nervosas) iniciadas em 1979 indicaram que a resposta era afirmativa, e os comentários feitos por visitantes de outras Províncias eram bastante

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encorajadores. O elemento "especulativo" começou a tomar conta de todo o discurso e, assim, cada um dedicou mais tempo à preparação, sendo o resultado muito gratificante para mim, parecendo muito ajudar os demais. Foi, talvez, com o passar dos anos, que eu tenha começado a entender o que Dermott queria dizer.

Um maçom é instado, desde o início de sua carreira maçônica, a pensar seriamente acerca do propósito da vida, e os Capítulos do Arco Real apenas prosperarão e crescerão se os Companheiros reconhecerem que há um propósito e um significado na Ordem. Embora possa atrair o interesse, raramente o cerimonial pode converter a atenção em entendimento e, em decorrência, em entusiasmo.

Chegada a época de aposentar-me como dirigente, pediram-me que eu reunisse meus discursos e palestras. Essa foi a origem deste livro, do qual tais discursos fazem parte. Como eles foram mantidos, em seu todo, na mesma forma com que foram proferidos, os discursos e palestras são, em seu estilo, mais diretos do que impessoais, e mostram mais um desenvolvimento de pensamento do que uma filosofia fixa ou imutável; no en-tanto, provavelmente um de seus méritos é a sua brevidade, pois nenhum deles se estende por mais de dez minutos.

Os dois primeiros capítulos e o último não se compõem dos discursos ou palestras proferidos no Capítulo Provincial, mas também deram origem, como palestra, aos apresentados: um no Sínodo Superior, ao qual fui convidado a falar sobre a Maçonaria, seguido de um debate sobre o assunto no Sínodo Geral da Igreja da Inglaterra, em 1987; uma outra palestra sobre a História do Arco Real; e a terceira sobre o retrospecto histórico da

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Lenda da Ordem e algumas lições que dela podem ser extraídas. Como cada um dos capítulos deste livro é isolado, é inevitável que algumas repetições venham a ser observadas, mas achei preferível mantê-las a comprometer a coerência de cada capítulo, ou dificultar a sua leitura caso algum Companheiro queira apresentá-lo em algum Capítulo, em cujo caso espero que a sua atenção seja voltada à "Palavra Final", apresentada no final deste livro.

Pesadas nuvens interferiram no progresso à medida que a mídia e os elementos mais extremos das Igrejas começaram a atacar a Maçonaria. Havia clérigos e congregados cujos motivos surgiram de legítimas (embo-ra, sob nossa visão, mal-direcionadas) inquietações, que normalmente se declarava estarem baseadas em bases teológicas; alguns laicos justificaram sua atitude e postura como uma expressão da "preocupação pública", mas, freqüentemente, não parecendo avessos a se beneficiar expondo suas opiniões; alguns viam a Arte associada à manutenção de uma sociedade estável, a qual, por seus próprios motivos, queriam perturbar, e à cuja caça juntaram-se com satisfação. Alguns eram simples "curiosos" e havia aqueles cujos motivos eram obscuros, por vezes pessoais, outras vezes, segundo alegavam com base em princípios, às vezes surgidos de alguma suposta conspiração maçónica, cuja natureza variava conforme os preconceitos da pessoa. Eram tempos difíceis e, certo ou errado, encarei como meu dever ajudar aqueles pelos quais eu era responsável a entender o que estava acontecendo e a reconhecer a verdadeira preocupação onde quer que ela existisse, a observar e manter um sentido de proporção e a trabalhar naquilo que devíamos dizer aos nossos críticos ao explicarmos a

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nossa posição. Isso provou ser uma excelente disciplina pessoal, mas o fato de saber naquela época que as minhas funções de ofício terminariam em 1990 significava trabalhar tendo em vista um termo; assim, as palestras e discursos proferidos em 1989 e 1990 tentam somar o que esse período de peregrino ensinou-me até aqui. A viagem ainda não está concluída ou completa, e quiçá este livro venha a inspirar outros a seguir mais adiante.

Em uma questão, mais do que em qualquer outra, fomos assaz afortunados em Northamptonshire e Huntingdonshire; tivemos, então, a ajuda e a compreensão de muitos membros do Clero, tanto da Diocese, quanto da Paróquia, além de outros diversos ministros não-conformistas. A todos esses que tentaram entender e ouviram com simpatia, ofereço a minha pro-funda gratidão. Foi esse elemento de compreensão que levou ao convite de discursar ao Sínodo Superior e, assim como aquele discurso tinha de se iniciar pela apresentação da Maçonaria na Província para uma audiência em grande parte formada por não-maçons, essa coletânea iniciou-se com uma versão atualizada, para que os leitores possam conhecer os acontecimentos em resposta aos quais cada um dos discursos foi proferido.

Certamente, existem diversos métodos de "trabalhar" o Arco Real. Assim sendo, alguns Companheiros poderão achar que algumas práticas aqui referidas podem diferir daquelas às quais estão acostumados; porém, as mensagens e os ensinamentos são, em seu todo, os mesmos, e espero contar com a sua indulgência.

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Eu nunca tentei esconder o meu interesse maçônico ou fugir de perguntas sérias a seu respeito. Isso era de total conhecimento das autoridades tanto diocesanas como paroquianas, sendo que nenhuma crítica foi feita contra mim, seja como Presidente da Comissão Diocesana de Finanças (cargo ocupado por mim dur ante dez anos), seja como Esmoler na Igreja Paroquial (um cargo que muitos franco-maçons ocupam em Loja). Troquei muitas correspondências com autoridades da Igreja antes de fazer minha exposição sobre a Franco-Maçonaria no Sínodo Geral e, em 1988, logo após a sua realização, fui convidado a discursar sobre a Arte, no Sínodo do Decanato de Peterborough. O que segue é o resultado disso; o conteúdo fornece uma base para os pensamentos desenvolvidos nos últimos discursos. Os números e os dados foram atualizados e apresentados sob a forma de notas.

Durante muitos anos, críticas, censuras e comentários, embora mal informados ou até (como, infelizmente, acontece às vezes) maliciosos, foram deixados sem resposta, e isso freqüentemente significava que os ataques que eram desferidos por intenção de um adversário deixavam destroços; e, a longo prazo, cada pedaço dos destroços servia de cabeça-de-ponte para os atacantes que se seguiam. A maioria dos filósofos e a maioria das religiões têm sofrido situações semelhantes de tempos em tempos. Os primórdios da Igreja Católica não foram diferentes — ela era, por exemplo, seriamente acusada da prática de canibalismo por seus oponentes, que interpretavam mal as suas cerimônias. Decidimos, pois, ser chegado o momento em que devemos limpar esses destroços e defender os nossos princípios.

É importante perceber que existem certos grupos, principalmente no exterior, que se denominam

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maçônicos; porém, nós não os reconhecemos como tal e os consideramos irregulares. A razão para tanto é que eles não seguem os padrões de reconhecimento aceitos pela Franco-Maçonaria inglesa e convencionados por outras Grandes Lojas com as quais nós, para usar um termo técnico, "comunicamo-nos". E isso se deve, normalmente, a um dos três motivos. O primeiro é a falta da exigência de que um aspirante à admissão afirme a sua crença em um Ser Supremo, como condição prévia para que seja aceito como candidato. O segundo é a falta da exigência de que o candidato deva prestar o seu Juramento sobre, ou tendo à vista, o Livro ou Escritura que ele considere ligado à sua consciência em confor-midade com sua religião ou credo, e que deverá estar aberto. De acordo com a Jurisdição Inglesa — ou seja, em todas as Lojas jurisdicionadas à Grande Loja Unida da Inglaterra, seja no âmbito doméstico, seja no exterior, a Bíblia Sagrada deve ser aberta na Loja, em frente ao Mestre, enquanto a Loja estiver em sessão; caso o candidato seja judeu ou não-cristão, ao prestar o seu juramento ele deverá ter também à sua vista aberto o Livro ou Escritura considerado em sua Fé como sagrado, em um lugar em que, se necessário, se possa alcançá-lo com facilidade. O terceiro motivo para o não-reconhecimento é a falta de frisar bem e insistir que a Franco-Maçonaria é de caráter não-político.

Limitarei-me a abordar apenas a Franco-Maçonaria inglesa, tal como ela é praticada segundo a Grande Loja Unida da Inglaterra, que controla os três Graus básicos (a Maçonaria Simbólica, ou "Craft") e o Arco Real (ou Capítulo), que é uma extensão da Maçonaria Simbólica. Certamente, isso exclui certas Ordens, às quais são feitas algumas referências no relatório do grupo executivo do

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Sínodo Geral, notadamente o "Rito Antigo e Aceito", Cavaleiros Templários e a Ordem da Cruz Vermelha de Constantino — todas sendo Ordens maçônicas cristãs; porém, por ser dirigente apenas da Maçonaria Simbólica e do Arco Real nessa área, não tenho o direito de falar ou responder pelos demais "ex cathedra".

Dentro desses parâmetros, a primeira pergunta a ser formulada deve ser: "O que é a Franco-Maçonaria?" Vocês devem ter consigo, entre seus papéis, um folheto sobre isso, publicado pela Grande Loja Unida. Esse folheto lhes dará uma boa e concisa idéia, mas ainda assim, eu gostaria de dar um pouco mais de forma ao conteúdo; portanto, comecemos com uma reconhecida definição: "A Franco-Maçonaria é um sistema de moralidade" — a palavra "moralidade" é empregada, aqui, no sentido (tal como consta no Concise Oxford Dictionary) de "conduta moral (especialmente boa)". Esse é, provavelmente, o ponto mais importante que apresentarei a vocês, pois as mais sérias críticas feitas à Arte, vindas de origens religiosas, parecem basear-se na infundada suposição de que ela é, ou pretende ser, uma religião.

Gostaria de dirigir-lhes algumas palavras sobre a organização. O Grão-Mestre é eleito anualmente e tem grande poder, mas a Grande Loja Unida é o real corpo governante. As Lojas fora de Londres são agrupadas em Províncias, estando cada uma sob responsabilidade de um Grão-Mestre Provincial. Nós temos certa tendência a nos atermos aos antigos limites dos Condados; assim, a Província por mim governada é a de "Norfhamptonshire e Huntingdonshire"; ela abrange os antigos Condados de mesmo nome, além do Distrito de Peterborough e Stamford, de forma que vocês poderão perceber ser essa

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região bastante co-extensiva à Diocese de Peterborough (exceto Rutland), abrangendo partes das Dioceses de Ely e de Lincoln. Existem 66 Lojas na Província, com mais três em provisão, e mais de 3.500 homens — quantidade que aumenta em 40 a cada ano. Em 1986, a Província admitiu mais 138 membros em suas Lojas de Maçonaria Simbólica. A cada ano, a Grande Loja Unida emite entre 13 mil e 15 mil Certificados a novos Membros em todo o mundo7 e autoriza a fundação de 30 a 40 novas Lojas em toda a jurisdição inglesa.

Quanto à habilitação para ingresso, sempre temos o cuidado de saber e descobrir as razões e motivos que levaram a pessoa a se apresentar, pois não queremos ninguém que pede admissão por (citando palavras do Ri-tual) "motivos mercenários ou outros menos dignos"; e, àquele que é aceito, lhe será solicitado em Loja Aberta, antes do início da cerimônia propriamente dita, que confirme estar pedindo sua admissão levado por uma "fa-vorável opinião preconcebida sobre a instituição, pelo desejo profundo de instruir-se, e por vontade sincera de poder prestar maiores serviços aos seus semelhantes". Tudo isso não faria o menor sentido se não tivéssemos ideais bem definidos e se não os instruíssemos aos Irmãos. O trabalho de base já se inicia antes mesmo de a pessoa ser proposta como candidata, ao se apresentar à Comissão da Loja. Nessa entrevista, será pedido que confirme a sua crença religiosa em um Ser Supremo, e ele será informado que se espera que, após sua admissão, continue a praticar a religião por ele professada.

Também lhe será mencionado o compromisso financeiro a ser assumido, incluindo o dever maçónico da caridade; nessa oportunidade, também lhe será perguntado se,

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caso seja casado, a sua esposa e sua família apóiam a sua candidatura. Ele será informado que lhe será exigido prestar um Juramento, no qual se compromete a ter um comportamento conforme os nossos preceitos e a jamais revelar seus segredos. Ele pode fazer as perguntas que desejar sobre esses tópicos ou quaisquer outros, às quais serão respondidas ou será explicado por que uma resposta será dada oportunamente. Assim, eleja saberá bastante sobre o que está por acontecer e o que é esperado dele antes que adentre a Loja. Daí, antes de prestar o seu Juramento lhe é assegurado que nele nada há de incompatível com os seus deveres civis, morais ou religiosos.

Aqueles que nos criticam são muito bons em se agarrar com escárnio, menosprezo e horror a certas partes que consideram ser o nosso ritual e, freqüentemente, tiram-nas do contexto e mudam o seu foco, assim como aconteceria se durante uma partida de futebol, ao chutar ao gol, a trave fosse mudada de lugar se estivessem perdendo o jogo. Na verdade, ao ver o desenrolar de uma cerimônia, ainda que já a tenha presenciado muitas vezes antes, ela continua exercendo um grande fascínio. Tenha em mente que nenhuma de suas partes é lida, e que os seus protagonistas mudam a cada ano. Tudo deve ser aprendido, e a dignidade e a ordem de uma cerimônia bem executada impressionam e satisfazem, não apenas aquele que a acompanha, mas também quem dela participa, até mesmo, e principalmente, o candidato ao qual cada cerimônia tem o objetivo de transmitir uma mensagem. Em determinada parte da cerimônia do Primeiro Grau, que, por algum motivo, jamais é mencionada pelos que nos criticam, enfatizamos os princípios do Amor Fraternal e a necessidade de que

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reine a harmonia na Loja, além de, em uma maneira muito intensa, destacar o dever que o maçom tem de socorrer o necessitado ou carente. Finalmente, um longo discurso: a preleção após a iniciação, a qual salienta ser esperado que um Maçom cumpra*com os seus deveres perante seu Deus, o seu próximo e a si próprio. Tudo isso é passado oralmente ao candidato, normalmente por um Irmão que ele conhece bem, e o fato de que seu amigo tenha tido o trabalho de aprender tudo isso em seu favor é algo que sempre causa forte impressão sobre o novo Irmão.

Estendi-me mais sobre isso por três motivos: primeiro, para enfatizar que um candidato já conhece, de fato, muito daquilo que lhe está sendo solicitado a prometer e assumir; segundo, para lhes mostrar que aqueles que nos criticam têm uma tendência a serem seletivos e a tirar as coisas de seu contexto; e terceiro, para salientar que as instruções sobre as obrigações morais já se iniciam nos primórdios da carreira maçônica da pessoa.

A seguir, uma palavra sobre os Rituais. Nenhuma origem sobrenatural é atribuída a eles. E bem sabido que eles evoluíram durante longo período e que as versões atualmente em uso surgiram a partir de 1813, quando duas Grandes Lojas rivais, em Londres, uniram-se formando a Grande Loja Unida da Inglaterra, tendo como Grão-Mestre o HRH Duque de Sussex. Ele era um cristão praticante, um notável estudioso do hebraico e um aplicado franco-maçom que pensou profundamente sobre o caráter e o espírito da Arte, e sustentava que, como um sistema de moralidade, ela deveria ser aberta, independentemente do credo, a todos aqueles que acreditam na criação sobrenatural do mundo. Ele criou comissões, nas quais se incluíam também padres

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anglicanos, para reorganizar o Ritual segundo os seus pontos de vista. Os Rituais assim originados têm sido praticados a partir dessa época, de forma ininterrupta, até os dias de hoje, embora certas penalidades grotescas, que surgiram nos tempos mais duros, tenham sido removidas dos Juramentos. Gostaria de lembrar-lhes que não somos os únicos a ser, às vezes, atrapalhados por heranças: a Igreja da Inglaterra tem um bem conhecido gravame de 39 artigos que ainda é, se bem que de forma relutante, seguido em suas liturgias. No entanto, voltando aos Rituais legados pelas Comissões de Duke, entre aqueles que deles fazem uso, estão membros da Família Real, arcebispos (até mesmo, pelo menos, dois bispos de Peterborough, o arcebispo Magee e o bispo Spencer Leeson), padres da Igreja Institucional e Ministros de muitas outras vertentes cristãs que alegam não ter observado nenhuma incompatibilidade entre o Cristianismo e a Franco-Maçonaria.

Quanto aos princípios básicos da Arte, vocês poderão observar no folheto que eles são tradicionalmente resumidos como "Amor Fraternal, Auxílio e Verdade". O "Amor Fraternal" implica amar o seu próximo, no sentido em que Cristo ilustrou essa palavra na parábola do Bom Samaritano; nas palavras adotadas pelo Ritual "fazendo por ele aquilo que, em circunstâncias semelhantes, você gostaria que ele fizesse por você". Isso inclui a tolerância em relação aos ideais e credos dos outros.

Quanto ao "Auxílio", a caridade maçónica não se limita apenas às causas maçônicas. Uma das nossas maiores organizações caritativas, a "Grand Charity", dedica grande parte de suas receitas em doações a entidades não-maçônicas. No ano fiscal encerrado em abril de 1987, cerca de £500.000, de um total de £1.500.000, foi

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assim canalizada; cerca de £680.000 foram destinadas a maçons e seus dependentes necessitados, e £70.000 doadas a caridades maçônicas. Outra instituição de caridade, a "Masonic Trust for Girls and Boys", cuida de cerca de 900 meninas, meninos e jovens; o seu mais recente projeto é proporcionar acomodação em cidades do interior para que as meninas, chegando a uma nova cidade para treinamento vocacional, ou para o primeiro emprego, possam contar com um lugar seguro para morar e ter por perto um guardião.

Os idosos carentes são assistidos por anuidades, normalmente oriundas das caridades centrais, suplementadas em províncias, além de terem disponíveis 15 residências para idosos. Aos enfermos, há o "Royal Masonic Hospital", onde os franco-maçons e os seus dependentes são admitidos para os mais diversos tratamentos, pelos quais pagam de acordo com suas possibilidades; um fundo (chamado "New Samaritan Fund” e sustentado pelas Lojas) provê o déficit resultante. Devemos frisar que pacientes não-maçons são igualmente ali atendidos.

Longe do centro, cada província também se ocupa da caridade, seja maçônica ou não-maçônica. A presente receita anual do nosso Fundo Provincial de Benevolência é de aproximadamente £10.000, oriunda, principalmente, de doações feitas pelas Lojas, sendo que, desse montante, a Grande Loja Provincial autorizou a aplicação de até £1.600 anuais para fins não-maçônicos.

Em cada uma das Lojas, o Mestre deve angariar dinheiro para o que chamamos de sua "lista" em seu ano de mandato. Esse valor é destinado à Instituição, ou instituições, de caridade, sejam de fundo maçónico, ou não-maçônico, de sua escolha; mas espera-se que um

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décimo desse valor seja direcionado ao Fundo Provincial de Benevolência (Provincial Benevolent Fund). É o recolhimento do dízimo que, mais uma vez, como podem perceber, mostra os "endiabrados" maçons imitando a Igreja.

Certamente, a caridade não é apenas uma questão de dinheiro. Cada Loja tem um Esmoler, cujo dever é cuidar para que os enfermos, os necessitados e os idosos sejam atendidos apropriadamente. Nesta província, eu tento fazer com que o Esmoler leve consigo um Aprendiz iniciante, acompanhando-o, sempre que possível, em suas visitas; dessa forma, o Aprendiz poderá ver o princípio sendo aplicado na prática, e aqueles que são visitados sentem que não foram esquecidos ou negligenciados; mesmo as viúvas gostam de saber como vai indo a Loja. Além disso, eu peço também às Lojas que se encarreguem da prestação de alguns serviços em suas áreas aos idosos.

O terceiro grande princípio é a "Verdade", sucinta, mas o que ela significa? Como haveremos de lembrar, Pilatos teve o mesmo problema e, talvez, se tivesse imaginado que a sua pergunta teria tamanha repercussão mundial, principalmente com o acréscimo dos comentários de Francis Bacon, ele jamais a teria formulado. Eu não tentarei apresentar nenhuma resposta, mas posso fazer-lhes uma referência à Epístola de São Paulo aos Filipenses 4:8: "... tudo o que é verdadeiro, tudo o que é honesto, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, tudo o que é virtuoso e louvável...". Tenho certeza de que todo maçom, seja cristão ou não, de boa vontade adotaria isso como um padrão de conduta e tentaria com todas as suas forças alcançá-lo. Como vocês poderão ver, o folheto da

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Grande Loja estabelece forte ligação entre verdade e mo-ralidade.

Muito mais poderia ser dito, mas é hora de voltarmos às críticas apresentadas no relatório do grupo de trabalho. Muitas delas se baseiam na errada premissa de que a Franco-Maçonaria é, de alguma forma, uma religião. De fato, é difícil entender como é possível que um movimento que pede à pessoa que professe a sua religião antes de ser admitido, e que a continue praticando após a sua admissão, possa ser chamada, ela própria, de religião. A linha limítrofe entre a religião e a moralidade pode ser por demais tênue, mas ela existe. Quanto às questões formuladas com referência à adoração ou veneração, certamente ela existe; como cristãos, ela existe, ou deveria existir, em cada parte de nossas vidas, e tudo o que fazemos deveria ser feito a serviço de nosso Deus, em conformidade com os ensina-mentos de Cristo e com nossa crença na fé cristã. Porém, há um problema, o qual o relatório reconhece que tanto a Igreja como a Maçonaria devem encarar: a validade da prece em um contexto inter-religiões. No Sínodo, o arcebispo de York, em minha respeitosa opinião, com toda propriedade, desaprovou a insípida maneira pela qual o grupo de trabalho apresentou o dilema constante do parágrafo 112; porém, a pergunta continua. O pro-blema das relações inter-religiões foi resumido, talvez com maior decência, em um livreto chamado Nós Acreditamos em Deus (We Believe in God), preparado pela Comissão de Doutrina da Igreja da Inglaterra; no dito livreto, nas páginas 13 a 15 pode ser encontrada uma útil discussão, da qual extraímos o seguinte trecho:

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"... também há muito no Cristianismo e em outras tradições que se sobrepõe — suficiente para indicar estarem todas, de certa forma, relacionadas a uma única realidade que, nesses diferentes idiomas, é reconhecida e venerada como Deus. Elas podem tornar-se parte dos meios de raciocínio e experiência que ajudam a explicitar a doutrina de Deus contida em nossas próprias escrituras e tradições, e isso deveria levar-nos a demonstrar sinceridade e reverência em relação às crenças e práticas dos outros... Nós nos preocupamos... com uma realidade definitiva que acreditamos existir, e à qual alegamos ter acesso privilegiado por meio das escrituras e tradições que nos foram preservadas pela Igreja. Porém, ao tentarmos ir além da mera afirmação de que 'acreditamos em Deus', e para sermos mais exatos sobre que tipo de Deus estamos falando, entramos em uma discussão que se tem arrastado desde os primórdios da religião cristã, e que, de várias maneiras, deve ser conduzida dentro de qualquer 'religião revelada', se é para que essa religião continue viva."

Dentro do contexto dessa citação, eu mencionei a vocês o capítulo I do livreto, mas acredito que não estarei cometendo nenhuma violência ao seu significado ao ler somente um pequeno resumo, chamando a sua atenção em particular para as seguintes palavras: "sinceridade e reverência em relação às crenças e práticas dos outros". Elas me parecem traduzir adequadamente a atitude e postura de um franco-maçom cristão a um Irmão maçom de uma fé diferente da sua; atitude essa que tornou possível à Franco-Maçonaria irlandesa, de norte a sul, permanecer unida sob uma só Grande Loja; para que um árabe-cristão fosse eleito, há alguns anos, Grão-Mestre da Grande Loja de Israel; e para que eu, recentemente,

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após uma reunião do Supremo Grande Capítulo — o Corpo governante dos Capítulos do Arco Real Inglês — sentasse-me para almoçar com o chefe do Arco Real do Transvaal, de um lado, e com o chefe de uma Ordem maçónica do Zimbabué, do outro, em absoluta e perfeita harmonia.

Voltando à questão da prece, tenho certeza de que os franco-maçons resistiriam veementemente a qualquer sugestão para que as preces deixassem de ser feitas nas Lojas. Nem desejaríamos impedir que pessoas de outros credos, que acreditam na existência de um Ser Supremo, juntem-se a nós. Permitam-me citar as palavras do arcebispo de York no debate ocorrido no Sínodo: "Nós precisamos muito ter bons contextos nos quais as pessoas dotadas de convicções religiosas possam trabalhar juntas, sem ter de abandonar as suas convicções ou sem ter de ignorá-las. Segundo o meu entendimento, a Franco-Maçonaria tem tentado proporcionar tal contexto... Acredito que a Arte deve ser elogiada por, ao menos, tentar resolver um difícil e complicadíssimo problema". Esse é o fim da citação, e deixo a vocês a mensagem e o raciocínio.

Talvez vocês esperem que eu diga algo a respeito das palavras existentes no pedestal do Arco Real. Muitas bobagens e algumas coisas certas têm sido ditas ultimamente sobre isso. Esse assunto não teve nenhuma ajuda positiva pelo fato de que, em alguns Rituais do Arco Real, até mesmo aquele que o grupo de trabalho usou como referência básica, uma das palavras faz alusão a um nome, levando à conclusão de que está ali men-cionada como o nome de Deus. Isso está errado e preocupa-nos bastante. Revisões no Ritual são cheias de dificuldades para os franco-maçons, algo que pode

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produzir um sorriso torto nos lábios dos anglicanos; mas podemos, de fato, considerar-nos gratos ao grupo de trabalho pela criação de um clima em que podemos esperar que se faça a revisão do Ritual, nesse e em outros aspectos, por meio do Supremo Grande Capítulo, nos próximos 12 meses.

E o que temos para o futuro? Os princípios da verdadeira Franco-Maçonaria são simples, mas a Arte tem sido muito deturpada e mal interpretada. Como um sistema de moralidade, ela ensina um alto padrão de conduta. Certamente, ela não ensina que tal conduta é o caminho da salvação ou da redenção; isso equivaleria ultrapassar o limite entre a moralidade e a religião. O franco-maçom cristão acredita que ele será salvo por meio do sacrifício de Cristo, o Redentor e Salvador, e a Franco-Maçonaria o fará permanecer firme nessa crença, por ser esse o credo de sua fé. Eu, pessoalmente, sempre considerei a minha Franco-Maçonaria não como subordinada, mas como apoio à minha fé como cristão e, como tantos outros, não consigo enxergar nenhuma incompatibilidade entre ambas. Confesso-me sensibilizado pela atitude positiva do arcebispo de York e, respeitosamente, concordo com ele no sentido de que há uma tendência em adotar-se uma postura por demais solene em relação a esse assunto. Não é a sutileza do argumento que deve vencer, mas sim o exemplo daqueles franco-maçons cristãos que servem seu Divino Mestre sob todas as formas que Ele lhes tenha mostrado; cristãos em primeiro lugar e, depois, franco-maçons.

Essa discussão tem angustiado muitos franco-maçons, não por ela estar em curso, mas pelo modo com que parece estar sendo conduzida. A mídia tem considerado o relatório condenatório à Franco-Maçonaria, embora o

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grupo de trabalho e o Sínodo Geral digam o contrário. As impressões são perigosas e ofensivas, e podem polarizar a situação. Houve muita gritaria, e é chegado o momento de falar e de ouvir — não apenas ouvir, mas também escutar. A situação ainda não é crítica, mas pode chegar a ser — tanto para os franco-maçons como para a Igreja, sem benefício nenhum para ambos. Não podemos permitir que isso venha a acontecer. E chegado o momento de procurar o entendimento, e do entendimento advirá a harmonia.

Eu tentei ser construtivo e evitar a emoção, mas antes de encerrar minha participação, gostaria de fazer um comentário pessoal. Eu encontrei muita alegria, felicidade e companheirismo na Franco-Maçonaria. Eu nunca duvidei, e não duvido, que ela seja absolutamente coerente com a minha fé como cristão; caso assim não fosse, eu a teria abandonado de vez e a qualquer preço.

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"Nossos Ditos Mui Excelentes Irmãos e

Companheiros"

Como o Supremo Grande Capítulo foi fundado e

instituído

Este livro trata da "Suprema Ordem do Santo Arco Real", reconhecida como parte do Terceiro Grau da Maçonaria Simbólica, apesar de ser uma ordem em separado, com o seu próprio governo e seu próprio executivo. Para entendermos essa curiosa condição, precisamos saber por que a "ordem" surgiu e como surgiu essa estranha unidade de separação. O objetivo desse capítulo é dar uma explicação para isso.

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1717 Fundação da primeira Grande Loja: ("Modernos").

1753 Fundação da Grande Loja da "Antiga Instituição": (Grande Loja dos "Antigos", ou Grande Loja "Atholl").

1764-1766 Lorde Blayney, Grão-Mestre dos "Modernos".

1764 Loja Caledonian recebe o seu certificado de "Modernos".

1765 Fundação do "Excelente Grande e Real Capítulo" (The Excellent Grand and Royal Chapter).

1766 Exaltação de Lorde Blayney (junho). Exaltação de James Heseltine (julho). Execução do "Certificado do Pacto" — Charter of Compact (22º).

1767 O Grande Secretário Spencer ("Modernos") escreve uma carta para Frankfurt.

1784 James Heseltine, já Grande Secretário ("Modernos"), escreve sobre o Arco Real.

1813 As duas Grandes Lojas unem-se, formando a Grande Loja Unida da Inglaterra (The United Granel Lodge of England).

1817 Criado o Supremo Grande Capítulo.

A declaração preliminar no Livro das Constituições (Book of Constitutions) da Grande Loja Unida da Inglaterra estabelece que "pelo solene ato de união entre as duas Grandes Lojas de franco-maçons da Inglaterra, firmado em dezembro de 1813, foi declarado e pronunciado que a Maçonaria Antiga pura é composta de três graus, e apenas três: Aprendiz, Companheiro e Mestre Maçom, até mesmo a Suprema Ordem do Santo Arco Real'". Igualmente, é dito a um candidato recém-exaltado ao

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Arco Real que não lhe foi outorgado um "Quarto Grau", mas que acaba de complementar o seu "Terceiro Grau". Apesar de a Ordem ser um Corpo separado e ser go-vernada independentemente da Maçonaria Simbólica, existe apenas uma efetiva aliança em termos constitucionais por meio de uma ata da Grande Loja Unida, à qual farei referência mais adiante, e por meio de provisões constantes dos regulamentos do Supremo Grande Capítulo, determinando que cada Capítulo deve estar ligado a uma Loja regular, e que certas nomeações-chave no Grande Capítulo devem ser mantidas ex-oficio pelos Oficiais de patente equivalente na Maçonaria Simbólica, se devidamente qualificados. A Loja Simbólica à qual o Capítulo está ligado sob o Regulamento 45 dos Regulamentos do Arco Real é responsável pelo seu bem-estar e sucesso, embora isso não esteja declarado em nenhum lugar nas Constituições. Em teoria, uma vez que toda legislação baseia-se nos Regulamentos do Supremo Grande Capítulo, isso poderia ser alterado por aquele Corpo, o que poderia parecer que a única represália possível à Grande Loja Unida seria a desobediência ao Supremo Grande Capítulo. Felizmente, não há a possibilidade de que isso venha a acontecer, embora, como veremos, o Arco Real tenha sido, durante muitos anos, visto como irregular por uma das duas Grandes Lojas que se uniram em 1913.

No nível provincial, podemos ver, claramente, essa estranha união e desunião, uma vez que o Grão-Mestre Provincial no comando da Maçonaria Simbólica nem sempre é o Grande Superintendente da Província do Arco Real, embora, sempre que possível, o mesmo Irmão seja nomeado para ambas; e, certamente, a nomeação na Maçonaria Simbólica é feita pelo Mui Venerável

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Grão-Mestre, enquanto no Capítulo ela é feita pelo Mui Excelente Primeiro Grande Principal, a mesma pessoa se "devidamente qualificada". Quando as duas nomeações em uma província são dadas a duas pessoas distintas, cada uma delas é, teoricamente, independente da outra, exceto em determinados casos; por exemplo, um membro suspenso pelo Dirigente de uma das duas Ordens fica, automaticamente, suspenso da outra. O bem da Franco-Maçonaria requer que ambas trabalhem juntas, e, nos raros casos em que isso não acontece, tamanha é a necessidade para a união prática que, raramente, para colocar isso de forma amena, a Província consegue alcançar o seu pleno potencial.

Esse fenômeno de união com separação tem conseqüências que o maçom do Arco Real deve entender se quiser ou tiver de explicar a relevância do Capítulo a um Irmão que ainda não tenha sido exaltado ao Arco Real. As razões, como veremos, são históricas; o subtítulo desse capítulo — "Nossos ditos Mui Excelentes Irmãos e Companheiros" — é uma citação do Charter of Compact que criou o primeiro Grande Capítulo do mun-do, o ancestral direto do nosso próprio Supremo Grande Capítulo. Ele foi instalado pela autoridade do Lorde Blayney, Grão-Mestre da Primeira Grande Loja da Inglaterra (uma das que se uniram em 1813), existindo como tal apesar de que sua Grande Loja não o tenha autorizado a fazê-lo e, oficialmente, considerou o Arco Real uma indesejável inovação.

Antes de ponderarmos sobre as razões históricas dessa divisão, é pertinente questionar se isso teve alguma conseqüência prática. Decididamente, a minha resposta é sim, pois enquanto esse estranho relacionamento possa ter construído uma ponte, ele também construiu uma

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barreira; e essa barreira atrapalha o caminho do franco-maçom em seu progresso ao pleno entendimento da "antiga Maçonaria pura". Assim, nós, como Companhei-ros do Arco Real, devemos reconhecer que essa barreira existe, entender como ela surgiu, e ter a capacidade de guiar os nossos Irmãos na Maçonaria Simbólica ao longo da ponte que os tornará nossos Companheiros.

Todo franco-maçom pensa que o seu progresso, indo de Aprendiz a Companheiro e de Companheiro a Mestre, é algo natural e inevitável; porém, embora seja reconhecido como um complemento e parte integrante do Terceiro Grau, na prática o Arco Real nem sempre é tratado como tal, mesmo pelas Lojas que são responsáveis por um Capítulo. Como uma ordem separada, com paramentos diferentes, uma arrumação de Loja totalmente distinta, e tendo como Oficiais Irmãos diferentes daqueles per-tencentes ao quadro da Loja à qual está ligado o Capítulo, Irmãos esses, geralmente, de relativa antigüidade na Maçonaria Simbólica, além de tantas outras diferenças, o Arco Real de fato pode dar aos Irmãos que ainda não são Membros da Ordem a forte impressão de ser algo bastante diferente da Maçonaria Simbólica. Assim sendo, o Arco Real pode parecer tão pouco relacionado ao Simbolismo quanto a outras Ordens na tradição maçônica, tais como a Marca e os Crípticos (Real e Seleta), sendo cada uma considerada em algumas Constituições como parte da Antiga Franco-Maçonaria. Esse sentido de separação é um fator psicológico que nós, como maçons do Arco Real, devemos ajudar, com afinco, a ser superado pelos nossos Irmãos. Para tanto, temos a nosso favor o fato de que o grau de Mestre Maçom é tão obviamente incompleto em seu desfecho, e o ensinamento do

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simbolismo, apesar de ser, em si, admirável e prático, está tão obviamente preocupado com a nossa existência terrena, em especial, que qualquer um que pense com seriedade sobre a sua Franco-Maçonaria deve sentir que ela põe em uma das mãos uma história incompleta, e na outra uma filosofia que foi apenas parcialmente desenvolvida. Todos nós sabemos que somos mortais, e que haveremos de morrer um dia — e cito as conhecidas palavras da Bíblia que também são usadas no Ritual de outra Ordem: "o mais sábio de nós não sabe quando". Todos nós professamos em Loja Aberta a nossa crença em um Ser Supremo e devemos acreditar que a nossa vida deveria ter um significado e um propósito em um contexto maior do que o puramente material; assim sendo, é natural que sintamos, quando pensamos sobre os graus do simbolismo pelos quais passamos, que aqueles elementos de significado e propósito continuam sem resolução, e que os elevados desígnios e intenções indicados em nossa iniciação na Maçonaria e implícitos nas perguntas que então respondemos foram, de alguma forma, perdidos em um labirinto de palavras e movimentos ritualísticos. Resta ao Arco Real guiar-nos em direção a considerar tudo isso sob o contexto da eternidade e do serviço a Deus instruído pela religião. Isso não significa que o Arco Real seja, em si, mais que um código de moralidade. A Franco-Maçonaria não é, de forma alguma, uma religião e, portanto, a Ordem pode e deveria nos levar a pensar sobre a religião; ela não tem a intenção de substituí-la. Em 1962, a Grande Loja Unida afirmou isso nas seguintes palavras, recentemente confirmadas como representativas de nossa postura em relação a essa importante questão:

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"Não se pode afirmar categoricamente que a Maçonaria não é nem uma religião nem uma substituta da religião. A Maçonaria procura incutir em seus Membros um padrão de conduta e de comportamento que ela acredita ser aceitável a todos os credos, mas criteriosamente se abstém de interferir nas áreas dos dogmas ou da Teologia. Portanto, a Maçonaria não é uma concorrente da religião, embora no âmbito do comportamento humano é de se esperar que os seus ensinamentos complementem os da religião. Por outro lado, os seus requisitos básicos para que todos e cada um dos membros da ordem acreditem em um Ser Supremo, bem como a ênfase colocada sobre o seu serviço a Ele, deveriam ser uma prova suficiente a todos de que a Maçonaria não é intencionalmente discriminatória, mas sim um sustentáculo e preservador da religião, pois ela exige, antes mesmo de o homem ser admitido como maçom, que ele tenha alguma forma de crença religiosa e que, depois de admitido na Ordem, continue praticando a sua religião."

Você poderá estar pensando que a minha intenção é dar mais ênfase aos aspectos filosóficos do que a maioria dos franco-maçons estaria disposta a agüentar. Porém, cada vez mais e mais tenho consciência do quanto as pessoas sérias e fervorosas, de todas as camadas, estão atualmente procurando dar significado e propósito às suas vidas. O apoio que os britânicos conseguiam ter antigamente, vindo da autoconfiança e da devida auto-importância, parece ter desaparecido por completo nos dias de hoje, e, em sua passagem, deixou um vazio no qual muitos se debatem. Muitas pessoas ingressam na Maçonaria por mera curiosidade; porém, muitos mais chegam por estarem à procura de algo que sustente e

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apóie os padrões de conduta e de moralidade nesse tão atribulado mundo de incertezas e problemas, e buscando o companheirismo de outros que, destarte, são bons amigos e inspirados pelo desejo de fazer de suas vidas algo construtivo; a recente campanha de difamação e calúnia contra a Arte em nada afetou isso, principalmente porque, conforme entendimento, individualmente cada franco-maçom é um embaixador, e as pessoas mais razoáveis nos julgarão conforme nos acham. Essa é uma boa razão para ser aberta sobre a sua participação como Membro da Arte.

E por todas essas razões, bem como o insatisfatório desfecho do Terceiro Grau, que eu acredito que um Irmão deveria ser incentivado a entrar em um Capítulo tão logo fique claro estar ele pronto para se beneficiar do ensinamento e companheirismo por ele oferecido; e, certamente, tão logo ele entre em um Capítulo, deve ser encorajado e ajudado, sendo convidado a ajudar nos trabalhos. Eu deploro as idéias de que um Irmão não deveria ser exaltado antes de ter ocupado algum cargo em sua Loja, e que o trabalho no Capítulo deve ser feito apenas pelos oficiais do próprio Capítulo. Cada uma dessas falácias — é assim que eu as considero — pode significar que o pleno potencial de um Irmão não se realize e, acima de tudo, que as suas não pronunciadas ansiedades fiquem irresolutas, que as suas perguntas não formuladas fiquem sem respostas. Por essas razões, entre outras mais, eu decididamente apoio o uso do catequético método de dar as preleções; esse método envolve os Companheiros juniores e os Past Principais nos trabalhos do Capítulo, incentiva e estimula o seu interesse em conseguir dominar as lições que a Ordem

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está tentando ensinar. Ser um Companheiro significa e exige muito mais que ser Irmão.

Voltemos, agora, ao ponto inicial, de que não podemos entender a estranha posição da Maçonaria do Arco Real em relação à Maçonaria Simbólica sem termos um conhecimento dos antecedentes históricos, que é o fator mais importante na grande discussão entre as duas Grandes Lojas rivais de Londres: aquela dos assim chamados "Modernos", que foram, certamente, os primeiros ou Primeira Grande Loja, e aquela de seus rivais, autodenominada "Antigos".

A Primeira Grande Loja foi fundada em 1717 pelas quatro "imemoráveis" Lojas, das quais três ainda existem. Ela foi a primeira de todas as fundadas na Franco-Maçonaria Especulativa, tal como a conhecemos e, embora no início de sua existência não tenha almejado ir tão alto, ela aca-bou evocando para si a jurisdição sobre todas as Lojas inglesas. Esse pleito não foi inicialmente aceito por todos e, de fato, oito anos depois, uma antiga Loja em York criou a imponentemente chamada "Grande Loja de TODA a Inglaterra" que, mais tarde, compunha-se de metade da Loja da Antiguidade, uma das "imemoráveis" fundadoras da "Primeira Grande Loja, na Grande Loja do Sul da Inglaterra e do Rio Trent" — mas a história dessa briga é uma outra questão. O sério desafio aos pleitos de prevalência da Primeira Grande Loja surgiu da fundação, em Londres, da "Mais Antiga e Honorável Sociedade de Maçons Livres e Aceitos" (The Most Ancient and

Honourable Society of Free and Accepted

Masons), cuja Grande Loja é reconhecida, em geral, como surgida em 1751. Os seus Membros acusaram a Primeira Grande Loja de violar os antigos Landmarks da Ordem. E bem possível que tenha havido alguma

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procedência nessa queixa se, de fato, tal como foi alegado, ela tenha alterado os meios de reconhecimento; mas isso incomodou tanto os franco-maçons escoceses quanto os irlandeses, dos quais parece ter existido, naquela época, uma considerável quantidade em Londres, e é bem possível que eles tenham tido certa influência no fomento à insatisfação. Houve época em que se acreditava que os fundadores dessa nova Grande Loja, que adquiriram ou adotaram o apelido de "Antigos" e batizaram seus rivais de "Modernos", fossem rebeldes oriundos da Primeira Grande Loja; porém, o Irmão Henry Sadler, um antigo Grande Bibliotecário da Grande Loja Unida, mostrou ser essa uma história infundada.

Como resultado, a Franco-Maçonaria na Inglaterra ficou dividida em dois campos de batalha pelo resto do século. Conseqüentemente, os franco-maçons ingleses estavam por demais envolvidos em suas próprias discussões e, mais tarde, em tentar reconciliar as duas Grandes Lojas, para terem tempo de dar maior atenção às explosivas atividades referentes à criação de novos Graus "Maçônicos" que estavam acontecendo em outros lugares, notadamente na França, Prússia, Índias Ocidentais e no continente norte americano. A Franco-Maçonaria havia sido exportada para esses lugares e desenvolveu-se tão vorazmente que chegou a contar com mais de mil assim chamados "graus maçônicos".

No entanto, o Arco Real ficou inteiramente envolvido na briga. Ele estava tornando-se conhecido na época em que a nova Grande Loja foi formada, embora em muitas Lojas inglesas não tenha sido adotado como um Grau Maçônico regular. Não há necessidade de discutir aqui os incômodos aspectos que o originaram, ou como ele chegou ao formato que é praticado atualmente aqui; mas,

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em meados do século XVIII, ele era considerado por alguns, um grau de imemorável tradição, enquanto outros o viam como uma inaceitável inovação e anátema. Quando, em 1751, os "Antigos" fundaram a sua Grande Loja que dizia estar dedicada a eliminar as inovações ao sistema, eles já mostravam a sua parcialidade e apoio ao Arco Real, e não perderam tempo em alardear o seu produto, alegando ser a "Grande Loja dos Quatro Graus" e, por conseguinte, ridicularizando a Primeira Grande Loja, atribuindo-lhe autoridade somente sobre os três Graus. Eles difundiram vigorosamente as pretensões do Grau, tanto assim que o seu segundo Grande Secretário, o famoso Laurence Dermott, chamou-o de "a raiz, o coração e a medula da Franco-Maçonaria".

A Primeira Grande Loja, os "Modernos", tendo sido novamente preterida, passou a voltar-se contra o Arco Real e, em 1759, em uma carta, o seu Grande Secretário escreveu a um franco-maçom irlandês, as seguintes palavras: "A nossa sociedade não é nem Arco, nem Arco Real ou Antiga e, assim, você não tem direito a participar de nossa caridade" — palavras arrepiantes que Dermott imediatamente incorporou à propaganda de sua própria Grande Loja. Essa foi, e por muito tempo continuou sendo, a postura oficial dos "Modernos", embora, ao que parece, muitos de seus Grandes Oficiais tenham sido exaltados à Ordem, até mesmo, como veremos, o seu próprio Grão-Mestre em 1766; ainda em 1767, o Grande Secretário dos "Modernos" escreveu, oficialmente, a um Irmão em Frankfurt que "o Arco Real é uma Sociedade que não reconhecemos e que consideramos ser uma invenção que introduz uma inovação, criada para seduzir os Irmãos"; certamente, até o seu Grão-Mestre foi seduzido.

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Em um mundo tão conturbado, quem melhor para encontrar uma solução que um irlandês? Cadwallader, o nono Lorde Blayney, tornou-se Grão-Mestre da primeira Grande Loja, em 1764. Nesse mesmo ano, a Loja Caledonian, em Londres, separou-se dos "Antigos", sob cuja égide fora constituída pouco tempo antes, e juntou-se aos "Modernos", recebendo o número 325; atualmente, ela tem o número 134. Em 1765, aparentemente com a ajuda daquela Loja, 29 maçons "Modernos" fundaram um novo Capítulo do Arco Real; ele recebeu o nome de "Excelente Grande e Real Capítulo" (The Excellent Grand and Royal Chapter), nome pomposo que sugere ter sido criado para desempenhar um papel especial. Que esse papel pode bem ter sido a fundação de um Grande Capítulo é apoiado no fato de, até os dias de hoje, nas Cartas Patentes e Certificados chancelados pelo Supremo Grande Capítulo, a cláusula de Certificação ainda se referir ao "Nosso Excelente Grande e Real Capítulo".

Em 1766, Lorde Blayney foi exaltado nesse Capítulo; ele ainda era o Grão-Mestre da Primeira Grande Loja, que não fora consultada sobre esse assunto e, certamente, não reconheceria o direito daqueles 29 Irmãos, mesmo com o apoio e a aprovação do Grão-Mestre, para criar um corpo governamental para um Grau que eles consideravam, oficialmente, não pertencente ao seu sistema de Franco-Maçonaria e, em vista dessa posição oficial, esses Irmãos não poderiam alegar que a sua conduta era, de alguma forma, regular. Ainda assim, Blayney alegou, como veremos, ter agido em confor-midade com seus poderes como Grão-Mestre.

Parece que logo após a sua exaltação, Blayney tornou-se, automaticamente, Primeiro Principal do Capítulo e

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assumiu o título de "Chefe do Arco Real" — de fato, uma promoção bastante rápida. Na Sessão seguinte do Capítulo, em julho, foi exaltado James Haseltine, Grande Mordomo da Grande Loja dos "Modernos".

Considerando que a já mencionada carta de Frankfurt foi redigida no ano seguinte, após a exaltação de Lorde Blayney, fica claro que, então, reinava uma grande esquizofrenia entre os "Modernos" em relação ao Arco Real; na verdade, isso continuou assim por mais algum tempo; depois de oito anos, James Heseltine, já seu Grande Secretário, e não apenas um Membro do Excelente Grande e Real Capítulo, mas também um dos signatários da Carta Patente pela qual, como veremos, foi criado o Grande Capítulo, teve de escrever oficialmente a um correspondente estrangeiro nos seguintes termos: "É verdade que muitos Membros da Fraternidade pertencem a um Grau na Maçonaria que dizem ser mais elevado que o outro, que se chama Arco Real. Eu tenho a honra de pertencer a esse Grau... mas ele não é reconhecido na Grande Loja, e todos os seus Símbolos, Emblemas e Jóias são proibidos de ali serem usados... Você verá que o Arco Real é uma sociedade privada e distinta. Ele faz parte da Maçonaria, mas não tem nenhuma ligação com a Grande Loja."

A partir dessa carta fica claro que, pelo menos alguns "Modernos", admitiam que o Arco Real era um Grau ou Ordem Maçónica, mostrando que, talvez, algum progresso tenha sido alcançado; porém, a alegação de que "não possui nenhuma ligação com a Grande Loja" implica, claramente, que o ato de Lorde Blayney fora anticonstitucional e, como veremos, é um indício de como ele era considerado em alguns âmbitos oficiais. Entre-tanto, a Grande Loja e o Grande e Real Capítulo

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continuavam coexistindo em um estado beligerante até a época em que as negociações para uma união das duas Grandes Lojas resultaram em sucesso, em 1813.

O Excelente Grande e Real Capítulo, tendo à testa Lorde Blayney e muitos influentes "Modernos" como Membros, era muito ativo em 1766. Blayney foi exaltado em junho, e em julho foram realizadas três sessões, todas elas presididas por ele. Na primeira, ficou acertado que um documento, que receberia o nome de "Certificado do Pacto" (Charter of Compact), deveria ser preparado para, com efeito, criar um Grande Capítulo. O fato de ser chamado de "Certificado" é muito interessante, pois os documentos de constituição emitidos por Grandes Lojas eram, geralmente, conhecidos como "autorização" ou "carta patente"; assim, o nome teria um "aroma" de autoridade no mundo Maçônico e, certamente, sugeriria que Blayney agia por força de sua posição e da autoridade nela implícita.

Ela foi executada em 22 de julho. Nela, Blayney descrevia-se como "Grão-Mestre dos Maçons Livres e Aceitos, e também Mui Excelente Grão-Mestre do Arco Real de Jerusalém... devidamente passado ao Arco Real", declarado "pela Honra, Dignidade, Preservação e Bem-estar da Arte Real" (palavras bastante estranhas, quando sua Grande Loja não sancionara aquilo que estava sendo feito e não reconhecera oficialmente o grau que o novo corpo governava). "Pelas presentes, pelos poderes que temos" — uma cautela atrasada? — "instituímos e erigimos os nossos Mui Excelentes Irmãos e Companheiros... e seus sucessores... conjuntamente conosco e nossos Mui Excelentes Grãos Mestres Sucessores, agora, de tempos em tempos, e por todos os tempos, doravante formando e sendo o Grande e Real

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Capítulo do Arco Real de Jerusalém...". Vale a pena notar que, mais tarde, a data do certificado foi alterada para parecer ter sido executado em 1767, quando expirava o mandato de Blayney como Grão-Mestre, e a letra "P" de "Past" foi habilmente inserida antes da palavra "Grão-Mestre". Talvez essa tenha sido uma tentativa de insinuar que a Primeira Grande Loja nada tinha a ver com isso (o que, a rigor, seria absolutamente correto), ou que a sua execução fora ultra vires; ou, talvez, para se proteger ou desviar de um ataque ao novo Corpo como irregular ou não autorizado. Mas, qualquer que fosse a posição legal, o Grande Capítulo veio para ficar.

Pelo menos uma vez, a iniciativa foi tomada pelos "Modernos" e os "Antigos" não foram capazes de reagir eficazmente, pois já haviam feito grande alarde de sua reivindicação de ser a "Grande Loja dos Quatro Graus". Eles reagiram cinco anos depois, reunindo-se em 1771 para criar o seu próprio Grande Capítulo que, no entanto, parece jamais ter passado de um comitê ou, na melhor das hipóteses, uma pálida sombra de sua Grande Loja; certamente, ele nunca chegou a ser uma verdadeira autoridade maçónica independente — algo que haveria de causar problemas mais tarde.

Avancemos no tempo da história para o século XIX e o fim da divisão entre as duas Grandes Lojas. Em 1813, depois de muitos preparativos, o HRH Duque de Sussex como Grão-Mestre da Primeira Grande Loja, e o seu irmão HRH Duque de Kent como Grão-Mestre da rival Grande Loja, presidiram a união de ambas, formando a Grande Loja Unida de franco-maçons antigos da Inglaterra. Mais de um ano antes disso, o Duque de Sussex, como Primeiro Grande Principal, prestando informações no Grande e Real Capítulo sobre as

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negociações visando a unificação, declarou que quatro Graus deveriam ser reconhecidos; e pouco antes da celebração da união, ele foi investido por aquele Corpo "com plenos poderes para negociar a união das Grandes Lojas" que parecia ser "o mais proveitoso aos interesses gerais da Maçonaria". Pode parecer estranho que o Grande Capítulo deveria ser a autoridade a negociar a união das Grandes Lojas (que já tinham concordado, substancialmente, com os termos de sua unificação), mas devemos lembrar que, embora para os "Antigos" o Arco Real fosse parte da Maçonaria Simbólica, a Grande Loja dos "Modernos" não poderia falar por ela, por não reconhecerem, ao menos oficialmente, o Grande e Real Capítulo ou a Ordem a qual ele governava, como parte de seu sistema.

Não é de surpreender que a responsabilidade pelo governo do Arco Real, após a união, estivesse longe de ser clara, reinando uma evidente confusão. O "Ato de União" aceitava especificamente que a Ordem era uma genuína parte da Franco-Maçonaria, mas o seu verdadeiro status não ficou claramente definido e, assim, o Excelente Grande e Real Capítulo continuava existindo na teoria (e, de fato, legalmente), e o assim chamado Grande Capítulo dos Antigos, sendo um mero comitê de sua Grande Loja, presumivelmente deixou de existir com a União. Foi só em março de 1817, mais de três anos após a união, que uma cerimônia foi planejada para dar ao menos uma aparência de ordem a uma situação de desordem. Os membros do Excelente Grande e Real Capítulo e os antigos membros do "Grande Capítulo" dos Antigos reuniram-se em salas separadas e abriram Capítulos antes de entrarem em uma terceira sala onde o Duque de Sussex recebeu-os e, formalmente, unificou-os.

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Seis meses depois, a Grande Loja Unida comunicou, por meio do Boletim Trimestral, o que chamou de "fusão" dos "dois Grandes Capítulos" e — conforme consta da já mencionada ata — "Resolveu, por unanimidade, que a Grande Loja estará sempre disposta a reconhecer os procedimentos do Grande Capítulo e, desde que as suas disposições não interfiram ou conflitem com os regulamentos da Grande Loja, e estejam em conformidade com o Ato de União, estarão prontos para reconhecer, facilitar, sustentar e preservar o mesmo". As palavras cuidadosamente escolhidas dão a entender que a Grande Loja Unida percebeu que o Arco Real adquirira uma condição diferenciada; que, ao menos em teoria, era totalmente independente, e que, de fato, nem ele nem os seus predecessores fizeram parte do Ato de União, Porém, o corpo que atualmente chamamos de Supremo Grande Capítulo foi formalmente criado e o controle sobre a Ordem que ele representa foi reconhecido. No entanto, somente em 1934 se iniciaram as medidas formais para unificação e "universalização" do ritual.

O último passo nessa questão aconteceu em 1853, quando o preâmbulo às constituições da Maçonaria Simbólica adquiriu a sua presente forma, a qual acompanha o teor do Ato de União.

Dissemos anteriormente, nesse mesmo capítulo, que devemos entender ambas: a barreira e a ponte existentes entre a Maçonaria Simbólica e o Arco Real. Já vimos que as razões e motivos para a separação das duas ordens são, basicamente, históricas, mas as razões para a simpatia entre elas são, de fato, fortes e os acidentes e casualidades históricas não nos deveriam impedir de enxergar e entender o modelo completo da "Maçonaria Antiga pura" — o modelo de um Terceiro Grau incompleto

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que somente se completa pela exaltação. O Arco Real não apenas aperfeiçoa a educação do Mestre Maçom em sua história e segredos; em uma frase que tenho usado com freqüência, a Franco-Maçonaria é colocada em um contexto de eternidade. Ele deve ser levado a sério, e não é todo Mestre Maçom que estará pronto para os seus ensinamentos logo depois de ter sido elevado, mas se "apropriada e adequadamente apresentado" (e essas palavras devem ser bem enfatizadas), ele tem muito a oferecer ao mundo em que vivemos, um mundo incerto de seus valores, mas ardentemente à procura da verdade em uma civilização ameaçada como nunca fora antes. Nós estaremos falhando em nossos deveres perante nossos Irmãos se não percebermos a importância dessa ordem na atualidade e não a estudarmos para que possamos, com sinceridade e convicção, incentivar Mestres Maçons para que se juntem a nós. Ao perceberem que a instrução e a lenda da Maçonaria Simbólica proporciona a eles um sistema terreno de moralidade e, no final, com um conto de perda, morte e desespero, eles verão que deve existir mais, além disso, e qualquer Companheiro dessa Ordem deve ter a capacidade de explicar-lhes que o Arco Real vai mais além, que a sua lenda fala de descobertas e que a sua mensagem é que vivamos na luz e glória da eternidade. O seu primeiro passo prático nesse sentido é lembrar de vestir a sua Jóia do Arco Real em todas as ocasiões da Maçonaria Simbólica e incentivar as pessoas a perguntar sobre ela; prepare-se para responder a essas perguntas externando-lhes o que a Maçonaria do Arco Real significa para você, não apenas na teoria, mas também na prática. Lembre-se, acima de tudo, de que essa é uma ordem de companheirismo, devemos encarar e respeitar o seu lado

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